a) Sigilo em relação a diagnostico de HIV para companheiro acompanhar essa pessoa.
ar essa pessoa. Porque têm situações que não tenho como
avaliar o risco para o paciente. Se ele diz: "Eu vou falar e ele vai Quanto à questão do sigilo, segundo o Art. 73. do código de Ética Médica, espalhar para todo mundo e vai ser pior para mim", aí eu penso em uma é vedado ao médico revelar fato de que tenha conhecimento em virtude do próxima consulta tocar de novo no assunto, mas não sei se vou ter uma exercício de sua profissão, salvo por motivo justo, dever legal ou próxima consulta com ele. E acho que não funciona atitudes rigorosas. consentimento, por escrito, do paciente (CONSELHO FEDERAL DE Temos limitações no que colocamos. (Lucas) MEDICINA, 2009). Porém, a quebra do sigilo profissional é permitida no O profissional está desamparado nesse momento, por não haver um caso de proteção da vida de terceiros. Portanto, caso haja recusa do protocolo de convocação de parceiros e por não haver uma organização do paciente em revelar sua condição de portador a parceiros sexuais após serviço que proporcione ao profissional uma abordagem segura de seu insistência do profissional da saúde, essa informação deverá ser revelada paciente, na qual a avaliação de risco seja possível. Mais uma vez, o pelo médico responsável. Além disso, no que concerne à notificação profissional encontra-se frente a uma situação-limite em que deverá decidir compulsória da doença, o profissional médico é obrigado a informar as qual a melhor conduta a realizar. autoridades públicas de saúde sobre a identificação do caso de HIV É necessária a criação de um protocolo que permita que o profissional faça positivo. Lembrando que a omissão da notificação da doença é crime, a convocação dos parceiros, tendo como dar continuidade as suas condutas previsto no artigo 269 do Código Penal. e tenha um controle se esse paciente está voltando ao serviço com seu Trabalhar com convocação de parceiros não é fácil, pois essa abordagem é parceiro sexual. Dessa maneira, o profissional se sentirá respaldado pela permeada de dilemas éticos que podem nos barrar, nos paralisar. A fala instituição em relação as suas decisões. abaixo deixa claro o dilema do profissional, que se vê desamparado pela R: As condutas realizadas por profissionais de saúde em relação à busca de instituição em termos da existência de um protocolo e tendo a necessidade parceiros sexuais de pacientes soropositivos para o HIV/aids e seus de fazer a convocação de parceiro: Como vou me comunicar com esse diagnósticos sorológicos. Priscilla Mesquita Luz; Karla Correa Lima parceiro? Porque isso é complexo, às vezes a pessoa não tem telefone, a Miranda Juliana Maria Cavalcante Teixeira. única maneira de se comunicar é por telefone público. Tinha que ter um contato com a pessoa, o soropositivo teria que dar o nome e o telefone, se b) Acesso a prontuário do paciente. ele mesmo não quisesse revelar. Nesse caso, de ele não querer Assim é que médicos, enfermeiros, auxiliares técnicos, psicólogos, comunicar e continuar com esse parceiro, o contaminando, teria que assistentes sociais – que receberam as informações diretamente do paciente haver essa intervenção. (Matheus) –, como também aqueles que tiverem acesso ao seu prontuário, como Além das dificuldades institucionais e do cliente, os profissionais ainda arquivistas, auditores, entre outros – os quais devem ser em menor número têm que superar as dificuldades pessoais. Essas dificuldades referem-se aos possível –, estão obrigados a manter em segredo tudo o que souberem questionamentos dos profissionais, ao modo como abordar o nessas condições. paciente: Após falar sobre contar para os parceiros, a pessoa diz: "Não é Nesse escopo, é mister recomendar partícula cuidado com prontuários e o momento porque ele vai me matar se eu disser". Aí fica muito difícil eu fichas, os quais não devem ficar acessíveis a qualquer pessoa, bem como intervir dizendo: "Você tem que falar". Falamos da importância. O guardar atenção às conversas de corredor e à troca de impressões, mesmo problema que vejo é falar isso naquele momento e depois não poder com colegas de profissão que permitam a identificação do paciente, evitando--se passar adiante informações que só a seu titula dizem respeito, a fim de preservar ao máximo a intimidade do paciente. c) Internação quando o paciente não está em condições de Todo paciente ou seu representante legal tem o direito de solicitar e receber decidir. cópia do respectivo prontuário médico. Esse direito está previsto no Código de Ética Médica, no Código de Defesa do Consumidor e em um A questão da internação do paciente acometido de transtorno mental é dos enunciados interpretativos aprovados, em maio deste ano, na II regida pela Lei 10.216/2001, que representou um março no processo de Jornada de Direito da Saúde, promovida pelo Conselho Nacional de Justiça valorização da vontade do paciente, mesmo tendo reconhecido que, (CNJ). “Poderá constituir quebra de confiança passível de condenação por momentaneamente, a expressão da vontade pode não ser possível. Prevê dano a recusa imotivada em fornecer cópia do prontuário ao próprio o parágrafo único do artigo 6º da mencionada Lei que há três tipos de paciente ou seu representante legal ou contratual, após comprovadamente internação psiquiátrica: 1)-voluntária, solicitada pelo paciente; 2)- solicitado, por parte do profissional de saúde, clínica ou instituições involuntária, pedida por terceiro; e 3)-compulsória, “aquela hospitalares públicos ou privados”, diz o texto. O direito do acesso à cópia determinada pela Justiça”. Obviamente, a necessidade de internação, do prontuário médico está garantido, ainda, pelo Código de Defesa do em qualquer modalidade, será sempre avaliada por médico. Consumidor. Conforme o artigo 72, o prestador de serviço que “impedir ou A lei citada acima afirma que a internação involuntária pode ser pedida dificultar o acesso do consumidor às informações que sobre ele constem por “terceiro”. Penso que as pessoas habilitadas a formularem o em cadastros, banco de dados, fichas e registros” está sujeito a uma pena requerimento são, por analogia, as mesmas previstas no de seis meses a um ano de detenção ou multa. Art. 1.768 do CC, a saber: pais ou tutores, cônjuge (ou companheiro), O prontuário possui garantia constitucional que protege o direito à ou por qualquer parente. intimidade do paciente e o sigilo profissional. As Resoluções do Conselho Quando o pedido de internação for feito por terceiro, entendido como Federal de Medicina normatizam a matéria. Inexiste lei formal que tal o familiar, o requerimento deve ser administrativo e apresentado discipline a quebra de sigilo em prontuários. A violação do sigilo implica diretamente no estabelecimento de internação, ou no centro de infração penal, civil e ética. A responsabilidade pela guarda e manutenção regulação, no caso do Sistema Único de Saúde (SUS). Não há do prontuário é do médico, nos consultórios, e dos diretores clínicos, nas necessidade de intervenção Judicial ou do Ministério Público para que instituições de saúde, garantindo-se o acesso ao paciente. O sigilo poderá haja a internação involuntária. Apenas é preciso que o estabelecimento ser quebrado nos casos de justa causa, dever legal e autorização expressa hospitalar comunique ao Ministério Público, em 72 horas, na forma da do paciente. Autoridades policiais e judiciais não podem requisitar referida lei. diretamente prontuários, somente via judicial. A internação compulsória está prevista na lei para aplicação naquelas R: Conselho Nacional de Justiça (CNJ). ACESSO AO PRONTUÁRIO DO situações em que há necessidade de intervenção estatal (questão de PACIENTE: IMPLICAÇÕES ÉTICAS E LEGAIS - Mary Jane Falcão saúde pública), mas não há solicitação de familiar para a internação. Viana Santos Wladimir Correa e Silva. Nestes casos, tanto o Ministério Público quanto o setor próprio da área de saúde pública podem formular ao Judiciário o pedido de internação compulsória do paciente.