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Abstract - This case study describes a 8-month music therapy process with "Antônio",
a 10-year-old boy with autism, non-verbal and with difficulty to follow rules. The work is
based on the improvisational music therapy model integrated with the DIRfloortime
approach. The study aimed to reflect on some strategies that can be used in the
interaction with an autistic child. The study showed that improvisational / DIR music
therapy has significant benefits in terms of nonverbal communication and limits.
Keywords: Improvisational Music Therapy, Autism Spectrum Disorder, Case Study,
DIRFloortime, IMCAP-ND
INTRODUÇÃO
experiências musicais: a music child. As crianças com Autismo interagiriam por meio da
improvisação musical a partir dessa habilidade não comprometida de criar e fazer
música.(GATTINO, 2015; CHAGAS, PEDRO, 2008).
MÉTODO
Utilizou-se o delineamento de estudo de caso de caráter naturalístico descritivo
(BRUSCIA, 1996), que busca descrever a efetividade de uma intervenção de
musicoterapia improvisacional com abordagem floortime no atendimento à uma criança
com autismo.
INSTRUMENTOS E PROCEDIMENTOS
PARTICIPANTE
Este caso foi atendido no Programa “Música para Todos”, criado e coordenado
pelo professor Gustavo Schulz Gattino na UDESC, sediada na cidade de Florianópolis.
Este programa oferece atendimentos de musicoterapia gratuitos para crianças e pais de
crianças com autismo. Os atendimentos às crianças são individuais, semanais, com
duração de 30 minutos. Os atendimentos da criança em estudo tiveram início em
setembro de 2015, com uma pausa entre os meses de dezembro à abril de 2016, e
reinício em junho de 2016 até novembro do mesmo ano. No mês de julho de 2016 não
houve atendimentos. Em resumo, foram 8 meses de intervenções musicoterapêuticas.
DISCUSSÃO
Durante o processo musicoterapêutico buscamos experiências musicais que
envolvessem seguir a liderança do cliente; fazer um jogo musical intencional de duas
vias e sincronizar afetivamente no jogo musical que são as três fases estruturadas no
modelo baseado no Desenvolvimento, nas Diferenças Individuais e na Relação
DIRFloortime.
Aconteceram várias evoluções e mudanças de comportamento positivas, o que
inicialmente víamos como um trabalho de grande tensão, onde tínhamos que tirar todos
os objetos e instrumentos que pudessem estragar devido ao comportamento de Antônio,
com o passar do tempo essa tensão foi diminuindo e tudo ficou mais leve.
Carpente apresenta cinco áreas descritas pelos Níveis de Desenvolvimento Funcional-
Emocional baseado no modelo de Greenspan e faz uma análise relativamente ao que
diz respeito à dificuldade em cada capacidade musical. (CARPENTE, 2016)
O nível I fala sobre a atenção musical, onde admite que através de experiências
musicais e sensoriais, a criança se envolva significativa e intencionalmente, mantendo
a calma e controlando os seus impulsos. A atenção musical lida com a compreensão
de como o cliente presta atenção com base em quatro categorias que são: focaliza,
mantém, compartilha e realiza mudanças. Verificamos que nas sessões iniciais Antônio
realizava mudanças no foco de atenção e que compartilha a atenção em alguns aspetos
em particular. Como já foi descrito, no momento de rasgar papel houve um foco num
jogo que foi compartilhado por ambas as partes. Várias questões foram surgindo e
levadas em conta para os atendimentos seguintes: Será que Antônio apresenta um
interesse nos instrumentos e em quais está mais ou menos interessado no que diz
respeito à atenção musical? O que podemos fazer para melhorar nossa conexão com
ele?
O nível II fala sobre o afeto musical e como o cliente pode experimentar o jogo
musical à um nível afetivo, avaliando a resposta musical sobre quatro áreas: facial,
prosódia, corpo e movimento. No caso de Antônio, pudemos verificar que inicialmente
a expressão facial não respondia tanto ao jogo musical e à relação com as terapeutas,
demonstrando seus sentimentos. Nas sessões do final do processo verificamos isso de
forma muito clara, chegando até a ouvir a voz de Antônio (não verbal) rindo alto em
algumas brincadeiras. Quanto à prosódia, ele respondia ao jogo musical através da voz,
emitindo sons em forma de vogais e explorando tons graves. Essas tonalidades foram
se moldando com o decorrer das sessões, e no último mês de tratamento escutamos
sons mais agudos e até gritos que anteriormente não se escutavam. A expressão
corporal também sofreu modificações em resposta às terapeutas, música ou jogo
musical. Inicialmente se verificava somente uma agitação dele correndo de um lado para
o outro. Com o passar das sessões, passou a ter mais momentos de calma, onde
conseguia contemplar a natureza e escutar os sons emitidos pelos instrumentos e voz
das terapeutas. Sua movimentação corporal passou a expressar afeto movendo-se para
perto ou para longe em resposta aos estímulos musicais.
O nível III fala da adaptação ao jogo musical, onde os contextos musicais fazem
com que o cliente aprenda novas formas de se relacionar e comunicar através do jogo
musical, seguindo a liderança do terapeuta. Segundo Carpente (2016), existem quatro
áreas de adaptação ao jogo musical a serem avaliadas pelo terapeuta: junta-se, ajusta,
realiza revezamentos e interrompe. Neste nível, nos dois últimos meses de tratamento
conseguimos verificar um progresso em Antônio. Quando a terapeuta propôs fazer uma
casinha com um colchonete sobre a cabeça dela, ele juntou-se ao jogo, tirou o
colchonete dela e colocou sobre a cabeça dele. Verificamos que se ajusta, pois várias
vezes adapta a sua participação no jogo musical liderado pelo terapeuta, parando para
escutar o que está sendo tocado e respondendo com o canto. Podemos afirmar que
realiza revezamentos, uma vez que tanto inicia cantando na sessão (tomando a
liderança), quanto responde ao jogo musical liderado pela terapeuta, cantando na
tonalidade. Também percute o tambor, para, espera uma resposta e volta a tocar.
O nível IV fala sobre o engajamento musical e enquanto que a adaptação ao jogo
musical foca na capacidade do cliente seguir pistas do terapeuta como um parceiro de
jogo não especificamente para elementos musicais, o engajamento musical centra-se
na capacidade do cliente corresponder e se envolver na música do terapeuta, específico
para elementos musicais.
O engajamento musical (nível IV) é como um jogo paralelo onde o cliente se
envolve com a música do terapeuta, utilizando elementos musicais específicos para
combinar e envolver-se. São quatro áreas de engajamento musical avaliadas: imita;
sincroniza; prevê e sinaliza. No caso de Antônio podemos afirmar que ele sincroniza
uma vez que corresponde à liderança das terapeutas, ainda que esporadicamente, com
elementos musicais da música proposta.
O último nível (nível V) fala da Inter-relação Musical, onde se refere a capacidade
criativa, expressiva e comunicativa do cliente enquanto engajado no fazer musical
relacional. Este nível de inter-relação é dividido e avaliado em oito áreas: inicia, modifica,
diferencia, assimila, conecta, interpõe, completa, lidera ou segue. Aqui, não
conseguimos identificar Antônio, porque mesmo iniciando algumas vezes o jogo
musical, não temos certeza que o fez de forma intencional para apresentar uma nova
ideia ao terapeuta.
O que podemos verificar é que Antônio avançou alguns níveis e ainda está em
fase de consolidação nos que se insere. Apesar do nível I e II serem os que melhor o
descrevem, observamos que outros níveis permeiam os comportamentos de Antônio.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
GOTTFRIED, T. et al. Music in everyday life by parents with their children with autism.
Nordic Journal of Music Therapy, v. 25, n. sup1, p. 89-90, 2016. ISSN 0809-8131.