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PÓS-GRADUAÇÃO
Disciplina
Direito de Família e das Sucessões em uma Visão Multicultural
Autor
César Calo Peghini
2
Índice ÍNDICE
Tema 01: Mediação no Direito de Família: Teoria e Prática. Contratos, Direito de Família e 06
Direito das Sucessões
Tema 02: Direito Penal e Direito de Família. Lei Maria da Penha: Questões Teóricas e 20
Práticas
Tema 03: Questões Notariais e Registrais Relativas ao Direito de Família e das Sucessões 38
3
4
APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA
A presente disciplina tem por escopo a análise o Direito de Família e das Sucessões em
uma visão multicultural.
Assim, serão analisadas inicialmente questões modernas como Mediação no Direito de Família:
teoria e prática. Contratos, Direito de Família e Direito das Sucessões.
Em continuidade elementos emblemáticos como o Direito Penal e Direito de Família. Lei Maria
da Penha: Questões Teóricas e Práticas e questões Notariais e Registrais relativas ao Direito de
Família e das Sucessões também serão estudados.
Por fim, não obstante a proteção Familiar, em especial os aspectos quanto à proteção do idoso e
da criança e adolescente também terão suas considerações.
5
TEMA 01
Mediação no Direito de Família: Teoria
e Prática. Contratos, Direito de Família e
Direito das Sucessões
6
LEGENDA
DE ÍCONES
Início
seções
Vamos
pensar
Glossário
Pontuando
Verificação
de leitura
Referências
Gabarito
7
Aula 01
Mediação no Direito de Família: Teoria e Prática.
Contratos, Direito de Família e Direito das
Sucessões
Objetivos
Ora, não raro ocorrem perguntas, consultas, inúmeros “e se?” desde familiares até vizinhos,
colegas entre outros ao jovem operador do direito.
Destarte, muito embora haja oportunidades infindáveis para sanar conflitos atinentes à família,
a advocacia é por deveras árdua neste ramo, pois trata intimamente com o subjetivo de cada
cliente, e esta tarefa, não é fácil1.
Ademais não há previsão processual capaz de sanar todas as lides que abarcam a matéria,
dependendo claramente da técnica do patrono da ação, o qual acima de tudo deve orientar
de forma clara acerca de todas as possibilidades de ganho ou perda da pretensão de seu
cliente2.
Outrossim, importante seja realizada uma tentativa de composição entre as partes, o que não
depende do advogado necessariamente, e sim das partes optar por tal solução consensual.
1 TARTUCE, Fernanda. Processo civil Aplicação ao Direito de Família. Rio de Janeiro: Forense: São Paulo: Método,
2012, p. 1.
2 TARTUCE, Fernanda. Processo civil Aplicação ao Direito de Família. Rio de Janeiro: Forense: São Paulo: Método,
2012, p. 1.
8
Aula 01 | Mediação no Direito de Família: Teoria e Prática. Contratos, Direito de
Família e Direito das Sucessões
Pois, muitas vezes a relação está tão desgastada e a verdade está verificadamente distorcida
que inevitável é o desdobramento sintomático no processo judicial3.
Portanto, nessa esteira, para as partes, há opção na via consensual em resposta à via
contenciosa uma alternativa de solução de autocomposição de ampla aplicação nas
questões familiares, quais sejam a mediação e a conciliação4, medidas estas consagradas
pelo novo CPC/2015.
Dessa maneira o facilitador da comunicação não deve ser apenas um advogado, mas sim
também das diversas áreas do conhecimento, pois de acordo com o caso concreto, poderá
melhor auxiliar as partes6.
3 TARTUCE, Fernanda. Processo civil Aplicação ao Direito de Família. Rio de Janeiro: Forense: São Paulo: Método,
2012, p. 15.
4 TARTUCE, Fernanda. Processo civil Aplicação ao Direito de Família. Rio de Janeiro: Forense: São Paulo: Método,
2012, p. 28.
5 TARTUCE, Fernanda. Processo civil Aplicação ao Direito de Família. Rio de Janeiro: Forense: São Paulo: Método,
2012, p. 29.
6 Disponível em: <http://sergiooliveiradesouza.jusbrasil.com.br/artigos/152372717/mediacao-judicial-no-direito-de-
-familia?ref=topic_feed>. Acesso em 15/4/2016.
“A mediação de conflitos pode ocupar-se de qualquer conflito: comunitário, ecológico, empresarial, escolar, familiar, pe-
nal, civil, direitos do consumidor, trabalhistas, políticas e diplomáticas, etc. Contudo deve-se respeitar à ordem pública e
às leis vigentes - dever de velar para que eventual acordo entre os envolvidos não viole a ordem pública, nem contrarie
as leis vigentes”.
9
Aula 01 | Mediação no Direito de Família: Teoria e Prática.
Contratos, Direito de Família e Direito das Sucessões
Os interessados, tidos como partes, são assistidos por um mediador qual se presta como
um facilitador da comunicação.
No novo CPC/2015 desde a parte geral, ou das normas fundamentais do processo civil, já se
verifica sua aplicação no art. 3º, vejamos:
A finalidade do mediador trata em restaurar as condições das partes, para um diálogo eficiente,
podendo resultar em acordo7.
Consiste a mediação numa técnica alternativa para levar as partes rumo à solução consensual,
10
Aula 01 | Mediação no Direito de Família: Teoria e Prática. Contratos, Direito de
Família e Direito das Sucessões
Tanto é verdadeira a afirmação de que é indispensável abrir canais de facilitação que entre
os arts. 165 a 175, verifica-se um Seção inteira do CPC/2015 nesse sentido, ademais
procedimentalmente é imperioso desejar ou não, a conciliação ou a mediação, na primeira
oportunidade que se apresenta a lide, ou seja na petição inicial, e na defesa pelo réu, conforme
asseveram os arts. 334 a 341, ato o qual será repetido na audiência de instrução e julgamento
pelo juiz, conforme se verifica no art. 359, do mesmo Codex.
8 DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 10ª. ed. – São Paulo: RT, 2015, p. 65.
9 TARTUCE, Fernanda. Mediação nos conflitos civis. Rio de Janeiro: Forense: São Paulo: Método, 2008, p. 278.
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Aula 01 | Mediação no Direito de Família: Teoria e Prática.
Contratos, Direito de Família e Direito das Sucessões
Uma pequena observação se faz neste momento, se depreende ao longo da presente aula
que numa situação qual respeitada às exigências legais, as partes podem convencionar
da melhor forma acerca de seus direitos, inclusive acerca de direitos indisponíveis, sem a
necessidade da intervenção Estatal.
Ora, ao invés de acelerar a resolução de um conflito, a nova lei obriga a judicialização, isto
porque deverá ser homologado por um juiz, tudo aquilo que versar sobre direito indisponível.
Isso implica dizer que numa lide, que foi liquidada nas vias consensuais, deverá ainda sim ser
a chancela do Poder Judiciário para ter validade.
Siaba Mais
Acerca do tema dissertado sobre a nova Lei de Mediação, acesse: <http://www.conjur.com.br/2015-jul-13/
entrevista-maria-berenice-dias-advogada-direito-familia>
10 TARTUCE, Fernanda. Mediação nos conflitos civis. Rio de Janeiro: Forense: São Paulo: Método, 2008, p. 278.
11 TARTUCE, Fernanda. Mediação nos conflitos civis. Rio de Janeiro: Forense: São Paulo: Método, 2008, p. 280.
12 Acesso em: 15/04/2016. Disponível em: <http://www.conjur.com.br/2015-jul-13/entrevista-maria-berenice-dias-
advogada-direito-familia>
12
Aula 01 | Mediação no Direito de Família: Teoria e Prática. Contratos, Direito de
Família e Direito das Sucessões
Em continuidade, é nítida a importância de uma mediação bem conduzida, tanto é assim, que
Fernanda Tartuce que por meio das conversas promovidas pelo mediador, há a possibilidade
em focar a pretensão das partes, eliminando resistências indevidas de despropositadas as
quais insurgiram apenas por fatores subjetivos estranhos à causa13.
13 TARTUCE, Fernanda. Mediação nos conflitos civis. Rio de Janeiro: Forense: São Paulo: Método, 2008, p. 281.
14 TARTUCE, Fernanda. Mediação nos conflitos civis. Rio de Janeiro: Forense: São Paulo: Método, 2008, p. 282.
15 Acesso em 15/04/2016. Disponível em: <http://sergiooliveiradesouza.jusbrasil.com.br/artigos/152372717/mediacao-
-judicial-no-direito-de-familia?ref=topic_feed>
16 Acesso em 15/04/2016. Disponível em: <http://sergiooliveiradesouza.jusbrasil.com.br/artigos/152372717/mediacao-
-judicial-no-direito-de-familia?ref=topic_feed>
13
Aula 01 | Mediação no Direito de Família: Teoria e Prática.
Contratos, Direito de Família e Direito das Sucessões
Portanto, os meios alternativos de solução de conflito são muito mais eficientes, pois os
melhores juízes são as partes e o conflito pode ser resolvido por elas.
Pontuando
• Introdução
Glossário
14
Verificação
de leitura
Questão 1 INDIQUE A ALTERNATIVA CORRETA Questão 3 INDIQUE A ALTERNATIVA CORRETA
15
Verificação de Leitura
16
Referências
AZEVEDO, Álvaro Villaça. Curso de Direito Civil: Direito de Família. 1. Ed.. Atlas. São Paulo. 2013.
BEVILAQUA, Clovis. Direito das Sucessões. Rio de Janeiro: ed. Rio, 1978.
COELHO, Fábio Ulhoa. Família e Sucessões: De acordo com o novo divórcio (EC. 66/2010). 4. ed.
- São Paulo: Saraiva, 2011.
DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 10ª. ed. – São Paulo: RT, 2015.
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro: 6. Direito das Sucessões. 27. ed. - São Paulo:
Saraiva, 2013.
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro:Direito das sucessões. 8. ed. - São Paulo:
Saraiva, 2014.
HIRONAKA, Giselda Maria Fernandes Novaes. Comentários ao Código Civil. Coordenação de Antô-
nio Junqueira de Azevedo. São Paulo: Ed. Saraiva, 2003. V. 20.
LISBOA, Roberto Senise. Manual de Direito Civil: Direito de Família e Sucessões. 6. ed – São Paulo:
Saraiva, 2010
TARTUCE, Fernanda. Mediação nos conflitos civis. Rio de Janeiro: Forense: São Paulo: Método,
2008.
_________, Fernanda. Processo civil Aplicação ao Direito de Família. Rio de Janeiro: Forense: São
Paulo: Método, 2012.
TARTUCE, Flávio. Direito Civil: Direito das Sucessões. 7. ed. - São Paulo: Método, 2014.
TARTUCE, Flávio. SIMÃO, José Fernando. Direito Civil: Direito das Sucessões. 3. ed - São Paulo:
Método, 2010.
VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: direito das sucessões. 14. ed. – São Paulo: Atlas, 2014.
17
Gabarito
Questão 1
Resposta: Alternativa C.
Questão 2
Resposta: Alternativa D.
Questão 3
Resposta: Alternativa C.
Questão 4
Resposta: Alternativa D.
Questão 5
Resposta: Alternativa B.
18
19
TEMA 02
Direito Penal e Direito de Família.
Lei Maria da Penha: Questões
Teóricas e Práticas
20
LEGENDA
DE ÍCONES
Início
seções
Vamos
pensar
Glossário
Pontuando
Verificação
de leitura
Referências
Gabarito
21
Aula 02
Direito Penal e Direito de Família. Lei Maria da
Penha: Questões Teóricas e Práticas
Objetivos
Tento em vista a importância histórica, bem como a verificação da instituição familiar como
instrumento fundamental da vida em sociedade, o legislador verifica entre os arts. 235 a 249
do CP, sua proteção1.
Desta forma, sem maiores delongas, os referidos crimes serão estudados pontualmente.
1 DE JESUS, Damásio.Direto Penal: Parte especial. Volume 3.São Paulo: Saraiva, 2015, p. 199.
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Aula 02 | Direito Penal e Direito de Família. Lei Maria da Penha: Questões
Teóricas e Práticas
Referido crime, conforme aponta a doutrina, visa a proteção matrimonial como base
monogâmica2.
Pode ser observado ainda, que o tipo penal é contrair, já sendo casado, já em relação ao
núcleo do tipo é contrair, que significa unir-se com outra pessoa3.
A consumação se verifica com o novo casamento, bem como a tentativa é possível. Por
fim, trata-se a ação é pública incondicionada.
2 DE JESUS, Damásio.Direto Penal: Parte especial. Volume 3.São Paulo: Saraiva, 2015, p. 203.
3 MASSON, Cleber. Código Penal comentado. 3. ed. rev., atual. eampl. - Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO,
2015. P. 238
4 DE JESUS, Damásio.Direto Penal: Parte especial. Volume 3.São Paulo: Saraiva, 2015, p. 207.
5 MASSON, Cleber. Código Penal comentado. 3. ed. rev., atual. eampl. - Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO,
2015. P. 239.
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Aula 02 | Direito Penal e Direito de Família. Lei Maria da
Penha: Questões Teóricas e Práticas
Em continuidade, referido crime, visa evitar a realização de casamentos nulos com base
em impedimento matrimonial conhecido.
Pode ser observado ainda, que o tipo penal é contrair casamento conhecendo impedimento
matrimonial, já o núcleo do tipo é contrair, qual significa unir-se com outra pessoa.
A consumação se verifica com casamento, bem como a tentativa é possível. Por fim, trata-
se a ação penal é publica incondicionada.
Conforme aponta a doutrina, essa regra é especial em relação ao art. 328 do CP que trata
de usurpação pública, e somente será aplicada subsidiariamente quando não houver a
aplicação do último dispositivo citado6.
Pode ser observado ainda, que o tipo penal é se avocar na pessoa de autoridade celebrante,
já o núcleo do tipo é se passar ou atribuir-se na condição7.
A consumação se verifica com a imputação, bem como a tentativa é possível. Por fim,
trata-se a ação é pública incondicionada.
6 DE JESUS, Damásio.Direto Penal: Parte especial. Volume 3.São Paulo: Saraiva, 2015, p. 203.
7 MASSON, Cleber. Código Penal comentado. 3. ed. rev., atual. eampl. - Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO,
2015. P. 240
24
Aula 02 | Direito Penal e Direito de Família. Lei Maria da Penha: Questões
Teóricas e Práticas
A consumação se verifica com a simulação, bem como a tentativa é possível. Por fim,
trata-se a ação é pública incondicionada.
Por fim, conforme ser apercebido o crime se adultério uma faz previsto no art. 240 do
CP, foi revogado pela Lei nº 11.106, de 2005, assim como não há tipificação penal na
modalidade familiar constituída pelos conviventes, ou seja, na união estável.
8 DE JESUS, Damásio.Direto Penal: Parte especial. Volume 3.São Paulo: Saraiva, 2015, p. 229.
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Aula 02 | Direito Penal e Direito de Família. Lei Maria da
Penha: Questões Teóricas e Práticas
Pode ser observado ainda, que o tipo penal composto dar parto alheio como próprio,
registrar como filho seu o de outrem e suprimir ou alterar direito inerente ao estado civil.
Por fim, o tipo penal deixar em asilo de expostos ou outra instituição de assistência filho
próprio ou alheio, ocultando-lhe a filiação ou atribuindo-lhe outra, com o fim de prejudicar
direito inerente ao estado civil’, bem como o núcleo do tipo é deixar9.
Inicialmente, referido crime, conforme aponta a doutrina verifica quatro condutas distintas:
deixar sem justa causa de prover a subsistência do cônjuge e do filho; não pagar pensão
alimentícia; deixar em desamparo ascendente10.
Pode ser observado ainda, que o núcleo do tipo é deixar, ou seja, não atender. A consumação
se verifica a omissão. Por fim, trata-se a ação penal pública.
9 MASSON, Cleber. Código Penal comentado. 3. ed. rev., atual. eampl. - Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO,
2015. P. 242
10 DE JESUS, Damásio.Direto Penal: Parte especial. Volume 3.São Paulo: Saraiva, 2015, p. 239.
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Aula 02 | Direito Penal e Direito de Família. Lei Maria da Penha: Questões
Teóricas e Práticas
b. Entrega de filho menor a pessoa inidônea: art. 245 do CP - Entregar filho menor de
18 (dezoito) anos a pessoa em cuja companhia saiba ou deva saber que o menor fica
moral ou materialmente em perigo: Pena - detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos.
Pode ser observado, que o tipo penal é entregar filho menor de 18 (dezoito) anos a pessoa
em cuja companhia saiba ou deva saber que o menor fica moral ou materialmente em
perigo, já o núcleo do tipo entregar a outra pessoa.
A consumação se verifica com entrega, bem como a tentativa é possível. Por fim, trata-se
a ação é pública incondicionada.
c. Abandono intelectual: art. 246 do CP - Deixar, sem justa causa, de prover à instrução
primária de filho em idade escolar: Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
Por fim, tipo penal é Deixar, sem justa causa, de prover à instrução primária de filho
em idade escolar, já o núcleo do tipo deixar de prover. A consumação se verifica com a
omissão, bem como a tentativa é possível.
Deve ficar claro ainda, que há uma qualificadora, também conhecida como abandono
moral11 prevista no art. 247 do CP no sentido de permitir alguém que menor de dezoito anos,
sujeito a seu poder ou confiado à sua guarda ou vigilância frequente alguns ambientes.
São eles:
A pena no referido caso é de detenção, de um a três meses, ou multa, bem como se trata
de uma ação pública incondicionada.
11 DE JESUS, Damásio.Direto Penal: Parte especial. Volume 3.São Paulo: Saraiva, 2015, p. 253.
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Aula 02 | Direito Penal e Direito de Família. Lei Maria da
Penha: Questões Teóricas e Práticas
Inicialmente, que o tipo penal composto Induzir menor de dezoito anos, ou interdito, a
fugir do lugar em que se acha por determinação de quem sobre ele exerce autoridade,
em virtude de lei ou de ordem judicial; confiar a outrem sem ordem do pai, do tutor ou do
curador algum menor de dezoito anos ou interdito, ou deixar, sem justa causa, de entregá-
lo a quem legitimamente o reclame. Já o núcleo o tipo é induzir, confiar ou deixar de
entregar.
A consumação se verifica com a simples prática das condutas. Por fim, trata-se a ação
penal pública incondicionada12.
b. Subtração de incapazes: art. 249 do CP- Subtrair menor de dezoito anos ou interdito
ao poder de quem o tem sob sua guarda em virtude de lei ou de ordem judicial:Pena -
detenção, de dois meses a dois anos, se o fato não constitui elemento de outro crime.
O tipo penal é Deixar, Subtrair menor de dezoito anos ou interdito ao poder de quem o tem
sob sua guarda em virtude de lei ou de ordem judicial, já o núcleo do tipo é subtrair.
Feitas as anotações acerca dos tipos penais, podem ser pontuados os principais pontos
da Lei Maria da Penha.
12 MASSON, Cleber. Código Penal comentado. 3. ed. rev., atual. eampl. - Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO,
2015. P. 243
28
Aula 02 | Direito Penal e Direito de Família. Lei Maria da Penha: Questões
Teóricas e Práticas
Conforme pode ser apercebido do próprio teor da lei, a mesma cria mecanismos para
coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra a mulher, e estabelece medidas de
assistência e proteção às mulheres nesta situação, ou seja, há uma nítida proteção de um
vulnerável da relação familiar.
Deve ficar claro desde inicio que a referida lei não faz referência a qualquer tipo penal, mas
sim medidas e implementos de proteção à violência doméstica.
Nesse sentido, pontua Maria Berenice Dias13: “A partir da vigência da nova lei, a violência
doméstica não guarda correspondência com quaisquer tipos penais.”
Desta forma, referida lei em seu art. 5°, estabelece o âmbito de proteção que caracteriza
violência doméstica indicando o que segue:
c. âmbito das relações íntimas de afeto, ainda que não haja coabitação e também
os ex-relacionamentos.
c. Sexual: que atente contra na dignidade sexual da mulher. Ex: obrigar a manter
relação, a presenciá-la ou obrigá-la a engravidar, ou a abortar etc.;
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Aula 02 | Direito Penal e Direito de Família. Lei Maria da
Penha: Questões Teóricas e Práticas
Atinente os referidos dispositivos citados, lembra Maria Berenice Dias14: “Estas condutas, no
entanto, mesmo que sejam reconhecidas como violência doméstica, nem por isso configuram
crimes que desencadeiam uma ação penal.”
Por fim, uma dos instrumentos mais importantes são as medidas protetivas que são de duas
grandezas.
Lembra ainda, a legislação que o art. 20 prevê a decretação da prisão preventiva para
assegurar o cumprimento das medidas protetivas.
30
Pontuando
Glossário
Tipo penal: descrição de um fato tido como ilícito pelo Direito Penal.
Usurpação pública: tipo penal segundo o qual o agente atua com dolo e retira vantagem.
31
Verificação
de leitura
Questão 1 INDIQUE A ALTERNATIVA CORRETA Questão 3 INDIQUE A ALTERNATIVA CORRETA
Dos referidos crimes contra o casamento in- Em relação ao casamento, assinale a alter-
dique um deles que atualmente se encontra nativa incorreta:
revogado.
a) prova a sua existência a partir do registro
a) Bigamia em certidão junto ao cartório de Registro Civil
das Pessoas Naturais
b) Adultério
32
Verificação de Leitura
33
Referências
AZEVEDO, Álvaro Villaça. Curso de Direito Civil: Direito de Família. 1. Ed.. Atlas. São Paulo. 2013.
BEVILAQUA, Clovis. Direito das Sucessões. Rio de Janeiro: ed. Rio, 1978.
BIANCHINI, Alice; GOMES, Luiz Flávio. Lei Maria da Penha: aspectos assitenciais, protetivos e cri-
minais. 3. ed. rev., atual. eampl. - Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2015.
COELHO, Fábio Ulhoa. Família e Sucessões: De acordo com o novo divórcio (EC. 66/2010). 4. ed.
- São Paulo: Saraiva, 2011.
DE JESUS, Damásio. Direto Penal: Parte especial. Volume 3 . São Paulo: Saraiva, 2015, p. 253.
DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 10ª. ed. – São Paulo: RT, 2015.
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro: 6. Direito das Sucessões. 27. ed. - São Paulo:
Saraiva, 2013.
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro:Direito das sucessões. 8. ed. - São Paulo:
Saraiva, 2014.
HIRONAKA, Giselda Maria Fernandes Novaes. Comentários ao Código Civil. Coordenação de Antô-
nio Junqueira de Azevedo. São Paulo: Ed. Saraiva, 2003. V. 20.
LISBOA, Roberto Senise. Manual de Direito Civil: Direito de Família e Sucessões. 6. ed – São Paulo:
Saraiva, 2010
MASSON, Cleber. Código Penal comentado. 3. ed. rev., atual. eampl. - Rio de Janeiro: Forense; São
Paulo: MÉTODO, 2015.
TARTUCE, Flávio. Direito Civil: Direito das Sucessões. 7. ed. - São Paulo: Método, 2014.
TARTUCE, Flávio. SIMÃO, José Fernando. Direito Civil: Direito das Sucessões. 3. ed - São Paulo:
Método, 2010.
VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: direito das sucessões. 14. ed. – São Paulo: Atlas, 2014.
34
Gabarito
Questão 1
Resposta: Alternativa B.
Questão 2
Resposta: Alternativa A.
Resolução: Art. 11, inc. I da Lei - garantir proteção policial, quando necessário, comunicando
de imediato ao Ministério Público e ao Poder Judiciário.
Questão 3
Resposta: Alternativa C.
Resolução: Nos termos do art. 1.5431 do CC o casamento celebrado no Brasil prova pela
certidão do registro. Assim, o casamento é ato solene para dar publicidade que necessita de
duas fases importantes, ou seja, a habilitação e celebração.
Questão 4
Resposta: Alternativa D.
Resolução: Art. 248 - Induzir menor de dezoito anos, ou interdito, a fugir do lugar em que se
acha por determinação de quem sobre ele exerce autoridade, em virtude de lei ou de ordem
judicial; confiar a outrem sem ordem do pai, do tutor ou do curador algum menor de dezoito
anos ou interdito, ou deixar, sem justa causa, de entregá-lo a quem legitimamente o reclame.
35
Gabarito
Questão 5
Resposta: Alternativa C.
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37
TEMA 03
Questões Notariais e Registrais Relativas
ao Direito de Família e das Sucessões
38
LEGENDA
DE ÍCONES
Início
seções
Vamos
pensar
Glossário
Pontuando
Verificação
de leitura
Referências
Gabarito
39
Aula 03
Questões Notariais e Registrais Relativas ao
Direito de Família e das Sucessões
Objetivos
Apresentar ao aluno as bases sobre as quais se edificam os elementos dos Atos Notariais
e Registrais, consolidando assim, em linhas gerais sua aplicação junto ao Direito de Família.
1. Introdução
Atualmente existem algumas espécies de serventias, dentre elas podem ser citadas1:
1 Tal apontamento pode ser retirado tanto da lei de registros públicos, bem como do seguinte site: <http://www.senado.
gov.br/noticias/jornal/cidadania/Cart%C3%B3riosconcess%C3%B5 esp%C3%BAblicas/not02.htm>
40
Aula 03 | Questões Notariais e Registrais Relativas ao Direito de Família
e das Sucessões
O registro civil das pessoas naturais é serviço público de organização técnica e administrativa
destinado a garantir publicidade, autenticidade, segurança e eficácia dos atos e fatos da vida,
bem como do estado da pessoa natural.
O registro civil das pessoas naturais é incumbido dos atos de registro de nascimento, adoção,
casamento, conversão união estável casamento religioso, óbito e natimorto, averbações,
anotações e expedição de certidões4.
A lei de registros públicos estabelece que os oficiais de registro civil devem encaminhar
trimestralmente ao IBGE, um mapa dos nascimentos, casamentos e óbitos ocorridos no
trimestre anterior5.
2 CENEVIVA, Walter.Lei dos Registros Públicos comentada. 18ª. Ed. - São Paulo: Saraiva, 2008, p. 81.
3 CENEVIVA, Walter.Lei dos Registros Públicos comentada. 18ª. Ed. - São Paulo: Saraiva, 2008, p. 82.
4 CENEVIVA, Walter.Lei dos Registros Públicos comentada. 18ª. Ed. - São Paulo: Saraiva, 2008, p. 82.
5 CENEVIVA, Walter.Lei dos Registros Públicos comentada. 18ª. Ed. - São Paulo: Saraiva, 2008, p. 81.
41
Aula 03 | Questões Notariais e Registrais Relativas ao Direito
de Família e das Sucessões
Todavia não é só, pois outros órgãos são beneficiados com referidos dados, dentre eles
podem ser citados:
O INSS: nos casos de óbitos (art. 68, Lei nº 8.212/91); Justiça Eleitoral: cidadãos
alistáveis, Cód. Eleitoral – art. 71, §3º; Ministério da Justiça: estrangeiros art. 46,
Lei nº 6815/80; Ministério da Defesa: cidadãos do sexo masculino entre 17 e 45
anos Lei nº 4375/97; FUNAI: nascimentos de indígenas; secretaria da Fazenda
e instituto de identificação etc...
A - Registro de Nascimentos;
B - Registro de Casamentos;
C - Registro de Óbitos;
6 CENEVIVA, Walter.Lei dos Registros Públicos comentada. 18ª. Ed. - São Paulo: Saraiva, 2008, p. 97.
42
Aula 03 | Questões Notariais e Registrais Relativas ao Direito de Família
e das Sucessões
Não se cobra no cartório o registro de nascimento e a primeira certidão, bem como o registro
de nascimento é perpétuo, exceto em caso de adoção, eis que cancela o registro civil, sendo
o único caso.
Para tanto, como regra se faz necessária à apresentação da DNV - Declaração de nascido
vivo se a criança nasceu em hospital ou maternidade, já se a criança nasceu em casa, os pais
ou a pessoa responsável pelo registro podem ir direto a um cartório e efetuarem o registro de
nascimento8.
O prazo para registro de nascimento consta do art. 50 da Lei dos Registros Públicos. Assim,
como para efetuar o registro de nascimento deve-se fazer a identificação do declarante, deve
ter o número do RG ou carteira do órgão de associação, passaporte de brasileiro desde que
válido, para o estrangeiro o passaporte não necessita ser válido9.
7 CENEVIVA, Walter.Lei dos Registros Públicos comentada. 18ª. Ed. - São Paulo: Saraiva, 2008, p. 121.
8 CENEVIVA, Walter.Lei dos Registros Públicos comentada. 18ª. Ed. - São Paulo: Saraiva, 2008, p. 133.
9 CENEVIVA, Walter. Lei dos Registros Públicos comentada. 18ª. Ed. - São Paulo: Saraiva, 2008, p. 120.
43
Aula 03 | Questões Notariais e Registrais Relativas ao Direito
de Família e das Sucessões
a. Filiação
Em nenhum caso haverá indicação da origem da filiação nos termos do artigo 227, § 6º da
CF10 e do artigo 6º da Lei nº 8.560/9211.
Assim, não deve constar na certidão de registro a origem da filiação, o estado civil dos
pais, o local de casamento ou qualquer indicação que possa levar à discriminação pela
origem da filiação.
10 Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta
prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade,
ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência,
discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
(...)
§ 6º Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações,
proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação.
11 Art. 6° Das certidões de nascimento não constarão indícios de a concepção haver sido decorrente de relação
extraconjugal.
§ 1° Não deverá constar, em qualquer caso, o estado civil dos pais e a natureza da filiação, bem como o lugar e cartório
do casamento, proibida referência à presente lei.
§ 2º São ressalvadas autorizações ou requisições judiciais de certidões de inteiro teor, mediante decisão fundamentada,
assegurados os direitos, as garantias e interesses relevantes do registrado .
44
Aula 03 | Questões Notariais e Registrais Relativas ao Direito de Família
e das Sucessões
Por fim, o artigo 54 da LRP nº 6.015/7312 dispõe como um dos requisitos do assento de
nascimento, a anotação do fato de ser gêmeo, bem como no caso de nascimento de
gêmeos deverá, no registro, constar ao assento a ordem de nascimento e ter prenomes
diferentes13.
45
Aula 03 | Questões Notariais e Registrais Relativas ao Direito
de Família e das Sucessões
a. Livro C: registra morte real - (artigo 6°do CC), com cadáver ou sem cadáver (artigo 882
da LRP - 6.015/73).
c. Livro E: óbito com ausência e sem a decretação de ausência (artigo 7° do CC), a morte
neste caso é provável.
15 CENEVIVA, Walter.Lei dos Registros Públicos comentada. 18ª. Ed. - São Paulo: Saraiva, 2008, p. 177.
46
Aula 03 | Questões Notariais e Registrais Relativas ao Direito de Família
e das Sucessões
O óbito deve ser registrado, bem como seu registro tem efeito probatório, tornando público e
dando eficácia ao fato, a quem se refere e ao momento em que ocorreu16.
Este registro de óbito deve ser anotado a margem dos assentos de nascimento e de casamento,
propiciando conhecimento imediato sobre eventual morte de uma pessoa.
Em continuidade, o registro de óbito é gratuito nos termos da Lei n.º 9.534/9718 - ato essencial
ao exercício da cidadania.
16 CENEVIVA, Walter.Lei dos Registros Públicos comentada. 18ª. Ed. - São Paulo: Saraiva, 2008, p. 196.
17 Disponível em: <http://www.arpensp.org.br/principal/index.cfm?tipo_layout=SISTEMA&url=noticia_mostrar.
cfm&id=17387>. Acesso em: 16/04/2016.
18 Art. 1º O art. 30 da Lei nº 6.015, de 31 de dezembro de 1973, alterada pela Lei nº 7.844, de 18 de outubro de 1989,
passa a vigorar com a seguinte redação:
"Art. 30. Não serão cobrados emolumentos pelo registro civil de nascimento e pelo assento de óbito, bem como pela
primeira certidão respectiva.
§ 1º Os reconhecidamente pobres estão isentos de pagamento de emolumentos pelas demais certidões extraídas pelo
cartório de registro civil.
§ 2º O estado de pobreza será comprovado por declaração do próprio interessado ou a rogo, tratando-se de analfabeto,
neste caso, acompanhada da assinatura de duas testemunhas.
§ 3º A falsidade da declaração ensejará a responsabilidade civil e criminal do interessado.
47
Aula 03 | Questões Notariais e Registrais Relativas ao Direito
de Família e das Sucessões
A documentação necessária para o registro do até a Declaração de Óbito, que será lavrado
em vista do atestado de médico, se houver no lugar, ou em caso contrário, de 02 (duas)
pessoas qualificadas que tiverem presenciado ou verificado a morte19.
Importante anotar, que o prazo para declaração de óbito inicialmente deverá ocorrer
antes do sepultamento (art. 77 da LRP) ou em 24 horas (art.78 da LRP)20, bem com o seu
descumprimento é tipificado como contravenção penal (Dec. Lei 3.688/41).
Por fim, até 03 meses para os lugares distantes mais de 30 (trinta) quilômetros da sede da
Unidade de Serviço.
19 CENEVIVA, Walter.Lei dos Registros Públicos comentada. 18ª. Ed. - São Paulo: Saraiva, 2008, p. 196.
20 Art. 77 - Nenhum sepultamento será feito sem certidão, do oficial de registro do lugar do falecimento, extraída após
a lavratura do assento de óbito, em vista do atestado de médico, se houver no lugar, ou em caso contrário, de duas
pessoas qualificadas que tiverem presenciado ou verificado a morte.
§ 1º Antes de proceder ao assento de óbito de criança de menos de 1 (um) ano, o oficial verificará se houve registro de
nascimento, que, em caso de falta, será previamente feito. (
§ 2º A cremação de cadáver somente será feita daquele que houver manifestado a vontade de ser incinerado ou no
interesse da saúde pública e se o atestado de óbito houver sido firmado por 2 (dois) médicos ou por 1 (um) médico
legista e, no caso de morte violenta, depois de autorizada pela autoridade judiciária.
Art. 78. Na impossibilidade de ser feito o registro dentro de 24 (vinte e quatro) horas do falecimento, pela distância ou
qualquer outro motivo relevante, o assento será lavrado depois, com a maior urgência, e dentro dos prazos fixados no
artigo 50.
21 CENEVIVA, Walter.Lei dos Registros Públicos comentada. 18ª. Ed. - São Paulo: Saraiva, 2008, p. 201
22 CENEVIVA, Walter.Lei dos Registros Públicos comentada. 18ª. Ed. - São Paulo: Saraiva, 2008, p. 219.
48
Aula 03 | Questões Notariais e Registrais Relativas ao Direito de Família
e das Sucessões
Tal situação somente ocorrerá por meio de Carta de Sentença, Mandado Judicial, ou uma
petição instruída de documento autêntico, que servirão para o Oficial proceda à averbação da
alteração dos elementos ou fatos da vida civil24.
Por fim, a anotação é a remissão a outro ato registral que não tem o caráter de segurança,
publicidade e eficácia. Não dispensa o acesso ao registro ou averbação em si para comprovação
do fato ou ato, como exemplo pode ser citado o óbito por força do art. 107 da LRP25.
4. Retificação de Registro
Conforme pode ser observado há duas formas para retificação do registro. A primeira
delas é pela via judicial, prevista no art. 109 da LRP26. Já em um segundo momento há o
procedimento o procedimento extrajudicial.
23 CENEVIVA, Walter.Lei dos Registros Públicos comentada. 18ª. Ed. - São Paulo: Saraiva, 2008, p. 236.
24 CENEVIVA, Walter.Lei dos Registros Públicos comentada. 18ª. Ed. - São Paulo: Saraiva, 2008, p. 220.
25 Art. 107. O óbito deverá ser anotado, com as remissões recíprocas, nos assentos de casamento e nascimento, e o
casamento no deste:
§ 1º A emancipação, a interdição e a ausência serão anotadas pela mesma forma, nos assentos de nascimento e
casamento, bem como a mudança do nome da mulher, em virtude de casamento, ou sua dissolução, anulação ou
desquite.
§ 2° A dissolução e a anulação do casamento e o restabelecimento da sociedade conjugal serão, também, anotadas nos
assentos de nascimento dos cônjuges.
26 Art. 109. Quem pretender que se restaure, supra ou retifique assentamento no Registro Civil, requererá, em petição
fundamentada e instruída com documentos ou com indicação de testemunhas, que o Juiz o ordene, ouvido o órgão do
Ministério Público e os interessados, no prazo de cinco dias, que correrá em cartório.
§ 1° Se qualquer interessado ou o órgão do Ministério Público impugnar o pedido, o Juiz determinará a produção da
prova, dentro do prazo de dez dias e ouvidos, sucessivamente, em três dias, os interessados e o órgão do Ministério
Público, decidirá em cinco dias.
§ 2° Se não houver impugnação ou necessidade de mais provas, o Juiz decidirá no prazo de cinco dias.
§ 3º Da decisão do Juiz, caberá o recurso de apelação com ambos os efeitos.
§ 4º Julgado procedente o pedido, o Juiz ordenará que se expeça mandado para que seja lavrado, restaurado e retificado
o assentamento, indicando, com precisão, os fatos ou circunstâncias que devam ser retificados, e em que sentido, ou os
que devam ser objeto do novo assentamento.
§ 5º Se houver de ser cumprido em jurisdição diversa, o mandado será remetido, por ofício, ao Juiz sob cuja jurisdição
estiver o cartório do Registro Civil e, com o seu "cumpra-se", executar-se-á.
§ 6º As retificações serão feitas à margem do registro, com as indicações necessárias, ou, quando for o caso, com
a trasladação do mandado, que ficará arquivado. Se não houver espaço, far-se-á o transporte do assento, com as
remissões à margem do registro original.
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Aula 03 | Questões Notariais e Registrais Relativas ao Direito
de Família e das Sucessões
Assim, os erros que não exijam qualquer indagação para a constatação imediata de necessidade
de sua correção poderão ser corrigidos de ofício pelo oficial de registro no próprio Registro
Civil de Pessoas Naturais onde se encontrar o assentamento, mediante petição assinada
pelo interessado, representante legal ou procurador, independentemente de pagamento de
selos e taxas, após manifestação conclusiva do Ministério Público27.
Prazo para manifestação do Ministério Público é de 5 dias, bem como quando a prova depender
de dados existentes no próprio Registro Civil das Pessoas Naturais, poderá o Oficial certificá-
lo nos autos.
Entendendo o órgão do Ministério Público que o pedido exige maior indagação, requererá
ao Juiz a distribuição dos autos a um dos Ofícios Judiciais da circunscrição, caso em que se
processará a retificação, com assistência de advogado, observado o rito sumaríssimo.
5. Cancelamento de Registro
27 CENEVIVA, Walter.Lei dos Registros Públicos comentada. 18ª. Ed. - São Paulo: Saraiva, 2008, p. 240.
28 CENEVIVA, Walter.Lei dos Registros Públicos comentada. 18ª. Ed. - São Paulo: Saraiva, 2008, p. 245.
29 CENEVIVA, Walter.Lei dos Registros Públicos comentada. 18ª. Ed. - São Paulo: Saraiva, 2008, p. 250.
50
Pontuando
• Introdução
• Casamento (Livros B e D)
• Óbito (Livros C e E)
• Retificação de registro
• Cancelamento de registro
Glossário
51
Verificação
de leitura
Questão 1 INDIQUE A ALTERNATIVA CORRETA c) O estado de pobreza não será comprova-
do por declaração do próprio interessado ou a
Assinale a alternativa errada acerca dos li-
rogo, tratando-se de analfabeto, neste caso,
vros da escrituração do Registro Civil das acompanhada da assinatura de duas testemu-
Pessoas Naturais: nhas.
a) Livro A - Registro de Nascimentos; d) A falsidade da declaração ensejará a res-
b) Livro B - Registro de Casamentos; ponsabilidade civil e criminal do interessado.
52
Referências
AZEVEDO, Álvaro Villaça. Curso de Direito Civil: Direito de Família. 1. Ed.. Atlas. São Paulo. 2013.
BEVILAQUA, Clovis. Direito das Sucessões. Rio de Janeiro: ed. Rio, 1978.
CENEVIVA, Walter. Lei dos Registros Públicos comentada. 18ª. Ed. - São Paulo: Saraiva, 2008.
COELHO, Fábio Ulhoa. Família e Sucessões: De acordo com o novo divórcio (EC. 66/2010). 4. ed.
- São Paulo: Saraiva, 2011.
DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 10ª. ed. – São Paulo: RT, 2015.
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro: 6. Direito das Sucessões. 27. ed. - São Paulo:
Saraiva, 2013.
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro:Direito das sucessões. 8. ed. - São Paulo:
Saraiva, 2014.
HIRONAKA, Giselda Maria Fernandes Novaes. Comentários ao Código Civil. Coordenação de Antô-
nio Junqueira de Azevedo. São Paulo: Ed. Saraiva, 2003. V. 20.
LISBOA, Roberto Senise. Manual de Direito Civil: Direito de Família e Sucessões. 6. ed – São Paulo:
Saraiva, 2010
TARTUCE, Flávio. Direito Civil: Direito das Sucessões. 7. ed. - São Paulo: Método, 2014.
TARTUCE, Flávio. SIMÃO, José Fernando. Direito Civil: Direito das Sucessões. 3. ed - São Paulo:
Método, 2010.
VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: direito das sucessões. 14. ed. – São Paulo: Atlas, 2014.
53
Gabarito
Questão 1
Resposta: Alternativa D.
Questão 2
Resposta: Alternativa C.
Resolução: A pessoa natural possui registro de nascimento, que não é constitutivo e sim
declaratório e comprobatório, pois comprova o ato do nascimento e dá publicidade a esse
nascimento.
Questão 3
Resposta: Alternativa C.
Questão 4
Resposta: Alternativa D.
Questão 5
Resposta: Alternativa A.
54
55
TEMA 04
Proteção Familiar: Aspectos
Quanto à Proteção do Idoso
e da Criança e Adolescente
56
LEGENDA
DE ÍCONES
Início
seções
Vamos
pensar
Glossário
Pontuando
Verificação
de leitura
Referências
Gabarito
57
Aula 04
Proteção Familiar: Aspectos Quanto à Proteção
do Idoso e da Criança e Adolescente
Objetivos
O atual conceito de infância e juventude tem início na CF/88, podendo ser conceituada
como o conjunto de normas e princípios que visam garantir a criança e o adolescente os
direitos indispensáveis ao desenvolvimento integral de sua personalidade1.
Desta monta, o direito da infância objetiva buscar um caminho democrático, pois se preocupa
com crianças e jovens, podendo ser denominada de doutrina da proteção integral, organizada
em: reconhecer a condição peculiar de desenvolvimento do infanto; evidenciar proteção
peculiar devido a esses; atingir toda coletividade de forma preventiva2.
O art. 2º do ECA, define criança como aquele indivíduo entre 0 e 12 anos e adolescente como
aqueles entre 12 e 18 anos. Tal distinção tem como base o elemento cronológico baseado
das ciências auxiliares como psicologia jurídica e a psiquiatria forense3.
Cumpre registrar, porém, que apesar de ambos terem os mesmos direitos fundamentais,
tal divisão é importante, pois como exemplo, para fins de medida aplicáveis para cada um
desses, haverá uma hipótese de incidência distinta, qual seja criança será submetida às
medidas de proteção e os adolescentes, por sua vez, receberão medidas sócioeducativas4.
1 ISHIDA, VálterKenji. Estatuto da criança e do adolescente: doutrina e jurisprudência – 12. ed. – São Paulo: Atlas, 2010,
p. 1.
2 ISHIDA, VálterKenji. Estatuto da criança e do adolescente: doutrina e jurisprudência – 12. ed. – São Paulo: Atlas, 2010,
p. 3.
3 CURY, Munir. Estatuto da Criança e do Adolescente Comentado. – 9ª ed. – São Paulo: Malheiros, 2008, p.20.
4 ISHIDA, VálterKenji. Estatuto da criança e do adolescente: doutrina e jurisprudência – 12 .ed. – São Paulo: Atlas, 2010,
58
Aula 04 | Proteção Familiar: Aspectos Quanto à Proteção do Idoso e da Criança e
Adolescente
Ainda quando ao presente conceito, temos a condição do nascituro, que não está previsto
expressamente no art. 2º, parágrafo único, do ECA5, e sendo assim, haveria dúvidas quando
a sua proteção na referida legislação.
Conforme bem aponta a doutrina majoritária, tal dúvida não pode perdurar, ou mesmo se
perpetuar, pois não obstante o nascituro não esteja arrolado no art. 2º do ECA, há o tratamento
específico quanto ao mesmo no art. 8º do ECA6-7, sendo assim, deferindo a esse todos os
direitos fundamentais aqui previstos.
p. 5.
5 CURY, Munir. Estatuto da Criança e do Adolescente Comentado. – 9ª ed. – São Paulo: Malheiros, 2008, p. 23.
6 ISHIDA, VálterKenji. Estatuto da criança e do adolescente: doutrina e jurisprudência – 12 .ed. – São Paulo: Atlas, 2010,
p. 15.
7 Art. 8o É assegurado a todas as mulheres o acesso aos programas e às políticas de saúde da mulher e de planejamento
reprodutivo e, às gestantes, nutrição adequada, atenção humanizada à gravidez, ao parto e ao puerpério e atendimento
pré-natal, perinatal e pós-natal integral no âmbito do Sistema Único de Saúde. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de
2016)
§ 1o O atendimento pré-natal será realizado por profissionais da atenção primária. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de
2016)
§ 2o Os profissionais de saúde de referência da gestante garantirão sua vinculação, no último trimestre da gestação,
ao estabelecimento em que será realizado o parto, garantido o direito de opção da mulher. (Redação dada pela Lei nº
13.257, de 2016)
§ 3o Os serviços de saúde onde o parto for realizado assegurarão às mulheres e aos seus filhos recém-nascidos alta
hospitalar responsável e contrarreferência na atenção primária, bem como o acesso a outros serviços e a grupos de apoio
à amamentação. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
§ 4o Incumbe ao poder público proporcionar assistência psicológica à gestante e à mãe, no período pré e pós-natal,
inclusive como forma de prevenir ou minorar as consequências do estado puerperal. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
2009) Vigência
§ 5o A assistência referida no § 4o deste artigo deverá ser prestada também a gestantes e mães que manifestem
interesse em entregar seus filhos para adoção, bem como a gestantes e mães que se encontrem em situação de privação
de liberdade. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
§ 6o A gestante e a parturiente têm direito a 1 (um) acompanhante de sua preferência durante o período do pré-natal, do
trabalho de parto e do pós-parto imediato. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
§ 7o A gestante deverá receber orientação sobre aleitamento materno, alimentação complementar saudável e crescimento
e desenvolvimento infantil, bem como sobre formas de favorecer a criação de vínculos afetivos e de estimular o
desenvolvimento integral da criança. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
§ 8o A gestante tem direito a acompanhamento saudável durante toda a gestação e a parto natural cuidadoso,
estabelecendo-se a aplicação de cesariana e outras intervenções cirúrgicas por motivos médicos. (Incluído pela Lei nº
13.257, de 2016)
§ 9o A atenção primária à saúde fará a busca ativa da gestante que não iniciar ou que abandonar as consultas de pré-
natal, bem como da puérpera que não comparecer às consultas pós-parto. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
§ 10. Incumbe ao poder público garantir, à gestante e à mulher com filho na primeira infância que se encontrem sob custódia
em unidade de privação de liberdade, ambiência que atenda às normas sanitárias e assistenciais do Sistema Único de
Saúde para o acolhimento do filho, em articulação com o sistema de ensino competente, visando ao desenvolvimento
integral da criança. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
59
Aula 04 | Proteção Familiar: Aspectos Quanto à Proteção
do Idoso e da Criança e Adolescente
O Estatuto da Criança e do Adolescente foi editado para regulamentar o art. 227 a 229
da Constituição Federal, rompendo com a doutrina da situação irregular, substituída pela
doutrina da proteção integral. Dessa forma, filiou-se aos ditames já adotados pelos tratados
internacionais.
Dentre eles podemos citar a Convenção Internacional dos Direitos da Criança de 19898 elenca
como direitos das crianças e dos adolescentes: sobrevivência, desenvolvimento, proteção e
participação.
Conforme disposto art. 6º do ECA, para a interpretação deste dispositivo, deve ser levando
em conta9:
Pode-se afirmar que o referido dispositivo teve como inspiração o art. 5º da LINDB, e sendo
assim, deve levar em conta a proteção integral como prioridade absoluta, seja no seu âmbito
individual ou coletivo10.
Não obstante, outras normas de caráter de alta relevância também regulam a presente
matéria na ordem infraconstitucional, dentre elas cita o Código Civil, Consolidação das Leis
do Trabalho; Código de Defesa do Consumidor; e Lei de Diretrizes da Educação.
60
Aula 04 | Proteção Familiar: Aspectos Quanto à Proteção do Idoso e da Criança
e Adolescente
Entretanto, essa ideia esta quase superada pela teoria de diálogo das fontes, Erick Jayme,
nacionalizada pela Claudia Lima Marques e Hermamm Benjamim, procura uma comunicação
entre o sistema normativo, que não se excluem, mas se complementam11.
Referida teoria foi inicialmente implementadano diálogo entre o CDC e CC/2002, e possui
como fundamento principal do diálogo das fontes aplicando as convenções internacionais
concomitantemente da legislação interna prevalecendo sempre à proteção dos consumidores.
Tal situação se adequa perfeitamente nas situações atinentes à criança e adolescente, e
sendo assim, deve ser implementada nessa situação.
a. Principio da Proteção integral: Trata-se de uma postura doutrina universal que pelo
mundo inspirou a modificação de vários ordenamentos jurídicos, em especial em tratados,
pactos e convenções internacionais12.
No direito Brasileiro referida proteção encontra-se forjada no art. 227 da CF, coloca termo
final na doutrina da “situação irregular” inspirada na legislação anterior, porém somente
em 1990 entra em vigor o ECA que revoga definitivamente o Código de Menores13.
Sendo assim, o ECA Lei nº 8.069/90 em seu art. 1º, cuidou por explicitar à proteção integral
da criança e do adolescente, passando a criança e o adolescente do status de sujeitos dos
seus próprios direitos, e, não meros objetos da intervenção de terceiros ou representantes.
11 CURY, Munir. Estatuto da Criança e do Adolescente Comentado. – 9ª ed. – São Paulo: Malheiros, 2008, p. 52.
12 MACIEL, Kátia. Curso de Direito da Criança e do Adolescente: Aspectos Teóricos e Práticos. – 4. Ed. – Rio de Janeiro:
Lumen Juris, 2010, p. 13.
13 MACIEL, Kátia. Curso de Direito da Criança e do Adolescente: Aspectos Teóricos e Práticos. – 4. Ed. – Rio de
Janeiro: Lumen Juris, 2010, p. 14.
61
Aula 04 | Proteção Familiar: Aspectos Quanto à Proteção
do Idoso e da Criança e Adolescente
Analisando os direitos fundamentais estão relacionados no art. 227 da CF, bem como
regulamentados no ECA, pode ser apercebido que os entes subordinados a tais direitos:
Estado, sociedade e família14.
Apesar do rol previsto no art. 4º, parágrafo único do ECA, que compreende a priorização em
determinadas situações, conforme bem pontua a corrente doutrinária majoritária referido
rol é exemplificativo, devendo se analisado de acordo com o caso concreto16.
Nítida se faz demonstrar que a proteção integral com prioridade absoluta, confere a
verdadeira noção de isonomia assegurando tratamento desigual a indivíduos desiguais.
d. Participação Popular: Ainda ao analisar o art. 227 da CF, cumpre anotar que além
da família, sociedade está convocada para ao lado do Estado deve zelar pelos direitos
fundamentais da criança e do adolescente18.
14 MACIEL, Kátia. Curso de Direito da Criança e do Adolescente: Aspectos Teóricos e Práticos. – 4. Ed. – Rio de
Janeiro: Lumen Juris, 2010, p. 13.
15 MACIEL, Kátia. Curso de Direito da Criança e do Adolescente: Aspectos Teóricos e Práticos. – 4. Ed. – Rio de
Janeiro: Lumen Juris, 2010, p. 20.
16 ISHIDA, VálterKenji. Estatuto da criança e do adolescente: doutrina e jurisprudência – 12 .ed. – São Paulo: Atlas,
2010, p. 6.
17 MACIEL, Kátia. Curso de Direito da Criança e do Adolescente: Aspectos Teóricos e Práticos. – 4. Ed. – Rio de
Janeiro: Lumen Juris, 2010, p. 45.
18 MACIEL, Kátia. Curso de Direito da Criança e do Adolescente: Aspectos Teóricos e Práticos. – 4. Ed. – Rio de Janeiro:
Lumen Juris, 2010, p. 29.
62
Aula 04 | Proteção Familiar: Aspectos Quanto à Proteção do Idoso e da Criança
e Adolescente
4. Direito Fundamentais
Todavia, deve-se registrar aos infantos também são aplicados os institutos conferidos aos
adultos, em especial o que tange os arts. 5º 6º e 7º da CF, porém como são sabidos, bem
como notório, esses direitos não são atendidos de forma espontânea, tanto pelos entes
familiares, como pela sociedade ou Estado.
Em decorrência disso, muitas são as ações judiciais para o reconhecimento e execução dos
já citados direitos, como exemplo não somente a intervenção do Ministério Público junto a
tutela desses direitos (art. 201, IV do ECA21), mas também as distribuição de ações civis
públicas voltadas à proteção e garantia dos direitos assegurados pelo ECA.
19 MACIEL, Kátia. Curso de Direito da Criança e do Adolescente: Aspectos Teóricos e Práticos. – 4. Ed. – Rio de Janeiro:
Lumen Juris, 2010, p. 29.
20 Quanto aos artigos citados, cuidado com as alteração da Lei nº 13.257, de 8 de março de 2016.
21 ISHIDA, VálterKenji. Estatuto da criança e do adolescente: doutrina e jurisprudência – 12. ed. – São Paulo: Atlas,
2010, p. 440.
63
Aula 04 | Proteção Familiar: Aspectos Quanto à Proteção
do Idoso e da Criança e Adolescente
Outro direito previsto, trata-se do direito ao aleitamento regulamentado pelo art. 9º do ECA,
que deve ser analisado em conjunto com os arts. 14, §3º e 83, §2º da Lei das Execuções
Penais. Vejamos:
22 ISHIDA, VálterKenji. Estatuto da criança e do adolescente: doutrina e jurisprudência – 12. ed. – São Paulo: Atlas,
2010, p. 13.
23 ISHIDA, VálterKenji. Estatuto da criança e do adolescente: doutrina e jurisprudência – 12. ed. – São Paulo: Atlas,
2010, p. 15.
64
Aula 04 | Proteção Familiar: Aspectos Quanto à Proteção do Idoso e da Criança
e Adolescente
§ 2o O Sistema Único de Saúde promoverá a atenção à saúde bucal das crianças
e das gestantes, de forma transversal, integral e intersetorial com as demais
linhas de cuidado direcionadas à mulher e à criança. (Incluído pela Lei nº 13.257,
de 2016)
Porém, cumpre registrar que esse direito disposto nos arts. 15 a 18 do ECA, não são absolutos,
e dessa monta sofrem nítida mitigação do poder familiar, que busca a educação dos filhos
da maneira como eles entendam adequado, com restrição de algumas liberdades inclusive24.
24 ISHIDA, VálterKenji. Estatuto da criança e do adolescente: doutrina e jurisprudência – 12. ed. – São Paulo: Atlas,
2010, p. 25.
65
Aula 04 | Proteção Familiar: Aspectos Quanto à Proteção
do Idoso e da Criança e Adolescente
Lembra-se que a colocação em família substituta já foi estuda anteriormente. Sendo assim,
vale a releitura do material de aula.
25 ISHIDA, VálterKenji. Estatuto da criança e do adolescente: doutrina e jurisprudência – 12. ed. – São Paulo: Atlas,
2010, p. 27.
26 Art. 19 ECA: É direito da criança e do adolescente ser criado e educado no seio de sua família e, excepcionalmente,
em família substituta, assegurada a convivência familiar e comunitária, em ambiente que garanta seu desenvolvimento
integral.
27 ISHIDA, VálterKenji. Estatuto da criança e do adolescente: doutrina e jurisprudência – 12. ed. – São Paulo: Atlas,
2010, p. 123.
28 ISHIDA, VálterKenji. Estatuto da criança e do adolescente: doutrina e jurisprudência – 12. ed. – São Paulo: Atlas,
2010, p. 126.
29 CURY, Munir. Estatuto da Criança e do Adolescente Comentado. – 9ª ed. – São Paulo: Malheiros, 2008, p. 805.
30 ISHIDA, VálterKenji. Estatuto da criança e do adolescente: doutrina e jurisprudência – 12. ed. – São Paulo: Atlas,
2010, p. 130.
66
Aula 04 | Proteção Familiar: Aspectos Quanto à Proteção do Idoso e da Criança
e Adolescente
a) o menor de 14 anos não pode trabalhar, nem exercer qualquer emprego; b) entre 14 e 16
anos o infanto pode trabalhar, apenas, na condição de aprendiz; e c) entre 16 e 18 anos, o
mesmo é livre para trabalhar, contanto que não seja trabalho noturno, perigoso ou insalubre.
Não obstante a proteção ao trabalho dos adolescentes ser regulada por lei especial, a matéria
encontra disciplina também nos arts. 62 a 67 do ECA32, assegurando ao infanto por exemplo:
a) garantia de acesso e frequência obrigatória ao ensino regular; b) atividade compatível com o
31 Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:
(...)
XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de
dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos
32 Art. 62. Considera-se aprendizagem a formação técnico-profissional ministrada segundo as diretrizes e bases da
legislação de educação em vigor.
Art. 63. A formação técnico-profissional obedecerá aos seguintes princípios:
I - garantia de acesso e freqüência obrigatória ao ensino regular;
II - atividade compatível com o desenvolvimento do adolescente;
III - horário especial para o exercício das atividades.
Art. 64. Ao adolescente até quatorze anos de idade é assegurada bolsa de aprendizagem.
Art. 65. Ao adolescente aprendiz, maior de quatorze anos, são assegurados os direitos trabalhistas e previdenciários.
Art. 66. Ao adolescente portador de deficiência é assegurado trabalho protegido.
Art. 67. Ao adolescente empregado, aprendiz, em regime familiar de trabalho, aluno de escola técnica, assistido em
entidade governamental ou não-governamental, é vedado trabalho:
I - noturno, realizado entre as vinte e duas horas de um dia e as cinco horas do dia seguinte;
II - perigoso, insalubre ou penoso;
III - realizado em locais prejudiciais à sua formação e ao seu desenvolvimento físico, psíquico, moral e social;
IV - realizado em horários e locais que não permitam a frequência à escola.
Art. 68. O programa social que tenha por base o trabalho educativo, sob responsabilidade de entidade governamental ou
não-governamental sem fins lucrativos, deverá assegurar ao adolescente que dele participe condições de capacitação
para o exercício de atividade regular remunerada.
§ 1º Entende-se por trabalho educativo a atividade laboral em que as exigências pedagógicas relativas ao desenvolvimento
pessoal e social do educando prevalecem sobre o aspecto produtivo.
§ 2º A remuneração que o adolescente recebe pelo trabalho efetuado ou a participação na venda dos produtos de seu
trabalho não desfigura o caráter educativo.
Art. 69. O adolescente tem direito à profissionalização e à proteção no trabalho, observados os seguintes aspectos, entre
outros:
I - respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento;
II - capacitação profissional adequada ao mercado de trabalho.
67
Aula 04 | Proteção Familiar: Aspectos Quanto à Proteção
do Idoso e da Criança e Adolescente
Será composto por 5 cinco membros, que poderão ser reconduzidos uma vez, bem como o
mandato é de 3 anos. O processo de escolha deve ser democrático sob pena de contrariar
sua própria origem. (art. 132 do ECA)
Em continuidade, quanto às atribuições do Conselho tutelar, pode ser afirmado que o mesmo
atua no cenário da infância e da juventude ao lado do sistema de justiça e atende a um
princípio “de desjudicialização”.
33 ISHIDA, VálterKenji. Estatuto da criança e do adolescente: doutrina e jurisprudência – 12. ed. – São Paulo: Atlas,
2010, p. 269.
34 ISHIDA, VálterKenji. Estatuto da criança e do adolescente: doutrina e jurisprudência – 12. ed. – São Paulo: Atlas,
2010, p. 287.
68
Aula 04 | Proteção Familiar: Aspectos Quanto à Proteção do Idoso e da Criança
e Adolescente
As ideias de funções estão elencadas no art. 136 do ECA35, sendo que além da atividade
fiscalizatória, poderá ainda requerer certidões de óbito, bem como ter serviços essenciais de
natureza publica como saúde educação.
6. Proteção ao Idoso
35 CURY, Munir. Estatuto da Criança e do Adolescente Comentado. – 9ª ed. – São Paulo: Malheiros, 2008, p. 521.
36 Art. 129. São medidas aplicáveis aos pais ou responsável:
I - encaminhamento a programa oficial ou comunitário de proteção à família;
I - encaminhamento a serviços e programas oficiais ou comunitários de proteção, apoio e promoção da família; (Redação
dada dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
II - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos;
III - encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico;
IV - encaminhamento a cursos ou programas de orientação;
V - obrigação de matricular o filho ou pupilo e acompanhar sua freqüência e aproveitamento escolar;
VI - obrigação de encaminhar a criança ou adolescente a tratamento especializado;
VII - advertência;
VIII - perda da guarda;
IX - destituição da tutela;
X - suspensão ou destituição do pátrio poder poder familiar. (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Parágrafo único. Na aplicação das medidas previstas nos incisos IX e X deste artigo, observar-se-á o disposto nos arts.
23 e 24.
37 CURY, Munir. Estatuto da Criança e do Adolescente Comentado. – 9ª ed. – São Paulo: Malheiros, 2008, p. 945.
38 Art. 1o, da Lei de Idoso.É instituído o Estatuto do Idoso, destinado a regular os direitos assegurados às pessoas com
idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos.
69
Aula 04 | Proteção Familiar: Aspectos Quanto à Proteção
do Idoso e da Criança e Adolescente
Todo o regulamento da citada lei gira em torno de Direitos Fundamentais do Idoso, direitos
esses, muito próximos do estabelecido no Estatuto da Criança e do Adolescente, por esse
motivo a doutrina afirma que o Estatuto do Idoso é praticamente uma reprodução direcionada
em prol do Idoso39.
Parece que o melhor caminho, é a análise do caso concreto e verificar o conflito casuístico
aplicando a ponderação41.
6.2. Proteção integral: significa que o idoso é titular de todos os direitos próprios de qualquer
pessoa como vida, saúde, lazer etc., assim como alguns próprios da idade42.
39 CAVALCANTI, Ana Elizabeth Lapa Wanderley, LEITE, Flávia Piva Almeida, LISBOA, Roberto Senise. Direito da
infância, juventude, idoso e pessoas com deficiência. – São Paulo: Atlas. 2014, p.31.
40 CAVALCANTI, Ana Elizabeth Lapa Wanderley, LEITE, Flávia Piva Almeida, LISBOA, Roberto Senise. Direito da
infância, juventude, idoso e pessoas com deficiência. – São Paulo: Atlas. 2014, p. 2.
41 CAVALCANTI, Ana Elizabeth Lapa Wanderley, LEITE, Flávia Piva Almeida, LISBOA, Roberto Senise. Direito da
infância, juventude, idoso e pessoas com deficiência. – São Paulo: Atlas. 2014, p.2.
42 CAVALCANTI, Ana Elizabeth Lapa Wanderley, LEITE, Flávia Piva Almeida, LISBOA, Roberto Senise. Direito da
infância, juventude, idoso e pessoas com deficiência. – São Paulo: Atlas. 2014, p. 211.
70
Aula 04 | Proteção Familiar: Aspectos Quanto à Proteção do Idoso e da Criança
e Adolescente
6.4. Direitos relativos à liberdade: Direito de ir e vir; Direito de opinião e expressão; Direito
ao culto religioso; Prática de esportes e diversões; Participação na família e na comunidade;
Participação na política; Possibilidade de buscar abrigo, auxílio e orientação44.
6.5. Direitos relativos à saúde: Atenção integral à saúde, por meio do sistema único de
saúde - SUS45,
6.6. Direito à entrada, com desconto: É assegurado ao idoso o desconto de pelo menos
50% em ingressos para eventos artísticos, culturais, esportivos e de lazer.
43 CAVALCANTI, Ana Elizabeth Lapa Wanderley, LEITE, Flávia Piva Almeida, LISBOA, Roberto Senise. Direito da
infância, juventude, idoso e pessoas com deficiência. – São Paulo: Atlas. 2014, p.227.
44 CAVALCANTI, Ana Elizabeth Lapa Wanderley, LEITE, Flávia Piva Almeida, LISBOA, Roberto Senise. Direito da
infância, juventude, idoso e pessoas com deficiência. – São Paulo: Atlas. 2014, p.200.
45 CAVALCANTI, Ana Elizabeth Lapa Wanderley, LEITE, Flávia Piva Almeida, LISBOA, Roberto Senise. Direito da
infância, juventude, idoso e pessoas com deficiência. – São Paulo: Atlas. 2014, p.227.
71
Aula 04 | Proteção Familiar: Aspectos Quanto à Proteção
do Idoso e da Criança e Adolescente
6.7. Direito ao benefício mensal assistencial: Aos idosos a partir dos 65 anos que não
possuam meios de subsistência é assegurado o benefício mensal de 1 salário mínimo, nos
termos das Lei Orgânica da Assistência Social, também conhecido como LOAS46.
6.9. São reservados 10% dos assentos de cada veículo para os idosos: a gratuidade abrange
o transporte urbano e semiurbano.
Conforme pode ser apercebido entre os artigos 93 até 108 do Estatuto do Idoso há alguns
tipos penais especiais.
Dentre os referidos crimes, pode ser citada a omissão de socorro ao idoso; Abandono do
idoso em hospital; Exposição da integridade e da saúde do idoso a perigo; Retenção de
cartão magnético bancário e Coagir o idoso a doar, contratar, testar ou outorgar procuração.
46 CAVALCANTI, Ana Elizabeth Lapa Wanderley, LEITE, Flávia Piva Almeida, LISBOA, Roberto Senise. Direito da
infância, juventude, idoso e pessoas com deficiência. – São Paulo: Atlas. 2014, p.227.
47 Art. 93.Aplicam-se subsidiariamente, no que couber, as disposições da Lei no 7.347, de 24 de julho de 1985.
Art. 94.Aos crimes previstos nesta Lei, cuja pena máxima privativa de liberdade não ultrapasse 4 (quatro) anos, aplica-se
o procedimento previsto na Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995, e, subsidiariamente, no que couber, as disposições
do Código Penal e do Código de Processo Penal.
72
Pontuando
• Introdução, conceito, características gerais e doutrina da proteção integral.
• Direito Fundamentais
• Proteção ao Idoso
Glossário
Psiquiatria forense: subespecialidade da psiquiatria, que lida com a interface entre lei
e psiquiatria.
73
Verificação
de leitura
Questão 1 INDIQUE A ALTERNATIVA CORRETA d) revistas e publicações em geral contendo
material próprio ou adequado a crianças e ado-
Das seguintes alternativas abaixo, indique a
lescentes
correta:
74
Verificação de Leitura
75
Referências
AZEVEDO, Álvaro Villaça. Curso de Direito Civil: Direito de Família. 1. Ed.. Atlas. São Paulo. 2013.
BEVILAQUA, Clovis. Direito das Sucessões. Rio de Janeiro: ed. Rio, 1978.
CAVALCANTI, Ana Elizabeth Lapa Wanderley, LEITE, Flávia Piva Almeida, LISBOA, Roberto Seni-
se. Direito da infância, juventude, idoso e pessoas com deficiência. – São Paulo: Atlas. 2014.
COELHO, Fábio Ulhoa. Família e Sucessões: De acordo com o novo divórcio (EC. 66/2010). 4. ed.
- São Paulo: Saraiva, 2011.
CURY, Munir. Estatuto da Criança e do Adolescente Comentado. – 9ª ed. – São Paulo: Malheiros,
2008.
DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 10ª. ed. – São Paulo: RT, 2015.
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro: 6. Direito das Sucessões. 27. ed. - São Paulo:
Saraiva, 2013.
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro:Direito das sucessões. 8. ed. - São Paulo:
Saraiva, 2014.
HIRONAKA, Giselda Maria Fernandes Novaes. Comentários ao Código Civil. Coordenação de Antô-
nio Junqueira de Azevedo. São Paulo: Ed. Saraiva, 2003. V. 20.
ISHIDA, VálterKenji. Estatuto da criança e do adolescente: doutrina e jurisprudência – 12. ed. – São
Paulo: Atlas, 2010.
LISBOA, Roberto Senise. Manual de Direito Civil: Direito de Família e Sucessões. 6. ed – São Paulo:
Saraiva, 2010
TARTUCE, Flávio. Direito Civil: Direito das Sucessões. 7. ed. - São Paulo: Método, 2014.
TARTUCE, Flávio. SIMÃO, José Fernando. Direito Civil: Direito das Sucessões. 3. ed - São Paulo:
Método, 2010.
VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: direito das sucessões. 14. ed. – São Paulo: Atlas, 2014.
76
Gabarito
Questão 1
Resposta: Alternativa A.
Resolução: Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos
de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade.
Questão 2
Resposta: Alternativa D.
Resolução: Art. 81, V do ECA – somente são vedadas as revistas e publicações a que alude
o art. 78.
Questão 3
Resposta: Alternativa D.
Resolução: Art. 14, parágrafo único do ECA: É obrigatória a vacinação das crianças nos
casos recomendados pelas autoridades sanitárias.
Questão 4
Resposta: Alternativa A.
Resolução: Art. 10, inc. I do ECA I - manter registro das atividades desenvolvidas, através de
prontuários individuais, pelo prazo de dezoito anos.
77
Gabarito
Questão 5
Resposta: Alternativa B.
Resolução: Art. 57, inc VI do ECA - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições
do adolescente trabalhador.
78
79