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Orientador(s):Carlos Vainer
ETTERN/IPPUR
carlosvainer@ippur.ufrj.br
Palavras-chave:
Conflitos urbanos. Maré. Necropolítica. Violência.
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REVISTA DO CFCH • UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
ISSN 2177-9325 • www.revista.cfch.ufrj.br
Edição Especial SIAC 2017
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Observatório de Conflitos Urbanos na Cidade do Rio de Janeiro. Disponível em:
<http://www.observaconflitosrio.ippur.ufrj.br/site/>. Acesso em: 29 set. 2017.
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ISSN 2177-9325 • www.revista.cfch.ufrj.br
Edição Especial SIAC 2017
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ISSN 2177-9325 • www.revista.cfch.ufrj.br
Edição Especial SIAC 2017
O recorte temporal da pesquisa remeteu ao intervalo entre 1993 até 2017, quando
foram registrados 58 conflitos no total, sendo esses divididos entre cinco tipos de
conflitos que se manifestaram no local: segurança pública (44), saúde (1), moradia (10),
educação (2) e água (1).
O bairro Maré é controlado por três grupos criminosos que territorializam o
espaço, sendo necessário entender que a dinâmica da vivência local está atrelada à
sociabilidade política construída por esses grupos, e, numa relação de poder, essas
facções possuem influência suficiente para coibir a manifestação de um conflito que
possa prejudicar as relações políticas, territoriais e econômicas de setores da Maré. O
silenciamento de determinados conflitos pode ser entendido como uma medida de
sobrevivência, pois moradores e criminosos dividem o mesmo espaço, porém, com
assimetrias de poder que fazem com que a fala dos moradores seja sobrepujada pelo
medo e violência dos criminosos, ou, dos agentes de segurança pública.
Predominam na Maré os conflitos associados à segurança pública, onde foram
registrados 44 conflitos. Tal primazia revela que a maior violência que o Estado pratica
no local é através dos agentes de segurança pública. Para entender essa lógica, é preciso
atar na discussão o ordenamento socioterritorial a partir das demandas levantadas pela
conjuntura política que imprimem no espaço urbano as relações capitalistas de
produção, onde a segregação e a contenção das favelas são formas de valorização do
espaço físico e social da cidade “formal”. Nesse sentido, a segurança pública é uma das
políticas de manutenção da estrutura de poder vigente, evitando a manifestação de
grupos contestatórios. Mesmo com o contexto de violência na Maré, os múltiplos atores
locais se manifestaram e fizeram uso de distintas formas de protesto.
A espacialização dos conflitos na Maré aponta para uma distribuição de conflitos
que está atrelada à duas variáveis: contingente demográfico e comércio, e são nas
localidades da Maré com maior número de habitantes e comércios que acontecem
conflitos com maior frequência. Segundo o Censo de Empreendimentos Maré, em
termos demográficos, a Vila do Pinheiro, Nova Holanda e Vila do João são
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REVISTA DO CFCH • UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
ISSN 2177-9325 • www.revista.cfch.ufrj.br
Edição Especial SIAC 2017
Referências bibliográficas
MBEMBE, Achille. Necropolítica. Artes & Ensaios, Rio de Janeiro, n.32, p. 123-151,
dez 2016.