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Quando do Livro

brotam as Imagens e
as letras se apagam …

Escola Escola
Oficinas de
Secundária Secundária
Formação
Azambuja Cartaxo

2013 / 2014

OFICINAS DE FORMAÇÃO
PROJETO ESCOLA INCLUSIVA

A inclusão de alunos com necessidades educativas especiais no ensino

regular apresenta-se como mais um desafio para toda a comunidade educativa.

A criação de condições que permitam responder a este desafio implica uma

formação contínua e atualizada dos profissionais da educação, em que se

inclui ainda a utilização eficiente das novas tecnologias de informação e de

apoio, no contexto de sala de aula/educação especial.

Esta é uma síntese dos trabalhos das duas turmas que participaram nas

Oficinas de Formação realizadas sob o tema: “INTERVENÇÃO E REEDUCAÇÃO

PEDAGÓGICA NO ÂMBITO DA DISLEXIA E DISORTOGRAFIA” e que decorreram

nas Escolas Secundárias da Azambuja e do Cartaxo, promovidas pelo Centro

de Formação da Associação de Escolas da Lezíria Oeste, com o apoio da

Fundação Calouste Gulbenkian.

Judite Frazão
Diretora do Centro de Formação Lezíria-Oeste
(Associação de Escolas dos Concelhos de Azambuja, Cartaxo e Rio Maior)
Índice

1. Ser Disléxico ................................................................................................ 6

2. Dislexia – o que se sabe e o que se investiga…. ........................................ 7

3. As dificuldades - Porque Eu SEI ...apesar de não conseguir !!! ................. 10

4. Dificuldades do foro emocional .................................................................. 13

5. As preocupações dos pais e dos docentes, quanto ao diagnóstico / apoio 14

6. Dislexia – Um desafio aos Docentes ….e às Escolas. .............................. 18

7. Dislexia – Percursos e Materiais… em construção! ................................... 19

8. Dislexia – E agora? .................................................................................... 35

9. Fontes de Consulta .................................................................................... 37

Bibliográficas ............................................................................................................... 37

Webgrafia .................................................................................................................... 38

10. Anexos ....................................................................................................... 39

Trabalhos realizados pelos formandos: ...................................................................... 39

Ligações para outros trabalhos dos formandos: ........................................................ 40

Formandos participantes na elaboração dos conteúdos: .......................................... 40


E-Book – “Dislexia”

Nota Introdutória

Dificuldade é o que
surge logo que se fala de
Dislexia, mas há que
conhecer o outro lado e a
título de exemplo, surgem-
nos alguns nomes que nos
são familiares pela
criatividade, espírito
empreendedor, inteligência
prática e persistência em
alcançar o que alguns recusaram ser possível – ALBERT EINSTEIN, HANS
CHRISTIAN ANDERSEN, LEONARDO DA VINCI, MOZART, JULIO VERNE, PABLO
PICASSO, AGATHA CHRISTIE, STEVEN SPEILBERG, TOM CRUISE, BILL GATES -
entre tantos outros.
Dons é o que vemos claramente quando olhamos para as Vidas destes
homens e mulheres que deixaram uma marca única ou se fizeram notar pela
diferença em relação aos seus pares.
“Ironicamente, a mudança na perceção que pode ocorrer na dislexia é
exatamente o mecanismo que os disléxicos utilizam para reconhecer objetos
na vida real e eventos no seu envolvimento. E fazem-no melhor do que outras
crianças da mesma idade, muito antes de começarem a aprender a ler” (Cruz,
2000). De facto, estas crianças podem manifestar muitas outras características,
tais como:
 Elevada consciência do seu envolvimento
 São mais curiosas do que a maioria das outras crianças
 São altamente intuitivas e perspicazes
 Pensam principalmente através de imagens e não de palavras
 Pensam e percebem de um modo multidimensional, pois usam todos os
sentidos com muita acuidade
 Podem controlar pensamentos, usando-os como realidade
 Têm uma imaginação viva

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E-Book – “Dislexia”

É claro que ter dislexia não torna génios todos os disléxicos mas é
importante para a autoestima de todos eles, saber que as suas mentes
funcionam de maneira diferente e que podem fazer coisas que a maioria dos
comuns mortais, terão dificuldade ao longo da vida.
Por esta razão, torna-se fulcral uma mudança na perspetiva e análise
destas situações, mudança essa que para existir, exige como primeiro passo
um conhecimento preciso do que é “ter dislexia”.
As reflexões e orientações que se seguem destinam-se a docentes, pais
e outros interessados que procuram saber mais e a melhor forma de ajudar
positivamente os alunos com dislexia.

Ercília Castanheira
(Formadora)

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E-Book – “Dislexia”

1. Ser Disléxico

Quando a vergonha se instala e não se sabe o porquê…

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E-Book – “Dislexia”

2. Dislexia – o que se sabe e o que se investiga….

As competências da leitura e escrita são


consideradas como objetivos fundamentais de
qualquer sistema educativo, funcionando como um
trampolim para as restantes aprendizagens.

O estudo das dificuldades de leitura e escrita,


em geral e da dislexia, em particular, vem suscitando
desde há muito tempo, o interesse de psicólogos, professores, e outros
profissionais que procuram investigar os fatores implicados no sucesso
educativo e nas dificuldades de aprendizagem.

A Dislexia não reúne o consenso dos vários investigadores, pois alguns


limitam-na às dificuldades específicas ou intrínsecas à pessoa que aprende e
outros, alargam-na às dificuldades gerais ou extrínsecas, tendo em conta a
nossa pesquisa, nem a própria etimologia do termo dislexia é consensual.

Cruz (2007, 205) salienta: “o termo dislexia refere-se a distúrbios na


leitura ou a distúrbios na linguagem”, sendo constituído pelos radicais «dis» e
«lexia»; o primeiro significa distúrbio ou dificuldade, e o segundo significa
leitura no latim e linguagem no grego”. Já Ribeiro & Baptista (2006, 36)
apontam apenas para os radicais gregos, «dys», um mau funcionamento, e
«lexis», tratamento de palavras, o que resultará em “dificuldades de
aprendizagem”.

De acordo com o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa (2002), a


palavra dislexia tem origem nas partículas gregas “dús”, que significa
«dificuldade, perturbação» e léksis + ia, que significa «ação de falar, elocução,
léxico», tendo por base o verbo lego - «escolher, reunir, proferir, falar, ler». Na
esteira da Associação Internacional de Dislexia e do National Institute of Child
Health and Human Development – NICHD, surge Shaywitz (2006, 43), que
refere a dislexia como “uma deficiência inerente a um componente específico
do sistema de linguagem: o módulo fonológico”.

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E-Book – “Dislexia”

Mas também refere a incapacidade de leitura tendo em conta a passagem do


texto para o seu significado, como ilustra a figura número dois.

A dislexia é extremamente frequente, não tendo porém, os mesmos


valores, em todos os países, porque varia de acordo com a “ consistência
ortográfica” de cada língua. Por exemplo, na Finlândia há menos disléxicos do
que nos países de língua inglesa, dado que no finlandês há uma
correspondência direta entre os sons e as letras, mas o mesmo não sucede
com o inglês. O português tem um grau intermédio de transparência da
ortografia, pelo que as nossas crianças se deparam com dificuldades maiores
no processo de alfabetização do que as crianças espanholas ou finlandesas.

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E-Book – “Dislexia”

Os disléxicos têm dificuldade na consciência fonológica, isto é, em


compreender que as palavras são divisíveis ou compostas por sons (fonemas),
como peças de uma construção, e que essas peças são utilizadas na estrutura
de novas palavras. Sendo por vezes o seu maior problema a discriminação
destas unidades mínimas da Língua quando ouvem ou leem uma palavra.
O desenvolvimento da consciência fonológica é muito importante para a
aprendizagem da leitura e da escrita, e é formada antes das crianças iniciarem
a escolaridade, podendo ser trabalhada já no ensino Pré-escolar, através das
brincadeiras da linguagem, como os versos e rimas, trocadilhos, cantigas e
lengalengas. Em Portugal existe um método para trabalhar estes aspetos,
elaborado por Terapeutas da Fala – Método DOLF e que é acessível a ser
trabalhado por outros técnicos como as Educadoras.

Outros autores consideram a dislexia um dom, no mais verdadeiro


sentido da palavra: uma habilidade natural, um talento. Alguma coisa
especial que engrandece o indivíduo. Ronald D. Davis ( 2004) encara a dislexia
através deste novo paradigma: um dom. Em “O Dom da Dislexia” (Ronald D.
Davis, 2004) mostra que o disléxico, com a sua extraordinária habilidade de
pensar, principalmente em imagens, necessita que o ajudem a desenvolver
esse Dom, pois os problemas na escola com a leitura, a escrita, a ortografia,
a matemática, a troca de letras e a lentidão são apenas um dos lados da
dislexia. Assim, ele defende que este transtorno da linguagem e da escrita
pode ser um Dom e apresenta um programa de exercícios que permitem
controlar os efeitos da dislexia.

Com base no progresso das investigações, começa a emergir um


consenso mais abrangente em relação à definição de dislexia: “é uma
perturbação neuro-desenvolvimental, de origem biológica, com impacto no
processamento da linguagem, que envolve uma série de manifestações
clínicas. Existem provas da existência de uma base genética e cerebral e é
evidente que as manifestações se estendem para além dos problemas a nível
da linguagem escrita”

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E-Book – “Dislexia”

Mediante um grande esforço, os disléxicos podem aprender a conviver


com as suas dificuldades e, se lhes forem dadas condições para uma
reeducação adequada, irão desenvolver estratégias que compensarão o seu
empenho, facilitando-lhes desse modo, a vida académica.

3. As dificuldades - Porque Eu SEI ...apesar de não conseguir !!!

Os pais, os educadores e os professores são


normalmente os primeiros a perceberem as
dificuldades da criança quer seja na aprendizagem,
quer seja ao nível do comportamento. Algumas
dessas caraterísticas poderão estar presentes num
quadro de dislexia.

Durante a Educação Pré-Escolar, embora não se


possa falar de Dislexia, podem estar presentes
alguns indicadores que os pais e educadores
deverão ter em atenção e que merecem desde logo, uma intervenção
adequada às necessidades da criança, porque mesmo sem saber porquê, a
criança começa a recusar certas tarefas que não consegue realizar tão bem,
como os seus pares e, passa a ficar em desvantagem, em termos do seu
desenvolvimento futuro.

Dificuldades verificadas já no Jardim de Infância

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E-Book – “Dislexia”

Já no 1º ciclo do Ensino básico há que prestar particular atenção às


crianças que se atrasam na aquisição dos mecanismos da leitura e escrita logo
no 1º ano de escolaridade, particularmente a partir do 1º período escolar e às
que mantém dificuldades na precisão da leitura, cometendo erros por trocas,
omissões ou outras e mantendo uma velocidade de leitura baixa em relação às
crianças do seu grupo etário e nível de escolaridade.

Dificuldades em se Dificuldades na Melhores


expressar consciência resultados na
fonológica matemática

Confunde Dificuldades em Dificuldades na


instruções orais reter informação lateralidade e
oral orientação espacial

Dificuldades em Copia mal e com Lentidão na


saber o alfabeto erros ortográficos execução das
e na leitura tarefas escritas

No prosseguimento de estudos, os alunos com dislexia, dos 2º/3º ciclos,


embora possam atingir notas para irem transitando de ano, tendem a mostrar
cada vez mais desinteresse pela escola, nomeadamente nas tarefas
académicas e por isso, agravar alguns dos problemas que já vinham revelando:

 Tendência a apresentação descuidada dos trabalhos/testes/cadernos;


 Escrita desordenada e incompreensível e por vezes de tamanho
reduzido;
 Nunca gostam de ler em voz alta, perante a turma
 Permanência de erros ortográficos: omissões, alterações e adições;
 Dificuldade em redigir, planificar ou relatar factos mesmo oralmente;
 Grande dificuldade na aprendizagem de línguas estrangeiras;
 Dificuldades em executar instruções orais, ou estar atento a períodos
longos de apresentações orais;
 Melhoria na compreensão leitora mas insuficiente;
 Aversão a atividades de leitura e escrita;
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E-Book – “Dislexia”

 Problemas de comportamento e por vezes inibição progressiva nas


aulas.
 Por vezes inicia estados depressivos e isola-se mesmo dos amigos e
colegas.

E as dificuldades na maioria das vezes não andam dissociadas de


outras problemáticas, podendo a Dislexia coexistir com:

DISGRAFIA - Perturbação na
componente motora do ato de
escrever, provocando compressão e
cansaço muscular, que por sua vez
são responsáveis por uma caligrafia Disortografia -conjunto de erros da
deficiente, com letras pouco escrita que afetam a palavra mas
diferenciadas, mal elaboradas e mal não o seu traçado ou grafia. É a
proporcionadas, substituições e incapacidade de estruturar
alterações nas linhas de base. gramaticalmente a linguagem,
podendo manifestar-se no
desconhecimento ou negligência das
regras gramaticais, confusão nos
artículos e pequenas palavras, e
Discalculia - dificuldades na leitura, escrita e
troca de plurais, falta de acentos ou
compreensão de números ou símbolos, compreensão de
erros de ortografia em palavras
conceitos e regras matemáticas, memorização de factos ou
correntes ou na correspondência
conceitos ou no raciocínio abstrato. Podem ainda estar
incorreta entre o som e o símbolo
associadas dificuldades em aprender a ver as horas ou lidar
escrito, (omissões, adições,
com o dinheiro, memorizar as tabuadas, os meses e dias da
substituições, etc.)
semana e ler dados de uma tabela ou consultar horários.

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E-Book – “Dislexia”

4. Dificuldades do foro emocional


E quando ninguém me entende e me consideram “preguiçoso” ???

Perfil emocional de uma criança com dislexia

Fraco rendimento escolar

Insegurança e vergonha do fracasso

Reduzida autoestima

Ansiedade em situações de avaliação

Autoculpabilização

Frustração por não conseguir bons resultados

Alterações no comportamento: problemas psicossomáticos

Défice de atenção

Reduzida motivação e empenho nas atividades

“Ao longo desta formação, concluímos que a problemática da dislexia


acarreta angústias no aluno disléxico e na respetiva família, refletindo-se esta,
principalmente, no fraco rendimento escolar.
Tomámos consciência que a Dislexia, acarreta igualmente, problemas
emocionais e psicossomáticos nos alunos, muitas das vezes, difíceis de
diagnosticar e de tratar. Encontramo-nos, agora, mais despertas para o tipo de
dificuldades que os alunos encontram ao longo do seu percurso escolar e mais
capazes de utilizar materiais didáticos específicos para os alunos com este
transtorno.”
Docente da turma ES Cartaxo

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E-Book – “Dislexia”

5. As preocupações dos pais e dos docentes, quanto ao


diagnóstico / apoio

Podemos
suspeitar da presença
da dislexia desde cedo,
principalmente no início
da escolaridade básica,
quando a leitura e escrita são formalmente apresentadas à criança.
Um diagnóstico mais preciso é feito a partir do 2º ano, após dois anos de
aprendizagem da leitura. Mas havendo sinais de dificuldades nas áreas de
linguagem, um atendimento adequado deve ser iniciado logo no Pré-escolar.

Todas as famílias têm, expectativas sobre os seus filhos, assim, ter um


filho que não corresponde ao que dele se espera em termos de resultados
académicos, não é simples. O psicólogo educacional e os técnicos de
educação especial e reabilitação devem em primeiro lugar, confirmar o
diagnóstico e definir as dificuldades que a criança apresenta, para depois, as
trabalhar de forma lúdica, através de materiais atraentes e utilizando técnicas
multissensoriais, “seduzindo” a criança para o mundo da leitura e da escrita.
É competência da equipa multidisciplinar criada para este efeito, nos
agrupamentos de escolas, proceder à realização de uma observação do caso,
na sequência da referenciação (efetuada pelo encarregado de educação ou
outros intervenientes diretos na vida da criança, por exemplo docentes,
psicólogos ou médicos). Esta observação dá obrigatoriamente origem a um
Relatório Técnico-Pedagógico por referência à CIF.
As escolas são autónomas nas suas decisões, desde que as articulem
com o encarregado de educação respetivo. Toda a informação recolhida no
exterior, serve para complementar o processo, mas não é, de todo, vinculativa.
Naturalmente que os órgãos competentes das escolas podem recorrer a
serviços externos para a obtenção de informação que considerem necessária.

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E-Book – “Dislexia”

Para perceber um pouco melhor esta organização retirámos um


esquema do livro Educação Especial, manual de apoio à prática, do Ministério
da Educação, bastante elucidativo no que diz respeito aos passos que se dão
quando um aluno é referenciado.

Os alunos com dislexia podem estar ou não ao abrigo de medidas do


Decreto-lei nº3/2008, uma vez que este se aplica a alunos que apresentem
necessidades educativas especiais de caracter permanente, e a dislexia não
sendo considerada deficiência, é uma dificuldade específica na aprendizagem
que se assume como definitiva, nos seus efeitos ao longo de toda a
escolaridade.

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E-Book – “Dislexia”

Assim, os alunos com dislexia, dependendo da gravidade da situação e


das suas implicações na atividade e participação escolar, poderão estar
abrangidos pelas medidas do Regime educativo especial do Dec-lei acima
referido.

Após terem sido acionados os mecanismos para o acompanhamento do


aluno a nível escolar, depois da elaboração do referido Relatório Técnico-
Pedagógico, há que avaliar a necessidade de intervenção por parte de outros
profissionais, nomeadamente, do psicólogo clínico ou do psicólogo
educacional, do terapeuta da fala e do professor do ensino especial, pois
embora a base cognitiva da dislexia seja um défice fonológico é frequente a
comorbilidade com outras perturbações: perturbação da atenção com
hiperatividade, perturbação específica da linguagem, discalculia, perturbação
da coordenação motora, perturbação do comportamento, perturbação do
humor, perturbação de oposição e desvalorização da autoestima.
A equipa multidisciplinar, incluindo psicólogo e terapeuta da fala, inicia a
investigação detalhada e verifica a necessidade do parecer de outros
profissionais, como o neurologista, oftalmologista e outros, conforme o caso. É
muito importante o parecer da escola, dos pais, o levantamento do histórico
familiar e a evolução do aluno.

Outros fatores deverão ser


descartados, como défice intelectual,
disfunções ou deficiências auditivas e
visuais, lesões cerebrais (congénitas e
adquiridas), desordens afetivas anteriores
ao processo de fracasso escolar (com
constantes fracassos escolares o disléxico
irá apresentar prejuízos emocionais, mas
estes são consequências, não causa da
dislexia).

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E-Book – “Dislexia”

Não existe um teste único de dislexia.


O diagnóstico deve ser realizado por profissionais treinados, empregando-se
uma série de testes e observações, em geral, trabalhando em equipa
multidisciplinar, que analisará o conjunto de manifestações e dificuldades.
Testes auditivos e de visão podem, no entanto, ser os primeiros a serem
solicitados.

Na avaliação diagnóstica podem aplicar-se diversos testes, nomeadamente:

Para os Pais e alunos com Dislexia o fundamental não é chegar ao


diagnóstico mas o que acontece para lá desse diagnóstico. Sobre a reflexão
tida pelos docentes, durante a realização destas Oficinas, sobre esta matéria,
considera-se fundamental implementar respostas adequadas e urgentes:

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E-Book – “Dislexia”

Mas a Dislexia exige novos paradigmas em termos de ensino-


aprendizagem, uma nova forma de olhar para estes alunos, tão cheios de
potencialidades, mas que pela sua diferente estrutura cerebral e orientações
metodológicas e curriculares, sempre ficam em desvantagem face aos seus
colegas de turma.

6. Dislexia – Um desafio aos Docentes ….e às Escolas.

Os alunos com Dislexia perdem a confiança em si próprios, o que gera


uma baixa autoestima, sendo esse o maior e o mais comum dos problemas
emocionais que os disléxicos enfrentam e que pode levar a frustrações,
preconceitos e sentimentos de incapacidade.
Um diagnóstico rigoroso, preciso e precoce, ajudará a uma intervenção
atempada e adequada que auxiliará a criança e a família a ultrapassarem as
dificuldades iniciais e a aprenderem a melhor forma de lidar com elas.

Nas escolas portuguesas, pela falta de equipas multidisciplinares e


muitas delas sem serviço de Psicologia, ainda se atribui ao docente de
Educação Especial uma multiplicidade de tarefas, nomeadamente, nesta área,
para que encontre as soluções necessárias à progressão do(s) aluno(s).
Contudo, o docente de Educação Especial não pode nem deve, por si
só, assumir tal papel, mas antes contribuir ativamente para a diversificação e
mobilização de estratégias e métodos educativos de forma a que todos os
docentes envolvidos, possam promover o desenvolvimento e a aprendizagem
dos alunos, colaborando com todos na flexibilização e gestão dos currículos e a
sua adequação às capacidades e interesses dos alunos.
Porque não bastará a estes alunos ter apoio de educação especial ou
reforço pedagógico a algumas disciplinas, há toda uma pedagogia na arte de
ensinar alunos com dislexia e isso exige formação de todos – docentes e pais.
Estas oficinas contribuíram para a discussão de algumas destas
questões e desenvolver algumas ferramentas /estratégias que pudessem ser
tão uteis em sala de aula, quanto em situação de apoio.

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E-Book – “Dislexia”

Elaboraram-se alguns folhetos informativos para Pais, Docentes e outros


técnicos bem como alguns percursos e estratégias que foram e podem ser,
aplicadas em sala de aula. Em cada Agrupamento de Escolas deveria haver
um gabinete especializado nesta temática, para poder organizar informação
/formação dirigida a todo o corpo docente, bem como recursos de apoio para
alunos e pais.
Alguns dos materiais desenvolvidos tiveram como finalidade agendar
algumas ações neste sentido, por parte dos docentes envolvidos.

7. Dislexia – Percursos e Materiais… em construção!

O que é
ensinar?

O que é
aprender?

Imagens da Oficina de Formação

É nossa convicção que as dificuldades de leitura e de escrita podem ser


compensadas através de um ensino adequado e de qualidade, e de um
programa de reeducação individualizado, intensivo e sistemático conduzido por
profissionais especializados.

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E-Book – “Dislexia”

Segundo Torres e Fernandez a intervenção, para ser eficaz, deve


procurar restaurar o processo que se encontra em risco ou deficitário. A
intervenção neste caso deve assumir um carácter individual, dado que cada
aluno com dislexia é diferente de todos os outros.

A reeducação deve ser planificada com base nas perturbações


específicas que o aluno apresenta e sobretudo e, o mais importante é conhecer
as potencialidades do aluno e fomentá-las.

No trabalho de reeducação, é essencial aumentar a motivação e a


autoconfiança do aluno, uma vez que a frustração que ocorre frequentemente,
leva a uma baixa na autoestima e interesse pela escola.

 Assim, quando temos um aluno com dislexia, devemos trabalhar com a


turma, esta problemática, de modo a que os outros alunos não considerem
as adaptações curriculares dos colegas como um privilégio, mas como um
direito. Assim, toda a turma poderá fazer um trabalho de investigação, por
exemplo:

Formam-se diversos grupos,


Apresenta-se uma lista de personagens conhecidas (Einstein, Tom
Cruise, Michael Jordan, Bill Gates…)
Cada equipa escolhe uma personagem e faz um trabalho de pesquisa
sobre a mesma.
Posteriormente, estes trabalhos serão apresentados à turma;
Explica-se que o motivo desta iniciativa que é dar a conhecer figuras
relevantes, em diferentes áreas e em que todos têm em comum “ A
DISLEXIA”.
Desta descoberta poderá surgir um debate entre todos com o objetivo de
dar a conhecer e respeitar este tipo de transtorno. Também será muito
positivo para a autoestima do aluno com dislexia saber que famosos de
grande prestígio têm em comum a mesma problemática.

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E-Book – “Dislexia”

Para se poder intervir eficazmente nas dificuldades apresentadas pelos


alunos com Dislexia/Disortografia é preciso, a exemplo do que refere a
brochura do Ministério da Educação, sobre o ensino da leitura/escrita:

 “Intervir de forma eficaz nos problemas de leitura/ortografia exige que o


professor avalie, com rigor, a que nível se encontra a dificuldade de
leitura/ortográfica colocada pela palavra e ainda não ultrapassada pelo
aluno. Não chega dizer que uma criança tem problemas de leitura/
ortografia”.

 Para uma evolução satisfatória é conveniente trabalhar em estreita


colaboração entre todos (escola/técnicos) os que se ocupam da
reeducação. Desta forma existirá uma coerência na intervenção, e tanto o
aluno como o professor sairão beneficiados.
Exemplo: tentar estar informado sobre as estratégias, técnicas de estudo,
método de leitura utilizado, material, (pode-se dar o caso em que o aluno na
escola está a trabalhar a acentuação e na terapia está a começar a
distinguir os sons dos grafemas).

Na sala de aula há que


estimular a participação destes
alunos que normalmente se
inibem de participar por saberem
as dificuldades que têm e para
evitar comentários
inconvenientes dos colegas.
Pode e deve ser sempre
mobilizada a colaboração dos
seus pares, para a ajuda nas mais diversas situações: situar a página da
manual pedida pelo docente; empréstimo de apontamentos para copiar os
que porventura não tenha tido tempo de passar do quadro; leitura em voz
alta, a pares; estudo ou realização de trabalhos em conjunto.

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E-Book – “Dislexia”

 Ter em atenção que os textos indicados devem ser adequados ao nível do


leitor, sendo benéfico que o mesmo possa ser escolhido pelo aluno. Sendo
o principal objetivo o de conseguir que o aluno com dislexia, comece a
sentir curiosidade e motivação pelo mundo das letras (lembrar que para um
aluno disléxico torna-se muito complicado ler e ter uma compreensão do
texto ao mesmo tempo), seja através de banda desenhada, revistas ou de
livros.
Se o material disponibilizado está acima das suas capacidades leitoras,
o que conseguiremos é alimentar a sua fobia e frustração em relação à
leitura.
É importante adequar também o corpo de letra e o espaçamento do
texto, dado que um disléxico ao ler, o faz muito mais lentamente, fazendo
um considerável esforço para realizar a tarefa.

 Na hora de dar uma explicação oral, usar uma linguagem direta, clara e
objetiva e verificar se o aluno entendeu e reteve a informação.

 Observar como ele faz as anotações no quadro e auxiliá-lo a organizar-se.


Muitos alunos com dislexia podem ter alterações ao nível da perceção
auditiva pelo que podem ser minimizadas, quando a exposição da
informação é feita com suporte visual.
Ao passar a informação do quatro, muitos alunos não conseguem
transcrever tudo pois são bastante mais lentos a copiar que os seus
colegas.

 A execução de uma tarefa escrita pode levar mais tempo, por apresentar
dificuldade quanto à coordenação, orientação e mapeamento espacial e
dificuldades na gestão do tempo, entre outras razões.

 O docente deve estar atento na hora da leitura, porque estes alunos inibem-
se ao ler em voz alta, perante a turma, dado os possíveis erros que
cometem.

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E-Book – “Dislexia”

Quadro resumo – Erros na Leitura (Adaptado de Lopes, 2001, 129 e Rocha, 2004, 48)

 Em vez da leitura individual, pode sugerir-se leitura a pares, leitura


alternada ou dar-lhe com antecedência (dia anterior) o texto para que sem
pressões, possa trabalhá-lo em casa e desta forma sentir-se mais seguro.

 Realizar mapas mentais, é uma das estratégias que ajudará estes alunos a
relacionar novos conceitos com os conhecimentos já adquiridos e a
organizarem a matéria em estudo. Podem ser utilizados em todas as
disciplinas e desta forma reúnem a informação mais relevante de cada
matéria a estudar. (Mapas mentais de Toni Bouzan).

 Ensinar e construir com os alunos - Apresentação de


Mapa Mental na
Mapas mentais - permite Oficina de Formação
sistematizar o essencial da matéria
e mobiliza as redes neuronais, para
relacionar conteúdos e domínio de
novas ferramentas incluindo as TIC,
ferramentas muito importantes para
estes alunos.

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E-Book – “Dislexia”

Segue-se um exemplo de um trabalho efetuado, no âmbito destas


Oficinas de Formação, por uma Formanda que conjuntamente com o grupo
turma, realizou numa das aulas previstas e, para consolidação da matéria, um
Mapa Mental que no relato da docente, constituiu um momento muito
interessante de aprendizagem e partilha de saberes.

Mesmo sem o domínio de muitas ferramentas, aproveitando os materiais


existentes e a colaboração dos alunos, conseguiu motivá-los para a construção
de saberes que todos possuem e que constituem um ótimo incentivo às
aprendizagens.

Trabalho: Elaboração de um mapa mental-Disciplina de História e


Geografia de Portugal – Conteúdo: Aproveitamento dos recursos naturais e
atividades económicas – 5º ano de escolaridade.

Elaborar um mapa mental significa ainda relacionar informação, apresentando de forma


organizada os conceitos principais e pouco exigentes ao nível da sintaxe (campo um “pouco
dramático” para alunos com dislexia).
Docente da turma ES Cartaxo

Dislexia e Disortografia Página 24 de 41


E-Book – “Dislexia”

 Normalmente as crianças/jovens que sofrem de dislexia, THDA apresentam


défice de atenção e por esse motivo,
necessitam mudar de atividades com
mais frequência que o resto dos seus
pares, independentemente do ciclo em
que se encontrem (Pré-primária, 1º, 2º
e 3º ciclo e secundário), uma vez que o
esforço que realizam é esgotante e o
seu limiar de fadiga costuma ser muito
baixo.

É, também, aconselhável fazer, com este tipo de alunos, períodos de


descanso mais frequentes pois, caso contrário o seu nível de dispersão
aumenta e, é-lhe mais difícil manter-se na tarefa ou realizá-la
adequadamente.

 Ter em conta que levará mais tempo a fazer os trabalhos de casa,


cansando-se 4 vezes mais que outro qualquer aluno nas tarefas de leitura-
escrita. Devemos estar
conscientes desta realidade e não
marcar TPC nos dias em que
tenham consultas/terapias, sendo
que nos restantes dias o número
de exercícios/ atividades devem
ser ajustados às suas dificuldades
e necessidades.

Dislexia e Disortografia Página 25 de 41


E-Book – “Dislexia”

 Lembrar que o seu problema de


memória e de compreensão
atrapalha a retenção da matéria por
via oral e que toda a aprendizagem
se fará melhor com referências
visuais e/ou auditivas.

 Permitir-lhe aprender de forma


significativa com os meios que tiver ao seu alcance: jogos, letras móveis,
computador, calculadora e experiências manipulativas… ajuda-o a alcançar
as mesmas metas dos seus pares e reforça-o sob o ponto de vista da
autoestima.

 Valorizar os progressos do aluno de acordo com o interesse, a dedicação e


o esforço realizado e nunca avaliar os seus conhecimentos a partir do nível
médio da turma.

Em jeito de conclusão, consideramos que uma boa


relação entre o professor, a escola e a criança é de
grande importância para o aumento da autoestima e a
recuperação das suas dificuldades.
Docente da turma ES Cartaxo

O papel do professor de Educação Especial é olhar para cada aluno


com dificuldades e compreendê-las, avaliá-las e proporcionar a cada um, as
ferramentas necessárias para melhorar as suas competências. Não havendo
cura para a dislexia, podemos sempre compensar e contornar os seus
sintomas, de forma a tornar a problemática mais confortável na convivência do
disléxico consigo próprio e com os outros.
Devemos pensar em estratégias para quem aprende e nessa medida
Nisbett & Shucksmith (1987) e Danserau (1985), citados por Pozo (1995),
citados por Alencar, Carneiro e Alencar no X Congresso Internacional Galego-
Português de Psicopedagogia, em Braga, organizado pela Universidade do
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E-Book – “Dislexia”

Minho, 2009, referem as estratégias de


aprendizagem como sendo “sequências
integradas de procedimentos ou atividades que
se escolhem com o propósito de facilitar a
aquisição, armazenamento e/ou utilização da
informação”.
A adequação de estratégias/atividades ao
aluno disléxico, passa muito por entender que o
aluno tem uma história de desenvolvimento única
e que aprende também de maneira diferente.

 Deteção de erros a partir de documentos autênticos e sugestões de


estratégias e materiais a aplicar neste caso

Partindo de textos autênticos redigidos por uma aluna do 10º ano de


escolaridade do ensino regular, referenciada pelo Decreto- Lei 3/2008, fizemos
o levantamento e a identificação do tipo de erros encontrados, com base no
documento “Indicadores de Dificuldades Disortográficas” fornecido pela
formadora.

A partir das dificuldades detetadas nos referidos textos,

 começamos por perceber o fenómeno dando-lhe um nome (esta é, para


nós, a estratégia mais importante, isto é, sem compreender o
fenómeno não se conseguirá definir estratégias funcionais/pragmáticas
que consigam resolver/suavizar o problema-dificuldade)

 traçamos alguns percursos de intervenção que podem ajudar a aluna e


outros alunos disléxicos que se apresentam com problemas
semelhantes.

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E-Book – “Dislexia”

Os textos A e B que se seguem, são documentos autênticos escritos por uma aluna do
10º ano de escolaridade, referenciada com dislexia.

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E-Book – “Dislexia”

I -Tipologia de erros encontrados

 Levantamento e correção dos erros encontrados nos textos A e B

Texto A- Lista de erros encontrados no seu texto “Página de um diário” :

Linha 3: “á” / “sentime” / “porcura”- em vez de: “à”/”senti-me”/”procura”.

Linha 5: “entervalos” – em vez de:”intervalos”.

Linha 6: “aconheram-me” / “fesme” “tam” (bem) / “secanhar” –em vez de:

“”acolheram-me” / “fez-me / “tão” / “se calhar”.

.Linha 9: “interecantes” / “ pendendo” - em vez de: “interessantes” / “dependendo”.

Texto B- Lista de erros encontrados no seu texto “O homem” (resumo do conto


de Sofia de Mello Breyner Andresen):

.Linha 4:“os homen”/“enpurando”/“atraz”- em vez de ”os homens”/“empurrando”/


”atrás.

.Linha 7: “um homen” – em vez de “um homem”.

.Linha 8: “home” / “entam” – em vez de: “homem” / “então”.

.Linha 9:“homen” / (virar para) “traz” / “homen” - em vez de : “homem” / “trás” /


“homem”.

. Linha 11: “lenbrou-se”- em vez de “lembrou-se”.

. Linha 12: “deichando-se”/“multidam” / “adudar” / “homen” / “receu-o” / (es)”tivesse”-


em vez de : “deixando-se” / “multidão”/ “ajudar” /”homem”/”receio”/”estivesse”.

. Linha 13: (ele) “caio”- em vez de: “caiu”.

. Linha 15: “escoria” (sangue) - em vez de :”escorria”.

. Linha 16: “inpedia” / “anbulância”- em vez de: “impedia”/”ambulância”.

. Linha 17: “conseguio” / “cheguar”- em vez de : “conseguiu”/”chegar”.

. Linha 18: “preocupem-se”- em vez de “preocupam-se”.

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E-Book – “Dislexia”

II - Observação e análise destes dados de acordo com os “Indicadores de


dificuldades disortográficas”

Uma vez que o documento utilizado foi “Indicadores de dificuldades


disortográficas”, os números que antecedem cada tipo de erro corresponde aos
que figuram no mesmo (doc fornecido pela Formadora):

- 3. Omissões: omite sílabas inteiras “(de)pendendo”- revela dificuldades linguístico


percetivas.

- 9. Inversões: Inverte grafemas em sílabas mistas – “porcura” (procura”- revela


dificuldades linguísticopercetivas.

- 14. Substituições: substitui letras semelhantes visualmente -“homen” (homem) -


troca as duas consoantes nasais n/m – revela dificuldades visuoespaciais.

- 16. Confusões: confunde palavras com fonemas que admitem dupla grafia: “fes”
(fez), “atráz” (atrás), “virar para traz” (virar para trás) – revela dificuldades na
consciência fonológica e gráfica e de contexto.

- 17. Confusões: confunde situações de palavras com fonemas que admitem duas
grafias em função das vogais – “cheguar” (chegar).

- 19. Dificuldade em associar grafema-fonema: “aconheram-me” (acolheram-me),


“secanhar” (se calhar) - revela dificuldade na perceção de diferentes, contudo
próximos, pontos de articulação na realização dos fonemas.

- 20. Une ou separa palavras: “secanhar” (se calhar), “fesme” (fez-me)

- 23. Não escreve m antes de p e b: “lenbrou-se” (lembrou-se), “inpedia” (impedia),


“anbulância” (ambulância) – revela desconhecimento de exceções às regras gráficas.

- 24. Não aplica casos especiais como s/ss/ç: “interecante” (interessante) - revela
dificuldades na consciência fonológica e gráfica.

- 27. Generaliza regras de ortografia: “(ele)caio” (caiu), (conseguio” (conseguiu) –


revela dificuldades em diferenciar ditongos orais de hiatos.

Em suma, esta aluna manifesta dificuldades do tipo:

a) linguístico percetivas quando inverte (9), omite (3), substitui fonemas/grafemas (14)
ou tem dificuldades na consciência fonológica;

b) visuoespaciais quando confunde ou substitui s-z-x/j/nh-lh (16,19);

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E-Book – “Dislexia”

III - Intervenção a fazer, de acordo com os dados da avaliação

a) Na oralidade:

Algumas das estratégias a aplicar pelos docentes passam pelo cuidado


a ter na oralidade: falar com clareza; monitorizar o seu discurso quando
dialogam com a aluna disléxica; ter paciência e calma para repetir sempre que
necessário e fazer com que se autocorrija sempre que repete mal e estimulá-la
a expressar-se oralmente ainda que se sinta algumas dificuldades, corrigindo-a
e certificando-se que ela repita corretamente, quando em trabalho
individualizado.

 Na leitura, dar-lhe o modelo de leitura expressiva; permitir-lhe que siga o


texto com o dedo ou usar régua para cobrir as restantes linhas; ler as
palavras complexas ao mesmo tempo que ela e fazê-la repetir a palavra,
separando-a por sílabas, escrevendo-a em seguida.

 Propor: leitura de textos curtos acompanhados de questionários simples


para controlo da compreensão; resumos de textos por parágrafos; que leia
e sublinhe os ditongos nasais, que complete as palavras, como por
exemplo, com “nh” ou “lh”, “r” ou “rr”, que as leia e que escreva depois
frases com essas palavras, fazendo previamente e de forma oral a
expansão dessas mesmas frases.

b) Na escrita:

A aluna confunde os sons e o significado de grande número de palavras;


mesmo conhecendo as regras, quando precisa de as aplicar fica insegura e
troca-as;

 O professor deve fazer fichas de palavras onde a aluna treine e memorize


regras e situações de contexto que lhe permitirão consolidar o
conhecimento ainda não adquirido. Os erros devem ser trabalhados por
contraste e em simultâneo. (ex: as/sa; pre /per).

 De seguida, apresentamos um modelo de fichas que podem ser utilizadas


para resolver algumas das dificuldades detetadas e referidas anteriormente.

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E-Book – “Dislexia”

As fichas são meros exemplos práticos que não dispensam a


repetição oral das palavras e das sílabas, em trabalho autocorretivo, pela
aluna.

Um exemplo de ficha de
ortografia corretiva

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E-Book – “Dislexia”

 Escolhemos, para este exercício, letras tridimensionais de material plástico


colorido contendo um íman, que vulgarmente se fixam na porta do
frigorífico. Estas letras são habitualmente usadas para as lições de leitura
de crianças do 1.º Ciclo «enquanto se faz o jantar». Tais letras serão de
tipos, corpos e cores diferentes a fim de que a letra seja identificada como
um objeto por via multissensorial.
Baseados na ideia de que o disléxico aprende melhor “fazendo do que
ouvindo, lendo ou vendo fazer” o aluno será convidado a compor sílabas
particularmente difíceis: aquelas que incluem uma consoante como t ou p
seguido de r e de vogal ou uma consoante seguida de vogal e r.
Estas sequências surgem em diversas palavras e são frequentemente
mal grafadas, e/ou fonte de hesitação e angústia, mesmo por alunos não
disléxicos (– LOBO ANTUNES, 2009).
Podem observar-se em pares como perfeito/prefeito, pretérito/*pertérito,
pretendente/*pertendente, preconceito/*perconceito…

Tendo ímanes, as letras serão afixadas no quadro branco, disponível em


todas as salas de aula, da maioria das escolas.
Em seguida, ao aluno será pedido que complete a palavra grafando com
o marcador grosso as sílabas restantes, de modo a completar a palavra.
Não é demais salientar a importância do uso de ferramentas de escrita
espessas, dado que à dislexia e disortografia estão frequentemente
associadas dificuldades a nível da perceção visual e motricidade. Não há
muito tempo era recomendado que aos alunos disléxicos fosse fornecido
um tubo portagiz ou um marcador enrolado em fio que, por sua vez, seria
coberto com fita cola para que o movimento da escrita se tornasse, assim,
mais largo. Pelos mesmos motivos, o uso do quadro era recomendado, em
detrimento do papel.

preconceito/perconceito
pretendente/pertendente

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E-Book – “Dislexia”

Em sequência, o professor alterará a ordem das letras ímanes,


discutindo com o aluno a correção ou incorreção da nova palavra.
De novo se deslocarão as letras ímanes para uma zona do quadro que
esteja ainda em branco e nova palavra será produzida.

 Uma outra dificuldade ortográfica recorrente é a grafia das terminações


das terceiras pessoas do plural dos verbos. Aqui o problema está na
hesitação: será «eles foram» ou «eles forão»? «Eles fizeram» ou «eles
fizerão»? E será «eles faram» ou «eles farão»? Aqui a nossa proposta é a
seguinte: ao aluno será pedido que escreva o radical da palavra e faça uma
pausa. Depois escolherá a terminação que lhe parecer mais correta,
colocando as letras ímanes, que estarão previamente alinhadas ao lado nas
duas combinações possíveis.

eles faram eles farão

Esta foi uma estratégia simples, usada numa turma especial, composta por
alunos entre os 12 e os 18 anos que coloca ao docente algumas preocupações de
motivação e interesse, pelo que a reeducação se espera uma tarefa difícil, senão
impossível.

Docente da turma ES do Cartaxo

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E-Book – “Dislexia”

8. Dislexia – E agora?

Durante esta Oficina de Formação


foram sendo visionadas partes deste filme
que motivou algumas das reflexões
surgidas em torno da complexidade que é
ter um filho disléxico na escola, sem
conseguir atingir os níveis de sucesso que
são inerentes às expectativas dos pais,
quando estes enviam os seus filhos à
escola.

Recomenda-se vivamente que o mesmo possa também ser visionado


pelos pais, cujas crianças e jovens vêm somando fracassos e rejeição em
relação às aprendizagens.

http://www.youtube.com/watch?v=6rxSS46Fwk4

Decidimos frequentar a Ação de Formação” Intervenção e reeducação


pedagógica no âmbito da Dislexia e Disortografia”, pois desejamos
adquirir competências para conhecermos melhor as dificuldades que as
crianças disléxicas, e os seus pais, sentem ao longo do seu percurso
escolar e tentarmos ajudá-los nesse percurso, minimizando os
resultados escolares menos bons, os sentimentos de inferioridade e de
incapacidade.

Psicóloga e Docente EE – turma da ES Azambuja

Todas as famílias têm, expectativas positivas sobre os seus filhos,


assim, ter um filho que não corresponde, não é simples e acarreta muitos
sofrimentos, procura por respostas que nem sempre se encontram e aumento
das tensões familiares.
Os pais e encarregados de educação precisam de informação adequada
nestas e noutras situações, para saberem o que se passa com os seus
educandos e a melhor forma de os acompanhar no seu percurso escolar.

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E-Book – “Dislexia”

Após terem sido acionados os mecanismos para o acompanhamento do


aluno a nível escolar, e depois da elaboração do Relatório Técnico-
Pedagógico, há que avaliar a necessidade de intervenção por parte de outros
profissionais.
O psicólogo clínico deverá intervir na área do apoio psicológico ao jovem
e sua família, pois normalmente a família está fragilizada e a criança/ jovem
pode apresentar perturbação do comportamento, do humor, de oposição e
baixa autoestima. Os fatores motivacionais são igualmente importantes no
desenvolvimento da capacidade leitora dado que a melhoria desta competência
está altamente relacionada com o querer, com a vontade de persistir, pese
embora, as dificuldades sentidas e a não obtenção de resultados imediatos.
Por outro lado estes alunos apresentam estilos de aprendizagem que
exigem estratégias adequadas de ensino em conformidade com as
características da sua aprendizagem, bem como um treino mais intensivo em
termos de estudo e organização dos seus tempos de estudo.

CONSELHOS / ESTRATÉGIAS PARA AJUDAR O SEU FILHO:

 Ajude-o na organização do tempo:


 Utilizar um caderno/ agenda para tomar nota dos deveres;
 Registar as datas importantes num calendário;
 Fazer uma lista de tarefas a realizar e os prazos para a realização das
mesmas;
 Elaborar um horário de trabalho;
 Colabore na organização do estudo:
 Fazer rascunhos;
 Elaborar e rever esquemas:
 Reforçá-lo positivamente quando conclui as tarefas com sucesso;
 Incentivá-lo a rever as matérias e não deixar tudo para a véspera dos
testes;
 Fazer perguntas, oralmente, sobre as matérias que são objeto de
avaliação;
 Não facilite e não seja benevolente, o aluno disléxico tem as mesmas
capacidades que outro aluno

[…] não podemos deixar de considerar a família como um dos


principais fatores de intervenção e de influência no processo de
desenvolvimento e de aprendizagem. (TAVARES e ALARCÃO, 1985)

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E-Book – “Dislexia”

9. Fontes de Consulta

Bibliográficas

Além dos documentos fornecidos no decurso das sessões presenciais e via Moodle pela
formadora, foram utilizadas as seguintes obras:

Correia, Luís (1999). “Alunos com NEE nas Classes Regulares”. 1- Coleção Educação
Especial. Porto: Porto Editora.
Correia, J. A. (2003). A Construção Politico-Cognitiva da exclusão social no campo
Educativo. In Rodrigues, D. (org.) (2003). Perspetivas sobre Inclusão. Da Educação à
Sociedade. Porto: Porto Editora.
Castanheira, Ercília Textos e materiais de Apoio.2013/2014
Correia, L. (2005). “A Escola Contemporânea, os Recursos e a Inclusão de Alunos com
Necessidades Educativas Especiais. Atas do Encontro Internacional Educação”.
Correia, L. M. (2008). “Inclusão e Necessidades Educativas Especiais” - Um guia para
educadores e professores (2ª edição, revista e ampliada). Porto: Porto Editora.
Costa, M.E. (2003). Gestão de Conflitos na Escola. Lisboa: Universidade Aberta
Leitão, F. R. (2010). Valores Educativos, Cooperação e Inclusão. Salamanca: Luso-
Española de Ediciones.
Dicionário Geral das Ciências Humanas, (dir. THINES, G. e LEMPEREUR, Agnés),
Lisboa, Edições 70, [1984].
Lilian j. Meyer Riveros, Fabrício da Silva Soares, Elizabeth Munzlinger, “Sistema
especialista: uma base para o pré-diagnóstico da dislexia “
Lobo Antunes, Nuno, Mal-entendidos, Lisboa, Verso de Kapa, 6.ª edição, 2012 (1.ª edição:
2009).
Tavares, José e Alarcão, Isabel, Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem,
Coimbra, Livraria Almedina, 1985.

SOTA MARTINS, A., (2008), A Escola e a escolarização em Portugal: representações dos


imigrantes da Europa de leste, Lisboa, ACIDI
C. ALVES-PINTO E M. TEIXEIRA, (org.), (2003), Pais e Escola - parceria para o sucesso,
Porto ISET
Declaração de Salamanca, 1994, Editada pela UNESCO. Pesquisado em
http://redeinclusao.web.ua.pt/files/fl_9.pdf, consultado em 25-02-2012
AMBRÓZIO, C., RIECHI, T., BRITES M., JAMUS, D., PETRI, C., ROSA, FAJARDO,
(s/d), NEUROPSICOLOGIA TEORIA E PRÁTICA, ENEC. Pesquisado em
www.proec.ufpr.br e consultado em 25-02-2012.
FARIA, LUISA e FIGEIREDO, HELENA, V Congresso Galaico-Portugues de
Psicopedagogia - Coruña & Santiago de Compostela, 20-23 de Setembro de 2000, pp. 933-
939. Pesquisado em hpp://ruc.udc.es/dspace/bitstream/2183/6788/1/RGP_6-115.pdf,
consultado em 07-05-2012
Fonseca, V. (2004). Insucesso Escolar – abordagem psicopedagógica das Dificuldades de
Aprendizagem. Lisboa: Âncora Editora
F. (2004). Lado a Lado – experiências com a dislexia. Lisboa: Texto Editora
Cruz, V. (2007). Uma abordagem cognitiva da leitura. Lisboa: Lidel
Nielsen, L. (1999). Necessidades Educativas Especiais na Sala de Aula. Um guia para
Professores. Porto: Porto Editora
Rocha, B. P. (1991). A Reeducação da Criança Disléxica. Lisboa: Editora Echer.
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E-Book – “Dislexia”

Webgrafia

http://unesdoc.unesco.org/images/0013/001393/139394por.pdf

http://www.drealg.min-edu.pt/upload/docs/dsapoe_ee_cif_cj_manual.pdf

http://www.europarl.europa.eu/meetdocs/committees/empl/20011023/451792PT.pdf

http://www.european-agency.org/publications/flyers/lisbon-declaration-young-peoples-

views-on-inclusive-education

http://www.dyslexia-reading-well.com/assistive-technology-for-dyslexia.html

http://www.ige.min-

edu.pt/upload/AEE_2008_DRLVT/AEE_08_Agr_Jose_Relvas_R.pdf

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E-Book – “Dislexia”

10. Anexos

Trabalhos realizados pelos formandos:

 Folhetos informativos para pais e docentes

 Blogs onde organizaram alguma informação dispersa, sobre a temática


da dislexia
 Instrumentos a usar na sala de aula

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E-Book – “Dislexia”

Ligações para outros trabalhos dos formandos:

 Trabalho “ Medidas legislativas e avaliação específica”


 http://prezi.com/di_n55qrw__0/dislexia/

 Blog Materiais sobre Dislexia


 http://materiaisdislexia.blogspot.pt/

 Blog sobre “Recursos para a Dislexia”

 http://recursosdislex.blogspot.pt/

 Folheto Informativo para Pais

 Folheto sobre Sinais de Alerta

 Folheto sobre Disortografia

 Folheto sobre “Dislexia”

 Criação de Mapa Mental

 Produção de texto – O Tesouro

 Caracterização de um caso e materiais de apoio

 Guia para Professores

 Construção Fonológica

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Formandos participantes na elaboração dos conteúdos:

Turma - Escola Secundária de Azambuja

Ana Luísa Brigantim Pereira Bochicchio


Ana Maria Ferreira Dias
Cláudia Isabel dos Santos Arsénio Malandras
Eugénia Maria Ribeiro Diniz
Georgina Vieira Leal
Helena Maria Pinto Martins da Fontoura
Margarida Maria Santos Coelho Martinho
Maria de Fátima Farinha Silva
Maria Isabel Fernandes Damião
Rafael Luís Marçal Severino
Márcia Judite Pereira de Castro Barroso Soares Alves

Turma - Escola Secundária do Cartaxo

Alcínia Fernanda de Figueiredo


Ana Cristina Tavares da Fonseca
Ana Paula Gonçalves Pacheco Lains
Cristina Maria Mascarenhas Cavaco Neto
Margarida Pereira Duarte
Maria do Rosário Feteira de Carvalho
Maria Helena Godinho da Silva Sousa
Maria Helena Guilherme Gustavo
Maria Irene da Costa Mascote Silva Coelho
Maria José Negreira Magalhães
Rui Albano Duarte
Sandra Marina Coelho Piscalho de Paula
Sofia Amélia de Barros Doutel
António Oliveira Gonçalves Lopes

Organização dos conteúdos


Ercília Maria Marques da Cruz Castanheira (Formadora)

Colaboração na edição
Pedro Oliveira (Engenheiro informático)

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