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.O CRIME DE LAVAGEM DE DINHEIRO (Lei 9.

613/98)

O crime de “lavagem de dinheiro”, cuja expressão remonta às organizações mafiosas


norte-

Faz-se necessário esclarecer que o crime de lavagem de capitais é um delito parasitário


ou derivado, dependendo, necessariamente, da existência de um delito antecedente
para que se configure. Por assim ser, no delito de lavagem de dinheiro a punição volta-
se, exclusivamente, para a utilização que se faz do dinheiro sujo, ou seja, às formas de
movimentar, ocultar, dispor ou se apropriar dos ativos oriundos de atividades ilícitas.

Diante da importância deste assunto, e dos efeitos devastadores provocados por este
delito, Vladimir Aras defende que os Estados nacionais não podem ignorar, diante da
complexa problemática que envolve a questão, o fenômeno da lavagem de dinheiro,
uma vez que não se restringe a uma abstração que se cinja a números, pois, ao contrário
disto:

“São concretos e às vezes dolorosos, os danos causados à sociedade pela lavagem de


dinheiro. De um lado, desemprego, vultosos prejuízos econômicos para empresários e
investidores, diminuição dos índices de desenvolvimento humano, corrupção,
insegurança pública e redução da arrecadação de impostos e de investimentos em
educação e saúde. De outro lado, o enriquecimento ilícito e a utilização indevida de
valores oriundos de graves crimes.”[7]

3. FASES OU TÉCNICAS DE LAVAGEM DE DINHEIRO

Considerando que a lavagem de capitais é um procedimento complexo, pode-se afirmar


que a conduta do agente passa por um modus operandi bastante linear e multifacetado.
Vários são os métodos ou fases utilizados com a finalidade de lavar o dinheiro:
a) A primeira delas é a fase da ocultação, na qual há uma tentativa dos agentes de
conseguir menor visibilidade do dinheiro oriundo da prática de atividade ilícitas. Para
tanto, costuma-se utilizar o sistema financeiro, negócios de condições variadas, enfim,
emprega “intermediários” que trocarão os valores ilicitamente recebidos.

b) Com a posse do dinheiro, tem início a segunda fase: a cobertura, fase de controle, ou
ainda, mascaramento. Consistente em desligar os fundos de sua origem, em outras
palavras, fazer desaparecer o vínculo entre o agente e o bem precedente de sua
atuação. São comuns múltiplas transferências de dinheiro, compensações financeiras,
remessas aos paraísos fiscais, superfaturação de exportações, dentre outros.

c) Finalmente, o dinheiro deve retornar ao circuito econômico, transparecendo a


imagem de produto normal de uma atividade comercial, é a chamada fase de
integração. Neste momento, há a conversão de dinheiro sujo em capital lícito,
adquirindo propriedades e bens, constituindo estabelecimentos lícitos, financiando
atividades de terceiros, além de investir parte deste dinheiro na prática de novos delitos.

4. CRIMINALIZAÇÃO DA LAVAGEM DE DINHEIRO

Cumpre ressaltar que o início das preocupações mundiais com a lavagem de dinheiro
data da Convenção de Viena de 1988, ocasião em que os membros da Organização das
Nações Unidas aprovaram a Resolução que os obrigava a penalizar a lavagem de capitais
oriundos do tráfico de entorpecentes[8].

Desde então, várias nações passaram a inserir no seu corpo de normas, dispositivos
legais reservados a reprimir a utilização de bens, direitos ou valores provenientes, direta
ou indiretamente, de crimes.
Neste sentido, Roberto Podval, ao discorrer sobre o bem jurídico do delito de lavagem
de dinheiro, assevera que:

“O que se nota é que a criminalização da lavagem de dinheiro surge como forma de


coibir o tráfico ilícito de entorpecentes, já que não obstante a intervenção do Direito
Penal nessa matéria (através de leis cada vez mais severas e com penas menos brandas),
tal criminalidade não só persiste como aumenta. Assim, uma vez evidenciada a
impossibilidade de o Direito Penal evitar o tráfico de drogas, houveram por bem os
Estados punir suas conseqüências”.[9]

Observa-se, portanto, que frente à fracassada e inoperante estratégia de atacar as


antecedentes atividades ilícitas, há um redirecionamento do Direito Penal em controlar
os efeitos destas, quais sejam, os fluxos financeiros oriundos das primeiras atuações
ilegais.

Seguindo, portanto, a mesma tendência mundial e diante dos índices de ocorrências


envolvendo crime organizado, desvio e lavagem de dinheiro, provenientes de variadas
transações ilícitas, e da inserção destes temas no rol de destaque da construção
dogmática e da política criminal, houve nítido interesse do Direito Penal Brasileiro em
atingir um efetivo controle da circulação de capitais e suas origens, por meio da
criminalização desta multimencionada conduta.[10] Ademais, a base ética à
criminalização consistiu em evitar que a circulação do dinheiro sujo em circulação no
mercado, bem como impedir que o dinheiro lavado proporcione outros ilícitos. [11]

5. A LEI 9.613/98 E SEUS ASPECTOS PENAIS


A exemplo e por imposição das comunidades internacionais, bem como em razão da
globalização do mundo moderno, em 1998 foi editada Lei Especial destinada a coibir as
ações dos chamados “lavadores de dinheiro”.

Com a Lei 9.613/98, o crime de lavagem de capitais passa a ser considerado um crime
independente, cuja previsão encontra-se, como dito, em Lei Especial, e, portanto, fora
do Código Penal.

Para William Terra de Oliveira, esta técnica legislativa - inovação na ordem jurídica,
mediante a criação de figuras penais especiais - principalmente no caso da lavagem de
dinheiro, possui um lado positivo e outro negativo. Se não, vejamos:

“De um lado, está a previsão de um texto legal autônomo que favorece a criação de um
espectro punitivo próprio, pretendendo abarcar exaustivamente todo o âmbito da
matéria, concentrando em um único diploma a resposta penal e os demais aspectos dela
decorrentes. Por outro lado, temos a não inclusão do delito na Parte Especial do Código
Penal, contribuindo para a erosão da harmonia legislativa e do sistema punitivo,
adotando um modelo político-criminal fragmentado que não respeita o ideal
codificador, nem possibilita a sistematização ordenada do universo de condutas sujeitas
ao Direito Penal, afetando o processo de interpretação da norma e produzindo
duvidosos efeitos da prevenção geral.”[12] (grifo nosso).

Passando à análise da referida lei, perceptível é que no seu primeiro artigo a intenção
do legislador de tipificar os diferentes comportamentos típicos, bem como estabelecer
as regras especiais sobre a dosimetria da pena, que irão influenciar no cômputo da
resposta penal. Há uma abordagem individualizada de quais seriam os ilícitos
precedentes do delito de lavagem de capitais.
Para Marcos José Maschietto, há uma falha vestibular na elaboração do preceito, que
aponta o terrorismo e as práticas patrocinadas por organização criminosa. Para ele é
equivocada a alusão a estes dois tipos, pois tratam de assuntos que não são definidos
de forma regular pelo ordenamento jurídico vigente, dependendo de regulamentação
complementar. Além disto, aduz que os tipos relacionados nos incisos de I a VI são de
natureza fechada, e que, portanto, não permitem exploração interpretativa abrangente,
em contrapartida, o inciso VII que relata os delitos originários da atividade do crime
organizado, abre a possibilidade de vasta e extensa interpretação.[13] O mestre, ainda,
continua sua crítica à referida lei, expondo que:

“A pena prevista também merece referência, pois aflora branda ao extremo,


principalmente ao se tomarem como parâmetros outros delitos limitados pela Lei Penal
que podem ser praticados individualmente, sem concorrência de outrem, com
potencialidade ofensiva menor, embora apenados de forma mais severa. Este novo
ilícito, que ocorre geralmente com a participação de diversos agentes componentes de
quadrilhas com ramificações internacionais, originários de outras práticas criminosas
(...). Não é adequado falar em pena de multa sem definição do quantum, pois corre-se
o risco de afundar no ridículo, com o arbitramento de valor irrisório, o que, em geral,
acontece no Brasil. Dever-se-ia aproveitar a previsibilidade constitucional que aceita
como modalidade de pena o confisco, perfeitamente adequado a esta situação.”

Por outro lado, há quem considere que o sistema penal ofereceu uma resposta pesada
ao problema, limitando uma série de benefícios processuais e instrumentais, apesar de
introduzir institutos novos, como a delação premiada. O argumento sustentado, para
tanto, é que evitar a impunidade e aplicar efetivamente o novo sistema legal é algo mais
importante do que a previsão de penas altas como artifício preventivo. [14]

Nesta linha de pensamento, analisando a Lei 9.613/998, percebe-se que há alguns


pontos controvertidos que, almejando asseverar a pena, suprimiram direitos
fundamentais. Como exemplos, podemos citar:
a) Proibição da Fiança – Preceitua o artigo 3º da referida lei que os crimes definidos nela
são insuscetíveis de fiança e liberdade provisória. Ocorre, entretanto, que no artigo 5º,
XLIII, CF/88 – que prevê os casos em que a lei considerará inafiançáveis crimes – não
está inserido o crime de lavagem de dinheiro. Logo, por entender que a lei
infraconstitucional não pode conceder ou proibir tal benefício, vez que tal atitude fora
vedada pelo legislador constituinte, depara-se com flagrante inconstitucionalidade.

b) Inversão do Ônus da Prova em relação à ilicitude dos bens que foram objeto de
apreensão e ao seqüestro – Para tal ponto, Rodrigo de Moura Jacob[15], faz o seguinte
questionamento: Ora, se ao acusado é garantido o direito ao contraditório, como então,
aceitar a inversão do ônus da prova em relação à ilicitude da origem dos bens? E como
resposta, esclarece que à acusação cabe a prova da ilicitude da origem dos bens, para
que o acusado possa se valer do seu direito constitucional de contradizer o alegado.
Saliente-se, ainda, que a inversão do ônus da prova, limita-se à comprovação da licitude
da origem dos bens, logo completamente inaplicável à autoria e materialidade dos
crimes previstos na lei em comento.

Obs: Não precisa estar caracterizado as três fases, basta o crime antecedente

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