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UMA VIAGEM PELA MENTE DE PAULO

Acho que já deu para todo mundo notar que eu não concordo com Friedrich Nietzsche quando acusa
Paulo de ser o fundador do “Cristianismo”. A Basílica é de São Pedro, não de São Paulo!

Paulo perdeu a “parada” na construção do “Cristianismo” simplesmente porque o que Paulo discerniu,
creu, ensinou e praticou, jamais criaria um “Cristianismo”, mas tão somente igrejas que se amavam, se
correspondiam, se comunicavam, e se sentiam parte do Corpo Universal de Cristo.

Essas igrejas não deixavam de ser o que eram e nem as pessoas quem eram nas circunstancias de
suas vidas e culturas, visto que não haveria nunca nenhum poder humano, central ou regional, que
fizesse ninguém dominar sobre ninguém, ditando ensinos de homens e revelações do ego, pois, Cristo
é o Cabeça do corpo e Nele temos o Amém de Deus—conforme Paulo!
Além disso, não haveria uma profissão teológica a ser buscada e nem um status profético de detentor
de novas revelações a ser alcançado, pois, em Cristo, todos os tesouros da sabedoria e do
conhecimento já haviam sido revelados.

O apostolo também cria que o mistério desse crer e saber geraria um sentir de almas unidas no amor
de Cristo. E, assim, o mundo veria a presença do reino de Deus.
Ele também cria que esse testemunho tinha que ser dado dentro do contexto onde a Palavra estava
sendo anunciada. Assim, para os judeus ele era escândalo entre os gentios!
Para os gentios ele não era um escândalo entre os judeus, quando raspou a cabeça, tomando voto.
Afinal, quando alguém faz parte de uma cultura onde a revelação se originou, pode passar a pensar
que sua cultura e sua história são santos também. E os que souberam depois—os gentios, no caso—
sentem-se privilegiados em poder ter algum contato com a “cultura original”, como o fazem os católicos
e evangélicos quando beijam o chão de Israel!

Hoje a exemplificação também vem dos novos convertidos evengélicos que recebem a Jesus e tem
que "engolir" o pacote como se tudo fosse o evangelho, até o jeito de falar ou vestir!
O engando é pensar que quem chegou antes já discerniu mais. Paulo nuca creu nisso. Por isso
mesmo botou Pedro sob a Graça e enfrentou tudo e todos pela verdade do Evangelho.
Nisto ele também se gloriava.
Dois mil anos depois...

Já para nós, em certas coisas, temas e circunstancias da vida, Paulo parece um pouco de menos para
os liberais e um pouco demais para os conservadores—e nada para os neopentecostais!
Para nós Paulo é tão demais ainda que o “demais” de Paulo, pouca gente tem enxergado.
E Paulo apesar de saber que era demais, era para si mesmo tão de menos, que nunca pensou que
sua pessoa fosse ficar nada além do que nele se via e dele se ouvia!
Mas a mediocridade se aferra às circunstancialidades do “aplicativo” do Princípio da Palavra em Paulo
e não cresce no Principio da Palavra a fim de fazer seu “aplicativo” no momento histórico em que se
está vivendo.
Assim, o Universal em Paulo se reduz a slogans e o “aplicativo circunstancial” se transforma é
“principio universal”.
Alguns exemplos.
Primeiro os slogans que sobraram:
Pela Graça sois salvos!—para os Reformados.
Não me envergonho do Evangelho!—para os Missionários.
Já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim!—para os Santificados.
Dou Graças a Deus porque falo em línguas mais do que todos vós!—para os Carismáticos.
Tudo é vosso!—para os liberais.
Todas as coisas são puras para os puros!—para quem gosta daquilo que a maioria diz não poder ou
gostar.
Não é bom para o homem o comer com escândalo!—para quem anda doido para fazer alguma coisa e
tenta se controlar.
O bispo seja marido de uma só mulher!—para aquele que tem um medo horrível de gostar tanto de
pregar quanto gosta de mulher.
O bispo governe bem a sua própria casa!—para o líder que acha que consegue manter os filhos
escondendo bem seus próprios corações.
Há muitos outros slogans!
Outro dia eu volto a eles.
Agora os aplicativos.
Ora, os aplicativos são tantos que eu vou deixar a expansão deles para outra hora. Aqui vou apenas
dar alguns poucos exemplos.
Vejamos:
O bispo seja marido de uma só mulher!—porque no principio Deus criou Adão e Eva, não Adão e suas
mulheres. No entanto, Adão caiu e o mundo de Paulo não era o jardim do Éden.
Portanto, a fim de que o Evangelho fosse boa notícia para todos—incluindo os que tinham mais de
uma esposa ou mulher quando conheceram a Palavra—, Paulo recomenda que o bispo seja o
referencial desse novo modelo.
Afinal, não há homem nem mulher (Gl 3:28).
E o homem que não quiser sua mulher pensando como ele, que pense como ela.
E assim, haverá igualdade.
Mas o mundo é caído!
Cada geração tem que entender e saber recomeçar sem negociar com o Princípio da Palavra.
O aplicativo carrega o Princípio, mas não pode ser instituído como forma.
Mais algumas acusações feitas ao irmão Paulo.
Ele é acusado de ter inventado o “bispo” (que era bispo de casas de fraternidade, o outro nome é
igreja, e não essa figura estereotipada de hoje), a “hierarquia” (que era orgânica e não funcional), o
“silencio das mulheres” (que era cultural), o tom agressivo (que era o mínimo que ele poderia fazer
considerando a dor das circunstancias), a lógica na argumentação (porque ele era inteligentíssimo),
a independência excessiva (porque ele cria, não duvidava e não tinha medo), etc...
Para mim, sinceramente, ele é o homem que discerniu e explicou a razão da esperança melhor que
ninguém. Isso ninguém pode negar!
Mas se Paulo tivesse sido entendido nos Princípios Essenciais da revelação que transmitia, a história
teria sido possivelmente outra, em razão de que a essência do que Paulo ensinou não criaria o que o
“Cristianismo” se tornou, em qualquer de suas variáveis.
Perfeito nunca seria—somos caídos e Paulo se considerava o principal entre os pecadores—, mas
seria muito mais revolucionário!
E não haveria uma Basílica que representasse o Templo de Jerusalém sendo erguida em nome da fé
em Jesus!
Mas também não haveria o Protestantismo.
Paulo não era um protestante, ele era um inconformista.
Ele jamais proporia uma Reforma. Ele cria em subversão, em revolução permanente, em nunca se
conformar com este século e suas produções, ainda que teológicas.
A fé de Paulo estaria em permanente estado de crescimento: tanto no conhecimento de Deus, como
em auto-percepção e em discernimento da natureza humana--e também da natureza!
O que a gente não entende quando lê a Palavra em Paulo é que ali há a revelação eterna, e que ela
está sendo enviada ignorantemente —como convém à piedade—na forma de cartas para pessoas que
se reuniam em casas, e que tinham nomes semelhantes a Fernando, Mara, Suzana, Antônio e
Suzane, Maria Helena, Alfredo, Sergio e Débora, Raimundo e Murilo.
Ou seja:
Paulo sabia que o que dizia era a Verdade do Evangelho de Cristo. Ele não tem nenhuma dúvida a
respeito da revelação recebida.
Quando ditava algo ou escrevia para enviar aos Efésios, Romanos, Filipenses, Coríntios ou qualquer
outra cidade, poderia também ser Rio de Janeiro, São Pedro, Curitiba, Teresina e Sobral do Ceará.
Ele era responsável eternamente pelo que ensinava acerca do Evangelho e, ao mesmo tempo,
completamente solidário e participe do momento e das circunstancias das vidas de seus ouvintes.
Ele sabia que o que dizia era o Evangelho e que o Evangelho não era nada mais nem menos que
aquilo.
Ele só não sabia era que sua “correspondência” iria ser lida durante dois mil anos, todos os dias—
especialmente aos domingos—, por milhões, bilhões de seres humanos, e que essas pessoas iriam
pensar que todas as soluções imediatas que ele, Paulo, buscava alcançar no “aplicativo” do Principio
Universal do Evangelho, iriam se transformar em “conteúdo fixo” do evangelho, e que viria a ser
ensinado como “mandamento para todas as culturas dos gentios da terra”.
Logo ele? que lutou contra isso o tempo todo? tendo feito mais inimizades por causa disso do que por
qualquer outra razão entre os judeus ou entre os cristãos judaizantes!?
Não!
Paulo jamais gostaria que o carioca fosse como os gregos e pernambucanos como os holandeses, e
os paulistas como italianos!
Paulo estabeleceu os Pontos Ômega e fez aplicação circunstancializada dos Princípios, conforme o
aplicativo pertinente ao contexto.
Aquelas coisas eram importantes naquela hora, mas não dava para comparar com Bem do Evangelho.
E, à semelhança dele, Paulo cria que cada geração iria ter que reconhecer também, como ele mesmo
pediu a Timóteo que o fizesse—em suas ações, atitudes, amor, longanimidade, fé, pureza, saber, e
também pelas armas da justiça, quer ofensivas, quer defensivas; por boa fama e por desonra; como
quem morre, mas eis que vivo está!—, o significado de crer no Evangelho de Jesus!
“Em Cristo não há homem, nem mulher; nem escravo, nem liberto; nem judeu, nem grego”—foi o que
ele disse.
Isto é Universal.
É! em Cristo!
Voltamos dois mil anos...
Havia um monte de gente vivendo em Corinto.
A cidade era portuária e o verbo corintianizar era sinônimo de tudo o que os cariocas são no imaginário
universal: o povo da boa vida, do prazer e do momento de alegria.
Em Corinto as prostitutas cultuais desciam da Acrocorinto com o rosto nu e as roupas apenas em
suficiência para aumentar a sedução.
Uma mulher que tivesse marido e fosse fiel a ele deveria se diferenciar desse paradigma com
“autoridade”—e a expressão simbólica da mulher que não gosta que fiquem gritando nas costas “sua
gostosa!”, naquela época, era botar o véu sobre a face.
Se no Brasil esse sinal fosse respeitado, muitas mulheres usariam véu, se a percepção cultural das
pessoas fosse idêntica.
Naquele tempo o véu era o sinal vermelho para qualquer pretensão.
Hoje se puser o véu a “rapaziada” arranca e se não ouvir um sonoro “me deixa em paz”, nem sempre
desiste.
O problema é que em Corinto se o que funcionasse fosse o “me deixa em paz”, Paulo iria dizer:
“Irmãs, diferenciem-se, numa circunstancia dessa, dizendo “me deixe em paz”.
Mas era o véu que respeitavam.
E respeitavam-no porque aquela mulher tinha “dono”.
Era a percepção “para fora”.
Para o lado de “dentro” Paulo diz que o “dono” daquela mulher não deveria fazê-la sua propriedade a
fim de
abusar dela.
Afinal, a mulher saiu do homem, mas o homem nasce de mulher.
E assim como o homem é a gloria de Deus, assim também a mulher é a gloria do homem!
E olhe que para Paulo a palavra gloria significava gloria!
(Falaremos disso noutra ocasião).
Resumindo:
Coisas do dia a dia se transformaram em lei de conduta entre os cristãos.
E nas cartas inspiradas enviadas aos amigos e irmãos da comunidade, até os nomes das pessoas
mencionadas são vistos como especialmente eleitos como santos e parte da revelação.
Essas pequeninas coisas é que obscurecem as Universais!
Sabe o que é isso?
É nunca ter entendido a Palavra.
Paulo mesmo disse que a letra mata--até mesmo nas cartas de Paulo!
Quem já conheceu o irmão Paulo não fica mais com esse problema.
Sabe que Paulo era absolutamente certo de ter crido e processado a Palavra da Verdade da Graça de
Deus revelada em Seu Filho Jesus Cristo.
Sabe que tudo isso é decisão de Deus.
É mistério.
Cristo é a Revelação.
O Evangelho é a Boa Noticia, mas não se encerra numa única explicação cultural. Não se deixa
prender nem por judeus, nem por gregos, nem por americanos, ingleses, brasileiros ou até mesmo
argentinos (o “até mesmo” revela meu mergulho no momento histórico emocional brasileiro de fazer
piadas com argentinos).
UMA CRONOLOGIA DA FÉ NO CONTEXTO HISTÓRICO

O que segue é uma tábua cronológica que relaciona a vida de Jesus e de Paulo aos Imperadores Romanos,
aos seus procuradores e ou prepostos na Palestina, inclusive os “Herodes” — com as produções literárias
encontradas no Novo Testamento; digo: especialmente as cartas de Paulo, que é meu interesse imediato,
embora estejam presentes as possíveis datas e época dos demais textos.

Leia com atenção. Meu interesse não é apenas cronológico, pois isto pouco ajudaria a qualquer pessoa, a
menos que se façam outras correlações.
Os imperadores Romanos do período no qual Jesus e Seus apóstolos viveram, foram seres de
impensável monstruosidade.

Ano Imperadores Herodianos e Procuradores romanos Vidas de Jesus e Paulo Livros do Novo
romanos Testamento

10 Augusto Herodes o Grande (37-4 a.C.) Nascimento de Jesus (pelo ano 6 antes da
era atual)

d.C.

1 Arquelau (até 6 d.C.) Filipe (até 34)


Herodes Antipas

10 Tibério (1-37) (até ao ano 39)

20 Batismo de Jesus (28)

Pilatos (26-36) Morte e Ressurreição de Jesus (30)

Conversão de Paulo

Calígula Herodes Agripa (37-44) (ano 34)

(37-41)

40 Cláudio (41-54) 1ª Viagem missionária de Paulo (47)

Félix (52-60)

2ª Viagem missionária 1 e 2 Ts (ano 50)

50 Nero (54-68) 3ª Viagem missionária Gl; 1 e 2 Cor;

Fl; Rm (anos 54-58)

60 Festo (60-62) Cl; Flm; Fl;


4ª Viagem, para Roma 1 e 2 Tm; Tt (61-67)

(60-61)

Vespasiano Morte de Paulo (67)

(69-79)

1 Pe; Mc; Mt; Heb;

70 Tito (79-81) Lc; Act;

Cartas Universais

80 Domiciano

(81-96)

90 Jo, 1,2 e 3 Jo, 2 Pe

Nerva (96-98) e Ap

100 Trajano

(98-117)

Paulo, por exemplo, viveu sob o poder de muitos deles. Alguns deles pode-se dizer que foram os piores e
mais malévolos, como aqueles nos dias dos quais Paulo praticou seu ministério e sua fé: Calígula (37-41),
Cláudio (41-54) e Nero (54-68), sob quem veio a morrer.

Os dias áureos dos imperadores Romanos haviam ficado para trás desde antes do nascimento de Jesus.
Assim mesmo, o que se chama de Era de Ouro dos Romanos, também pode ser chamada de Era de
Sangue, Conspiração, Golpes, Traições, e muitas loucura.

Praticamente não houve imperador Romanos, desde o início da Republica, que não tenha morrido por
assassinato, como no caso de Tibério, que, já estava à morte, mas, mesmo assim, foi sufocado por um
travesseiro no seu leito.

Roma era inevitavelmente a Grande Babilônia daqueles dias. A cidade das sete colonas, como diz o
Apocalipse, era a Grande Meretriz da Terra.

Os imperadores todos foram seres cuja devassidão, loucura, orgias, bacanais, homicídios e despotismo não
tinham jamais tido paralelo na História. Ora, tais coisas iam de assassinatos de familiares ou parentes
perigosos (até a própria mãe), às ações de arbitrariedade que serviam para o entretenimento imperial. Isto
sem falar nas orgias mais impensáveis, nas quais valia tudo; e nas quais se “pegava”, dependendo do
imperador maluco, até a mãe, a irmã, o irmão, etc.—pra a satisfação sexual sado-masoquista e incestuosa.
A terceira mulher de Tibério entrou num concurso de sexo contra a mais experiente prostituta de Roma e
ganhou: agüentou muito mais homens numa mesma noite que a prostituta profissional.

Pedofilia era normal; e em alguns casos era recomendável!

Roma era uma prostituta. Uma adultera contumaz. Uma cidade de loucuras, sangue, morte, traição,
embriagues, orgias, bacanais, e, um ambiente no qual não se conhecia nada além do desejo e do prazer; ou
ódio cínico, que se fazia morte pela via dos envenenamentos e outras formas de matar pelas mãos de
terceiros.

O exemplo maligno dos imperadores se tornava pratica nas praças e esquinas.

Tudo quanto nós pensamos acerca das palavras acima mencionadas é nada. Sim! Porque nossa visão de
tais coisas já carrega o verniz da moral cristã ocidental, a qual, não impede que tais coisas aconteçam, mas
as inibe, fazendo com que, no mínimo, elas aconteçam sob véus e mascaras socialmente menos agressivas
que a própria realidade; ou melhor: que o próprio descaramento com o qual tais coisas eram feitas naqueles
dias.

Ora, digo isto de modo resumido apenas para dar um pequeno pano de fundo histórico ao que desejo
afirmar.

E o que desejo afirmar?

Não existe meio e nem modo de se pensar ou conceber que um judeu, criado como um fariseu da elite,
pudesse assumir os conceitos que Paulo assumiu como fé, pratica e divulgação (mesmo tendo encontrando
a Jesus numa estrada), sem que isto lhe tenha vindo como uma poderosa e inafastável revelação.

Sim! Por que como alguém pregaria o perdão de Deus ao mundo, a Graça de Deus aos homens, todos os
homens, num mundo como aquele, no qual Sodoma e Gomorra eram cidades de escoteiros?

A reação natural seria a do fechamento. Afinal, quem, com bom senso, haveria de falar de Graça num
ambiente de tanta licenciosidade e perversão?

Paulo, exposto ao mundo no qual vivia, teria que ter se tornado um grande “conservador de Jesus”; e não o
apostolo dos gentios, dos pagãos — e que anunciava a justiça da fé, e o perdão unilateralmente decretado
por Deus, em Cristo, na Cruz.

Ele encontra a Jesus no tempo de Calígula. E prega o Evangelho sob ele, Calígula, e sob Nero. Sim! Tudo
quanto dele temos na forma de cartas e epistolas foi produzido no tempo do governo perverso daqueles
dois loucos, primos; e ligados também por relações de natureza incestuosa.

Ambos, Calígula e Nero são tão enlouquecidos de maldade, que, muitas vezes, parecem até ser a mesma
pessoa.

É sob esses dois diabos que Paulo prega, escreve e põe a cara para fora. Acaba sendo morto,
provavelmente decapitado na Via Ápia, sob Nero.
Assim, quando Paulo faz aquela introdução aos Romanos (capítulos 1-2), o mundo que ele tinha diante de
si carregava a força de uma gravidade apocalíptica de natureza existencial e comportamental como nunca
antes se vira, e, depois, poucas vezes houve similar. Pode-se dizer que até o Nazismo de Hitler foi mais
sofisticado e mascarado. Muito mais!

Paulo tratava das questões que se avolumavam monstruosamente sobre ele e o povo, mas jamais deixou
de estabelecer a marca da Graça de Deus, quando, o que naturalmente se faria seria declarar a todos
condenados e o mundo como perdido.

Desse modo, deixo aqui para você algumas coisas simples:

1.Não importa a perversão do mundo, o que Deus revelou, não tem que ser feito mais aberto ou
mais fechado em nenhuma circunstância. A revelação não pode ser objeto de regulagens em razão
de como é a sociedade. Isto porque, para Paulo, ambas as coisas, a Lei e a Licenciosidade, eram
irmãs gêmeas; embora habitassem pólos oposto na aparência moral; posto que, Paulo, logo
entendera que tanto uma quanto a outra levavam o homem para o mesmo lugar de perdição: a Lei
empedrava a alma; e a Licenciosidade a tornava uma pasta.

2.Não importa qual seja o mundo (e poucas vezes o mundo foi caricatamente o “mundo” como nos
dias de Paulo), a Palavra do Evangelho terá o que a ele dizer. E Paulo mostrou como o Evangelho é
poder de Deus em qualquer mundo ou sociedade.

3.Não importam as conseqüências geradas pela pregação, ela tem que ser feita, como ela é, ainda
que se pague com a morte. Ora, Paulo e os demais apóstolos viveram para morrer provando tal
tese.

4.Não importando quais sejam os hábitos e vícios humanos, o Evangelho é mais forte do que eles.
Podendo gerar santos que já foram santificados pela fé; e, produzir os seres humanos mais
extraordinários que o mundo já conheceu.

Outra coisa que gostaria de pedir a você é que levasse em consideração cada uma dessas pequeninas
coisas sempre que você for ler as cartas ou epistolas de Paulo — bem como todo qualquer outro texto do
Novo Testamento. Pois, assim fazendo, jamais cairemos nos extremos que nos são propostos pelas almas
pregadoras que não agem pela Palavra, mas apenas reagem às circunstâncias.

Nele, que nos chama a uma só chamado, seja em Roma, no Rio, em New York, em Paris, ou na Faixa de
Gaza,
Caio
16/01/07
Lago Norte
Brasília
UM SONHO DE ESPERANÇA CONFORME PAULO E UMA IGREJA SEM
ESPERANÇA
Paulo escreveu aos Colossenses e pediu que sua carta fosse lida também aos cristãos de Laodicéia.
A carta que ele escreveu aos de Laodecéia nós não temos, mas imagino a “pérola” que deve ter sido.
João escreveu às sete igrejas da Ásia menor—hoje Turquia—, e entre essas igrejas estava a de
Laodicéia, conforme o Apocalipse.

Eis um trecho da carta que Paulo escreveu aos Colossenses e pediu que também fosse lida em
Laodecéia; afinal, as cidades eram bem próximas.
**************************************
Quero que vocês saibam quão grande luta tenho por vocês, que vivem em Colossos, e também pelos
que estão em Laodicéia, e por quantos não viram face a face.
Luto, mesmo estando longe, para que os seus corações sejam animados; estando vocês unidos em
amor, e enriquecidos da plenitude do entendimento para o pleno conhecimento do mistério de Deus.
Ora, o mistério de Deus é Cristo, em quem estão ocultos todos os tesouros da sabedoria e do
conhecimento!
Digo isto, para que ninguém engane vocês com palavras persuasivas, porém falsas, como se
houvesse “mais” o que se possa saber, para além do que em Cristo se pode encontrar.

Porque ainda que eu esteja distante de vocês quanto à presença física, contudo, em espírito, estou
com vocês.
E, ainda que ausente, me regozijo, vendo a ordem e a firmeza da fé que vocês têm em Cristo.

Portanto, assim como vocês receberam a Cristo Jesus, o Senhor, assim também andem Nele!
E vocês me perguntam “como”?
Ora, andando arraigados e edificados Nele, e confirmados na fé; assim como vocês foram ensinados;
sempre abundando em gratidão pela Graça Nele recebida.
Por isso, tenham cuidado para que ninguém faça de vocês sua própria “presa”, usando os artifícios das
filosofias e das vãs “sutilezas”, conforme as tradições dos homens, segundo os “rudimentos” morais,
religiosos e filosóficos deste mundo; e não conforme o Evangelho de Cristo!
Tudo o que vocês e todos, em qualquer lugar e em qualquer outro tempo precisam ou precisarão, está
em Cristo.
Nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade!
Nele também vocês têm toda a plenitude de que precisam.
Ele o Cabeça de todo principado, potestade, poder e saber.
Nele vocês também foram “circuncidados” não com a circuncisão religiosa de um rito que corta um
pedaço do prepúcio da carne.
A circuncisão que vocês tiveram não foi feita por mãos humanas, mediante o simples cortar de um
pedaço do corpo da carne de vocês.
A circuncisão de vocês é a circuncisão de Cristo!
E como isto aconteceu?
Aconteceu na Cruz!
Em Cristo vocês foram sepultados, e o batismo simboliza esta realidade que Nele já se realizou.
E assim como vocês foram com Ele sepultados; assim também com Ele vocês foram ressuscitados
pela fé no poder de Deus, que o ressuscitou dentre os mortos.
Assim aconteceu com vocês e com todos nós, que antes estávamos espiritualmente mortos nos
nossos delitos e pecados.
Antes vivíamos na “incircuncisão” da nossa carne—pois sem a Cruz nenhuma circuncisão humana
realiza coisa alguma!—, mas fomos salvos pela Sua morte e ressurreição; pois Ele nos vivificou
juntamente com Ele mesmo na ressurreição; perdoando-nos de todos os nossos delitos.
E, além disso, na Cruz, Ele também rasgou de uma vez e para sempre todo o escrito de dívida que
havia contra nós, conforme as ordenanças da lei.
Ora, esse escrito de dívidas era completamente contra todos nós. Mas Ele o removeu totalmente e o
encravou na Cruz.
E quando assim fez, Ele estava despojando os principados e potestades; e desse modo, os exibiu
publicamente ao desprezo; e sobre todos eles Cristo triunfou na Cruz!

Por esta razão não permitam nunca mais que quem quer que seja julgue a vocês pelo que vocês
comem, ou pelo que vocês bebem, ou por causa de dias de festas religiosas, ou de cerimônias
judaicas, como as celebrações da lua nova; nem tampouco submetam-se ao jugo das obrigações dos
“sábados” ou dos “dias santos”; porque todas essas coisas são passadas, e eram apenas sombras das
coisas que em Cristo viriam, e já se materializaram em nosso favor.
Agora nós estamos no Corpo de Cristo!

Não permitam que ninguém se constitua como árbitro contra vocês, sob o disfarce da humildade, ou
evocando falsas espiritualidades, como culto aos anjos; ou alegando que o que dizem receberam por
“visão”.
Tais pessoas estão é inchadas pelo ventos de suas próprias vaidades de entendimento carnal e
presunçoso, não retendo a Cabeça do Corpo—que é Cristo!
Todo aquele que já compreendeu o que Cristo fez, sabe tudo o que estou dizendo. E, esses que assim
crêem, sabem que nosso crescimento vem da Graça que faz todo o Corpo crescer provido e
organizado pelas juntas e ligaduras do amor; e, assim, vai crescendo conforme o aumento concedido
por Deus.

Se você crêem que morreram com Cristo quanto aos rudimentos do mundo, por que ainda se deixam
sujeitar por ordenanças, como se vocês ainda vivessem das sombras de um antigo e apavorante
mundo?
Ora, essas “ordenanças” se manifestam do seguinte modo.
“Eles” dizem a vocês: não toquem nisto, não provem aquilo, não manuseiem aquilo ali!
Meus irmãos, tudo isso é bobagem, ainda mais porque todas essas “coisas” perecem com o tempo e o
uso.
Sim! me respondam: Se vocês morreram com Cristo, por que ainda andam segundo os preceitos e
doutrinas dos homens?

Ora, essas “doutrinas” têm, na verdade, alguma “aparência” de sabedoria, mas de fato são “culto de si
mesmo”, “humildade” fingida, e “severidade” apenas contra o corpo da carne.
Mas eu lhes digo: elas não têm valor algum no combate contra a idolatria dos sentidos, que é a
sensualidade.
Quanto mais se as segue, mas seus monstros nos perseguem!

Epafras manda abraços para vocês.


Ele é filho de vocês, e também é servo de Cristo Jesus.
Quero que vocês saibam que ele sempre luta por vocês nas orações que faz a Deus, pedindo que
vocês permaneçam íntegros na fé e plenamente seguros acerca de toda boa vontade de Deus.
E acho justo dizer a vocês que ele tem grande zelo por cada um de vocês, como também pelos que
estão em Laodicéia, e pelos que estão em Hierápolis.
Lucas, o médico amado, e Demas, nosso companheiro, também mandam um abração para cada um.
Mandem nosso carinho para os irmãos que estão em Laodicéia; e para Ninfa, e também para a igreja
que se reúne na casa dela.

Depois que esta carta for lida por vocês, façam com que ela também seja lida na igreja dos
laodicenses; e a carta que eu mandei aos de Laodicéia, por favor, leiam-na vocês também.

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Bem, não temos a carta de Paulo aos de Laodicéia, mas temos a carta de João aos laodecensses.
Simplesmente a transcreverei conforme foi ditada por Jesus ao Seu apóstolo, João, que estava exilado
na ilha de Patmos.
A igreja em Laudicéia, todavia, anos depois de receber a carta que Paulo lhe enviara, e também
depois de ler a carta aos Colossenses, não mudou os seus caminhos.
Ficou parada no tempo e não cresceu na Graça de Deus.
Você pergunta: como era Laudicéia?
Ora, era uma cidade era rica.
Conheço Pamukali e os seus balneários, e as maravilhosas fontes de águas termais.
É um lugar lindo e ótimo para o laser.
Nos dias de Paulo já era assim.
Hierápolis, cujas ruínas estão bem preservadas até hoje, estava nas redondezas.
Todos faziam parte da mesma geografia, e foram influenciados pelos mesmos agentes religiosos do
engano pseudo-cristão.
A prosperidade de Laudicéia estava presente no “espírito” da igreja.
Os tecidos lindos que produziam, o pó Frígio que servia de colírio para os olhos enfermos, as águas
mornas que tinham poderes curativos, e as riquezas comerciais que ali aconteciam, acabaram por
criar, dentro da igreja, um espírito de arrogância e poder.
Laudicéia aderiu à primeira versão cristã da Teologia da Prosperidade.
E ficou exatamente como estão hoje as “igrejas da prosperidade”: cheia de ufanismo, decretos de
poder e soberania.
Não lemos a Carta de Paulo aos Laudicenses, mas sabemos o que o próprio Senhor Jesus mandou o
apóstolo João dizer a eles.
Leia com atenção, pois, o que se disse a eles é o que se diz a nós.
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Ao anjo da igreja em Laodicéia escreve:
Isto diz o Amém, a Testemunha Fiel e Verdadeira, o Princípio da criação de Deus: Conheço as tuas
obras, que nem és frio nem quente; oxalá foras frio ou quente!
Assim, porque és morno, e não és quente nem frio, estou a ponto de vomitar-te da minha boca.
Porquanto dizes: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta; e não sabes que és um coitado,
e miserável, e pobre, e cego, e nu; aconselho-te que de mim compres ouro refinado no fogo, para que
te enriqueças; e vestes brancas, para que te vistas, e não seja manifesta a vergonha da tua nudez; e
colírio, a fim de ungires os teus olhos, para que vejas.
Eu repreendo e castigo a todos quantos amo: sê pois zeloso, e arrepende-te.
Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com
ele cearei, e ele comigo.
Ao que vencer, eu lhe concederei que se assente comigo no meu trono.
Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.
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Agora, quem não for completamente burro de espírito, leia e entenda.

E quem puder, responda, por si mesmo, as seguintes perguntas:

1. Onde Jesus estava em relação àquela igreja: dentro ou fora dela?

2. Que porta é essa na qual Jesus está batendo: o coração dos “pagãos” ou o dos presunçosos
“cristãos”?

3. Se Ele estava de “fora” da igreja de Laudicéia—que era uma “creche de inocência” se comparada
àquilo que hoje chamamos de “igreja”—, o que nos faz pensar que com os últimos dois mil anos Ele
mudou, a ponto de não nos dizer no mínimo a mesma coisa?

Responda com honestidade!

Paulo nos diz o que fazer e o que não fazer a fim de não nos tornarmos “laudicenses”.

João nos diz o que Jesus disse que faria com toda “igreja” que se renda ao espírito de Laudicéia.

Quem souber ler, pelo amor de Deus, entenda!


UM PAPO DE PRAIA SOBRE A CARTA DE PAULO AOS
ROMANOS.

Aqui acontecerá apenas uma seqüência de sentido da Carta de


Paulo aos Romanos.
Não tenho a Bíblia comigo.
Não faço um estudo bíblico.
Não faço um comentário...
Apenas conto a você, como se estivéssemos na praia conversando,
o que eu diria de modo breve, caso sua pergunta me fosse:
Caio, qual a síntese da Carta de Paulo aos Romanos?
Ora, esta seria minha resposta à beira-mar...
...
Paulo escreve antecipando uma visita aos de Roma. Esperava que, de
viagem até a Espanha, pudesse dar uma parada em Roma, a fim de
edificar a fé mútua, dele e dos irmãos locais.
Nesta carta ele leva em consideração os argumentos que alguns
levantavam contra o Evangelho, conforme ele o pregava, e apresenta
uma arquitetura de seu pensamento sobre a fé, e o faz sem deixar
nada do que fosse relevante tanto à fé quanto à realidade, de fora de
sua analise.
Após introduções saudáveis e, ao mesmo tempo, afirmadoras das
bases de sua edificação — Jesus, o Evangelho, e coerência de se crer
na justiça de Deus tanto para a condenação quanto para a salvação,
indiscriminadamente e de modo gratuito no salvar, e justo no
condenar — Paulo chega onde quer: afirmar que ele não se
envergonha do Evangelho em lugar nenhum, diante de homem
algum, e por quaisquer que fossem as suposições de não-necessidade
da Palavra da Vida em Jesus por quem quer que fosse; pois, para ele,
ninguém escapava da verdade e da espada do Evangelho, visto que
ninguém estava não necessitado dele.
Por isto ele não se envergonhava.
Ele sabia que anunciava o sentido da vida; e isto para qualquer que
fosse o entendimento; fosse o romano, o grego, o judeu, o bárbaro, o
gentio mais distante... — qualquer um; afinal, todos pecaram e
pecam a seu próprio modo, e, por isto, pecando com criatividade
perversa, todos morrem, pois, todos pecaram, e, portanto, todos
precisam do Evangelho, que é a glória de Deus para os homens.
Todos os que não querem deliberadamente o Evangelho colocam-se
sob a ira de Deus, embora a ira de Deus seja o deixar o homem
seguir o curso natural de suas escolhas, com todas as conseqüências
que possam advir.
Assim, dos mais surubentos romanos, aos judeus mais monoteístas,
passando pelos moralistas e judiciosos pela superioridade filosófica,
como os gregos, Paulo diz que todos estavam em situação pior do
que a do homem distante, o gentio para além da informação; pois,
no estado de discussão moral, ou legal, ou ético, residia o espírito da
Lei/Ética [que era a fixação dos judeus, dos romanos, dos gregos e
dos instruídos], e, segundo Paulo, a Lei apenas avulta, agiganta o
pecado na consciência.
Ora, Paulo diz que não é a mesma coisa na existência do alienado,
que, sem as fantasias do saber, apenas segue a simplicidade de sua
consciência, ora se acusando, ora se defendendo, porém, sempre
buscando viver segundo a norma intrínseca da verdade estabelecida
no coração que não se cauterizou pela presunção do saber superior
ou da conduta melhor.
Ao mesmo tempo em que assim faz, Paulo usa a arrogância judaica
acerca da Lei e da superioridade dos judeus por serem os detentores
do Direito Autoral da Lei e do Deus da Lei, e, então, mostra como a
circuncisão [fimose cerimonial dos judeus] não designava um judeu
segundo Deus, pois, para a Deus, o gentio alienado, o ser distante de
todas as geografias de privilegio de informação [a fim de trazer o
debate ou melhor, o entendimento, para as dimensões subjetivas do
coração] — era mais judeu para Deus do que o judeu de carteirinha;
o judeu circuncidado.
A circuncisão é a do coração. O judeu é o que anda pela fé como
Abraão, e isto em qualquer povo ou nação. Os amantes de Deus
podem estar distantes de todas as geografias, mas somente se saberá
isto quando Deus, em Jesus, abrir os cofres dos corações de todos os
homens, de todos os tempos, de todos os lugares.
Por isto Paulo não se envergonha do Evangelho!
A viagem toda afirma que somente mediante a fé o homem pode
andar justificado diante de Deus, visto que pela Lei, o que se obtém é
apenas culpa, condenação e morte; posto que ninguém cumpra a Lei,
e, portanto, por ela, em suas implicações profundas, radicais e
subjetivas, não haja nenhum justo, nem um sequer.
Paulo, então, agora, sabendo que os principais argumentos contrários
provinham dos judeus, usa as categorias judaicas a fim de provar o
que diz.
Abraão foi justificado pela fé, e isto antes de haver o rito da
circuncisão; portanto, diz Paulo, a circuncisão seria um rito antigo
válido apenas como validação publica da fé já existente; posto que o
pai da fé, Abraão, foi justificado por Deus somente pela fé; pois, não
havia a Lei como parâmetro de nada; embora fosse a fé que fizesse
dele um homem para além da Lei.
E diz que o sinal da fé em Abraão é a fé na ressurreição dos mortos,
razão pela qual entregara seu filho no altar de Moriá.
Sim! Paulo diz que Abraão já era um homem do Evangelho, não do
Monte Sinai e da Lei; e isto antes de haver Lei.
Faz o mesmo com Davi, o Rei Arquetipico dos judeus.
Davi fora justificado pela fé, e mais: declarara que é pela fé na
misericórdia de Deus que o homem se torna o bem-aventurado que
não recebe imputação de pecado.
Por isto Paulo não se envergonha do Evangelho, pois, é o único
poder para a salvação de todo aquele que crê.
Paulo, no entanto, sabe que sua mensagem sobre a Graça de Deus
no Evangelho, provoca toda sorte de ilações.
Havia os que diziam que, a crer segundo Paulo, era bom pecar, pois,
assim, receber-se-ia Graça de Deus, além de uma vida sem
compromisso com a pratica da justiça.
Havia também os que o ouviam dizer que onde abundou o pecado,
superabundou a graça, e, assim, diziam: Ora, façamos males para que
nos venha graça abundante.
Ele, porém, diz que não é assim.
Afinal, só tem vida em Jesus quem aceita que morreu com Jesus na
Cruz e que com Ele ressuscitou para uma nova vida hoje.
E, assim, diz que se a desgraça humana em Adão foi universal e
catastrófica, agora, no entanto, em Jesus, Deus estava fazendo algo
maior do que a transgressão de Adão poderia ter feito.
Assim, acabando com o argumento da inconversibilidade do cínico,
Paulo diz que só não prova o beneficio do Evangelho aquele que não
quer mesmo; pois, de fato, o que Jesus fez é maior do que em Adão
se manifestou como morte; e, portanto, não há razão para que
alguém se aferre na “Desculpa de Adão”, pois, em Jesus, Adão
morreu.
E mais: Paulo diz que todo aquele que Nele crê com Ele também
morreu; sendo que os benefícios da Árvore da Vida em Jesus, são
infinitamente maiores em alcance de Graça do que a desgraça
adâmica advinda da Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal.
Por isto Paulo não se envergonha do Evangelho, pois, o Evangelho
de Jesus é maior do que o Livro da Morte de Adão.
E mais:
Paulo diz que o argumento da existência que não se converte, pois,
diz que nasceu assim, é falso; pois, segundo ele, somente é assim para
quem não aceita de modo existencial a sua própria morte em Jesus;
visto que, segundo Paulo, para quem morreu, tanto não há mais
débito, quanto também surge uma existência sem os
condicionamentos ao corpo de morte, que, nesse caso, é uma
designação para a existência levada pela pulsão da morte e pela fobia
da morte, que apenas geram o espírito de escravidão, medo, culpa, e,
como conseqüência, o desespero que faz pecar de modo ávido.
Entretanto, diz Paulo, se alguém morreu, o pecado já não tem mais
domínio sobre ele.
Para Paulo, portanto, a morte era o caminho inevitável para a nova
vida em Jesus.
Daí Abraão ter sido tão importante, visto que de sua morte de
esperanças humanas, de seu estado de impotência, foi que nasceu a
fé que crê na ressurreição dos mortos, e que, como conseqüência,
deflagra a liberdade dos filhos de Deus.
Ora, a fim de viver tal realidade, Paulo diz que o homem tem que
admitir sua doença essencial, sua psicose básica, sua divisão interior,
e, também, sua inclinação para a Lei da Morte.
Sim! O homem tem que entrar em estado de desespero consciente, e
tem que gritar: “Desgraçado homem que eu sou! Quem me livrará
do corpo dessa morte?”
Então, diz ele, havendo a desistência de qualquer que seja a auto-
justificação, e havendo a entrega consciente em fé ao significado do
que Jesus fez e consumou — instala-se na pessoa o espírito de
adoção de filho; e, assim, crescendo-se no amor de Deus, nasce a
certeza de que Jesus não apenas pagou o preço de todos os pecados,
mas, muito para além disso, abriu a porta a libertação para todo
homem; posto que seja pelo Evangelho e pelo amor de Deus que
surja no homem a nova pulsão, a nova inclinação, a qual não é
rasteira, mas ambiciona no espírito a mergulho na intimidade de
Deus, que já real, mas que precisa ser apropriada pela fé por todo
homem.
Assim, Paulo não se envergonha do Evangelho, pois, somente a
pacificação que o Evangelho trás é que pode colocar um homem
andando sem a fobia da morte, sem os grilhões dos escravos, e,
muito para além disso, o capacita a viver a vida de um ser que chama
a Deus de Paizinho; em verdade.
Ora, tudo isto acontece em meio à dor e à vaidade do existir; nosso e
de todas as criaturas.
Assim, a experiência de tal processo no tempo/espaço, na terra, é
feito de alegrias e gozos no espírito, tanto quanto também acontece
entre gemidos, nosso e da criação.
Paulo diz que toda a criação geme, dando agonizante testemunho do
desejo latente em todas as criaturas de que sejam libertadas da
imposição da vaidade da tirania do pecado do homem sobre elas.
Nós, os que cremos, segundo Paulo, somos as primícias de tal
consciência entre os homens, por isto, comemos a esperança que não
confunde, e que é a esperança de que tudo e todos sejam
transformados para terem a experiência da glória de Deus.
Entretanto, para Paulo, era no ventre da existência, com suas dores e
contradições, que Deus tecia do pior o melhor, tão somente a pessoa
confiasse Nele em amor.
Por isto Paulo diz que os sofrimentos do tempo presente não são
para comparar com o peso de glória a ser revelado nos que crêem em
Jesus, no dia de Cristo.
Enquanto isto, afirma Paulo, Deus chama os homens a se tornaram
Seus cooperadores na distribuição da Graça entre todos os humanos.
E diz que isto deve ser feito por imposição da consciência de nosso
chamado antes dos tempos para, no tempo, manifestarmos a Graça
de Deus com cara de gente.
Assim, ele garante que para quem crê não há mais condenação, nem
acusação, nem juízo e nem poderes que separem tal pessoa do amor
de Deus.
Paulo, entretanto, detesta polarizações perversas.
Ele vê que os judeus, por ele tão usados como ilustração do que
deveria ser e não se tornou em razão da arrogância espiritual, e
percebe que deveriam ser afirmados como gente que, embora
vivendo na ignorância da incredulidade, era ainda gente do pacto de
Deus, e, portanto, um dia haveriam de ser restaurados.
Do mesmo modo, ele roga que os gentios, agora alcançados pela
Graça do Evangelho em Jesus, não se tornassem "judeus" na mesma
arrogância.
E diz: “Se Deus cortou aos judeus que eram ramos naturais, por que
não podaria os gentios, que foram enxertados na Graça como
imposição gratuita, a menos que eles andem segundo o Evangelho?”
Paulo não se envergonhava do Evangelho também porque o
Evangelho não tem barganhas a fazer com ninguém, nem com
judeus e nem com gentios de qualquer natureza. Nem mesmo com a
igreja/gentios, pois, não há barganhas.
No fim Paulo diz que Deus usa o elemento da contradição, do
ciúme, e que são elementos prevalentes neste mundo de gemidos, a
fim de ver se os seguros se assombram com as liberdades de Seu
amor por Quem Ele bem desejar.
Assim, Paulo diz que Deus só tem compromisso com a sinceridade
que se torne verdade da consciência que permanece em estado
mutante constante, estimulada pela alegria de ter sido alcançada pelo
entendimento do Evangelho, e, por causa disso, não parando jamais
o processo de conversão diária, de culto do entendimento e da
consciência viva em avidez pela verdade a ser pratica como bem do
Evangelho para a vida.
Por isto Paulo não se envergonhava do Evangelho, pois, é o poder de
Deus para manter a mente do homem em estado de arrependimento
saudável por toda vida, sem sucumbir à presunção dos que se
justificam a si mesmos, e não mantêm a confiança exclusiva na Graça
de Deus em Jesus.
No fim Paulo diz que o Evangelho tem que se tornar relacionamento
em amor fraterno, solidário, amigo, generoso, amante do bem;
sempre servindo em mutualidade de dons em amor; e nunca
buscando justiça própria, muito menos vingança.
E mais: Paulo diz que quem desenvolveu consciência mais adulta no
Evangelho, deve ser paciente com os que, pela ignorância, ainda
pensam no Evangelho como uma dieta de virtudes. Entretanto,
mesmo com todo amor, não deixa que tal engano vire status de
santidade entre os discípulos.
Em síntese:
Paulo não se envergonhava do Evangelho porque ele, o Evangelho,
era a única alternativa de vida em meio a milhões de enganos de
existência — e isto ia do romano surubento ao judeu moralista; ia do
grego superior de idéias e de éticas, e morria ante a simplicidade de
um índio alienado, mas que respeitasse os clamores da verdade na
consciência.
Todos, entretanto, pecaram e pecam — por isto Paulo diz: Não há
quem escape; e até os que escapam sem saberem a razão, saberão
que foi apenas porque foram amados por Aquele a Quem desejaram
obedecer como simples norma interior, mas que era e é o Salvador
de todos os homens.
...
Esta foi apenas uma viagem que fiz na mente, com a Bíblia
fechada, como se eu tivesse que contar o sentido da carta para
um amigo sem tempo para ler a Carta de Paulo aos Romanos.
Mas fica a minha sugestão para que você, agora, leia a carta
toda, por você mesmo, e veja o que o Espírito de Deus lhe fala ao
coração.
Lutando para que Paulo não tenha corrido em vão,

Caio
5 de abril de 2009
Lago Norte
Brasília
DF
UM HOMEM QUE SABIA O QUE TINHA VALOR NA VIDA

Paulo era um ser arrogante...antes.

Por isto ele se tornou tão humildemente confiante.

Ele não tinha nenhum problema para entender nada.

O problema dele era se fazer entender—Pedro que o diga e nós também.

Sua maior angustia histórica foi não ter andado com Jesus—nascido fora de tempo—e ter entendido a
mensagem melhor que os demais.
Homem nenhum me ensinou—dizia ele.

Foi-me dado por revelação do Senhor—garantia ele.

Ele cria que a Revelação era Cristo.

Cria que a Palavra se encarnara.

Em Jesus tudo subsistia!

Daí ter relido todo o Velho Testamento—que ele conhecia como poucos—com olhos diferentes.

Paulo lia a Escritura a partir de Jesus. Não Jesus a partir da Escritura.

Seu encontro com Jesus na estrada e as revelações subseqüentes o fizeram entrar num plano de
intimidade com Deus em fé, que os demais não possuíam com aquela consciência.

Os outros tinham visto tudo e não tinham ainda enxergado o tanto que Paulo via.

Paulo era a prova de que a Revelação era livre.

Negar isto para ele seria como negar a sua própria história.

A sua eleição para ser quem era, tornara-se algo tão forte que ele se trata como Deus trata a Jeremias
—quanto àquele que me escolheu ainda no ventre de minha mãe—, e fala disso sem pensar nos
antigos como gente com quem Deus tratava diferente.

Para ele era uma só fé.

Abraão e nós éramos irmãos.

A ruptura era apenas porque os judeus perseguiam a fé.


Do contrário, não haveria necessidade de uma dilaceração na continuidade histórica.

O que ele não aceitava—e dizia que essa era a gloria dos gentios em seu ministério—era que os
judeus oprimissem os gentios com seus legalismos, cerimonialismos e sacralização cultural.

A circuncisão, para ele, era no coração...

A Graça era favor imerecido.

Todos pecaram igualmente.

Sem Jesus não haveria nenhuma forma de salvação.

A obediência a Deus teria que ser fruto do amor grato.

Com orações e gratidão a vida toda ficava limpa para ele.


Paulo podia tudo.

Só não fazia o que fazia mal a ele e ou ao próximo.

Tudo era licito para ele.

Os demônios haviam sido esvaziados de seu poder pela cruz de Jesus.

O escrito de dívidas que havia contra todos tinha sido encravado na Cruz.

Dons eram ótimos, mas nada havia a ser comparado ao amor.

A vitória contra a carne só aconteceria se a alma se pacificasse no amor de Cristo e se inclinasse para
o Espírito da Graça.

Condenação para quem está em Cristo?

Nenhuma!

Medo?

De quê?

A Morte é vossa!—diria ele.

Medo de viver?

O viver é Cristo!—garantia ele.

Absurdo?

Que absurdos?

Coisas incompreensíveis?

Quais?

Todas as coisas cooperam para o bem...

Uma receita de poder?

Algum segredo?
Não!

O Espírito é quem sabe das coisas. Ele intercede pelos santos.

A Natureza? Tinha valor para ele?

Ora, ele ouvia os gemidos da criação!

Anela pela reconciliação de tudo e todos em Cristo.

O fato é que Paulo tinha nas referências dos Universais nos quais cria e chamava de Evangelho da
Graça a escopo ilimitado de sua visão da vida--seus aplicativos é que limitavam ao momento e aos
costumes históricos. O que era simbolizador de uma consciência boa para com Deus, ele deixava ficar,
não importando a forma; se, todavia, o Universal tivesse uma intercessão negativa com a cultura, o
Princípio Universal jamais seria negociado.

Daí ele ser alguém em constante processo de aculturação, fazendo-se de sábios para com os sábios e
de tolo para com os estultos--tudo para ganhar alguns para Cristo.

Mas o fato é que ele via muito mais distante do que dava para admitir por qualquer de seus
contemporâneos.

Já era um problema para ele incluir os gentios que cressem na Palavra na Oliveira Histórica da Graça,
quanto mais afirmar que um dia todas as coisas se reconciliariam com Deus?

Caio

(Procure os textos relacionados ao que eu disse.


Está tudo nas cartas dele...em Atos e Pedro também)
TESOUROS EM VASO DE BARRO

Deus decidiu guardar Seus tesouros em recipientes muito fracos. Por isso temos nosso tesouro em
vasos de barro — que somos nós mesmos —, para que a excelência do poder seja de Deus, e nunca
nossa.

O poder de Deus sempre se aperfeiçoa na nossa fraqueza, pois, do contrário, certamente ficaríamos
arrogantes.

Por essa razão é que em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não
desesperados; perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos.

Assim caminhamos, sempre trazendo no nosso corpo o morrer, para que também a vida de Jesus se
manifeste em nós.

Isso porque nós, que vivemos pela fé em Cristo, estamos sempre entregues à morte por amor a Jesus
e para crescermos em Sua Graça.

Ora, isso também acontece a fim de que a vida de Jesus se manifeste em nossa carne mortal, que só
pode experimentar vida tão mais excelente se nossa animalidade mais básica for sempre relativizada.

E se desejamos muito ser instrumentos de Deus — também pura obra da Graça —, ainda mais
teremos que conhecer o caminho da fraqueza, a fim de que discirnamos nossos próprios corações.

Por essa razão é que aquele que é visto como alguém que edifica outros, mais profundamente
conhecerá a operação da morte para que outros possam experimentar a vida.

As dores de uns são as sabedorias de Graça que trarão vida a outros.

Ora, o espírito de nossa fé é simples, e manifesta-se conforme está escrito: "Eu cri, por isso falei!"

Também nós cremos, por isso também falamos!

Mas fazemos isto sabendo que Aquele que ressuscitou o Senhor Jesus nos ressuscitará com Ele —
sim, a todos nós!

Desse modo, sendo já herdeiros de todas as coisas, mesmo que existindo em fraqueza, devemos
saber que todas as coisas existem por amor a nós.
Somente pessoas conscientes de sua própria fraqueza podem experimentar esse privilégio como
gratidão, e nunca como arrogância. E tal consciência não se jacta como se isso fosse uma conquista
individual e pessoal. Essa Graça está sobre muitos.

Isto para que a Graça, multiplicada por meio da vida e dons de muitos, faça abundar muita gratidão
entre os homens para a Glória de Deus.

É por essa razão que não desfalecemos nunca. Mesmo quando vemos o nosso “homem exterior” se
consumindo, pois sabemos que existe uma contrapartida. Afinal, na mesma proporção, o nosso
“homem interior” se renova de dia em dia.

Dito isso, quero apenas recordar que não somos filhos da animalidade. Temos um tesouro eterno
habitando em nossa fraqueza.

Ora, tal consciência gera muita paz. Afinal, sabemos que a nossa tribulação na terra é leve e
momentânea, mas produz para nós cada vez mais abundantemente um eterno peso de glória.

Dessa forma, devemos andar pela fé. Não atentando nós nas coisas que se vêem, mas sim nas que se
não vêem.

As coisas que pertencem aos sentidos — as que se vêem — são temporais, enquanto as que se não
vêem são eternas.

Quem tem essa consciência em fé já não se queixa. Tampouco julga que o vaso seja importante.
Afinal, o vaso é de barro, tirado do pó — e ao pó voltará! Mas o tesouro, esse sim, é eterno. E já nos
habita como santa contradição da Graça, embora seus portadores sejam sempre expostos à fraqueza.

Essa é a fé que permite celebrar a Graça e a Vida com saúde. E nunca se gloriar do que possui, pois,
de fato, não possui; apenas carrega!

Caio

Em alegria de provar a Graça juntamente com o irmão Paulo

Publicado em 30/09/2003
TENTAÇÃO...NA MENTE DE PAULO
Paulo sabia o que era tentação como pouca gente.
E a revelação vem na vida e a vida trás revelação quando a existência é em Cristo e na Palavra.
Assim, a ele foi dado perceber porque ele pode perceber nele mesmo. Ele soube porque sabia e sabia
porque soube.
Tentação...
Essa é a palavra mais temida e mais horrivelmente deliciosa e sedutora na psicologia de qualquer
idioma.
Tentação é tudo o que não devemos, ou achamos que não deveríamos, ou aquilo que achamos que
não deveríamos porque os outros acham que não deveríamos desejar e, também, é aquilo que Deus
disse que não é nosso.
Isso na perspectiva psicológica de nossas mentes confusas, caídas e, portanto, misturadas no meio de
tudo isso.
A tentação é o que não é nosso.
Ela é apenas tudo o que não sendo meu passa a ser objeto do meu desejo.
Daí haver também aquelas tentações que são permitidas, pois, sem alguma tentação, não há nem
mesmo o desejo totalmente livre de alguma forma de admiração que se instalou como vontade de ter,
ser ou possuir.
Mesmo marido e mulher precisam manter alguma forma de admiração para que sua relação afetiva
possa significar uma boa tentação a ser usufruída.
É pela perda dessa ambivalência que o desejo acaba.
A tentação, portanto, tem muitos lugares e papéis dentro de nós.
Ah! Que tentação!—diz você para você mesmo sempre que queria comer um pouco mais o que gosta
e lhe é lícito, mas não deve senão vai engordar.
Nesse caso a tentação é dar a si um prazer que faz mal a você.
Esse exemplo já mostra em si mesmo como a tentação é boa e é má.
Claro. É a Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal!
Eles podiam comer de todas as árvores do jardim. Exceto de uma. E foi a única que não podiam, a
única que desejaram.
E se o gosto tiver sido horrivelmente gostoso e sublimemente horrível?
Todas as demais árvores do jardim tinham seus próprios gostos. Mas foi única que não podiam, a
única a fazer síntese de todas.
Daí o ter-se que viver a experiência da Queda em estado de ambigüidade, o tempo todo—mesmo na
virtude.
Aliás, especialmente nas virtudes...
Assim...não é a fartura, mas o proibido aquilo que mais desperta o desejo.
Por essa razão é também que quanto mais Lei, mais cresce o desejo pelo proibido—de acordo com
Paulo aos Romanos. Daí, onde superabunda a lei, aí também superabunda o pecado.
É verdade na mesma medida que a proposta é verdadeira: Onde abundou o pecado, superabundou a
Graça.
Por isto é que Paulo diz que as tentativas de se reduzir o espaço físico da vida e dos sentidos—o
ascetismo...não bebas isto...não toques aquilo... e nem comas aquilo outro...tinha apenas aparência de
sabedoria, mas não tinha nenhum poder contra a sensualidade.
Ora, se com uma única proibição se causou tanto estrago—uma única coisa proibida no Éden—, o que
não se dizer de um mundo onde tudo é proibido?
E de uma igreja que proíbe quase todas as coisas em nome de Deus?
Ora, aquele era o Jardim do Éden. Esse é o Mundo Que Jaz no Maligno.
Aí a tentação será maior.
Posso lhes garantir que todos nós sabemos que é!
Na mente de Paulo quanto mais lei, mais conhecimento do pecado.
O mundo vai ficando menor que a própria porta estreita, e o ser olha para tudo o mais na existência
como tentação e, no fim...se transforma em neurose—no mínimo!
Essa é a minha maneira de dar uma olhadela em Paulo, no seu modo de sentir as coisas em Cristo
quando escreveu Romanos, especialmente os capítulos 6 e 7.
Isso era porque hoje eu ia falar do Corpo de Cristo.
Que bom que posso ir falando o que desejo, na seqüência imposta pelo coração, naquele dia, naquela
hora...
Eu estava no quarto...senti isso, vim aqui e escrevi.
Vou tentar dar uma corrigida. Confesso que sei que há muitos erros nos textos, e que eu mesmo vejo
depois e fico quase envergonhado.
Então, fico nessa luta entre duas coisas boas: escrever bem ou bem escrever.
Caí em tentação: decidi...
É meu direito deixar você decidir se é para você decidir ou não...
SANTIFICAÇÃO: CONSTANTE QUEBRA DE PARADIGMAS!

Jeremias diz que se um negro da Etiópia conseguir ficar branco por si mesmo, ou se um
europeu conseguir ficar preto de si mesmo, ou se um tigre conseguir arrancar as suas
manchas — então, estando o homem acostumado a fazer o mal, conseguirá fazer o bem
[13:23].

Ou seja: o arraigar do hábito é feito de costume, de rotina, de repetição, de


condicionamento espiritual, psicológico e neural; o qual altera o espírito, passa a designar
as pulsões da alma, e, também, molda o cérebro, mexendo assim por completo na
constituição do homem.

Assim o homem é aquilo a que se habitua, se acostuma; pois, no costume, cabe tudo; até
mesmo a dor sentida como necessidade espiritual, psicológica e cerebral; posto que pela
rotina e repetição perversa, novas constituições se desenvolvem na pessoa, a ponto de
alterá-la muitas vezes para sempre.

Temos uma constituição natural dada à competição, à conquista, à supremacia, e,


sobretudo, aos sentimentos da guerra e do enfrentamento.

Coisas do “mamífero sofisticado” pelo egoísmo que transcende a necessidade.

Some-se a isto o caldo cultural e sua acumulação de camadas e camadas de história


viciada em nome da cultura ou do “nosso modo de ser”, ou de nosso “way of life”.

E, além disso, adicione o curso deste mundo, com seu volume extraordinário de indução,
sugestão e tirania.

Ainda mais que isto:

Adicione também a percepção de que tudo isto origina arquétipos coletivos que são
“comidos” pelos Principados e Potestades espirituais, e, por eles, a nós devolvidos de
maneiraagigantada, para serem por nós incorporados à cultura, e, por meio
dela, transmitidosa novas gerações que, por sua vez, superlativizarão o caldo que lhes for
contemporâneo e, acima dele, adicionarão novas camadas às já existentes, tornando o
processo sempre e constantemente piorado, até quando melhora em alguns tópicos.
Ora, isto feito, nós temos uma macro-visão dos poderes que influenciam os nossos
hábitos e costumes.

No entanto, tais macro-realidades se efetuam em nossas existências mais eficazmente


através das alterações que os maus costumes produzem na herança genética — maus
hábitos familiares podem mudar até os genes, pela repetição, geração após geração —, as
quais a cultura estabelece como modelos de ser para a família e para o individuo.

É por isto que Jeremias nos diz que se o costume for o de fazer o mal, então, o fazer o
bem será uma façanha tão grande quanto auto-determinar a cor da pele ou possuir a
capacidade que o tigre não tem de tirar de si mesmo as próprias manchas características.

Ora, Jesus, no entanto, dedicou-se aos que eram justamente os imutáveis de Seus dias e à
Sua volta.

Sim! Ele julgou que o mau costume dos publicanos e pecadores comuns era ainda muito
mais maleável do que o mau costume dos religiosos, os quais, pela repetição constante
do mesmo padrão, séculos afora, eram agora os seres fixos na maldade, visto que eles
carregavam os genes e a cultura [“nossos pais”] dos que mataram todos os profetas
antes deles.

Quando Paulo nos apresenta o seu pedigree judaico, mostrando-nos a genuinidade


genética, religiosa, cultural e espiritual de sua constituição como ser histórico, e diz que
considerava tudo como refugo, como um adubo, a fim de que ele crescesse e desse fruto
no chão da Graça de Deus em Cristo —, por outra via também nos declara acerca da
impossibilidade humana de que um homem com sua carga, com seu caldo, com seus
vícios mentais, e com seus hábitos arraigados por séculos de transmissão do mesmo
espírito, geração após geração, pudesse de si mesmo mudar a própria pele ou tirar as
próprias manchas.

Alguém pergunta:

Somente uma Patada Divina no meio do peito é que faz um homem, à semelhança de
Paulo, poder mudar?

Sim! O paradigma de ser já era completamente constitutivo do ser de Paulo, somente por
uma intervenção traumática poderia ser quebrado como crosta milenar.

“Nascido fora de tempo”, diz ele; ou: “nascido de trauma”.


Entretanto, uma vez quebrada a crosta pela via do arrependimento como consciência,
então,começa o processo de recondicionar todo o ser ao novo padrão, ao Novo
Homem, que se renova segundo Deus.

Ora, Paulo diz que esse é um processo permanente, e que vai de aplicativos grotescos,
como: “aquele que roubava não roube mais, aquele que mentia, não minta mais” — aos
processos sutis de discernimento diário acerca das ilusões do curso deste mundo,
ao investimento intenso e prioritário na busca de uma checagem ininterrupta do nosso
próprio olhar, submetendo nossa mente a uma “renovação” constante, a qual garantirá
nosso crescimento na direção da instalação do bem como vontade natural do espírito
refeito segundo o entendimento dado pelo Evangelho.

É a tal processo que o Novo Testamento chama “santificação”.

ASSIM, santificação é o processo de quebra do velho e adoecido padrão, e que nos leva
a adotarmos novos costumes para a vida, até que eles se tornem padrões instalados e
manifestos cada vez mais naturalmente como prática do que Jesus chama de bem para a
vida.

Nele,

Caio
23 de outubro de 2008.
Lago Norte
Brasília
DF
SALVANDO PAULO DO “APÓSTOLO PAULO”...

Acho estranho que Paulo pergunte sinceramente “Quem é Paulo? Quem é Apolo? Quem é Pedro?
Senão servos por meio de quem ouvistes a Palavra e creste?”— enquanto, apesar disso, nós
tenhamos levado a ele e aos demais para um patamar de sobrenaturalidade tal, que hoje, se alguém
questiona qualquer coisa que eles tenham dito ou feito, as resposta ortodoxas e veementes são
exatamente a negação do que Paulo disse e insinuou com interrogações insistentes que fez em
relação ao que ele pretendia relativizar: eles próprios.

“Mas como? é Paulo! Mas como? é Apolo! Mas como? é Pedro!”—é o que a estupefação religiosa
responde quando se questiona qualquer coisa que eles possam ter dito, feito ou escrito, e que esteja
AQUEM da proposta do Evangelho, do qual eles eram apenas servos, mas não a sua encarnação e
nem os seus únicos e finais interpretes autorizados.

Somente Jesus é a Encarnação da Palavra e de seu espírito. Paulo, Apolo, Pedro e todo e qualquer
outro irmão da primeira hora, eram apenas servos que pregaram e por meio de quem muitos creram,
inclusive nós, que somos herdeiros da mensagem da Graça, especialmente anunciada por Paulo, mas
do que por qual outro apóstolo naqueles dias.

Ora, o simples fato de dizermos que há em Paulo mais conteúdo do Evangelho que nos demais
apóstolos, por si só, já relativiza a coisa toda, posto que é sem dúvida que o próprio Paulo sabe que
sobre ele há luzes de maior amplidão e discernimento (Gl 1 e 2). E mais: o fato de Pedro dizer que o
“irmão Paulo dizia coisas difíceis de entender, às quais os instáveis e corrompidos de mente
deturpavam”, já demonstra que havia algo acontecendo no plano do discernimento crescente do
Evangelho e de seus aplicativos, que o próprio Pedro se sentia limitado quanto a tentar explicar ou
defender, embora reconhecesse que naqueles conteúdos havia a revelação do Evangelho e de seu
significado.

Quando eu leio a Bíblia eu vejo de tudo:

1. Palavra de Deus ao homem;

2. Palavra do homem em nome de Deus, como se fosse Deus falando;

3. Revelação de Deus ao homem;

4. Projeção do homem em relação a Deus, construindo perfis antropomórficos da divindade;


5. Palavra de Deus com a do homem, revelando sínteses para um dado momento histórico;

6. Ações de Deus sem o homem;

7. Ações do homem em nome de Deus;

8. Ações do homem apesar de Deus, e, apesar de tudo ser feito em nome de Deus;

9. Ações de Deus para destituir o que antes fora instituído apenas porque o meio virou fim;

10. Ações do homem com Deus, mas que não são padrões do ideal de Deus na Sua ação nos
homens.

E aqui não vou mencionar os lugares e as horas nas quais, para mim, em meu coração, cada uma
dessas coisas acontece conforme as sutilezas acima expressas.

Há lugares em que meu coração treme sempre, pois me é impossível não ver Deus falando ao
homem. Mas há uma quantidade enorme de produção e projeção humana, reverente e piedosamente
feita em nome de Deus, e com tons de estatutos inspirados.

Toda a Escritura precisa ser lida assim a fim de que não se transforme no samba do crioulo doido nas
nossas interpretações, a maioria delas existindo em estado permanente não de paradoxo, mas da
mais gritante contradição em relação ao espírito do Evangelho de Jesus.

É por isso que há anos eu insisto que a Escritura só pode ser entendida depois que o indivíduo
discerniu a Encarnação da Palavra, posto que é em Jesus, e à partir Dele e de Seu espírito e modo de
ser, que eu posso ver o que é Palavra de Deus, e qual é o seu espírito.

Uma vez que isto está instalado em você tudo fica simples e claro. E você não vacila mais quanto ao
fato que surge em você uma inamovível convicção quanto ao fato que o Evangelho não é um corpo de
doutrinas, mas uma maneira de ver, entender, discernir e experimentar a vida e as múltiplas formas de
relações com Deus, os homens e o todo da criação.

Para mim é tão simples ver quando Paulo está cheio do Evangelho e quando ele está apenas “meio-
cheio” de si.

Tornar “inspirado o seu surto” tem sido uma desgraça para a fé.

Tenho altos papos com Paulo. Ele sabe o quanto o amo, e também, quais são as muitas coisas
periféricas nas quais eu não concordo com ele Hoje, embora concorde com ele no contexto no qual
aquele aplicativo do Princípio do Evangelho foi feito por ele, embora, em minha opinião, algumas
vezes, o aplicativo merecesse um pouco mais de ousadia apenas em razão da compreensão essencial
que havia levado o apostolo até aquele ponto, mas, cuja fronteira, depois, ele não teve a coragem de
cruzar, respeitando os limites do seu tempo.

Todavia, o entendo naquela limitação, mas de modo algum me disponho a obedece-lo naquele
aplicativo pobre, se se toma em consideração a profundidade, a altura, a largura e extensão da
proposta do Princípio do Evangelho pelo apostolo discernido, e não levado até às ultimas
conseqüências em razão de algumas “médias” que ele, por mais liberto que fosse, sentia necessidade
de fazer com a cultura local, ou, ainda, em razão de alguma forma de choque cultural não absorvido
por ele.

Isto sem falar que Paulo tinha alma, e nela, traumas, doenças, idiossincrasias, e preferências... coisas
absolutamente dele, e que muitas vezes aparecem na forma de declarações “inspiradas”, e que,
sinceramente, não o foram; pelo menos não para além daquele contexto imediato, e do limite
psicológico do próprio apóstolo.

Digo isto porque se quisermos ver uma revolução de Deus em nossas consciências, temos que ter
coragem de ler Paulo e ler todos somente a partir de Jesus e da Encarnação.

A salvação da “hermenêutica” está na Encarnação, onde a Palavra se explicou a si mesma, e de onde


tudo o mais tem que ser entendido.

A pratica de Jesus torna pigmeus a todos os apóstolos, incluindo Paulo.

Afinal, em nome de Paulo, eu também pergunto: “Quem é Paulo? Quem é Apolo? Quem é Pedro? Se
não servos por meio de quem ouvistes a Palavra e creste?”

Neles eu tenho as referencias do Fundamento, do qual Jesus é a Pedra Angular, sendo, portanto, por
Ele, a Pedra da Esquina, que eu tiro o prumo e o nível de todas as coisas, tendo inclusive a liberdade
de dizer: “Irmão Paulo, nesse quesito, chega um pouquinho para cá... ou para lá... posto que as
implicações do Evangelho relativizaram já há muito o seu esforço de atualização da Palavra para os
seus dias, que já não são nossos”.

E se ele estivesse aqui, eu sei, amando a Jesus e ao Evangelho como ele amava e cria, não tenho
dúvidas de que em muitas coisas ele diria: “É isso aí, meu irmão!”

Caio

06/05/05
SABE, PORÉM, ISTO...

SABE, porém, isto:

Nos últimos dias haverá tempos difíceis!

Os homens se tornarão cada vez mais amantes de si mesmos,


avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes aos pais,
ingratos e profanos.

O mundo será assim, mas os que dizem professar o nome do Senhor


assim serão também. De modo que não haverá diferença.

Sim, pois eles se tornarão sem afeto natural, e, por isso, serão
irreconciliáveis, caluniadores, descontrolados, cruéis, sem amor para
com o que é bom.

Por tal razão também se tornarão traidores, obstinados, orgulhosos,


mais amigos dos prazeres imediatos do que amigos de Deus!

Desse modo seguirão — tendo aparência e maneirismos de piedade,


mas negando a eficácia dela em suas vidas.

Desses, afasta-te logo! Não vá com eles. Não os imites. Não tenhas
inveja deles. Jamais creias que eles ficarão sem o juízo da verdade,
pois eles o conhecerão mais cedo ou mais tarde.

Tão certo quanto vive o Senhor, assim o será!


Ora, entre esses há o que se introduzem nas casas com a finalidade
de seduzirem mulheres levianas e insensatas, as quais andam cativas
de seus próprios sonhos, e, assim, terminam por ficarem carregadas
dos pecados de suas próprias carências.

Por isso, tais mulheres são levadas pelo impulso das várias
concupiscências, e, assim, aprendem sempre, mas nunca podem
chegar ao conhecimento da verdade, posto que a indiferença para
com a verdade que se sabe torna insensível o coração.

O que ilustra essa situação muito bem foi o que aconteceu a Janes e
Jambres, os quais resistiram a Moisés no deserto.

Ora, do mesmo modo estes pregadores de si mesmos e de suas


próprias cobiças também resistem à verdade do Evangelho.

Tu, porém, fica sabendo isto:

Por esta razão é que são homens corruptos de entendimento,


reprováveis e reprovados quanto à fé.

Não irão, porém, avante! Porque a todos será manifesto o desvario e


o surto deles, como também aconteceu com os opositores de
Moisés.

Tu, porém, tens seguido a minha doutrina, modo de viver, intenção,


fé, longanimidade, amor, paciência.

Perseguições e aflições tais quais me aconteceram, tu conheces bem;


e viste como me portei.
Já sofri muito pelo Evangelho. Hoje também muito sofro. E sei que
ainda muito sofrerei. Mas o SENHOR de todas me livrou e me
livrará!

Afinal, é assim mesmo, pois todos quantos queiram viver


misericordiosamente em Cristo Jesus enfrentarão perseguições —
explicitas e implícitas; objetivas e subjetivas; abertas ou veladas;
hostis ou hipócritas.

Tudo no mundo que jaz no maligno é contra Cristo. Portanto, não


fiques perplexo, pois tua vida na Graça de Jesus é uma provocação a
homens e a principados e potestades.

Sabe, porém, isto:

Os homens perversos, dissimulados e enganadores irão de mal para


pior, enganando e sendo enganados — embora sempre creiam que
estejam levando vantagem até contra o diabo.

Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste, e de que foste


inteirado, sabendo de quem o tens aprendido.

Ou será que não podes ver o Evangelho em mim?

O que hoje sabes já o tens aprendido desde a tua meninice. Afinal,


conheces a Bíblia e suas escrituras inspiradas, as quais podem fazer-te
sábio para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus.

Também disto nunca te esqueças:

Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar,


para exortar, para corrigir, para instruir em justiça; para que o
homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a
boa obra.

Com a permissão de Paulo.

Caio

16/06/07
Lago Norte
Brasília
QUEM É A SUA MÃE?

Paulo disse que a Jerusalém de pedras e morros, situada na Judéia, em seus dias era espiritualmente
como a escrava Hagar era para Sara, nos dias de Abraão; pois quem de Hagar nascia, escravo era
desde o nascimento, visto que escravo gera escravo em regime de escravidão. Entretanto, os filhos da
Graça-Promessa, eram como Isaque, o filho de Sara, a livre.

Se o espírito da mãe é de escrava amargurada e infeliz, nem Abraão aí fará filhos livres.

Por esta razão é que Paulo diz que os filhos da escrava sempre perseguem os filhos da livre; pois eles
mesmos sabem quem é livre e quem não é. Por isso quem não é persegue a quem é. É sempre o não-
é perseguindo ao que é.

A ironia é que Paulo saiu de Jerusalém com a ordem de matar os filhos da livre, e, ao chegar ao seu
destino, Damasco, vira tanta luz que já nada via; porem, sendo já livre, mal abriu os olhos e começou a
ser perseguido pelos filhos da escrava, como de fato o foi até o fim da vida.

Os filhos da escrava sempre odiaram os filhos da livre. Portanto, quando os filhos da escrava amam
alguém, então é porque tal pessoa não é filho da livre.

Ora, assim como a Jerusalém dos dias de Paulo gerava filhos para a escravidão, assim também a
Religião [seja qual for sua denominação cristã] gera para a escravidão também. Ambas são a mesma
coisa, assim como os judeus procederam de Sara e acabaram como filhos de Hagar.

E fácil ver quem é filho da Escrava e quem é filho da Livre. Basta ver quem persegue quem; e quem
odeia a quem; e quem desejaria o sumiço de quem; e quem se ocupa de quem; e quem se alimenta da
existência de quem.

Os filhos da Livre só têm olhos para o Pai. Mesmo quando a noite é escura e o pai leva seu filho a
Moriá. Mesmo nesse dia o filho da Livre não pergunta pelo destino do filho da Escrava; nem se
comparará a ele; e nem tampouco invejará qualquer que seja o seu poder histórico.

Os filhos da livre comem Promessa e andam em Graça. Mas os filhos da escrava só comem letras
amargas e caminham em chão de inimizades.

O filho da Livre sabe que é livre. Mas o filho da Escrava precisa se convencer do contrário o tempo
todo. Daí perseguir o que é Livre.

Genuína Liberdade conforme o Evangelho é o diabo para os filhos da Escrava.

Portanto, não se espante [caso você seja filho da Livre], pois, é chegada a hora em que os filhos da
Escrava levantar-se-ão tomados de ciúmes.
Pense nisto. E quando acontecer, lembre de hoje.

Caio

13/08/07
Manaus
AM
QUE RESPOSTA É ESSA?

As cartas de Paulo eram respostas a perguntas que nem sempre as pessoas


conhecem. Porém, pelas respostas, é possível saber a questão.

Leia a carta-resposta abaixo e me diga qual é a questão.

Aliás, não me diga, mas, se disser, não espere uma resposta, pois, sei que
não conseguirei responder a todos.

Portanto, é apenas um exercício de dedução, o qual é muito útil na leitura


das cartas de Paulo, por exemplo.

Veja:

Gente amada!

Não andeis ansiosos de coisa alguma!

Assim, o que se tem é o que se tem.

Portanto, façam o melhor com o que têm.

Cinco pães e dois peixes, nas Mãos certas, podem alimentar muita gente!

A questão é de ser fiel no que se tem: pouco ou muito.

Se não se é fiel no pouco, como alguém será fiel no muito?

Se há algum dinheiro hoje, deve-se fazer o melhor com ele hoje.


Hoje é o dia de tudo, inclusive no ser generoso.

Não tema se amanhã se poderá fazer a mesma coisa. Nossa


responsabilidade não inclui amanhã, pois, o Dia é sempre e somente Hoje!

O amanhã trará os seus cuidados e também as suas provisões.

Basta a cada dia o seu mal.

Deus é que sabe a média do que entrará.

Não é responsabilidade de vocês decidirem a média do que vem pela fé e


sem obrigações.

Quem sabe a média, vive na média.

Melhor deixar Deus estabelecer a cota do maná.

O maná é sempre de Hoje.

Amanhã ele apodrece.

A economia de um movimento de fé precisa ser uma economia de fé.

Um beijo em todos.

Nele,

Caio

29 de setembro de 2008
QUE DEUS LOUCO É ESSE?

A Mensagem da Cruz é loucura para os que perecem; mas para nós, que somos salvos, é o poder de
Deus. Porque está escrito: Destruirei a sabedoria dos sábios, e aniquilarei a sabedoria o entendimento
dos entendidos.

Onde está o sábio?

Onde está escriba divino?

Onde o questionador deste século?

Porventura não tornou Deus louca a sabedoria deste mundo?

Sabe-se da nulidade desses esforços e jactâncias humanos porque, pela Sabedoria de Deus, o mundo
não o conheceu pela sua própria sabedoria.

Isto porque Deus mesmo decidiu se revelar como Salvador dos que crêem pela loucura da pregação.

Enquanto isto os Judeus e todos os religiosos pedem sinal para que possam “crer”, e os gregos e
sábios buscam sabedoria como evidencia que lhes garanta um fácil e lógico repouso numa “fé” que
pela sua própria natureza não daria a glória nenhuma a Deus.

Nós, no entanto, pregamos a Cristo Crucificado, que é escândalo para os religiosos judeus ou não, e
loucura para os gregos e também para os que se presumem racionais.

Todavia, para os que são Chamados pela Graça que trás revelação—tanto judeus como gregos—,
Cristo é discernido como poder de Deus, e sabedoria de Deus.

Saiba-se assim que a loucura de Deus é mais sábia que os homens; e a fraqueza de Deus é mais forte
que os homens.

Para se entender isto basta que o próprio indivíduo se enxergue. Se não, vejam irmãos. Olhem para si
mesmos.
Observem a natureza do seu próprio chamado.

Notem que não são muitos os sábios segundo a carne, nem muitos os poderosos, nem muitos os
nobres que são chamados.

Pelo contrário, Deus escolheu as coisas loucas do mundo para confundir os sábios; e Deus escolheu
as coisas fracas do mundo para confundir as fortes; e Deus escolheu as coisas sem nobreza do
mundo, e as desprezadas, e as que não são, para reduzir a nada as que são.

E por que?

Ora, para que nenhum mortal se glorie na presença de Deus!

Mas Graças a Deus que somos Dele em Cristo Jesus. Sim! em Cristo, que para nós foi feito por Deus
Sabedoria, e Justiça, e Santificação, e Redenção!

Em Cristo Jesus temos tudo. Dele vem nossa suficiência.

Mas a fé não é de todos. Pois nem todos conseguem se entregar por inteiro a essa Loucura que se
torna sabedoria exclusivamente pela fé.

E alguém pergunta: Por que é assim?

A resposta de Deus não atende às demandas das crenças religiosas—que precisam sempre se auto-
justificar—e nem socorre aos caprichos do racionalismo—que pretende sempre explicar—pois que
está escrito: Aquele que se gloria, glorie-se no Senhor!

Assim, que toda boca se cale. Que faça-se silencio. E que quem quer que deseje se gloriar, glorie-se
de não ter do que se gloriar. Antes exalte com gratidão ao Deus que a ele se revelou em Graça.

Caio

Em parceria alegre com o irmão Paulo.

19/12/2003
QUANDO AS ANTAS FOREM OS JUÍZES DOS HOMENS

Não sei se pela minha amazonicidade e espírito florestal, mas desde o início da jornada que sempre
me senti afetado pela declaração de Paulo de que a natureza geme, aguardando a redenção, visto que
ela está sob escravidão, e que a tal servidão não foi a ela imposta por qualquer transgressão dela
própria, mas em razão da vaidade de outrem.

Boa parte de meu sentir ecológico se origina daí. No entanto, não me era possível visualizar o que
teria sido o espetáculo histórico que teria permitido a Paulo ter aquele vislumbre.

Revelação e vislumbre. Vislumbre e Revelação.

Isto porque para mim, que sou filho do século XX e invasor do século XXI, é fácil ler aquelas palavras e
dar a elas um sentido esmagador, e que me vem da constatação global e cósmica que possuo como
filho deste tempo global e cósmico. Para mim é fácil ver que a presença do homem na Terra é a tirania
da vaidade sobre a vida e a natureza. Eu posso ver isto. Mas como poderia Paulo ver isto? Sim, pois
nos dias dele a natureza, do ponto de vista ecológico, ainda não estava totalmente esmagada pela
vaidade do homem. A Terra ainda era dona da maior parte de si mesma, e a natureza ainda se
pertencia com significativa liberdade.

Digo isto porque não creio que Paulo psicografasse. Ele não recebia revelações em transe. As
revelações nasciam-lhe na consciência. Era como o explodir de uma luz interior e que se firmava como
entendimento espiritual. No entanto, para poder dizer que a natureza estava sujeita à vaidade, e fazer
isto com um sentir que se exprimisse como cósmico—como é o caso do “sentir” em Romanos 8—, e
sem ser por visão ou psicografia, só se o indivíduo tivesse sido exposto a algum cenário esmagador, e
que bem propiciasse o sentir, a fim de que bem demonstrasse o conceito.

E de onde pode ter vindo a Paulo essa “visão” da sujeição da natureza à vaidade do homem?

Ora, sabe-se que entre as elegantes crueldades da estética e hedonista sociedade romana, havia o
enfrentamento entre gladiadores e feras. Tais espetáculos tinham grande significado social, político e
psicológico. E havia um encadeamento entre eles. Tudo ligado por sangue e riso.

Nos arredores de Roma havia viveiros—zoológicos—de animais: elefantes, tigres, leões, veados,
rinocerontes, e muitas outras criaturas; e que eram trazidas de vários lugares diferentes do império
romano, e que ali ficavam, aos montes, com espaço razoável, comendo homens-sentenciados, a fim
de abrirem o apetite para comerem gladiadores na arena.
Na realidade havia homens que buscavam os favores do imperador através da organização
permanente desse tipo de entretenimento, posto que até o ato de atiçar o interesse das feras pela
carne humana, era feito com um show no qual criminosos eram entregues para serem comidos pelos
bichos ensandecidos de fome, e perante um delirante público.

Parte do poder do Imperador vinha da arte de entreter!

Dizem que metade dos dias do ano eram ocupados com esse tipo de diversão e carnificina.

Assim, quando os animais estavam já bem “felino-homicidas”, então, eram postos para lutarem contra
os gladiadores armados e treinados.

Milhares de animais belos, lindos, raros, e de terras distantes, eram mortos sob o delírio de arenas
lotadas e ao som dos apupos da morte feita diversão.

Era imenso o rodízio de animais nos Viveiros romanos. E, assim, no dias de Paulo, os animais
experimentavam uma das mais perversas manifestações do governo da Vaidade sobre a Natureza.

Eu não tenho dúvida de que tais espetáculos muito devem ter impressionado a mente de Paulo. Daí
lhe ter sido natural e próprio dizer: “...a natureza geme...suporta angustias...está sob vaidade...por
causa daquele que a sujeitou.”

Se levarmos em consideração todo o tempo de datação da vida na Terra, veremos que em bilhões de
anos, vindos das formas mais primitivas de existência, até o homem, bilhões de anos se passaram. A
nossa existência chega no sexto dia. E se tomássemos “1 hora” como medida referencial do tempo
todo da vida na Terra, a existência do homem teria começado nos últimos 8 segundos.

Sim, todos os poucos milhares de anos de nossa existência na Terra equivaleriam a apenas oito
segundos, se toda a vida na Terra fosse medida, desde seu começo, tendo-se 1 hora como escala de
tempo!

No entanto, nesses 8 segundos de tempo, nós nos mostramos a maior desgraça que já acometeu a
Terra.

Se baleias pensassem, diriam: “E Deus criou o diabo!”—referindo-se ao homem.

O mesmo diriam todos os demais animais da Terra, exceto os que se tornaram “domésticos”,
perderam a identidade, e se tornaram dependentes de seus senhores.

O pior é que em menos do que 10% de apenas 1 de nossos 8 segundos de existência na Terra, nós
conseguimos criar um sistema que é capaz de acabar, por si mesmo, todo equilíbrio natural, e destruir
boa parte da vida, especialmente a nossa própria.

Do ponto de vista da Natureza nada aconteceu na Terra mais estúpido do que a criação da
“inteligência”: a do homem.

De fato, os humanos são o câncer deste planeta, são a Aids da natureza, são a gripe espanhola do
eco-sistema, são a peste bubônica da existência.

Se homens julgarão anjos; saibamos, todavia, que as criaturas, todas elas, incluindo os plânctons,
cracas, lesmas, e minhocas, julgarão aos homens.

“E eis que vi um anjo voando pelo meio do céu, o qual tinha um evangelho eterno para pregar; e que
dizia: Temei a Deus, e dai-lhe glória; a Ele que criou os céus, a terra, o mar e as fontes das águas”—
viu João como séria advertência no Apocalipse de nossas próprias ações.

O homem se acordou do sono da inocência, e iniciou a destruição da Terra!

Quem pode negar que esse bicho, além de inteligente, também não é burro? e que além de esperto,
não é também um idiota? e que além de belo, não é também diabólico? e que além de amoroso com
os seus, não é também um câncer faminto para tudo o mais? e que além de ser homem, não é
também seu pior inimigo? Sim, seu próprio inimigo, e da própria vida?

Sim, quem pode negar que o homem é pecador? Ora, ele é o canibal da vida!

Até os bichos nos convencem de pecado!

Caio

Escrito em outubro de 2004


PAULO, OS PRINCÍPIOS IMUTÁVEIS E APLICATIVOS CIRCUNSTANCIAIS

-----Original Message-----
From: David William
Sent: quinta-feira, 9 de outubro de 2003 15:14
To: contato@caiofabio.com
Subject: Contato do Site
Referente ao texto UMA VIAGEM PELA MENTE DE
PAULO

Mensagem:
Caro Caio Fábio, Paz!!

Acabo de ler um artigo seu chamado "Uma viagem pela


mente de Paulo" e muitos detalhes me chamaram a atenção. É
um artigo grande e traz uma série de pontos que podem ser
discutidos amplamente, cada um com suas peculiaridades e
diferenciados níveis de abordagens.

Em um determinado ponto do artigo você menciona os


"slogans" e "aplicativos" relativos às cartas de Paulo, em
ambas as relações citando o fato de se ter uma única mulher,
ou da mulher pertencer a um 'dono'. O artigo registra que "o
aplicativo carrega o Princípio, mas não pode ser instituído
como forma".

Nesse ponto fiquei com uma dúvida que, provavelmente em


virtude das minhas limitações intelectuais, não consegui
extrair respostas claras e conclusivas a esse respeito, no
tocante ao que você queria dizer com tudo isso,
especificamente a esse ponto que eu destaco.

O artigo registra que não podemos considerar os ditos de


Paulo como “mandamento para todas as culturas dos gentios
da terra” e logo em seguida cita que “Em Cristo não há
homem, nem mulher; nem escravo, nem liberto; nem judeu,
nem grego". Ao falar sobre o contexto em que viviam as
prostitutas e as mulheres que tinham marido, e da necessidade
que havia da segunda se distinguir da primeira, vemos que as
mulheres que tinha marido usavam véu, e os homens
"respeitavam-no porque aquela mulher tinha 'dono'“.

Bom... resumindo, até mesmo porque você conhece mais do


que ninguém esse artigo, gostaria de fazer uma pergunta:

Quando você afirma que "coisas do dia a dia se


transformaram em lei de conduta entre os cristãos", está se
referindo aos velhos e famosos usos e costumes, às
divergências doutrinárias, às mais variadas formas de governo
que existem nas congregações (que muitos chamam de igreja),
ou estaria se referindo a algo mais intrigante (para mim) como
por exemplo poder ter mais de uma mulher? (por favor, não
faça conexões com histórias do passado.. pura coincidência...
pergunto isso em virtude do que li no artigo e estou sendo
muito sincero em perguntar).

Correndo o risco de não ter entendido claramente o artigo


que li, me exponho tirando essa dúvida, e me sinto um tanto
quanto confortável em fazê-lo diretamente com a fonte.

Agradeço desde já a atenção e oro ao Senhor para que Ele


continue derramando sobre sua vida benção sem medida e a
Sua maravilhosa graça.

Paz,
David William.
**************************************
Meu amado, obrigado pelo texto tão agradável.
Na minha maneira de ver Paulo sabia muito mais que
expunha.
Ele respeitava a consciência fraca dos irmãos sinceros.
Parte de seus ensinos foca nesse ponto e anda sobre essa linha
tão tênue.
Ele sabia que em Cristo não há homem nem mulher, nem...
Mas mesmo assim, em dadas circunstancias, ele lida com o
imediato, e diz que há homem e mulher—e impõe limites
circunstancias.
E por quê?
Porque aquelas questões eram periféricas para a salvação,
porém relevantes para o “momento” da cultura e da questão
que estava posta.
Uma das coisas que vemos em Paulo é um constante “dilema”
entre aquilo que ele já sabe que é uma conquista eterna de
Cristo e aquilo que precisa ser uma “apropriação gradual” da
consciência humana.
Exemplo: Em Cristo não há escravo, nem livre--Paulo disse
como Princípio. Mas, no aplicativo, ele diz como o irmão-
escravo deveria se relacionar com o "dono". E vice-versa. E
por quê? Ora, em Cristo aquilo tudo teria que acabar. Mas
enquanto não chegasse o dia e a hora, haveria um modo
relativo, porém circunstancialmente "cristão" de praticar o
Princípio. Mas os cristãos usaram o "aplicativo" até a pouco
tampo atrás como se fosse um "mandamento" que justificasse
a escravidão.
No caso do véu, creio que você não entendeu bem, e
misturou com a questão do bispo ser “marido de uma só
mulher”.
O que eu disse é simples: como ele estava “indicando” o
rumo do Bem Eterno, ele afirmava o Ideal como Princípio,
mas lidava com o circunstancial com a sabedoria da ética que
ele professava. Ou seja: uma ética que dizia que se tem, muitas
vezes, que escolher um mal menor; ou ter que admitir que
certos fatos da vida já sejam irreversíveis. Mas não nos
conformarmos com eles.
“Se podes tornar-te livre, aproveita a oportunidade"--diz ele.
Enquanto isto: "Cada um ande conforme foi chamado".
Bem, para mim, pelo menos, a diferença é clara e está
estabelecida. Existe o Princípio Absoluto, e existe a
"relatividade do aplicativo", que sempre a sabedoria aplicada
ao contexto.
Parte de sua “briga” com Jerusalém era essa. Daí ele ter
“conseguido” aquele avanço no Concílio de Jerusalém de que
as “proibições aos gentios” ficassem reduzidas a apenas
quatro. Ele era aquele que se fazia de tudo para com todos
para salvar alguns. Ora, essa frase dele já diz tudo.
Além do que, mesmo tendo a liberdade em Cristo
completamente dilatada, ele é também o homem que “toma
voto” em Jerusalém. E por quê? Por ele mesmo? Não! Pelos
irmãos. Entre judeus, como um judeu. Entre os Gálatas,
como um deles. E não admitia que Pedro falsificasse a
realidade — conforme você pode ler na carta aos Gálatas.
Bem, o assunto dá um compêndio. Mas estou tendo que
correr pra aconselhar um moço ali na esquina, no Tango e
Café, onde atendo boa parte dos que me procuram durante o
dia.
Um beijão,
Caio
***************************************************
Agora, se possível, releia o texto em questão e veja se está
mais claro.
**************************************************
Acho que já deu para todo mundo notar que eu não concordo
com Friedrich Nietzsche quando acusa Paulo de ser o
fundador do “Cristianismo”.
A Basílica é de São Pedro, não de São Paulo!
Paulo perdeu a “parada” na construção do “Cristianismo”
simplesmente porque o que Paulo discerniu, creu, ensinou e
praticou, jamais criaria um “Cristianismo”, mas tão somente
igrejas que se amavam, se correspondiam, se comunicavam, e
se sentiam parte do Corpo Universal de Cristo.
Essas igrejas não deixavam de ser o que eram e nem as
pessoas quem eram nas circunstancias de suas vidas e culturas,
visto que não haveria nunca nenhum poder humano, central
ou regional, que fizesse ninguém dominar sobre ninguém,
ditando ensinos de homens e revelações do ego, pois, Cristo é
o Cabeça do corpo e Nele temos o Amém de Deus —
conforme Paulo!
Além disso, não haveria uma profissão teológica a ser buscada
e nem um status profético de detentor de novas revelações a
ser alcançado, pois, em Cristo, todos os tesouros da sabedoria
e do conhecimento já haviam sido revelados.
O apostolo também cria que o mistério desse crer e saber
geraria um sentir de almas unidas no amor de Cristo. E, assim,
o mundo veria a presença do reino de Deus.
Ele também cria que esse testemunho tinha que ser dado
dentro do contexto onde a Palavra estava sendo anunciada.
Assim, para os judeus ele era escândalo entre os gentios!
Para os gentios ele não era um escândalo entre os judeus,
quando raspou a cabeça, tomando voto. Afinal, quando
alguém faz parte de uma cultura onde a revelação se originou,
pode passar a pensar que sua cultura e sua história são santas
também. E os que souberam depois—os gentios, no caso—
sentem-se privilegiados em poder ter algum contato com a
“cultura original”, como o fazem os católicos e evangélicos
quando beijam o chão de Israel!
Hoje a exemplificação também vem dos novos convertidos
evangélicos que recebem a Jesus e tem que "engolir" o pacote
como se tudo fosse o evangelho, até o jeito de falar ou vestir!
O engano é pensar que quem chegou antes já discerniu mais.
Paulo nuca creu nisso. Por isso mesmo botou Pedro sob a
Graça e enfrentou tudo e todos pela verdade do Evangelho.
Nisto ele também se gloriava.
Dois mil anos depois...
Já para nós, em certas coisas, temas e circunstancias da vida,
Paulo parece um pouco de menos para os liberais e um pouco
demais para os conservadores—e nada para os
neopentecostais!
Para nós Paulo é tão demais ainda que o “demais” de Paulo,
pouca gente tem enxergado.
E Paulo apesar de saber que era demais, era para si mesmo tão
de menos, que nunca pensou que sua pessoa fosse ficar nada
além do que nele se via e dele se ouvia!
Mas a mediocridade se aferra às circunstancialidades do
“aplicativo” do Princípio da Palavra em Paulo e não cresce no
Principio da Palavra a fim de fazer seu “aplicativo” no
momento histórico em que se está vivendo.
Assim, o Universal em Paulo se reduz a slogans e o
“aplicativo circunstancial” se transforma é “principio
universal”.
Alguns exemplos.
Primeiro os slogans que sobraram:
Pela Graça sois salvos!—para os Reformados.
Não me envergonho do Evangelho!—para os Missionários.
Já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim!—para os
Santificados.
Dou Graças a Deus porque falo em línguas mais do que todos
vós!—para os Carismáticos.
Tudo é vosso!—para os liberais.
Todas as coisas são puras para os puros!—para quem gosta
daquilo que a maioria diz não poder ou gostar.
Não é bom para o homem o comer com escândalo!—para
quem anda doido para fazer alguma coisa e tenta se controlar.
O bispo seja marido de uma só mulher!—para aquele que tem
um medo horrível de gostar tanto de pregar quanto gosta de
mulher.
O bispo governe bem a sua própria casa!—para o líder que
acha que consegue manter os filhos escondendo bem seus
próprios corações.
Há muitos outros slogans!
Outro dia eu volto a eles.
Agora os aplicativos.
Ora, os aplicativos são tantos que eu vou deixar a expansão
deles para outra hora. Aqui vou apenas dar alguns poucos
exemplos.
Vejamos:
O bispo seja marido de uma só mulher!—porque no principio
Deus criou Adão e Eva, não Adão e suas mulheres. No
entanto, Adão caiu e o mundo de Paulo não era o jardim do
Éden.
Portanto, a fim de que o Evangelho fosse boa notícia para
todos—incluindo os que tinham mais de uma esposa ou
mulher quando conheceram a Palavra—, Paulo recomenda
que o bispo seja o referencial desse novo modelo.
Afinal, não há homem nem mulher (Gl 3:28).
E o homem que não quiser sua mulher pensando como ele,
que pense como ela.
E assim, haverá igualdade.
Mas o mundo é caído!
Cada geração tem que entender e saber recomeçar sem
negociar com o Princípio da Palavra.
O aplicativo carrega o Princípio, mas não pode ser instituído
como forma.
Mais algumas acusações feitas ao irmão Paulo.
Ele é acusado de ter inventado o “bispo” (que era bispo de
casas de fraternidade, o outro nome é igreja, e não essa figura
estereotipada de hoje), a “hierarquia” (que era orgânica e não
funcional), o “silencio das mulheres” (que era cultural), o tom
agressivo (que era o mínimo que ele poderia fazer
considerando a dor das circunstancias), a lógica na
argumentação (porque ele era inteligentíssimo), a
independência excessiva (porque ele cria, não duvidava e não
tinha medo), etc...
Para mim, sinceramente, ele é o homem que discerniu e
explicou a razão da esperança melhor que ninguém. Isso
ninguém pode negar!
Mas se Paulo tivesse sido entendido nos Princípios Essenciais
da revelação que transmitia, a história teria sido possivelmente
outra, em razão de que a essência do que Paulo ensinou não
criaria o que o “Cristianismo” se tornou, em qualquer de suas
variáveis.
Perfeito nunca seria—somos caídos e Paulo se considerava o
principal entre os pecadores—, mas seria muito mais
revolucionário!
E não haveria uma Basílica que representasse o Templo de
Jerusalém sendo erguida em nome da fé em Jesus!
Mas também não haveria o Protestantismo.
Paulo não era um protestante, ele era um inconformista.
Ele jamais proporia uma Reforma. Ele cria em subversão, em
revolução permanente, em nunca se conformar com este
século e suas produções, ainda que teológicas.
A fé de Paulo estaria em permanente estado de crescimento:
tanto no conhecimento de Deus, como em auto-percepção e
em discernimento da natureza humana--e também da
natureza!
O que a gente não entende quando lê a Palavra em Paulo é
que ali há a revelação eterna, e que ela está sendo enviada
ignorantemente —como convém à piedade—na forma de
cartas para pessoas que se reuniam em casas, e que tinham
nomes semelhantes a Fernando, Mara, Suzana, Antônio e
Suzane, Maria Helena, Alfredo, Sergio e Débora, Raimundo e
Murilo.
Ou seja:
Paulo sabia que o que dizia era a Verdade do Evangelho de
Cristo. Ele não tem nenhuma dúvida a respeito da revelação
recebida.
Quando ditava algo ou escrevia para enviar aos Efésios,
Romanos, Filipenses, Coríntios ou qualquer outra cidade,
poderia também ser Rio de Janeiro, São Pedro, Curitiba,
Teresina e Sobral do Ceará.
Ele era responsável eternamente pelo que ensinava acerca do
Evangelho e, ao mesmo tempo, completamente solidário e
participe do momento e das circunstancias das vidas de seus
ouvintes.
Ele sabia que o que dizia era o Evangelho e que o Evangelho
não era nada mais nem menos que aquilo.
Ele só não sabia era que sua “correspondência” iria ser lida
durante dois mil anos, todos os dias—especialmente aos
domingos—, por milhões, bilhões de seres humanos, e que
essas pessoas iriam pensar que todas as soluções imediatas
que ele, Paulo, buscava alcançar no “aplicativo” do Principio
Universal do Evangelho, iriam se transformar em “conteúdo
fixo” do evangelho, e que viria a ser ensinado como
“mandamento para todas as culturas dos gentios da terra”.
Logo ele? Que lutou contra isso o tempo todo? Tendo feito
mais inimizades por causa disso do que por qualquer outra
razão entre os judeus ou entre os cristãos judaizantes!?
Não!
Paulo jamais gostaria que o carioca fosse como os gregos e
pernambucanos como os holandeses, e os paulistas como
italianos!
Paulo estabeleceu os Pontos Ômega e fez aplicação
circunstancializada dos Princípios, conforme o aplicativo
pertinente ao contexto.
Aquelas coisas eram importantes naquela hora, mas não dava
para comparar com Bem do Evangelho.
E, à semelhança dele, Paulo cria que cada geração iria ter que
reconhecer também, como ele mesmo pediu a Timóteo que o
fizesse—em suas ações, atitudes, amor, longanimidade, fé,
pureza, saber, e também pelas armas da justiça, quer
ofensivas, quer defensivas; por boa fama e por desonra; como
quem morre, mas eis que vivo está!—, o significado de crer
no Evangelho de Jesus!
“Em Cristo não há homem, nem mulher; nem escravo, nem
liberto; nem judeu, nem grego”—foi o que ele disse.
Isto é Universal.
É! Em Cristo!
Voltamos dois mil anos...
Havia um monte de gente vivendo em Corinto.
A cidade era portuária e o verbo corintianizar era sinônimo de
tudo o que os cariocas são no imaginário universal: o povo da
boa vida, do prazer e do momento de alegria.
Em Corinto as prostitutas cultuais desciam da Acrocorinto
com o rosto nu e as roupas apenas em suficiência para
aumentar a sedução.
Uma mulher que tivesse marido e fosse fiel a ele deveria se
diferenciar desse paradigma com “autoridade”—e a expressão
simbólica da mulher que não gosta que fiquem gritando nas
costas “sua gostosa!”, naquela época, era botar o véu sobre a
face.
Se no Brasil esse sinal fosse respeitado, muitas mulheres
usariam véu, se a percepção cultural das pessoas fosse
idêntica.
Naquele tempo o véu era o sinal vermelho para qualquer
pretensão.
Hoje se puser o véu a “rapaziada” arranca e se não ouvir um
sonoro “me deixa em paz”, nem sempre desiste.
O problema é que em Corinto se o que funcionasse fosse o
“me deixa em paz”, Paulo iria dizer:
“Irmãs, diferenciem-se, numa circunstancia dessa, dizendo
“me deixe em paz”.
Mas era o véu que respeitavam.
E respeitavam-no porque aquela mulher tinha “dono”.
Era a percepção “para fora”.
Para o lado de “dentro” Paulo diz que o “dono” daquela
mulher não deveria fazê-la sua propriedade a fim de
abusar dela.
Afinal, a mulher saiu do homem, mas o homem nasce de
mulher.
E assim como o homem é a gloria de Deus, assim também a
mulher é a gloria do homem!
E olhe que para Paulo a palavra gloria significava gloria!
(Falaremos disso noutra ocasião).
Resumindo:
Coisas do dia a dia se transformaram em lei de conduta entre
os cristãos.
E nas cartas inspiradas enviadas aos amigos e irmãos da
comunidade, até os nomes das pessoas mencionadas são
vistos como especialmente eleitos como santos e parte da
revelação.
Essas pequeninas coisas é que obscurecem as Universais!
Sabe o que é isso?
É nunca ter entendido a Palavra.
Paulo mesmo disse que a letra mata--até mesmo nas cartas de
Paulo!
Quem já conheceu o irmão Paulo não fica mais com esse
problema.
Sabe que Paulo era absolutamente certo de ter crido e
processado a Palavra da Verdade da Graça de Deus revelada
em Seu Filho Jesus Cristo.
Sabe que tudo isso é decisão de Deus.
É mistério.
Cristo é a Revelação.
O Evangelho é a Boa Noticia, mas não se encerra numa única
explicação cultural. Não se deixa prender nem por judeus,
nem por gregos, nem por americanos, ingleses, brasileiros ou
até mesmo argentinos (o “até mesmo” revela meu mergulho
no momento histórico emocional brasileiro de fazer piadas
com argentinos).
Certo?
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Espero que tenha ajudado
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Vou ter que sair correndo para fazer um "aplicativo" de alguns
Princípios, no aconselhamento que trás dilemas
"circunstanciais", e que é pertinente ao drama urbano de um
irmão que me aguarda não na sinagoga, mas numa cafeteria
na esquina da Barata Ribeiro com a Raimundo Correia, e que
se chama--argentinamente--Tango & Café.
Veja que fiz um "aplicativo" de brincadeira com os
"Argentinos", mas vivo em respeito ao Princípio de que em
Cristo não há nem brasileiros nem argentinos, pois, todos são
um em Cristo

Caio
PAULO, LIVREMENTE...LIVRE!

“Todas as coisas me são licitas, mas nem todos me convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas nem
todas edificam”.

“Porque estou bem convencido de que todas as coisas são puras para aquele que assim as
considera”.

“Pois todas as coisas são puras para os puros”.

“Eu, porém, nada farei que faça meu irmão de consciência mais frágil pecar”.

“Cada um tenha opinião bem definida em sua própria mente”.

“Tudo aquilo que não provém de fé, é pecado”.

“O fruto do Espírito é amor:....; contra o fruto do amor não há lei”.

“Bem-aventurado é aquele que não se condena nas coisas que aprova”.

“... não fazendo a vontade da carne e dos pensamentos...”

“Seja a paz de Cristo o árbitro nos vossos corações”.

“Foi para liberdade que Cristo vos libertou; não vos ponhais, portanto, outra vez, sob jugo de
escravidão”.

“Esses que vos incitam à rebeldia [contra a Graça de Deus em Cristo], quem dera, ao tentarem praticar
a circuncisão, eles mesmo se castrassem”.

“... porque a nenhum deles [os que eram da parte de Tiago de Jerusalém] eu me submeti nem por um
momento...”

“...para que a vossa liberdade em Cristo não fosse afrontada...”

“... as minhas cadeias em Cristo são a vossa glória...”

“... pois, tudo faço por causa do Evangelho...”


“...ai de mim se não pregar o Evangelho...”

“... eles, porém, são falsos apóstolos de Cristo. E não é de admirar, pois o próprio Satanás se
transforma em anjo de luz..., quanto mais os seus ministros, em ministros da justiça” [referindo-se
especialmente aos judaizantes].

“Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas
transgressões; e nos constituiu ministros da reconciliação...”

“... por isso rogamos aos homens que se reconciliam com Deus”.

“... não há, pois, mas nenhuma condenação para aqueles que estão em Cristo Jesus”.

“Pois o amor de Cristo nos constrange; julgando nós isto: um morreu por todos, logo, todos morreram,
para que aqueles que vivem, não vivam mais para si mesmos, mas para Aquele que por eles morreu e
ressuscitou...”

“Assim, pois, como aprendestes a Cristo; assim, pois, andai Nele.”

“Buscai as coisas lá do alto..., e o Deus da paz será convosco”.

Paulo, sendo citado conforme as pulsões do coração.

Caio
PAULO, FREUD E OS EVANGÉLICOS

Paulo é o ser menos estereotipadamente “freudiano” que conheço.


Não transfere a responsabilidade de nada para ninguém que não seja o próprio sujeito.
Nem o diabo leva a culpa. No máximo se aproveita do que lhe é oferecido.
Aliás, em Paulo o diabo não tem tanto Ibope.
Fala dos principados e potestades, mas os põe sob o desprezo oriundo da vitória da Cruz.
E quanto a Satanás...não lhe ignoramos os desígnios.
Para enfrentar os “poderes do mundo invisível” ele oferece sandálias, capacete, escudo, espada,
couraça e vestes íntimas...isso no Dia Mal. Mas garante que se houver vigilância em oração é
possível permanecer inabalável.
Para ele o grande problema não era o diabo, era o próprio homem. O velho homem, nascido de
Adão e as obras de sua própria carne ou corpo de morte.
Ao analisar o problema, ele, entretanto, conclui sempre com a responsabilidade pessoal:
Desventurado homem que sou...
Sou o principal pecador...
O pecado habita em mim...
O bem que prefiro, eu não faço...
O mal que detesto, este mesmo eu faço...
Não há em Paulo nenhuma fixação temática por qualquer pecado “tópico”.
As listas de corrupção do ser que ele apresenta põe todas as coisas no mesmo saco, de inveja e
gritarias à feitiçarias e idolatrias—esta última para ele bastante vinculada a avareza.
O pecado habita o ser...e pode se manifestar ou não no fazer...mas mesmo que não apareça, não
deixar de ser e estar.
A cura não é mágica. É um processo de confiança em fé na justificação e continua por toda a
existência. E não adianta ficar cheio de auto-proibições, tipo: não pegues, não toques, não proves e
nem bebas. Tais coisas são só “fachada”, mas não ajudam na luta contra a idolatria dos sentidos, a
sensualidade.
Cada um que se julgue, diz ele.
Cada um que se examine, afirma ele.
Todos são indesculpáveis...
Por Adão o pecado entrou no mundo, mas Adão não é o bode expiatório, pois, todos pecaram.
Em Paulo, Adão sou eu...ele era Adão...cada um é Adão.
Adão é a natureza herdada...mas que não se auto-determina fatalistamente pela herança, mas pela
confirmação da herança, pois, todos pecaram à semelhança do pecado de Adão.
É porque a culpa é minha que Paulo diz que Só Cristo pode levá-la por mim...e somente Ele pagou
o preço...e somente Ele poderia pagá-lo.
Não depende de quem quer nem de quem corre...mas cada um veja como anda...não em dissoluções
para o ser.
Em contra partida...
Os evangélicos são os seres mais "freudianos" que conheço: "transferem" sempre a
responsabilidade de tudo para o diabo e “só pensam naquilo”.
Para os evangélicos o diabo é o responsável por só se pensar em sexo.
Aliás, o único pecado que existe na culposa e neurótica consciência “cristã” é o pecado sexual. O
resto pode...pode-se tudo...desde que não seja sexual o que se pode.
Assim, fazem uma remetência de tudo para “aquilo” que se carrega entre as pernas.
Carne, para a maioria dos cristãos, não é maior que o prepúcio ou a genitália--herança judaica!
Nem Freud escapou da herança. Falou como um judeu e um judeu imerso na cultura
ocidental...judaico-cristão.
Um chinez não "criaria" uma psicologia "freudiana"...esse "grilo" não habita o inconsciente
coletivo e nem a consciência individual dos orientais.
O ocidente é que se "freud"...
Daí Paulo dizer que a fixação judaica na circuncisão era um problema "freudiano". Mas diz:
deixem-me fora disto. E afirma que se alguém gosta de circuncisão deve ser por outras razões...ou
seja: para se gloriar na carne.
Então diz: Oxalá se castrem a si mesmos—Gálatas, para quem não fez a associação.
E depois os “cristãos” queixam-se de Freud...
Ora, Freud apenas mostrou o nível da nossa fixação neurótica na questão.
Para Freud os mecanismos inconscientes sempre buscam um escape de responsabilização projetada
sobre outros—sejam as figuras parentais ou as figuras de autoridade.
Para Paulo, tal consideração não existia como "desculpa". E, o oposto--a tentativa de auto-
justificação--somente adoecia ainda mais o ser.
Em Paulo o sexo era apenas aquilo que a gente faz o sexo se "tornar".
É "freud", mas é verdade!
Assim, muita gente se "freud" botando a culpa em Freud.
Paulo, entretanto, não "freud" nada.
Estou convencido de que todas as coisas são puras para os puros—diz ele.
Desse modo, Paulo tira o eixo culposo de fora do ser e o chama para o olhar do ser.
Nada pode ser mais libertador e nem mais revolucionário.
Quem conhece a revelação que Jesus deu a Paulo, não se "freud" pela vida...
E se algo acontecer, a culpa não é de Freud.
A culpa é de quem se "freud" e bota a culpa nele.
A culpa de Paulo era de-si-mesmo...e essa culpa já não era dele, pois Jesus a rasgara na Cruz.
O escrito de dividas fora cancelado e encravado na Cruz!
Assim, os principados e potestades passaram a alimentarem-se apenas de que "se freud" e não por
não crer na Cruz...
Em Cristo, não se busca um culpado, mas se expia a culpa.
Cada um que se julgue.
E bem-aventurado é aquele que não se condena naquilo que aprova.
Afinal, tudo o que não provêm de fé é pecado.
Volto amanhã...se Jesus deixar.
PAULO, ALBERT SHUEITZER, ALFREDO E CAIO
----- Original Message -----
From: "José Alfredo Bião Oberg"
To: revcaiofabio@terra.com.br
Sent: Saturday, July 10, 2004 9:37 PM
Subject: A metáfora esclarecedora...

Solução do problema da relação de Paulo de Tarso com Jesus.

Albert Shueitzer prega o misticismo de Cristo com base no conceito escatológico da solidariedade
predestinada dos Eleitos uns com os outros, e com o Messias, como Jesus tinha feito antes de Paulo,
mas com a diferença de que Paulo a apresenta na forma que ela adquire como conseqüência da morte
e ressurreição de Jesus.

Que incessante perturbação a teologia tem dado a si mesma acerca do "problema de Paulo e Jesus",
e qual substituto tem sido colocado para explicar porque Paulo não deriva seu ensino da pregação de
Jesus, mas neste aspecto permanece tão independente ao lado Dele!

Fazendo isso, a teolgia está andando em volta de um problema por falta de ser compreendido na sua
inteireza. Dizer que Paulo tornou-se independente é enganador. Paulo participa com Jesus da
cosmovisão escatológica, a única diferença é a hora no relógio mundial nos dois casos. Criando uma
metáfora como analogia; ambos estão considerando a mesma cadeia de montanhas, mas enquanto
que Jesus a vê como estando diante Dele, Paulo já encontra-se sobre ela e seus primeiros declives já
estão atrás dele. As características da certeza escatológica assumem um aspecto diferente. Nem tudo
que então parecia sólido parece assim agora, e nem tudo que agora é válido parecia assim
anteriormente. Porque o período do tempo mundial é diferente, o "ensino de Jesus" não pode traçar
continuamente as linhas para Paulo. A autoridade dos fatos deve ser mais importante. Para ele a
verdade e o conhecimento da redenção como ela resulta, sobre a base da expectação escatológica, do
fato da morte e ressurreição de Jesus.

Contra aqueles que não consideram adicionar qualquer consideração, ele diz: "Assim que nós daqui
por diante, a ninguém conhecemos segundo a carne; e se antes conhecemos Cristo segundo a carne,
já agora não o conhecemos deste modo" (II Cor 5:16).

Aqui ele ousa afirmar que aqueles que conheceram Cristo na carne daqui em diante não o
conheceriam mais assim. Paulo é forçado a tomar em seu ensino, uma atitude original ao lado de
Jesus. Ele não abandona, mas continua o seu ensino de Jesus no tempo. Ele partilha com Jesus da
morte e ressurreição de Jesus como eventos cósmicos. Visto que Jesus espera que o início do Reino
ocorra imediatamente após a Sua morte, Ele não pressupõe qualquer doutrina de redenção aplicável
àquele período. Quando em conseqüência da demora do Reino Messiânico, uma doutrina como esta
devia ser necessariamente proposta. Eles esperavam que a redenção realizada por Jesus seguisse as
linhas da escatologia tradicional, que não dá importância para o fato de que o futuro Messias devia
previamente morrer e ressuscitar.

Somente Paulo remodela a doutrina da redenção de acordo com os fatos no tempo, a saber, que o
Messias não deve apenas voltar a aparecer no futuro, mas já está no presente na terra nas condições
da existência humana, e que por Sua morte e ressurreição deve tornar-se a primeira causa da
ressurreição dos mortos.

Os Eleitos participam uns com os outros e com Cristo de uma corporiedade que de um modo especial
é suscetível à ação dos poderes da morte e ressurreição e é consequentemente capaz de adquirir o
estado de existência da ressurreição antes que a ressurreição geral dos mortos ocorra. Não começa
pelo crer e nem pela fé, e sim pelo batismo do crente ao entrar na "comunidade de Deus"; e entra em
comunhão, não somente com Cristo, mas também com a comunidade dos Eleitos. Portanto o
Misticismo Paulino nada mais é do que a doutrina de tornar manifesta a Igreja pré-existente ( a
Comunidade de Deus ), como conseqüência da morte e ressurreição de Jesus.
Estar no Espírito - A possessão do Espírito prova aos crentes que eles já estão transferidos do estado
natural de existência para o sobrenatural. Eles estão "no Espírito", o que significa que não estão mais
na carne. É a manifestação-testemunho do renascimento do estar-em-Cristo. Agora, estão erguidos
acima das limitações do estar-na-carne. A circuncisão do coração é agora realizada neles. O Espírito
agora tem forma, é o Espírito da Nova Aliança. Através do Espírito eles sentem-se amados por Deus
em seus corações. A manifestação é o testemunho expresso da Sua Presença.

"Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus. Porque a lei do Espírito
da vida, em Cristo Jesus, te livrou da lei do pecado e da morte"(Romanos 8 : 1-12 ).

Paulo prova a verdade da sua ética por sua forma de vivê-la. É um ser humano que pelo Espírito de
Cristo foi purificado e elevado a uma grande humanidade. Apesar de não ser um recluso, era um
asceta por viver uma vida não mundana, por causa daquela que ele no Espírito de Cristo se tornou
interiormente. Só não se tornou um iluminado para mim, porque, como alguém que pensou, serviu e
dirigiu no Espírito de Cristo, achou-se com o direito de dizer aos homens de todas as épocas, através
das escrituras : " Sejam meus imitadores, como eu sou de Cristo", criando aí a idolatria personalista
dos pastores eruditos.

Ao apontar a lua, mandou-nos olhar para o seu dedo e não para a lua. Estabelecendo em si a
referência "o ministro de Jesus Cristo". Só a Sua Graça lhe bastariam... Dessa forma, o "espinho na
carne" teria que ser mantido para equilibrar o ego inflacionado. Crer na Boa Nova, o Evangelho de
Jesus, significa deixar a crença no Reino tornar-se uma realidade viva dentro da crença Nele e na
redenção experimentada Nele. Acho que Paulo foi o primeiro humano a realizar isso de forma íntegra,
sendo por isso razoável para nós, não negligenciarmos os ganhos que ele assegurou. Agora, tentar
alcançar o mesmo resultado copiando-o, não seria desacreditar do arbítrio do Espírito e do poder da
Graça?

Principalmente se considerarmos que Deus não escolhe os capacitados, e sim, capacita os


escolhidos... A doutrina de Paulo, serve-nos como ponto de partida, assim como ele fez com Jesus,
não como referência de onde deveríamos chegar. A autoridade de Paulo é tão grande, que não precisa
ser imposta a ninguém, apesar de muitos terem encontrado nele o seu centro. O "estar-em-Cristo" é o
grande enigma Paulino : - uma vez entendido, dá a chave para o todo!

O Mistério de Cristo é o meio pelo qual o ser entra em relação com Deus. Ou seja: eu estou em Cristo;
Nele eu conheço a mim mesmo como um ser que é elevado acima deste mundo pecaminoso e
transitório; Nele sou um filho de Deus. Estar em Cristo é como ter morrido e ressuscitado novamente
com Ele, em conseqüência do quê, aquele que participa, tem sido liberado do pecado e da lei, e possui
o Espírito de Cristo, e está seguro da ressurreição.

- Eu me acho nessa condição!

Quando eu disse à você que estava lendo um livro sobre Paulo de Tarso, de autoria de Albert
Schueitzer, você não considerou que fosse algo que me fosse acrescentar mais do que ler Lucas no
Novo Testamento. Não desconsidero o seu parecer, mas para mim, que estou engatinhando no
Caminho, um Caio Fábio com a sua visão contemporânea, ou Albert Schueitzer, que é Doutor Honoris
Causa em Teologia, medicina e música, um prêmio Nobel, que achou tempo para dedicar a sua vida
como médico aos des-assistidos da África, são para mim parâmetros para o meu aprendizado. Não me
sinto em condições de desqualificar pessoas que me falem de Jesus ou de qualquer apóstolo. Não
tenho conhecimento e nem essa pretensão. Sei apenas que me acrescentou algo sobre o Caminho, e
me deu uma visão da capacidade humana de Paulo com todo o seu temperamento...

Um grande abraço,

Alfredo
___________________________________________________________
Resposta:

Querido amigo Alfredo: Graça e Paz!


Paulo foi o mais extraordinário dos apóstolos por uma única razão maior: ele não andou com Jesus na
carne, mas “entrou em Cristo”, e foi desse lugar que ele enxergou tudo o que concerne ao significado
tanto histórico quanto também Meta-cósmico de Jesus.

De fato, ninguém antes discerniu a profundidade e o significado do que seja “estar em Cristo”, e até
hoje poucos o fizeram na mesma qualidade existencial.

Ninguém antes de Paulo tinha visto o mundo com o olhar de quem olha "de dentro de Cristo" para fora.
Todos os demais—à exceção de João, que fez essa síntese pela via do amor, ainda que sem a
profundidade de consciência de Paulo—olharam o mundo "de fora" desse “estar em Cristo”. Todos
enxergaram apenas de fora o que fosse estar em Cristo. Daí eles terem uma palavra da redenção
muito mais material e externa—muito mais Crucificação que Cruz; muito mais evidencia da
Ressurreição que poder da Ressurreição—, enquanto Paulo nos faz ver e sentir como quem olha de
dentro para fora. Isto é não conhecer a Jesus segundo a carne na mais profunda acepção dessa
compreensão.

Paulo foi o primeiro a existencializar conscientemente o significado de Jesus para a totalidade do ser e
da existência!

No mais, há quatro coisas que desejo lhe dizer:

1ª Acerca de Lucas. Ora, Lucas foi o biografo de Paulo (veja Atos, e muitas epístolas nas quais ele
está sempre presente: “somente Lucas está comigo...”). Portanto, a cegueira dos teólogos que
pretendem ver em Lucas um Jesus diferente do de Paulo é a mais horrível evasão da realidade, posto
que foi Paulo a fonte inspiradora da cosmo-visão do evangelho de Lucas. Assim, se alguém desejar
saber como Paulo via o Jesus histórico, basta ler Lucas. Pensar diferente é negar a visceralidade da
importância de Paulo na vida e no entendimento de Lucas, e significa também não poder explicar
como alguém dedica a sua vida a acompanhar um apostolo, e, na hora de escrever as narrativas
acerca de Jesus, fazê-lo sem a influencia da mente e do entendimento espiritual de seu mestre
humano. Para mim tal possibilidade é impensável.

2ª Acerca da escatologia. O erro do Albert Shueitzer foi tentar fazer de Jesus um ser auto-enganado
com relação a Sua próxima vinda—isto sendo plain and clear! Jesus nunca teve a intenção de deixar
os discípulos com qualquer certeza acerca de Sua segunda vinda. E isto por uma razão simples: o
mundo acabou na morte e ressurreição de Jesus. Todos os dias, portanto, são dias escatológicos, e a
volta do Senhor é algo para ser vivido com a expectação existencial do dia chamado Hoje. Tudo no
evangelho carrega essa existencialidade do Hoje. Afinal, a escatologia tem duas mãos: Uma de Cristo
para nós. Outra de nós para Cristo. Ou seja: Jesus ainda não voltou para que “todo olho veja”, mas
muitos olhos já o viram voltar, quando daqui se foram. Ora, neste sentido, Jesus já voltou para o meu
filho Lucas, que foi ao encontro Dele. Um dia, todavia, todo olho o verá. Assim, o dia da volta de Cristo
tem significado escatológico todos os dias, visto que de um modo ou de outro está às portas, e cada
geração tem visto isto acontecer. Afinal, quando era apedrejado, Estevão disse: “Vejo os céus abertos,
e o Filho do Homem em pé à destra de Deus”. Ora, essa é uma visão escatológica, mas seu
cumprimento era subjetivo, porém não menos real.

3ª Paulo, “um quase iluminado”. Ora, isto ainda é parte de sua visão espiritual forjada tantos anos
conforme os ensinos dos mestres do oriente. No entanto, vale a ilustração, embora, para mim, não
valha o seu significado. O apelo de Paulo não era o de um narcisista, mas de um apóstolo angustiado,
e que temia ver seu trabalho perdido, como pode acontecer no coração de qualquer ser humano. De
fato, do ponto de vista histórico, Paulo “perdeu a parada”. Isto porque se o ensino de Paulo tivesse
sido crido, não teríamos nem mesmo tido o “cristianismo”, posto que este é uma fusão da igreja de
Jerusalém com o sincretismo pagão. Da igreja de Jerusalém temos um híbrido entre a fé na
justificação e muitos aparatos culticos, litúrgicos e sacerdotais praticados pelos discípulos de Tiago e
os judaizantes. Ora, essa “síntese de Jerusalém” foi invadida pelo paganismo greco-romano, e surgiu
esse Bezerro de Ouro chamado de Cristianismo. Paulo só não perdeu a parada espiritual, visto que,
até hoje, quem quer que deseje ter uma visão mais profunda do significado de Jesus como o Cristo
Histórico e também Meta-Cósmico, não tem como fugir de Paulo, nem Pedro o pode, apesar de dizer
que o “irmão Paulo dizia coisas difíceis de entender”. Além disso, é de Paulo que vem aquilo que eu
chamaria de uma psico-teologia da Graça. Ora, sem tal revelação não haveria a consciência da nossa
total libertação da Lei, conforme a afirmação paulina de que Cristo nos tornou “viúvos da Lei” a fim de
podermos contrair “novas núpcias”, só que num casamento sem Lei, e feito na aliança da Graça de
Jesus. Veja bem, sem essa revelação ninguém teria paz para existir, mesmo que tivesse nas mãos
todas as demais cartas e epístolas dos demais apóstolos. Paulo é o apostolo da redenção da
consciência.

4ª Você disse: "Não começa pelo crer e nem pela fé, e sim pelo batismo do crente ao entrar na
"comunidade de Deus"; e entra em comunhão, não somente com Cristo, mas também com a
comunidade dos Eleitos". De fato, meu querido, jamais poderia ser assim, visto que nenhuma inclusão
consciente é possível se não se derivar da fé e do mergulho místico em Cristo. Ora, sem fé é
impossível estar em Cristo. E creio que não preciso nem explicar as razões, visto que você já sabe que
"sem fé é impossível" qualquer coisa em relação a Deus.

Com todo amor e carinho quero dizer a você mais duas coisas:

1ª Fico feliz em Cristo ao lembrar que há menos de três anos você entrou pelas portas do Café como
um “pai de santo”, e hoje é “santo do Pai”. Para mim isto é grande alegria. E quando vejo sua busca de
progresso na fé, e constato seu efetivo crescimento, meu coração se rejubila. Você foi a primeira
semente de conversão no Café. E folgo que ela tenha vingado, e que esteja a cada dia dando fruto.

2ª Há alguns pequenos reparos que eu faria em algumas das coisas que você escreveu. Mas como
você já me conhece, sempre deixo que aquele que começou a boa obra, Ele mesmo a termine. Como
seu irmão mais velho na fé, tenho consciência de minha influencia em muitas coisas em sua vida, e me
alegro que Deus tenha me dado a chance de dividir com você o que Ele mesmo me tem dado pela
Graça. Todavia, muitas foram as vezes em que eu tinha algo a dizer e não disse; e isto apenas para
que eu mesmo não atrapalhe o trabalho do Espírito em seu coração. Portanto, são filigranas, e como
tais devem ficar, pois sei que você, guiado pelo próprio Espírito, as discernirá na hora própria. Por isto,
meu amigo, apenas celebro o tanto que Ele já lhe deu, e descanso no amor Dele por todos nós, e no
fato de que Ele mesmo nos guia a toda verdade.

Receba meu beijo de amigo!

Nos veremos na próxima quarta-feira, lá no Café.

Nele, em Quem Paulo viu tudo o que viu, especialmente de dentro Dele; ou seja: Nele,

Caio
PAULO PENSAVA QUE SUAS CARTAS SERIAM ESCRITURAS?
----- Original Message -----
From: PAULO PENSAVA QUE SUAS CARTAS SERIAM ESCRITURAS?
To: contato@caiofabio.com
Sent: Tuesday, December 05, 2006 5:31 AM
Subject: Inspiração?

Graça e Paz, Pr. Caio!

Muitos defendem ardorosamente, em relação à Palavra de Deus, algo que Paulo escreveu para
Timóteo, afirmando que toda a escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino... Muitos encaram,
por exemplo, que a partir deste texto de Paulo, suas cartas são inquestionáveis em tudo. Tudo o que
ele disse, é Deus falando e não se pode questionar. Daí, todos sabemos, surgiram as doutrinas...

Como você entende este texto de Paulo a Timóteo?

Um abração do seu irmão do Caminho,

Marcos Wandré
_____________________________________________

Resposta:

Meu querido irmão do Caminho: Graça e Paz!

Em minha opinião estamos falando de duas coisas diferentes. A primeira é: estava Paulo fazendo
referencia às suas cartas quando falava em “toda Escritura”? E mais: Vieram de Paulo e por causa
disso as doutrinas?

Primeiro é obvio que Paulo cria que havia recebido revelação de Jesus em relação ao que ensinava
como Evangelho. Ele deixa isso claro. Segundo: tais conteúdos têm a ver com Jesus e a justiça de
Deus em Cristo (com todos os privilégios de consciência espiritual que daí advêm) — e não com
formas de governo, indicação de presbíteros, bispos, pastores, mestres e líderes.

Para Paulo o que era revelação era o “mistério outrora oculto e agora revelado”; a saber: “Cristo em
nós a esperança da glória”. Já os governos e suas formas eram elementos vinculados ao bom-senso e
à ordem, mas não eram Revelação, como se fossem parte do Evangelho. Tinham a ver com a
necessidade histórica, com o momento, e com aquilo que o bom senso recomendava — sempre
conforme o espírito do Evangelho.

Todavia, afastados os dogmas, as doutrinas da “igreja”, fundamentam-se profundamente naquilo que


para Paulo era circunstancial, e não final.

Quanto às “doutrinas” que têm em Paulo sua maior inspiração, saiba: tal coisa pouco tem a ver com
Paulo, mas sim com os doutores da igreja; especialmente depois do concílio de Nicéia.

Assim, voltando ao início de tudo, vale perguntar: “Estava Paulo fazendo referencia às suas cartas
quando falava em “toda Escritura”?

Não! Paulo não estava falando de “todo escrito”, mas sim de “toda Escritura”. Portanto, escrevendo a
Timóteo, Paulo falava da Escritura que ele chamava de Escritura, que eram os livros que nós
chamamos na Bíblia de Antigo Testamento.
Entretanto, vem de Pedro a afirmação por inferência quanto à inspiração do que Paulo escrevia, posto
que Pedro diz que havia pessoas que pervertiam e corrompiam o que Paulo dizia e escrevia, como de
resto faziam “com todas as demais Escrituras” — colando os textos e falas de Paulo entre os
conteúdos inspirados como “as demais Escrituras”.

Paulo, entretanto, não olhava para o futuro da História como muitos passaram a fazer depois de alguns
anos; e, depois, por quase dois milênios. Para Paulo o tempo estava próximo, às portas. Ele não
olhava para o futuro e via mais milhares de anos de História; muito menos via algo a ser chamado de
“História da Igreja”; e tampouco pensava que suas cartas estariam num livro, em pé de igualdade com
Isaías, Jeremias, todos os profetas, etc (em alguns aspectos em vantagem, pela atualidade de suas
compreensões em relação a Jesus).

O que Paulo desejava não era a manutenção de suas cartas. Ele ambicionava era que o Evangelho
por ele pregado não fosse deturpado em seu conteúdo acerca de Jesus. Paulo só tinha coração para o
que dizia respeito a Jesus. As demais coisas ele fazia a fim de proteger o rebanho daqueles que eram
os “falsos ministros” e “falsos apóstolos” desse “evangelho” que ora diminui, ora acrescenta coisas, ora
suprime por completo os conteúdos do Evangelho.

Na visão de Paulo a questão era fazer Timóteo alguém que encarnasse a compreensão e o
entendimento do Evangelho que Paulo explicava em suas cartas, epístolas e pregações. Ele pensava
assim, pois esse era o modo hebreu de pensar. Além disso, o próprio Jesus havia tratado tudo com
total “despreocupação” em relação a carregar com Ele um escriba, anotando todas as coisas. O
primeiro texto-evangelho sobre Jesus apareceu apenas 15 a 20 anos depois. Portanto, Paulo cria do
mesmo modo. E o que ele transformava em carta, era o que ele sabia fazer como “mídia”. Não como
Escritura.

É também por tal razão que Paulo trata a Timóteo como Jesus tratara os apóstolos. Por essa razão é
que Paulo pede ao discípulo que ande como ele, Paulo, andava; que servisse no espírito do serviço
que ele, Paulo, mostrava; e que assim fosse feito, pois, o que nele, Paulo, se podia buscar ver, ouvir e
entender, era sempre Evangelho.

Para Paulo a absorção do Evangelho não era uma questão de transferência e absorção de
conhecimento, mas sim de assimilação de caráter, entendimento e percepção aplicável à vida. Assim é
que ele manda Timóteo olhar para ele e imitá-lo no procedimento, na fé, no amor e no saber; pois, ele,
Paulo, fazia isso como quem era uma Escritura viva de Jesus; uma carta viva, escrita pelo Espírito.

Para Paulo a doutrina era o modo de viver, e não um pacote de saberes. Para Paulo doutrina era
equivalente a crer na verdade, e não uma elaboração de informações. Sim! Para Paulo doutrina era
entendimento do Evangelho aplicado à vida.

O mais, meu amigo, é tolice de quem deseja um álibi para não levar a sério a Palavra do Evangelho.
Afinal, como era nos dias de Paulo, também é em nossos dias.

Um beijão carinhoso!

Nele, que é a Palavra Eterna e a Doutrina da Vida,

Caio
PAULO ORAVA TANTO, QUE NEM TANTO...

Paulo orava apesar de crer que o Espírito intercede por nós.

Orações, súplicas e ações de graças estão presentes em todas as suas cartas.

Chega a falar em “se esforçar nas orações”.

Ele orava porque sabia que Deus ouvia.

Ele orava porque sabia que Deus sabe que não sabemos.

Por isto, ele orava o que queria, mas aguardava o que Deus quisesse.

Por que orar então?

Qual a motivação que Paulo tinha para orar?

Ele orava porque gostava.

Era seu prazer.

Não era um tempo devocional para ele.

Era a vida...respirar, amar, sentir, sofrer, esperar—tudo em Deus.

Ele cria que não estava falando ao vento quando orava.

Para ele orar era real.

Você gosta de falar com quem ama e com quem ama você?

Paulo amava fazer isso.

Quem escrevia tanto para os amigos tinha que falar muito com o Amigo.

Ele encomendava jornadas em oração em seu favor, fazia jejuns e rogava por
amigos que estavam sofrendo de males físicos.
Mas como, se ele cria que tudo é Graça?

Para que orar?

Pelo amor de Deus!

Paulo era homem, não era Deus.

Deus não ora.

Deus fala.

Paulo orava.

Ele cria que Deus sabia o que ele queria, embora também soubesse que
talvez, ele mesmo, Paulo, não soubesse o que estava de fato pedindo.

Mas Deus sabia.

E ele não temia dizer o que queria porque não temeria o que Deus desejasse.

Isto é fé na soberania de Deus.

Orai sem cessar!—recomendava ele.

E para fazer isso ele não andava de joelhos e nem tentava fazer calos de
camelos nas rodilhas dos joelhos para mostrar o quão consagrado ele era a
Deus em oração.

Ele orava sem cessar porque seu pensar já era um orar...

Quando acaba a divisão entre pensamento e oração; entre meditação e


oração; entre reflexão e oração—então, ora-se sem cessar!

Ora sem cessar é existir conscientemente em Deus.

É não pensar na pessoa de Deus.

Entendeu?
É fazer o processo de pensar, sentir, refletir e meditar, acontecer em Deus.

Muda tudo.

Caio

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