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5) Diabetes e Depressão

A Diabetes mellito é um distúrbio do metabolismo que afeta primeiramente os açúcares (glicose e


outros), mas que também tem repercussões importantes sobre o metabolismo das gorduras (lípides) e
das proteínas. Muita gente pensa que diabetes é apenas um probleminha de açúcar alto no sangue.
Infelizmente, não é bem assim.
Diabetes é uma doença que, hoje em dia, oferece boas possibilidades de controle, Porém, se não for
bem controlada, acaba produzindo lesões graves e potencialmente fatais, como o infarto do miocárdio,
derrame cerebral, cegueira, impotência, nefropatia, úlcera nas pernas e até amputações de membros.
Por outro lado, felizmente, quando bem controlada, as complicações crônicas podem ser evitadas e o
paciente diabético pode ter uma qualidade de vida normal.
A causa dessa grave alteração do metabolismo dos açúcares na diabetes é conseqüência da
produção e secreção insuficiente de insulina pelo pâncreas. A insulina é um hormônio que se
encarrega de reduzir os níveis de glicose no sangue, é sintetizada no pâncreas por uma estrutura que
se chama Ilhota de Langerhans. A causa da falência na produção ou no modo de atuação desse
hormônio não é bem conhecida ainda, mas já se sabe que existem implicações genético-hereditários.
A importância dos fatores hereditários foi suspeitada em estudos com gêmeos idênticos e com a
árvore genealógica de pacientes com diabetes. Descobriram que a hereditariedade é um fator
importante em ambos os tipos de diabetes. No diabetes tipo 1, há cerca de 50% de probabilidade de o
segundo gêmeo vir a desenvolver essa condição, se o primeiro gêmeo já a tiver. Um filho de pai
diabético tem 5% de probabilidade de desenvolver a doença. No caso da diabetes tipo 2, se um dos
gêmeos idênticos aparecer com a doença, é virtualmente certo que ela vai também se manifestar no
outro gêmeo.
Depressão e Diabetes
Segundo o Dr. Marcio Versiani (citado por Sandra Malafaia), existem várias explicações para essa
freqüente associação entre as duas patologias. Para ele, 20% da população em geral apresentam
depressão e os pacientes diabéticos têm ainda maior chance, pois o diabetes mexe com o equilíbrio
hormonal podendo causar um estado depressivo. Em situações de estresse, também há um aumento
na secreção de alguns hormônios, principalmente o cortisol, que age contra a insulina e ajuda a
manifestar o diabetes (veja Suprarrenal e Estresse).
A prevalência de depressão em portadores de diabetes é cerca de 2 a 4 vezes maior que na
população geral, podendo afetar até 30% dos diabéticos e uma metanálise confirmou o risco duplicado
de depressão em diabéticos, além de demonstrar que mulheres diabéticas têm um risco maior de
depressão (28%) que homens diabéticos (18%) (Anderson e cols. 2003). Outros fatores de risco
descritos são o estado civil solteiro, o menor nível educacional e dificuldades financeiras.
De fato, a depressão no paciente diabético parece ser uma condição prevalente e universal. A etiologia
e fisiopatologia dessa comorbidade permanecem ainda desconhecidas, mas provavelmente, trata-se
de uma condição bastante complexa. Existem fatores biológicos, genéticos e psicológicos envolvidos
nessa questão. Foram identificadas diversas anormalidades neuroendócrinas e de neurotransmissores
comuns à depressão e a diabetes, transformando a depressão em um potencial agente interativo com
a diabetes em múltiplos níveis (Lustman et al, 2000).
Em termos práticos, é importante saber que as pessoas que tem diabetes e também são deprimidas
sofrem muito mais do que as que têm apenas diabetes. Com a depressão a qualidade de vida piora
muito, os custos médicos bem mais elevados e há maiores possibilidade de complicações do diabetes,
notadamente das doenças cardíacas.
Embora os dados na literatura sejam controversos, estudos recentes mostram que a depressão agrava
o curso da diabetes em vários aspectos. No paciente deprimido há, por exemplo, um pior controle da
dieta, do uso da medicação, dos cuidados gerais cotidianos, levando a uma piora da qualidade de vida
e da evolução da doença. Por outro lado, inversamente, o controle irregular da diabetes pode agravar

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a depressão e prejudicar a resposta aos tratamentos antidepressivos (Lustman e Clouse 2005).


Estudos sobre disfunção cognitiva em diabéticos controlados e não-controlados sugerem que os
pacientes com bom controle glicêmico têm um risco menor para desenvolver déficits cognitivos ao
longo do envelhecimento.
Conforme estudou Clouse (2003), constata-se que os efeitos protetores contra a doença coronariana
naturais do sexo feminino, são diminuídos ou praticamente anulados na presença do diabetes. A
incidência em dobro da depressão nas pacientes diabéticas explicariam a altíssima prevalência de
coronariopatias em mulheres com diabetes.
Há, sem dúvida, uma interação psicológica e comportamental entre o diabetes e a depressão, e
ambos passam a ser de controle mais difícil, aumentando os riscos das duas doenças. As
complicações da diabetes dizem respeito aos problemas cardiovasculares, retinopatia diabética
levando a cegueira, neuropatia, e a outras. Um dos inconvenientes de não se tratar a depressão do
diabético é o sintoma do desencantamento para com a vida, proporcionando assim uma baixa
aderência ao tratamento do diabetes, controle inadequado dos níveis de açúcar no sangue, bebidas
em excesso e aumento do risco de complicações da doença.
O início mais precoce da diabetes e o mau controle da glicemia aumentam o risco de depressão e
doença cerebrovascular levando a um impacto nas funções cognitivas com maior risco de declínio
cognitivo ao envelhecer (Awad e cols. 2004).
Em nosso meio, Martins e cols (2002) estudaram a prevalência de depressão em mulheres diabéticas
na pós-menopausa em hospital do Rio Grande do Sul. Comparando 80 mulheres com diabetes e 45
mulheres sadias através do questionário de depressão de Beck, observaram que as mulheres
diabéticas tinham uma prevalência 2,4 vezes maior de depressão em comparação com as não
diabéticas. Subdividindo o grupo das diabéticas naquelas com e sem depressão, constataram que
aquelas com depressão apresentavam um pior controle do quadro de diabetes, com elevação de
glicemia de jejum e de hemoglobina glicosilada.
Ricco e cols. avaliaram em 2000 a prevalência de depressão em portadores de diabetes e hepatites
virais de ambulatórios da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto, SP. Usando o questionário
de Beck, encontraram sintomas de depressão em 68% dos diabéticos e em 31% dos portadores de
hepatites virais. Gilmer e cols. (2005) estudaram o impacto de doenças cardiovasculares, hipertensão
arterial, depressão e valor da hemoglobina glicosilada (HbA1c) no custo do tratamento da diabetes.
Incidência de Depressão e Ansiedade na Diabetes
A literatura existente sugere que transtornos de ansiedade estão associados com o hiperglicemia em
pacientes diabéticos, tipo 1 ou 2, em 12 estudos de uma meta-análise realizada por Anderson e col.
(2002). Dezoito estudos que envolveram uma população de 2584 diabéticos e 1492 sem diabetes
encontraram 14% de ansiedade em não diabéticos contra 40% nos diabéticos (Grigsby, 2002).
Outra meta-análise realizada por de Groot em 2001, verificou que a depressão foi associada
significativamente com uma variedade de complicações da diabetes, tais como, a retinopatia diabética,
nefropatia, neuropatia, complicações macrovascular e disfunção sexual, portanto, constatando uma
associação significativa e consistente de complicações da diabetes e de sintomas depressivos.
No estudo de Anderson (2001) também se constata que a probabilidades de depressão no grupo
diabético foi duas vezes maior que aquela do grupo não-diabético. A prevalência de depressão como
comorbidade foi significativamente mais elevado nas mulheres diabéticas (28%) do que nos homens
diabéticos (18%). Concluíram que a presença de diabetes dobra as probabilidades de depressão. Igual
resultado, mostrando que a depressão é associada à hiperglicemia nos pacientes com diabetes tipo 1
ou tipo 2 foi confirmada por Lustman e cols em 2000.
Segundo ainda Lustman e cols, em outro trabalho (1997), o Transtorno Depressivo estava presente
em 15% a 20% dos pacientes com diabetes. Confirmando o curso da doença diabética, mesmo após o
tratamento bem sucedido para depressão, e a depressão apresenta recorrência em 80% desses
casos.

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Alguns Agravantes da Depressão e da Diabetes


O diagnóstico de depressão no paciente diabético é dificultado pela presença de vários sintomas
físicos decorrentes do diabetes, os quais também podem ser indicativos de depressão. A perda de
peso, as modificações do apetite, diminuição da libido e outros, são sintomas que podem ser referidos
pelo paciente diabético sem que, necessariamente, ele esteja deprimido. Dessa forma, o exame clínico
deve se concentrar nas queixas psíquicas, tais como, tristeza, desesperança, perda do prazer,
sentimentos de culpa, autodepreciação, apatia, desinteresse, desânimo.
Primeiramente, a possibilidade de depressão no paciente diabético não foge às regras da
possibilidade de depressão em outras pessoas não diabéticas, ou seja, devemos contar com o
elemento constitucional e hereditário.
Em segundo, a própria situação existencial de uma pessoa que sofre uma doença crônica, algo
limitante, é um fator facilitador para o estado depressivo. Essa situação existencial do diabético
propensa à depressão varia na medida das limitações impostas pela doença e, mais importante,
agrava-se na proporção das complicações típicas da diabetes, como por exemplo, o comprometimento
visual, renal, circulatório, etc.
Um dos atenuantes, entretanto, também é a maneira como médico aborda o paciente e conduz seu
tratamento. Proporcionar condutas alternativas que minimizem as limitações, programas para melhoria
da qualidade de vida, controle assíduo, explanações otimistas, terapias de grupo e vigilância
continuada no controle da depressão.
Lin e cols. (2004) fizeram um levantamento através de questionário sobre a influência de depressão
nos cuidados que o paciente tem com seu diabetes. Houve uma associação entre a depressão e
diminuição da atividade fisica, descuido com a dieta e menor adesão aos tratamentos
medicamentosos com antidiabéticos orais, anti-hipertensivos e redutores de colesterol. Os autores
concluem que os pacientes diabéticos e deprimidos apresentam menor iniciativa para cuidar
corretamente de sua doença, negligenciando na adesão aos cuidados gerais de saúde e ao
tratamento medicamentoso.
Fisiopatologia
A via fisiológica final e comum entre diabetes e depressão seria o eixo hipotálamo-hipófise-supra-renal,
o qual estaria muito sensível na resposta do organismo ao estresse, com aumento de liberação de
glicocorticóides, catecolaminas e hormônio do crescimento e glucagon, os quais se contrapõem à ação
da insulina. Haveria um estado de hiperglicemia induzido por esses fatores (Musselman e cols. 2003).
O aumento do cortisol relacionado à depressão poderia ainda induzir à obesidade abdominal e à
síndrome metabólica, fatores de risco para o diabetes (Brown e cols. 2004). Prestele e cols. (2003)
aventam a hipótese de que a normalização do eixo hipotálamo-hipófise-supra-renal levaria à melhora
dos sintomas depressivos e do diabetes.
Estudos de neuroimagem funcional demonstram que os pacientes com depressão apresentam
alterações no transporte de glicose no cérebro, levando a um prejuízo da entrada de glicose nas
células (Musselman e cols. 2003). Estes e outros estudos demonstram que a depressão não é apenas
uma conseqüência psicológica do diabetes, mas tem em comum com esta algumas alterações
metabólicas relacionadas ao complexo metabolismo da glicose.
Tratamento de Manutenção
Os pacientes diabéticos e depressivos necessitam de tratamento continuado tanto para uma patologia
quanto para outra. Lustman (1997) acompanhou por 5 anos 25 pacientes diabéticos, os quais tinham
sido submetidos a um tratamento antidepressivo durante 8 semanas e considerados bem, segundo
critérios do DSM-III-R, e uma escala da severidade do depressão.
Piette e cols. (2004) estudaram as necessidades de tratamento de portadores de diabetes com
depressão. Salientam que é necessário um monitoramento ativo de sintomas depressivos nesses
pacientes, já que eles podem não distinguir sintomas depressivos de sintomas de diabetes.
Além disso, consideram importante conciliar o tratamento da depressão com o do diabetes, incluindo

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medidas de terapia cognitivo- comportamental, tanto para a depressão como para o diabetes, de modo
a melhorar tanto o quadro depressivo, como o diabetes. Atividade fisica deve ser incentivada, pois
promove tanto a melhora do quadro depressivo, como auxilia na estabilização do quadro metabólico.
Houve recorrência da depressão em 92% dos pacientes, com uma média de 4,8 episódios depressivos
neste período de 5 anos. Nenhum deles havia tomado medicação de manutenção profilática, daí a
necessidade de tratamento de manutenção e continuado.
Ballone GJ - Diabetes e Depressão, in. PsiqWeb, Internet, disponível em
http://www.virtualpsy.org/psicossomatica/diabetes.html, revisto em 2005.

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