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CONSIDERAÇÕES SOBRE A DOUTRINA DE UM ESPÍRITO UNIVERSAL

(1702)
Tradução: Laura Pereira de Melo – maio de 2010
As experiências de nossos tempos levam a crer que as almas e mesmo os animais semp
re existiram, ainda que em pequeno volume/tamanho, e que a geração não é senão uma espécie
e aumento, e desta maneira todas as dificuldades da geração das almas e formas desap
arecem. Não recusamos, entretanto a Deus o direto de criar almas novas, ou de dar
um grau mais alto de perfeição àquelas que já existem na natureza, mas falamos daquilo q
ue é comum na natureza, sem entrar na economia particular de Deus quanto às almas hu
manas, que podem ser privilegiadas, pois estão infinitamente acima daquelas dos an
imais.
§11 Eu tenho examinado esta matéria com atenção, e mostrei que verdadeiramente há na alma
alguns materiais de pensamento ou objetos do entendimento que os sentidos exteri
ores não fornecem, a saber, a própria alma e suas funções (nihil est intellectu quod fue
rit in sensu, nisi ipse intellectus) e aqueles que são pelo espírito universal conco
rdarão facilmente, pois eles os distinguem da matéria; mas encontro, todavia que ele
s não têm jamais pensamentos abstratos que não sejam acompanhados de alguma imagem ou
traços materiais, e estabelecerei um paralelismo perfeito entre o que passa na alm
a e entre o que chega à matéria, tendo mostrado que a alma com suas funções é algo de dist
into da matéria, mas que, entretanto ela é sempre acompanhada de órgãos que lhes devem r
esponder e que ela é recíproca e o serão sempre.
§12 E quanto à separação completa da alma e do corpo, ainda que não possa dizer nada além d
s leis da graça e do que Deus ordenou quanto às almas humanas e do que Deus ordenou
quanto às almas humanas e particulares além do que diz a santa escritura, pois são coi
sas que não se pode saber pela razão e que depende da revelação e do próprio Deus, entreta
nto não vejo nenhuma razão nem de religião e nem na filosofia, que me obrigue a abando
nar a doutrina do paralelismo da alma e do corpo e admitir uma perfeita separação. P
ois porque a alma não poderia sempre guardar um corpo sutil, organizado a sua mane
ira, que poderia mesmo retomar um dia que é preciso de seu corpo visível na ressurre
ição, uma vez que concedemos aos bem-aventurados um corpo de glória e uma vez que os a
ntigos admitiam um corpo sutil para os anjos.
§13 E esta doutrina, aliás, e conforme a ordem da natureza, estabelecido nas experiênc
ias, pois como as observações de observadores muito hábeis nos fazem julgar que os ani
mais não começam quando acredita o vulgo, e que os animais seminais, ou sementes ani
madas têm subsistido já desde o começo das coisas, e que assim como a geração não é senão u
scimento de um animal transformado e desenvolvido, a morte não será senão a diminuição de
um animal transformado e envolvido, mais que o animal permanecerá sempre junto às tr
ansformações, como a lagarta e a borboleta é o mesmo animal. E é bom aqui destacar que a
natureza tem esta dedicação e bondade de nos descortinar seus segredos em alguns pe
quenos modelos, para nos fazer julgar o resto, tudo sendo correspondente e harmo
nioso. É o que ela mostra na transformação das lagartas e outros insetos, pois as mosc
as vêm também de larvas, para nos fazer adivinhar que há transformações em toda parte. E a
s experiências dos insetos destruíram as opiniões vulgares de que esses animais surgir
iam do apodrecimento sem propagação. É assim que a natureza nos mostrou também nos pássaro
s um modelo da geração de todos os animais por meio de ovos, que as novas descoberta
s nos fazem aceitar. São assim as experiências dos microscópios que mostram que a bor
boleta não é senão um desenvolvimento da lagarta, mas, sobretudo que as sementes contêm
já a planta ou o animal formado, ainda que necessite depois da transformação e da nutr
ição, ou do crescimento, para chegar a ser um destes animais que são destacados para n
ossos sentidos ordinários. E como os menores insetos se engendram também pela propag
ação da espécie, e é preciso julgar da mesma forma que estes pequenos animais seminais,
pois eles provem, eles mesmos, de outros animais seminais ainda menores, e que a
ssim nunca tiveram começo como o mundo. O que vai de encontro com a santa escritu
ra que insinua que as sementes foram no inicio.
§14 A natureza nos mostrou no sono e nos desmaios, um modelo que nos faz julgar qu
e a morte não é senão a cessação de todas as funções mais destacadas. E eu expliquei, em ou
lugar, que um ponto importante, o qual, não tendo sido bastante considerado, fez
mais facilmente os homens concederem na opinião da mortalidade das almas; é que um g
rande número de pequenas percepções iguais e balanceadas entre elas, que não tenham nenh
um relevo nem nada de distinto, não se destacam e não conseguiríamos nos lembrar. Mas
querendo concluir que então a alma é inteiramente sem funções, é como o vulgo acredita que
há um vazio ou nada onde não há matéria perceptível, sendo uniforme e sem abalos. Nós temo
uma infinidade de pequenas percepções e que nós não saberíamos distinguir: um grande baru
lho atordoante, como por exemplo, o murmúrio de uma assembléia de pessoas, é composto
de todos os pequenos murmúrios de pessoas particulares que nós não perceberíamos uma a u
ma, mas do qual teríamos em sentimento, de outro modo nós não sentiríamos o todo. Assim,
quando o animal é privado de órgãos capazes de lhes dar percepções muito distintas não se
egue que fiquem percepções menores e mais uniformes, nem que seja privado de todos o
s órgãos e de todas as percepções. Os órgãos não estão senão envolvidos e reduzidos a um pe
olume, mas a ordem da natureza requer que tudo se desenvolva e retorne um dia a
um estado perceptível, e que houvesse nas vicissitudes certo progresso bem regrado
que sirva para fazer morrer e aperfeiçoar as coisas. Parece que Demócrito mesmo viu
esta ressucitação de animais, pois Plotino lhe atribui o ensino da ressurreição.
§15 Todas estas considerações fazem ver como, não somente as almas particulares, mas mes
mo os animais subsistem, e que não há nenhuma razão para crer em uma extinção completa da
alma, ou em uma destruição completa do animal, e, por conseqüência, que não temos necessid
ade de recorrer a um espírito universal e privar a natureza de suas perfeições particu
lares e subsistentes: o que, com efeito, seria também não considerar a ordem e a har
monia. Há também coisas, na doutrina de um espírito universal único, que não se sustentam
e se embaraça nas dificuldades muito maiores que a doutrina comum.
§24 Não quero recorrer aqui a um argumento demonstrativo que empreguei tirado das un
idades ou coisas simples, onde as almas particulares são compreendidas, o que nos
obriga indispensavelmente, não somente admitir as almas particulares, mas de recon
hecer ainda que elas sejam imortais por suas naturezas e também indestrutível que o
universo e, o que é mais, que cada alma é um espelho do Universo a sua maneira, toda
s diferentes e todas verdadeiras, e multiplicam por assim dizer o Universo de mo
do que é possível que desta maneira elas aproximam da divindade tanto quanto possa s
egundo seus deferentes graus e dão ao universo toda a perfeição da qual é capaz.

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