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TRADUÇÃO:

REVISÃO INICIAL:

REVISÃO FINAL:

FORMATAÇÃO:
Apavorada com o que minha família queria fazer comigo, eu fugi deles e fui diretamente para os braços de um estranho de
olhos cinzentos. O homem me ensinou a amar, criou um casulo ao redor do meu coração que nada poderia quebrar. Eu
pensava que minha antiga vida fazia parte do passado, mas meus sonhos não se realizaram. Eles haviam me encontrado e
manipularam a situação a seu favor, destruindo minha vida no processo. Para salvar o homem que eu amava, não tive
escolha a não ser traí-lo. Ele estava fora da prisão agora. Ele vai querer vingança. Tudo que podia fazer agora era implorar
por misericórdia.

Cinco anos.

Foi o tempo que passei na prisão por um crime que não cometi. Minha vida, meu status, minha mulher, todos foram
roubados de mim. Tantas pessoas sofrerão as consequências pela injustiça feita a mim. Mas eu começarei com aquela que
mais me traiu. A mulher que eu amava, a única mulher que ocupou meus pensamentos todos esses anos, desde o momento
em que a conheci. A única mulher por quem eu costumava viver. Vivian.
Dedicação

As segundas chances.
Este livro é recomendado para maiores

de 18 anos devido a conteúdo sexual, palavrões, abuso, violência


explícita e assuntos adultos. Pode ser lido como independente,
embora esteja conectado com a série Pakhan Duet.
Pakhan ou Krestnii Otets "Padrinho": É o chefe e controla tudo. O Pakhan geralmente expande a
gangue em quatro células (grupos menores) e as controla por intermédio de um “Brigadier”.

Brigadier ou Avtorityet ("Autoridade"): É como um capitão encarregado de um pequeno grupo de


homens. Ele dá empregos para Boyeviks ("guerreiros") e presta homenagem ao Pakhan. Ele dirige uma
tripulação que é chamada de Brigada (Bratva). Uma Brigada é composta de 5 à 6 Boyeviks e Shestyorkas.

Dois espiões: Vigiam a ação dos brigadiers para assegurar a lealdade deles e para que nenhum se
torne poderoso demais.

Sovietnik: É o conselheiro e o indivíduo de confiança mais próximo do Pakhan, semelhante ao


Consigliere em famílias de crime da máfia ítalo-americana e clãs da máfia siciliana.

Kaznachei ou Kassir: É o contador da gangue, recolhe todo o dinheiro dos brigadiers e suborna o
governo.

Boyevik: São literalmente "guerreiros", trabalham para um brigadier e tem uma atividade criminosa
especial para executar, semelhante aos soldados em famílias de crime mafioso ítalo-americano e clãs da
máfia siciliana. Um Boyevik está encarregado de encontrar novos caras e prestar homenagem ao seu
Brigadier. Boyevik é também a principal força de ataque de uma brigada (bratva). Os Boyeviks são divididos
em três categorias: Kryshas, Torpedos e Bykis.

Kryshas: Literalmente "cobertura". Eles são "executores" extremamente violentos, bem como
indivíduos astutos. Tal como um executor é frequentemente empregado para proteger um negócio de
outras organizações criminosas.

Torpedo: "Assassino contratado".

Byki: São guarda-costas (literalmente: touros)


SETEMBRO DE 2011

HOUSTON, TEXAS

RADMIR

Cercado pela noite, eu lentamente abri


a porta e entrei. A luz do luar deslizou
através das fendas e brilhou pelo corredor
enquanto uma leve brisa refrescava minha
pele aquecida, me trazendo o necessário
alívio do tempo quente. A antiga casa, uma
mansão realmente, localizada à beira da
cidade, me lembrou de Downton Abbey. A
estrutura criava uma aura de mistério e
inquietação. Figuras de bronze e troféus de
caça cumprimentavam os convidados,
aumentando a vibração assustadora, mas
para mim, elas não faziam nada.
A casa, geralmente cheia de risadas,
música clássica e os deliciosos odores de
comida caseira, estava envolta na
escuridão, somente o barulho do ar
condicionado rompendo o silêncio.
Obviamente, o convite exibido no meu
telefone não era para mim.
O que diabos estava acontecendo?
Removendo a arma da parte de trás da
minha calça e destravando a segurança, eu
a ergui na minha frente, varrendo o
ambiente. Todos os meus sentidos estavam
em alerta máximo e meu instinto me dizia
que algo estava terrivelmente errado.
A cozinha localizada à minha direita
estava vazia, tudo polido e brilhante, mas o
cheiro de água sanitária perturbava
minhas narinas. Franzindo o cenho, me
movi para o escritório em busca de Cliff,
mas o encontrei vazio. Estava habituado a
vê-lo fumando o seu charuto ou comendo
na mesa convenientemente situada perto
de uma janela. O cara raramente mudava
sua rotina, alegando germes existentes em
todos os lugares e que deveríamos ter
cuidado, caso contrário, poderíamos
morrer em breve. Cliff era estranho assim,
mas era extremamente leal, então eu
lidava com sua merda estranha.
Uma única folha de papel branca
estava sobre a mesa, como se alguém a
tivesse colocado intencionalmente ali para
que qualquer um pudesse ler. Minha mão
enluvada a pegou enquanto eu lia em voz
alta.
— Eu não vou fazer isso. Não posso.
Isto... — a tinta azul deslizara através da
folha em letras ilegíveis, como se alguém
tivesse arrancado o papel para longe dele,
e estava claro que ele não terminou. Essa
era a razão da porra da sua chamada?
Franzindo o cenho, pensei de novo na
mensagem que ele me enviou uma hora
atrás, alegando que ninguém além de mim
poderia ajudá-lo e que as consequências
poderiam ser fatais se eu não possuísse as
informações que ele tinha. Cliff não era
uma rainha do drama, então eu acreditei
nele. Especialmente nas circunstâncias
atuais, quando eu tinha uma guerra em
minhas mãos sobre a minha mulher, e não
tinha o apoio da Bratva desde que Vasya
se recusou a me ajudar.
A julgar pela casa de Cliff, ele não
estava errado em sua suposição, e alguém
deve ter vindo para detê-lo.
O som de passos pesados chamou
minha atenção, e corri para a espaçosa
sala de estar, que dava para uma vista do
terraço. Uma figura correu em direção às
cortinas brancas onde o ar quente soprava
através de uma porta francesa aberta.
Um homem que usava uma máscara
negra, uma camisa escura e calças de
couro, com botas pesadas cobertas por
botinhas de hospital azuis desapareceu por
ela, mas não antes que eu visse a
tatuagem em sua mão de chifres em cima
de dois corações entrelaçados. Eu tinha
visto muitas tatuagens em minha vida,
mas não reconheci a desse estranho.
Quem diabos teria algo assim em sua pele
quando matava pessoas? Isso era como
colocar um sinal de néon em si para que
todos pudessem ver.
— Espere, seu filho da puta. — gritei,
seguindo-o. Quando pisei em algo
pegajoso, minha mente registrou meus
arredores.
A mesa de jantar, localizada no canto
direito da sala, tinha fragmentos da mais
fina porcelana espalhada ao redor, como se
alguém tivesse as esmagado com raiva. O
sofá de couro largo e as duas cadeiras
estavam manchadas de sangue e rasgadas
por arranhões profundos como unha.
Luminárias e lâmpadas antigas estavam
quebradas sob os móveis. Alguém
realmente lutou pela vida no cômodo. Os
itens destruídos eram as posses mais
preciosas de Cliff, então os intrusos não
eram ladrões.
O tapete persa branco estava
manchado por uma grande piscina
vermelha, e Cliff estava bem no centro
enquanto o sangue escorria dele.
Segurando sua mão sobre sua ferida no
estômago, seus olhos arregalados em
choque e medo, ele sufocava alto enquanto
lutava para respirar.
— Foda-se, Cliff. — eu murmurei,
ajoelhando-me e examinando as feridas de
faca que foram feitas em suas principais
artérias, removendo qualquer chance que
ele teria de sobreviver. A faca estava ao
lado de onde tinha me ajoelhado, e sem
pensar, eu a peguei para examiná-la. Pelas
bordas afiadas e punho de couro
requintado, eu concluí que era uma rara
faca de barbear de crocodilo, que poderia
infligir mais dor e sofrimento para a vítima.
O maldito assassino nem sequer foi rápido
sobre isso.
Cliff gemeu alto, e eu coloquei minha
mão sob sua cabeça enquanto a tristeza
preenchia cada osso em meu corpo e a dor
passava através de mim. Não restava nada
que eu pudesse fazer, além de segurar meu
querido amigo em seus últimos minutos de
vida. Mais uma alma que seria lembrada
pelo resto da minha vida. Sendo parte da
irmandade, o sentimento de perda deveria
ser familiar, mas ainda disparava através
de mim como uma flecha a cada fodida
vez.
— Ei, está tudo bem. — eu apertei sua
mão enquanto ele piscava uma vez,
provavelmente entendendo que não tinha
chance de sobreviver. Sem hesitação,
comecei a entoar uma oração enquanto ele
falava através dos lábios secos.
— Obrigado. — e em poucos
segundos, ele congelou quando seu
coração parou de bater, e então eu fechei
seus olhos, esperando que ele encontrasse
paz no outro mundo.
O que diabos tinha acontecido aqui?
Quem iria querer matar Cliff?
A Bratva precisava saber sobre isso
para me ajudar. Ele era um dos nossos
amigos mais próximos; Eles iriam querer
sua morte vingada.
De repente, lanternas brilharam
através da casa enquanto os cães latiam
alto e a polícia gritava para abaixar minha
arma.
Logo antes de levantar as mãos,
lembrei-me da mensagem de texto em meu
telefone celular enquanto pavor instalava-
se dentro de mim.
Desconhecido: Vivian não é para
você.
Quem diabos teve a coragem de armar
para mim?

Diretor

Emergindo do banheiro fumegante, eu


envolvi a toalha em volta da minha
cintura. Minha pele doía de tanto esfregar
para remover o sangue de Cliff. Eu até
mesmo me masturbei no chuveiro, já que
nada me excitava mais do que o cheiro de
um corpo recentemente morto.
Uma onda de poder correu através de
mim nas memórias da luta em sua casa. O
homem estúpido queria viver e pensou que
ele poderia interferir no meu plano para
obter o que era legitimamente meu. Ele
não sabia o que jogou bem em minhas
mãos. Radmir tinha o mais alto senso de
honra; Ele nunca teria deixado seu amigo
em necessidade.
Meu riso ecoou no quarto enquanto eu
estalava meu pescoço de um lado para o
outro, desfrutando do alongamento e da
sensação de estar no topo do mundo.
Servindo-me de um pouco de vinho do
minibar do hotel, perguntei-me se alguma
coisa na vida me fizera tão feliz.
Secando meu cabelo com a toalha,
sentei-me na minha cadeira na varanda.
Descansei meus pés descalços na pequena
mesa enquanto meus olhos estudavam o
tabuleiro de xadrez na minha frente.
Meu cavaleiro branco se moveu sem
esforço no tabuleiro e com um movimento
rápido e prático, bloqueei o rei.
— Shah mat1! — eu murmurei, e
afastei-o do tabuleiro quando ele caiu no

1
O mesmo que Xeque-mate.
chão e rolou debaixo dos móveis. —
Sovietnik, você perdeu.
Com isso, eu peguei a rainha negra, a
cumprimentei com minha taça de vinho e
imaginei meu futuro com Vivian.
A rainha pertencia a mim agora.
OUTUBRO DE 2017

Vivian

A leve brisa tocou minha pele úmida,


criando arrepios na minha coluna. Minha
respiração engatou enquanto eu tentava
escutar algo que não fosse o meu coração
batendo rapidamente.
Thump, thump, thump.
Lambendo meus lábios inchados de
beijos, eu puxei minhas mãos mais uma
vez, esperando escapar da gaiola que ele
tinha criado, mas era inútil. À medida que
a corda apertada cavava mais fundo na
minha pele macia, gemi em angústia pelos
espasmos da dor. Por que ele tinha que ser
tão hábil nisso, droga? A venda cobriu
meus olhos, aumentando meus outros
sentidos e forçando a adrenalina a correr
através de minhas veias.
— Você não pode escapar delas,
Vivian. — a voz de Sovietnik tomou conta
de mim. Seus passos vindo em minha
direção eram o único som no espaço de
outra maneira silenciosa. — Eu disse para
você me ouvir.
Ele parou bem ao meu lado; Eu podia
sentir sua respiração abanando minha
bochecha enquanto sua mão deslizava
através de meu cabelo, em seguida, puxou
minha cabeça para trás, fazendo-me
arquear em seu toque. Seus lábios
beliscaram meu pescoço, não o suficiente
para ferir, mas o suficiente para deixar
uma marca. Eu engasguei com a dor leve,
e ele imediatamente acalmou com sua
língua enquanto me banhava em seu
perfume masculino.
— Você esqueceu por um segundo
que é minha. — seu rosnado enviou
arrepios através de mim, e meu núcleo
ficou molhado, desesperado por sua
atenção.
Mentiroso.
Mesmo que tudo dentro de mim
rejeitasse as palavras, eu assobiei para ele.
— Eu não sou sua. — minha
resposta foi recebida com um tapa em
minha bunda, queimando minha pele e
sem dúvida deixando uma impressão
vermelha irritada. Uma sacudida de prazer
despertou meu desejo, meus mamilos se
endureceram quando meu corpo traidor
reagiu à sua presença.
— Vamos ver, não é? — ele sussurrou
acima da minha boca antes de capturar
meus lábios em outro beijo áspero. Suas
mãos deslizaram para baixo da minha
bunda e me ergueram, forçando-me a
envolver minhas pernas em torno dele até
minha buceta estar em contato direto com
a sua ereção. Ele esfregou para cima e
para baixo meu clitóris com seu pau,
deixando-me louca com necessidade. Ele
não entrou em mim; Ele só permitiu que a
ponta entrasse em minha abertura.
Soltando minha boca e me deixando
lutando para respirar, ele beliscou o meu
mamilo direito. Eu ofeguei, e ele lambeu e
sugou suavemente sobre ele enquanto
choques de eletricidade varriam através de
mim.
— Vivian. — murmurou ele.
Mudando seu foco para o outro peito,
ele repetiu sua ação enquanto suas mãos
deslizavam para baixo e cavavam
dolorosamente em meus quadris.
— Eu vou arruinar você esta noite.
Oh, Deus. Eu não tinha certeza se iria
sobreviver ao seu tipo de tortura.
HOUSTON, TEXAS

ABRIL DE 2017

Radmir

Os portões se abriram lentamente,


revelando a estrada empoeirada e um jipe
solitário, bem no meio dela, brilhando ao
sol - quase fodidamente me cegando.
Um homem estava inclinado sobre ele
com um enorme sorriso no rosto, os braços
cruzados. Ele piscou para mim como se
fosse uma piada de merda. Aparentemente,
a Bratva esqueceu nosso código; Caso
contrário, Dima, nosso advogado, não teria
ousado me mostrar nada além de respeito.
A Bratva, ou máfia russa, era uma
organização criminosa que gerou gerações
e gerações de pessoas com os mesmos
valores e código de fidelidade. Vivíamos,
lutávamos e morríamos pela irmandade.
Havia uma hierarquia específica que nunca
poderia ser quebrada ou questionada, e
todos tinham que conhecer seu lugar.
O Pakhan, o chefe, era o chefe da
organização, cujas palavras eram
absolutas quando se tratava das regras e
das ordens, e quem ousasse desafiá-las
enfrentaria sua ira.
Infelizmente, devido ao meu humor,
até mesmo a presença de Dominic não
teria controlado a fúria dentro de mim.
— Você está livre para ir, russo. Não
faça nada estúpido.
Eu mal me contive de socar o guarda.
Ben tinha a reputação de perseguir os
presos tanto quanto possível, tentando
obter algum tipo de correção através da
humilhação. Eu não podia contar o
número de vezes que ele me colocou em
serviço de limpeza de toalete ou noites
solitárias em isolamento depois que ele me
bateu até que não houvesse nenhum lugar
não marcado deixado em meu corpo.
Ele nunca teria sobrevivido contra
mim numa briga de rua ou fora da prisão,
mas este lugar tinha suas próprias regras
especiais. Ninguém consideraria ajudar um
prisioneiro que desafiasse os guardas.
Então, eu mordi minha língua toda vez
e tentei me concentrar no quadro maior,
Como me afastar daqui. Naquela
época, eu tinha uma razão para viver.
Ben não receberia nenhuma satisfação
de mim; Em vez disso, eu sorri para ele e o
saudei com a minha mão.
— Foda-se. — antes que ele pudesse
dizer qualquer outra coisa, os portões se
fecharam enquanto a poeira sob meus pés
soprava em meu rosto, mas quem se
importava? Inalando profundamente, meus
pulmões acolheram os cheiros repugnantes
e o ambiente desolado.
Liberdade finalmente, Radmir.
Liberdade.
Alguém limpou a garganta, e meus
olhos se abriram e notaram Dima bem ao
meu lado quando ele abriu seus braços e
me deu um abraço de homem, acariciando
minhas costas vigorosamente.
— É bom ver você, cara, muito bom.
— ele sussurrou, apertando-me uma
última vez, e então se inclinou para trás,
me mostrando outro sorrisinho irritante.
Por mais que eu pensasse em repreendê-lo
por seu comportamento, as lembranças do
pequeno garoto que eu pegara nas ruas
não me deixariam.
Praticamente todos da Bratva
consistiam dos meninos ou adolescentes
que eu levei sob a minha asa. Somente
esse pensamento me fez sentir mais velho
que meus trinta e nove anos.
— Você também, Dima, você também.
Obrigado por ter me tirado daqui. — o
crédito tinha que ser dado quando era
devido. Eu não tinha ideia de como ele
conseguiu encontrar o verdadeiro
assassino de Cliff ou seu negócio com o
juiz; Tudo o que importava era que Dima
me devolvera a minha liberdade.
Algo brilhou em seus olhos, mas ele
manteve sua boca fechada, e isso me
perturbou. Dima e Dominic muitas vezes
tinham uma expressão estranha, como se
eles quisessem me dizer algo cada vez que
o assunto da minha liberdade surgia, mas
não sabiam como.
Uma onda de adrenalina surgiu
através de minhas veias, sabendo que eu
estava finalmente livre do lixo onde passei
cinco anos. Tecnicamente, foram seis, mas
recusei-me a contar os seis meses antes da
sentença, pois a esperança ainda estava
viva que a Bratva poderia encontrar uma
solução para os meus problemas na época,
e nos últimos seis meses nós sabíamos que
eu estava saindo, era apenas uma questão
de quando.
Sem mais algemas.
Sem mais espancamentos dos guardas
ou lutas por dominância com os detentos.
Nada de comida fodida ou de roupa laranja
fodida.
Eu era um homem livre.
Aquele que estava prestes a fazer as
pessoas que o colocaram aqui pagarem.
— Você tem todos os arquivos? —
Dima se enrijeceu, mas sob meu olhar
severo, ele assentiu e estendeu a mão com
as pastas.
— Tem certeza disso, brat2? —
perguntou ele, claramente não gostando da
minha decisão, porque isso ameaçava tudo
pelo que eu tinha lutado durante os
últimos cinco anos.
Oh, eu tinha certeza.
Tantas pessoas para cobrar dívidas.
Mas eu começaria com aquela que
mais me traiu.
A mulher que eu amava, a única
mulher que ocupou meus pensamentos
durante todos esses anos, desde o
momento em que a conheci.
A única mulher neste mundo por
quem eu vivia. Vivian.

2
Irmão, em russo.
Nova Iorque

Vivian

Meu telefone tocou alto na sala


silenciosa, ecoando nas paredes e
esfriando meus ossos, enquanto meu corpo
se aquietava e não conseguia mover-se do
medo correndo por minhas veias.
Eu estava esperando por essa
chamada, temia, mas tinha chegado e era
terrível. Nenhuma parte de mim queria
atender, mas às vezes a vida não lhe dava
escolhas. Uma dura verdade que aprendi
ao tentar sobreviver neste mundo.
Deslizando lentamente para o chão de
mármore gelado e frio, engoli todo o ar
possível em meus pulmões para não
parecer fraca a ninguém.
Finalmente, pegando o telefone perto
da lâmpada da mesa ao lado do sofá, eu o
levantei para o meu ouvido e respondi com
uma voz firme.
— Olá?
— Vivian. — meu pai falou do outro
lado da linha, cheio de preocupação. — Ele
está fora.
Três palavras simples.
No entanto, essas três palavras
simples ameaçaram destruir a vida que eu
conhecia, e eu era impotente para deter
isso.
Sem me preocupar em ouvir mais
alguma coisa que ele tinha a dizer,
desliguei a ligação, atirei o telefone na
cadeira e caminhei até a varanda, tentando
me acalmar com a visão noturna de Nova
Iorque.
Luzes cintilantes iluminavam a cidade
de uma forma que criava um ar de mistério
e romance. Mas enquanto na maioria dos
dias me acalmava e permitia que minha
mente se afastasse, naquele momento, não
me ajudou tanto quanto eu queria.
A leve brisa esfriou minha pele
aquecida, coberta apenas com uma
camisola branca leve, de cetim. Meu cabelo
comprido estava puxado por cima do meu
ombro, e eu fechei meus olhos por um
segundo, deixando ir todas as
preocupações.
Instantaneamente, minha cabeça ficou
cheia de imagens de dois corpos
entrelaçados em uma cama enquanto o
homem acariciava suavemente a bochecha
de uma mulher que tinha um sorriso em
seu rosto.
— Vivian. — a voz.
A voz era profunda e rouca.
A voz dos meus pesadelos.
A voz em meus sonhos.
A voz que pertencia ao único homem
que eu costumava amar
incondicionalmente.
O homem que era o pai do meu filho.
Ele estava fora da prisão.
E ele viria atrás de mim por vingança.
Tudo que eu podia fazer era orar por
misericórdia.

Radmir

Entrando no armazém, eu olhei de um


lado para o outro enquanto a pessoa
sentada com os braços amarrados à
cadeira de metal choramingava.
Dando-lhe o meu melhor sorriso
sinistro, eu disse a Dima, Petor e Vitya:
— Saiam.
Eles saíram, mas não antes de Vitya
sussurrar em meu ouvido:
— Pense antes de agir.
Com isso, a porta do armazém se
fechou, deixando-me sozinho com vários
dispositivos de tortura espalhados sobre a
mesa e o filho da puta que testemunhou
contra mim no tribunal todos aqueles anos
atrás. Uma única lâmpada iluminava o
espaço frio e escuro.
O gêmeo de Dominic sabia, de fato,
como infligir dor às pessoas, se sua coleção
de facas, fios, correntes e alicates fosse um
indicativo. Fora ele quem trouxera tudo
aqui.
— Me desculpe. — o cara implorou,
enquanto respirava pesadamente com
medo. Ele lutou para sair da cadeira, mas
tudo o que conseguiu foi bater contra o
chão.
Ignorando suas desculpas, eu coloquei
luvas de látex e passei meus dedos pelas
correntes de metal, desfrutando da
sensação de poder correndo por mim.
Sim, seria realmente libertador
finalmente me vingar dos que mereciam,
um presente generoso que o Pakhan me
permitiu, considerando nossas regras
arcaicas.
O Sovietnik, o conselheiro, era a mão
esquerda do Pakhan, e seu trabalho era
supervisionar as ações que o chefe
ordenasse e tudo relacionado com os
negócios da Bratva, cuidar dos aspetos
legais da organização e da situação
financeira. Mas a parte mais importante
para o Sovietnik era ser um conselheiro
imparcial do Pakhan e resolver conflitos
internos. Para todos os efeitos, o Sovietnik
deve ser desprovido de qualquer interesse
ou ambição, o que significa que ele não
sabia metade da merda que estava sob o
radar.
E mais importante, ele nunca deve se
envolver em qualquer tipo de luta ou tocar
qualquer aspeto ilegal da Bratva. Estar
presente durante espancamentos e outras
coisas era uma das coisas que ele não
deveria ser associado. Antes de Vasya,
nosso antigo Pakhan - que ele descanse em
paz - me conceder a posição de Sovietnik,
eu costumava ser o executor, o que
significava que eu era o melhor quando se
tratava de lutas e armas. Além disso, ele
confiava em mim com novos recrutas, e
essas merdas me fizeram muitas vezes
bater de frente com a sua teimosia e
atitude não-foda-comigo.
Mas eu não podia permitir que mais
ninguém vingasse meus anos perdidos, e
Dominic poderia ser o Pakhan, mas ele era
meu amigo em primeiro lugar.
Além disso, ninguém, a não ser ele,
compreendia a necessidade de vingança.
Sorrindo, eu brincava com os alicates,
causando um som metálico, e o homem
engoliu alto, medo evidente em seu corpo.
Gotas de suor escorriam pela testa dele,
enquanto seus olhos procuravam
freneticamente uma saída, o que não era
possível considerando quem projetou este
estabelecimento.
— Por favor, não tive escolha.
Rindo com aquelas palavras absurdas, eu
me inclinei para baixo e rocei o metal
contra seus nós dos dedos, e ele fechou os
olhos, choramingando. Mas em vez de
bater em seus dedos como esperava, cortei
a corda e libertei suas mãos e pernas da
cadeira.
Arfando, esfregou os pulsos enquanto
cantava:
— Obrigado, muito obrigado. Eu vou te
pagar o quanto você quiser. — eu levantei
minha sobrancelha em diversão, porque o
norte-americano fodido era hilário. Será
que ele realmente pensava que eu iria
deixá-lo ir tão facilmente, só porque ele
pediu para ir?
A generosidade era um dom que não era de
esperar de um homem que perdeu tudo no
espaço de cinco anos.
Minha vida, meu status e minha mulher
foram roubados de mim. A misericórdia era
um presente que nenhum dos meus
inimigos conseguiria.
Colocando soqueiras de bronze e com uma
faca na mão direita, eu a joguei para ele.
Ele mal a pegou, segurando-a firmemente
em seu peito enquanto tremia de medo.
— Eu jogo limpo, mesmo com pessoas que
não merecem. — nas ruas onde cresci, o
mais forte sempre vencia. Meus valores e o
código pelo qual eu vivia não me permitiam
torturá-lo sem lhe dar uma chance.
Dessa forma, ele poderia pelo menos
perder as esperanças, porque ninguém era
melhor que eu. Mas certo como o inferno,
seria surpreendente ver esse homem
tentar.
— Lute. — com isso, eu balancei meu
punho contra ele e ele o bloqueou. Na luta,
nós nos empurramos para trás enquanto
ele procurava por meus pontos fracos.
Recuando, forcei-o para frente quando ele
tentou empurrar a faca para dentro do
meu fígado, mas eu deslizei para o lado e
em vez disso acertei-o no queixo, de modo
que sua cabeça girou para trás. Não lhe
dando muito tempo para se recuperar, eu o
soquei nas costas, mas não antes de lhe
dar um golpe no rosto.
Gemendo, ele caiu no chão enquanto o
sangue escorregava pelos dedos dele, mas
eu não me importava.
Tudo que eu podia ver eram as memórias
que piscavam através de minha mente
como um vívido filme preto e branco.
— Sr. Harrington, você é uma testemunha
neste caso. Você viu quando Radmir
Abdulabekov fez um ferimento fatal à faca a
Cliff Harrington em 19 de setembro de
2011? — perguntou o juiz debaixo de seus
óculos, enquanto eu estava sentado ao lado
de meus advogados. A audiência foi
encerrada para que ninguém na plateia
pudesse vê-la como uma espécie de circo,
enquanto o júri me olhava com desprezo e
desdém.
Conrad endireitou-se e sorriu em minha
direção, mas rapidamente cobriu-o de
tristeza enquanto baixava a cabeça.
— Sim. Como você sabe, eu fui ver meu
irmão, Cliff, naquele dia, e quando entrei
em sua casa, esse homem — apontou para
mim. — Segurava uma faca na mão depois
de apunhalá-lo. Graças a Deus a polícia
estava comigo, ou ele teria me matado
também. — então seus olhos se iluminaram
com raiva enquanto ele se dirigia ao juiz,
sua voz cheia de ódio. — Pessoas como ele
merecem apodrecer na prisão por toda a
vida.
As palavras do filho da puta ecoaram em
meus ouvidos quando as algemas foram
postas em meus pulsos enquanto o juiz
anunciava minha sentença.
Saindo do passado, eu o chutei com força
no estômago. Ele gemeu mais alto. Incapaz
de se levantar, ele rastejou pelo chão, sua
camisa branca rapidamente encharcada de
sangue. Assobiando em voz alta, eu peguei
a arma e apontei para sua testa enquanto
ele balançava a cabeça, ainda
aparentemente esperando por
misericórdia.
— Você estava certo, Conrad. Eu matei um
Harrington, afinal. — com isso, eu disparei
a arma, e ele caiu de costas com os olhos
abertos, mortos.
Um já foi, faltam dez. Eu desejei matá-lo
por tanto tempo - seu testemunho tinha
sido o último prego no meu caixão - mas
eu não poderia desfrutar muito sem
torturar sua mente em primeiro lugar. As
minhas próximas vítimas não receberiam
tanta misericórdia.
Eu ainda tinha de experimentar a
satisfação do ato.
Removendo as luvas de látex, eu joguei-as
na caixa e lavei minhas mãos na pia, então
chamei Vitya.
Em cinco minutos, ele apareceu junto com
Misha, para o meu choque. — O que
diabos você está fazendo aqui?
Misha revirou os olhos, enquanto sorria
para mim e me deu um abraço de urso,
apesar de ser mais baixo do que eu por
alguns centímetros.
— Dominic me enviou. Não podemos
arriscar que você quebre qualquer lei nos
EUA. — ele colocou sua pasta preta no
chão enquanto esfregava as mãos. — Bom
trabalho que você tem para mim aqui. —
ele colocou as luvas enquanto suspirava
entusiasticamente pelo homem morto à
sua frente.
Misha era o limpador da Bratva, o queria
dizer que, quando alguém era morto ou
precisávamos dispor de evidências, ele
aparecia e se assegurava de que os
policiais nunca pudessem rastrear a
Bratva ou qualquer outra pessoa. O que
ele fazia, eu não tinha ideia, mas era bom
nisso. O cara era seriamente doente.
Ele era magro e nerd em comparação com
outros membros, e não acreditava em
violência física, embora não seria bom
alguém subestimá-lo. Ele poderia matar
alguém e teria a certeza de que ninguém
jamais encontrasse os restos mortais.
— Divirta-se. — eu murmurei, enquanto
ele acenava, não gostando de ser
interrompido durante seu processo.
Ao sair do armazém, dois jipes esperavam
por nós, e Vitya respondeu à minha
pergunta silenciosa.
— Petor vai levá-lo para a cobertura, para
que você possa descansar. — ele estava
escondendo alguma coisa, mas eu não
tinha vontade de saber. Limpando a
garganta, acrescentou: — Nós vamos
embora amanhã de manhã, não podemos
ficar muito tempo, Dominic precisa de
Misha lá.
Falando no Pakhan...
— Como ele está?
Os olhos de Vitya escureceram em
tristeza. — Nada bem.
Sim, ele teve sua tragédia com sua própria
mulher e mal tinha tempo para a
irmandade. Ainda bem que ele tinha um
homem tão leal como Vitya ao seu lado.
— Eu ainda tenho dez pessoas para punir.
— Agora não, Radmir. Você precisa
relaxar por um tempo, e depois pode fazer
o que quiser. Mas você não é mais um
prisioneiro. Você é um Sovietnik.
Balançando a cabeça em acordo, eu bati
nas costas dele. — Não se preocupe, Vitya.
Tudo está voltando ao normal.
Sua boca se ergueu em um sorriso
zombeteiro. — O Pakhan e o Sovietnik
estão sofrendo e vão infligir sua vingança
nas pessoas que os prejudicaram. Nada
voltará ao normal até que ambos possam
se livrar de sua dor.
Eu não tinha resposta para sua
declaração.
Seguir em frente estava fora de questão até
que todas as pessoas envolvidas tivessem
morrido com uma morte dolorosa. Só
então, meu coração e minha mente se
acalmaria.
Mas o que eu faria com a única mulher
que eu já amei?
Diretor

Radmir Abdulabekov foi libertado da


prisão, não importa o quanto eu tivesse
tentado mantê-lo lá.
O maldito idiota tinha uma estrela de sorte
ou algo mais ligado a ele. Grunhindo de
raiva, empurrei o laptop, lâmpadas e
notebooks de minha mesa de escritório
enquanto eu me levantava, minha raiva
muito esmagadora para ignorar enquanto
minha mente procurava uma solução para
esta situação.
Finalmente acalmando-me, um sorriso
suave puxou meu rosto enquanto
levantava a foto emoldurada de Vivian
Jordan e traçava sua beleza com meus
dedos.
Ela seria minha, mas eu jamais a
machucaria. Mesmo matar Radmir nunca
foi parte do plano, porque ela amava o
homem. Eu poderia ficar puto por isso;
Afinal, nós pertencemos um ao outro, e ela
não deveria sonhar ou chorar sobre outro
homem. Mas sua ilusão de amá-lo a
manteria longe de outros homens, e isso
funcionaria para mim.
Subconscientemente, ela estava se
guardando para mim; Ela não tinha me
encontrado naquela época, então não
entendia nossa conexão.
Ele ficou no caminho.
Eu estava pronto para ser generoso com
qualquer um, mas parecia que eles não me
deixavam escolha.
Todos os que estavam entre Vivian e eu
teriam que morrer.
Até mesmo seu filho representava o
passado que ela tinha compartilhado sem
mim, e eu não permitiria isso. As crianças
eram inocentes, mas ela não me ouviu
quando tentei convencê-la a abandoná-lo
todos aqueles anos atrás. A única escolha
que me deixara foi a crueldade.
O jogo tinha começado oficialmente. Que o
mais forte vença.
TEXAS

JULHO DE 2011

Vivian

Passaporte, bilhetes e documentos, ok.


Bagagem, laptop, câmera e smartphone, ok.
Cachecol, água, barra de cereais e chiclete,
ok.
Se alguém me dissesse há alguns dias que
iria arrumar uma mochila e deixar tudo isso
para trás, eu teria rido em seus rostos.
Vivian Jackson não era capaz de tais coisas
espontâneas e imprudentes.
Vivian era a filha perfeita, o tipo de criança
com que todos os pais sonhavam.
Graduada com honras em Harvard, onde
ela ganhara uma bolsa de estudos e
trabalhou duro. Maneiras perfeitas,
trabalhava com a caridade, sempre
educada e gentil. Sempre colocava sua
família em primeiro lugar e nunca foi
rebelde. Sem rumores, má reputação, ou
brincadeiras. Amada pelos professores, e
ela tinha apenas alguns amigos próximos.
Não havia tempo para se divertir com todas
essas responsabilidades, mas Vivian nunca
se queixou disso. Ela estava feliz de que
sua família precisasse dela, mesmo que
alguns amigos não entendessem que essa
era a sua vida. Talvez fosse por isso que
todos eles desapareceram com o tempo.
Como eu disse, Vivian era perfeita, e
olhando seu reflexo no espelho, eu nunca a
odiei mais.
Eu estava cansada de ser a Vivian perfeita
que todo mundo adorava e usava.
Eu não tinha vida.
Nada para se preocupar, nada para se
orgulhar.
Esperava que o cara certo aparecesse, e
adivinhem? Ele nunca veio, e eu odiava
esse cara imaginário também. Ressentia-me
dele, até.
Eu pensava que minha existência inútil
seria compensada pelo menos com alguma
história de amor épica, mas não havia tal
coisa.
Eu já tinha o suficiente.
A última gota foi a decisão do meu pai de
me casar com Alex Jordan, porque ele fez
negócios com seu pai e essa fusão
beneficiaria ambas as famílias. Ele apenas
me informou, como se fosse um negócio
feito.
Como se minha vida pertencesse a ele, e eu
fosse uma boneca sem emoção. E antes que
eu pudesse até mesmo protestar, ele me
lembrou o quanto minha vida dependia
dele, já que eu trabalhava em sua empresa
e o ajudava a administrá-la. Ele teve um
ataque cardíaco há um ano e a filha
responsável em mim entrou logo após a
formatura, na esperança de tirar o fardo
dele por um tempo. Eu nunca esperei que
meu sacrifício fosse jogado na minha cara.
Eu tinha um diploma de prestígio, mas
nenhum trabalho, porque toda a minha
energia estava focada em ajudar meu pai.
Meu único amor verdadeiro era a fotografia,
mas mesmo esse relacionamento acabou.
Coloquei toda a minha energia em negócios
familiares, e a constante rejeição de
galerias, jornais e revistas também não
ajudou muito em meu caso. Meu site
também não teve muita sorte. Ninguém o
visitava, e eu tive que constantemente ouvir
o meu pai zombar de seus investimentos em
meu hobby pouco produtivo, porque não
trazia nenhum lucro. Agora, como ele
considerou um investimento comprar uma
câmera profissional há alguns anos para
mim, estava além de minha percepção.
Quem diabos vivia assim? Sem auto
respeito, onde ninguém se preocupava com
meus desejos, esperanças e sonhos? Como
eu poderia ter permitido isso? Todos esses
luxos valiam a pena? O medo do
desconhecido valia a pena?
Eu costumava pensar que valia. Mas não
mais.
Pela primeira vez em minha vida, eu estava
mostrando meu dedo médio para as
responsabilidades, deveres e tudo o mais
que implicava que eu tinha que ser a garota
perfeita, enquanto minha vida passava
como um borrão.
Foda-se essa merda. Não mais.
Pegando minha mochila em uma mão
enquanto a outra pegava a mala, eu olhei
uma última vez para o lugar que chamava
de casa. Eu costumava adorar a casa de
fazenda maciça, onde você poderia apreciar
a beleza da natureza.
Agora, olhar para ela me fez sentir nada
além de náuseas. Minha própria prisão que
estava retirando lentamente a vida de mim,
e para sobreviver, eu tinha que fugir.
Antes que alguém pudesse me parar, eu
subi dentro de um táxi, coloquei meus
óculos de sol e olhei para frente.
Nada neste mundo poderia ter mudado
meus planos. A vida estava esperando por
mim.
ABRIL DE 2017

Radmir

Inclinando-me sobre a cerâmica fria, gemi


quando as gotas quentes de água aliviaram
meus músculos doloridos enquanto o
chuveiro se enchia de vapor. A água suja
em meus pés desceu pelo ralo, levando a
prisão e toda a sujeira daquele lugar
embora. Eu me ensaboei, saboreando o
luxo de não estar tenso ou sempre ter que
olhar por cima do meu ombro em caso de
perigo.
Pequenas coisas como um chuveiro, que
são uma necessidade, pode despir você do
seu orgulho ou de qualquer outra coisa na
prisão. Eu nunca poderia permitir-me
saborear uma chuveirada adequadamente
quando alguém estava lá comigo. As
pessoas devem apreciar as coisas que elas
têm e não tomá-las como algo certo.
A água começou a esfriar, então eu fechei a
válvula e saí, peguei uma toalha, envolvi-a
em torno dos meus quadris e, em seguida,
exalei alto enquanto eu enrolava meus
dedos do pé no tapete macio fofinho.
Era um contraste com o azulejo robusto,
frio, quebrado na prisão. Eu ainda tinha
algumas bolhas e cortes em meus pés da
última vez que alguém quebrou um copo
no chão e tirou meus sapatos para que eu
pisasse nos estilhaços.
A vida na prisão não era fácil; Alguém
sempre se certificava disso. A quantidade
de merda que eu recebi lá só poderia ser
explicada como uma vingança pessoal
contra mim. Aquelas pessoas não
perceberam um fato importante, embora.
Não envie ovelhas para matar um lobo.
Cada golpe, briga, cicatriz, dor só me fez
mais forte para que eu pudesse sobreviver
para minha vingança.
Limpando a névoa do espelho com a palma
da mão, estudei meu reflexo, tentando
reconhecer esse animal barbudo com corte
de cabelo Mohawk como Radmir
Abdulabekov.
Eu costumava ser o mais certinho da
Bratva. Ternos, cortes de cabelo
sofisticados e, geralmente, barbeado. Mas
agora, várias cicatrizes novas marcavam
meu peito e costas de feridas de faca.
Novas tatuagens nas minhas mãos e nas
costas forneceram uma memória
permanente dos anos que perdi e,
finalmente, a pele áspera e danificada das
batidas que nunca seriam as mesmas.
Meus olhos, que costumavam ser cinza e
cheios de risos e brincadeiras, não
continham mais nada senão fúria e raiva
pela injustiça feita a mim.
Grunhindo com os pensamentos
inquietantes, eu desliguei a luz e entrei no
quarto só para parar quando eu notei uma
estranha lá.
Uma mulher nova com cabelos louros e
longos, usando um vestido preto apertado
que mal chegava até suas coxas e saltos
altos, o que permitia que seus quadris
balançassem de um lado para o outro ao
se aproximar de mim. Seus olhos verdes
deslizaram para baixo do meu corpo
enquanto acendiam com apreço pelo meu
físico.
Eu gostava de sexo tanto quanto qualquer
outro cara, e muitas vezes eu me divertia
mimando meus casos de uma noite com
jantares caros e sendo cavalheiro, mas não
significava nada.
No entanto, eu sempre reconheci o olhar
em seus olhos quando elas pensavam que
tinham acertado na loteria comigo.
— Sovietnik. — ela murmurou. Seu
sotaque era grosso, então não havia
dúvidas de que ela era da Rússia. Quando
o perfume dela chegou a mim, eu me
encolhi com o cheiro forte. Que porra de
marca era aquela?
— Estou aqui para fazer você se sentir
melhor. — ela empurrou seu cabelo sobre
seu ombro. — Ordem direta da Bratva. —
logo antes que sua mão tocasse meu
abdômen, eu a agarrei e empurrei para
atrás... para seu ofego surpreendido.
— Saia daqui. — ela puxou seu vestido,
confusão escrita em seu rosto. Na minha
velha vida, eu teria sido mais gentil, já que
costumava adorar as mulheres, mas no
momento, meu humor não era exatamente
acolhedor.
— Mas você está fora da prisão... eu sou
um presente. — ela ainda insistiu,
lambendo seus lábios e mostrando seu
decote generoso, mas eu não me
importava. Minha mente estava tentando
entender suas palavras.
Então me ocorreu.
A Bratva tinha várias regras, um código
pelo qual todo mundo vivia, e elas nunca
foram quebradas. Uma delas dizia que, se
um membro tivesse se encontrado na
prisão em qualquer ponto de sua vida, e se
ele não fosse casado, uma mulher deveria
ser entregue em sua casa ou em seu
quarto para lhe dar prazer para compensar
todos aqueles anos solitários.
Dima estava simplesmente seguindo as
regras, provavelmente sem consultar o
Pakhan primeiro, porque Dominic sabia
minha posição sobre isso.
— Eu não vou repetir novamente. Sai fora,
porra.
Ela franziu a testa, abriu a boca para
discutir mais uma vez, mas deve ter visto
algo em meus olhos, pois rapidamente
agarrou sua jaqueta da cadeira e se moveu
para a porta. Com força, ela a abriu e saiu,
mas não antes de gritar:
— Um homem normal precisaria de uma
mulher. — e bateu a porta com força atrás
dela. Caminhando até a enorme janela,
que iluminava o quarto com as luzes da
cidade refletida nela, eu descansei o meu
braço sobre o vidro e me concentrei nas
luzes acesas abaixo.
Oh, ela estava certa. Eu precisava de uma
mulher.
Mas não qualquer mulher.
Eu precisava de Vivian, tão patético quanto
soava, e antes de encerrar tudo com ela, eu
sentiria o prazer de seu corpo mais uma
vez. Talvez então a ideia de machucá-la
fosse menos dolorosa.
Com esse pensamento em mente, eu
removi a toalha e movi-me para o guarda-
roupa.
Por que esperar o inevitável, se tudo isso
poderia ser feito agora?
Vivian

Olhar para o meu teto e contar navios não


me ajudou a adormecer, não importa o
quanto eu tentei. O ligeiro sussurro das
cortinas voando em volta da porta da
varanda aberta me perturbava, criando
uma consciência no meu corpo que não me
permitia relaxar e derivar para a terra dos
sonhos.
Ou talvez você esteja enlouquecendo.
Abandonando a ideia de dormir, eu
empurrei o cobertor para longe e me
levantei, gemendo alto na rigidez em
minhas costas. Isso é o que eu recebo por
passar muito tempo em minhas costas
durante um photoshoot caro para a revista
Vogue.
Mas o dinheiro era bom, e na minha
posição, eu estava grata por ter um
trabalho bem remunerado que me permitia
ser financeiramente independente de
qualquer um. Minha existência sob as
pilhas de mentiras era bastante difícil.
O barulho do meu telefone celular me tirou
de minhas reflexões deprimentes, e
percebendo a identificação do chamador,
meu rosto iluminou com um sorriso. Ele
sempre tinha o melhor timing.
— Oi querido.
Um grito, e então um alto:
— Oi, mamãe! — me cumprimentou do
outro lado da linha, e a alegria se apoderou
de mim.
Meu filho pequeno era a única fonte de
felicidade em minha vida.
— Adivinha, mamãe? — perguntou,
animado, sentando-se na minha cadeira
grande e macia, verde, desfrutando da
suavidade que proporcionava.
— O quê?
— Acabei de assar meu próprio biscoito.
Eu parei por um segundo com essa
informação, porque com meu filho, você
nunca sabia de verdade, e então disse:
— Você assou? Como assim?
Ele bufou, claramente exasperado que
tivesse que me explicar.
— Vovó me mostrou como, e então nós
assamos bolinhos de chocolate juntos. Os
meus são melhores. — disse ele
orgulhosamente, e eu esfreguei minha
testa, me perguntando se essa fase poderia
jamais passar.
Jake, meu filho, tinha cinco anos de idade
e o coração mais gentil de todos. Ele traria
animais feridos para casa de seu passeio
no bosque, ajudaria os idosos na calçada
com seus mantimentos - e com isso eu
queria dizer que eles lhe davam algo leve,
então ele teria um senso de
responsabilidade - e ele sempre contaria
histórias para quem ouvisse, para iluminar
o humor.
No entanto, ele também tinha um senso de
competitividade, e ele sempre tinha que ser
o melhor em alguma coisa. O segundo
lugar não. Eu não tinha ideia de como
controlá-lo ou explicar algo a ele, sem
desencorajá-lo a fazer o seu melhor.
Infelizmente a maternidade não vinha com
algum tipo de livro que tinha uma lista de
diretrizes.
— Tenho certeza que sim, querido. Mas a
vovó prepara os melhores cookies. —
olhando para o relógio, eu mentalmente
contei o tempo no Texas e perguntei. — Por
que você ainda não está na cama?
— Vovô disse que eu podia ficar acordado.
— ele simplesmente respondeu, e depois
ficou quieto, enquanto o som de seu
desenho favorito poderia ser ouvido no
fundo.
Rangendo meus dentes, eu mal me contive
de chamar meu pai e repreendê-lo por esse
comportamento. Ele não se importava com
a agenda de Jake, sempre tentando ser o
melhor vovô. Como se tivesse alguém para
competir pelo título. Anos atrás, ele se
assegurou de que Jake não tivesse
ninguém além de minha família ao seu
redor.
Meu pai não era um homem com quem
você pudesse mexer, e francamente ele não
se importava com meus sentimentos, mas
ele amava Jake com tudo o que tinha. Era
o neto esperado há muito tempo,
finalmente um menino na dinastia
Jackson, e meu pai o amava. Se
dependesse de mim, Jake não iria deixar o
meu lado, mas as regras eram diferentes.
A ordem de Alex de mandar Jake lá uma
vez por mês era estranha, mas eu não me
opunha muito. De todas as coisas
estranhas que ele poderia ter exigido de
mim, aquilo pelo menos beneficiava meu
filho. A única graça salvadora deste
arranjo era o fato de Jake gostar de passar
apenas um fim de semana com eles a cada
mês.
Caso contrário, eu ia agarrá-lo e correr
para longe, onde ninguém ousaria ameaçar
nos machucar.
Os pensamentos de um homem de olhos
cinzentos e bonitos entraram em minha
mente, e meus olhos se fecharam por um
segundo, saboreando a imagem de Radmir
que minha mente criou. Com apenas um
olhar severo, ele poderia fazer um homem
parar imediatamente, assim não olharia
nem mesmo em minha direção. Ele não
permitiria que seu filho ou mulher
ficassem aterrorizados com o que os
rodeava. Se ele tivesse tido a chance nos
proteger o tempo todo...
Se sua vida não estivesse na linha quando
engravidei.
Apenas ‘se’.
Limpando a garganta, voltei-me para o
presente e ignorei o pensamento estúpido
correndo pela minha mente.
— Jake, querido?
— Sim, mamãe? — ele respondeu
distraidamente.
— Que tal tomar um banho e depois ir
dormir? — à essa distância, eu poderia
imaginar que ele estava exausto. Papai
sempre planejava viagens de pesca junto
com um churrasco. Adicione assar os
bolinhos, e tinha sido o suficiente para
cansar um menino de cinco anos de idade.
Ele provavelmente comeu açúcar suficiente
para durar por uma semana, e essa era a
única razão pela qual ainda estava em pé.
— Ok, mamãe. — ele reclamou, e então
disse: — Amo você, mamãe.
Meu coração bateu dolorosamente no meu
peito, aquecendo minhas entranhas
congeladas.
Meu bebê, que fazia tudo isso suportável e
valer a pena.
— Amo você, querido. Mal posso esperar
para te apertar amanhã. — com isso,
desliguei o telefone e escrevi uma
mensagem rápida para minha mãe a
respeito dele. Ela ouviria, e depois da
minha última conversa com o pai algumas
horas atrás, eu não aguentava falar com
ele.
Por que ele me ligaria para falar sobre
isso? O tema Radmir estava estritamente
proibido em minha casa. Tivemos brigas
suficientes sobre isso para durar uma vida
inteira. Às vezes eu me perguntava se eles
achavam que fiquei grávida do nada, e em
sua cabeça, Jake não tinha pai.
Colocando o telefone na mesa, eu estava
prestes a ir ao banheiro tomar um banho
quente, esperando relaxar meu corpo o
suficiente para dormir, quando o som de
um vaso esmagando no chão me pegou
desprevenida.
Correndo rapidamente para a sala de
estar, meus olhos arregalaram-se ao notar
a porta do terraço aberta que geralmente
estava fechada em nossa pequena casa
suburbana. O forte vento que deve ter
aberto a porta do terraço também deve ter
derrubado o vaso.
O luar iluminava tudo, permitindo que eu
me movesse livremente sem as luzes
acesas, e quando me inclinei para pegar os
cacos espalhados ao redor, uma ingestão
áspera de fôlego me parou no lugar.
Uma consciência se apoderou de mim,
aquecendo meu corpo enquanto o cheiro
familiar masculino enchia o ar, e meu
coração congelou por um segundo e depois
retomou, batendo duas vezes mais rápido
do que antes.
Girando, eu me vi cara a cara com o
homem que tinha assombrado meus
sonhos durante os últimos seis anos.
O amor da minha vida.
Radmir.
Ele estava aqui.
Eu não podia acreditar que depois de seis
anos de separação, ele veio no meio da
noite à minha casa, quando eu estava
vestindo nada além de uma camisola
branca transparente.
Ele havia mudado durante os anos
passados na prisão. Meus olhos
examinaram seus ombros maciços e sua
figura volumosa. Ele estava muito mais
musculoso do que antes, e embora sempre
tivesse sido musculoso, antes ele
costumava ser mais magro. Até as veias de
seu pescoço estavam inchadas. Seu cabelo
estava cortado em um Mohawk3, e seu
rosto tinha uma barba, um contraste
incomum ao seu rosto geralmente bem-
barbeado. Tatuagens percorriam todo o
seu corpo, provavelmente tendo algum
significado importante, mas confundiu-me
que ele tinha tantas. Até mesmo os nós de
3
Moicano.
seus dedos tinham letras sobre eles, como
se ele estivesse fazendo uma declaração.
— Radmir. — eu exalei seu nome em uma
respiração pesada. Depois de todos esses
anos, seu nome ainda tinha a capacidade
de enviar arrepios por minha coluna, pois
me lembrava quem ele realmente era. Seus
olhos percorreram todo o meu corpo,
escuros e aquecidos, prometendo
retribuição por tudo o que ele pensava que
eu era culpada.
Um homem dominante e possessivo que
precisava de sua mulher.
Me dando seu sorriso torto, ele deu um
passo mais perto, e subconscientemente,
eu me movi para trás, o que despertou sua
raiva.
— Então, você se lembra do meu nome,
krasivoglazaya4. Pelo menos isso é algo
que você não esqueceu. — sua voz era
sarcástica, magoada, e naquele momento,
minhas costas bateram na parede, não me
4
A tradução literal é: olhos lindos.
deixando escapar, porque ele estava me
encurralando em um instante.
Suas mãos estavam em ambos os lados da
minha cabeça. Seus quadris empurraram
contra os meus, o que me permitiu sentir
seu tesão, e tudo que era feminino em mim
despertou ao seu toque. Essas partes de
mim ficaram adormecidas durante todos
esses anos, porque ninguém poderia
evocar essa resposta senão ele.
Os olhos cinzentos de Radmir percorreram
minha pele exposta, e ele se inclinou para
mais perto, inalando meu cheiro.
— Tão bom como eu me lembro. — então
ele passou o nariz em meu pescoço e
beliscou minha pele com os dentes, o que
me fez tremer. Minhas mãos
automaticamente agarraram seu cabelo.
— Um gosto tão bom como eu me lembro.
— seus lábios se moveram para minha
boca, e sem aviso, sua língua mergulhou
para dentro, tomando posse.
O beijo era profundo, apaixonado,
punitivo, quente, e por alguma razão, tinha
um toque de desespero nele.
Como se ele tentasse memorizar o gosto e
me odiasse por isso, como se trouxesse
prazer e dor ao mesmo tempo. Como se me
beijar fosse um pecado, e felicidade ao
mesmo tempo.
Afastei minha boca da dele, porque era
difícil respirar. Enquanto eu engolia ar,
suas mãos se moveram para a borda da
minha camisola e começaram a levantá-
la lentamente sobre minhas coxas e até
meu estômago, a suavidade da seda
evocando arrepios e me expondo.
Rápido, era muito rápido.
Precisávamos conversar. Ele tinha que
ouvir minha explicação primeiro e entender
por que eu fiz o que tive que fazer.
Era cedo demais para fazer amor, muito
cedo.
— Não. — eu sussurrei contra sua boca e
tentei afastá-lo, mas ele não se moveu.
Deus, eu esqueci o quão forte ele era.
— Não? — ele zombou de mim enquanto
suas mãos rasgavam minha calcinha com
uma rápida puxada, com sua boca
movendo-se para sugar meu mamilo
através do material, molhando-o, fazendo-o
ficar duro. Sua mão se moveu para meu
núcleo, empurrando seu dedo para dentro,
espalhando minha umidade em todo o meu
calor apertado. Meus músculos apertaram
em torno de seus dedos, e ele rosnou.
Enfiando meus dedos no cabelo dele, eu
puxei sua cabeça para mais perto e gemi
alto quando ele mordeu levemente minha
pele, enviando sensações de formigamento
através de mim.
Como uma mulher deveria resistir a um
homem que ela amava de todo o coração?
— Não devemos fazer isso. — sussurrei
de novo, e ele parou, erguendo o olhar para
mim, me memorizando com olhos ardentes
e cheios de desejo.
Sem quebrar nosso olhar, ele tirou seu
dedo de mim e trouxe-o para sua boca,
sugando-o com força, provando-me em sua
língua.
Ele me agarrou pela nuca e bateu sua boca
mais uma vez na minha, permitindo-me
provar-me nele, arrancando um gemido de
mim. Não sendo capaz de suportar seu
ataque, eu empurrei sua camisa para
cima. Ele me soltou por um segundo e
jogou-o sobre sua cabeça enquanto
minhas mãos finalmente tocavam sua pele
áspera, minhas unhas cavando em suas
costas.
— Estranho como seu corpo diz sim,
quando você continua dizendo não. — ele
desabotoou suas calças, as abaixou, e
circulou minhas pernas ao redor dele,
enquanto eu o puxava para mais perto.
Com um empurrão forte, ele empurrou
para dentro de mim, e tudo congelou.
Era doloroso, agradável, consumidor, e
áspero ao mesmo tempo.
— Apertada pra caralho. — ele
murmurou. — Esse filho da puta
americano não te fodeu como eu,
krasivoglazaya. — na neblina do meu
desejo, eu não entendi o significado por
trás de suas palavras.
Que filho da puta americano? Ele estava
falando sobre o meu passado antes dele?
Ele nunca falou nisso. Por que ele falaria
sobre isso em tal momento?
Outras pessoas não pertenciam ao nosso
relacionamento ou amor. Nós prometemos
isso um ao outro durante a nossa primeira
noite juntos todos aqueles anos atrás.
— Ninguém além de você importa.
Ele parou, agarrou meu cabelo
dolorosamente, e empurrou minha cabeça
para trás, expondo meu pescoço para ele.
— Ninguém? — a dor brilhou em seus
olhos... e remorso, mas ele rapidamente o
mascarou, me confundindo ainda mais. —
Você... — ele gemeu, e então sua boca
estava de volta na minha, possuindo-me de
novo, enquanto ele se movia dentro e fora
de mim, me fazendo sentir tão cheia e tão
bom. Suas mãos apertaram meu rosto
dolorosamente, deixando contusões, mas
eu não me importava.
Ele estava finalmente aqui, comigo, dentro
de mim, onde ele pertencia. Todos aqueles
anos de separação desapareceram em seus
braços.
— Eu senti tanto sua falta.
Ele rosnou para minhas palavras. — Você
me traiu.
Tentei balançar a cabeça, mas não
consegui com seu aperto forte em meu
rosto. Forte e rápido, ele continuou a me
foder.
Isso não era apenas sexo; Nossos corpos
aprenderam de novo o que significava
pertencer um ao outro, e mesmo que nada
tenha sido resolvido entre nós, eu nunca
poderia dizer não a ele.
A pressão cresceu dentro de mim quando
eu subi cada vez mais alto com cada
impulso, e então meu grito de prazer ecoou
pela casa. Meus músculos não utilizados
apertaram em torno dele, enquanto meu
orgasmo fazia meu corpo tremer, e depois
de um último empurrão, ele gozou
também, rugindo alto.
Nossos corpos estavam lisos com
transpiração, mas eu me agarrei a ele
enquanto nossas respirações irregulares se
misturavam.
Em seguida, algo mais surgiu. Tão ótima
como a experiência foi, tinha algo de
diferente nela.
Ele usou um preservativo. Nós só usamos
durante nosso primeiro mês juntos; Depois
disso, não havia necessidade. Estávamos
totalmente comprometidos e limpos. Por
que ele usaria um preservativo agora?
Nunca deixei que outro homem me
tocasse, e ele também não faria isso
comigo.
— Radmir. — eu sussurrei, desejando
respostas para minhas perguntas.
Ele não respondeu, apenas saiu de suas
calças e, descalço, passou pelo meu quarto
direto para o banheiro, ainda me
segurando. Ele entrou no chuveiro, seus
olhos examinando o cômodo como se
estivesse procurando alguma coisa.
Quando a água aqueceu e vapor começou
a aparecer, ele entrou, colocando-me em
meus pés.
— Radmir.
Ele me ignorou novamente, pegando minha
esponja cor-de-rosa e ensaboando antes de
metodicamente passá-la sobre a minha
pele. Ele esfregou de meus ombros para
minhas costas até os meus joelhos, e então
ele girou-me, suavemente limpando meus
seios ainda sensíveis, meu estômago e,
finalmente, minha buceta.
— Vivian. — ele sussurrou, e uma única
lágrima deslizou pela ponte do meu nariz,
misturando-se com a água espirrando
sobre nós. Sua voz me lembrou meu velho
Radmir, aquele que me ensinou a amar.
Ele manobrou-me de modo que minhas
costas estivessem pressionadas contra a
cerâmica fria, e caiu de joelhos, colocou
uma das minhas pernas sobre seu ombro,
e expôs minha carne nua e aquecida.
Esfregando sua barba por dentro da minha
coxa, ele beliscou-a e depois lentamente,
agonizantemente, lambeu de baixo para
cima e depois de cima para baixo. Ele
repetiu a ação várias vezes, me deixando
louca, e então finalmente sua língua
entrou na minha abertura, sondando
profundamente enquanto ele gemia como
um homem faminto.
Um gemido escapou de mim com o toque
de veludo de sua língua em minha pele
sensível, sua barba intensificando a
sensação. Antes, ele estava sempre bem
barbeado, então as sensações não me eram
familiares.
Fechando meus olhos, eu puxei seus
cabelos enquanto ele se deleitava em mim,
enviando fogo através de meu sangue e
acendendo um desejo furioso dentro de
mim. Os ruídos eróticos que vinham dele
enquanto me provava, me excitaram ainda
mais. A forma como ele estava se
banqueteando em mim dava a entender
que estava tentando imprimir-se
permanentemente lá para que ninguém
jamais se comparasse. Ele beijou, lambeu,
enfiou, mordeu.
Então, de repente, sua boca se foi, e eu
gemi de angústia. Meu corpo estava
excitado além da crença, mas faltava
satisfação até que ele pressionou a ponta
de sua língua no meu clitóris enquanto
dois dedos empurravam para dentro até
encontrarem o local perfeito. Então tudo se
transformou em êxtase.
Tentei me segurar, puxando seus cabelos,
mas ele não parou. O calor me dominou
enquanto outro orgasmo me invadia. Eu
empurrei meu núcleo mais firmemente
contra sua boca, mas ele apenas cavou
seus dedos em minha bunda mais
duramente até as últimas reações serem
sacudidas de mim.
Quando estava coerente o suficiente para
entender o que estava acontecendo, a
névoa de bem-aventurança, desejo e prazer
tinha sumido. Ele desligou a água, enrolou
uma toalha ao meu redor, e me jogou na
cama, ainda um pouco molhada. A cama
mergulhou sob seu peso, e então ele
afastou meus joelhos e tomou seu lugar
entre eles. Sem aviso, ele entrou em mim
com um impulso suave. Porque eu ainda
estava tão sensível desde cedo, quase
cheguei lá. Eu podia sentir sua carne
aquecida dentro de mim, o desespero com
o qual ele me queria, então eu apertei
ainda mais minhas pernas em torno dele.
Cavando meus calcanhares em seu
traseiro, meus dedos do pé enrolaram
enquanto ele martelava dentro de mim,
mais selvagem do que antes.
A bofetada de carne contra carne,
respirações irregulares, músculos tensos,
desejo avassalador - um desejo que só nós
compartilhávamos, porque nada mais
comparava a ele neste mundo.
Era muito, muito cedo, e ainda assim tão
tarde. Oh Deus, eu estava gozando de
novo, minhas costas arqueando enquanto
ele chupava meu pescoço. Então ele
encontrou sua liberação alguns minutos
depois.
Ele caiu em mim, e embora fosse difícil
respirar, eu apreciei seu peso em mim. Isso
provava que eu não estava sonhando e que
tudo era real.
Fazer amor com ele tinha sido mágico.
A única diferença de agora para o passado
foi que ele quase não me disse nada. Antes
que eu pudesse me concentrar muito
nisso, embora, ele rolou sobre suas costas
e me puxou para seu peito, e então a
exaustão me reivindicou.
Com a batida constante de seu coração sob
o meu ouvido, eu fui embalada para
dormir.
Meu homem voltara para mim.

Radmir

No instante em que Vivian adormeceu, eu


me afastei dela o mais gentilmente
possível, de modo que minha saída não a
acordasse. Fiquei de pé, reunindo minhas
roupas no processo. Enquanto as vestia,
meus olhos focaram na bela mulher
esticada na cama, seu peito subindo e
descendo pacificamente no sono. Seus
ricos cachos cobriam seus seios, mas suas
longas pernas eram visíveis sob o lençol.
Vários chupões marcavam seu pescoço de
cisne, minhas marcas de propriedade em
sua pele de porcelana para que todos
vissem. Embora eu nunca planejei que isso
acontecesse, porque ela já não me
pertencia, meu corpo se lembrava. Meu
pau endureceu com a imagem, mas eu
ignorei, fechando minhas calças
rapidamente.
Ninguém me trazia maior prazer do que
ela, e esta besta possessiva em mim
desejava raptá-la e trancá-la na Rússia,
para que não nos separássemos mais. Eu
a torturaria por dias por desistir de mim,
por romper sua promessa de amor eterno,
mas então estaríamos juntos, e tudo isso
poderia ser posto atrás de nós.
Sentando na beira da cama, movi uma
mecha de cabelo, e ela seguiu minha mão,
apreciando a carícia em seu rosto, mesmo
adormecida. Pela primeira vez desde que
Dominic anunciou que ela estava por trás
de minha prisão, pensei em algo que eu
achava impossível em nossa situação.
Perdão.
Construir uma vida com ela depois de
tudo, esquecendo toda a merda que tinha
acontecido conosco.
Apenas imaginar isso em minha cabeça
desatou o nó duro em meu coração, e eu
estava prestes a colocar um beijo em seus
lábios, quando uma foto emoldurada em
sua cabeceira chamou minha atenção.
Vivian estava de pé em um parque,
vestindo jeans e uma camisa leve enquanto
sorria brilhantemente para a câmera. Ela
segurava um bebê recém-nascido em um
cobertor azul, abraçando-o firmemente ao
peito. Olhando para baixo, notei uma
pequena legenda manuscrita.
O primeiro dia de Jake no parque.
Jake. Minhas mãos esmagaram o quadro.
O vidro rachou sob minha força enquanto
um rugido de injustiça retumbava em
minha garganta.
Devia ser o nome do nosso filho. Como ela
se atreveu a nomear o filho de seu marido
com o nome do meu pai?
Jogando o quadro na cama, mas pegando
a foto por alguma maldita razão, peguei
minha jaqueta e saí da casa, mas não
antes de fechar as portas da varanda e
verificar o alarme de segurança.
Logo depois que fechei a porta atrás de
mim, bati com os punhos na parede várias
vezes, com força suficiente para que o
sangue escorresse lentamente das feridas.
Meu coração batia como louco no meu
peito, a única indicação de que eu estava
vivo, porque todo o resto estava morto.
Eu poderia ter amado seu filho e tê-lo
criado como meu. Eu poderia ter vivido
com o fato de que ela tentou seguir em
frente.
Mas eu não poderia perdoá-la por casar
com outra pessoa enquanto testemunhava
contra mim no tribunal.
Por que ela fez isso? Como poderia ter feito
isso?
Pensei que minha última vingança me
traria paz, que usar seu corpo aliviaria o
desejo em minha alma por ela. Eu pensei
que me mostraria que nossa atração e
amor não era nada mais do que uma
novidade que eu tinha experimentado e
aumentado exageradamente em minha
cabeça durante meu tempo na prisão. Eu
nunca machuquei as mulheres de
qualquer maneira, então esta punição
parecia ser uma boa escolha. Junto com a
destruição de sua família.
Mas tudo o que fez foi piorar minha
condição. Eu fui o único que perdeu nesta
batalha.
Vivian Jackson estava gravada para
sempre em meu coração, tão gravada que
não conseguia ver uma maneira de me
livrar dela.
Colocando o telefone junto ao meu ouvido,
esperei que Vitya atendesse e quando ele
atendeu, eu disse:
— Coloque uma pessoa para ficar de olho
nela. Ela precisa ser protegida 24 horas,
com relatórios. Se um cabelo deixar sua
cabeça bonita, eu pessoalmente vou matar
quem ficou responsável por sua segurança.
— terminando o telefonema, caminhei até
Dima e Petor que tinham ficado lá fora
esperando por mim, fumando cigarros,
mas eles se endireitaram uma vez que
perceberam minha expressão. —
Aeroporto.
Dima franziu o cenho para minha ordem,
exalando fumaça.
— Mas não deveríamos sair até amanhã.
— lendo meu rosto, ele se calou e abriu a
porta para eu entrar.
Descansando minha cabeça no banco
traseiro, eu olhei para a foto que roubei
dela e passei meu dedo sobre seu rosto. Eu
era um idiota, mas não podia deixá-la para
trás. Seria um lembrete para mim nunca ir
atrás dela por causa do garoto em seus
braços.
Vivian me quebrou.
Mas não importava o quanto eu tentasse
esquecê-la, nunca poderia permitir que
mais ninguém a prejudicasse. E desde que
eu planejava começar uma guerra, ela
poderia ser um dano colateral nela.
E ninguém, ninguém mesmo, podia
machucar minha mulher. Ninguém além
de mim.
Vivian

Assustados, meus olhos se abriram.


Desorientada, estudei meu ambiente. A
primeira coisa que minha mente registrou
foi o espaço vazio ao meu lado.
Movendo meus dedos no lençol ainda
morno, eu chamei:
— Radmir. — mas nenhuma resposta veio.
Envolvendo o lençol o meu redor, eu sentei
na cama e minhas pernas acertaram algo
afiado. — Ouch. — eu murmurei e então
peguei o quadro em minhas mãos, só para
ver que o vidro estava quebrado. Onde
estava a foto? Ele pegou?
Ah, não. Não!
Rapidamente de pé, corri para a sala. Tudo
estava fechado e trancado. Ele tinha ido
embora. O alarme estava ligado, provando
mais uma vez que Radmir sempre se
importaria com minha segurança, mesmo
que me odiasse.
Ele saiu antes que eu pudesse explicar o
que aconteceu todos aqueles anos atrás,
porque eu me casei com Alex. Meu coração
doía de uma maneira insuportável, e
esfregando meu peito, eu desejei poder
criar uma caixa de indiferença dentro de
mim para que ela fosse embora. Afinal, a
técnica tinha me ajudado através de todos
esses anos.
Ele tinha vindo para se vingar, e seu
comportamento estranho enquanto
fazíamos amor fez sentido para mim agora.
Soluçando calmamente, caí de joelhos
enquanto minha mente procurava
desesperadamente uma maneira de se
acalmar.
Mas como uma pessoa poderia se acalmar
enquanto o mundo com o qual sonhara era
queimado até virar cinzas?
Ele estragaria sua vida, Vivian. Este é o tipo
de homem pelo qual você se apaixonou.
Descobrir que meu pai despótico tinha
razão em uma coisa, era difícil de admitir.
Não haveria felizes para sempre em nossa
história de amor.
Talvez tivesse chegado o momento de
seguir em frente.
Vivian

Correndo pelo aeroporto, fui até o balcão e,


respirando pesadamente, perguntei:
— Qual é o próximo voo? — a jovem piscou
para mim do outro lado do balcão, e então
seus olhos deslizaram por minhas roupas.
Ela deve ter achado que eu estava
apresentável o suficiente para pagar,
porque seus dedos clicaram com velocidade
impressionante no computador.
— Um voo para Moscou sai em noventa
minutos. E depois há um voo para Paris.
Mordendo meu lábio, passei meus dedos
pelo meu cabelo.
— É isso? Não há outras opções?
Era um maldito aeroporto J.F. Kennedy, e
eles poderiam me oferecer apenas dois
voos? Eu voei do Texas até aqui para que
assim meu pai tivesse dificuldades em me
achar e foi tudo por nada! Talvez eu
devesse ter pensado nisso antes da minha
grande fuga, mas nos filmes, eles sempre
tinham voos disponíveis para lugares como
Peru, Brasil ou algum lugar, certo? Países
que falavam de paixão e aventura?
— Não, desculpe. — ela respondeu.
Meu telefone tocou outra vez com mais uma
chamada de meu pai e mãe, e conhecendo
ele e a sua equipe enlouquecedora, eles
começariam a rastrear-me em uma hora e,
em seguida, bloqueariam os voos se eu
tentasse fugir.
Simplesmente não havia tempo para
pensar, então eu sibilei, se o empurrão de
seu queixo fosse um indicativo:
— Moscou.
Tanto quanto eu amava Paris, seria o
primeiro lugar que eles iriam procurar por
mim. Minha irmã mais nova, Tina, mudou-
se para lá quando sua carreira de modelo
começou, e aos vinte anos de idade, ela já
tinha feito um nome para si mesma na
indústria da alta moda. Papai odiava, mas
ele não podia fazer merda nenhuma sobre
isso desde que ela tinha um contrato de um
milhão de dólares, e isso trouxe boa
publicidade para sua empresa de petróleo.
Era patético que até mesmo minha irmã
mais nova tinha sua vida bem
encaminhada, enquanto eu tinha que fugir
como uma garota de seu poder e
autoridade.
Eu não podia me dar ao luxo de ser
encontrada tão cedo, não até que eu
pudesse pensar e decidir o que queria fazer
com minha vida.
Tudo que sabia naquele momento era que
eu precisava respirar e minha família me
sufocava até o ponto de não retorno. Não
deveria culpá-los, porque eu tinha vinte e
três anos de idade, mas o ressentimento
ainda sim havia se instalado dentro de mim
e não iria embora.
— Só restou a primeira classe. — ela
arqueou uma sobrancelha, esperando
minha resposta. Quando eu deslizei meu
cartão de crédito para ela, sua sobrancelha
se ergueu ainda mais, reconhecendo
claramente o nome da minha família. Eu
quase nunca usei o cartão de ouro que o
meu pai me deu, mas desde que ele veio
com este negócio de me casar com Alex,
poderia pagar por este voo. Eu precisaria de
minhas economias para o futuro.
Ela não comentou, apenas fez os arranjos, e
me deu o meu passaporte de embarque
enquanto a minha bagagem era etiquetada
e enviada.
Mesmo para esta curta viagem, eu não
queria viajar levemente.
— Você precisa se apressar. — disse ela.
— Obrigada. — com isso, eu passei por
todos os check-ins, enquanto o meu telefone
continuava a zumbir. Sério, duas horas sem
eu responder, e eles já tinham prontamente
criado drama?
Talvez devessem ter pensado nisso antes
de decidirem me vender para Alex Jordan.
O homem era nojento. O jeito que ele olhava
para mim às vezes... as palavras que ele
dizia. Como se sua única determinação
fosse me fazer dele. O cara estava obcecado
desde o início, mas não como os mocinhos
em livros de romance.
O único sentimento que ele inspirava em
mim era terror.
Ainda pensando profundamente sobre Alex,
ou melhor, sobre o quanto não conseguia
suportá-lo, eu não olhei para onde estava
indo e bati em um peito duro, e se não fosse
pelas mãos fortes me agarrando, minha
bunda teria provavelmente encontrado o
chão.
— Desculpe. — eu murmurei, enquanto
estudava o cara na minha frente que me
olhava com olhos vazios, frios e castanhos.
Seus cabelos estavam presos em um coque,
e seus braços musculosos estavam cobertos
com uma T-shirt apertada, que deixavam
expostas suas tatuagens. Ele tinha uma
aura de dominância e selvageria sobre ele,
e embora pudesse ser considerado bonito,
tudo o que ele fez foi me assustar.
— Pare de fazer carranca para a pobre
moça, Dominic. — disse uma voz rouca,
enviando arrepios inesperados pela minha
espinha, e só então minha mente registrou
que fora esse estranho que me salvou da
queda.
Eu me virei e minha respiração engatou,
enquanto seu olhar, comparado ao de
Dominic - ou do que quer que o cara fosse
chamado - era suave e surpreso enquanto
ele examinava minha aparência.
Ele era muito bonito para qualquer
descrição lhe fazer justiça.
Ele era alto, cerca de 1.83 de altura, magro,
mas os braços musculosos estavam
cobertos de tatuagens, que eram visíveis
através de sua apertada camisa preta.
Seus ombros eram largos, junto com um
pacote de seis, quadris estreitos e pernas
musculosas, que estavam cobertas por
jeans.
Tão gostoso quanto o seu corpo era, não
fazia jus ao seu rosto.
Ele tinha os olhos mais bonitos e cinzentos
que eu já tinha visto. Seria tão fácil perder-
se neles, que quase tiravam a atenção de
sua pele bronzeada, impecável, maçãs do
rosto altas e barba por fazer, o que o
tornava ainda mais bonito e enfatizava a
masculinidade que emanava dele. Seu
cabelo era preto e cortado em um penteado
James Dean que combinava com seu visual
geral.
— Está tudo bem. — eu finalmente
encontrei minha voz, saindo da névoa que
ambos criamos, e abri um sorriso fraco para
Dominic e para ele.
Ele murmurou:
— Krasivoglazaya5.
Embora eu reconhecesse foneticamente qual
língua ele falava, meu russo era inexistente,
então eu não tinha ideia do que ele disse.
Antes que eu pudesse lhe perguntar, meu
voo foi anunciado, e sem mais explicações,
corri para o portão, esperando que essa
sensação estranha, como se a Terra fosse
desaparecer debaixo de mim, fosse embora.
No entanto parecia inútil, enquanto sua voz
ecoava em meus ouvidos.
Krasivoglazaya. Krasivoglazaya.
Krasivoglazaya.
5
Como dito anteriormente: significa “olhos lindos”.
MAIO DE 2017

HOUSTON, TEXAS

Radmir

O homem respirava pesadamente, suas


pernas mal o apoiavam enquanto ele
estava de pé, mas as correntes que
estavam penduradas no teto e enroladas
em torno de seus pulsos ajudavam a
mantê-lo ereto. O sangue escorria de sua
cabeça para o peito, que estava coberto de
pequenos cortes e contusões azuis-
púrpura de todas as pancadas que ele
tinha recebido.
— Eu não sei de nada. — ele sussurrou, o
que só me fez rir ainda mais enquanto eu
acendia um cigarro, obtendo uma ligeira
pausa da tortura.
— Vamos voltar para a história, sim? —
ele piscou para mim em confusão, mas
acenou com a cabeça quando eu abri a
janela. O cheiro do seu suor estava me
irritando seriamente. Mas ele tinha sido
torturado durante as últimas sete horas,
então provavelmente não deveria ser
culpado por isso. Como é que todos esses
homens fracos conseguiram me colocar
atrás das grades, enquanto eles nem
sequer sabiam como se virar em uma luta?
Eles sempre tinham uma chance justa,
mas eram derrotados tão facilmente que eu
me perguntava se deveria continuar
fazendo isso. Estava apenas desperdiçando
um tempo muito necessário.
Finalmente, ele começou a falar.
— Eu estava trabalhando como um
mensageiro em uma empresa de correio
rápido. Um homem veio até mim e me
pediu para lhe dar uma mensagem para
aparecer em um lugar específico. Foi isso.
Ele pagou somente pela entrega. Eu não
sei de mais nada. — então ele implorou: —
Por favor, eu tenho uma namorada. Vamos
nos casar em duas semanas.
— Fascinante. — foi a minha única
resposta, como se eu já não soubesse essa
informação. Engraçado como ele pensava
que isso deveria me fazer mudar de ideia.
Eu tinha uma mulher e planos de
casamento quando ele arruinou minha
vida. E eles me pediam misericórdia?
No entanto, me colocar na prisão foi a
única coisa ruim que ele tinha feito, e ele
era jovem, apenas vinte e sete anos, então
isso trabalhou a seu favor. Ele me
lembrava daqueles estúpidos jovens
recrutas da máfia que primeiro faziam
merda e depois se arrependiam quando era
tarde demais.
Mas ele merecia sofrer, porque estava
mentindo para mim e pensava que poderia
escapar disso. Eu não o mataria, mas não
hesitaria em machucá-lo.
Não até que ele me dissesse a verdade, de
qualquer maneira.
— É uma pena que seja somente disso de
que você se lembra. — eu joguei a ponta de
cigarro pela janela, fechei-a e me virei para
a mesa com vários instrumentos que
faziam as pessoas falarem bem rápido. Até
agora, eu não tinha usado muitas coisas
sobre ele, batendo-o aqui e ali, fazendo
alguns cortes, e outras coisas. Passando
meus dedos sobre o metal, eu peguei um
alicate e brinquei com a ferramenta,
enquanto ele engolia em voz alta e olhava
para mim com medo. — Parece que
teremos que arruinar o seu dedo de
casamento. Que pena.
Eu fui para a sua mão, agarrei o seu dedo,
e estava prestes a cortar quando ele gritou,
embora fosse mais como um sussurro,
considerando sua condição.
— Eu vou te dizer, eu vou! — ele lambeu
os lábios secos enquanto baixava os olhos.
— O homem usava um capuz e óculos
escuros. Ele me pedia para enviar pacotes
diferentes em dias diferentes e pagava
bem. Um dia, ele perguntou se eu queria
ganhar mais dinheiro. — ele limpou a
garganta. — Minha irmã estava doente. Eu
não tinha escolha, o que provavelmente
não significa muito para você. Ele me
pediu para assistir você por um dia ou dois
para aprender seus hábitos e, em seguida,
para entregar a mensagem em um dia e
hora específica, porque ele tinha uma
surpresa para você. Foi assim que ele
chamou.
Afastando-me dele, eu perguntei:
— Mais alguma coisa? — ele balançou a
cabeça.
— Ele transferiu o dinheiro para minha
conta no dia seguinte. Quando eu vi você
no noticiário, entendi que algo estava
errado... mas honestamente, eu não me
importei.
A verdade brilhava em seus olhos, então
coloquei os alicates de volta na mesa e tirei
o meu telefone.
— Da6? — Vitya respondeu no primeiro
toque.
— Terminei. Levem-no para um hospital
ou algo assim.
Assenti e fiz uma última pergunta, que era
uma peça importante do quebra-cabeça.
— Ele nunca mostrou seu rosto, mas você
reconheceria sua voz? Quanto ele te
pagou?
— Cem mil dólares. Sua voz sempre soava
engraçada, como se um robô estivesse
falando.
Porra. Quão rico e obcecado com seu plano
ele estava para pagar tanto a um garoto,
apenas para obter informações? Um
homem como ele não planejava nada
6
Sim, em russo.
desnecessariamente. Quanto mais pessoas
eu questionava, mais clara a imagem se
tornava.
Ele não era apenas um homem que me
odiava.
Ele era um homem que me desprezava
tanto, que não se importava com o que
usava para me eliminar do jogo, e desde
que eu nunca fui ferido em seus jogos,
cheguei a apenas uma conclusão.
O estranho que arruinara minha vida
nunca quis me machucar ou me matar;
Ele só precisava que eu saísse do seu
caminho para o seu grande plano, que de
alguma forma envolvia Vivian.
E isso significava que, ao ficar livre e
procurar por ele, eu me coloquei na sua
lista de alvos. Com minhas mãos cerradas
em punho, eu pensei de novo em minha
mulher.
Ela precisava de mais proteção, mas e se
fosse o marido dela?
Afinal, Alex Jordan era o único homem
neste mundo que tinha razão para me
odiar e querer Vivian ao mesmo tempo.

Algumas horas depois..

Entrando silenciosamente na casa, corri


para o quarto de Vivian. Seu marido estava
viajando a negócios em Houston, dando-
me a oportunidade perfeita para entrar na
casa. Visitar Houston sem vê-la... Era uma
tarefa impossível. Ela estava visitando seus
pais, e graças a porra por isso, porque
esses idiotas não mudaram o código de
segurança, e eu já sabia como entrar em
seu quarto, com a alcova de orquídeas
localizada debaixo de sua varanda. Aprendi
essa merda quando voltei para ela há seis
anos, quando seu pai a tirou de mim.
Encontrando seu quarto, eu abri a porta e
fechei rapidamente quando ela se mexeu
na cama. Removendo meus sapatos,
caminhei mais perto apenas para parar
quando notei seu filho deitado ao lado dela
em seu pijama de avião. Ele tinha cabelos
longos para um garoto, madeixas pretas
semelhantes às minhas. Seu peito subia e
descia enquanto dormia, o braço de sua
mãe jogado sobre sua barriga
protetoramente.
Por que ela ficaria assustada por sua
segurança, mesmo em seu sono? Ao invés
de sentar ao seu lado da cama, eu escolhi
o lugar ao lado de Jake e suavemente
removido o cabelo de seu rosto. Eu não
consegui me impedir de acariciar sua
cabeça; A visão dele despertou algo dentro
de mim que eu não conseguia explicar.
Eles pareciam perfeitos juntos, e por um
segundo, eu fechei meus olhos,
imaginando o que seria me esgueirar aqui
para ver minha família. Para assistir Vivian
cuidar do nosso filho.
Mas meus olhos se abriram quando
percebi que não podia me importar com
isso, porque algo dentro de mim dizia que
se a mulher pertencia a mim, então o filho
dela também, mesmo que meu sangue não
estivesse correndo em suas veias.
Mas o anel dourado no dedo de Vi anulava
meus desejos porque ela estava casada, o
que significava que ela valorizava sua
família. E eu não podia reivindicar o que
não me pertencia.
Eu me levantei porque precisava ir, mas
não antes de deixar um beijo em sua testa.
Seu murmúrio me impediu de seguir em
frente.
— Radmir.
Ela estava sonhando comigo? Ignorando o
pensamento, eu escorreguei de volta para a
noite, ignorando a dor no meu coração e a
voz na minha cabeça que gritava para
voltar e levá-los para longe deste lugar.
Por que eu continuava torturando-me
estava além de minha percepção.
O amor deveria trazer para fora o melhor
nas pessoas, mas tudo que me deu foi
angústia e desespero, que me
transformaram em um babaca que não
poderia viver e funcionar sem a sua
mulher.
JUNHO DE 2017

MOSCOU, RÚSSIA

Radmir

Exalando fumaça, sentei-me no para-


choque do meu Mercedes enquanto meus
olhos admiravam a bela arquitetura na
minha frente. A casa era maciça, feita de
mármore branco que brilhava ao sol da
manhã, criando uma imagem mágica como
se eu estivesse no topo do Olimpo e prestes
a conhecer os deuses.
Essa foi a comparação que Vivian usou
quando eu a trouxe aqui pela primeira vez.
A enorme varanda tinha duplo balanços
em ambos os lados. Peônias roxas estavam
espalhadas ao redor, suas flores favoritas.
As portas de carvalho marrom escuro tinha
lindas maçanetas de ouro. A casa ficava no
meio da propriedade, isolada dos vizinhos
e permitindo uma privacidade tão
necessária. O jardim com rosas e nichos
cobertos por um design único criava um
visual sofisticado e luxuoso, que poderia
ter sido usado em revistas que anunciavam
um grande design de interiores.
A Bratva certamente a tinha mantido em
boa forma. O que diabos eu estava
pensando ao comprar esta propriedade?
Ela se destacava entre as casas russas
como um polegar dolorido. As pessoas
provavelmente achavam que estava me
exibindo, quando na verdade, eu recriava
um sonho de merda para a minha mulher.
Uma memória de muito tempo me atingiu.
— Onde você está me levando? — Vivian
perguntou, com travessura em seus olhos
quando ela beliscou meu pescoço, enquanto
eu tentava dirigir com o meu furioso tesão.
— Surpresa. — minha voz estava grossa
com meu sotaque. Eu não conseguia
controlá-lo enquanto a mão de minha
mulher deslizava pelo meu peito em direção
ao meu pau.
Vivian gemeu e entrelaçou os dedos no meu
cabelo logo antes de meu pé apertar os
freios, parando o carro abruptamente.
Rindo, ela usou a oportunidade para
montar meus quadris e trancar nossas
bocas em um beijo aquecido. Ela esfregou-
se em mim, e com toda a porra da força de
vontade que eu possuía, me desenredei de
seus braços com nós dois respirando
pesadamente.
— Krasivoglazaya, o tempo para isso virá
mais tarde.
Ela piscou algumas vezes e depois franziu a
testa.
— Você está me dispensando, de bom
grado? — ela pegou minhas mãos e as
colocou em seus quadris enquanto se
deslocava ligeiramente em cima de mim,
trazendo sua buceta em contato direto com
meu pau, e um gemido escapou-me. Ela
mordeu seu lábio inferior e desejo brilhou
para mim em seus olhos.
Por que diabos eu deixaria minha mulher
insatisfeita?
— Pensando bem, isso não pode esperar.
Ela gritou e depois riu quando eu a virei
para o assento de carro, e nós tivemos um
sexo incrível e selvagem no meio de nossa
propriedade. Embora ela não tivesse ideia
sobre aquilo ainda.
— Radmir? — a voz de Michael me tirou
dos meus pensamentos, e pelo tom que
usou, eu entendi que ele tinha chamado o
meu nome algumas vezes. A maioria dos
membros Bratva tendia a ficar longe de
mim ultimamente, já que o meu
temperamento era curto, e Michael parecia
ser o mais corajoso entre eles.
Ou talvez ninguém mais tivesse sua
ingenuidade.
— Sim?
Ele estendeu a pasta em sua mão para
mim.
— Vitya me pediu para lhe dar isso. — ele
tirou os óculos de sol enquanto examinava
a propriedade e assobiava alto. — Bastante
grande a casa que você tem. — então ele
me deu um sorriso enquanto suas
sobrancelhas se moviam para cima e para
baixo. — Planejando correr por este lugar
nu? — então ele riu de sua própria piada,
batendo no joelho.
Michael tinha seus momentos, e dado o
fato de Dominic o ter trazido aqui quando
ele era adolescente, eu era tolerante com
ele. Ele estava vagando pelas ruas de
Irkutsk, vendendo seu corpo para comer
quando a Bratva o tomou sob sua asa. O
cara não podia atirar ou tolerar a violência,
então ele se tornou uma espécie de
assistente pessoal para o Pakhan. O
trabalho parecia coxo como o inferno e
provavelmente foi criado somente para ele,
já que Dom tinha um lugar especial para
ele em seu coração. De alguma forma,
arruinar seus momentos borbulhantes
parecia quase cruel, então deixei-o
continuar.
Aparentemente, eu deixava tudo continuar
ultimamente. Olhando através da pasta,
estudei as fotos de Vivian e Jake no
parque, galerias e jogos de hóquei. Ela
tinha uma vida bastante ativa com seu
filho. Nenhuma noite de meninas ou
amizades embora, como se a vida sem ser
uma mãe não existisse para ela. Franzindo
o cenho, fiquei imaginando por que a
merda do fotógrafo sempre tirava as fotos
do garoto de trás ou de lado, nunca
mostrando completamente o rosto de Jake.
Então eu congelei enquanto minhas mãos
apertavam os papéis com força, olhando a
foto dela sorrindo para a câmera com Alex
Jordan abraçando-a suavemente durante o
evento de caridade em Nova York.
Embora ela não parecesse feliz, estava
confortável o suficiente para deixá-lo
segurá-la como se ela fosse a coisa mais
preciosa para ele. E por que ele não iria?
Afinal, ele era seu marido. Ele tinha todos
os direitos.
Eu era o velho amante, muito patético para
deixar de lado o passado, e ela era uma
mulher que não tinha problemas em
dormir comigo enquanto seu marido estava
ausente.
Fechando a pasta, levantei-me e dei uma
olhada na porra da casa. — Você gosta
dela?
Michael bufou para minha pergunta,
enquanto tirava algumas fotos com o
telefone dele.
— Se eu gosto dela? Eu a amo! É uma
pena que eu e Vi... — ele parou antes de
dizer muito e depois limpou a garganta. —
É uma pena que eu não posso pagar por
ela agora. — a troca foi tão coxa, mas eu
não comentaria sobre isso. Ele achava que
eu não tinha ideia do seu relacionamento
com Vitya?
Entrei no carro, abri minha janela e gritei:
— Ei, Michael. — ele se virou e ergueu o
queixo. Eu joguei as chaves para ele, e ele
as pegou facilmente. — A casa é sua.
— O quê? — sua voz estava atada com
choque enquanto balançava a cabeça. —
Radmir, é muito...
Não me incomodando em ouvir a resposta
dele, voltei para a sede, ignorando as
imagens de pura alegria no rosto de Vivian
quando seus olhos a viram pela primeira
vez.
— Você a comprou para nós? — ela
perguntou com admiração enquanto
rodopiava na varanda, seus olhos brilhando
para a casa. Tudo em que eu poderia focar
era em como ela estava perfeita com seu
vestido branco e florido, com seus cabelos
escuros balançado com a brisa leve. Seus
lábios estavam de um tom de vermelho
escuro, inchado de nossos beijos profundos.
— É a nossa casa, querida.
— Você é louco, russo. — ela disse, então
correu para mim. Eu tive apenas tempo
suficiente para abraçá-la quando ela pulou
em mim, envolvendo seus braços e pernas
ao meu redor. — Mas eu te amo de qualquer
maneira. — acariciando sua bochecha, eu
coloquei um beijo suave em seu cabelo.
— Você ama? Que bom que eu comprei esta
casa, então.
Ela se inclinou para trás, segurando minha
cabeça.
— A melhor ideia de sempre. Começaremos
uma vida aqui.
Suas últimas palavras me acompanharam
enquanto eu dirigia para cada vez mais
longe do lugar que deveria ser o paraíso na
terra para nós.
JULHO DE 2017

HOUSTON, TEXAS

Vivian

— Vamos fazer um brinde para minha


filha e futuro genro! — papai disse em voz
alta. As pessoas ao seu redor aplaudiram
quando o “casal feliz” cedeu a um beijo
apaixonado na ampla sala de jantar onde
minha família realizava encontros
importantes ou de alta sociedade. Tina,
minha irmã e a futura noiva, inclinou a
cabeça para trás e riu quando seu noivo,
John, arrastou alguns beijos pelo pescoço
dela, segurando-a a poucos centímetros do
chão em um beijo digno de filme. Ele a
levantou, girou-a em um círculo, e ela
envolveu seus braços ao redor dele,
suspirando alegremente.
Um sorriso agridoce apareceu no meu
rosto, mas para cobri-lo da mídia, eu
levantei o copo de champanhe mais alto e
tomei outro gole, rezando que ninguém
percebesse que tinha sido o meu segundo
na noite. Embora não fosse muito, com
certeza iria criar atenção indesejada e a
imprensa começaria a alegar que Alex e eu
tínhamos problemas conjugais ou outras
desculpas idiotas. Com seis anos de
experiência no negócio, eu não poderia
chamar isso de casamento, eu
simplesmente aprendi a sobreviver com os
tubarões. Contanto que você lhes desse
algo, eles o deixariam sozinho.
Beber durante encontros sociais não me
fazia sentir melhor sobre a situação, mas
com certeza ajudava a manter a pretensão
viva e bem.
— Oh, eles são perfeitos um para o outro.
— minha mãe suspirou, seus olhos
enevoados com lágrimas que ela enxugou
com um lenço. — Quem teria pensado?
— Sim, com certeza. — eles me deram
esperança de que alguns membros da
minha família poderia encontrar a
felicidade e realmente segurá-la sem medo
de ser arrancada.
Mamãe franziu a sobrancelha, o que era
impressionante considerando todas as
cirurgias plásticas e de Botox que ela teve
ao longo dos anos. Embora, em meados
dos seus sessenta anos, ela não parecesse
um dia mais velha do que cinquenta, com
seus cabelos louros compridos, olhos
azuis-céu, e corpo apto, de que ela cuidava
religiosamente. As únicas rugas em sua
pele impecável e bronzeada eram aquelas
nos cantos de seus olhos de todas as
risadas e sorrisos que ela dava.
Pena que eram todos falsos.
— Vi... — ela começou preocupada, mas
graças a Deus, antes que pudesse
continuar, nós fomos interrompidas por
uma Tina saltitante, que quase me
derrubou do abraço feroz que ela me deu.
— Vivian! — seu perfume de orquídea me
invadiu, enquanto seus braços ósseos
escavavam em minha pele dolorosamente,
sem mencionar como meu pescoço doía de
olhar para cima para poder segurar seu
olhar. Considerando que ela tinha quase
1.83 metros de altura comparado com os
meus 1.52, isso acontecia muito, mas com
seus saltos de quinze centímetros, eu senti
a dor.
— Olhe o meu anel. — ela estendeu a mão
na frente dela, me dando uma boa visão do
magnífico anel de diamante de três
quilates, com lapidação princesa da
Tiffany's. A luz do candelabro acima de nós
refletia nele, quase hipnotizando a pessoa
que olhasse para ele. Parecia
excecionalmente elegante em seu dedo
longo e bem cuidado.
Engolindo o nó na minha garganta, eu
disse:
— É muito bonito. — sem intenção, meu
polegar roçou a pedra, me lembrando de
outro anel.
Só que o outro anel tinha safiras cercadas
por diamantes brancos.
John se juntou a Tina, passando a mão em
torno da cintura dela, e meus olhos se
chocaram com os dele em um longo olhar.
Eu esperava que ele lesse que se ousasse
magoar minha irmã, as consequências
seriam severas. Ele riu e acenou com a
cabeça, reconhecendo minha ameaça.
— Não se preocupe, Vi. — ele a puxou
para mais perto dele enquanto a olhava
amorosamente. — Vou cuidar bem dela.
Eu sei o quanto ela é importante para você.
Tina revirou os olhos, enquanto parava o
garçom com uma bandeja de bebidas.
— Umm... olááá? Eu não sou uma
criança. — então alguém os chamou, e
com um pedido de desculpas, eles
partiram para falar com os outros
convidados.
John e Tina se encontraram em Paris há
um ano, onde ele se apaixonou
instantaneamente e tentou tudo o que
pôde para chamar sua atenção. Depois do
desastre que experimentou com seu
primeiro marido, que era um golpista, Tina
jurou não casar e continuou recusando-o.
O cara fez tudo o que pôde: jantares caros,
surpresas românticas, presentes, atenção.
Ela finalmente cedeu quando ele cuidou
dela enquanto ela estava doente por duas
semanas inteiras. Tina afirmou que se a
visão dela toda vermelha com um nariz
escorrendo não o assustasse, nada o faria.
Provavelmente ajudou que ele tinha
herdado uma fortuna de sua família, assim
ele não precisava do dinheiro dela.
De repente, tudo se tornou demais. A
música clássica, champanhe à esquerda e
à direita, sussurros abafados e conversas
da alta elite, perfumes fortes demais, e o
casal feliz, que claramente estavam
apaixonados.
Engolindo o nó na minha garganta mais
uma vez, eu contei até dez, enquanto
verificava Jake, que brincava com Lola e a
nossa governanta, Katy. Ele tentou ensinar
a Lola como brincar com suas figurinhas
da Marvel, mas ela apenas suspirou
pesadamente e descansou seu queixo em
sua mão. Ela provavelmente teria escapado
de sua companhia se houvessem outras
crianças ao redor.
Ele ficaria bem sem mim por um tempo,
então eu disse a minha mãe:
— Vou me deitar por alguns minutos.
Ela tocou meu braço gentilmente. — Você
está bem?
— Sim, não se preocupe, mamãe. — eu fui
lá para cima, meus saltos clicando alto nas
escadas. Alex ergueu a sobrancelha, mas
não fez nenhum movimento para me deter.
Graças a Deus, um de seus colegas de
trabalho estava aqui, ou ele não teria
deixado meu lado.
Mais um mês e nosso divórcio seria
finalizado, apenas mais um mês dessa vida
de mentira. Eu poderia sobreviver a ele; Eu
tinha sobrevivido seis anos, depois de
tudo.
Finalmente, cheguei à porta, fechando-a o
mais suavemente possível atrás de mim, e
encostei-me nela, engolindo respirações
enquanto lágrimas escorregavam pelas
minhas bochechas. Limpando-as
rapidamente para que não arruinassem
minha maquiagem, caminhei até meu
closet, peguei uma caixa da prateleira
superior e sentei-me no chão com ela. A
caixa continha as fotos de Radmir e eu em
uma cabine de fotos enquanto eu tentava
convencê-lo a sorrir mais porque ele não
podia deixar de lado sua expressão séria.
Ao lado delas havia uma caixa de joias
preta, quadrada. Correndo meus dedos
amorosamente sobre a caixa, eu a abri e o
anel mais bonito, na minha opinião, entrou
em exibição. Uma safira de cinco quilates
estava cercada por minúsculos diamantes
cristalinos, quase refletindo meu rosto
neles.
— É enorme, Radmir!
Ele riu de minhas palavras e então me girou
pela pista de dança em meio do restaurante
enquanto as pessoas silenciosamente
conversavam. Quem se importava, porém,
quando o homem que eu amava
profundamente tinha acabado de me
propor?
— Bom. Todo mundo vai saber que você
pertence a mim agora, krasivoglazaya. —
suas mãos em minha cintura apertaram, e
sua voz baixou para um rosnado. — Caso
não estivesse claro antes. — então ele calou
qualquer protesto com um beijo, enquanto a
felicidade que eu nunca tinha conhecido
antes criava um casulo seguro em torno de
nós, onde nada além de amor existia, e o
futuro não tinha nada além de infinitas
possibilidades para nós.
Piscando para a memória, perguntei-me se
era possível viver com metade do meu
coração pelo resto da minha vida. Quando
ele estava na prisão, minha única
esperança era que nos procurasse e nos
salvasse da prisão em que sua situação
nos colocara. Em vez disso, ele não queria
nada comigo e não ficou por perto para
ouvir minhas razões. O que mudou tanto
no homem que amei? Mesmo que ele
estivesse zangado com minha suposta
traição ao casar com Alex, como ele
poderia não querer ver Jake? Eu lhe
enviara tantas cartas sobre seu filho,
contando-lhe histórias que ele gostaria de
saber. Eu até mesmo mantive um diário
com todas as fotos. Ele deveria ter estado
aqui conosco todo esse tempo, e era meu
jeito de devolver todos aqueles momentos
roubados.
Mas ele não nos queria, não me queria.
E tanto quanto eu tentei substituir meu
amor opressivo por ele com puro ódio, isso
não ajudou.
Como você poderia odiar um homem que já
havia sido seu tudo? Era mais fácil
acostumar-se à dor que sangrava como
uma ferida de faca todos os dias.
— Mamãe... — gritou Jake, subindo as
escadas. Eu rapidamente fechei a tampa e
guardei a caixa, bem a tempo de ele
irromper no quarto e direto para os meus
braços quando eu o peguei. — Eu não
conseguia te encontrar. — ele envolveu
suas pernas e braços firmemente ao meu
redor, e eu respirei seu cheiro, o que
entorpeceu a dor permanente dentro de
mim e me deu uma razão para sobreviver e
lutar.
Eu tinha meu filho.
O que poderia ser mais importante neste
mundo do que ele? Eu achava que Radmir
teria entendido por que eu me casei com
Alex, considerando que expliquei nas
cartas, mas ele não queria ver a razão.
Eu poderia viver com a dor de perdê-lo.
Mas eu nunca seria capaz de respirar sem
Jake.
O amor por um homem era consumidor.
Mas nunca poderia se comparar com o
amor que uma mãe sentia por seu filho,
então eu jamais poderia me arrepender das
escolhas que tinha feito, e talvez fosse isso
o que ele não poderia perdoar.
Nem uma vez nas minhas cartas eu pedira
perdão.
AGOSTO DE 2017

MOSCOU, RÚSSIA

Radmir

Acendendo a luz, entrei na ala do


apartamento no quartel-general da Bratva,
colocando minhas chaves sobre a mesa
enquanto eu escaneava a área para
localizar o cheiro estranho, como se
alguém tivesse espirrado perfume.
Minha ala era a maior após a do Pakhan,
consistindo de uma ampla sala de estar
que tinha uma enorme janela, com vista
para uma sala de treino de tiro, onde
membros aprimoravam suas habilidades e
eu poderia manter um olho sobre eles
enquanto saboreava o meu café da manhã.
Um bar ficava no canto direito com todos
os tipos de “bebidas masculinas”, ou assim
as casas da máfia as chamavam, com uma
máquina de gelo e dois banquinhos, então
sempre que eu sentia a necessidade de
relaxar sozinho no meu quarto, podia. A
lareira elétrica criava uma atmosfera
acolhedora, juntamente com o tapete
vermelho persa, o sofá de couro e as duas
cadeiras. Uma mesa de escritório com
papéis e um laptop ocupavam o canto
esquerdo da sala com uma cadeira
giratória confortável-pra-caralho. Várias
peças das obra de arte de Dominic que
consegui pegar dele ao longo dos anos
ocupavam minhas paredes brancas,
fazendo meu apartamento parecer
bastante artístico em vez de um simples
apartamento de solteiro.
Servindo-me de um pouco de uísque, me
mudei para o meu quarto, que tinha uma
cama king-size no meio, um banheiro
adjacente, e closet.
E uma parede com um tabuleiro7 montado
com várias fotografias e nomes ligados por
setas e notas.
Com um marcador vermelho, eu marquei
com um X enorme as fotos de Conrad, o
cara da entrega, o motorista que me levou
para a casa, o juiz e um dos presos. Eu
tinha me resolvido com eles, e eles tinham
aprendido a lição.
Eu tinha deixado Benjamin para o grande
final. Ele tinha que sofrer mais do que os
outros.
Pegando um marcador verde, eu criei setas
que apontavam para a imagem do meio,
que era um ponto de interrogação, porque
o nome do cérebro por trás de toda essa
merda ainda era desconhecido.
Ele se escondeu bem, pois nenhuma pista
levava à ele; Ninguém conhecia seu rosto,
nome, nem mesmo sua voz. Eu escaneei
sua tatuagem através de vários

7
São aqueles “quadros” transparentes que detetives usam, e lá colocam nomes de suspeitos, fotos,
manchetes de jornais e etc.
mecanismos de busca e bancos de dados,
mas nem ele nem o projeto tinham
aparecido em qualquer lugar. Deve ter
significado algo importante para ele, mas
Honey, a garota de Connor e hacker do
FBI, prometeu encontrar um designer que
se especializava em tais coisas. Essa era a
minha única pista até agora.
Uma única testemunha, Alex Jordan, o pai
de Vivian, o promotor e um dos jurados
foram os únicos que ficaram no quadro.
Cada um deles forneceu informações falsas
sobre mim para me colocar atrás das
grades, então talvez com eles eu pudesse
obter mais informações.
Seis torturas a mais para infligir, só que eu
não tinha ideia de como fazer isso para a
família de Vivian, porque machucá-los
significaria machucá-la, e mesmo com toda
a fúria ardendo dentro de mim como um
inferno, eu não conseguiria fazer isso com
ela.
— Prometa-me, Radmir. Não machuque meu
pai. Ele só precisa de tempo. — Vivian
implorou enquanto segurava o colarinho da
minha camisa com força, lágrimas
brilhando em seus olhos. Nós estávamos no
meio do quarto enquanto a Bratva esperava
por mim lá em baixo, já que seu pai lançara
um desafio para nós. Eles não tinham ideia
de que Vasya me despojou da minha
posição, caso contrário, ninguém teria me
ajudado.
— Krasivoglazaya, ele está declarando
guerra para mim. Eu não posso controlar o
que pode acontecer na irmandade se ele
colocar policiais atrás de nós.
Ela balançou a cabeça.
— Você é o Sovietnik. Sua palavra conta.
Radmir, por favor. Prometa-me. — enquanto
ela me agarrava com força, eu não sabia
como explicar para a mulher que se tornara
meu tudo, que essas não eram promessas
que eu poderia manter. Eu fazia parte do
mundo perigoso onde os homens matavam
sem remorso se alguém ficasse em seu
caminho. Sua família ficou puta com nosso
relacionamento, e seu pai usou tudo em seu
arsenal para me eliminar e fazê-la se casar
com Alex Jordan. Com suas conexões nos
Estados Unidos, a única maneira de detê-lo
era fazê-lo calar-se da nossa forma.
Vivian estava me pedindo para desistir da
única arma que eu tinha contra seu pai, e
era uma missão suicida em construção. Eu
abri a boca para recusar, quando ela
respirou pesadamente e enterrou a cabeça
mais fundo no meu pescoço enquanto
minhas mãos se envolviam ao redor dela.
Algo me sacudiu quando suas lágrimas
encharcaram minha camisa, e meu coração
se quebrou.
Porra.
Como eu poderia quebrar seu coração? Ela
não poderia viver comigo se eu o
prejudicasse, e eu não poderia viver sem
ela.
A escolha era simples, porque ela não me
deixou escolha.
— Eu prometo. — murmurei em seus
cabelos, e ela me abraçou mais apertado
enquanto minha mente girava com as
possibilidades de que isso não terminaria
bem.
Precisávamos voltar para a Rússia, era a
única maneira de garantir a nossa
segurança.
No entanto, no dia seguinte, Cliff tinha
morrido, e meus planos não se tornaram
realidade.
Mas mesmo com esse resultado, eu sabia
que nunca poderia quebrar minha
promessa a ela.
Então orei a Deus que seu pai não tivesse
nada a ver com esse assassinato, porque
eu não poderia torturá-lo, mas com toda a
certeza do inferno, ele acabaria na prisão,
onde sua vida seria insuportável.
Vivian

O advogado de Alex, Hugh, deslizou os


papéis para mim na brilhante mesa de
madeira, junto com uma caneta prateada
com o nome da firma gravado no metal.
— Tudo o que sobrou para assinar são
esses, e o divórcio será finalizado. — lendo
através deles, eu estudei os papéis,
procurando qualquer pequena impressão
que ocultasse lacunas. Eu não precisava
perder nada, e não confiava que os
advogados de Alex considerassem meus
interesses.
O ponto mais importante era que Alex não
tinha acesso a Jake e só podia vê-lo se eu
concordasse. Além disso, tudo o que
pertencia a mim continuaria sendo meu, e
a cada mês, Alex mandaria dinheiro para
minha conta, contanto que eu não
contasse seus segredos.
Ele poderia empurrar todo o seu dinheiro e
poder pela garganta. Eu estava contente
que minha prisão tinha acabado e ele não
seria capaz de mandar em mim mais.
O arranhão da caneta quando eu assinei
soou alto no quarto de outra forma
silencioso enquanto Hugh exalava em
alívio e Alex sorria tristemente.
— Eu vou ter certeza que vocês dois serão
cuidados. Isso não deveria ter terminado
assim. — meu ex disse suavemente, porém
frustrado, mas eu balancei a cabeça e me
levantei.
— Fique com seu dinheiro. Nunca foi sobre
ele, e você sabe disso. Estou feliz por ter
terminado. — reajustando a bolsa no meu
ombro, peguei minha cópia dos
documentos. — Obrigado pelo rápido
trabalho. — eu apertei a mão de Hugh. Ele
era um bom sujeito - para um advogado - e
valorizava minha opinião também, então
eu não podia sustentar muito contra ele.
Eu saí sem olhar para Alex.
Eu pulei em um elevador aberto, apertei o
botão do andar térreo rapidamente, e
apoiei minha cabeça na parede quando as
portas se fecharam.
A memória de seis anos atrás me assaltou,
me lembrando de como eu entrei nesta
bagunça de bom grado para começar.
Grogue e desorientada, eu abri meus olhos
quando uma dor de cabeça perfurante me
assaltou e, por um segundo, eu esforcei-me
para respirar enquanto cada movimento
trazia uma dor maior. As máquinas emitiam
um som alto ao meu redor, todo o meu corpo
doía como se alguém tivesse me espancado
quase até a morte.
Colocando minha mão na minha testa, eu
ofeguei quando meus dedos tocaram um
ligeiro inchaço. Eu gemi alto.
Algo frio tocou minha pele antes de puxar
meu braço para trás enquanto a mão
esfregava minha bochecha.
— Shh... meu amor. Eu tive de fazer isto.
Você entende, certo? — embora a voz fosse
gentil, e apesar da febre correndo através
de mim, o frio escorregou em cada osso do
meu corpo, enquanto o medo ofuscava
qualquer outro desconforto.
Levantei os olhos, piscando para longe da
névoa só para ver a imagem embaçada de
um homem de roupa azul com uma máscara
no nariz.
Eu estava no hospital?
O que tinha acontecido comigo? A última
coisa que eu conseguia me lembrar era
gritar com meu pai que eu nunca iria me
render aos seus desejos, e então tudo ficou
em branco.
Em pânico, eu quis esfregar meu estômago,
mas meu braço estava preso à cama com o
gotejamento IV e quase caiu sobre mim,
mas o médico, ou quem quer que ele fosse,
conseguiu pegá-lo. Não que eu me
importasse.
— Meu bebê... — eu mal falei, minha
garganta seca e arranhada, provavelmente
do grito quando eu caí na rua.
Uma luz brilhante me cegou quando a porta
do quarto se abriu e uma voz feminina
questionou:
— Quem é você? — ela usava uma bata
verde, provavelmente era uma enfermeira
ou outra médica.
— Doutor Alan. — ele mostrou-lhe seu
nome em sua camisa. Ela assentiu com a
cabeça, embora permanecesse confusa, se
seu olhar franzido fosse qualquer indicação.
Então seus olhos se arregalaram quando
ela percebeu que eu estava acordada. De pé
ao meu lado, ela ajustou o IV e trouxe gelo
para os meus lábios.
— Você está acordada agora. — ela sorriu
brilhantemente. — Isso é bom.
— Meu bebê? — eu precisava que ela me
dissesse a verdade, que me dissesse que
estava tudo bem e eu não tinha perdido o
meu bebê.
Ela me deu um tapinha suavemente
enquanto aplicava um creme calmante na
minha testa.
— Graças a Deus as pessoas te
encontraram na rua rapidamente. Nada
está quebrado e você tem apenas um
pequeno inchaço em sua cabeça, e sua pele
está levemente arranhada. O bebê está
bem, querida. — sua voz se tornou mais
suave quando acrescentou: — Você pode ter
uma ligeira febre devido ao estresse e à
medicação que lhe demos, mas é seguro
para o bebê. Você teve sorte.
O alívio me dominou, e se eu não estivesse
na cama, provavelmente teria caído no
chão.
— Ok, pequeno, você está bem.
Mesmo que eu tivesse descoberto sobre o
bebê alguns dias atrás, já o amava com
tudo que eu tinha e não podia esperar para
compartilhar as notícias com Radmir.
Então a porta fechou alto enquanto o
médico que me tratou desapareceu atrás
dela sem dizer qualquer outra coisa.
Esquisito. Mas parte de mim estava feliz,
porque ele não inspirou as melhores
emoções dentro de mim.
— Seu noivo está esperando lá fora, pálido
como o inferno. Ele não deixou seu lado
desde que você foi trazida para dentro.
Franzindo o cenho, confusa, eu estava
prestes a perguntar sobre quem ela estava
falando quando Alex entrou no quarto
segurando um buquê de rosas vermelhas.
A enfermeira piscou para mim.
— Vou permitir esta visita por alguns
minutos, mas ela precisa descansar.
Com isso, ela saiu, me deixando em um
quarto com o homem que eu menos queria
ver.
Alex e eu éramos amigos de infância, até
que ele viajou para o exterior para estudar.
Quando voltou, não nos reconectámos nem
nada. Mas depois que meu pai fez esse...
negócio – porque do que mais uma pessoa
poderia chamar algo assim? – ele mudou
seu comportamento imediatamente.
Simplificando, ele não tinha lugar na minha
vida, e eu não sabia como deixar isso mais
claro. Não nos víamos desde aquele jantar
de caridade de gala, logo antes de eu partir
para a Rússia.
— Vivian. — cumprimentou, colocando as
flores na única cadeira disponível na sala.
O quarto era pequeno e não tinha TV. Só
esperava que meu seguro pudesse cobri-lo.
Mais um problema que eu teria que pensar.
— O que você quer, Alex?
Ele riu.
— Não está afim de conversar, não é? —
ele se encostou na parede, seus olhos em
mim enquanto segurava o casaco na mão.
— Podemos resolver os problemas um do
outro.
O quê?
— Eu estou grávida. — ele precisava saber,
e eu esperava que, com a notícia, ele me
deixaria em paz. Parecia um ato de traição,
porém, dizer essas palavras pela primeira
vez ao homem errado.
Radmir merecia ouvir primeiro, para que
seus olhos brilhassem de alegria. Em vez
disso, meu homem estava trancado, e ele
não poderia saber que tínhamos criado uma
vida juntos. Meu coração doeu quando eu
pensei sobre ele na prisão, mas a
esperança ainda vivia. Eles iriam encontrar
o verdadeiro assassino. Nem por um
segundo eu acreditei que ele era parte
disso. Alguém tinha armado para ele, e
quando eu ficava acordada à noite, chorava
até dormir, esperando com tudo em mim
que não fosse meu pai.
Ele se transformara em alguém que eu não
reconhecia mais.
— Eu sei.
— Eu amo outro homem. Eu o escolhi. Por
favor, desista.
Ele caminhou para mais perto,
descansando sua palma no topo da cama.
— Um homem que foi sentenciado por
assassinato. Um membro da Bratva, estou
ciente.
— Haverá apelação! — o advogado de
Radmir prometeu que eles poderiam vencer,
mas o cara estava tão nervoso e tímido que
eu me perguntava se ele mesmo acreditava
em suas próprias palavras.
— Isso levará anos, Vivian, e nem você
nem seu bebê terão esse tempo.
Meu pânico voltou. — O que você quer
dizer?
— Sua queda não foi um acidente. Alguém
tentou ajudá-la a naturalmente abortar.
Balançando a cabeça diante do absurdo de
suas palavras, eu indiquei:
— Ninguém sabe sobre isso.
Ele riu, embora carecesse de humor.
— Sério? Você está em perigo, porque
ninguém quer que isso — ele apontou para
o meu estômago. — Continue vivo e bem.
— Você está... — fúria correu sobre mim, e
eu odiava que não pudesse fazer nada
sobre isso no momento. Eu adoraria jogar
algo em seu rosto presunçoso.
— Certo. E se você me ouvir, vai manter
seu bebê.
Eu disse para ele ir embora, porque não
queria vê-lo novamente. Desde que meu
pulso subiu, o monitor cardíaco emitiu um
som alto e, felizmente, ele foi conduzido
para longe.
Alguns dias depois, pedi ajuda a meu pai,
mas ele só riu e não queria nada com meu
bebê.
Depois disso, através das minhas conexões
e de Dominic, encontrei Vasya e implorei
que ele me aceitasse. Eu e meu bebê
fazíamos parte da irmandade. Pertencíamos
a Radmir. Essas eram suas leis!
Ele me disse para ir para o inferno e
esquecer que eu até mesmo conhecia
Radmir, e para ele, Jake não era ninguém,
e só Deus sabia a quem pertencia meu
bebê.
Eu estava desesperada e não sabia o que
fazer, mas quando um carro quase me
atropelou, entendi que minha vida já não
importava.
Jake era tudo o que importava.
E um mês depois, me casei com Alex
Jordan, odiando cada minuto. Naquela
época, a única coisa que me mantinha viva
era que Radmir resolveria tudo uma vez que
estivesse livre e entendesse minha decisão.
Acabou.
O casamento, o esquema, as mentiras...
eles estavam finalmente atrás de mim, e eu
não teria que fingir.
As lágrimas escorriam por minhas
bochechas quando o riso explodiu de
dentro de mim, ecoando pelas paredes, e
quando as portas se abriram, as pessoas
me cumprimentaram com expressões
confusas.
Ignorando todos elas, saí do prédio e
levantei meu rosto para o sol, desfrutando
da leve brisa e do calor que se espalhava
sobre mim enquanto uma sensação de
liberdade caía sobre minha alma.
Minhas mãos descansaram na cruz
ortodoxa prateada no meu pescoço, que eu
não tinha tirado em seis anos, não desde
que Radmir a colocou lá depois da nossa
primeira noite juntos. Ele me disse uma
vez que era dada a eles uma vez que se
tornavam legítimos membros da
irmandade, e eles a davam somente à suas
mulheres, para que todos ao redor
soubessem a quem ela pertencia. Era o
sinal final da devoção que falava sobre
seus sentimentos.
Eu nunca seria livre de algumas coisas,
tão desolador como era.

SETEMBRO DE 2017
MOSCOU, RÚSSIA

Radmir

A canção de Kipelov, “Ya Svaboden”, que se


traduzia em “I'm Free”, ressoava nos alto-
falantes no ginásio vazio da Bratva
enquanto meus punhos perfuravam o saco
de pancadas rapidamente. O sangue da
minha pele dividida manchava todo o
couro enquanto o suor escorria pela minha
testa e costas.
Girando rapidamente, eu chutei a coisa
com todas as minhas forças, e ela se
separou do teto e caiu com um baque
denso, enquanto eu respirava
pesadamente.
Porra, essas coisas nunca duravam muito
tempo, não importava quantas correntes
eu colocasse nelas.
Meu corpo doía em todos os lugares certos
após o treino extenso. Balançando os
braços de um lado para o outro e me
esticando um pouco, tirei as luvas de boxe
com a boca e peguei uma garrafa de água
no canto, pulverizando-a no meu peito
enquanto enxugava o suor com uma
toalha. Senti um olhar perfurando minhas
costas, e em um movimento, tirei uma
arma da minha bolsa e girei para enfrentar
o intruso. Todos os membros da Bratva
estavam ocupados bebendo e fodendo
desde que o Pakhan trouxe sua mulher de
volta.
Esperando um filho da puta que vinha
prejudicar a Bratva, eu fiz uma careta ao
ver Vitya me estudando através das cordas
enquanto descansava seus braços em cima
delas.
— Então, você vai fazer qualquer outra
coisa além de matar as pessoas, obter
relatórios sobre sua mulher e o filho dela, e
depois passar todo o seu tempo no
ginásio? Você é o Sovietnik. Talvez seja
hora de agir como um. — ele meditou,
enquanto o aborrecimento passava por
mim.
— Eu não me lembro de pedir sua opinião
sobre como viver minha vida. — por que
diabos ele estava falando assim comigo?
Nós tínhamos uma hierarquia a seguir, e
que eu saiba, ele era o principal executor,
o que significava que minha palavra estava
acima da dele, e ele não tinha o direito de
vir aqui e questionar minhas escolhas.
Ele bufou, pulou no anel e ergueu a
camisa enquanto minhas sobrancelhas
arqueavam. Que merda ele estava fazendo?
Apontando para a cicatriz no estômago, ele
me perguntou:
— Lembra-se de como eu consegui isto?
Surpreso com uma pergunta tão bizarra,
eu assenti.
— Uma luta.
Ele balançou sua cabeça.
— Não apenas uma luta, uma luta com
um homem que me chamou de todos os
nomes possíveis quando ele me viu
fodendo outro cara. Tinha apenas vinte
anos e você estava comigo naquele clube
da França.
Franzindo o cenho, eu envolvi a toalha ao
redor do meu pescoço e segurei os cantos
de cada lado da minha cabeça.
— E?
— Ele continuou vomitando para você que
eu não deveria ser permitido na Bratva,
que você deveria acabar com a minha vida
lá, e ele continuou batendo em mim, mas
eu nunca o acertei, porque não tinha
forças contra ele. Você também não me
ajudou. Uma vez que ele acabou, fomos
deixados na parte de trás do clube comigo
deitado no chão, sangrando, e você
segurando uma arma, sem saber o que
diabos estava acontecendo. Pensei que
meus dias estavam contados.
Sim, essas eram coisas que preferia não
me lembrar. — Escute, Vitya...
Ele não me deixou terminar,
interrompendo-me com seu discurso.
Normalmente ficava em silêncio. Por que
de repente ele sentiu a necessidade de
compartilhar?
— Você se ajoelhou ao meu lado e me
disse que eu deveria me lembrar para
sempre daquele dia, para gravá-lo no meu
cérebro, assim, da próxima vez que alguém
me derrubasse por quem eu era, eu devia
socar o filho da puta de volta. — seu nariz
tinha estado quebrado. Eu ainda podia ver
seus olhos ocos, como se a vida tivesse
terminado para ele.
Em qualquer outra circunstância,
provavelmente teria. Nenhuma máfia
permitiria que homens abertamente gays
fizessem parte da irmandade.
— Eu ainda acredito nessas palavras.
Às vezes conversar com os membros era
exaustivo, considerando que todos tinham
alguma da minha sabedoria para me
devolver. Mas como poderia ser diferente?
Eu os criei quando Vasya apenas queria
resultados. Ele era um bom Pakhan, mas
não se importava com seu estado
emocional, desde que pudessem ser úteis
para a irmandade. A única pessoa para
quem ele tinha um ponto fraco era
Dominic, mas eu também o tinha sob a
minha asa durante anos.
— Você me deu uma chance de viver
minha vida, e nós dois sabemos disso.
Você me ensinou naquele dia a não pensar
menos de mim mesmo e a lutar de volta.
Foi por isso que você não me defendeu. —
algo passou por seus olhos. — Aquele
homem foi encontrado morto na manhã
seguinte.
Eu não tinha nenhum comentário para
isso. Ambos sabíamos que o matei sem
remorso. O filho da puta tinha duas vezes
a idade de Vitya. Ele não faria mais nada
para machucar crianças. Não comigo por
perto.
— Qual é o seu ponto, Vitya? Toda essa
conversa feminina está me irritando.
Sem mencionar que eu estava todo suado e
precisava desesperadamente de um banho.
O único lugar onde eu poderia realmente
fechar meus olhos e imaginar Vivian ao
envolver minha mão em torno de meu pau
e obter algum tipo de alívio deste
desespero consumidor que minha vida
tinha se tornado. Então, de certa forma, eu
ansiava por um chuveiro depois de um
treino como um adolescente com tesão que
passava a maior parte de seus dias em
banheiros.
Ele ajustou a camisa de volta no lugar,
enquanto abria os braços.
— Eu serei para sempre grato a você por
estar lá para mim quando eu mais precisei
de você. Então pare de sentir pena de si
mesmo e empurrar todos para longe
quando tudo o que queremos é te ajudar.
— ele parou por um segundo. — E lembre-
se do seu lugar aqui. Todo mundo está
muito assustado para te dizer, e Dominic
está ocupado com sua mulher. — ele
terminou e cruzou os braços enquanto me
olhava com expectativa.
Fodidamente hilariante.
Pegando meu saco, eu passei por Vitya e
saltei para baixo, em seguida, me virei
para ver que ele ainda estava franzindo a
testa para mim.
— Dominic estava ocupado viajando ao
redor do mundo matando todos os
envolvidos na situação de sua Rosa. Eu
lido com as reuniões com os investidores e
as máfias rivais. Certifico-me de que todos
estão sendo cuidados, e supervisiono os
estatutos financeiros de Yuri. Durante as
aulas, ensino aos recrutas como não
perder a cabeça neste mundo, e à noite,
me certifico de que a sede está sendo
patrulhada. Sem mencionar que sou eu
que fico no telefone com todas as
autoridades na Terra para onde você vai,
assim você não terá uma guerra em suas
mãos. — seus olhos se arregalaram de
surpresa. — Sim, interessante, não é? Você
segue Dominic em todos os lugares, porque
é sua pessoa mais confiável, mas você não
sabe nada sobre o que acontece aqui.
— Radmir...
Sem disposição para suas desculpas,
acenei minha mão para que ele calasse a
boca.
— Tudo corre bem na irmandade, com
exceção de Yuri que, por algum motivo, se
interessou por uma agente do FBI, mesmo
que ele não queira admitir, e o Pakhan,
que por muito tempo todo mundo pensou
que estava louco, mas descobriu-se que
sua mulher estava realmente viva, e
agradeço por isso. — eu apontei meu dedo
para ele. — E ninguém sabe sobre você e
Michael, porque eu corto os rumores no
momento em que eles começam. Então,
Vitya, vou dizer isso só uma vez. Nunca me
diga como fazer meu trabalho ou questione
minhas ações. Ao contrário de todos vocês,
eu nasci nesta vida. Vocês todos viram esta
vida como uma fuga de um pesadelo, mas
para mim, tornou-se um pesadelo.
Sem esperar por sua resposta, eu andei
para a minha casa, me perguntando
quando todo mundo iria aprender que, ao
contrário deles, eu sabia sobre as
responsabilidades em meus ombros.
Mas Vitya estava certo sobre uma coisa.
Chega dessa merda. Eu nunca fui o tipo de
homem de esperar a vida me conceder
algo, então por que começar agora? Vivian
Jackson pertencia a mim, e já era tempo
de todo mundo saber.
Foda-se o passado.
Eu iria encontrar maneiras de puni-la por
ele sem ter que viver sem ela pelo resto da
minha vida.
Um homem não poderia viver sem o seu
coração; Ele poderia funcionar e
sobreviver, mas não viver.
E eu estava cansado de apenas sobreviver
na porra deste mundo.
Vivian

— Mamãe? — Jake gritou animadamente


por trás de mim. Eu me virei a tempo de
pegá-lo em meus braços quando ele pulou
em mim, rindo alto. — Nós ganhamos! —
ele gritou, e então levantou o queixo com
orgulho enquanto eu o abraçava,
respirando seu cheiro.
Nada poderia me acalmar melhor que ele.
— Eu não duvidava nem por um segundo,
querido. — eu respondi suavemente,
acariciando sua cabeça, enquanto ele
levantava a bola em sua mão.
— Meu objetivo era ganhar! — então ele se
mexeu, indicando que queria descer. Eu o
coloquei em seus pés, e imediatamente ele
correu para a sala de estar e mergulhou no
sofá ao mesmo tempo que ligava a TV. —
Hora dos desenhos animados.
Balançando a cabeça, divertindo-me com
as oscilações de atenção de Jake, não pude
evitar rir, porque ainda tinha o capacete de
treino de hóquei, mas não parecia
incomodá-lo muito.
Alex jogou a mochila de prática de hóquei
de Jake no chão e colocou alguns papéis
na mesa.
— Eles querem transferi-lo para um grupo
mais avançado. Ele é bom para a sua
idade. — orgulho atava sua voz, e eu
odiava isso, embora ele sempre tivesse sido
bom para meu filho. — Eu disse a eles que
teriam que entrar em contato com você, já
que estamos divorciados agora.
— Obrigada.
Ele se moveu desajeitadamente, mas então
limpou a garganta.
— Poderíamos ... poderíamos ainda ter os
domingos de hóquei juntos?
A raiva estalou dentro de mim em suas
palavras quando eu cruzei meus braços e
olhei para ele. — Você não tem o direito.
Ele nunca foi seu. Todo mundo sabe disso.
Seu nome não está na certidão de
nascimento. Jake é meu, e se você pensar
em ir ao tribunal sobre ele...
Ele levantou a mão, parando meu
discurso.
— Vi, não foi isso que eu quis dizer. — ele
exalou pesadamente, passando os dedos
pelo cabelo. — Ele não é meu filho. Eu sei
disso e ele sabe disso. Mas... eu sou uma
estabilidade em sua vida. Quem irá a esses
jogos com ele? Você? Sem ofensa para as
mulheres, mas os filhos costumam sair
com os pais. — ele se encostou na parede,
seus olhos em Jake. — Além disso, eu me
acostumei com isso também. Estou
pedindo que você não tire isso de nós.
Mas esse era o ponto, não era? Aqueles
momentos não eram dele. Toda vez que ele
passava algum tempo com Jake, sentia
como se eu tivesse roubado esses
momentos de Radmir; Eles lhe pertenciam
legitimamente. Mesmo o amor de Jake pelo
hóquei... meu russo amava também. Era
um grande esporte na Rússia, e ele tinha
sonhos de ensinar seu filho a patinar, para
ele jogar profissionalmente, caso a criança
se interessasse.
Em vez disso, Alex foi o que experimentou,
e eu odiava com todo o meu ser.
Alex e eu tivemos um relacionamento
complicado, para dizer o mínimo.
Alex tinha um segredo, e eu mantive-o
escondido enquanto ele fornecia a tão
necessária proteção para o meu filho e
para mim. O nome da família Jordan não
teria sobrevivido à notícia de que seu único
filho tinha certas necessidades sexuais.
Alex não compartilhou muito comigo, só
que precisava de muita gente para
satisfazê-lo. O que quer que isso signifique.
Ele nunca tentou me tocar. O casamento
era platônico; Nós tínhamos até mesmo
assinado um contrato. Ele tinha relações
sexuais com outras pessoas
constantemente e não se importava se eu
tivesse um caso, não que eu quisesse um.
Jake sabia que Alex não era seu pai; ele o
chamava de tio Alex. Eu não acho que ele
sabia que sua mãe estava casada com ele,
já que nunca agimos como um casal.
Acontece que Alex tinha uma boa
explicação para ser um idiota para mim
naquela época, mas ele não era nada além
de educado desde então. Se fosse apenas
sobre ele, eu o teria dispensado e dito a ele
para se foder. Afinal, sua ajuda não veio de
graça. Mas ele estava certo, Jake precisava
desses domingos, e com Radmir fora do
quadro, não era como se ele estivesse aqui
para apreciá-lo.
— Somente aos domingos, Alex.
O alívio e a gratidão brilharam em seus
olhos enquanto assentia. — Obrigado. Se
precisar de alguma coisa...
Okay, certo. Ele estava brincando comigo?
— Nunca lhe pedirei.
Ele rangeu os dentes e saiu, acenando
para Jake, que acenou de volta e depois
voltou para seu desenho animado,
dispensando Alex também.
A única coisa que aprendi durante a
minha gravidez de Jake foi que, com o meu
mundo caindo aos pedaços, não deveria
esperar ajuda de graça.
Sempre haveria um preço a pagar.
5-

Vivian

— Gostaria de beber alguma coisa,


senhorita, antes de irmos? — perguntou a
comissária educadamente, oferecendo uma
bandeja com todos os tipos de bebidas.
Embora minha família fosse rica, papai não
acreditava em arruinar seus filhos com
passaportes de primeira classe. Muitas
vezes viajávamos dessa forma, mas sempre
em classe econômica, e geralmente desde
que ele fazia arranjos de última hora,
acabávamos com maus lugares, tipo em
algum lugar no meio, esmagados entre
outros passageiros. Minha irmã costumava
se importar com isso, mas eu não. As
pessoas sempre foram ótimas, e tive a
oportunidade de tirar várias fotos para
minhas coleções. Sem mencionar que dava-
me uma ruptura tão necessária da
zombaria constante de minha mãe ou do
desprezo de meu pai por ousar ter uma
opinião.
Mas desde que eu estava na primeira
classe de qualquer maneira, por que não
aproveitar todos os luxos? Enterrando-me
mais profundamente em um assento
confortável e largo de couro, eu disse:
— Champanhe, por favor. — parecia
apropriado celebrar esta grande fuga e
esquecer por um tempo sobre minha casa.
A comissária colocou o guardanapo na
bandeja do encosto do banco e, em seguida,
o copo, juntamente com algumas nozes no
lado. Então, com um sorriso educado, saiu
para cuidar dos outros passageiros.
Inclinando-me de volta no meu assento,
tomei um gole enquanto observava pela
janela como a equipe do aeroporto
continuava colocando as bagagens dentro
do avião.
Uma mochila de repente caiu no assento ao
meu lado, me surpreendendo, e quase
derramei minha bebida.
Que diabos?
Abri minha boca para dizer a quem quer
que fosse o que estava em minha mente,
quando meus olhos se arregalaram para o
estranho.
Ele era o cara do corredor - Dominic! Ina-
porra-creditável. Se a carranca de
aborrecimento fosse um indicativo, ele
ainda não estava feliz por ficar ao meu lado
no assento.
— Bem, olá.
Quão coxa eu parecia?
Ele apenas balançou a cabeça e respondeu:
— Oi, de novo. Não se preocupe — ele riu,
claramente divertido com alguma coisa. Um
homem passou por ele, saudando-o,
enquanto dois mais sinalizavam para ele de
trás. Quantos estavam lá? — Não vamos
passar muito tempo juntos.
Ele me assegurou, então gritou:
— Radmir, eu vou tomar seu lugar.
Então ele se afastou e sentou-se algumas
fileiras na minha frente, dispensando-me.
Pisquei algumas vezes com sua hostilidade.
Eu entendi que ele provavelmente não
gostava de mim, mas precisava mudar de
lugar? As minhas sobrancelhas franziram,
mas não tive muito tempo para me debruçar
sobre isso quando Radmir apareceu.
E minha respiração parou mais uma vez.
— Krasivoglazaya. — ele disse, sua voz
como um cobertor quente que eu queria me
enrolar. — Perdoe a falta de maneiras de
Dominic. — ele franziu a testa para a parte
de trás da cabeça de seu amigo. —
Falaremos depois sobre isso. — ele
murmurou.
— Tudo bem. — o que mais poderia ser dito
em tal situação? Minha garganta ficou seca
e eu rapidamente peguei o champanhe e
tomei um grande gole, saboreando como o
líquido refrescante percorreu meu corpo e
me distraiu do estranho.
Ele colocou a mala no compartimento
superior, fechou-o e sentou-se ao meu lado.
Instantaneamente, o cheiro de cigarros ricos
e colônia cara me lavou, fazendo-me
instintivamente inclinar mais perto dele
para cheirá-lo.
Se eu tivesse uma fraqueza, eram homens
que usavam colônia, e embora eu odiasse
cigarros, algo sobre a combinação daqueles
dois naquele homem fazia coisas loucas a
minha libido e imaginação.
— Nervosa? — sua voz era profunda, e
rouca, e porra, por que fez-me mexer
desconfortavelmente no assento? Sem olhar
para ele, coloquei o nariz na janela.
— Não, nunca estive na Rússia, mas não é
o meu primeiro voo. — ele riu; Era rico e
alto, como se ele não tivesse uma
preocupação no mundo.
— Você terá uma surpresa, então.
Nenhum sotaque era evidente em sua voz, e
antes que eu pudesse me impedir,
perguntei:
— Você é de lá?
Ele ergueu a sobrancelha, colocou o cotovelo
no braço entre nós e inclinou-se, o que
deixou seu rosto mais perto do meu e
permitiu-me ver a diversão e algo mais em
seus olhos, algo que eu não consegui
identificar. Nenhum homem me olhou com
tanta expressão antes.
— Onde?
— Moscou?
Ele meio sorriu e então balançou a cabeça.
Eu entendi errado? Ele era americano?
— Oh, me desculpe. Eu apenas presumi...
— Sou de Irkutsk.
Piscando várias vezes em confusão, eu
esclareci:
— Irkutsk?
— Uma cidade na Sibéria. Onde fica o lago
Baikal. — ele riu. — Meu amor por esta
cidade transferiu-se para o resto dos caras.
— acrescentou, provavelmente falando
sobre o tal de Dominic.
Eu sabia sobre o lago Baikal. Quem não?
Afinal, era um dos maiores lagos do mundo
e tinha a água quase limpa, perfeita para
beber, de modo que a Rússia seria um
destino perfeito em caso de qualquer
cataclismo. Também foi dito que se alguém
se perdesse lá, ninguém seria capaz de
salvá-lo, porque o lago era muito profundo.
Era misterioso, grande e, com base em
imagens, muito bonito.
No entanto, eu não tinha ideia de que
existia uma cidade na Sibéria... e espera,
cidade?
— Existem cidades na Sibéria?
A bebida que a aeromoça lhe entregou
enquanto eu estava digerindo suas
informações parou a meio caminho de sua
boca. Ele piscou e então franziu a testa.
— Sim, algumas. Por que você está
surpresa? — então ele me estudou por um
segundo, e antes que eu pudesse
responder, ele riu novamente. — Você não
esperava que a Sibéria tivesse cidades?
Ok, isso era embaraçoso, e minhas
bochechas aqueceram. Eu provavelmente
estava tão vermelha como um tomate, mas
não podia dizer muito para ele.
— Não! — eu decidi rapidamente esclarecer
o mal-entendido. — Eu simplesmente
assumi que era um estado, tipo o Alasca.
Ele assentiu, bebendo o uísque.
— A Rússia não tem estados, embora.
Eu corei novamente. — Desculpa.
— Não há necessidade de pedir desculpas,
krasivoglazaya. Algum dia, você terá a
oportunidade de ver por si mesma.
Essa palavra novamente, a curiosidade
estava me matando, e talvez uma vez que
eu soubesse o significado, meu corpo não
iria ficar em alerta máximo. Provavelmente
era um apelido imbecil.
— O que isso significa?
Ele me estudou por um segundo, em
seguida, colocou sua bebida no suporte e
segurou meu queixo com os seus dedos. O
primeiro contato de sua pele com a minha
fez meu coração bater mais rápido
enquanto ele sussurrava há alguns
centímetros de distância de meus lábios:
— Olhos bonitos.
Fiquei muito atordoada com o seu elogio
para responder, mas quando eu finalmente
encontrei minha voz e queria falar, uma
aeromoça nos interrompeu e sussurrou algo
em seu ouvido. Radmir estreitou os olhos e
ela deu um passo para trás, baixando a
cabeça.
Claramente, ela sabia que tinha ferrado.
Ele se levantou, me deu mais um sorriso e
caminhou na direção da cabine dos pilotos.
Esquisito.
Uma vez que ele saiu, notei que a primeira
classe estava preenchida com apenas
homens adequados com expressões
estoicas e alguns caras vestindo jeans e
camisas. Esses homens tinham uma
variedade de tatuagens, e eles continuavam
a verificar a porta e seus telefones.
Nenhuma mulher ou alguém que parecia tão
comum quanto eu estava na primeira
classe. O que diabos estava acontecendo?
E mesmo que isso não importasse, eu ainda
tentava acalmar meu coração que batia
rapidamente, já que as sensações
desconhecidas atravessavam meu corpo.
Em que diabos eu me meti?

Radmir

Eu esperava muitas coisas ao entrar na


sala principal, mas não Dominic sentado
no bar, bebendo vodka como se fosse água,
enquanto Kostya continuava me dando
olhares preocupados enquanto ele
reclamava sobre suas ordens. Outros
membros estavam ocupados jogando bilhar
ou fazendo com as mulheres que lhes
serviam bebidas esfregassem seus seios
sobre eles. O candelabro de cristal colorido
pendia perigosamente baixo e corria o risco
de danificar aqueles malditos idiotas que
continuavam a balançar as mãos para
cima e para baixo ou que estavam
flexionando os músculos ou brincando
com armas. O piso de mármore preto
vibrava com a música explodindo dos alto-
falantes, tão alta que minhas orelhas
quase sangravam. Por que no inferno
Dominic permitiu tal comportamento
estava além de minha compreensão; Não
era como se merecesse isso. Eles não
estavam matando pessoas ou realizando
coisas à torto e à direita. Os últimos meses
foram descontraídos para a irmandade,
uma vez que o foco do Pakhan estava em
fazer com que sua mulher, Rosa, voltasse.
Kostya era o barman e o principal protetor
da sede. Eu não tinha a mínima ideia
sobre de onde ele veio ou por que Vasya
lhe deu a posição, e nunca questionei isso.
Ele era um cara bom o suficiente que sabia
o que fazer quando a merda batia no
ventilador. Seu relacionamento com
Konstanciya, nossa atiradora, me
interessava, porque poderia criar o caos
entre a Bratva. Fazendo uma nota mental
para verificar isso mais tarde, eu me dirigi
ao Pakhan enquanto sentava no
banquinho ao lado dele.
— Ficar bêbado não vai ajudá-lo nesta
situação. — Kostya me entregou um copo
de whisky e eu o saudei com ele.
Ao franzir a testa, Dom apontou:
— Engraçado você me dizer isso...
considerando que também não é um santo.
Eu ri enquanto estudava as meninas
dançando na mesa de bilhar. Os caras
salivavam enquanto olhavam para elas,
alguns deles se deslocando
desconfortavelmente, ajustando seus paus.
Qual era o apelo de querer mulheres que
literalmente fodiam todos na irmandade?
Algumas delas estavam por perto antes
mesmo de eu ter sido preso. Embora
gostasse de foder no passado, como
Dominic, eu preferia encontrar mulheres lá
fora. A ideia de colocar meu pau em
alguém que acabou de ter um dos novos
recrutas dentro dela não ajudava
exatamente meu tesão.
— Ao contrário de você, eu tenho razões
melhores para isso.
Minha resposta foi recebida com um
grunhido quando ele bateu o copo no bar.
— Minha mulher foi abusada e depois se
transformou em alguém que ela não é,
tudo por causa de um filho da puta doente
que eu ainda não consegui localizar. Isso
não é motivo suficiente para você?
Calmamente bebendo minha bebida,
perguntei em voz alta:
— Onde ela está? — se Dominic achava
que sua explosão de raiva conseguiria uma
briga, ele estava errado. Eu o criei. Eu
poderia reconhecer quando seu coração
estava magoado. Vasya me apresentou a
ele quando ele tinha quinze anos, um
filhote irritado que sonhava em encontrar
sua identidade neste mundo. Ele aprendeu
tudo comigo.
— No andar de cima. Ruslan disse que ela
desmaiou por choque e nervos. Eu a deixei
com Michael, porque suas palavras ainda
me machucam. Eu não podia
simplesmente continuar sentado lá. —
Ruslan era o médico da Bratva, e era um
bom cara. Eu ainda lhe devia por costurar
minha ferida à faca há dez anos.
— Certo. Mas ela é sua. Ao contrário da
minha... Vivian casou-se com Alex e teve
um filho dele. — minha voz estava coberta
de frieza, escondendo a amargura correndo
em minhas veias ao pensar nela, minha
mulher, nos braços do filho da puta. Se ela
não fosse sua esposa, eu a teria arrastado
para a Rússia comigo e nunca a deixaria ir,
mas ela pertencia legalmente a ele. E se
havia uma regra que eu nunca quebrava,
era a de tirar a esposa de outra pessoa. Ela
se divorciaria dele e então eu reivindicaria
o que era legitimamente meu desde o
início. Nossa única noite juntos foi minha
vingança dela, mas acabei por ser a única
pessoa que puni. As imagens de sua beleza
e gemidos assombravam meus sonhos
todas as noites, enquanto meu coração
desejava segurá-la em meus braços.
Antes que eu pudesse adicionar qualquer
outra coisa, uma ruiva veio até nós com
um enorme sorriso no rosto. Ela usava
uma saia curta que exibia suas longas
pernas e um top branco sem um sutiã,
seus mamilos estavam visíveis através da
coisa. Toda a sua atenção estava em mim.
Mas que porra ela queria?
— Sovietnik. — ela murmurou, arrastando
seu dedo indicador pelo meu peito, seus
olhos escaneando meu torso sem camisa
com apreço. — Gostaria da minha
companhia? — ronronando, ela lambeu os
lábios, prometendo-me um bom tempo
entre os lençóis.
Adorava mulheres, nunca tendo uma por
mais de uma noite, e todas gostavam de
mim. Presentes generosos e jantares
pareciam uma boa pechincha por uma
noite de sexo; Nunca quis que elas se
sentissem usadas. Nenhuma delas
inspiravam nada além de uma ereção em
meu corpo, mas mesmo assim, eu sempre
tentei ser um perfeito cavalheiro.
Mas então Vivian apareceu, e eu vivia e
respirava por ela. E ela pode estar casada e
ter um filho... mas meu corpo não recebeu
o memorando. Qualquer pensamento de
colocar minhas mãos em outra mulher me
repelia, como se eu estivesse traindo algo
precioso.
De repente, fiquei furioso. Estava tão
cansado dessas cadelas tentando me enfiar
em suas camas. Cortesia simplesmente
não funcionava com algumas pessoas.
Eu agarrei seu cabelo dolorosamente, e ela
gemeu de prazer, pisando mais perto de
mim, pescando por um beijo, mas eu a
empurrei de lado asperamente. Ela quase
tropeçou em seus saltos.
— Eu vou repetir mais uma vez o que já
disse, e se você não ouvir, seu traseiro
estará fora daqui permanentemente. —
segurando meu braço, ela choramingou e
baixou seu olhar, incapaz de suportar meu
escrutínio. — Nunca me toque sem minha
permissão. — eu me dirigi ao resto das
prostitutas que estavam no canto, seus
olhos arregalados. — O mesmo vale para
vocês. Eu não estou interessado no que
vocês estão oferecendo. — elas assentiram
freneticamente. A ruiva se juntou a elas, e
elas a envolveram em um abraço apertado.
— Estou cansado de explicar isso a cada
uma de vocês. — minha raiva atravessou o
ponto da racionalização, e elas recuaram
mais para um canto. — Desligue a porra
da música.
Igor rapidamente desligou os alto-falantes,
enquanto exalava um suspiro de alívio.
Bom saber que a Bratva ainda lembrava do
meu temperamento.
Girando no assento, voltei para o meu
uísque e apertei o copo no meu punho.
Foda-se, eu precisava de sexo. Meu corpo
estava constantemente hiper-alerta
durante os treinos e missões, mas minha
frustração só podia ser acalmada ao gozar,
o que me deixava ainda mais ansioso do
que antes para provar minha mulher.
Mais exercícios ajudariam a tirar minha
mente das minhas necessidades; Pelo
menos conseguiu me ajudar nos últimos
cinco meses.
Logo, eu reivindicaria minha mulher de
novo e a traria de volta para cá, onde ela
ficaria para meu prazer. Eu pensaria em
outras maneiras de puni-la por sua
traição. Foda-se minhas regras. Ela
pertencia à mim primeiro; Alex poderia ir
se foder.
Dominic limpou a garganta e disse:
— O menino, seu nome é Jake, e ele tem
cinco anos de idade. Ele é seu. — eu
congelei, inalando bruscamente enquanto
minha mente tentava entender as
informações que ele me havia dado. — A
razão pela qual ela se casou com Alex
Jordan foi porque ele a chantageou. Eu
não sei os detalhes. Mas ele nunca a teve.
Ela ainda é sua.
O quê?
Todo esse tempo na prisão, ela foi o que
me manteve vivo, me manteve em pé e
resistindo a toda a tortura das pessoas que
tentaram me matar. Porque enquanto ela
me esperasse lá fora, nada mais importava.
Então, Dominic apareceu há um ano e me
disse que ela se casou com outra pessoa e
teve seu filho, e fúria e dor me encheram
desde então.
Eu nem tive tempo de processar que Jake
era meu ou a alegria no meu coração pelo
pequeno ser o resultado do nosso amor;
Tudo o que eu poderia pensar era na
traição da única pessoa que eu nunca
tinha esperado.
A cadeira caiu no chão enquanto eu me
levantava. Peguei sua camisa e cuspi
furiosamente:
— Onde está a merda da sua lealdade? Eu
vou te matar, porra! — os homens
correram para nós, porque ninguém
ousava ameaçar o Pakhan.
A mão levantada de Dom os parou, porque
tínhamos que resolver isso entre nós. Meu
interior coçava por uma briga e, com sua
expressão resignada, ele estava disposto a
me dar uma.
O Pakhan da Bratva sempre cuidava de
sua irmandade, afinal. Recuando meu
punho, eu o soquei no rosto, derramando
minha raiva e frustração nele. A cabeça de
Dom inclinou-se para trás, mas ele
rapidamente se recuperou e me deu um
soco no estômago. A dor me dobrou em
dois enquanto os homens formavam um
círculo ao nosso redor, e as mulheres
ofegavam, fugindo do bar.
A foto de Vivian segurando um bebê
embrulhado em um cobertor azul piscou
na frente dos meus olhos.
— Ela teve meu filho! Meu filho, Dominic!
— eu gritei, dando um golpe em seu fígado
- um golpe baixo de minha parte,
considerando que eu sabia que era seu
ponto fraco. Ele me chutou, o que resultou
em eu perder o equilíbrio, mas não antes
de agarrar seu pescoço, golpeando-o
rapidamente. Nós caímos no chão e nossos
punhos voaram violentamente. Acabamos
lutando cegamente um com o outro.
— Mas que porra é essa? — gritou
alguém, e em um segundo, ele envolveu
seus braços em torno de mim por trás e me
tirou de Dom enquanto Vitya o segurava,
mas ainda nos encaramos, parados e
prontos para um segundo round.
— De todas as pessoas, não esperava isso
de você, Dom. — finalmente disse, minhas
emoções ameaçando me deixar louco,
bloqueando qualquer dor física.
— Avançar, nunca recuar, Radmir.
Lembra?
Nós paramos, estudando um ao outro
enquanto meus ensinamentos passavam
por minha mente. Sempre que ele ficava
puto quando era adolescente ou era
derrotado no ringue, e não queria se
levantar, minhas palavras eram como um
mantra para ele.
Avançar, nunca recuar.
Aquele mantra fodido não funcionava
quando tinha a ver com Vivian e Jake.
Depois de alguns segundos curtos, anos de
treinamento me permitiram colocar uma
expressão indiferente para cobrir minha
agitação interior. Pegando os olhos
culpados de Vitya, eu me dirigi a ele.
— Me dê toda a informação que você tem
sobre meu filho e Vivian. — eu parei e
depois, sem olhar para Dom, perguntei: —
O que você me disse na prisão... sobre ela
testemunhando contra mim. É verdade?
Ou mais uma de suas mentiras?
Se ele tivesse mentido para mim sobre
isso, eu não conseguiria me impedir de
atirar nele.
— Sim, era a verdade.
Minha mandíbula pulsou, a tensão
torcendo dentro de mim. Assentindo,
caminhei na direção da minha ala com
Vitya nos meus calcanhares.
Ele me daria todas as respostas antes de
eu soltar a fúria profunda dentro de mim.
— Faça com que Yuri, Petor, Gleb e Dima
venham aqui agora. — eu ordenei. Ao
continuar caminhando, acrescentei: —
Traga-me toda a informação que você tem,
Vitya.
— Radmir, nós achávamos que isso seria
para o seu bem...
Agarrando-o pelo colarinho da camisa, o
bati com força contra a parede enquanto
ele resmungava dolorosamente.
— Você escondeu meu filho de mim. Você
permitiu que eu machucasse minha
mulher. A fraternidade da Bratva deveria
cuidar deles. Em vez disso, vocês a
jogaram para os lobos. Não me diga para
me acalmar. Seja agradecido, porra, que
não vou colocar uma bala na cabeça de
Dominic. Todos vocês quebraram o código.
— cuspindo as últimas palavras, o soltei e
continuei meu caminho para o meu
quarto.
Abrindo o meu telefone, disquei o número
e, quando a pessoa atendeu, eu lati:
— Oleg, deixe o avião pronto para ir aos
Estados Unidos. Estarei no aeroporto em
três horas, no máximo.
Desligando, pensei: como posso pedir
perdão à única mulher que eu já amei?

Vivian

A campainha tocando me distraiu de


misturar a salada. Olhei para Jake, que
estava deitado de bruços no tapete roxo e
fofo e lia o livro sobre aviões. Ele levantou
os olhos confusos para mim.
— Quem é, mamãe? — nós raramente
recebíamos visitantes, então eu entendia
sua confusão.
Abrindo um sorriso, respondi:
— Não sei, querido. Deixe-me verificar. —
mas antes que eu pudesse abrir a porta,
alguém a destrancou. Tina entrou
carregando um buquê de lírios nas mãos, e
o cheiro agridoce me irritou
instantaneamente.
— Surpresa! — ela gritou, colocando-os na
pequena mesa da porta quando John
entrou logo atrás dela com várias caixas da
minha padaria favorita, que recentemente
abriu ao lado do meu estúdio, a poucos
quarteirões de distância da minha casa.
— A chave é apenas para emergências. —
finalmente encontrei minha voz, muito
atordoada no início com sua aparição.
Tanto quanto amava minha irmãzinha, vir
a Nova York de todos os lugares e em
minha casa era muito incomum para ela.
Ela amaldiçoou a cidade no momento em
que encontrou seu ex-marido na cama com
uma de suas amantes e seu ódio por ele se
estendeu para o lugar em si.
Tina revirou os olhos, mostrando-me um
grande sorriso e puxando seu vestido curto
e laranja, que mal cobria a sua bunda,
mas mostrava suas pernas incríveis; Não é
de admirar que muitas revistas comparem
sua beleza com a de Candice Swanepoel.
Elas poderiam ser facilmente consideradas
gêmeas com seus cabelos dourados e olhos
azuis.
— Isto é uma emergência! Você se
divorciou. — ela sussurrou, provavelmente
por consideração à Jake e então fez
cócegas em seu pé, fazendo com que ele
risse alto. — Por que você não está
saudando sua tia de forma adequada,
munchkin8? — ela o perseguiu, e então ele
pulou diretamente em seus braços,
deixando-a quase sem fôlego do forte
abraço.
— Tia Tina! — ele gritou, e então seus
olhos se arregalaram quando ela lhe
mostrou a caixa do jogo de hóquei Kinect
que ele estava me implorando para

8
É essa raça de gatinhos super fofos com as perninhas curtas.
comprar por anos. Eu me recusei, porque
ele já tinha o suficiente desses tipos de
jogos e geralmente ficava frustrado, pois
ele jogava sozinho. Seus amigos se
recusavam a brincar com ele, já que ele
sempre ganhava.
Deixei a minha irmã agir como a tia legal e
comprá-lo para ele.
— Gostou, amigo? — ele fez um
movimento para arrancá-lo de suas mãos,
mas ela o levantou mais alto. — Que tal
me mostrar como jogar?
Ele balançou a cabeça ansiosamente,
levantou-se, e virou seu olhar suplicante
para mim.
— Podemos, mamãe? — seus olhos
cinzentos e cristalinos me lembraram tanto
de seu pai naquele momento, que meu
coração doeu. Como eu poderia recusar
isso a ele?
— Tudo bem, mas apenas por uma hora, e
então você vai ler um pouco mais.
— Tudo bem! — então ele puxou Tina na
direção de seu quarto. — Apresse-se, tia
Tina. — ela riu, agarrou uma das caixas,
que tinha suas rosquinhas de chocolate
favoritas, e com uma piscadinha para mim
desapareceu até a extremidade da casa,
deixando-me sozinha com John na sala de
estar/cozinha.
E aquela era uma das razões pela qual eu
planejava me mudar deste lugar o mais
cedo possível. Quando eu estava grávida de
Jake, tudo que eu queria era fugir de todos
e viver em algum lugar em paz. Este
complexo de apartamentos parecia uma
ótima ideia, especialmente porque era
localizado perto do meu estúdio e o bairro
era bom. No entanto, o prédio estava cheio
de artistas boêmios, as pessoas tinham se
estabelecido em suas vidas, e com quase
nenhuma criança para brincar, Jake ficava
solitário. A maioria dos seus amigos vivia
muito longe, e ele não podia andar de
bicicleta. Então, meu corretor de imóveis já
estava à procura de uma casa pequena e
aconchegante para nós nos subúrbios do
Upper East Side. Eu esperava que pudesse
caminhar até o trabalho, desde que não
tinha obtido uma carteira de motorista.
Aqueles carros eram muito assustadores
para dirigir, eu juro.
— Espero que não estejamos sendo
intrometidos. — a voz calma de John me
trouxe de volta ao presente, e eu balancei a
cabeça, abrindo as caixas alinhadas no
balcão da cozinha. Uma risadinha escapou
da minha boca. — Claro que não. Você até
mesmo se certificou de começar com a
maior e terminar com a menor.
Ele encolheu os ombros, sentando-se na
cadeira com toda a sua atenção em mim.
— Digamos que a ordem é algo
importante para mim.
Uma delas tinha meus cupcakes de
morango favoritos, e não consegui resistir
a mergulhar meu dedo nele. Eu quase
gemi, desfrutando o sabor doce em minhas
papilas gustativas.
— Fico feliz que você goste deles, Vivian.
— ele disse, e por um segundo a atmosfera
no lugar mudou, o rosto inteiro de John
mudando quando algo brilhou em seus
olhos, mas foi tão rápido que não tive
tempo para estudá-lo.
Ignorando a sensação estranha, eu
derramei café preto em um copo e coloquei
na frente dele.
— Vocês sabem do que eu gosto. Então, o
que vocês estão fazendo em Nova York? —
à distância, eu ouvi Jake gritando para
Tina algo sobre defesa e ataque rápido,
ensinando-lhe claramente as regras do
jogo.
John bebeu sua bebida por um momento e
finalmente respondeu.
— Tina queria ver você depois da coisa do
divórcio. Nós acabamos de descobrir, ou
teríamos estado aqui mais cedo. — ele
parecia tão apologético que minhas
sobrancelhas se levantaram.
— Está tudo bem, realmente. Alex e eu...
nós tínhamos nossas diferenças. — essa
era a desculpa que daríamos para os
jornais no caso de a imprensa querer
escavar mais fundo e descobrir por que a
família Jordan se separou.
Eu estava arranhando nervosamente a
mesa, pensando que deveria continuar
preparando nosso almoço, quando John
colocou a palma aberta sobre os nós dos
meus dedos, parando meus movimentos
enquanto nossos olhares se chocavam.
— Você sempre pode confiar em nós, caso
precise de alguma coisa. — atordoada com
o contato, um pouco de desconforto se
espalhou por mim, e eu deslizei minha
mão de seu toque.
Minha pele ardia do contato, como se
estivesse queimada, e de repente eu queria
que minha irmã voltasse, porque seu noivo
estava agindo de forma estranha. Ele
nunca fez algo assim antes, mas talvez
essa fosse a maneira dele de confortar as
pessoas?
— Claro. — foi a minha única resposta, e
então, graças a Deus, Tina gritou:
— John, você poderia por favor vir aqui e
brincar com Jake? Eu preciso falar com a
minha irmã para obter informações!
Ele se levantou rapidamente, me deu um
aceno brusco, e saiu enquanto eu exalava
em alívio.
Talvez eu precisasse de umas férias desse
ambiente estressante, porque minha mente
estava brincando comigo, fazendo até um
gesto de bondade parecer estranho ou
suspeito.
Mas para minha paz de espírito, era
melhor eu não ficar sozinha com John
nunca mais.
Radmir

Correndo os dedos pelo meu cabelo em


frustração, passeei de um lado para o
outro na minha sala de estar, segurando
as pastas com o nome de Vivian, tentando
acalmar a besta furiosa dentro de mim que
desejava disparar e matar todas as pessoas
que machucaram seu companheiro.
Fraternidade.
Cuidamos dos nossos, Radmir.
Enquanto você fizer parte da Bratva, você
vive sob nossa proteção, assim como sua
família.
Besteira. Malditas mentiras. Ninguém
cobriu minhas costas quando eu mais
precisava.
— Me dê uma razão, Vitya, por que eu não
deveria matar o Pakhan e todos os
envolvidos agora?
Vitya exalou pesadamente, mas ficou em
silêncio, sem encontrar meu olhar. Embora
isso não fosse sua culpa, considerando que
ele estava na Europa naquela época, ele
também escondeu a verdade de mim, então
não o tornava menos culpado.
A família de um membro deve ser protegida
a todo custo, e se a Bratva não conseguiu
fazer isso, um membro poderia pedir
retribuição. Era nossa lei mais absoluta.
— Dominic não podia dizer nada naquela
época, Radmir. Vasya emitiu uma ordem
depois de sua desobediência. Ele até se
recusou a ajudá-lo. Por que ele se
importaria com sua mulher? — perguntou
Petor.
— Depois de se recusar a matar o pai
dela, ele assinou seu mandado de morte.
Se você não fosse à prisão, alguém teria
que matar você. — as palavras de Yuri
congelaram todos, e olhares surpresos
voltaram-se para ele. Ele tomou um grande
gole e encolheu os ombros. — Você sabe
como eram as coisas com ele.
Sim, a ordem do meu tio não me
surpreendeu. Sobrinho ou não, ele só
tinha um ponto fraco na Bratva, que era
Dominic. Todo mundo era apenas um
membro que tinha que seguir o código
religiosamente. Mesmo seu próprio filho
viciado em drogas não merecia sua
atenção. Ele não era um homem cruel,
apenas um homem endurecido pelas
circunstâncias da vida. E além disso, se
você não tivesse nada de bom a dizer sobre
os mortos, era melhor ficar em silêncio.
Que meu tio descanse em paz. Deus sabia
que eu tinha em minha vida pessoas
suficiente para odiar.
No entanto, algo não estava somando aqui.
— Mas eu mantive meu status como
Sovietnik. Como isso é possível? Ele
deveria ter nomeado alguém.
— Ele nomeou. Ele escolheu Dominic.
Depois de sua morte, Dom foi escolhido
para assumir o lugar dele, e ao subir ao
poder, ele restabeleceu você na posição. —
Gleb disse, descansando seus braços na
parte de trás do sofá. — Ele também foi
quem colocou o cara para ficar de olho em
Vivian, assim nós saberíamos que seu filho
estava sendo protegido. A ordem era clara;
Se Jake fosse maltratado, ele seria tirado
de onde estivesse.
Apesar da minha fúria, um sentimento de
gratidão se instalou no interior, porque
Dominic permaneceu um verdadeiro amigo
mesmo durante meus anos na prisão.
Dado o seu passado, embora, não me
surpreendeu que ele quisesse ter certeza
que Jake não estivesse sofrendo. Deus
sabia que Dominic e seu irmão gêmeo,
Damian, viveram o inferno na Terra
durante seus anos de cativeiro. Ninguém
sofreria o mesmo pesadelo sob sua
proteção.
— Ela me libertou da prisão? — eu me
dirigi a Dima.
Ele estremeceu, removendo o gelo e
mostrando-nos o hematoma roxo que meu
punho tinha deixado lá.
— Quando você foi esfaqueado no hospital
enquanto Dominic enfrentava problemas
com a Cosa Nostra9, lembra?
Sim, difícil de esquecer quando cinco
prisioneiros de merda me atacaram no
meu sono, esfaqueando-me e me
espancando quase até a morte com
bastões de beisebol. Eu lutei tanto quanto
pude, mas minha força não era útil nessa
situação. Felizmente para mim, um guarda
apareceu e os parou. Eles me levaram para
um hospital em Houston, onde levou dois
meses para eu ficar melhor, e então eles
me colocaram de volta na prisão e meu
9
Máfia Italiana.
caso foi reaberto naquele momento.
Ninguém me disse por que, só que foi me
dado um álibi. Desde que vários dias
antes, eu tinha pedido ao Pakhan para me
tirar de lá, não me surpreendeu, e eu
pensei que eles finalmente tinham
encontrado uma forma.
Mais uma mentira no final!
— Ela deu um álibi escrito da noite da
morte de Cliff, alegando que você tinha
passado a noite inteira com ela, e então
vocês dois foram ver Cliff, mas ele já estava
morto. Você disse a ela para fugir, e desde
que ela estava grávida, ela estava com
medo de falar. — Dima ofegou
dolorosamente enquanto tocava sua pele
inchada, e continuava: — Estúpido como o
inferno, mas o juiz não tinha mais nenhum
controle sobre você, já que nós tínhamos
um álibi.
— Dominic disse que ela testemunhou
contra mim. Isso é verdade?
— Foda-se, estamos tão mortos. —
murmurou Yuri e depois terminou a
bebida dele, jogando o copo contra a
parede, de modo que se espalhou em
minúsculos pedaços. — Esperando que
isso alivie a sua frustração, e você não
bata em ninguém, porque, cara, sério? Nós
achávamos que sim. Eles apresentaram o
testemunho dela como verdadeiro, embora
nunca tenha sido testemunha no caso.
Mas o promotor afirmou que ela deu uma
confissão escrita onde culpou você e outras
coisas. Descobriu-se embora...
Ele mudou sua atenção para Gleb, que
continuou:
— Provavelmente era armação, porque
durante seu julgamento ela estava no
hospital. Um aborto espontâneo ou alguma
merda assim. Dominic não sabe, mas
Melissa me contou. Talvez o papel fosse
falso; Nós não poderíamos saber.
Os olhos de Yuri se estreitaram de raiva
quando Gleb mencionou uma conexão com
a mulher que ele atualmente fodia, mas ele
apenas rangeu os dentes e não disse nada
sobre isso.
— Então, deixa eu ver se entendi — eu
finalmente disse, enquanto suas palavras e
as informações na pasta criavam uma
imagem quase clara na minha cabeça. —
Sua família me odiava, e ela ficou sozinha
e grávida sem meios de sustentar a si
mesma e a criança. Ela veio para a Bratva
para obter ajuda, mas foi enviada de volta
para casa, e no momento em que Dominic
soube disso, ela já estava casada com Alex
Jordan, e ninguém sabe o que aconteceu
depois?
Todos assentiram enquanto o riso vazio
explodia de mim, me chocando até os
meus ossos.
Perdão.
Eu pensei em dar-lhe o meu perdão?
Eu era o único que deveria me ajoelhar e
implorar para que ela me desse uma
chance de torná-la minha novamente,
porque enquanto ela confiou em mim com
sua vida, acabei na prisão, deixando-a
sozinha.
Minha mulher sofreu durante esses anos
junto comigo, e em vez de acalmar seu
coração com amor e beijos, em vez de
restabelecer uma conexão, eu a afastei e
usei seu corpo com ódio.
Moya krasivoglazaya.
Eu corrigiria isso.
Ou morreria tentando.
6-

Vivian

Desligando meu telefone para o voo, tentei


entender a tensão na cabine de primeira
classe enquanto os homens continuavam
murmurando entre eles com relação a
alguma coisa, e isso me confundiu. Todos
falaram em russo, enquanto me davam
olhares curiosos.
Radmir ainda não estava presente, e
finalmente minha paciência se esgotou.
— O que está acontecendo? — Dominic e o
resto dos homens voltaram sua atenção
para mim com surpresa, claramente não
esperando que eu dissesse algo.
Pelo amor de Deus, eles eram o tipo de
homens como meu pai, que pensavam que
as mulheres não tinham voz em nenhum
assunto? Antes que eu pudesse acrescentar
qualquer outra coisa, Radmir emergiu da
cabine da tripulação quando a senhora
anunciou através do sistema de alto-
falantes para todo o avião ouvir.
— Vivian Jackson está neste avião? Se
você estiver sentado ao lado dela, informe a
tripulação. Ela é procurada por seu pai. Há
uma emergência familiar.
O pânico correu através de mim enquanto
minhas palmas começavam a suar e meu
coração martelava rapidamente contra
minha caixa torácica enquanto eu envolvia
minha mão em volta do meu pescoço.
Não, não, não.
O meu pai usou sua conexão com o
aeroporto para me impedir de ir? Ele era tão
poderoso? Não posso voltar. Agora não. Não
para a vida que ele tinha planejado para
mim e desistir sem lutar.
Esta viagem era minha única maneira de
escapar do pesadelo que eles criaram com
Alex e seu pai, Julius. Tanto quanto a
América era um país livre, quase ri daquele
pensamento; Meu pai tinha conexões em
todos os lugares, mesmo na polícia.
Ninguém me protegeria.
Através da névoa de medo e angústia, eu
não tinha notado as mãos fortes que me
seguravam; Minha mente só registrou isso
quando ele me levou para a frente do avião
onde havia uma pequena sala com
refrescos e ele latiu para a aeromoça.
— Saia. Vivian não está neste avião. Faça
essa porra entrar em movimento.
Descansando minha cabeça em seu ombro,
tomei respirações calmantes tentando
funcionar normalmente, mas estava
dominada pela lembrança de Alex e sua
forte colônia enquanto ele beijava
amorosamente os meus dedos.
Bile subiu e eu cobri minha boca por medo
de vomitar ali mesmo.
— Mas... ela está aqui! — a menina
apontou para mim, sua voz tremendo, e ele
voltou a grunhir:
— Diga-lhes que ela não subiu no avião.
Corrija isso, Olga. Não se esqueça de quem
é dono desta empresa.
Ela assentiu apressadamente e fechou a
porta atrás dela, deixando-nos no lugar
semiescuro. Radmir imediatamente me fez
sentar, me deu um saco de papel e pediu:
— Respire, krasivoglazaya. Respire. —
seguindo seu comando, eu fiz, lentamente
inalando e expirando no saco, e em poucos
segundos, meu pulso se acalmou enquanto
o pânico sumia, só a preocupação ficando
no meu coração. — Boa garota. — ele
murmurou, tirando o saco de mim e depois
me ajudando a ficar de pé. Ele pressionou
minhas costas contra a parede enquanto se
inclinava em seu cotovelo, seu cheiro me
lavando e me cercando como uma bolha
protetora. — Agora responda. O que diabos
está acontecendo?
Inalando em voz alta, respondi sem sequer
pensar em quão bizarra parecia toda essa
situação. — Meu pai... ele...
Seus olhos se estreitaram.
— Ele abusa de você? — ele apertou uma
mão em um punho, e em um instante,
coloquei minha palma sobre ela.
— Não.
Tanto quanto ele era controlador, ele jamais
machucaria nenhuma de suas filhas assim.
Tivemos uma infância feliz, mas meu pai
queria que nós vivêssemos à sua maneira.
E quem gostaria de ter uma vida dessas?
Eu certamente não me inscrevi nela quando
concordei em trabalhar no negócio da
família e fiquei com eles em vez de me
afastar. Talvez esse tenha sido meu erro.
— Ele insiste em querer me casar com Alex
Jordan. — Radmir se aproximou mais de
mim quando lambi meus lábios secos e
continuei. — Eles são parceiros de negócios,
e nos conhecemos desde que éramos
crianças. Alex é um cara legal. Bem, ele
costumava ser, antes que a ideia de
casamento fosse apelativa para ele.
Ele me estudou por um segundo e depois
ergueu meu queixo, e nossos olhos se
trancaram um com o outro. O seu olhar era
suave e curioso, e o meu provavelmente era
confuso.
— Ele é seu namorado? Você tem
sentimentos por ele?
Eu balancei minha cabeça. Apenas a ideia
era risível. Alex, o garoto que costumava
urinar no parquinho e me fazia chamar a
sua babá. Era meio difícil formar
sentimentos românticos por alguém daquele
jeito.
— Não, nós éramos apenas amigos. Não
quero esse casamento. Eu só... por uma
vez... — a frustração atropelou minha voz.
— Eu sempre vivi pelas suas regras, segui-
as religiosamente, pensando que era melhor
do que brigar... principalmente porque eu
me adequava a algumas. Mas isso... não
posso. — mal consegui terminar.
Mas como eu poderia explicar a esse
homem, que provavelmente vivia sua vida
como ele escolheu, o significado da
obrigação e as outras coisas que enfiaram
em minha cabeça durante meus anos de
crescimento? Às vezes, quando você crescia
na riqueza, você sentia que devia seus pais,
mesmo que não fosse o caso.
Mas eu me recusava a desistir do amor
para casar por culpa de suas ambições. A
linha tinha que ser desenhada em algum
lugar para parar essa loucura.
— E você está fugindo para a Rússia,
porque...?
Foi divertimento que eu vi em seus olhos
cinzentos?
— Para ter algum tempo para pensar sobre
como proceder... sem o meu pai me
ameaçando constantemente.
— Isso é tudo?
Por que ele não estava satisfeito com a
minha resposta? Certamente, soava melhor
do que a verdade.
— Okay. Por aventura. Minha vida não é
nada além de maçante. Eu nunca quebro as
regras. Estou cansada de viver assim.
Oh, meu Deus, quem dizia coisas assim a
um cara gostoso? Ele pensaria que eu
estava louca.
Radmir riu, para minha surpresa, e então
suas mãos deslizaram mais para baixo
quando ele as colocou nos meus quadris,
levantando-me quase aos meus dedos dos
pés para que nossos olhos se trancassem e
nossos lábios ficassem a poucos
centímetros de distância um do outro.
— A Rússia é uma boa escolha para isso.
— ele murmurou, e eu fechei os olhos,
esperando algo e sem me importar com o
fato de que acabamos de nos conhecer e de
como isso era estranho. Afinal, as pessoas
não sabiam muito sobre si mesmas durante
uma noite também, mas era o suficiente
para eles fazerem sexo. Não que eu
soubesse por experiência própria, porque no
passado, eu preferia um relacionamento
estável.
Mas eu abriria uma exceção para ele.
— Venha. — ele disse de repente,
rompendo o momento e o humor. Ele abriu a
porta, e por um segundo, a luz brilhante me
cegou e eu tive que colocar minha mão na
minha testa para bloqueá-la.
Segurando minha mão na dele, ele se
moveu em direção à cabine dos pilotos em
vez da cabine da primeira classe, e eu parei
em minha direção, apontando para a parte
de trás.
— Você está indo na direção errada.
Ele ignorou minhas palavras, apenas puxou
nossas mãos unidas, e não tive escolha a
não ser seguir.
Ele entrou, onde um piloto estava sentado
pressionando alguns botões. Ele saudou
Radmir com um sorriso e acenou com a
cabeça. O banco do segundo piloto estava
vazio.
Hã?
Não são dois indivíduos que costumam
pilotar os voos comerciais? Onde diabos o
segundo estava, se o avião estava prestes a
decolar?
— Oleg, esta é Vi. Ela estará conosco
durante o tempo do voo.
O piloto me saudou, tirando o boné da
cabeça e pegando o rádio.
— O voo 103 da Boeing está pronto para a
decolagem. — então ele apertou o botão de
desligar, recostou-se no assento e me
mostrou um sorriso largo. — Já esteve na
cabine do piloto antes?
— Umm, não.
Radmir se esticou por trás de mim, e em um
segundo, um assento no meio dos dois
pilotos apareceu. Apontou para ele. —
Sente, krasivoglazaya, e aproveite este
lindo voo.
Muito atordoada para questioná-lo, coloquei
minha bunda no assento enquanto me
perguntava como ele poderia decidir algo
assim, quando ele sentou no assento do
segundo piloto, colocando fones de ouvido e
movendo alguns interruptores. Ele apertou
seu cinto de segurança e então ergueu uma
sobrancelha para mim enquanto minha
boca se abria e fechava em estado de
choque.
Ele iria pilotar este avião?
A aeromoça escolheu esse momento para
entrar. Os olhos dela se arregalaram ao me
notar, mas ela rapidamente encobriu seu
choque e disse:
— As portas estão fechadas. Estamos
prontos quando você estiver.
Oleg assentiu. Quando ela saiu, ele disse:
— Senhoras e senhores, aqui é o capitão
que fala. Eu gostaria de...
Não escutei o que ele disse, porque Radmir
acariciou suavemente a minha bochecha e
depois sussurrou no meu ouvido, o
suficiente para que eu ouvisse:
— Prepare-se para a sua aventura. — e
assim, acabei em um voo para Moscou com
um Sovietnik da Bratva como meu piloto.
Mas eu saberia disso tudo somente mais
tarde. Naquele momento, o único sentimento
que me invadia era uma felicidade absoluta
ao finalmente fazer algo selvagem com um
belo estranho.
Lógico e racional não era.
Mas eu tinha minha liberdade. E o que
poderia ser melhor do que isso?

Radmir

Estudar uma Nova York moderna da janela


da minha limusine me fez pensar uma vez
mais qual era o fodido apelo desta cidade
para todos.
Ruas lotadas com pessoas correndo em
direção a Deus sabe onde, nem sequer
incomodando-se em olhar ao redor. O
cheiro constante de alimentos que
reviravam meu estômago. A atmosfera
agitada, como se a vida não pudesse
esperar um melhor momento, como se o
trabalho e o desejo primordial de avançar
fosse mais importante do que a própria
vida.
Isso estava além do meu entendimento,
embora muitas pessoas a comparassem
com Moscou. Eu nem me importava com
Moscou. Eu nunca me incomodei de residir
permanentemente lá, então talvez isso
explicasse meu desgosto por esta cidade.
Embora eu tivesse que admitir que a brisa
fria e a natureza colorida na primavera
valessem a pena uma estadia por um ou
dois dias, bem como os seus parques
incríveis.
Por que diabos eu me incomodei em
pensar sobre o clima?
— Nós estaremos lá em alguns minutos,
Sovietnik. — disse Petor educadamente, e
o prazer me atravessou no título, não tanto
pelo respeito que me deu entre os
membros da Bratva, mas por recuperar
minha identidade. Pedaço por pedaço,
talvez eu pudesse encontrar um homem lá
em vez de um animal furioso que vivia
apenas por vingança. Mas, ser chamado de
preso número vinte ou fodido russo por
quase seis anos provavelmente faria isso
para todos.
De repente, as velhas lembranças e a fúria
voltaram, e eu gritei:
— Pare o carro e espere em algum lugar
por aqui.
Rapidamente, ele fez exatamente isso, e eu
saí, respirando pesadamente e contando
meus batimentos cardíacos quando meus
punhos se fecharam, enquanto eu sacudia
a cabeça para me livrar das vozes internas.
— Sovietnik, não tão poderoso agora, hein?
— Ben levantou meu prato e cuspiu,
fazendo um show para todos verem
enquanto a cafeteria da prisão se
acalmava. — Aqui, deve ser mais saboroso.
— ele jogou o prato na minha frente, e me
levantei rapidamente para dar um soco em
seu rosto presunçoso, quando o
pensamento de Vivian entrou em minha
mente, me lembrando que eu tinha um
motivo para viver.
Sentei-me de volta, sem tocar na comida,
mas sem dar nenhuma reação também, e
em poucos minutos, ele ficou entediado e foi
embora, deixando-me com a satisfação de
saber que não tinha prejudicado minhas
chances de ver meu anjo.
Percorrendo a calçada em direção a uma
das mais prestigiadas galerias da cidade,
perguntei-me se Vivian conseguiu tudo o
que ela sempre quis na vida.
A menina tinha muitos sonhos.
Finalmente, parei bem na frente do prédio
com uma aparência boêmia, que estava
localizado à beira do exclusivo Upper East
Side. O pequeno estabelecimento de dois
andares era feito de tijolos brancos com
enormes janelas que se abriam para uma
vista do lado de dentro da galeria. Eu vi
pisos de madeira, requintados lustres
brancos e negros, e delicadas rosas
apareciam aqui e ali na forma de vasos ou
cestas nas mesas.
A enorme placa no prédio dizia “Galeria
Vivian Jackson”. Pintada de azul, era
grande o suficiente para todos notarem, e o
orgulho me encheu com meu sucesso,
porque minha garota estava prestes a
desistir de seu sonho, todos aqueles anos
atrás. Ninguém possuía seu talento para
supor e sentir as emoções de outras
pessoas.
No entanto, tudo isso nem sequer
importava, porque no minuto que os olhos
de alguém pousassem na galeria, notariam
as fotos únicas em preto e branco
penduradas nas paredes, o que criava uma
história própria.
Cada retrato tinha pessoas em diferentes
estágios da sua idade adulta, capturando o
momento de sua felicidade. Permitia ao
visualizador notar todas as rugas, cada
cintilação nos olhos, as emoções passando
por eles enquanto viviam naquele
momento, criando uma conexão desejável
com esses sentimentos de felicidade e, por
um segundo, você acreditava que fazia
parte disso. No meu caso, só inspirava um
desejo furioso como o inferno que
nenhuma quantidade de água poderia
acalmar.
Mas a verdadeira beleza, pelo menos para
mim, estava no meio da galeria com as
costas viradas para mim, usando seu
vestido azul favorito, retrô, de cocktail, de
festa – um fodido nome que eu tinha que
aprender, uma vez que ela só usava
vestidos. Ela finalizou seu look com saltos
altos pretos que mostravam suas pernas
incríveis e enfatizavam as curvas de seu
corpo, que minhas mãos coçavam para
tocar.
Seu cabelo castanho sedoso deslizava por
sua espinha em ondas pesadas que
balançavam de um lado para o outro
enquanto ela se movia, e eu não precisava
ver seus olhos azuis para saber que eles
provavelmente brilhavam com emoção e
admiração. Ela tinha esse olhar sempre
que via algo de sua própria criação.
Todos esses pensamentos me fizeram rir
em voz alta, eu me tornava um maldito
bobão poético, mas toda a informação que
eu havia reunido voltou para mim, quase
me derrubando, e a fúria se instalou
dentro de mim novamente.
E naquele momento, Vivian girou e nossos
olhares entraram em confronto na janela.
Ela suspirou e recuou, enquanto os papéis
que segurava caíam no chão.
Sim, moya krasivoglazaya. Eu vim pegar
você.
Caminhei até a porta e entrei, pronto para
reivindicar tudo o que era legitimamente
meu.

Vivian

O que ele estava fazendo aqui?


Procurei uma razão para ele aparecer na
minha galeria depois de meses de silêncio.
Ele não tinha acabado comigo?
Em que diabos ele estava pensando,
aparecendo aqui assim?
Radmir entrou na galeria, a porta fechando
alto atrás dele, enquanto o sino acima dela
ecoava em todo o lugar. Nós olhamos um
para o outro, meus olhos bebendo sua
beleza masculina, porque eu não tive
tempo suficiente para estudá-lo todos
aqueles meses atrás.
Embora ele me lembrasse mais seu velho
eu, com seu terno feito sob medida que
enfatizava seus músculos, rosto bem
raspado e o cheiro de charutos e colônia
cara que eu associava apenas a ele, seus
cabelos agora compridos estavam
amarrados em um coque. De alguma
forma, só o deixou mais gostoso - para o
meu aborrecimento.
Tudo nele despertava algo dentro de mim
enquanto seu olhar faminto percorria meu
corpo e eu desejei suas mãos e boca,
imaginando o que ele poderia fazer com
elas.
Mas então a realidade me chutou,
lembrando-me de forma descuidada que
ele me deixou naquela cama e nunca se
incomodou em me contatar em todo esse
tempo.
— O que você está fazendo aqui? — minha
voz soou trêmula devido ao tumulto dentro
de mim e eu clareei minha garganta.
— Não é óbvio? — ele deu um passo na
minha direção. Instintivamente, recuei e
ele congelou. — Vivian. — ele disse meu
nome com voz rouca, como se tentasse me
acariciar com ela. Ele fazia isso o tempo
todo, seis anos atrás; Tudo o que ele tinha
que fazer era falar, e eu saberia o quanto
ele me amava.
Ele nunca mais usou essa voz, nem
mesmo durante a nossa noite, há cinco
meses.
O que mudou?
— Por que você está aqui? — repetir
minha pergunta era melhor do que pensar
em seu humor ou no passado. Eu não
poderia me perder novamente nele, ser a
mulher fraca que só seguia seu coração,
enquanto ele o pisoteava sem um único
cuidado no mundo.
— Deus, você é linda. — ele murmurou.
Avançando rapidamente, ele passou o
braço em volta da cintura antes que eu
pudesse piscar.
— Me deixe ir...
Ele cobriu minha boca com a dele,
empurrando sua língua na minha boca em
um beijo apaixonado onde o mundo
exterior deixou de existir. Sua outra mão
deslizou no meu cabelo, agarrando-o
firmemente enquanto ele juntava nossos
peitos, e por um momento, fechei os olhos,
curtindo o beijo, impotente contra o
tornado de emoções que ele inspirava em
mim. Sugando o meu lábio inferior e
mordendo levemente, ele sussurrou:
— Minha.
A palavra foi como ter água fria disparada
de uma mangueira durante o inverno em
mim, destruindo a neblina de desejo que
ele conseguiu criar em apenas alguns
segundos. Eu o afastei. Como ele não
esperava isso, seus braços se afrouxaram
ao meu redor, e eu dei alguns passos para
trás enquanto ele olhava para mim,
confuso.
Inacreditável!
— Sua? — eu perguntei, mas antes que
ele pudesse responder, perguntei
novamente: — Sua? Então de repente, eu
sou sua de novo?
Suas mãos enrolaram enquanto ele
apertava os lábios, ainda úmidos do nosso
beijo.
— Você sempre foi minha, Vivian.
Uma risada vazia explodiu dentro de mim,
ecoando na minha galeria.
— Eu era sua quando você apareceu na
minha porta cinco meses atrás e me fodeu
como uma prostituta? Eu era sua quando
você nunca me contatou depois disso? O
que mudou, Radmir? Agora eu sou digna
de você?
Seus olhos cinzentos escureceram, e algo
parecido com mágoa brilhou lá, mas ele
rapidamente mascarou-a com indiferença,
então eu não consegui ler suas emoções.
Ele tinha coragem, aparecendo aqui como
se nada tivesse acontecido e bancando o
ofendido.
— Eu não sabia. — ele finalmente disse,
segurando meu olhar acusador. — Toda a
verdade... eu não fazia ideia.
— Você não tinha ideia? Enviei-lhe cartas.
Fotos. Eu... eu expliquei tudo muitas
vezes. Eu implorei que me deixasse visitar
você na prisão e você sempre recusou. E
você acha que tem o direito de vir aqui e
afirmar que não sabia?
Eu suspeitava que ele ficaria furioso
comigo por me casar com outro, mas
nunca pensei que ele me causaria mais
dor, em vez de fazer tudo melhorar. Ele
não era mais o homem por quem me
apaixonei, e a ficha acabara de cair.
— O quê? — ele franziu a testa, uma linha
profunda aparecendo entre suas
sobrancelhas. — Você nunca pediu nada.
Eu nunca recebi nada de você.
Foi minha vez de ficar confusa. Dobrei
meus braços, estudando-o, e ele não
escondeu nada de mim. Ele legitimamente
não tinha ideia do que eu estava falando!
Como poderia ser possível? Eu costumava
fazer viagens a sua prisão todos os meses,
esperando que ele me visse, mas toda vez,
aquele horrível guarda Benjamin declarava
com satisfação que Radmir se recusava a
me ver. Eu fiz uma última viagem depois
que Jake nasceu, querendo mostrar-lhe a
beleza que nosso amor criou, mas mesmo
assim, ele disse que não. Eu desisti depois
disso, convencendo-me que ele me
perdoaria algum dia por me casar.
Por que os guardas me manteriam longe
dele? Isso não fazia sentido. Minha cabeça
começou a doer de todos esses
pensamentos, e eu esfreguei minha testa
na esperança de acalmá-la.
Então outro pensamento surgiu em mim.
Se ele nunca teve notícias sobre meu
casamento com Alex, nunca viu nenhuma
das cartas que eu havia escrito para ele...
então ele achava que eu tinha me casado
com Alex por vontade própria e tive seu
filho!
Ele pensou que eu o traí da pior maneira
possível. Para um homem como ele, que
vivia e respirava o código da Bratva... a
lealdade era uma das coisas que ele mais
valorizava nas pessoas.
Meus olhos se arregalaram quando um
suspiro me escapou, e eu o cobri com
meus dedos, muito chocada com essa
percepção para dizer qualquer coisa.
— Você pensou que eu tinha seguido em
frente? — ele assentiu, agonia evidente em
sua expressão. — Como você poderia
pensar isso? Eu ainda uso a sua cruz.
Seus olhos suavizaram quando ele deu
um passo na minha direção, mas uma
pequena voz o impediu de continuar e nós
dois viramos nossas cabeças para Jake.
— Mamãe. — ele pareceu inseguro
enquanto caminhava lentamente da parte
de trás do estúdio, onde ele tinha uma
pequena sala com todos os seus
brinquedos e uma TV, para que pudesse
relaxar ou ler enquanto eu trabalhava na
galeria.
Jake escolheu vestir hoje jeans e uma
camiseta de tamanho grande com o
número 17 na parte dianteira e traseira,
feita sob medida por um designer local.
Era o número do lendário jogador de
hóquei russo Valeri Kharlamov, e Jake
podia assistir seus velhos jogos por horas.
Uma vez que o número 17 na Liga de
Hóquei Russo sempre pertenceu a
Kharlamov, ninguém poderia tê-lo mais,
então eu não poderia encomendar camisas
adequadas para ele. Ele chorou por dias, e
eu acabei pedindo ao designer para recriá-
la.
Ele puxou-a agora, enquanto sua atenção
se deslocava para Radmir, e ele disse com
admiração:
— Papai?
Olhos cinzentos idênticos se estudaram,
ambos atordoados com o encontro. Algo
começou entre eles, e eu me senti quase
como uma intrusa neste momento, mas,
no entanto, não pude desviar o olhar.
Pai e filho se viam pela primeira vez, e eu
temia que meu coração quebrasse de todas
as emoções que borbulhavam dentro dele.

Radmir

Sempre que pensava na possibilidade de


ter filhos antes de Vivian, eu ria, porque
meu estilo de vida tornou isso quase
impossível. Eu não tinha certeza de que
queria que meu filho experimentasse o que
eu tinha passado.
Após Vi, sonhava em ter uma pequena
família, me tranquilizando com o
pensamento de controlar o processo desde
o teste de gravidez até o parto. Desta
forma, minha família ficaria segura.
Nunca, no entanto, esperava encontrar
meu filho pela primeira vez quando ele
tivesse cinco anos, enquanto me olhava
com curiosidade e imediatamente me
chamava de papai.
Meus olhos absorveram sua pequena
figura, sem perder qualquer detalhe, sinal
ou arranhão. Seus olhos eram idênticos
aos meus, bem como seus cabelos escuros
e sua postura feroz. Mas eu podia ver
Vivian também em seu sorriso brilhante,
nariz pontiagudo e alto e maçãs do rosto.
Parecia que ele recebera um pouco de nós
dois.
Ele era simplesmente perfeito, e não
poderia estar mais agradecido por tê-lo. O
rosto de Jake passou de feliz para triste
quando ele correu para mim. Eu me
ajoelhei.
Apenas a tempo, porque ele quase me
derrubou em minha bunda ao me abraçar
ferozmente, enquanto suas lágrimas
molhavam minha camisa.
Embora eu controlasse minhas emoções,
uma única lágrima deslizou pela minha
bochecha enquanto eu o abraçava,
inalando o cheiro do meu filho, minha
carne e meu sangue, criado com puro
amor.
A vontade de protegê-lo me possuiu, bem
como o amor que não tinha barreiras ou
fim. Eu sempre amaria, apreciaria e
protegeria meu filho.
E lhe daria uma escolha. Ele não teria que
ser um membro da Bratva ou teria que
sujar as mãos nesse estilo de vida fodido
que levava a situações como essa.
— Não nos deixe mais, papai. Nós
sentimos saudades de você.
Ouvi o soluço de Vivian, mas quando
levantei os olhos para ela, ela girou, se
escondendo de mim.
Meu coração partiu por nós três.
— Nunca. — eu disse com confiança,
porque ninguém nunca mais me separaria
da minha família.
Ele me abraçou mais apertado, em
seguida, recuou.
— Você vai voltar para casa conosco? —
sua voz parecia tão esperançosa, meu
pequeno guerreiro.
— Sim. — minha voz estava rouca da
emoção.
— Beleza. — eu o baixei quando seus pés
chutaram. — Podemos pedir pizza hoje,
mamãe? É a segunda segunda-feira do
mês!
— Claro, querido. — ela sorriu para ele. —
Pegue sua bolsa, e podemos ir para casa.
Vou chamar a pizzaria no caminho. —
mesmo com suas minúsculas pernas, ele
se moveu rápido.
— Como? — eu perguntei, tentando
entender o que diabos estava acontecendo
em sua vida. Essas eram perguntas às
quais os relatórios nunca tinham
respondido.
— Nós temos fotos suas em toda a casa.
Ele sabe que tem um pai. Nunca escondi
você dele. Ele sabe como nos encontramos,
a versão limpa sem todo o drama e a
sujeira. — ela não encontrou meus olhos,
quase como se tivesse vergonha de admitir
tudo isso para mim.
Deus, eu tinha que implorar perdão de
joelhos.
— Ele sabe que eu estava na prisão?
Ela balançou a cabeça.
— Eu disse a ele que você é um piloto que
tem um trabalho perigoso e que não
poderia estar conosco por enquanto. Com
ele. — ela corrigiu rapidamente, e eu tinha
medo de surtar e destruir sua galeria.
Piloto.
Essa era uma mentira que as mães
costumavam dizer a seus filhos quando
seu pai não era presente, assim eles teriam
algum herói em mente, em vez de um
perdedor que abandonou sua família.
Nunca pensei que meu filho iria ouvir tal
história. Nunca pensei que não estaria lá
para o meu filho.
Jake voltou e uniu nossas mãos. —
Vamos, papai.
Vivian era o meu mundo. Eu a amava com
uma paixão tão forte, que lhe daria todas
as minhas noites e dias.
Mas Jake seria dono do meu mundo.
Vivian

— Este é o melhor desenho de sempre,


papai! — Jake quase empurrou a capa de
O Rei Leão contra o nariz de Radmir. — É
sobre um pai e filho. Vamos vê-lo juntos!
Radmir engoliu em voz alta, mas assentiu
quando Jake colocou o disco no
PlayStation e pegou o controle para
preparar tudo, enquanto seu pai
acompanhava todos os seus movimentos,
como se estivesse memorizando para
armazenar nas memórias mais tarde.
Peguei a caixa de pizza, guardanapos e
dois refrigerantes e coloquei tudo na
pequena mesa quadrada à sua frente.
— Você não vai comer com a gente? — sua
voz rouca enviou arrepios por mim, e
minhas mãos tremiam levemente enquanto
eu sacudia minha cabeça.
— Eu acho que você precisa deste tempo
com ele sozinho. — então, para aliviar o
humor, brinquei: — Além disso, é
fantástico ter algum tempo para mim.
Assim eu posso tomar um banho com velas
e música. — somente quando as palavras
saíram da minha boca, percebi meu erro.
Falar sobre mim, molhada e nua, não era a
ideia mais brilhante, especialmente
quando percebi como seus olhos dilataram
e seu aperto no braço do sofá aumentou.
Ele não fazia nenhum segredo sobre me
querer, mas o desejo não era suficiente
para construir um relacionamento
duradouro.
Tínhamos tantas mentiras e erros entre
nós, mas acima de tudo, amor.
Eu podia sentir aquele amor desesperado
pendurado sobre nossas cabeças como um
machado, pronto para cair e criar outro
desastre a qualquer momento. Nós não
poderíamos mais ser imprudentes.
Nós tínhamos uma criança.
— Precisamos conversar. — ele disse
calmamente, e eu acenei de acordo.
Devíamos honestidade um para o outro.
— Mamãe, você está bloqueando a visão.
— reclamou Jake, pegando uma fatia de
pizza.
— Desculpe, querido. Divirtam-se,
meninos. — o cabelo nas costas do meu
pescoço levantou-se quando fisicamente
senti a carícia dos olhos de Radmir em
mim.

Radmir

Jake mal conseguia manter os olhos


abertos quando os créditos começaram a
rolar. A espuma do refrigerante escorria de
sua boca, e sua camisa de hóquei tinha
várias manchas de molho de pizza sobre
ela. Para um menino de cinco anos, ele
tinha bastante apetite; A grande pizza
estava quase toda devorada, com apenas
duas fatias para Vi, no caso de ela ter
fome. Jake colocou na geladeira e voltou
para assistir seu desenho.
Até eu derramei uma lágrima quando o
leão, Mufasa, morreu. Quem mostrava
aquelas coisas para crianças?
Então Jake sugeriu que assistíssemos um
canal de esportes, e com sorte, tinha uma
reprise de hóquei passando.
Meu coração quase explodiu com orgulho
que ele compartilhava meu amor pelo
esporte e já tinha jogado com um treinador
profissional. Eu tive que ranger meus
dentes quando ele mencionou Alex e suas
viagens de domingo para a pista de gelo.
Embora ele não tenha falado muito sobre
ele, apenas que ele era um cara legal, seja
lá o que essa merda significasse, de jeito
nenhum esse cara compartilharia mais
qualquer tipo de experiência com meu
filho.
Era melhor ele se afastar do que pertencia
a mim.
Jake descansou sua bochecha no meu
ombro e uma risada escapou da minha
boca com aquele gesto. Eu poderia
imaginar um futuro cheio de viagens de
pesca, treinos de tiro e jogos de hóquei.
Um verdadeiro relacionamento pai-filho.
Vivian não poderia ter me dado um
presente melhor do que essa pequena
pessoa. Eu o amei desde o primeiro olhar,
assim como sua mãe.
Deslizando minhas mãos por suas costas,
eu o peguei e caminhei até o quarto dele
enquanto ele dizia, sonolento:
— Papai, você estará aqui amanhã?
Fisicamente me machucava ouvir o medo
em sua voz, e eu o abracei mais forte,
beijando a sua cabeça.
— Claro, amigo. Eu nunca mais irei
embora.
Eu o coloquei na cama e troquei seu
pijama enquanto ele estava meio acordado,
mas reclamando. Então sua cabeça bateu
no travesseiro, e ele dormiu
instantaneamente, assim como eu na
minha vida antiga.
A prisão mudou esse hábito rapidamente,
porque você nunca sabia quem tentaria
matar você ou quando.
Eu tive que ter sono leve para isso.
Cobrindo-o com um cobertor, eu o observei
por alguns minutos enquanto seu peito
subia e descia pacificamente, sem uma
única preocupação no mundo, e eu
prometi a mim mesmo que ele sempre teria
isso.
Uma vida pacífica onde a sujeira do meu
mundo não o tocaria. Onde ele não teria
que passar pelo mesmo inferno que eu
experimentara.
E então rezei para Deus pela primeira vez
em um longo tempo, pedindo para poder
manter esse voto.
Eu mataria por Vivian.
Mas por Jake, eu destruiria todos e
qualquer um.
7-

Vivian

Uma leve tremulação me despertou. Quando


meus olhos se abriram, quase gritei de
surpresa quando Dominic apareceu na
minha frente, com a mão no meu braço e a
aversão óbvia em seu rosto.
— Nós aterrissamos. — sua voz rouca
estava alegre como de costume. Não.
Piscando algumas vezes em confusão, eu
me endireitei no assento, o cobertor junto
com o travesseiro caindo no chão quando
passei meus dedos no meu cabelo,
esperando que ele não parecesse como um
ninho de um rato. — Mas... eu estava na
cabine do piloto.
Dominic me deu um olhar estranho, e por
um segundo divertimento brilhou em seus
olhos, mas foi rapidamente substituído por
indiferença. — Sério?
Oh meu Deus, foi tudo um sonho?
Realmente, Vi. Saia dessa. Você tem uma
imaginação fértil, mas não tanto assim, ou
você teria feito muito dinheiro com sua
arte.
Depois que o avião decolou, Radmir me
disse para manter minha atenção no céu e
não me preocupar com nada. Ele me deu
fones de ouvido com uma música russa
estranha, mas, surpreendentemente, eu me
apaixonei por ela e relaxei completamente
no banco enquanto me perguntava sobre
minha pequena aventura. Eu não tinha
reputação de cair nas cantadas de homens
estranhos, mas essa situação era
intrigante, para dizer o mínimo, e pela
primeira vez na minha vida, eu não me
importava com a minha reputação.
O que de pior poderia acontecer, na
verdade?
Em algum momento, a aeromoça trouxe
mais bebidas e uma bandeja de comida,
enquanto os pilotos conversavam um com o
outro e meus olhos se fecharam por um
segundo.
E aqui estava eu, enlouquecendo ao lado de
Dominic novamente.
Minhas bochechas aqueceram; Apenas a
ideia de que tudo aquilo aconteceu na
minha cabeça me deixava envergonhada,
então tirei o cinto de segurança e tentei-me
levantar, quando ele me empurrou para trás
no assento.
— Sente-se. O avião ainda está em
movimento. — então ele gritou por cima do
ombro. — Yuri, você chamou o carro?
O cara na primeira fila, vestindo um terno
preto que abraçava seu corpo, mostrando
perfeitamente seu corpo magro e braços
musculosos, levantou-se. Seu cabelo loiro
era um ótimo contraste com seus profundos
olhos azuis enquanto o seu rosto e
mandíbula forte indicavam uma
personalidade bastante teimosa.
Ele mal me poupou um olhar enquanto
respondia:
— Sim, eles devem estar aqui em um
minuto ou mais. — então ele abriu o
compartimento acima dele e tirou a pasta.
— Os fodidos voos comerciais sempre
deixam meu pescoço doendo. — ele
esfregou a parte de trás da cabeça
bruscamente enquanto os caras riam.
Ok, eles eram algum tipo de gangue ou
tinham a mesma profissão? Todos se
conheciam e, como a primeira classe não
tinha outros passageiros além deles, era
possível que sua empresa tivesse comprado
os passaportes para eles?
O que mais poderia explicar tudo isso?
Tanto quanto eu tinha experiência em
viajar, aquilo me deixou chocada.
Talvez fossem todos pilotos? Isso poderia
explicar o comentário sobre voos comerciais,
bem como por que Radmir conseguiu me
ajudar e não reportar o fato de eu estar a
bordo.
— Sua viagem aos Estados Unidos estava
relacionada ao trabalho? — perguntei com
curiosidade, e Dom ergueu a testa e cruzou
os braços.
— Relacionada ao trabalho?
— Sim, sabe... a associação mundial de
pilotos ou alguma coisa assim?
Sua boca se contraiu e, pela primeira vez,
notei a sugestão de um sorriso em seu
rosto.
— Algo assim. — ele respondeu, e então o
avião parou, e ele se moveu para a frente,
mas não antes de latir para todos. — Levem
seu traseiro para fora do avião o mais
rápido possível. Esta viagem foi muito
longa.
Está bem, então.
Com isso, também entrei em ação. Eu
rapidamente agarrei minha mochila e
sombrinha, porque a hora local de Moscou
era 7:00 da manhã e, aparentemente,
estava quente como o inferno. Não que eu
acreditasse em todos os rumores sobre o
inverno da Rússia, mas sinceramente... Eu
esperava ter algum indulto do calor do
Texas.
Naquele momento, Radmir emergiu da
cabine do piloto, e nós dois paramos
enquanto nossos olhares se chocavam.
Sob seu olhar acalorado, meu corpo corou
enquanto o calor se espalhava por mim e
minha respiração engatava.
Quem diabos reagia assim a um homem?
Toda essa atração era inexplicável para
mim. Ele não era nem mesmo meu tipo. Eu
preferia garotos bonitos que tinham
maneiras e auras alegres em torno deles.
— Para onde você está indo,
krasivoglazaya? — ele questionou,
aproximando-se. Nossos peitos escovaram
um contra o outro; Ele se elevava sobre
mim, mesmo eu estando nos meus saltos.
— Eu não sei. — minha voz tremia. Seu
polegar acariciou meu lábio inferior, e a
eletricidade percorreu-me com seu toque.
Tentei me afastar, mas ele não deixou. Seu
braço serpentou ao redor de minha cintura,
não me dando chance de escapar.
— Eu pensei que você quisesse uma
aventura. — ele sussurrou suavemente no
meu ouvido, raspando os dentes no lóbulo
da minha orelha e minha respiração
acelerou. Coloquei minha palma em seu
peito e agarrei sua camisa. — Ninguém vai
te dar uma melhor que eu.
Então ele puxou minha cabeça para trás, e
seus lábios se moveram para o meu queixo,
mordiscando-o levemente. Meus olhos se
fecharam quando a ponta de sua língua
lambeu meus lábios, persuadindo-os a
responderem, e sem pensar, abri minha
boca enquanto a sua capturava-a em um
beijo profundo, faminto e possessivo, onde o
mundo exterior deixou de existir.
Minha mão livre deslizou até seus cabelos,
passei meus dedos através dele, e me
aproximei, assim não haveria espaço
disponível entre nós. Eu tive minha parte
justa de beijos, mas nunca um assim. Onde
meu corpo acordara de um sono profundo e
até mesmo a leve brisa fazia minha pele
formigar, enquanto as sensações
desconhecidas passavam por mim. Ele
tinha gosto de charuto e whisky quando
sua língua roçou a minha como se estivesse
se impondo sobre mim. Meus pulmões
queimavam, mas não pude me libertar dele.
Suas mãos cavaram mais fundo em meus
quadris, deslizando debaixo da minha
camisa até tocar minha pele nua, e no
momento em que ele conseguiu o contato,
gemi com prazer, amando a sensação de
sua mão calosa em mim.
Alguém limpou a garganta e nos tirou do
nosso frenesi. Radmir terminou o beijo,
enquanto eu piscava com confusão, ainda
procurando sua boca. Ele gentilmente
agarrou meu queixo, interrompendo minha
ação.
— Não agora, krasivoglazaya.
Além de seu ombro, Dominic e Yuri
aguardavam. Eles compartilharam um
olhar, mas voltaram sua atenção para nós.
Um suspiro de angústia me deixou,
enquanto um rubor se espalhava por mim,
provavelmente me deixando tão vermelha
quanto uma lagosta. Minha pele pálida não
ajudava exatamente a esconder minhas
emoções. Enterrando meu rosto na camisa
dele, rezei para que fossem embora.
Radmir rosnou, o descontentamento estava
escrito em toda a sua pose.
— Por que diabos vocês estão aqui? — seu
corpo ficou tenso, e automaticamente minha
mão acariciou seu abdômen, esperando
acalmá-lo.
Que diabos eu estava fazendo aqui? Beijar
um homem estranho, ter uma atração
incontrolável em relação a ele, era loucura.
Meus hormônios não me governavam.
Mesmo com todos esses motivos, porém,
não consegui soltá-lo.
— Precisamos estar na sede em breve.
Além disso, os outros passageiros precisam
sair, assim você pode querer levá-la para
outro lugar. — a voz de Yuri soou
aborrecida e entediada ao mesmo tempo.
— Vasya tem uma reunião com Vito na
Itália. Vladimir está cuidando da Bratva.
Nós temos tempo. — ambos gemeram e
resmungaram alto.
— Foda-se, Radmir. Nós gostaríamos de
tomar um banho. — murmurou Dom.
Em vez de respondê-lo, Radmir empurrou
minha cabeça para trás para que eu
pudesse encontrar seu olhar enquanto ouvi
passageiros queixarem-se de que não
podiam sair do avião.
— Você quer meu tipo de aventura, Vivian?
— ele brincou, seus olhos cinzentos cheios
de promessas que eu não poderia querer,
mas ansiava.
Fugir para um país estrangeiro com um
estranho era insano e estúpido, mas não
conseguia agitar a sensação de segurança
que me envolvia como um casulo quando eu
estava perto dele. E além disso, seguro e
racional era o credo da minha vida, e não
me trouxe a lugar nenhum.
Pelo menos os erros seriam meus, e eu não
queria perder a oportunidade de
experimentar novamente o desejo que me
esperava em seus braços.
Então, tirei o salto, assenti e disse com
firmeza:
— Sim.
Quem poderia dizer que minha vida nunca
mais seria a mesma depois dessa decisão?

Vivian

Estudando meu reflexo no espelho, eu me


chamei de todos os tipos de estúpida, mas
isso não mudou minha decisão.
Precisávamos conversar, certo? Então, e
daí que eu tivesse tomado um banho de
aromaterapia antes que os meninos
terminassem o jantar e depois que Radmir
colocara Jake na cama - a pedido de Jake.
Como mãe solteira, eu não tinha tantos
luxos como tempo livre para me cuidar.
E daí que eu tivesse aplicado creme em
todo meu corpo, assim minha pele estava
macia como cetim, brilhando levemente
sob a luz?
E não significava absolutamente nada que
eu escolhi usar a camisola de safira azul
que Tina me deu no final do Natal, que era
feita com a melhor seda e exibia meu corpo
lindamente. Meus cabelos úmidos caíam
pelas minhas costas em ondas naturais,
deixando os meus olhos azuis mais claros.
Minha pele brilhava, e eu tinha que
admitir que a mulher que estava olhando
para mim era maravilhosa.
E que estava necessitada.
Minha pele sensível reagiu a cada leve
toque ou brisa, e era difícil para mim
respirar.
E se eu pudesse usar Radmir e seu corpo
para o meu prazer? Uma mulher também
tinha necessidades e, infelizmente para
mim, ele era o único com quem eu poderia
me satisfazer.
Sacudindo a cabeça das imagens carnais
que surgiram em minha mente, saí do
banheiro apenas para me encontrar cara a
cara com o homem.
Radmir estava na entrada, seus olhos me
escanearam da cabeça aos pés enquanto
eles ardiam com desejo e possessividade.
Sua boca se ergueu com satisfação quando
ele entrou.
— O que você está fazendo? — ele não
respondeu. Em vez disso, agarrou sua
camisa pelas costas, puxou-a, atirou-a na
cadeira e depois desafivelou o cinto. —
Pare! — suas mãos congelaram justo
quando ele tinha começado a
descompactar suas calças e nossos olhares
se trancaram.
— Por quê?
Lambendo meus lábios secos, tentei
ignorar a protuberância atrás do zíper que
desejava tocar. Eu finalmente respondi:
— Porque o sexo não conserta nada! Olhe
onde acabamos da última vez. Nós
precisamos conversar.
— Você apareceu assim — ele apontou
para minha camisola. — Porque quer
conversar comigo?
— Sim. — então, não pude deixar de
acrescentar: — A última coisa que preciso
é acordar sozinha depois que você usar o
meu corpo para seu prazer. — a mágoa
estava presente minha voz e ele não
perdeu isso. A diversão desapareceu de
seu olhar quando ele ficou sério e me
perseguiu como um leão à caça de sua
presa, e eu fiquei congelada no lugar,
incapaz de me mover.
— Isso nunca mais irá acontecer. Passarei
o resto dos meus dias pedindo desculpas
para você. — ele puxou-me para ele,
juntando nossos abdomens, e mordi meu
lábio quando meus mamilos pontiagudos
sentiram os cabelos de seu peito através do
tecido macio e sedoso, e endureceram
ainda mais.
— Mas por enquanto... — seu dedo
deslizou da minha clavícula para o
estômago, deixando um rastro de fogo em
todos os lugares que ele tocava. — Nós dois
precisamos um do outro da maneira mais
primitiva. Então você pode gritar,
repreender, conversar. Estarei aqui. Eu
sempre vou estar aqui. — ele sussurrou
com dureza, lambendo a costura da minha
boca e depois empurrando a língua para
dentro, duelando com a minha quando
colidimos em um beijo onde nada
importava senão nós.
Agarrei sua cabeça, e abri minha boca
ainda mais para ele, e ele aceitou o convite,
mas então suas mãos deslizaram para
baixo, e eu recuei, desejo me consumindo.
Ele me deu um olhar confuso antes que
seus olhos caíssem em meus lábios
inchados, que estavam um pouco úmidos e
ele entendeu imediatamente.
Esfregando os polegares sobre os meus
lábios, ele respondeu:
— Você quer o meu pau na sua boca,
krasivoglazaya? — ele gemeu no meu
cabelo assim que acenei com a cabeça e
depois recuou, franzindo a testa. — O que
você está esperando? Ajoelhe-se e pegue o
que é seu por direito.
Eu não sei as outras mulheres, mas
quando ele me apresentou àquilo, eu
adorei a sensação de poder que me deu,
adorei tê-lo na minha boca, explorando
todas as maneiras pelas quais eu poderia
excitá-lo.
Embora eu não fosse virgem antes de
Radmir e o sexo fosse bom com os meus
três parceiros anteriores, nunca tentei
fazer isso com outro homem, e fiquei feliz
porque ele foi gentil em me guiar. Quem
sabia se outra pessoa teria sido tão
atenciosa?
Ficando de joelhos, acariciei sua carne
coberta e depois desabotoei as calças
lentamente, curtindo a sensação de seu
pau contra a minha mão. Finalmente, o
tirei para fora, amando o comprimento e a
espessura dele nas minhas mãos,
deslizando meu dedo sobre a grande veia
enquanto gemia de novo, enfiando os
dedos nos meus cabelos, com um aperto
dominante e possessivo.
Eu lambi a ponta de seu pau levemente,
mordiscando-o. Seu aperto aumentou,
exortando-me a tomar ações mais sérias e
quase ri. Deslizando minha língua ao longo
do seu comprimento, abaixei minha boca,
levando-o enquanto minha mão acariciava
a base de seu pau. Seus quadris
flexionaram enquanto empurrava um
pouco para a frente.
Radmir

Foda-se, a sensação de sua boca quente ao


redor do meu pau era irreal, e eu precisava
empurrar para frente. Ela apertou meu
pau um pouco mais forte, enquanto
sugava a cabeça ansiosamente,
provocando um espasmo na minha maldita
coluna enquanto o fogo se espalhava do
meu pau para as minhas bolas. Ela o
soltou com um pop e mordiscou a parte
inferior da pele sensível. Com os dedos de
uma mão, ela rolava minhas bolas umas
contra as outras, enquanto, por outro lado,
acariciava meu comprimento duro, e
depois gemeu um pouco, como se não
pudesse ter o suficiente.
Receber um boquete era uma coisa. Mas
quando você sabia que sua mulher
adorava fazer isso tanto quanto ela o
amava.... Quando ela transformava o ato
simples em uma demonstração de amor,
onde você era o centro de sua atenção e
seus olhos brilhavam com o sentimento de
agradar você, enquanto seus lábios
vermelhos inchados imploravam para ser
beijados depois disso...
Sim, nada se comparava a isso.
Ela me pegou de novo na boca, chupando
mais fundo enquanto eu deslizava
ligeiramente para a frente e depois
recuava, e então repetia o movimento e ela
continuava a passar os dedos pela minha
base. Agarrando seus cabelos, quase gozei
quando ela gemeu ao redor do meu
comprimento, enviando vibrações por
minha coluna vertebral.
Minhas bolas e bunda apertaram, ondas
quentes esmagaram meu corpo e eu estava
prestes a atirar minha carga em sua boca,
mas não era assim que eu queria gozar na
primeira vez que fizéssemos sexo depois de
nos separarmos.
Recuando, puxei-a enquanto protestava,
mas não por muito tempo. Coloquei-a na
cama, afastando suas coxas, de modo que
sua buceta linda ficasse aberta para mim,
e sem outro convite, coloquei minha boca
nela, me alimentando de seu desejo.
A ideia de que ela ficou tão molhada
enquanto chupava meu pau era
embriagante. Deslizando minhas mãos
debaixo de seu traseiro redondo e perfeito,
aproximei mais suas dobras e sondei
profundamente, memorizando cada deslize
da minha língua e dos meus lábios. Eu
mordi seu clitóris o suficiente para ela
sentir a picada. Ela ofegou, mas depois
gemeu enquanto eu o acariciava com meus
lábios. Chupando-o, desejei poder
aproveitar tudo o que fazia dela uma
mulher.
Devorá-la era o meu único objetivo naquele
momento.
— Radmir, aquilo doeu. — ela
choramingou. Levantei os olhos e porra, a
visão dela apertando seus mamilos me
paralisou enquanto suas costas
arqueavam da cama.
— Eu vou fazer melhorar. — eu prometi,
dando uma lambida longa em sua fenda,
depois foquei em seu clitóris e estiquei-a
com os dedos para prepará-la para o meu
pau.
Tão apertada para mim, minha mulher.
— Agora, faça isso agora. Não quero gozar
sem você. — embora tudo o que eu
quisesse fosse sentir sua buceta espremer
minha língua e ela puxar meu cabelo
violentamente enquanto gozava na minha
boca, eu entendia seu desejo de se
reconectar, mesmo que ela não soubesse
que era isso.
Precisávamos de nossa marca de conexão.
Eu me levantei, deixando pequenos beijos
em seu estômago, seus peitos, sua
clavícula e, finalmente, alcançando sua
boca, nos beijamos, compartilhando o
gosto um do outro. Ela respondeu
ansiosamente, puxando-me para mais
perto. Eu me posicionei em sua entrada,
esfregando meu pau para cima e para
baixo nela, e então, finalmente, a penetrei
e nós dois gememos.
Foda-se, seu calor apertado em torno do
meu pau sem preservativo ameaçou acabar
comigo antes mesmo de começar. Eu não
me movi enquanto descansávamos com
nossas testas se tocando, respirando um
ao outro enquanto minha circunferência a
esticava. Ela abriu mais as pernas para me
dar um melhor acesso.
Eu tirei e então empurrei mais
profundamente, apertando seu traseiro
nas minhas mãos, mantendo-a no lugar
enquanto ela deslizava pela cama.
A visão de nós dois unidos, juntamente
com seus gemidos a cada vez que eu me
movia dentro dela, ameaçava me desfazer.
Gotas de suor cobriam sua clavícula e não
consegui me impedir de lambê-las e depois
me deslocar para os seios, mordendo seus
mamilos e cobrindo-os com a minha boca
quente, chupando suavemente.
Suas unhas arranhavam minhas costas,
seus calcanhares cavavam em minha
bunda e senti quando ela me apertou,
derretendo em mim até que ela gozasse
com força. Seu grito teria despertado os
mortos, mas eu o cobri com a minha
palma, porque nós tínhamos uma criança
dentro do apartamento. Enquanto abafava
seu grito, ela me mordeu com força,
tirando sangue, e porra, isso me desfez.
Eu empurrei profundamente, depois mais
fundo até que não tinha ideia de onde ela
começava e eu terminava. Ela arrancou o
meu orgasmo de mim enquanto eu
explodia dentro dela, rugindo em seu
pescoço, meus quadris ainda flexionando
para a frente e para trás.
Completamente gasto, eu me deitei sobre
ela, amando suas curvas suaves debaixo
de mim, mas quando eu rolei nas minhas
costas, ela não se juntou a mim. Ela
respirou pesadamente, olhando para o
teto, e então para minha surpresa, ela me
montou.
— De novo. — seus olhos estavam
arregalados, sua boca inchada, e era como
se a deusa do amor tivesse me agraciado
com sua presença e como eu poderia ter
dito não a isso?
Pelo resto da noite, nada além de nós dois
existia no mundo.
8-

Vivian

Eu realmente não sabia o que esperava ver


quando ele mencionou a “sede” da Bratva,
mas com toda certeza não era uma mansão
de algum tipo de filme de suspense.
A enorme estrutura era ampla e parecia ser
dividida em diferentes seções. Construída
por tijolos marrons, provavelmente poderia
suportar fogo e tornados. Várias janelas
tinham varandas, e o lugar estava cercado
pela floresta no meio de nada. Barras de
metal com câmeras foram colocadas ao
redor da propriedade, de modo que
ninguém pudesse entrar sem aviso prévio -
ou escapar, para falar a verdade.
Embora a mansão parecesse ser chique,
também estava envolta em desesperança e
depressão. A grama verde não tinha flores,
fontes ou arbustos. Apenas trilhas feitas de
concreto para longas caminhadas e uma
enorme área de estacionamento para vários
carros e motocicletas.
Por que todos esses homens viviam juntos?
Eles eram algum tipo de organização? Este
lugar estava a apenas trinta minutos do
aeroporto. Poderia ser que eles treinassem
juntos, certo?
Ou você é muito estúpida para viver.
O pensamento era irritante, mas na
verdade, o que diabos eu estava fazendo?
— O que é a Bratva? — finalmente
encontrei minha voz, enquanto Radmir
dirigia suavemente pelo portão em sua
Mercedes Gelenvagen, que me lembrava de
um tanque. Provavelmente era à prova de
balas, já que as portas eram maciças e não
conseguia abri-las eu mesma, não que
Radmir deixasse. O resto do seu pessoal
estava dividido em dois Jeeps lado a lado
separados atrás de nós, como seguranças
ou algo vindo dos filmes.
As mãos de Radmir apertaram o volante até
que seus dedos ficassem brancos. Logo, ele
suavemente parou o carro, saiu, ainda
silencioso, e abriu a porta para mim,
estendendo a mão para me ajudar a descer,
o que não era fácil com a saia lápis marrom,
estiletes e camisa branca. Dominic e Yuri
olharam para Radmir com expectativa, e ele
moveu a cabeça na direção da mansão.
Com um aceno de cabeça, todos os homens
carregaram as malas pesadas para dentro,
deixando-nos sozinhos nesta rua estranha
como o inferno.
Um pouco de medo correu por mim, porque
eu estava presa entre o carro e o belo
estranho que apoiou o braço acima de mim
enquanto nossos olhos se mantinham
presos uns nos outros.
— A Bratva é uma irmandade na Rússia.
Crime organizado.
Piscando algumas vezes, tentei processar
essa informação. Eu repeti fracamente:
— Crime organizado.
— Sim.
Ele achava que suas palavras não
requeriam mais explicações?
Espere um minuto...
Bratva.
Crime Organizado.
A lembrança de uma série de TV russa que
meu pai costumava assistir alguns anos
atrás passou por minha mente. Como se
chamava mesmo? Brigada. Os homens
costumavam ser melhores amigos até não
terem escolha senão formar uma
fraternidade de armas, morte e sangue.
Meu Deus!
Tipo, a máfia assustadora? Eu recuei,
apenas para me lembrar que estava
encurralada, e quando eu o empurrei, ele
nem se mexeu, parecendo tão duro quanto
uma parede de tijolos.
— Me deixe ir. Eu sou tão estúpida.
Eu bati em seu peito algumas vezes,
enquanto me perguntava como diabos iria
sair dessa bagunça, considerando que não
havia uma alma viva por perto que pudesse
me ajudar. Ele amaldiçoou em russo e
agarrou minhas mãos, afastando-as até
que nossos abdomens se juntassem um
contra o outro.
— Você está segura. — ele disse
roucamente, e eu ri sem precisar de algum
humor.
— Você é um criminoso! — todos devem ter
pensado que eu era estúpida com meus
comentários. Talvez meu pai fosse legal,
depois de tudo. Eu não me conhecia e não
tinha ideia de como sobreviver neste
mundo, já que o tinha seguido de forma
absurda até aqui.
E com base no quê? Apenas uma faísca que
havia entre nós.
— Sim. — ele respondeu, e eu abri minha
boca para dizer algo doloroso, quando me
dei conta de algo; Ele nem sequer se
desculpou ou tentou ocultar o fato.
— E você está orgulhoso disso ou algo
assim?
Quando ele me empurrou mais forte contra
o carro, senti seus músculos contra mim
enquanto respirávamos pesadamente. A
auto aversão preenchia sua voz quando ele
respondeu:
— Orgulhoso? Não, moya krasivoglazaya,
não tenho orgulhoso disso. Mas não vou ter
vergonha de minha educação em uma vida
que você não entende. Não importa.
— Não importa? — eu repeti como um
maldito papagaio.
— Não muda o que está acontecendo entre
você e eu.
Minhas bochechas aqueceram com sua
suposição.
— Isso muda tudo. Eu sou a estúpida
garota que seguiu um membro da máfia até
sua sede. Eu sequer pensei...
— Não, você é uma mulher que está
cansada de viver de acordo com as regras
do seu pai e eu encaixo no perfil.
Ele estava ouvindo a si mesmo?
— Então, você deveria ser a minha fantasia
de menino mau? — ele riu, mordendo meu
queixo, acendendo meu desejo novamente.
Aparentemente, meu corpo e meu coração
não queriam ouvir o senso comum. — Odeio
te decepcionar, mas eu não sou virgem.
Enquanto não tinha sido uma adolescente
rebelde, eu tive três namorados sérios nos
meus vinte e três anos.
Embora nenhum deles pudesse nem mesmo
segurar uma vela para ele, ou para as
emoções que ele evocava em mim.
Algo irreconhecível brilhou em seus olhos
quando ele segurou meu cabelo em uma
mão enquanto a outra envolvia
possessivamente meu pescoço exposto,
como se ele quisesse me enforcar, mas o
toque era gentil.
— Não fale sobre outros homens, nunca
mais! — Ele sugou meu lábio inferior,
tirando um gemido de mim.
— Isso é uma loucura.
— Talvez. — ele se moveu mais para baixo,
mordiscando meu queixo. — Você se recusa
a ver onde isso a leva?
A resposta era simples. Não.
Radmir

A luz do sol atravessava a janela,


acordando-me e, por um momento, olhei
em volta, desorientado com os meus
arredores. Imediatamente, minha mão
deslizou sob o travesseiro em busca de
minha arma.
A perna sedosa e magra sobre minha coxa
me deteve, me lembrando que eu estava na
cama da minha mulher em sua casa nos
Estados Unidos e não em algum ambiente
hostil. Instantaneamente, meu corpo
relaxou quando Vivian enterrou seu rosto
entre meu pescoço e meu ombro enquanto
ela murmurava incoerentemente. Eu
esfreguei suas costas em movimentos
calmantes para cima e para baixo, não
querendo que ela acordasse. Depois de
uma noite de amor, ela precisava de seu
descanso. Ao fechar os olhos, pressionei
minha bochecha contra seus cabelos e
inalei seu cheiro de baunilha que eu
sempre associaria apenas a ela. Isso
acalmava a turbulência no meu coração, e
orei a Deus para que ela encontrasse uma
maneira de me perdoar. Ela poderia ter
sucumbido a seu desejo por mim, mas a
dor ainda era forte, e era meu trabalho
corrigir isso.
Os últimos seis anos de prisão fizeram-me
ter um sono leve, e tínhamos que acordar
cedo, então eu sabia que não seria capaz
de adormecer novamente, mesmo que estar
na cama com minha mulher fosse o
paraíso na terra.
Deslizando minha mão de baixo dela com
cuidado, eu a deixei sozinha na cama e a
cobri com um lençol. O peito dela subia e
descia pacificamente, mesmo que
resmungasse. Eu quase ri. No passado, ela
gostava de dormir muito, então aquilo não
me surpreendia.
Tomando um banho rápido no banheiro
dela, coloquei meu jeans e fui até a
cozinha para tomar um café. Eu precisava
cuidar dos negócios da Bratva. Vários
novos contratos chegaram na semana
passada, e eu tinha que aprová-los
legalmente antes que eles pudessem
produzir um lucro. Além disso, alguns
membros novos de uma gangue rival se
juntariam a nós em breve; O Pakhan
precisaria da minha ajuda.
No entanto, todos os pensamentos sobre o
trabalho escaparam da minha mente
quando notei que meu filho usava grandes
fones de ouvido brancos enquanto assistia
desenhos animados do Mickey Mouse e
comia uma maçã. Ele ainda usava o
pijama do Homem-Aranha e continuava
empurrando os cabelos de sua testa. Meu
filho era muito fofo, mas precisávamos
cortar seu cabelo em breve. Seu cabelo
estava um pouco longo para sua idade, e
eu não gostava que ele estivesse
enfrentando qualquer tipo de desconforto.
Caminhando até ele, chamei suavemente:
— Jake.
Como ele não me ouviu, eu o toquei
suavemente, e ele levantou seus olhos
surpresos para mim. Ele sorriu, mostrando
os dois dentes da frente desaparecidos e
depois desligou a TV. Ele pendurou os
fones de ouvido em volta do pescoço dele
quando disse em um sussurro bastante
alto:
— Papai. — e pulou em meus braços. Eu o
peguei a tempo, embora ele sempre
baixasse a minha guarda com sua fácil
aceitação de tudo. Ele me apertou, e eu fiz
o mesmo, saboreando a sensação de ter
conhecido meu filho e que ele não me
estranhasse. Vivian, minha Vivian, era
uma mulher notável que me manteve
presente em sua pequena família de dois.
Eu não tinha certeza de que teria
sobrevivido se ele considerasse outro
homem como seu pai. Ela fez tudo o que
pôde para me proteger e a nossa criança,
mas não era mais o trabalho dela.
Meu filho e minha mulher seriam
protegidos por mim de todos, e ninguém,
porra, ninguém mais ousaria machucá-los.
Não se eles valorizassem suas vidas.
— Que tal tomar café da manhã, amigo?
Ele assentiu ansiosamente e se esticou
para ser colocado no chão, então eu fiz
exatamente isso. Sentou-se na pequena
mesa redonda no canto da cozinha e
olhou-me com curiosidade.
— Você sabe cozinhar? — ele parecia
muito esperançoso, e não pude deixar de
rir. Suspeitava do motivo da sua
esperança.
— Sim.
Ele exalou em alívio. — Eu amo a mamãe,
mas ela não sabe cozinhar muito. Nós
geralmente vamos tomar café da manhã
em uma padaria próxima. — então ele
franziu a testa, provavelmente não
gostando de como isso soou, porque
acrescentou: — Mas mamãe faz chá e
saladas e macarons e espagueti incríveis
e...
Pegando ovos, leite e algumas frutas,
coloquei-os no balcão e baguncei seus
cabelos.
— Está tudo bem, amigo. Conheço as
habilidades culinárias da mamãe.
Ela era um paradoxo quando se tratava
disso; Ela podia assistir a programas de
culinária por horas ou fazer tudo
exatamente como instruído, mas no
momento em que suas mãos tocavam a
panela, tudo queimava, literalmente. Ela
conseguiu ferver bem algo ou misturar
coisas diferentes, mas o que quer que
envolvesse panelas e gás... ela era um
desastre.
— O que você vai cozinhar?
— Do que você gosta?
Pensou por um segundo e depois encolheu
os ombros. — Enquanto não tiver tomates,
eu gosto de tudo.
Eu anotei mentalmente que meu filho
tinha uma aversão aos tomates. E então
tive uma ideia.
— Que tal tvorozhniki?
Ele franziu a testa. — O que é isso?
— É um prato esloveno. Delicioso. — além
disso, não doía que era o favorito de
Vivian. — Quer experimentar?
Jake assentiu ansiosamente, e então se
juntou ao meu lado do balcão. — Posso
ajudá-lo a preparar? Mamãe adoraria!
Sorrindo, abracei-o ao meu lado por um
momento, apenas para ter certeza de que
isso era real e não um sonho fodido que eu
estava tendo nos últimos cinco anos.
— Claro, amigo. Mas primeiro, precisamos
encontrar uma boa música e um avental.
Procurando por alguns momentos,
encontrei um avental rosa e coloquei, e
quando eu o amarrei nas costas, ele se
assemelhava mais a um tutu de uma
bailarina em mim e Jake riu. Contanto que
isso deixasse o meu filho feliz, eu não
ficaria irritado, por mais ridículo que
pudesse parecer.
Piscando para ele, coloquei o meu telefone
ao lado dos alto-falantes na TV e conectei-o
a ela através do fio, para que eu pudesse
apresentar meu filho a uma de minhas
músicas favoritas de todos os tempos. A
música começou a tocar, e bati com as
mãos e disse:
— Vamos lavar as mãos e preparar um
café da manhã.
Vivian

Assustada, meus olhos se abriram


enquanto eu olhava para o teto, confusa,
tentando entender os sons estranhos
vindos até o meu quarto. Olhei para a
janela aberta, mas parecia que o som
vinha da casa.
Então, ao concentrar-me na música,
reconheci a incrível música da banda
russa B2 e Chicherina chamada “My Rock
and Roll”. A música suave do violão ecoou
pela casa, despertando emoções
esquecidas dentro de mim, como se a noite
passada não tivesse sido suficiente.
— O que significa? A última linha da
música? Eles parecem tão tristes enquanto
a cantam. — perguntei a Radmir, que ouvia
a música com os olhos fechados enquanto
ela explodia pelos alto-falantes da sede da
Bratva.
— Doroga v moi gom i dlya lublvi eto ne
mesto. — ele repetiu as palavras
desconhecidas para mim e depois traduziu.
— O caminho para minha casa e para o
amor não é o lugar. — ele girou a bebida na
mão e o gelo tilintou. — Muito simbólica
para a nossa situação.
Meu coração apertou dolorosamente, porque
entendia o significado por trás dela.
Subindo do meu assento ao lado dele, fiquei
entre suas pernas e espalmei o seu rosto
quando ele finalmente abriu os olhos para
mim, e tudo o que pude ver foi agonia e
arrependimento.
— Eu amo você. — nós nos mantivemos
parados por um longo minuto, até que com
um gemido, ele me abraçou, escondeu o
rosto no meu pescoço enquanto me
apertava, e eu fiz o mesmo, esperando que
isso acalmasse a guerra dentro dele.
Nenhum de nós poderia mudar nosso
passado, mas não o deixávamos nos
definir. A Bratva não tinha lugar para o
amor, mas ele tinha.
— Deixe-me ser sua casa a partir de
agora. — eu sussurrei em sua orelha, e um
tremor percorreu-o, enquanto sua respiração
acelerava. Ele não respondeu, mas seu
braço me apertando ainda mais foi resposta
suficiente.
Não havia casa para mim sem ele.
As lágrimas caíam em meus lençóis
brancos e sedosos, provavelmente
deixando manchas, mas não me importei.
Havia uma história de amor neste mundo
que não tivesse elementos trágicos?
Algumas pessoas conseguiam ser felizes e
criar uma família sem sofrer. Eu me
apaixonei por Radmir, mas parecia que
nosso amor apenas nos punia e nos
deixava cicatrizes.
Poderíamos estar tão felizes com o nosso
filho; Em vez disso, tudo o que
conseguimos foram mentiras, separação e
dor, e nada mais. Não era uma questão de
perdoar Radmir ou não. Eu simplesmente
não estava certa que poderia sobreviver a
outra decepção, e com a nossa história,
não sabia se tínhamos um final feliz escrito
nas estrelas para nós. Ele nunca deixaria a
Bratva, e eu não pediria que fizesse isso...
e todos sabiam que você nunca poderia
deixar o estilo de vida. Mas nós tínhamos
um bebê agora. Era o melhor ambiente
para criar Jake? O que ensinaria a ele?
Que ser um criminoso é uma coisa boa?
Mas, Radmir tinha me contado muitas
histórias em que crianças da Bratva
escolheram caminhos diferentes na vida e
que ficou tudo bem. Então talvez eu
pudesse manter meu filho longe de seu
mundo sombrio.
Colocando minha mão acima do meu
coração, respirei fundo, pois a escolha
estava clara para mim. A coragem era
melhor do que a covardia, porque dava
potencial para ganhar algo mais na vida do
que apenas uma existência vazia.
Minha vida era minha responsabilidade, e
minha felicidade ou infelicidade dependia
apenas de mim.
Com determinação correndo pelas minhas
veias, retirei o lençol, coloquei um robe
sobre minha camisola e ignorei a dor
desconhecida nos meus músculos, porque
só criaria imagens carnais da noite
passada, e não precisava que a luxúria
nublasse meu julgamento nessa situação.
Caminhei do corredor para a cozinha e
fiquei paralisada, absorvendo a imagem na
minha frente.
Radmir tinha uma tigela de porcelana no
balcão com ovos, farinha, queijo cottage e
açúcar. Jake estava na cadeira ao lado
dele, e eu podia ver que seu pai estava de
olho nele no caso de ele cair.
— Nós adicionamos tudo. O que fazemos
agora? — Jake perguntou, pingando um
pouco de açúcar novamente na tigela.
— Agora nós misturamos isso. — Radmir
pegou o batedor em sua mão e misturou
tudo sem esforço, e a substância branca
rapidamente tornou-se amarela,
lembrando-me de massa pronta para
cozinhar, e então ele a deslizou para Jake.
— Que tal você me ajudar com isso,
enquanto eu preparo o fogão?
Jake assentiu ansiosamente e usou com
cuidado o batedor enquanto Radmir
colocava a frigideira no queimador e
colocava o óleo em todos os cantos e um
pouco no meio. Em alguns segundos, o
óleo começou a salpicar ligeiramente,
então ele voltou para o balcão e pegou a
tigela.
— Ótimo trabalho, filho. — Jake sorriu,
inflando seu peito. — Mas agora apenas
olhe, ok? Eu não quero que você se queime
ou algo assim.
Embora desapontado, Jake ficou de pé e
apenas assistiu seu pai enquanto Radmir
pegava pequenas quantidades da massa e
esmagava-as nas palmas das mãos e
depois colocava-as cuidadosamente na
panela. Por experiência, eu sabia que ele
repetiria a ação muitas vezes, e depois as
fritaria. Isso me lembrava bastante de
crepes, e eles eram tão deliciosos. Minha
boca regou apenas com o pensamento de
degustá-los.
Então Jake olhou para o lado e seus olhos
se arregalaram quando ele me notou.
— Mamãe, você está acordada! — ele
desceu da cadeira e correu para mim,
empurrando-se contra os meus joelhos. —
Papai está cozinhando tvorozhniki. — ele
quase franziu o lábio inferior tentando
pronunciar, e eu não pude deixar de rir.
— Ele está?
— Sim, e eu estou ajudando! Você viu?
Inclinando-me e dando-lhe um beijo suave
na testa, eu respondi:
— Claro que sim. Você dormiu bem,
munchkin?
— Sim.
Deslizando meus dedos através de seus
cabelos, não me escapou o fato de Radmir
ter ficado tenso quando eu apareci. Eu não
era estúpida o suficiente para pensar que
ele não sabia que eu estava assistindo-os,
mas ele não conseguia prever minha
reação ou humor pela manhã, e
provavelmente isso o estava deixando
louco.
— Querido, porque você não vai escovar
os dentes e depois volta para tomar o café
da manhã?
Uma vez que seus pequenos pés se
moviam suavemente na direção de seu
quarto, eu me aproximei de Radmir, que
virou o tvorozhniki e colocou os que
estavam prontos no prato. Ele ainda não
tinha dito nada, esperando que eu fizesse o
primeiro movimento, e eu balancei a
cabeça com exasperação.
— Tem um cheiro incrível. —
descansando minha bochecha em suas
costas quentes, seus músculos
tencionaram sob meu toque enquanto
minhas mãos descansavam em seu pacote
de seis e esfregava para cima e para baixo,
rastreando todas as cicatrizes e me
deixando ansiosa para beijar todas. Ele
tinha tantas novas, e elas pareciam ainda
piores do que as mais velhas. Toda a pele
áspera e as marcas vermelhas irritadas
indicavam que, quem quer que as tivesse
infligido, não foi amável. — Faz anos desde
a última vez que os comi.
— Bom. — foi a sua única reação, e então
ele desligou o fogão quando a última
remessa ficou pronta. Ele enxugou as
mãos com um pano e me girou, assim
minhas costas estavam pressionadas
contra a sua frente e nossas posições
foram invertidas. Ele agarrou meu cabelo e
puxou minha cabeça para trás, assim eu
poderia descansar em seu peito enquanto
ele deslizava seus lábios no meu pescoço.
Ele apertou minha cintura, fazendo-a doer
levemente no processo, o suficiente para
me fazer sentir a picada, mas não o
suficiente para marcar a pele. Ele inalou
profundamente e gemeu.
— Eu poderia gozar somente com o seu
cheiro, moya krasivoglazaya. — ele moveu
minha cabeça e me deu um beijo profundo,
enviando prazer eletrizante da ponta do
meu cabelo para os meus dedos dos pés.
— Estou perdoado? — ele sussurrou,
enquanto seus lábios pressionavam contra
o meu pescoço.
Com os olhos fechados, deslizei minha mão
em seus cabelos e enrolei meus dedos. Eu
esperava que ele não ficasse com raiva
após minhas palavras ou pensasse que eu
estava lhe dando sinais duplos.
— Estou disposta a tentar isso. Mas eu
tenho condições.
Ele congelou e recuou, e imediatamente
meu corpo sentiu falta de seu calor, mas
não por muito tempo, só até ele mexer-se
novamente. Desta vez, ele me prendeu
entre a geladeira e seu corpo forte
enquanto sua mão espremia minha nuca.
— Que tipo de condições?
— Precisamos funcionar como uma
família. Nós não nos conhecemos mais.
Seus olhos se estreitaram. — Eu ainda sou
eu e você ainda é você. Nós nos amamos.
Nós temos um filho. De que mais você
precisa?
Minha boca ficou aberta com isso. Ele
realmente achava que tudo isso era
suficiente para termos uma relação
saudável?
— Já não somos as mesmas pessoas,
Radmir. Nós... eu nem sei o que se passa
na sua vida. E você provavelmente também
não sabe.
Seu rosto ficou frio, mas sua mandíbula
tiquetaqueou, como se ele não quisesse
compartilhar algo comigo.
— Você sabe tudo sobre minha vida, não
é? — eu perguntei, e a culpa que piscou
em suas piscinas cinzentas era resposta
suficiente. — Eu não posso acreditar nisso!
Você colocou espiões em mim!
— Foi por sua segurança. Não vou me
desculpar por isso. — sua voz era rude e
confiante. Eu esperava algo mais?
— Você não tinha... — ele me pressionou
ainda mais contra o metal frio, não me
deixando terminar minha frase.
— Não. Não me diga que eu não tinha o
direito, quando nós dois sabemos que
tenho todos os fodidos direitos quando se
trata de você e do nosso filho. — então ele
me beijou, mas foi tão rápido que quase
não tive tempo de abrir minha boca. —
Bem. É seu direito ter condições, e as
aceito. Quais são elas?
Piscando com essa rápida mudança de
humor, respirei fundo e disparei todas de
uma só vez.
— Não iremos para a Rússia tão cedo.
Nós sairemos como uma família e
passaremos um tempo juntos sem a máfia
a nossa volta. Jake não está acostumado
com isso, e não quero explicar sobre o seu
mundo para ele agora. Conversaremos e
tentaremos... agir como um casal normal.
E sem sexo, e acho que, por causa de
Jake, também não devemos dormir na
mesma casa. — eu terminei sem fôlego, e
estava pronta para me dar um “toca aqui”
por esse pequeno discurso.
Radmir riu, deslizou as mãos para a minha
bunda, me ergueu, envolvendo minhas
pernas ao redor dele e atacou minha boca
com um longo e sensual beijo, como se
nossas bocas fizessem amor em vez de
simplesmente tocar. Uma vez que meus
pulmões começaram a doer por falta de
oxigênio e senti que estava prestes a
desmaiar, ele me soltou, desfrutando
claramente de meu estado de excitação.
Ele me pousou no chão e se afastou de
mim para tirar três pratos e colocou-os na
mesa junto com o tvorozhniki. Ele serviu
café para si, chá para mim e suco de
laranja para o nosso filho.
Em um segundo, Jake apareceu e sentou-
se à mesa, e Radmir seguiu o exemplo.
— Mamãe? Não podemos começar sem
você.
Deus abençoe meu filho, na verdade. Ele
nunca começaria a comer sem mim,
porque ele se convenceu que poderia me
aborrecer.
Ok, então.
Esse meu plano parecia mais estúpido a
cada momento, pois parecia que o meu
homem não mudara durante esse período.
Ele ainda era um bastardo confiante e
arrogante que conseguia o que queria
quase toda maldita hora.
E por algum motivo, isso me fez querê-lo
ainda mais. Vai saber.

Radmir

— Você está pronto, amigo?


Jake olhou através de seu capacete de
hóquei e assentiu, enquanto reajustava
seus protetores de ombro e cotovelo. Ele
agarrou o taco e caminhou lentamente no
chão acarpetado do estádio até chegar à
pista de gelo e então ele correu para o meio
em seus patins, sem esforço, e eu senti
vontade de tirar uma foto e enviá-la para
todos os meus irmãos da Bratva, assim
eles saberiam que era o filho do Sovietnik
na pista!
Hóquei e patinação provavelmente eram os
esportes mais populares na Rússia, e nós
estávamos de boa com isso. Eu mal podia
esperar para levar Jake aos nossos
estádios e deixá-lo ver todas as estrelas
que ele assistia na TV. Sem mencionar
apresentá-lo ao museu Valeri Kharlamov e
a alguns de seus treinadores. Ele ficaria
louco.
Jake acenou para que eu me juntasse a
ele. Usando um protetor bucal, patinei no
gelo, adrenalina correndo por minhas veias
no ambiente familiar.
Foda-se, era bom estar de volta ao gelo.
Após a prisão, não tive tempo para isso e
nem queria, porque me lembrava muito de
Vivian e do nosso primeiro encontro, mas
agora fiquei feliz por não ter feito isso.
Desta forma, eu poderia compartilhar esse
momento com meu filho.
— Pronto para jogar?
Ele me deu um aceno. Vivian entrou na
pista, segurando uma câmera na mão. Ela
patinou para frente e para trás, mostrando
suas habilidades e depois riu quando
notou que nós dois a olhávamos.
Revirando os olhos, ela se aproximou e
colocou o disco no meio entre nós e depois
anunciou:
— Ok, meninos. Jogaremos até que um de
vocês alcance dez gols. Bebê, os seus gols
serão à direita e, Radmir, os seus à
esquerda. E... vai! — ela assobiou alto, e
nós entramos em ação, tacos batendo no
disco e, embora não tivesse vontade de
vencer meu filho, estava curioso para ver
sua técnica no gelo.
Ele se moveu para o lado, agarrando o
disco com seu taco e apontando para o gol,
mas eu bloqueei, no entanto, em vez de
perder, ele deu a volta e conseguiu
recuperá-lo. Ele bateu com todas as suas
forças, e quase não conseguiu chegar na
linha, marcando um gol enquanto Vivian
gritava:
— Bom trabalho, Jake! — então ela piscou
para mim. — Um a zero, papai.
Saudando-a, ficamos na posição inicial
novamente, e desta vez, peguei o disco,
apontando rapidamente para o gol com o
objetivo de ver sua reação de defesa, e ele
não me decepcionou. Ele bloqueou meu
movimento a tempo e o recuperou
novamente. Ele bateu tão rapidamente que
mal tive tempo de alcançá-lo antes de
marcar mais um gol.
Ele dançou de um lado para o outro e deu
um “toca aqui” em Vivian, quando ela
estendeu a palma da mão.
Antes de voltar para a posição inicial
novamente, consegui serpentear meu
braço ao redor dela e dar-lhe um beijo, e
ela riu.
— Ele é muito cuidadoso com a perna
esquerda. — ela murmurou na minha
orelha. — Tenha cuidado ou ele pode cair.
Dando-lhe outro beijo como
agradecimento por essa informação, juntei-
me ao meu filho novamente e decidi
trabalhar em seu lado esquerdo para que
ele não tivesse medo de usá-lo.
E enquanto Jake se divertia e Vivian tirava
mais fotos de todos nós juntos, apreciei a
felicidade e o contentamento correndo por
mim e aceitei como um presente.
Mas com isso também veio uma
determinação diferente de qualquer coisa
que tinha sentido antes. Ninguém tiraria
minha família.
Eu mataria qualquer um que tentasse.
Diretor

O bastão de hóquei quebrou sob o meu


aperto enquanto o esmagava contra meu
joelho, dobrando-o ao meio e jogando-o
fora. A raiva preencheu todos os meus
ossos enquanto meus olhos observavam a
família perfeita, desfrutando o sábado
juntos sem uma única preocupação no
mundo.
Minhas mãos tremiam quando tirei minhas
pílulas e as engoli rapidamente, de modo
que minha mente não ficasse nublada ou
perdesse minha paciência.
Vivian patinando era tão bonita, como um
cisne no lago, seu pescoço gracioso e seus
cabelos brilhando, quase fazendo-a parecer
um anjo. A alegria era evidente em todos
os seus gestos, pelo sorriso permanente em
seus lábios cheios e em seus olhos azuis
vívidos e brilhantes. Ela quase parecia
outra pessoa, só porque Radmir apareceu
de novo.
Eu pensei que tinha me livrado dele,
quando ele voltou para a Rússia e nunca
se incomodou em contatá-la. Meu plano
quase chegou ao grand finale. Logo, ela
teria sido minha, mas ele teve que aparecer
novamente e arruinar tudo para mim.
O homem não deveria mexer com o que
não era dele; Até Jake era mais meu do
que dele. Onde estava ele todo esse tempo?
Estive presente durante o seu primeiro
jogo de hóquei, eu ouvi os batimentos de
seu coração no estômago dela, e foi eu
quem estava sentado na sala enquanto ela
tinha o bebê.
Estava tão preocupado que o maldito
bastardo a mataria. Tentar me livrar da
criança enquanto ela estava grávida não
ajudou. A merdinha era tenaz, assim como
seu pai, uma das razões pelas quais Vivian
tinha que se afastar deles.
Se apenas Jake tivesse algo de sua mãe,
mas ele era a cópia de Radmir, e em sua
nova vida, ela não precisava ser lembrada
de seu passado.
Minha bela Vivian merecia ter a vida
perfeita que sempre sonhara e um homem
que nunca a deixaria. Eu estava ao seu
lado durante todo esse tempo, e apesar de
não ter percebido isso, eu era seu único
amor verdadeiro.
Eu nunca feri nem mesmo um fio de
cabelo em sua cabeça. Mas eu mataria
cada membro de sua família se fosse
necessário, para garantir que tivéssemos o
nosso felizes para sempre.
Em breve, muito em breve, meu amor, eu
vou te libertar desse pesadelo e escondê-la
onde ninguém poderá te encontrar.
9-

Vivian

— Segure firme, mulher. — Radmir rosnou


as palavras, me puxando para mais perto
enquanto suas mãos se enrolavam nas
minhas. Segurei firme a arma pequena e
levantei para apontar para o alvo no campo
de tiro.
— Olá..., uma arma aqui? — eu senti a
necessidade de mencionar isso novamente,
mesmo que o riso borbulhasse dentro de
mim enquanto Dom, Yuri e Gleb assobiavam
alto, relaxando na grama e fumando juntos.
— Tente não nos matar enquanto você
estiver com isso, sim? — Gleb brincou.
Radmir latiu:
— Calem a boca.
Então ele se aproximou da minha orelha,
sua respiração quente despertando
instantaneamente meu corpo.
— Respire fundo e se concentre no alvo.
Deixe todos os outros pensamentos voarem
para longe. — ao fechar meus olhos, eu
inalei seu cheiro e instantaneamente me
acalmei para executar o trabalho.
Embora eu tivesse crescido no Texas com
um pai que tinha uma coleção de armas, de
alguma forma nunca senti vontade, e eu
nunca na minha vida tinha segurado uma,
e muito menos sabia como usá-la. Mas
Radmir achava que era importante sua
mulher possuir a habilidade, já que ele vivia
em um mundo tão perigoso.
— Agora, krasivoglazaya.
Em seu pedido, puxei o gatilho e disparei
diretamente no meio, criando um grande
orifício à medida que a fumaça emergia do
alvo.
Os caras assobiaram e bateram palmas -
aqueles idiotas.
Baixei a arma, que ficou pesada em minhas
mãos, girei e envolvi meus braços em volta
de Radmir, que me olhava com satisfação.
— Não foi tão ruim para uma novata. —
disse, e eu ri, enquanto ele me abraçava.
Fui sempre tão feliz? Mesmo que tentasse,
não conseguia lembrar de ter essa paz, mas
esse desejo profundo de viver se
estabeleceu dentro do meu coração, uma
vez que Radmir apareceu na minha vida.
Nós tínhamos estado juntos durante o
último mês e meio, onde viajamos pela
Rússia, enquanto ele me mostrava seus
lugares favoritos, enquanto fazia diversos
negócios. Ele nunca falou sobre isso e não
questionei, entendendo que não podia e não
compartilharia comigo.
Depois da nossa primeira noite juntos, ele
me deu uma câmera e me disse para fazer
o que eu quisesse com ela, e eu fiz. Adorei
tirar fotos de pessoas executando suas
tarefas. Eu tirei fotos de tudo o que amei e o
que me chamou a atenção.
O Lago Baikal durante a tempestade
enquanto as ondas batiam furiosamente
contra pedras, e os barcos balançando
enquanto os humanos pareciam impotentes
contra a natureza.
Os dias ensolarados na Praça Vermelha
enquanto os turistas vagavam, admirando a
bela arquitetura e a rica história do lugar.
Eu podia caminhar pelas lojas de
lembranças por horas, amando as
figurinhas douradas que tinham e suas
obras de arte nacionais.
O Grand Ballet10, onde meus olhos beberam
das técnicas de dança, enquanto as
emoções se derramavam na performance, e
até mesmo eu não consegui segurar as
lágrimas.
As aulas de patinação no gelo, porque
Radmir amava hóquei e achava hilário que
eu nem sabia como patinar. Durante a
maior parte do tempo, ele tentava me
proteger de uma queda, e eu tinha vários
hematomas marcando minha bunda.
A caminhada nos arredores da cidade à
tarde com os caras que cuidavam de mim,
enquanto Radmir tinha que fazer seu
trabalho. Ele até me levou para a igreja; Eu
nunca tinha estado em uma igreja ortodoxa
antes. Basicamente, ele me deu um tour
maravilhoso pela bela cidade, me
ensinando a me apaixonar por ela tanto
quanto ele.

10
Uma forma de balé originada na Rússia.
Eu poderia imaginar nosso futuro juntos, e
ele até nos comprou uma casa, aquele
louco.
No entanto, tinha dificuldade em aceitar
toda a coisa da Bratva, especialmente que
seu Pakhan agia como se eu não existisse,
o que irritava muito Radmir. Mas já que
Vasya lidava principalmente com um
problema em Provence e Radmir tinha que
cuidar do negócio de Moscou, dava certo.
Ainda assim, percebi que vivíamos em uma
bolha aqui: estávamos noivos, tínhamos
uma casa e tudo em um período de um mês
e meio.
O senso comum me dizia que não era
possível, não era sábio, considerando que
ele era um membro da máfia. Mas então ele
me olhava com amor, nos divertíamos com
os caras, e não parecia errado estar com
ele.
Essas pessoas, embora perigosas, tinham
corações e eram capazes de amar tanto
quanto o resto de nós.
— Arranjem um quarto se quiserem se
beijar. — Yuri disse, abrindo um sorriso por
um segundo, mas encobrindo-o com um
falso incômodo. Principalmente ele ficava
em silêncio ou mostrava zero emoções,
embora ele tivesse seus bons momentos. Eu
estava meio acostumada com todos eles
agora, então não me importava.
Os portões da sede se abriram, e um
segundo depois, um carro preto
desconhecido entrou apressadamente.
Parou abruptamente. Para meu choque,
meu pai saiu.
Ele estava acompanhado por um homem
usando um terno e uma expressão sombria
enquanto examinava todos os caras.
Radmir ficou tenso e empurrou-me para trás
enquanto meu pai gritava, o rosto vermelho
de raiva:
— Vivian!
Oh Deus.
O que ele está fazendo aqui? Como ele me
encontrou?
Uma vez que cheguei na Rússia, escrevi
para eles que eu estava bem e precisava de
férias da vida que tinham empurrado para
mim. Estavam furiosos, mas não me
incomodei com isso. Eu tinha idade
suficiente para ter minha própria vida, e
eles podiam lidar com a família Jordan por
conta própria.
Aparentemente, papai não concordava.
— Não use esse tom com ela. — resmungou
Radmir, enquanto eu dava a volta para ficar
ao lado dele.
— Papai...
Ele manteve contato visual com Radmir.
— Você não vai me dizer como falar com
minha filha que fugiu com um criminoso! —
ele gritou. Quando sua voz se elevou, notei
que os rapazes se levantaram, todos os
traços de humor desaparecendo enquanto
eles se juntavam atrás de nós,
proporcionando proteção.
Porquê? Meu pai não mataria ninguém!
— Ela é minha mulher, e você não vai
desrespeitá-la. — a voz fria de Radmir
refletia a temperatura ao nosso redor, e
agitando a cabeça com exasperação, dei um
passo em direção ao meu pai.
— Cale-se! Vivian, entre no maldito carro!
— ele berrou, me fazendo parar enquanto
meus olhos se arregalavam. — Ou este
homem — ele apontou para o cara de terno.
— Irá levá-lo direto para a prisão.
Levá-lo para onde?
Inacreditável! Sinceramente, não entendia
por que ele estava agindo dessa maneira.
— Papai, tenho vinte e três anos. Eu não
sou uma filha menor de idade que você
pode controlar. — meu coração apertou
dolorosamente, mas eu não permitiria que
ele ditasse minha vida. Minhas escolhas e
desejos também eram importantes, e não
era como se eu tivesse desistido da minha
vida antiga ou de qualquer coisa.
Estávamos planejando uma viagem de volta
aos Estados Unidos, assim Radmir poderia
ser apresentado aos meus pais, e então eu
me mudaria adequadamente para cá.
A mandíbula de papai apertou e suas mãos
fecharam-se em punhos enquanto respirava
pesadamente, seus olhos ardendo de raiva
e enviando punhais mentais na direção de
Radmir, mas quando ele falou, foi para
mim.
— Você virá comigo, Vivian, ou ele vai para
a prisão. — ele repetiu.
Radmir perguntou com uma risada que não
tinha humor:
— Com base no que? Você está na Rússia.
Suas leis não se aplicam aqui. — sua voz
não continha nada além de frieza, e até
mesmo eu tremi, e não de uma forma boa.
Embora eu não apreciasse o fato de meu
pai estar aqui gritando ameaças, Radmir
também não tinha o direito de falar com ele
assim.
— Radmir, papai... — comecei, mas
nenhum deles se importou, enquanto
encaravam um ao outro.
— Ela é cidadã dos EUA e arquivei um
relatório de uma pessoa desaparecida.
— Eu não estou desaparecida, pai!
O homem de terno limpou a garganta,
abrindo a boca pela primeira vez.
— Você não respondeu seu telefone. Eles
não conseguiam localizá-la, e desde que
você viajou para cá e foi vista na companhia
de, bem, da máfia russa, tornou-se um caso
do FBI. Nós falamos com o FSB e a Interpol
e temos permissão para levá-la de volta.
Piscando várias vezes, tentei absorver essa
informação e não perder a cabeça.
Minha família realmente contatou o FBI
depois que eu lhes disse que tudo estava
bem?
— Olhe, agente... — meus olhos
examinaram seu peito procurando um
crachá e, uma vez que eu percebi,
acrescentei: — Hank. Liguei para os meus
pais e não estou aqui contra a minha
vontade.
— Eu não preciso que você fale por mim,
krasivoglazaya. — Radmir passou sua mão
suavemente em minhas costas enquanto
dirigia-se ao meu pai. — Como eu disse
antes, você não tem jurisdição para me
ameaçar com prisão. Vamos entrar e
conversar.
Ele suavizou seu tom, e eu sabia que ele
fez isso por minha causa, tentando
tranquilizar meu pai de alguma forma, mas
seu esforço era inútil.
— Eu não preciso falar nada com você. Ela
vai vir comigo, a menos que você queira o
FSB aqui em torno de sua sede? De olho em
seu Pakhan? — ele cuspiu a palavra como
se fosse um palavrão. — Certamente você
concorda conosco e não quer problemas
desnecessariamente.
FSB representa o Serviço Federal de
Segurança Russa, o equivalente ao FBI nos
Estados Unidos. Radmir me explicou que,
embora eles não pudessem mexer em seus
negócios, se eles tentassem investigá-los e
criar problemas... eles poderiam. E nunca
tinham visitado a sede antes. Considerando
que o lugar tinha drogas, mulheres e armas,
eles teriam provas suficientes para criar
problemas. Talvez não os prendesse, mas
os obstáculos seriam enormes. Ninguém
queria lidar com uma gangue que não
seguia a lei.
Mas, conhecendo meu pai e a maneira como
ele se comportava com seus oponentes, ele
poderia fazê-lo com facilidade e sem
remorsos em seu coração.
Alguém teria que interferir antes que algo
que nenhum deles pudesse parar
começasse.
Respirando profundamente, cheguei a uma
conclusão em minha mente e disse:
— Tudo bem, eu irei com você. — a
satisfação estabeleceu-se no rosto do meu
pai, mas eu ignorei e concentrei minha
atenção no meu homem, que ficara rígido ao
meu lado, enquanto seus olhos brilhavam
com fúria e desespero.
— Vivian...
Envolvi meus braços ao redor de seu
pescoço, coloquei minha testa contra a dele,
esperando que ele visse meu lado e que isso
o acalmasse.
— É melhor eu ir com ele. Não quero criar
problemas para a Bratva. Eu irei para casa,
resolverei essas dúvidas e voltarei dentro
de alguns dias.
Enquanto escapar da minha família
parecera infantil, na época eu não tinha
medo de estragarem minha vida.
Na maioria dos dias, eles eram ótimos pais,
então, uma vez que tudo isso se acalmasse,
eu tinha certeza de que eles veriam o seu
erro.
Ou assim eu esperava.
— Não. — Radmir rosnou. — Ninguém tira
o que é meu. Eu posso protegê-la aqui. Há
outra maneira.
— É melhor assim. Eles só precisam me ver
em casa e se acalmarem.
Sua mão apertou minha cintura enquanto
ele me beijava, sem se importar com a
audiência. Seus lábios me mantiveram
cativa quando colidimos em um beijo
profundo e curto. Muito cedo, ele me deixou
ir, e eu engasguei.
— Fique segura nos Estados Unidos. Eu
vou atrás de você assim que puder. Não me
importo se você vai conversar com eles ou
não. Você é minha, e seu pai e a lei podem
ir se foder. — ele disse com dureza, depois
me virou. — Edward Jackson, você não
ganhou.
Meu pai agarrou minha mão, puxando-a
bruscamente, então não tive escolha a não
ser segui-lo. Eu lancei um último olhar para
Radmir, quando meu pai murmurou:
— Vamos ver, Radmir. Vamos ver.
A separação que aconteceu entre nós me
magoou, mas a esperança ainda vivia no
meu coração, porque eu sabia que Radmir
iria mover montanhas e tudo o mais para ir
me ver, e eu não tinha medo da minha
família.
No entanto, a vida não foi de acordo com o
plano.
Pouco eu sabia que minha bolha feliz
estouraria e nada além do vazio seria
deixado.
Radmir

Vivian lentamente caminhou pelo chão nu,


os pés provavelmente ficando frios já que o
ar-condicionado estava ligado. Desejei
envolver minhas mãos ao redor de seus
pés e esfregá-los para que ela não sentisse
nada além de calor. Saltando na cama, ela
se aproximou de mim e depois estendeu a
mão, na qual tinha um álbum de fotos
macio e roxo.
— Ele tem fotos e meus pensamentos
sobre... coisas. — sua voz engasgou, mas
ela respirou fundo e continuou: — Eu
acho que seria melhor você ler sozinho.
Com isso, ela tentou se afastar, mas
agarrei seu braço, puxando-a contra meu
peito enquanto nossos lábios escovavam
um contra o outro. Com um gemido, ela
aceitou meu beijo e eu tentei transmitir
tanto quanto pude, minhas desculpas e o
meu amor. Quando ficou demais, ela
recuou, respirando pesadamente, e eu me
levantei.
— Eu vou vê-lo sozinho. Você precisa de
descanso.
Ela não disse nada, e seus lábios
vermelhos inchados, juntamente com
aquela pele perfumada e perfeita dela,
marcada com minhas mordidas, quase me
fez querer voltar para ela e violá-la uma vez
mais.
Minha.
Mas não consegui fazer isso enquanto
segurava uma coisa preciosa nas minhas
mãos, e eu sabia que ela precisava que eu
lesse.
Com uma última olhada para ela, que
mergulhou mais profundamente nas
cobertas e sorriu tristemente para mim,
andei até a sala de estar, abri a porta da
varanda e sentei-me na confortável cadeira
redonda enquanto a brisa da noite
resfriava minha pele aquecida.
Abrindo o álbum, cheguei ao ultrassom de
gravidez de Jake, seus primeiros meses de
vida, seu primeiro aniversário, e assim por
diante, passei as páginas, com a letra
perfeita de Vivian no lado, mencionando
datas e eventos importantes.
Não notei minhas lágrimas até as gotículas
pingarem nas fotos brilhantes, enquanto
eu assistia as imagens do meu bebê
crescendo. Eu perdi tudo aquilo.
Esfregando meus dedos em seu rosto
sorridente enquanto ele tinha sua boca
cheia de seu primeiro bolo de aniversário,
eu me concentrei em uma das páginas de
seu diário escrito e comecei a ler,
respirando pesadamente e com dor no meu
peito.
Então, outra e outra, já que certos
parágrafos de cada uma delas se
destacaram mais para mim.
Outubro de 2011

Eu nunca quis manter um diário, já que


achava isso tão estúpido. Mas, de alguma
forma, tornou-se minha única salvação.
Aqui.... Posso falar com você por horas e
fingir que você pode ouvir meus
pensamentos e me entender. Eu não tenho
para quem escrever sobre meus
sentimentos, então em um diário, eu tenho
você.
A gravidez está indo bem e “tudo nos
conformes” como o médico diz, e eu acredito
nele. Eu tive sorte e não tenho vômitos
matinais.
Às vezes, sento sozinha e aguardo uma
consulta; É quando vejo casais felizes,
ambos os pais ansiosos para conhecer seu
bebê.
Por que não tivemos essa chance? Por que
temos que lutar contra todos e tudo, e ainda
perder?
Alex prometeu me libertar uma vez que um
certo tempo passar. Não sei o tipo de
segredo que ele precisa manter, mas é
importante o suficiente para ele manter sua
palavra. Ele prometeu que eu poderia
testemunhar a seu favor e dar-lhe um álibi.
Não tenho ideia de como que eles obtiveram
um testemunho assinado por mim. Eu não
podia acreditar nos meus olhos, e não
importava o quanto tentasse dizer ao juiz
que não era verdade, ele não me escutava.
A data indicava que fora assinado no
hospital, então alguém deve ter escorregado
esta confissão estúpida enquanto eu estava
assinando os papéis de alta. O juiz
continuou me dizendo que não importava de
qualquer maneira. Que eles tinham
evidências suficientes sem isso para trancá-
lo para sempre. Mas ainda assim, eu me
odiei por ser tão estúpida e confiante. Meu
corpo ainda treme de repulsa quando penso
em seu sorriso horrível e humor alegre como
se ele tivesse ganhado na loteria.
Mas não tenho outra opção senão esperar,
porque a vida de nosso bebê depende disto.
Eu só espero que, uma vez que você veja
nosso bebê, você acreditará que tudo valeu
a pena.

O juiz teve uma morte dolorosa pelas


minhas mãos. Eu o matei durante sua
viagem de caça, fazendo-o perder a cabeça
com a vida selvagem a tal ponto, que ele
correu pedindo ajuda de forma histérica,
pois todo seu juízo falhara com ele. Uma
vez que ele estava tremendo pelo frio, eu o
agarrei e o levei para um lugar isolado. Tão
durão quanto ele parecia no tribunal, ele
não era mais que um covarde. Ele
rapidamente soltou que recebeu uma
grande quantia de dinheiro para encerrar o
caso e se certificar de que eu continuasse
preso.
Eu não o teria tocado se ele fosse um
homem que seguisse a lei e fizesse seu
trabalho com todos os fatos dados. Teria
sido direito dele e eu não sentiria rancor.
Mas este não era o caso.
Atirei nele entre os olhos, e em um
segundo, ele se foi. Eu não estava com
vontade de uma longa tortura, e me
arrependi agora. Sabendo o quanto ele
machucou minha mulher, eu teria passado
mais tempo ensinando-lhe uma lição antes
de matá-lo

Dezembro de 2011

Escrevi sete cartas e ainda não recebi


resposta. Toda vez que vejo um carteiro ou
checo meu correio, espero ver alguma coisa.
Mas isso nunca acontece. Eu acho que
posso entender sua raiva. Você não entende
por que eu faria algo assim, mas não tive
escolha.
Nunca amei ninguém além de você,
Radmir... e nunca amarei. Nada pode
mudar o fato de eu ser sua. Eu
simplesmente queria que você ainda
pensasse em você como meu.

Maio de 2012

Jake está dormindo em seu berço, e eu


provavelmente deveria estar dormindo
também, em vez de estar escrevendo aqui,
mas preciso me acalmar antes de amanhã.
Eu vou te ver... mesmo que você se recuse a
me encontrar. Eu ainda tenho esperança
que, com minha última carta, que incluía a
foto de Jake, você mudaria de ideia.
Ele é tão precioso, Radmir. Nunca pensei
que pudesse amar alguém assim... onde eu
lhe daria tudo para fazê-lo feliz. Olhar para
ele, segurá-lo, faz tudo valer a pena.
Minha dor e mágoa desaparecem com o
amor.
Só durante à noite as minhas lágrimas vêm,
quando eu imagino o que seria se estivesse
conosco.
Por favor, Radmir, por favor, me perdoe e
permita-me finalmente ver você.

Outubro 2013

Não posso mais fazer isso. Meu coração se


quebrou com cada silêncio, com cada
rejeição, mesmo que talvez eu merecesse
isso. Mas como você não pôde ver que casar
com Alex era a única escolha que eu tinha
para manter nosso bebê a salvo?
Pensei que poderia fazer isso, mas falar
com você, mesmo que por aqui, é tão
doloroso, e mal consigo respirar. Eu não
deveria ficar triste o tempo todo. Eu não
deveria sofrer tanto, e sim pensar no nosso
pequeno menino que precisa de uma mãe.
Eu não posso me concentrar mais em
minhas emoções, então é melhor desligá-
las, por enquanto.
Minha única esperança está no fato de que,
quando você sair, irá buscar a sua
vingança, e não sou ingênua o suficiente
para pensar que um homem como você não
me culparia nem quereria algum tipo de
justiça. Você, sem dúvida, virá atrás de
mim primeiro. Só espero que quando você
vier, veja o quanto eu amo você, e que,
apesar da aliança de ouro no meu dedo,
isso não significa nada, pois eu nunca
pertenci a outro.

Agosto de 2016

Eu prometi não escrever para você


novamente, porque era muito doloroso, mas
como eu não poderia fazê-lo depois que vi
um pequeno vislumbre de você pela
primeira vez em cinco anos?
Jake caiu no gelo durante a visita aos meus
pais, e embora todos tenham afirmado que
ele estava bem, queria que ele fosse
verificado pelo médico.
Ao preencher os papéis no balcão da
administração, eu ouvi seu nome ser
chamado pelos médicos enquanto era
empurrado na direção do ER com sangue
em cima de você. Eu não pude deixar de
encarar em choque, mal respirando com a
ideia de te perder. Eu te perdi, de certa
forma, todos aqueles anos atrás, mas saber
que você não existe mais neste mundo?
Apenas o pensamento me destruiu.
Pedi a mamãe que levasse nosso filho para
casa e depois fiquei no hospital, esperando
ouvir notícias suas. Uma das minhas
amigas da escola é uma enfermeira lá,
então ela me informou que tudo estava bem.
Bom, tão bem quanto poderia estar com
todas as feridas que você tinha e o coma.
Mesmo que você se recuse a me ver, não
tinha ideia de que você seria submetido a
esse tipo de tratamento na prisão.
Estupidamente, eu pensei que os membros
da máfia eram protegidos em tais
estabelecimentos, mas eram apenas ilusões
tolas.
Liguei para Alex a partir daí e disse-lhe que
o tempo acabou, os cinco anos se
passaram, e ele concordou comigo.
Enquanto ele não é um monstro, eu
realmente não posso suportá-lo e essa
fachada que nós estamos representando.
Graças a Deus, o processo de divórcio
começou.
Meu álibi escrito estava pronto, então tudo
que eu tinha que fazer era assinar com uma
data para que ele pudesse prosseguir.
No dia seguinte, entrei com Jake logo antes
do nosso voo de volta a Nova York. Dominic
chegou logo na hora e, por um momento,
nem o reconheci.
Ele mudou durante esses anos e
provavelmente ganhou um novo status.
Enquanto nada mais do que o ódio viesse
dele em minha direção - não que eu
estivesse esperando outra coisa, embora
eles não tenham feito nada para me ajudar
durante todos esses anos - o alívio jorra de
todos os meus ossos com o conhecimento
que você finalmente estará livre desse
pesadelo.
Eu sei que você virá até mim quando tudo
estiver pronto. Tudo o que tenho a fazer é
esperar.

Respirei fundo, repousei minha testa


contra o álbum enquanto silenciosamente
pedia perdão a Vivian, que teve que passar
por tudo isso sozinha. Assim como eu, em
seu maior momento de necessidade, ela
ficou sozinha, abandonada pelo homem
que prometeu estar sempre lá para ela.
Como ela poderia me tolerar?
Virando a uma última página, notei um
último parágrafo, mais curto que os
outros, mas as palavras foram como balas
em meu coração.

Junho de 2017

Você veio.
E em vez de consertar os pedaços
quebrados do meu coração... você o
destruiu. Mas, apesar disso, eu ainda te
amo. Alguma vez poderei ficar livre de todo
esse poder que você tem sobre mim?
Odeio minhas memórias. Odeio que eu
ainda mantenho sua cruz e anel de
noivado, que eu ainda tenho suas fotos
onde ninguém pode encontrá-las.
Eu me odeio por essa fraqueza, e odeio
você, porque você não a merece.
Colocando o álbum de lado, andei até o
balcão, apertei-o com força e derramei
todas as minhas emoções nele. Meus
ombros caíram enquanto eu respirava pelo
nariz, acalmando o animal dentro de mim
que queria destruir todos e a si mesmo por
ter ferido tanto sua mulher.
Eu acalmaria sua dor com meu amor, e a
envolveria em um casulo tão grosso que
nunca mais se sentiria sozinha.
Enquanto isso, o principal responsável por
nosso sofrimento teria uma morte
dolorosa. Foda-se o senso comum.
Ninguém machucava o que era meu e
ficava impune. Todo mundo pagaria por
cada lágrima que minha mulher
derramara.
Dez dias depois..

Vivian

— Mamãe, papai virá para o vovô? — Jake


subiu no banco ao lado de onde eu tinha
sentado e estava folheando as fotos preto e
branco da recente sessão que eu fiz para
capturar uma geração de mulheres que
sempre escolheram ser médicas como
profissão. A família morava em Houston.
Eu tinha viajado há alguns meses para
estudar a história da família, e sua história
me intrigou. A parte mais interessante foi
que as mulheres não escolheram medicina
porque era tradição. Encontraram sua
vocação e adoraram ser cirurgiões. Como
resultado, eu tirei fotos delas durante o
trabalho, e elas compartilharam algumas
de suas fotos antigas comigo. O crédito
deveria ser dado quando era devido. Por
causa disso, criei uma incrível coleção de
fotos que eu esperava exibir na minha
galeria no inverno. Foi por isso que viajei
para Houston junto com Jake, para obter
sua permissão por escrito sobre as fotos
finais.
— Espero que sim, docinho.
Ele franziu a testa, claramente não
gostando da minha resposta, e então
descansou sua bochecha no meu ombro.
— Eu vou sentir falta dele. — ele
finalmente disse, e eu coloquei de lado as
fotos, puxando-o para meus braços e
bagunçando seus cabelos.
— Você não vai nem notar como o tempo
voa.
Enquanto eu não perdoei os meus pais por
não me apoiarem quando eu mais
precisava deles, eles amavam Jake e ele
adorava visitá-los. Enquanto tudo
permanecesse bem, não me incomodava
em deixá-lo ver seus avós. Afinal, nem
Radmir nem eu tínhamos outra família
viva.
A Bratva não contava como uma família.
Eu costumava, quando Yuri, Gleb, e até
mesmo Dominic me aceitavam como a
mulher do Sovietnik. No entanto, nenhum
deles me ajudou, então eu guardei rancor,
e não tinha certeza de que qualquer coisa
me faria vê-los de uma forma diferente. Só
o tempo diria.
— O vovô me prometeu que poderíamos
pescar e acampar! — seus olhos se
abriram. — Tudo por conta própria.
— Ele prometeu, hein?
Quando meu pai aprenderia a me
consultar primeiro antes de prometer algo
ao meu filho? Ele tinha sorte que eu não
me importava, porque a pesca e o
acampamento ocorriam na terra do
rancho. Já que cresci lá, eu não tinha
medo que acontecesse algo perigoso.
— Sim. Posso levar minha câmera
comigo?
No último Natal, ele ganhara uma câmera
Polaroid especial para gravar seus
momentos favoritos e pensei que era uma
ótima maneira para ele apreciar a arte.
— Claro, baby. — ele sorriu e depois tirou
o iPad para assistir algum desenho
animado enquanto eu olhava para o céu
azul claro e pensava nos últimos dez dias
que passamos como família.
Nós fomos a vários shoppings, parques,
patinação no gelo e sorveterias e pizzarias.
Jake queria mostrar a seu pai tudo o que
ele gostava, e nós até assistimos ao show
da Broadway do Peter Pan. Os meninos
ficavam juntos enquanto eu trabalhava, e
como Radmir tinha prometido, os membros
da Bratva eram invisíveis para nós. Eles
provavelmente nos seguiam; Afinal, ele
pertencia a um mundo perigoso, mas
enquanto não ficassem atrás de nós em
seus ternos pretos com faces de pedra, eu
não me importava.
Jake estava geralmente exausto até o final
do dia. Ele só tinha forças para comer um
pouco, e no momento em que sua cabeça
tocava o travesseiro, ele adormecia.
E durante esse tempo, tinha a atenção
total do Sovietnik enquanto ele usava meu
corpo das maneiras mais experientes,
trazendo-me nada além de prazer e criando
um casulo ao nosso redor, onde tudo
deixava de existir. Nós fazíamos amor por
horas enquanto ele tocava meu corpo como
um instrumento e lembrava-me que ele era
sintonizado com cada toque e respiração.
Simplificando, estávamos vivendo como
uma família normal e quase acreditei que
poderíamos ser felizes juntos, deixando o
passado para trás, mas não levei em
consideração seu plano de vingança.
Sempre que nos deitávamos na cama, ele
esperava até que eu adormecesse, ou então
ele achava, e então se esgueirava para
conversar com os membros da Bratva. Ele
sorvia o café na sala logo depois, lendo
vários jornais que ele escondia de mim.
Muito curiosa, ignorei seu aviso, e quando
ele estava no chuveiro, eu os examinava.
Graças a Deus, eu mantive minhas aulas
russas ao longo dos anos e fiquei fluente
na língua; Caso contrário, eu teria tido
uma dor de cabeça de seu alfabeto.
Os papéis quase deslizavam pelos meus
dedos, porque eles tinham nomes e locais
de pessoas envolvidas em seu caso.
E um dos nomes que ele marcou foi o do
meu pai.
Como construir uma vida juntos se ele
planejava matá-lo? Infelizmente, não tive
tempo para discutir com ele, porque ele
recebeu uma ligação e seu rosto se
transformou em uma carranca furiosa. Ele
desligou rapidamente, mal me beijou
dizendo adeus e desapareceu.
Eu não conseguia ligar para o seu telefone,
porque estava desligado, então eu não tive
escolha a não ser embarcar no avião,
enquanto ele provavelmente não tinha
ideia de que nós tínhamos ido embora.
Eu só esperava que ele não ficasse zangado
comigo uma vez que descobrisse, mas
tinha a sensação de que o homem faria eu
me arrepender.
Suspirando de frustração, beijei meu bebê
na cabeça e peguei novamente as fotos,
esperando que isso levasse meus
pensamentos deprimentes para longe.
Radmir

Gleb agarrou meu ombro, me impedindo


de entrar no armazém e nossos olhos se
encontraram. Yuri e Petor fumavam atrás
de nós perto do carro. Eles já
abandonaram a tentativa de falar comigo.
Misha apenas sorvia seu chá, sentado no
banco e lendo o jornal como se fosse a
merda de um piquenique.
Gleb segurou meu olhar por um minuto e
disse:
— Faça o que você precisar, cara, mas
lembre-se de sua família. — com um
tapinha nas costas, ele finalmente saiu do
meu caminho e entrei, minhas botas
pisando fortemente sobre o concreto,
ecoando pelo lugar.
Como sempre, a única lâmpada era a do
teto para que ela pudesse brilhar contra a
vítima que estava sentada na cadeira, seus
olhos vendados e as pernas em algemas
presas ao chão. Ele respirava
pesadamente, enquanto o suor encharcava
sua camisa branca e a transpiração podia
ser vista em sua testa.
— Você não pode fazer isso comigo! — ele
gritou, e quase ri. Isso era tudo o que ele
tinha?
Removendo minha jaqueta, joguei na mesa
e enrolei as mangas enquanto colocava um
avental preto. Eu não precisava de suas
manchas de sangue na minha roupa.
Colocando luvas de látex, examinei a mesa
cheia de brinquedos, especialmente os
novos que eu pedi para este dia especial.
Coleção de facas, alicates, grampos,
martelos. Injeções diferentes que poderiam
trazer euforia ou loucura e drogas.
Fósforos, ceras, e até mesmo formigas
vivas que poderiam rastejar para dentro de
seus lugares mais íntimos e fazer um
inferno.
Nada estava fora dos limites para um
homem que acreditava que a vingança era
direito dele.
— Você pagará por isso. — gritou o filho
da puta, e desta vez eu falei:
— Eu não soltaria ameaças inúteis, Ben.
Ele congelou quando ouviu minha voz e
então começou a sacudir a cadeira
violentamente, mas ela não se movia, não
importava o quanto ele tentasse.
— Você vai para a prisão por isso, Radmir.
Se me tocar, vou te arruinar. — ele
grunhiu, mas eu simplesmente ri de sua
raiva.
Ele me divertia, o que sempre era uma
vantagem durante a tortura.
— Se você viver tempo suficiente para
contar.
Ele congelou quando peguei uma faca
afiada e serrilhada que estava ao lado dele.
Sua mandíbula se contraiu quando o
rápido batimento de seu coração se tornou
evidente em seu peito como se ele tivesse
corrido uma maratona. Inclinei-me mais
perto de sua orelha, assim ele ouviria tudo
o que eu dissesse.
— Eu ia poupar sua vida, assim você iria
viver com todas as cicatrizes, lembrando de
mim até o dia da sua morte.
Ele respirou pesadamente, engolindo o ar
com medo, enquanto eu escovava a lâmina
sobre suas costas, rasgando sua camisa e
expondo sua pele. Então, sem aviso prévio,
mergulhei mais fundo e pressionei
verticalmente, criando uma ferida
profunda que jorrou sangue. Ele gritou em
agonia, mas não conseguia se afastar da
tortura. Em seguida, eu despejei sal sobre
ela, de modo que arderia mais. Me
movendo para o lado, eu o esfaqueei no
intestino com todas as minhas forças,
fazendo-o gemer e começar a engasgar.
Voltei à mesa e escolhi os alicates desta
vez.
— Por favor, Radmir. Eu farei o que
quiser.
Agarrei seu cabelo dolorosamente e puxei
sua cabeça para trás.
— Ok. Eu vou considerar isso. — ao
estalar a minha língua, eu acrescentei: —
Mas você me dará as informações que eu
preciso primeiro.
— Eu não sei de nada. Eu juro.
— Ben, Ben. Eu devo ter sido gentil com
você, já que você ainda está mentindo.
Ele poderia ter feito da minha vida um
inferno na prisão apenas por não se
importar ou simplesmente porque ele não
gostava dos membros da Bratva. Eu quase
poderia acreditar nisso.
Mas permitir que os presos me
espancassem sem piscar, mantendo Vivian
longe de mim e sempre tentando minar
minha reputação entre outros? Isso não
era sobre uma vingança pessoal.
Era uma ordem cuidadosamente planejada
que o rapaz seguia religiosamente.
Ajoelhando-me, peguei sua mão, e sem
remorso, cortei um dedo enquanto ele
gritava em agonia, o som irritando meus
ouvidos, e depois cortei outro para que ele
não desperdiçasse seus pulmões por nada.
— Você quer mudar sua resposta agora?
Ele cuspiu o excesso de saliva de sua boca,
e eu notei um ponto molhado em suas
calças pretas que me enojou.
Aparentemente, você tinha que crescer na
irmandade para aceitar uma punição como
um homem.
— Eu... — ele começou, sua voz mal
escapando de seus lábios. — Eu...
— Infelizmente, essa não é a resposta à
minha pergunta. — ele ficou tenso,
esperando o alicate voltar para seus dedos,
mas, em vez disso, me levantei e coloquei-o
de volta na mesa. O divertido era o
inesperado, afinal.
A gasolina nas minhas mãos parecia uma
boa ideia, então eu a respinguei sobre ele,
e em um minuto, o cheiro permeou o
armazém, e agradecia por isso porque
bloqueou os cheiros nocivos que ele
produziu. Ele balançou a cabeça com força
e murmurou algo que não consegui ouvir.
— Desculpe, Ben. Seu discurso não foi
suficientemente coerente para mim. — eu
joguei com os fósforos em minhas mãos,
fazendo com que eles esfregassem um
contra o outro, e ele empalideceu ainda
mais, se fosse possível.
Apesar de tudo, ele valorizava sua vida. A
maioria das pessoas nem sabia o quanto
queriam viver até que alguém ameaçasse
matá-las.
Como parte da minha vida na irmandade,
eu tinha tirado vidas muitas vezes e, cada
vez, me machucava e enegrecia meu
coração. Essas pessoas apenas cometeram
erros e às vezes mereciam uma segunda
chance.
De pé na frente de Ben, não podia esperar
para matá-lo e não sentiria culpa. Ele era
um guarda abusivo que nunca se casou ou
teve amigos, porque preferia passar o seu
tempo livre torturando os presos. Todo
mundo o odiava, e tanto quanto tentei
encontrar qualidades redentoras nele, eu
falhei.
— Eu vou te contar tudo. — ele finalmente
sussurrou, e eu me aproximei. —
Desculpe-me por ter tratado você mal. —
ergui as sobrancelhas, chutei-o com força
entre as pernas e ele gemeu alto.
— Quem pediu que você fizesse isso?
Ele engoliu em voz alta, com sua força
deixando-o provavelmente da ferida nas
costas e os dedos perdidos, mas ele
lambeu os lábios secos e respondeu,
ofegante:
— Um homem veio falar comigo logo
depois de você entrar na prisão, me
esperou do lado de fora e ofereceu um bom
dinheiro se eu prometesse fazer da sua
vida um inferno. Eu recusei, porque ele
parecia louco e jovem. Quem teria esse
dinheiro? — ele engoliu mais ar e
continuou: — Ele então me deu o cheque e
a quantidade quase me fez desmaiar. Eu
esperava que a Bratva saísse dos arbustos
e aparecesse com uma câmera para que
eles pudessem usar isso em um
julgamento ou algo assim. Nada aconteceu,
então eu aceitei.
— Qual era o nome dele?
Todos - bem, exceto Conrad, já que eu não
me importei muito com sua história -
mencionavam exatamente o mesmo.
— Eu não sei. Ele me pediu para chamá-lo
de Diretor, e desde que o cheque chegasse
todos os meses, não me incomodei em
perguntar.
Diretor.
Como um homem que liderava os atores,
indicando que tudo era apenas um show
para ele? Então, quem era eu? A porra da
audiência?
Afinal, o show era para o meu benefício.
— Isso é tudo? — eu joguei com os
fósforos novamente, apenas para agitá-lo,
mas ele acenou com a cabeça.
— Não sei de mais nada. A única coisa
que ele pediu foi para eu mantê-lo vivo. Ele
não queria que você morresse, e ele ficou
bravo quando pensou que eu tinha
organizado aquela emboscada para você há
um ano. — ele rapidamente implorou: —
Não fui eu. Não tenho ideia de quem fez
isso.
Ele precisava de mim vivo. Mas por que?
Se ele me odiava tanto e gostava de me
infligir sofrimento, não seria lógico me
matar?
A menos que ele pensasse que eu devia
pagar por alguma coisa, e minha vida com
dor era sua vingança? Nada estava se
encaixando aqui.
A única pessoa que poderia ter tal desejo
seria... Foda-se.
Edward Jackson, o pai de Vivian.
Tudo voltava a ele. Ele não tinha álibi
durante a noite, ele odiava minhas tripas
por tocar sua filha, e ele era rico o
suficiente para pagar a todos.
Eu teria considerado Alex Jordan, mas
com sua vida secreta, não poderia ser ele.
Yuri encontrou informações sobre ele e
algumas fotos, e digamos que o cara estava
muito ocupado com seus próprios
problemas para organizar tudo isso. No
momento do julgamento, ele estava fora do
país e voltou uma vez que o veredicto foi
anunciado. Uma pessoa com tanto ódio em
relação a mim teria ficado e apreciado o
show de sua realização.
Meu grand finale seria matar a pessoa
responsável pelo meu sofrimento, mas
como eu mataria o pai da mulher que eu
amava?
Ben implorou:
— Por favor, leve-me ao hospital. Eu
nunca vou contar sobre você.
Retirei a venda de seus olhos, e ele piscou
rapidamente para mim enquanto eles se
ajustavam à luz, e eu gostei do medo
evidente neles.
— Misha. — eu chamei, e em um segundo,
ele entrou no armazém com luvas e
alguma merda líquida, porque ele
trabalhava com os dispositivos de tortura.
Ele limpou algo no chão, enquanto eu
retirava o avental e as luvas e voltava a
colocar minha jaqueta. Em cinco minutos,
Misha terminou, e ele saiu sem olhar para
trás.
— Radmir? — a voz de Ben tremeu
enquanto ele tentava entender o que
estava acontecendo.
— Sempre que imaginei torturá-lo, você
sempre ficava vivo no final. Eu só queria
que você sofresse por toda a sua vida,
lembrando-se deste dia. — ele exalou em
alívio, mas não terminei. — Mas você
machucou minha mulher. Você a deixou
vir a mim todos os meses e depois a
rejeitou. Você feriu a coisa mais preciosa
neste mundo para mim, e por causa disso,
você terá uma morte dolorosa, Ben. Porque
ninguém machuca o que é meu.
Com isso, acendi o fósforo e joguei no
chão. O fogo se espalhou rapidamente e
atingiu seu corpo enquanto ele gritava por
ajuda.
Fechei a porta atrás de mim. Os rapazes já
estavam sentados no carro, e depois que
eu entrei no Gelenvagen, Petor dirigiu
enquanto Yuri e o resto seguiam em outro
carro. Quando estávamos a uma certa
distância do lugar, ele explodiu, e se não
fosse pelos carros à prova de balas,
poderíamos ter sentido ou ouvido algo.
Em vez disso, tudo o que experimentei foi
uma imensa felicidade de que o filho da
puta estava morto. Apertando a tela do
meu telefone, disquei o número de Connor.
Ele atendeu no terceiro toque. — Está
feito.
— DNA?
— Misha removeu tudo.
— Eu cuidarei do resto.
— Connor?
— Sim?
— Obrigado.
Connor era um agente do FBI que seguia a
lei e não se envolvia no estilo de vida da
Bratva. Mas ele interferia quando a
injustiça acontecia, e especialmente
quando Dominic ou Damian lhe pediam.
Ele e sua irmã foram resgatados pelos
gêmeos há muito tempo, e escaparam de
um destino pior do que a morte, graças a
eles.
— Foi a primeira e última vez, Radmir,
apenas porque nosso sistema de justiça
lhe devia uma. Não me peça novamente. —
com isso, ele desligou e eu ri de sua
atitude.
Sistema de justiça.
Hilário seria quando ele descobrisse que a
mulher que amava era, na verdade, a filha
de um dos chefes de máfia mais
implacáveis da Itália e não uma hacker do
FBI, como ele achava que era.
Gostaria de ver o que ele diria então.
— Leve-me para a cobertura
primeiramente para que eu possa tomar
banho e me trocar. Então iremos para
Vivian.
De jeito nenhum, tocaria minha família
depois disso sem me limpar primeiro.
Descansando a cabeça no assento, a paz
se instalou sobre mim quando me lembrei
da minha família e do tempo que passamos
juntos. Nunca tinha sentido tamanha
felicidade.
Isso me dava esperança de um futuro
brilhante, um futuro que nos foi negado há
tanto tempo. Mas não poderíamos viver
assim pelo resto de nossas vidas. Ela teria
que vir comigo e aceitar meu estilo de vida.
Nós éramos pra valer, e prolongar isso só
adiava o inevitável.
— Sim, sobre isso... — Gleb limpou a
garganta. — Eles estão no Texas.
— O quê? — ele deve estar enganado.
Minha mulher não partiria para qualquer
lugar sem me contar primeiro.
— Ela teve que viajar por causa de um
trabalho ou algo assim. Eles estão
hospedados no rancho dos pais dela. Ela
ligou para você, mas seu telefone estava
desligado, então... — ele parou e a fúria
percorreu-me junto com o medo.
Eles estavam com um homem que os tirou
de mim, e Vivian achava que era aceitável?
Não mais!
— Aeroporto. Ligue para Oleg para
preparar o avião. Vamos viajar para
Houston primeiro.
— Primeiro? — perguntou Petor.
— Depois voltaremos para Moscou. Cansei
dessa besteira dos Estados Unidos.
Parecia que a decisão não era mais de
Vivian.

Vivian

O enorme relógio de madeira tiquetaqueava


alto na cozinha dos meus pais enquanto
Jake cavalgava ao lado do nosso ajudante,
Jackie.
Mamãe tomou um gole de café
nervosamente, olhando entre meu pai e eu
enquanto ele olhava para o copo dele e eu
esperava por sua reação.
Acabei de informá-los sobre Radmir e
nossa relação. Precisavam saber sobre as
mudanças na minha vida e a decisão que
tomei em relação ao nosso futuro.
Culpado ou não, Radmir me fez uma
promessa há muito tempo, que ele não
mataria meu pai. E se ele fosse
considerado culpado e quisesse levá-lo à
lei, eu iria apoiá-lo nisso, porque era o
certo fazer. Minha mente e meu coração
não acreditavam que isso pudesse ser
verdade. Meu pai não era tão cruel.
Controlador e implacável sim, mas não
cruel.
Radmir era necessário na Rússia, porque
ele tinha responsabilidades, e eu não
poderia mantê-lo no limbo por mais tempo.
Adorava a Rússia e poderia imaginar viver
minha vida lá; O país sempre ocupava um
lugar especial no meu coração. Jake não
tinha escola ou impedimentos aqui até
agora, e eu sempre poderia viajar à
trabalho. Connie, minha assistente,
poderia facilmente cuidar da galeria
quando eu não estivesse por perto.
Nós nos amávamos. Nós tínhamos uma
criança. Era hora de começar a viver nossa
vida sem olhar para o passado.
— Depois de todo esse tempo, ele ainda é
sua escolha. — disse papai, levantando os
olhos para mim e pude ver as emoções
conflituosas dentro deles.
— Ele sempre foi minha escolha, pai. Você
que se recusou a ver isso.
Ele acenou com a cabeça, levantou-se do
seu assento e pensei que ele iria embora,
mas, em vez disso, ele segurou meu rosto e
apertou sua bochecha contra meu cabelo
enquanto envolvia sua mão em volta do
meu pescoço.
— Eu não posso parar você, nem quero.
Sinto muito, garota, se eu ajudei a
arruinar sua vida. Nunca foi minha
intenção. Tentei criar uma bela princesa de
tranças e, um dia, ela diz que ama um
criminoso. Não teria feito nenhum pai feliz
e eu me recuso a me desculpar por te
amar. — ele me beijou na testa e se
afastou, deixando-me sem palavras.
— Apesar do que você acha, querida, nós
a amamos. — voltei minha atenção para
minha mãe, que colocou a caneca sobre a
mesa com cuidado, suspirando
pesadamente. — Eu direi o que deveria ter
dito todos aqueles anos atrás. Siga seu
coração e faça o que você acha que é certo.
— ela cobriu minha mão com a dela. —
Somente lembre-se que você sempre terá
uma casa. Você nunca vai precisar estar
na situação que todos nós a colocamos há
seis anos.
Meus olhos embaçaram, mas eu não deixei
cair as lágrimas, porque elas teriam
arruinado o momento.
Meus pais, à sua maneira, me deram a sua
benção para prosseguir minha vida com
Radmir, mesmo que não o apoiasse. Tanto
quanto eu não me importava com o que
eles tinham a dizer, aquilo acalmou meu
coração como mel em cicatrizes de
queimadura, eliminando alguns dos danos
que infligiram. Apesar do passado, nunca
quis perdê-los como meus pais.
— Obrigada, mãe. — eu uni nossos dedos.
— Nós podemos estar juntos.
Ela sorriu fracamente. — Não tenho
certeza de que seu homem deseje nos
conhecer.
Bem, muito provavelmente era verdade.
Ele não os aceitaria gentilmente, já que
tinham nos ferido. Porém sua Bratva
também me machucou, e ele ainda
trabalhava e morava com eles.
— Nós encontraremos uma forma. — eu
disse, e com um aceno de cabeça, ela
limpou as lágrimas de suas bochechas e
riu de repente.
— Você já viu as novas fotos da Tina?
Essa garota me deixará louca.
Eu cobri meu rosto. — O que mais ela quer
para o casamento?
— Cisnes, ela quer cisnes de verdade
nadando, enquanto pombos voam, e suas
fotos serão tiradas quando a brisa estiver
leve.
— Eles estão planejando um casamento
para junho... aqui. Uma brisa leve será
difícil de conseguir.
— Meus pensamentos exatamente. —
então o rosto de mamãe ficou com uma
expressão melancólica enquanto colocava
as canecas sujas na pia. — Às vezes, eu
acho... — ela balançou a cabeça. — Não,
provavelmente é só paranoia minha.
Franzindo o cenho contra sua hesitação,
abracei os meus joelhos e perguntei em voz
alta:
— O que foi? Você pode me dizer, mãe.
Ela se virou e se inclinou no balcão da
cozinha enquanto olhava para fora pela
janela. — Eu sinto que ela não quer esse
casamento, como se algo a prendesse.
Sempre que pergunto sobre isso, ela se
fecha para mim.
Pensando nisso, havia verdade em suas
palavras. Tina era animada e feliz com
tudo, exceto com o evento próximo. Mas
ela tinha dez meses para pensar sobre isso
e mudar de ideia se quisesse. Todos
gostávamos de John, mas, se não tivesse
certeza, nem sequer deveria considerar se
casar com ele. Ela teve complicações
suficientes para durar toda a vida.
Abri minha boca para tranquilizá-la de que
Tina era uma garota esperta, quando
mamãe engasgou alto e piscou
rapidamente como se não acreditasse em
seus olhos.
— Há um motoqueiro lá fora na fazenda!
Motoqueiro?
— Tatuagens sobre os músculos.
Assustador. O que ele está fazendo aqui?
Oh, Deus.
Rapidamente correndo para a janela,
encontrei Radmir confrontando meu pai
enquanto eles conversavam sobre algo, e
eu quase podia ver a tensão entre eles de
tão espessa.
— Aquele não é um motoqueiro, mamãe.
Esse é o meu homem.
Eu corri para o exterior, esperando parar
isso antes que avançasse até um ponto
sem retorno.
Radmir

Parando o carro no meio da fazenda


empoeirada, coloquei minha testa no
volante, perguntando-me se aquela era
uma boa decisão nesta situação.
Meu interior gritava para que eu fosse
bater no filho da puta e depois matá-lo
sem remorso, assim ele nunca pensaria em
machucar minha família ou a mim. Uma
onda de raiva deslizou por minha pele
como se me exortasse a me ouvir.
Mas então outra voz falou, lembrando-me
que ele não era apenas um homem que
ferrou tudo e que eu tinha o direito de me
vingar dele. Ele era o pai da minha mulher
e o avô do meu filho que, apesar de tudo o
que fizeram, ainda era amado por eles. Eu
poderia olhar nos olhos deles se o
matasse?
Vivian nunca me perdoaria, e qual era o
objetivo da minha vida se ela não estivesse
nela?
Ao levantar a cabeça do volante, bati na
coisa algumas vezes com todas as minhas
forças até que a dor disparou das minhas
juntas para o meu braço e eu parei.
Assim como naquela época, não tinha
escolha a não ser aceitá-lo. Mas foda-se se
eu ficaria quieto sobre isso e não o
colocaria na prisão pelo que ele fez.
Ele merecia punição.
Saindo do Gelenvagen, bati a porta com
força e fiz um gesto para que Yuri e Gleb
ficassem, mesmo que tivessem suas armas
prontas. Nós não ficaríamos por muito
tempo. Minha família teria que ser levada
de volta para onde eles pertenciam.
Enquanto seu pai não estivesse atrás das
grades, não estávamos seguros, e eu não
iria arriscar minha família novamente.
Vivian teria que lidar com isso.
O homem em questão estava perto da
cerca, onde dois homens tentavam
dominar um cavalo da cor da lua que não
queria ouvi-los. Edward descansou uma
perna em um tronco, enquanto um braço
descansava no trilho superior e os
estudava com uma expressão melancólica
e triste.
O orgulho sofisticado habitual
desaparecera dele. Seus ombros estavam
caídos e ele parecia ter envelhecido alguns
anos desde a última vez que nos vimos.
— Eu sabia que você viria em algum
momento. — sua voz estava desprovida de
qualquer emoção. Depois de um último
olhar para seu cavalo, ele se virou para
mim e seus olhos verdes exaustos
encontraram os meus furiosos.
— Pensou que eu pouparia você só porque
é o pai dela?
Ele riu.
— Não, eu tinha certeza de que você viria
atrás de mim no instante em que estivesse
livre. Você realmente me deu mais tempo
que eu esperava. — ele removeu o chapéu
Stetson, pendurando-o na cerca. — Elas
estão na casa tomando chá gelado. Você
não fará isso na frente delas, certo?
Ele apontou para o seu enorme rancho,
que estava localizado em trezentos
hectares, cercado por uma bela natureza e
tinha mais gado do que se podia contar.
Gritava dinheiro, status e luxo. A casa foi
construída com os carvalhos mais fortes e
a enorme construção lembrava-me de um
castelo. Tinha dois andares, com uma
varanda enorme que tinha uma vista de
todo o rancho. A casa estava em um
pequeno morro, os estábulos e o cercado
de treino a várias centenas de metros de
distância. Vivian me dissera uma vez que
eles até tinham um pequeno jardim de
rosas em algum lugar.
— Vejo que você já ouviu falar sobre meus
métodos.
O velho estava agindo estranho como o
inferno e alegre sobre tudo. Ele nem se
importava em ser pego?
— Difícil não ter, considerando que você
matou todos os outros envolvidos em seu
caso. — ele deve ter visto minha surpresa,
porque riu novamente, embora não tivesse
humor. — Você foi discreto sobre isso e
ninguém pode rastreá-lo, mas vamos lá.
Não é difícil de adivinhar.
Cansado dessa besteira, eu decidi fazer
uma pergunta que estava em minha
cabeça durante todos esses anos, antes de
ligar para Melissa para que ela pudesse
levá-lo sob custódia.
Então, esse pesadelo poderia finalmente
acabar. Mesmo que tivesse tomado um
banho completo depois de matar Ben, seu
sangue ficaria em minhas mãos para
sempre, e não pude deixar de sentir sujo
para tocar meu filho depois disso. A vida
na Bratva não era fácil. Eu quase nunca
tive que torturar ou tirar uma vida; Não
era o trabalho do Sovietnik. Eu estava me
transformando em uma pessoa que não
reconhecia, e tinha que parar com isso
para manter minha família.
Vivian me amava, mas ela não ficaria
comigo se eu continuasse matando
pessoas. E por esses princípios, eu a
amava ainda mais.
— Por que você fez isso?
Ele jogou a cabeça para trás, olhando para
o céu azul claro.
— Eu tentei proteger minha filha o melhor
que pude. Sabe... — ele virou o rosto para
mim, enquanto um pequeno sorriso
puxava seus lábios. — Ela era um bebê tão
bom. Sempre curiosa sobre o mundo, as
pessoas e a vida. Ela vinha comigo em
viagens de pesca e reuniões de negócios,
enquanto Tina e sua mãe faziam compras.
Dizem que você não pode ter favoritos
entre seus filhos, e tanto quanto eu amo
minhas duas filhas igualmente, nós
compartilhávamos uma conexão especial.
Ela era minha princesa. Mas ela estava tão
triste... Eu sempre tive medo de não poder
protegê-la. — ele esfregou o queixo. — E
acabei fazendo exatamente isso.
— Então você a vendeu para Alex Jordan?
A raiva passou pelos seus olhos, enquanto
suas costas se endireitavam.
— Eles pareciam uma boa combinação.
Ela fugiu antes que eu pudesse explicar
que ninguém a obrigaria a fazer nada.
Então ela conheceu você e sua vida nunca
mais foi a mesma. — seu maxilar apertou e
ele desviou o olhar quando a fúria
aumentou dentro de mim novamente.
— E você a puniu por isso.
Uma sombra cruzou o rosto.
— De certa forma. Eu deveria tê-la
ajudado quando ela estava grávida em vez
de afastá-la, mas esses são meus
arrependimentos. Eu tenho que viver com
eles. Quando ela se casou com Alex, pensei
que ela seguiria em frente. Demorou um
ano para descobrir a verdade.
Como se isso mudasse alguma coisa. Ele
nem sequer ofereceu sua ajuda naquela
época. Que tipo de pai ele era? Suas
ambições eram mais importantes que sua
filha?
— Se você não fosse importante para ela,
eu iria matá-lo.
E como eu desejava que ele fosse apenas
um sujeito aleatório que poderia pagar por
todos esses anos que perdi na prisão. Os
anos que eu não estive com minha mulher
ou meu filho. Matar todos os outros foi
satisfatório, mas de que adiantava, quando
o Diretor escaparia sem punição?
— Mas, uma vez que isso iria quebrar o
coração de Vi, você irá apodrecer na
prisão.
Eu esperava todos os tipos de reações
diferentes de Edward, de alívio a raiva.
Afinal, para um homem orgulhoso como
ele, o que poderia ser pior? Ele não se
importaria de morrer, mas esse tipo de
humilhação pública poderia quebrá-lo.
Em vez disso, eu consegui uma carranca
como se ele não pudesse entender minha
decisão.
— Com base no que? — ele questionou.
Ele teve a coragem de me perguntar isso?
Este homem era inacreditável.
— Por me enquadrar pelo crime que você
cometeu. É sua vez de pagar pela vida de
Cliff e apodrecer na prisão. Nenhum
advogado no país irá ajudá-lo. — gritei,
lançando as palavras que ele me disse
todos aqueles anos atrás em sua cara.
— Você está louco, porra? — gritou, seu
rosto ficando vermelho enquanto as veias
em seu pescoço inchavam e ele respirava
pesadamente. — Eu não fiz isso! Por que
eu mataria um homem inocente?
— Para me colocar na prisão!
— Você era um criminoso. Claro que não
queria você perto dela. Isso apenas
solidificou minha crença de que você não
era bom o suficiente para ela. Eu não o
matei.
Foda-se, o velho não cairia com sua
dignidade intacta.
— Corte essa besteira e desista, Edward.
Ninguém mais tinha motivos para armar
para mim, além de você. Eu matei e
torturei todos os outros. Tenho que te dar
crédito, pensei que fosse Alex. Mas com
sua vida secreta, ele não precisa disso.
Então resta apenas você. Quem mais faria
isso?
— Agora escute aqui. — ele bateu em meu
peito, me empurrando para trás um pouco
enquanto seu rosto se aproximava do meu,
e eu praticamente vi o vapor sair de seus
ouvidos. — Talvez eu tenha feito algumas
merdas na minha vida, mas nunca matei
ninguém. Isso é insano! — ele
praticamente cuspiu as últimas palavras, e
estudando suas feições, não consegui
detectar nem um pingo de mentira.
Se não fosse ele, quem poderia ser?
Quem poderia me odiar tanto que iria bolar
esse plano e nem estar no meu radar?
Nada estava se encaixando aqui, e não
gostava disso, especialmente quando meu
instinto gritava que algo estava errado e
que faltava uma informação importante.
No entanto, uma coisa estava clara para
mim.
Não se tratava de odiar apenas eu, porque
me colocar na prisão só conseguiu uma
coisa.
Vivian estava livre para ser tomada, e a
mensagem que recebi naquela noite teve
mais significado do que nunca.
E se ele não queria me matar... significava
que queria que Vivian estivesse presa no
limbo, assim ela nem pensaria em
conhecer outra pessoa.
— Blyat11. — murmurei, e naquele
momento, Vivian correu para fora,
parecendo ridiculamente fora de lugar com
suas calças apertadas e pretas e uma
camisa púrpura com mangas de renda que
enfatizava seus traços delicados e beleza
feminina.
Todos os homens nas proximidades
poderiam ver seus seios bonitos!
Grunhindo, tirei minha jaqueta e estendi a
ela, e ela deve ter lido algo nos meus olhos,
porque a pegou com um rolar de olhos.
— O que está acontecendo? — perguntou,
confusa.
— Nós estamos saindo. Agora.
Seus olhos se arregalaram, e ela abriu a
boca, provavelmente para reclamar,

11
Foda-se, em russo.
quando Jake agarrou meu joelho depois de
sair dos estábulos. — Papai! Você veio!
Me dispus a me acalmar, porque meu filho
não precisava ver minha fúria, então eu o
peguei e o deixei me abraçar. Inalando seu
perfume, voltei a lembrar-me de como ele e
sua mãe eram preciosos, e como era
impossível ficar aqui, especialmente se
aquele Diretor estivesse perambulando por
aí, esperando o momento certo para
atacar.
Eu não seria tão estúpido desta vez. Se ele
me desejasse, poderia tentar machucar
minha família ou a mim na minha terra,
onde sua palavra não significava nada. Já
tínhamos jogado no seu território.
— Claro, amigo. Você poderia fazer algo
por mim? — ele assentiu ansiosamente. —
Vá para a casa, pegue sua mochila e diga
adeus para a vovó. Precisamos ir.
Ele franziu a testa, mas sem outra
palavra, ele fez o que eu disse a ele.
— Radmir, para onde vamos?
Ignorando-a, eu enfrentei seu pai, que
ficara em silêncio durante toda a troca,
mas então ele deve ter chegado à mesma
conclusão, porque empurrou o queixo um
pouco como se eu precisasse de sua
aprovação.
— É melhor, Vivian.
— Papai, o que diabos está... — ela fechou
a boca enquanto Jake corria para nós com
sua mochila pesada em seu ombro.
— Tchau, vovô. — ele abraçou Edward
apertado, e o velho retornou enquanto
dava um tapinha em suas costas e a
alegria encheu seu rosto.
Pelo menos ele amava meu filho apesar
dele ser meu. Como ele conseguia, se
odiava meu bastardo no começo? O
homem me desprezava tanto que ele
provavelmente o chamava apenas disso.
Minhas mãos fecharam-se em punhos, e
eu queria socá-lo, mas me segurei.
— Gleb, carro. Filho, vá com meu amigo
aqui. Mamãe e eu seguiremos você em um
segundo.
Meu executor estava atrás de mim. Eu
nem precisava verificar. Ele era como uma
sombra, que se manifestava em todos os
lugares.
— Ei, homenzinho, eu sou Gleb.
Jake apertou a mãos dele e depois gritou.
— Você tem uma tatuagem de hóquei em
você!
— Fui um goleiro durante o ensino médio.
— Legal. — enquanto se moviam em
direção ao carro, suas vozes
desapareceram; Apenas gritos excitados
foram ouvidos à distância.
— Vivian.
Ela cruzou os braços.
— O que? Devo voltar para a casa e pegar
minha mala também? Isso é um pedido?
— ela olhou para mim, zombando da
minha fala anterior.
— Venha comigo voluntariamente...
— Ou?
— Ou eu vou arrastar você. A escolha é
sua.
Sua boca se abriu enquanto seu pai nos
observava, fascinado por algum motivo.
Por que diabos ele queria ouvir nossa
discussão?
— Tente. — ela desafiou, mas depois deu
um passo para trás, provavelmente
entendendo o quão estúpido era desafiar a
besta furiosa dentro de mim.
— Tudo bem.
Antes que ela pudesse piscar, eu a
alcancei, abaixei-me e joguei-a sobre meu
ombro. Ela começou a gritar e a bater em
minhas costas com seus punhos
minúsculos.
— Você vai ouvir de mim novamente,
Edward. — dirigindo-me a seu pai uma
última vez, me movi em direção ao carro,
mas ainda ouvi sua voz:
— Não duvido disso, Radmir.
— Eu não vou te perdoar, Radmir, se você
me levar em algum lugar contra minha
vontade. — ela parou suas ações por um
momento e perguntou: — Onde você está
planejando me levar?
Ajustando sua posição melhor para que ela
não se machucasse, simplesmente disse:
— Rússia. — ela ofegou e depois me
atingiu com todas as forças dela, desta vez,
cavando as unhas na parte inferior das
minhas costas, e eu gemi. —
Krasivoglazaya, me excita o fato de você
querer me marcar, mas vamos esperar até
chegarmos a um quarto, não é?
— Seu arrogante, convencido, teimoso...
Petor abriu a porta do carro para nós, e eu
a coloquei lá dentro, onde Jake já estava
no meio, ouvindo ansiosamente as
palavras de Gleb. Vivian se moveu e
sentou-se ao lado da janela enquanto eu
me juntava a Jake no outro lado.
— Aeroporto.
O carro moveu-se suavemente pela terra,
enquanto Vi soprava pesadamente e
colocava o cabelo de volta no lugar,
cruzando as mãos, o único sinal de sua
frustração. Ela não gritaria com uma
criança no carro.
— Mamãe, vamos para a Rússia! — ele
passou o iPad e lhe mostrou uma imagem.
Ele praticamente a empurrou no rosto de
Vi. — Nós podemos visitar esta pista de
patinação no gelo! Não é incrível?
Ela forçou um sorriso em seu rosto e o
abraçou, e ele retornou o abraço.
— Sim, querido, é. — mas o olhar que ela
enviou em minha direção falava sobre
retribuição mais tarde.
Ela poderia gritar, bater, ficar brava
comigo.
Mas ela estaria ao meu lado com meu filho,
segura e no meu maldito país. Parecia uma
boa pechincha para mim.

Vivian

A viagem ao aeroporto foi relativamente


curta, apenas trinta minutos, em que Jake
conversou excitadamente sobre sua
próxima viagem com Gleb, que não havia
mudado, exceto por algumas novas
tatuagens no pescoço.
Ele era um homem alto com um corpo
magro, um maxilar forte e os olhos mais
verdes que eu já vi em um homem. Ele era
bonito, com os cabelos prateados na altura
dos ombros. Ele me lembrava de um elfo,
especialmente quando deixava o cabelo
solto e não em um coque, e ele muitas
vezes franziu o cenho com a minha
comparação, especialmente quando os
caras riam dele por isso. Ele tinha a
paciência de um santo, e sempre me
questionei sobre suas raízes. Mas como ele
fora de um orfanato e encontraram-no nas
ruas de Boston, ninguém sabia muito
sobre ele.
— Vamos voar no avião da Bratva. —
disse Radmir, mas eu o ignorei,
continuando a olhar com feroz fascínio a
estrada vazia, embora algumas coisas
aparecessem aqui e ali. — O mesmo em
que viajamos para Irkutsk.
O lugar onde ele me apresentou ao
maravilhoso Lago Baikal, nada poderia
comparar-se com o poder e a força desse
lago, ou como eu poderia me sentar por
horas e ouvir as ondas batendo contra as
pedras enquanto a água gelada deslizava
pelos meus pés descalços. Jake tinha a
imagem dele no iPad, então sua próxima
pergunta não me surpreendeu.
— O que é Lago Baikal, papai?
Eu podia ouvir o sorriso em seu rosto
quando ele respondeu:
— Eu vou te mostrar algum dia. A visão é
muito linda para qualquer descrição lhe
fazer justiça.
Pelo menos concordávamos em algo.
Não podia acreditar nos meus ouvidos
quando ele disse que iríamos viajar, como
se o que eu fizesse com minha vida não
fosse decisão minha. Ele não me deu
nenhuma explicação, nada. Ele apareceu
furioso e não me deu escolha, e eu teria
brigado feio com ele se não fosse por Jake.
Ele não precisava nos ver discutir.
Eu não estava furiosa porque ele nos levou
embora, porque no fundo de sua voz e de
seus olhos eu consegui detectar o medo, e
que ele acreditava que estava fazendo isso
por nossa segurança. Mas como ele falou,
era uma história diferente. Ele tinha muito
a aprender sobre relacionamentos, e eu
também não facilitaria para ele.
Sua cálida palma cobriu a minha enquanto
ele unia seus dedos com os meus,
esperando minha reação, e por um
segundo, só porque provavelmente
precisava tranquilizá-lo, eu respondi ao
toque, apertando-o levemente, mas
rapidamente me afastei para que ele não
pensasse que estava perdoado.
— Vi...
O carro parou ao lado do elegante avião da
Bratva e os rapazes se levantaram,
ajudando Jake e eu.
Gleb foi primeiro a verificar a área, como
ele fazia seis anos atrás, depois acenou
com a cabeça para nós. Jake foi primeiro,
depois Radmir e eu com Petor, Yuri e
Misha. Aquele cara era estranho, e eu nem
queria saber o que ele fazia para a
irmandade.
Alguém pegaria os carros mais tarde;
Essas eram as regras.
Sim, o próprio avião não havia mudado
muito. A Bratva gostava de voar com estilo,
e ele não era mais que luxuoso. Se alguém
soubesse o custo da madeira usada para
assentos, mesas e bares. A área principal,
com seis assentos de estilo antigo e de
primeira classe, possuía uma TV de tela
plana e uma conexão Wi-Fi. No extremo
oposto havia um quarto com um chuveiro,
juntamente com dois banheiros.
E uma super cama confortável, que
poderia suportar horas de amor e permitia
uma variedade de posições.
Um rubor se espalhou por mim e toquei
minhas bochechas aquecidas e peguei os
olhos de Radmir me observando. Ele
piscou, provavelmente adivinhando meus
pensamentos.
Bastardo arrogante.
Oleg cumprimentou-me com um sorriso
largo no rosto e um abraço.
— Ei, Vi!
— Oleg! Como você está? Como está sua
esposa?
Eu sabia que, naquela época, eles tinham
duas crianças e que ele era um bom piloto,
e que nunca esteve envolvido em nenhum
negócio sombrio da máfia. Ele nunca fazia
perguntas, o que sempre foi uma
vantagem.
— Nós também temos gêmeos agora.
— Isso é ótimo! Estou tão feliz. — ele
olhou para Jake, que estava sentado ao
lado de Gleb enquanto assistiam a alguns
clipes no iPad. Aqueles dois rapidamente
se tornaram amigos.
— Você tem uma mini versão de Radmir.
— Sim.
— Oleg, ligue o maldito avião ao invés de
jogar conversa fora com minha mulher. —
resmungou Radmir. O homem riu e, com
uma saudação, desapareceu na cabine do
piloto.
Dobrando meus braços, eu perguntei:
— Você não vai se juntar a ele?
Seus olhos brilharam com meu tom de
voz.
— Hoje não. E pare com essa atitude,
krasivoglazaya. Ou sua bunda ficará
vermelha.
Meu maxilar quase atingiu o chão.
— Você está louco? — eu sibilei,
verificando os arredores para ter certeza
que ninguém o ouviu. — E além disso, não
haverá sexo no futuro próximo, então você
pode esquecer isso.
Antes que eu pudesse girar, ele me puxou,
pressionando minhas costas no peito dele,
sussurrando apenas para mim:
— Nós brigamos, nós discordamos, mas
em nenhuma circunstância você tira seu
corpo de mim. É a lei mais absoluta deste
relacionamento.
Minha respiração parou enquanto
esfregava o polegar contra meu pulso.
— Não temos leis!
— Nós temos agora. — a diversão
preenchia sua voz, e eu me livrei de seu
abraço.
— Vai sonhando, Sovietnik.
E ele riu da minha resposta enquanto me
sentava junto à janela depois de ter certeza
de que Jake estava com seu cinto colocado
e confortável.
Este voo seria longo.
Radmir

Os caras estavam de frente um para o


outro, jogando pôquer, e eles mostraram
suas cartas e gemeram alto quando Misha
ganhou mais uma vez.
— Sempre um prazer viajar com vocês. —
ele soltou as cartas na mão e começou
uma nova rodada. — Radmir, quer se
juntar a nós?
Esfregando meus olhos cansados,
balancei a cabeça e fiquei de pé enquanto
eles sorriam.
Os merdinhas provavelmente fizeram
apostas sobre quando eu cederia à
tentação e seguiria minha mulher para o
quarto onde ela levou Jake para dormir. O
voo de treze horas era muito cansativo
para ele. Ele tinha jogado com Gleb por
horas, enquanto Vivian lia um de seus
livros. Eu estava satisfeito apenas em
observá-los e ouvir música no iPad. Estar
na prisão te ensinava a viver com seus
pensamentos vinte e quatro horas por dia,
então os voos tão longos não eram nada
para mim.
Abrindo a porta em silêncio, me aproximei
da cama e sorri, notando Jake deitado de
lado, coberto com um lençol, enquanto Vi o
abraçava de costas como uma mamãe
urso, com os peitos movendo-se
ritmicamente.
Removendo meus sapatos, eu me deitei
atrás de Vi, abraçando minha família
quando a minha cabeça bateu no
travesseiro e eu exalei livremente,
puxando-os para perto.
— Porque demorou tanto tempo? — ela
murmurou, ajustando-se melhor na curva
do meu braço. Com um beijo suave na
parte de trás de seu pescoço, eu me deixei
levar, porque por agora, tudo estava certo
no mundo.
Teríamos outra batalha uma vez que
estivéssemos na Rússia.

Vivian

Entrar nos portões da sede da Bratva


parecia quase como um déjà vu, como se
nada tivesse mudado. Alguns novos
modelos de carros e uma grama mais bem
cuidada, mas era só isso. Dominic
provavelmente não se incomodava muito
com o design de interiores.
Jake ainda dormia no colo de Radmir,
embora ele tivesse acordado por algumas
horas para jogar um videogame, mas logo
antes do pouso, seus ouvidos começaram a
doer, e, embora eu os massageasse, não
ajudou, e ele quis dormir
— Moya krasivoglazaya, eu preciso pedir
algo de você. — seu tom era sério, quase
sombrio, e meu estômago revirou.
— O quê?
Ele pegou minha mão na dele e ergueu-a
até a boca, beijando levemente.
— Nós precisamos fazer uma cena na
frente da Bratva agora.
Minhas sobrancelhas franziram em
confusão. — Eu não entendo.
— Alguém está atrás de você, o Diretor, o
homem que organizou tudo isso. Eu pensei
que fosse seu pai.
— Mas não é? — eu precisava saber que
ele não tinha nada a ver com isso, porque
assim algum dia talvez eles conseguissem
encontrar um terreno comum.
Ele assentiu.
— Sim, mas significa que o Diretor está
em algum lugar, pronto para atacar. É por
isso que eu trouxe você para cá. Nós temos
a vantagem. — ele moveu Jake em seu
ombro enquanto o carro parava. — Fique
furiosa comigo como se eu tivesse
sequestrado nosso filho. Como se não
estivéssemos juntos. Se ele estiver entre os
meus homens, ele irá tentar protegê-la. Ele
usará isso como uma oportunidade para
bancar o herói e obter sua gratidão.
— Você acha que ele pode ser alguém da
Bratva?
— Eu não quero pensar sobre isso... mas
não posso excluir essa possibilidade
também. Siga o meu comando. Eu não vou
te dizer mais, porque suas reações devem
ser genuínas. — ele saiu do carro e entrou
na sede enquanto eu corria atrás deles, e
quase parei, chocada com todas as pessoas
nos observando, surpresas.
Kostya ainda trabalhava como barman,
servindo comidas e bebidas ao resto das
pessoas que estavam sentadas ao redor da
mesa. Dominic tinha a mão enrolada em
torno de uma mulher linda de cabelos
escuros, que eu assumi que era sua Rosa,
e a garota atiradora de cabelos azuis,
Konstanciya, que eu conheci uma vez
enquanto ela estava visitando a sede.
Vitya e Michael também estavam lá;
Radmir me mostrara a foto deles para que
eu conhecesse os membros.
— Como você pode fazer isso? — gritei
com um tom abafado, pois ele não me deu
nenhum indicador. Ele ignorou minhas
palavras e colocou Jake dormindo no sofá.
Ele enfrentou Dominic e grunhiu:
— Pakhan. — não havia nada além de
cortesia reservada no grunhido. Ele tirou o
casaco e cobriu Jake com ele, e eu estava
agradecida por isso, porque o ar
condicionado estava ligado, e a baixa
temperatura me fez sentir muito frio.
— Radmir. — eu sibilei, roubando sua
atenção para que pudéssemos terminar
esta charada rapidamente e interagir
corretamente com todos. Eu não queria
dar uma impressão ruim para todas essas
pessoas como aquelas americanas
histéricas.
— Não temos nada para falar.
— Você sequestrou meu filho!
Seu rosto tornou-se letal, me assustando
um pouco. Eu nunca estive no lado
receptor de sua fúria. Mesmo durante o
nosso amor após nossa separação, seus
olhos eram gentis.
— Nosso filho. E se você pensou por um
segundo que eu permitiria que ele ficasse
com você e seu marido, você é mais
estúpida do que eu pensava.
A dor correu através de mim e
provavelmente refletiu nos meus olhos,
porque eu não sabia mais como reagir a
esse ataque verbal. Mas eu me controlei,
mostrando nada além de indiferença.
— Nenhuma lei o daria a você.
— Você está na Rússia. Apenas a minha
lei se aplica aqui. E se você pensar em
trazer aquele filho da puta para cá,
exigindo seus direitos apenas porque seu
nome está na certidão de nascimento... —
seu maxilar tiquetaqueou, talvez porque
nunca discutimos isso antes. Eu
simplesmente assumi que ele tinha lido
todos os nossos arquivos e não precisava
que eu dissesse para ele que seu nome
estava na certidão de nascimento de Jake.
Por um segundo, a mágoa brilhou em seus
olhos, como se o pensamento o
incomodasse.
Balançando a cabeça, acariciei Jake nas
costas enquanto ele se remexia de toda
essa gritaria, e então respondi:
— O nome dele não está na certidão.
Radmir fez uma pausa com essa
informação e depois murmurou:
— Foda-se. — e me agarrou pelo pescoço
– e alguém engasgou - enquanto puxava
meu rosto para perto dele. — Você quer o
nosso filho de volta? — eu assenti, e ele me
deu um sorriso sinistro. — Então você
aprenderá a obedecer. — ele dirigiu-se a
Kostya. — Fique de olho no meu filho.
Ele me pegou em seus braços, e desde que
eu era a vítima indefesa aqui, gritei a
plenos pulmões.
— Deixe-me ir, seu bárbaro maluco!
Mas ele apenas se moveu na direção de
sua casa, mal conseguindo rir da minha
explosão.
Quando finalmente chegamos ao seu
quarto, ele nos levou para dentro e me
pressionou contra a porta, me beijando
profundamente. — Você foi incrível.
— Tive que encenar cegamente.
Ele riu e eu o afastei para deslizar meu
olhar ao redor de sua casa e notei que
nada mudara.
A vida parou no quartel?
— Sem mudança de design?
— Krasivoglazaya, é sério? Quando eu
teria tempo para isso?
Agarrando uma garrafa de água na mesa,
bebi rapidamente, mas não tinha nem um
pouco de poeira.
— Quem limpa o seu quarto? — até eu
consegui ouvir o ciúme na minha voz, e
suas sobrancelhas se ergueram.
— Você é fofa quando você está com
ciúmes.
Não estava com vontade de brincar, então
eu cruzei os braços e bati meu pé. — Não é
uma resposta para minha pergunta.
— Não é? — de repente, todo o humor
desapareceu de seus olhos enquanto ele
agarrava meu queixo, levantando-o. — Eu
não toquei em nenhuma outra mulher
desde a primeira vez que meus olhos
caíram em você. Eu pensei que tinha
deixado isso claro.
Borboletas entraram em erupção dentro
de mim enquanto a felicidade escorria para
os meus ossos com a ideia de que ele
permanecera fiel durante todo esse tempo.
Embora ele dissesse muito aquilo durante
o sexo, não sabia se eu deveria acreditar
nele. Apenas a ideia de alguém o tocando
me magoava, e mesmo que não fosse
realista esperar sua fidelidade durante os
últimos cinco meses de separação, eu fiz.
Uma batida forte na porta explodiu a bolha
ao nosso redor, quando Kostya gritou:
— Seu filho acordou e perguntou por seus
pais.
— Ah, não, ele provavelmente está com
medo. — sem pensar em todo o plano, eu
corri para fora e abracei Kostya. — Ei,
cara, muito tempo sem te ver.
Ele ficou parado, atordoado, e depois
murmurou:
— Ei, Vi. — então ele perguntou a
Radmir: — O que está acontecendo?
Eu corri para baixo, e encontrei Jake com
os lábios trêmulos e abracei-o. — Shh,
querido. Mamãe está aqui.
— Eu acordei sozinho.
Limpando suas lágrimas, beijei sua testa.
— Desculpe, querido. Nós pensamos que
você dormiria por mais tempo. — não
haveria mais esses planos se eles
assustassem meu filho assim. Eu deveria
ter pensado nisso antes.
— Vivian, podemos ter um minuto? —
Radmir se juntou a nós e bagunçou o
cabelo de Jake. — Um segundo,
amiguinho. — então ele agarrou meu
cotovelo, me movendo para o canto mais
distante, e sibilou: — Eu disse para você
ficar no lugar.
— Jake estava chorando. Não vou apenas
seguir cegamente algum plano quando
meu filho estiver sozinho.
— Ele não estava sozinho, caramba! — ele
puxou o seu cabelo. — Ele é um menino,
não uma garota. Ele pode lidar com isso.
Você está o mimando demais.
Muito chocada até mesmo para dizer
qualquer coisa, eu abri e fechei a boca
algumas vezes antes de respirar fundo.
Mas foda-se.
— Você está louco, porra? — alguns
membros pararam o que estavam fazendo
quando eu gritei com ele.
— Precisamos encontrá-lo, Vi. Ou ele vai
machucar Jake.
— Por que ele o machucaria?
— Porque ele nos uniu para sempre. —
agora, esse psicótico estava atrás do meu
filho? — Rosa vai patinar no Kremlin.
Deixe-o ir com eles. Me dará tempo
suficiente para ver a reação de todos.
— Absolutamente não! Ela é uma
estranha. E além disso, é um país novo
para ele, e você quer enviar meu bebê para
Deus sabe onde?
— Por favor, confie em mim, Vi. — ele
perguntou e então tomou a decisão de mim
quando dirigiu-se a Rosa, que tinha Jake
contra sua perna e perguntou se ele
poderia ir com ela. — Você poderia fazer
isso? Não quero que ele ouça tudo isso.
Rosa olhou para ele, mas sem outra
palavra, ela exortou Jake para fora, já que
o carro os esperava, enquanto ele acenava
para mim.
Ao sair, a preocupação não deixou meu
intestino enquanto esfregava minha mão
acima do meu coração. Eu esperava que
Radmir não estivesse errado e nada
acontecesse com meu bebê.
Eu não tinha certeza de que iria perdoá-lo
se Jake se tornasse um dano colateral
nisso.
— Melhor estar certo, Radmir.
Golpeei-o no peito e sentei no sofá,
torcendo para que essa preocupação fosse
apenas paranoia.
Mas a vida tinha uma maneira engraçada
de me provar que eu estava errada.
10-

Radmir, 10 ANOS
OUTUBRO

O fogo ardente se espalhou por mim


enquanto as chamas queimavam tudo o que
tocavam. Cortinas, tapete e minha cama.
Meu grito rasgou da minha boca no
momento em que meu pai entrou no quarto.
A porta bateu contra a parede quando
abriu.
— Radmir, filho! — ele gritou e depois
ordenou: — Salte em meus braços.
Muito chocado para pensar, eu me levantei
da minha cama e, agarrando meu animal
de pelúcia favorito, eu fiz o que ele ordenou.
Ele me pegou antes do fogo tocar meu
pijama.
Ele me abraçou, pressionando minha cara
no pescoço dele.
— Shh, não tenha medo, querido. Apenas
não olhe para outro lugar, e papai vai te
tirar daqui.
Eu senti seu peito se mover e ouvi os sons
de vários objetos quebrando enquanto meus
pulmões se enchiam de fumaça. Tentei
respirar tanto quanto possível o cheiro do
meu pai.
— Ludmila! — ele gritou por mamãe. —
Ludmila, onde você está?
Ela não respondeu e o medo correu por
mim, torcendo o meu estômago enquanto eu
desejava desesperadamente ouvir a voz da
minha mãe.
— Aqui. — ela respondeu fracamente. Cobri
meu nariz com a mão quando papai se
moveu na direção da cozinha, onde minha
mãe estava deitada no chão sob o armário
de cozinha maciço, que caíra sobre ela e a
aprisionou no lugar. Ela balançou e tentou
afastar-se, mas não se moveu. Até agora, a
fumaça não estava tão forte aqui, talvez
devido à abertura da janela, o que permitia
que um pouco de ar fresco circulasse.
Papai me colocou no chão e depois rasgou o
final de sua camisa e cobriu minha boca
com ela.
— Mantenha-se assim, filho. Deixe-me
salvar a mamãe. — ele se ajoelhou na
frente dela, deslizando a palma da mão
debaixo da madeira pesada, e tentou com
toda a sua força levantar, mas tudo o que
fez foi subir um pouco. — Ludmila, tente
deslizar de debaixo dele. — ele novamente
repetiu sua ação, mas ela não podia fazer
nada. — Ludmila! — ele falou, mas ela
sacudiu o rosto quando uma única lágrima
correu por sua bochecha enquanto meu pai
a olhava, confuso.
— Não posso, Jake. — ela sussurrou. —
Eu não sinto minhas pernas.
Logo, o fogo chegou à cozinha, queimando
as cestas de madeira espalhadas pelo
chão, as cortinas e cadeiras de madeira.
Não tínhamos tempo; Precisávamos
escapar.
— Papai, mamãe? — eu me aproximei
deles enquanto olhavam um para o outro
com olhares estranhos em seus rostos, que
eu não podia nomear. Ele se inclinou e eles
descansaram suas testas um contra o
outro, como se tivessem chegado a algum
tipo de decisão.
— Radmir. — eu rapidamente me juntei a
eles. Ela me deu um beijo na cabeça e disse
apressadamente: — Vá, corra para a
janela. Papai te ajudará.
Então ela me deixou ir enquanto papai me
pegava, me abraçando forte por um
segundo e sussurrando no meu ouvido:
— Nós te amamos, amigo. — ele me
ajudou a atravessar a janela. Eu segurei no
parapeito da janela e caí a curta distância
até o chão.
— Vá para a rua. — gritou papai, e eu
franzi o cenho, mas obedeci. Ele não queria
que eu abrisse a porta para que eles
pudessem escapar? Ou pedisse ajuda?
Com todas as minhas forças, tão rápido
quanto minhas pernas me levavam, eu corri
para a calçada, onde todos já estavam de
pé. As sirenes soavam alto no extremo da
rua, os amigos de papai traziam água e
tentavam apagar o fogo. A porta principal
estava completamente trancada.
Devo ajudá-los?
Mas a voz de papai ressoou nos meus
ouvidos:
— Vá para a rua!
Poucos segundos depois, cheguei à rua, e a
casa explodiu. Quando um grito agonizante
me deixou, um homem me empurrou para o
chão, me protegendo da explosão. Minha
cabeça ficou tonta, e em um segundo, tudo
ficou em branco.

Radmir
11 ANOS
NOVEMBRO

— Criança, venha comigo. — disse Vasya


Konstantinov gentilmente quando ele
apertou meu ombro e entramos nos portões
de um lugar estranho que ele chamou de
casa. — Esta é a sede da Bratva. — ele
anunciou quando a visão da mansão e seus
arredores entraram em vista, criando
imediatamente desconforto dentro de mim.
Nada disso me lembrava da nossa bela
casa nos subúrbios, onde mamãe cultivava
rosas que floresciam a cada primavera.
Apertando ainda mais o lenço em volta do
meu pescoço para me proteger do frio, eu
perguntei:
— Vou morar aqui?
Vasya assentiu e, de repente, agachou-se
inesperadamente ao meu lado, levantando
o meu queixo para que ele tivesse toda a
minha atenção.
— Você é um membro da Bratva agora. —
disse ele, e eu fiz uma careta.
— O que é isso?
Ele riu, bagunçando meu cabelo.
— Você vai aprender. — então ele agarrou
meu ombro. — Meu sobrinho será o mais
importante membro.
Naquela época, não entendi suas palavras.
Não entendi que a Bratva não era apenas
uma família. Era uma fraternidade que
ditava sua vida, e de certa forma, Vasya
escolheu meu destino para mim.

Radmir
15 anos de idade

Puxando para o lado, evitei o punho de


Vasya que estava apontado para o lado
direito do meu rosto e dei-lhe um soco no
estômago. Ele resmungou de dor, o que me
permitiu ficar atrás dele e acertá-lo com o
meu cotovelo. Ele se curvou, mas antes que
eu pudesse pegar seu pescoço em um
aperto, ele me chutou abaixo dos joelhos e
perdi meu equilíbrio, caindo no tapete de
couro dolorosamente, batendo a parte
inferior das minhas costas no chão.
Ele apareceu acima de mim, limpando o
suor do rosto. — Nunca subestime seu
inimigo e aja como se tivesse ganhado. O
primeiro erro que você pode fazer é pensar
que ninguém lá fora é melhor do que você é.
— Eu não...
Ele me calou muito rápido.
— Silêncio! Não estou batendo papo com
você. Siga minhas palavras religiosamente.
E já chega dessa besteira de virgindade.
Alicia irá ajudá-lo com esse problema esta
noite. — ele então me ajudou a levantar,
ignorando o olho negro que ele me deu e a
dor em minha coxa, porque seu chute tinha
um pouco mais de força do que o que eu
dava. — De agora em diante, você treinará
comigo. Todo mundo parece estar te
mimando aqui.
Então ele saltou do ringue, enquanto todos
os outros fingiam não ouvir nada, embora
não passasse despercebido por mim a pena
em seus olhos.
Vasya tinha transformado a minha vida em
um inferno nesta droga de lugar, exigindo
mais do que o habitual. Eu tinha que ter as
melhores notas, aprender três idiomas em
vez de dois, dirigir um carro, disparar como
nenhum outro e ser o melhor lutador.
Mesmo o sexo tinha que ser sob sua
supervisão rigorosa, já que os membros da
Bratva estavam falando sobre a minha
hesitação, e não cairia bem para o sobrinho
do Pakhan. Precisávamos mostrar nossa
virilidade.
Nos recantos da minha mente e de meu
coração, ainda tinha a esperança de ter um
amor como meus pais. Eles costumavam
viver um pelo outro, e eu ansiava por isso.
Eu quase ri zombeteiramente de mim
mesmo, porque era uma coisa muito
molenga a se esperar. O futuro Sovietnik
deve ser desprovido de qualquer emoção e
impessoal, certo? Era hora de eu aceitar
que os sonhos não tinham lugar neste
mundo. Quem se importava com quem seria
minha primeira vez?
Poderia muito bem ser Alicia; Ela não se
importaria. Ninguém se importaria.

Radmir
17 anos

Com seu nariz sangrando, o homem


afundou em seus joelhos no chão de
concreto do armazém quando ele implorou:
— Por favor, misericórdia.
Vasya apenas riu, acendendo o charuto
enquanto estudava as unhas. — Você
roubou da Bratva, Pasha. Certamente você
entende as repercussões?
Peguei a toalha nas proximidades,
limpando minhas mãos, já que o “ensine-lhe
uma lição”, como Vasya chamava, tinha
acabado. Embora eu ainda fosse
considerado jovem e um recruta na
fraternidade, ele começou a me levar a
algumas “reuniões” para que meus punhos
pudessem dar os golpes tão necessários
para que as vítimas ou traidores falassem.
— Ainda não vou te matar. — pensou
Vasya, e o homem exalou em alívio, passou
os dedos pelos cabelos e minhas
sobrancelhas se ergueram. Desde quando o
Pakhan mostrava piedade a alguém? Se
havia uma coisa que Vasya odiava mais do
que café, era deslealdade. Você poderia
roubar somente um doce dele, e ele chutaria
a sua bunda. Essas eram as regras
sagradas.
— Obrigado, Pakhan.... Eu prometo que vou
devolver o dinheiro ao nosso kaznachei em
algum momento...
Vasya levantou a mão e o homem calou a
boca.
— Radmir vai fazer isso por mim.
O armazém ficou quieto enquanto os
membros olhavam para Vasya com os olhos
arregalados e o descontentamento escrito
em seus rostos, mas nenhum deles disse
nada.
Como ele poderia pedir isso a mim? O medo
correu por todos os meus ossos à medida
que a bile enchia minha boca, e eu tinha
uma profunda necessidade de vomitar, mas
não poderia fazer isso aqui.
— Ele é muito jovem, Vasya. Ainda não tem
nem dezenove. — disse Vladimir,
aproximando-se de nós, já que ele era o
chefe da força de Vasya e melhor amigo. —
O garoto não está pronto.
Nós compartilhamos um olhar, mas eu me
afastei para focar minha atenção na parede
atrás dele, assim ele não me leria.
Ninguém precisava saber o quanto eu
odiava a irmandade onde a vida me
colocara, e essencialmente tirou todas as
minhas chances de ser feliz.
— Ele está pronto. — respondeu Vasya
friamente, e estendeu a mão com uma
Beretta 92 em minha direção. — Mate-o,
menino.
Teria acontecido eventualmente. Poderia
muito bem ser agora.
Tirando a arma dele, destravei o bloqueio e
apontei-a diretamente entre as
sobrancelhas de Pasha. Seus olhos marrons
e castanhos para sempre me perseguiriam,
porque ninguém jamais esquecia a primeira
pessoa que ele ou ela matou.
Antes de eu atirar, uma imagem dos meus
pais apareceu em minha mente. Eles
viajavam por todo o mundo e ajudavam as
pessoas como parte de uma organização de
caridade. O que teria acontecido com a
minha mãe se soubesse que seu irmão,
aquele de quem ela fugia, criou seu filho
para ser um assassino?
Ela não teria sobrevivido. Mas minha mãe
se foi. E também o Radmir criança.
Quando disparei a arma e a bala atingiu
seu alvo, nasci de novo.
Eu era um membro da Bratva, um executor
implacável, que sempre seguia o código.
Outros membros dispararam suas armas no
ar, comemorando minha ação enquanto
Vasya aplaudia com um grande sorriso no
rosto e me deu uma cruz, indicando meu
lugar na fraternidade.
O maldito metal queimou minha pele, mas
nunca o tirei.

Radmir
23 anos

Saltando no ringue, coloquei minhas luvas


de boxe enquanto meus olhos examinavam
os novos recrutas que Vasya trouxe nos
últimos meses, já que eles finalmente
estavam prontos para treinar. De alguma
forma, ele considerou uma boa combinação
para mim. Não senti nada além de tristeza
pela injustiça causada a essas crianças e
pelo fato de que eles iriam fazer parte desse
mundo sombrio para o resto de suas vidas.
— Nomes. — eu disse, e eles
compartilharam um olhar, mas nenhum
deles falou. Todos magros e feridos,
encontrados em diferentes ruas, enquanto
viviam uma vida menos que emocionante.
Finalmente, um deles deu um passo na
minha direção, seus olhos castanhos
olhando-me cautelosamente, mas ergueu o
queixo, como se eu não estivesse vendo sua
falsa bravata.
— Dominic. — sua postura e voz me
fizeram pensar no futuro Pakhan. Ele seria
bom no trabalho, com suas qualidades de
liderança. Ele estava com medo de mim,
mas tentava não mostrar isso.
Um rapaz de cabelos loiros o seguiu,
limpando a garganta e respondendo
silenciosamente:
— Yuri. — seu olhar era calculista, como se
ele procurasse maneiras de me persuadir.
Ele se daria bem com a parte do “cérebro”
da Bratva. Sua inteligência seria um
desperdício, se usada em trabalho físico.
— Vitya. — disse o outro, firmemente. Ah
sim. Finalmente, um executor em
construção. Ele teria que obter treinamento
mais extenso de mim, já que ele protegeria o
traseiro de outra pessoa.
Talvez fosse presunçoso de mim prever seu
futuro aqui, mas eu obtive experiência
durante todos esses anos. Eu poderia
detectar as habilidades e os presentes
desde a primeira olhada. Foi uma das
razões pelas quais Vasya me colocou neste
trabalho. Enquanto todos os recrutas
tinham recebido um certo treinamento,
educação e vários outros desafios, certas
habilidades exigiam um tempo de
dedicação mais extenso.
E, finalmente, o último se juntou à equipe,
deslocando de um lado para outro enquanto
tirava os fios de seus cabelos platinados da
testa.
— Gleb. — ele era o único com um sorriso
alegre no rosto, como se tudo isso fosse um
show muito divertido.
Porra.
Esta vida o arruinaria. Ele provavelmente
não passara pelo inferno como os três
anteriores.
A trajetória de vida de uma pessoa poderia
ser detectada em seus olhos. Eles
mantinham todas as emoções e memórias, e
se você olhasse perto o suficiente, nem teria
que esperar para que as pessoas falassem.
Eles usavam suas histórias em seus olhos.
— Radmir. De agora em diante, serei sua
sombra. Vamos treinar de manhã, tarde e
noite. Eu vou ensinar vocês a usar armas e
vários outros equipamentos. Sem foder,
fumar ou beber nas primeiras três
semanas, enquanto pegamos o hábito de
trabalhar. Sem rabos de saia por aí, e se
você vir aqui com uma ressaca, eu vou
chutar sua bunda. — eles piscaram várias
vezes com meu tom de voz, mas assentiram
rapidamente. — Bom. Vamos começar.
Eu odiava ter de participar disso, mas, ao
mesmo tempo, estava feliz.
Pelo menos eu tentaria o meu melhor para
que eles não se perdessem nessa vida
perigosa da qual nunca escapariam.
Era uma maldição que todos nós
compartilharíamos. Eu só esperava que
algum dia cada um de nós pudesse
encontrar algo que diminuísse o fardo.
Embora, esta vida me ensinou a nunca ter
esperança. A esperança nunca se tornava
realidade.
Radmir
33 anos

Esta viagem aos Estados Unidos tinha sido


muito longa com todas aquelas reuniões, e
estava feliz por finalmente podermos voltar
para casa.
— Nós precisamos fazer um voo comercial?
— Dom murmurou enquanto Yuri rolava os
olhos.
— Radmir aqui, queria brincar de piloto.
— Foda-se, Yuri. Dirija-se a mim com
respeito. — falei com um sorriso, quase não
sufocando a risada com seu
descontentamento. Eu me especializei em
pilotar e adorava fazê-lo quando tinha
chance, e com o nosso estilo de vida,
raramente conseguia. — Você é um
merdinha e está muito mimado com o nosso
avião privado para apreciar as coisas boas
da vida.
— Oh, porra, ele voltou a entrar no “humor
do velho”. — Gleb assobiou, juntando-se a
nós. — O que vocês disseram?
Antes que eles pudessem atualizá-lo com a
conversa, uma bela mulher correu diante de
nós como um relâmpago e bateu em
Dominic com tanta força que ela tropeçou, e
eu tive um segundo para pegá-la a tempo
antes que ela não caísse.
Seu cheiro instantaneamente chegou a mim,
despertando meus sentidos enquanto a
mistura de baunilha e peônias penetrava
em minhas narinas. Seu corpo contra o meu
enviou uma sensação desconhecida por
mim.
— Desculpe. — ela murmurou docemente,
parecendo um pouco perdida.
Instantaneamente desejei poder envolvê-la
em meus braços e nunca deixar ir.
O que diabos? As mulheres geralmente
apenas inspiravam em mim o desejo de
fodê-las, e nada mais. Eu nem tinha visto
seu rosto, e ela já me interessava?
Seus ombros caíram sob o olhar penetrante
de Dominic, então eu não pude deixar de
dizer:
— Pare de franzir o cenho para a pobre
menina, Dominic. — ela estremeceu em
meus braços e depois girou. O choque foi
imediato; Parecia que alguém tinha me
socado no intestino.
Vívidos olhos azuis foram a primeira coisa
que notei sobre ela, e que junto com os
cabelos castanhos escuros e a pele pálida,
criavam uma visão que eu poderia observar
por dias. Eu tinha visto uma grande
quantidade de mulheres lindas, mas havia
algo sobre ela que me fazia querer cobri-la
do resto do mundo para que todo seu toque
e respiração pertencessem a mim.
O amor à primeira vista era uma besteira
criada por poetas que não tinham mais
nada para fazer.
Mas a luxúria? A luxúria era uma emoção
correndo por mim no momento, e eu nunca
quis alguém com tanta intensidade antes.
— Está tudo bem. — disse ela, ligeiramente
abalada. Quando nossos olhares colidiram,
sua respiração engatou.
— Krasivoglazaya. — eu murmurei, mas
nosso voo foi anunciado e seu rosto mudou,
e sem dizer nada mais, ela nos enviou um
sorriso fraco e se afastou.
Ela podia correr tanto quanto quisesse.
Ela não tinha como escapar do meu desejo
por ela, e no final da noite, ela seria minha,
de uma forma ou de outra.
Radmir
35 anos

Deitado no chão desconfortável da prisão,


estudei o teto da solitária e tentei ignorar a
dor no meu estômago de todos os chutes
que Ben tinha me dado por supostamente
desobedecê-lo e entrar em uma briga com
outro preso.
Em vez de gritar e dar-lhe a satisfação de
ver isso na câmera, sorri amplamente e
pensei na maneira como eu mataria o filho
da puta assim que essa merda acabasse.
Eles poderiam ter pensado que era um
castigo estar sozinho neste lugar e que isso
me deixaria louco, mas, em vez disso, não
me deu nada além de paz. Alguém deve ter
pago a todos aqueles fodidos para me
atacar todos os meses, o suficiente para
machucar, mas não o suficiente para matar.
Felizmente, alguns deles aprenderam que
era inútil, pois ninguém possuía minha
força ou experiência. A maioria deles era
uma besta burra que pensava que ter
músculos igualava-se a uma luta vitoriosa.
Lutar era uma arte em que se tinha que
aprender a se destacar.
A Bratva não estava respondendo às
minhas chamadas ou pedidos que enviei
nas cartas, indicando que Vasya ainda
estava irritado comigo. Em algum momento,
ele teria que deixar ir e me ajudar com essa
bagunça terrível. Eu não tinha ilusões que
conseguiria sair daqui sozinho.
Mas mesmo isso não era deprimente.
Vivian.
Moya krasivoglazaya provavelmente sofria
sem mim, sem saber o que fazer. Não
entendi por que ela nunca me escreveu
nada, mas talvez fosse mais fácil para ela
dessa maneira. Não tinha dúvidas de que
nunca me trairia, porque ninguém tinha
minha confiança mais do que ela.
Eu tinha lhe prometido um felizes para
sempre e, em vez disso, não lhe dei nada
além de dor. Subestimar seu pai como meu
inimigo foi meu primeiro erro. Pensar que
poderia resolver isso sem a irmandade, foi
outro. Durante todos esses anos, percebi
uma coisa; Eles eram minha família, e
sempre me ajudariam, não importa o porque
e me aceitaram quando ninguém mais o fez.
Em vez de agradecer, tudo o que tinha feito
era cuspir em seus rostos.
Não mais.
A prisão ensinava um homem a valorizar as
coisas importantes em sua vida, e no
momento em que eu saísse desse fodido
buraco, eu me vingaria e restabeleceria
todos os vínculos quebrados.
Eu só tinha que sair daqui.
Mordendo meus lábios, puxei meu dedo
torcido e endireitei-o, sufocando o suspiro
de dor.
Até então, meus inimigos não saberiam
como eles realmente ferraram minha vida.
Deixe-os rir por agora.
Eu conseguiria minha justiça de uma
maneira ou de outra.

Radmir

Vivian entrou na sala, ignorando os


olhares curiosos dos membros, enquanto
seus olhos azuis faiscavam com raiva cada
vez que os colocava em mim.
Ela se recusou a ver meu lado e achava
que enviar meu filho com Rosa era
irresponsável. Mas a verdade era que eu
confiava em Vlad e Ivan para cuidarem
dele, e Dominic não permitiria que sua
mulher fosse a menos que ele estivesse
seguro sobre sua segurança.
Embora não quisesse suspeitar dos meus
membros da Bratva, não poderia excluir
esta possibilidade. Colapsando no assento
do bar, coloquei minhas costas no balcão
enquanto Kostya colocava café para mim
em uma xícara em um segundo. Eu
examinei os arredores.
Traição, ódio, comportamento incomum
para os membros.
Se o filho da puta me odiasse tanto, ele iria
escorregar. A presença de Vivian mudaria
seus padrões, mas não percebi nada fora
do lugar.
Alguns estavam fumando e jogando
pôquer, enquanto outros assistiam à
televisão e alguns desapareceram da sala
com prostitutas.
Quem diabos era, então? Não estávamos
seguros; Meu instinto nunca errava. Mas
por que eu sentia o perigo tão próximo?
Tinha que haver uma explicação para isso,
mas não importa o quanto eu olhasse os
arquivos ou qualquer outra coisa, minhas
pesquisas não davam em nada.
O Diretor não poderia ser um fantasma
maldito!
— Não é um membro da Bratva. — disse
Dom, diversão preenchendo sua voz
enquanto se sentava ao meu lado.
Dando-lhe um olhar de lado, tomei um gole
do café antes de responder:
— Como descobri, as pessoas nas quais
você confia mais tendem a ser as que o
ferram no fim.
Ele me mostrou um sorriso triste, idiota.
Nós não falamos depois da nossa luta há
duas semanas. Eu estava com muita raiva
para permanecer civil, e não podia
mostrar-lhe desrespeito. Não seria bom
para os membros verem rachaduras entre
nós, poderia significar uma revolta.
Para o mundo exterior, tínhamos que estar
unidos.
— Radmir, eu não tive escolha. — rodei no
assento para que eu o encarasse e percebi
que a escuridão sob seus olhos tinha
desaparecido. Ele estava bem descansado
e feliz, claramente contente com Rosa.
Lembrando o pequeno menino que ele
costumava ser, calor aqueceu o meu peito
ao saber que ele havia recebido sua
salvação sob a forma de sua rosa italiana.
— Por quê? Por que você mentiu na prisão
todos esses meses atrás? Você me disse
que ela se casou e teve um filho. Eu
poderia ter vivido sem essa informação.
Eu ainda podia me lembrar da raiva sem
limites dentro de mim. Eu destruí tudo, e
os guardas tiveram que me derrubar pela
força.
Dominic estremeceu.
— Você não me deixou escolha, irmão.
Você queria sair, pediu ajuda, e eu fiz tudo
o que pude. — ele rolou a manga de sua
camisa branca, mostrando sua tatuagem
de cobra, o que indicava sua posição na
irmandade. — Isso... isso significa que eu
tenho que pensar primeiro na Bratva. Não
havia como dizer o que você faria uma vez
que saísse e descobrisse que ela era
casada. Era mais seguro prepará-lo. Não
me arrependo do que fiz. Mas eu me
arrependo de te causar dor. — ele colocou
a mão no meu ombro.
Havia verdade em suas palavras, então
sorri para ele enquanto ele exalava um
suspiro aliviado. — Você tem certeza de
que minha família está segura aqui?
Ele assentiu. — Você acha que eu não faria
minha própria investigação? Eu testei,
olhei e não, não somos nós. Alguém odeia
você lá fora, irmão. Mas não nós.
Então isso me trouxe de volta à estaca
zero, não é?
Tudo o que eu podia fazer era esperar por
ele atacar. Foda-se, fiz tanta coisa errada
na minha vida anterior que eu tive que
passar por todos esses obstáculos para
obter o meu final feliz?
Dominic franziu a testa, verificando a hora
em seu relógio dourado.
— O que há de errado? — perguntei,
enquanto sacudia a cabeça, tirava o
telefone e erguia-o até a orelha. — Dom?
— Rosa deveria me enviar uma mensagem
da pista de gelo duas horas atrás. Por que
diabos ela não está atendendo seu
telefone? — ele passou os dedos pelo
cabelo com frustração enquanto eu
congelava.
O que?
— Jake. Jake está com ela.
Ele amaldiçoou e ligou novamente
enquanto andava de um lado para outro.
Peguei meu telefone também, e Vitya pegou
um segundo.
— Verifique todas as câmeras. Ligue para
Vlad. Encontre Rosa e Jake.
Ele já sabia que eles tinham saído, então
grunhiu:
— Ok.
Eu rezei para que nada acontecesse com
meu filho quando prometi mantê-lo seguro.

Vivian

A comoção na sala principal me tirou da


minha neblina enquanto descia as escadas
e reparava vários agentes do fodido FBI
andando de um lado para o outro, com
Dominic dando ordens aos membros da
Bratva para que continuassem preparando
suas armas.
Eles nem me pouparam um olhar quando
correram para fora. Um segundo depois,
Radmir se juntou a eles com uma
expressão pálida enquanto o medo
brilhava em seus olhos.
— O que está acontecendo?
Ele não me respondeu, mas tirou sua
própria arma e os cabelos no meu pescoço
arrepiaram quando senti alguém nas
minhas costas. Radmir assentiu, e ao
mesmo tempo, mãos fortes me envolveram,
bloqueando meus movimentos. Tentei me
mexer, mas era inútil. Ele nem sequer se
movia.
— Radmir! — exigi, e ele se aproximou,
levantando o queixo.
— Eu vou resolver isso, Vivian. Mas você
tem que ficar. — então ele dirigiu-se ao
homem por trás das minhas costas, que
acabou por ser Kostya. — Observe-a até eu
voltar. — sua voz estava vazia de qualquer
emoção como se ele fosse um robô falando
e, com isso, ele rapidamente seguiu os
caras, ignorando meus gritos.
— O que diabos está acontecendo?
— Tranque a porta do lado de fora. —
Kostya ordenou a um dos caras, e uma vez
que estava trancada, ele me girou para
encará-lo. — Acalme-se, Vivian.
Eu puxei minhas mãos com mais força e,
finalmente, desprendi-as de seu aperto,
recuando enquanto mantinha contato
visual. Sua expressão facial sombria não
passou despercebida por mim, e nem o
fato de ele ter apertado os dentes.
— Por que estou sozinha aqui com você?
— perguntei com cuidado, pensando em
uma maneira de escapar, mas não
encontrei uma saída. Esfreguei minha mão
no meu peito, perguntando-me por que ele
estava tão apertado. Algo estava errado.
Terrivelmente errado.
— Você precisa se acalmar e se
concentrar. — ele repetiu e depois ergueu
os braços em uma posição derrotada. —
Eu não vou te machucar.
— O que está acontecendo? O que
aconteceu? Onde está o meu filho?
E finalmente notei o remorso e a
preocupação em seu olhar enquanto o
pânico me varria, ofuscando qualquer
outra emoção.
Eu sabia que não devia ter confiado neles
para manter Jake seguro. Afinal, eles não
conseguiram fazer isso todos aqueles anos
atrás. Por que dessa vez seria diferente?

Radmir

Eu segurei minha criança chorando em


meus braços e deixei a fodida casa caindo
aos pedaços localizada nos arredores da
cidade, enquanto as sirenes gritavam alto
em volta de mim e os paramédicos corriam
para ajudar Rosa, enquanto Dominic ficava
com ela.
O FBI e o FSB cercaram o prédio e latiam
ordens para todos que ouviam, enquanto a
pessoa que sequestrou Rosa e fez da sua
vida um inferno no ano passado foi levada
para algum lugar por Vitya e Yuri.
Petor manteve a porta do Mercedes preto
aberta para nós, e me sentei, enquanto ele
fechava a porta e rapidamente se dirigia
para a sede que estava localizada a apenas
trinta minutos de distância.
— Shh. — acariciei as costas de Jake
quando ele escondeu o rosto no meu
pescoço, enquanto eu o balançava de um
lado para o outro. A psicótica quase os
matou com a arma apontada para Rosa e
Jake. Eu quase destruí a operação,
recusando todos os planos que haviam
surgido até que Dom perdeu a paciência,
me socou no intestino e procedeu sozinho.
Agradeço como o inferno que ele manteve a
cabeça calma nessa situação, porque eu
perdi minha mente maldita com meu filho
em perigo.
— Foi assustador, papai. — Jake
sussurrou com um soluço, e apertei-o mais
forte em meus braços.
— Eles não podem machucá-lo mais. —
falei furiosamente, enquanto o
autodesprezo se espalhava por todos os
ossos do meu corpo. Como eu poderia
simplesmente enviá-lo com Rosa,
acreditando cegamente que nada
aconteceria com ele? Eu quebrei minha
palavra para Vivian, o que me disse quão
imprudente fui.
— Essa pessoa disse que a felicidade é um
privilégio que nem todos têm. — ele ficou
de joelhos, seu rosto com lágrimas
quebrando meu coração enquanto
perguntava baixinho: — O que isso
significa, papai?
Tirei seu cabelo do rosto, empurrei sua
cabeça de volta no meu ombro enquanto
abria a janela para que a suave brisa
pudesse entrar e acalmar nossos nervos.
— Alguém os machucou no passado, filho.
Eles viviam com ódio neles e não sabiam
como lidar com isso. A felicidade é um
privilégio que todos têm. Você nunca deve
acreditar no contrário.
Ele não disse nada e continuou quieto, e
olhei para baixo e vi seus olhos fechados.
Ele estava dormindo.
— Radmir, não foi culpa sua. — disse
Petor, pegando meu olhar no espelho
retrovisor.
Um riso vazio escapou da minha boca
quando eu o cobri com a jaqueta situada
perto do assento.
Eu era o único culpado aqui.
E eu não podia esperar pela raiva que
Vivian iria desencadear em mim. Eu só
esperava e rezava que uma decisão ruim
não tivesse me custado minha família.

Vivian

No instante em que ouvi o carro


estacionar, eu explodi para fora do prédio
assim que o executor destrancou a porta.
Quando o carro parou, eu abri a porta e
não me incomodei em esperar por todos os
outros.
Jake estava sentado no colo de Radmir, o
rosto vermelho e inchado de chorar.
Escondi meu soluço ao pensar em todo o
medo que ele deve ter sentido e peguei-o
em meus braços. Ele envolveu seus braços
em volta de mim quando o apertei forte,
beijando seu pescoço e cabeça e qualquer
outro lugar que eu pudesse tocar.
— Está tudo bem, mamãe. — ele tentou
me acalmar, e por sua causa engoli o medo
que tinha me transformado em uma pilha
de nervos e acariciei suas costas. — Vamos
tomar um banho e depois assistir alguns
desenhos com pizza. Como isso soa? — ele
sorriu fracamente, descansando a cabeça
no meu ombro e esfregando os olhos.
— Incrível.
Eu sequer olhei para Radmir, porque,
francamente, não estava me importando
muito com seu estado naquele momento.
Ele colocou meu bebê em perigo, porque
queria encontrar o Diretor; Talvez ele fosse
apenas paranoico. Ele era o Sovietnik.
Deus sabe quantos inimigos ele teve
durante os anos. E daí se tinha sido um
esforço de gangue?
No entanto, ele arriscou meu filho, nosso
filho por isso!
— Vivian. — ele disse atrás de mim.
— Eu não tenho palavras para você agora.
— a raiva e a dor ainda me percorriam, e
ele tinha que me dar tempo para lidar com
elas, assim eu não o estrangularia
enquanto dormia.
— Eu não queria que isso acontecesse.
Eu girei, segurando Jake com mais força.
Ele já tinha os olhos fechados e estava
respirando com calma.
— Mas aconteceu. Você não me ouviu. Eu
sou a mãe dele e eu o criei nos últimos
cinco anos, seis se você contar a gravidez.
— exalando uma respiração pesada, eu
fechei os olhos, porque não podia olhar nos
dele. — Radmir, vamos conversar de
manhã. Ambos precisamos esfriar nossa
cabeça.
— Ok. — ele não disse mais nada, então
eu fui para nosso quarto, esperando que
pudéssemos conversar direito pela manhã.
Eu estava com raiva, mas isso não
significava que estivesse com rancor contra
ele.
Era apenas uma das coisas com que
precisávamos aprender a lidar ao sermos
um novo casal.

Diretor

— O que você quer dizer com “você o


perdeu”? — eu gritei no telefone. Minha
mão agarrou o taco de golfe mais apertado
enquanto meus oponentes pararam seus
tacos no ar, me dando olhares curiosos.
Abrindo um sorriso, cobri o telefone e
murmurei para eles:
— Desculpe, um acordo deu errado.
Continuem sem mim. Eu voltarei logo.
Com isso, andei silenciosamente na grama
verde enquanto o suor escorria pelas
minhas costas, colando a camisa de golfe
na minha pele. Não queria mais nada além
de ficar debaixo de um chuveiro frio, para
limpar minha cabeça.
Em vez disso, uma névoa vermelha borrou
minha visão, enquanto eu estava a poucos
minutos de perder meu controle e fazer
algo estúpido.
Tirando a pequena caixa branca do bolso,
abri e coloquei uma pílula na minha boca,
assim o estresse desapareceria. Exalando
uma respiração profunda, perguntei,
embora com calma desta vez:
— O bastardo ainda vive?
— Eu não pude matar o garoto. — o
assassino que contratei durante minha
última viagem à Rússia respondeu, sua voz
enrolada, provavelmente de beber, já que
ele tinha amor por um bom conhaque caro.
Um, dois, três, quatro, cinco.
— Você me disse que os seguiu para a
sede e tinha um plano perfeito para matá-
los. Como é que ele ainda está vivo?
Jake era uma responsabilidade que eu
não precisava. O merdinha nem sequer
tentou ser amigável comigo, e Vivian não
precisava dele em sua vida.
— O FBI e FSB trabalharam juntos neste
caso, e uma psicopata os sequestrou. Não
tive a chance.
A tela do telefone rachou em minhas mãos.
Cheguei ao final do campo, meus olhos
estudando a água no lago.
Azul cristalina, assim como os olhos de
Vivian que tinham tanto amor e paciência
para as pessoas à sua volta.
— Eu farei melhor na próxima. — ele
recomeçou de novo, mas desconectei a
ligação, pensando em uma maneira de me
livrar dele.
Não poderia correr o risco de ele falar algo.
Parece que minha viagem à Rússia
precisava ser antecipada. E eu precisava
de algumas mudanças nos meus planos.
A espera acabou. Radmir e sua prole
desaparecerão para sempre, e como Vivian
não os abandonaria voluntariamente, ela
não me deixou outra escolha além de lhe
trazer dor.
Eu precisava trazê-la de volta para mim
antes que o monstro dentro de mim
acordasse e quisesse machucá-la. Eu
odiaria ver seu belo rosto pálido e triturado
em pedaços, deitado em algum lixo onde
costumo deixá-las.
Sim, eu precisava me apressar.
11-

Radmir

A fúria saía de todos os poros do meu corpo


enquanto abria as portas maciças de
carvalho do escritório de Vasya. Entrei
enquanto ele falava ao telefone e bebia
uísque. As cabeças de animais empalhados
e as armas espalhadas por todas as
paredes criavam uma aura de poder e
desgosto, enquanto as cortinas vermelhas,
juntamente com o mobiliário de couro preto,
criavam uma vibe de bordel. Eu odiava seu
design.
Vasya ergueu as sobrancelhas para mim e
falou no telefone.
— Vamos encerrar isso amanhã. — com
essas palavras, ele desligou e se debruçou
na cadeira, nossos olhares colidindo. —
Radmir, onde está o toc toc? — Embora
houvesse divertimento em sua voz, seu tom
ainda era frio. Ninguém tinha o direito de
entrar em seu escritório sem a sua
permissão, mas não me importava.
Minha mulher foi roubada de mim, e ele
permitiu isso. Ele poderia ir se foder com
todas as suas regras e tradições.
— Onde você estava quando o FBI veio
atrás da minha mulher?
Estreitando os olhos, ele jogou o copo no
tapete. Rolou sob o sofá, e ele se levantou,
abrindo a palma da mão sob sua enorme
mesa de carvalho.
Ele disse em um tom mortal:
— Ela era uma responsabilidade.
Minhas mãos fecharam-se em punhos
enquanto eu rosnava:
— Ela é minha mulher!
Sua risada zombeteira ecoou pelo lugar.
— Pare esse absurdo, Radmir. Ela era
uma americana que você estava fodendo
nos últimos dois meses. Eu não vou ter
policiais de olho na irmandade e criando
problemas, só porque você encontrou um
buraco permanente para usar.
Uma neblina vermelha de raiva me cegou, e
com um rugido me movi em direção a ele
enquanto ele ofegava de surpresa. Minhas
mãos enrolaram em seu pescoço, e puxei
meu braço para trás e soquei-o na face por
ousar falar sobre Vivian assim.
Vasya também não era um fracote. Ele me
chutou com força e me deu um golpe no meu
fígado que enviou dor lancinante através de
mim. Ele me empurrou para o lado, mas eu
agarrei-o com força, então nós dois caímos
no chão, esmagando vários vasos de cristal
enquanto eles caíam da mesa para o chão.
Passos pesados me tiraram do meu frenesi
quando mãos fortes nos agarraram, nos
afastando enquanto nós dois respirávamos
pesadamente. Dominic me segurou, seus
olhos estavam muito chocados quando ele
balançou a cabeça, então isso
provavelmente significava que Yuri estava
atrás de mim.
Claro.
Claro que os agentes do Pakhan viriam
para o resgate.
— Deixe-me ir. — Vasya ordenou, e
Dominic imediatamente obedeceu enquanto
o Pakhan se aproximava de mim, o sangue
escorrendo de uma ferida na testa e sua
pele escurecendo sob seu olho ferido. —
Somente porque você é meu sobrinho, eu
poupo sua vida.
Alguns membros entraram na sala, e eu
podia ouvir maldições sendo murmuradas.
Vasya agarrou meu cabelo, puxando minha
cabeça para trás, e desde que eu tinha
várias armas apontadas para minha
cabeça, não pude me mover. Não porque eu
tivesse medo, mas porque eu não queria
que nenhuma dessas crianças
interferissem.
Vasya poderia ser o Pakhan.
Mas eu era aquele que os criara e
valorizava sua vida, provavelmente mais do
que eles.
— Você vai continuar sendo parte da
irmandade. Mas você não é mais um
Sovietnik. Isso foi entendido por todos? —
perguntou aos membros, e depois de uma
batida, eles devem ter assentido, enquanto
a satisfação se refletia em seu olhar. —
Levem-no para fora daqui. — ele pegou um
lenço de papel, limpando a ferida.
— Se você acha que isso vai me impedir de
ir atrás da minha mulher, está enganado.
— minha voz rouca voltou sua atenção para
mim.
— Faça o que quiser, Radmir. Mas você não
tem mais minha proteção ou os meus meios.
Você não vai muito longe sem eles.
Eu teria dito mais, mas Yuri e Dominic me
encaminharam para fora e fecharam a
porta apressadamente enquanto me
cercavam.
— Por que diabos você fez isso, cara? —
Dom sibilou, passando os dedos pelos
cabelos na altura do ombro. — Ele não vai
mudar de ideia.
Empurrando suas mãos para longe, abri
meu telefone e disquei o número da pessoa
que me ajudaria nesta situação.
Mesmo que Vasya não estivesse do meu
lado, Vladimir nunca me abandonaria. Ele
me devia uma.
— Eu não me importo. — Yuri apenas
exalou uma respiração pesada com minha
resposta e, finalmente, no quinto toque, o
velho atendeu. — Vladimir, me ajude.
— Com o quê? — sua voz soou grogue e
confusa. Ele estava bebendo novamente?
— Eu preciso do seu avião para me levar
aos Estados Unidos.
— E a Bratva?
— Eu não sou mais um Sovietnik.
O silêncio encontrou essas palavras
enquanto ele as processava e as
implicações de me ajudar. Uma vez que um
membro era abaixado no ranking, os outros
tentavam passar o mínimo de tempo
possível com ele, porque uma amizade
íntima poderia ser considerada traição para
a decisão do Pakhan. Eu ainda manteria
minhas posses e teria acesso a obsyag, que
era o tesouro da Bratva, por assim dizer.
Mas eu não tinha mais poder nessa
fraternidade e ninguém me devia respeito.
— Somente para você, criança. — ele
finalmente disse. — Estará pronto em uma
hora.
— Obrigado. —desligando o telefone, eu
pretendia ir ao meu quarto para arrumar
uma pequena mochila e pensar no meu
plano.
Mas antes de sair, precisava deixar uma
coisa clara.
Girando, enfrentei Yuri, Dominic, Gleb e
Petor, que estavam ao meu lado, e a julgar
por suas expressões teimosas, eles estavam
prontos para me seguir.
— Nenhum de vocês vai comigo.
— Nós fazemos tudo juntos e sempre
ficamos um do lado do outro. Foi o que você
nos ensinou. — disse Gleb, enfatizando
cada palavra.
Foda-se eu e minha sabedoria às vezes,
sério. Eu segurei o olhar de Dominic, porque
ele era o líder entre eles, e eu reconhecia
isso. Ele tinha a chance de se tornar um
ótimo Pakhan algum dia, e sabia que Vasya
o amava como seu próprio filho. Eu não
tiraria essa chance dele, nem da Bratva.
Eles mereciam uma boa pessoa.
Eu praticamente o criei para ser tão bom.
— Este é um assunto privado. Eu não
quero vocês nesta bagunça. É uma ordem,
meninos. — eles rangeram os dentes, mas
olharam com expectativa para Dominic, que
segurou meu olhar por vários momentos e
finalmente assentiu.
Antes que eu pudesse ir, ele agarrou meu
braço e me deu um abraço de urso,
sussurrando no meu ouvido:
— Se você precisar de alguma coisa, ligue.
Eu sempre estarei do seu lado.
Sorrindo com isso, dei um tapa em suas
costas e me movi com determinação, porque
Vivian provavelmente estava assustada
desde que seu pai a levou de volta aos
Estados Unidos.
Moya krasivoglazaya.
Ninguém a machucaria mais uma vez.

Radmir

Soquei o saco de pancadas de forma


selvagem, o suor escorrendo pelas minhas
costas enquanto eu esvaziava minha raiva
no ringue, esperando que isso me
distraísse de meus pensamentos
deprimentes.
Como o fato de eu ter colocado meu filho
em perigo, tentando pegar o filho da puta
que me colocou na prisão. Claramente, o
plano não foi bem-sucedido, e agora minha
mulher me odiava, enquanto Jake
provavelmente teria pesadelos sobre aquela
pessoa que quase matou Rosa.
Minha necessidade de vingança me fez ir
longe demais; Talvez fosse hora de desistir.
Pelo menos, essa era a impressão que
recebi da Vivian.
O que era mais importante? Minha família
ou justiça? Talvez esse cara nunca
aparecesse e nos perturbasse, muito
covarde para fazer qualquer coisa já que eu
tinha todo o meu poder de volta, junto com
minha família. Enquadrar uma pessoa que
esperava movimentos errados de inimigos
também não era fácil.
Passaram dois dias desde o acidente. Rosa
estava no hospital, e Dominic passou a
maior parte do tempo lá, deixando a Bratva
aos meus cuidados, e agradecia a ele por
isso.
Isso me distraiu do fato de que minha
mulher não dormiu em meus braços nos
últimos dois dias; Ela dormiu com Jake e
dávamos um “olá’ frio no corredor. Meus
interiores estavam gritando para jogá-la
sobre meu ombro e fodê-la até desmaiar,
mas a parte racional entendia que ela
precisava de tempo depois do meu erro. Eu
notei os olhares estranhos que ela estava
enviando em minha direção, mas como ela
não disse nada, eu não sabia como me
aproximar dela também.
O que me deixou aqui durante a noite na
academia. Foda-se minha vida.
— Cuidado, Radmir, ou você ficará tão
musculoso que não passará pela porta. —
brincou Vitya, enquanto Gleb ria com Petor
e Yuri.
— O que diabos vocês estão fazendo aqui?
Eles encolheram os ombros, colocando
vários pacotes de cerveja na pequena mesa
perto do sofá, onde os membros
descansavam após um treino intenso. —
Nós achávamos que você gostaria de
alguma companhia em sua miséria.
— Você sabe, uma vez que sua mulher
colocou você na casa de cachorro e tudo.
— Yuri adicionou com um rosto impassível
enquanto o resto explodia em risadas de
novo.
Merdinhas.
— Eu ainda posso bater em todos vocês.
— eu limpei o suor com minha toalha e
saltei do ringue. — Mas a cerveja parece
uma boa ideia.
Vitya me jogou uma lata, e eu abri,
tomando um gole generoso, curtindo a
sensação de resfriamento que ela forneceu.
Todos nos sentamos no sofá e as duas
cadeiras opostas, em silêncio até que Yuri
limpou a garganta. — Estou com medo
sobre o bebê.
Todos paramos com as nossas bebidas no
meio do ar e compartilhamos um olhar.
Yuri era uma pessoa complicada, para
dizer o mínimo.
Melissa era uma agente do FBI que
trabalhou em estreita colaboração com
Connor e esteve presente durante o caso
de tráfico de pessoas de Damian e com a
busca de Dominic para recuperar a sua
mulher do psicopata. Ela seguia a lei e
nunca nos ajudou. Ela fornecia justiça
onde era necessário também, mas, em
geral, ninguém sabia muito sobre ela. Ela
veio para cá devido o caso de Rosa, mas
teve que ficar mais tempo por causa de
seus problemas de saúde. Principalmente,
ela não conseguia manter a comida e
ficava tonta algumas vezes, então ela foi
avisada que só poderia viajar depois de
uma semana enquanto enviava sua
amostra de sangue para Ruslan, o médico
da Bratva. Por mais teimosa que pudesse
ser, ela não se opôs à decisão dele e
colocou o bebê em primeiro lugar.
Eu odiava a porra do FBI, mas essa
decisão me fez respeitá-la.
Exceto que Yuri dormiu com ela em algum
ponto durante a viagem nos Estados
Unidos e ela ficou grávida.
E então ele se recusou a reivindicá-la na
irmandade, o que era incomum, porque de
outra forma, a mulher não obtinha nossa
proteção. Ele aceitou o bebê, e só isso.
Mas ainda assim, apesar de suas
reivindicações, a maneira como ele a
olhava quando achava que ninguém estava
assistindo falava por si. Devido ao seu
passado, eu podia entender sua hesitação,
mas eu não tinha certeza de que ela
esperaria indefinidamente até ele puxar
sua cabeça para fora de sua bunda.
— Você será um bom pai, não se
preocupe. — Gleb apertou seu ombro.
Yuri olhou fixamente para ele. — Como
você sabe? Deus sabe que nenhum de nós
teve um bom exemplo.
— Isso não é verdade. — respondeu Gleb,
e então apontou para mim. — Nós o
tivemos por toda a nossa infância. Quero
dizer, não se ofenda, cara. Você não é tão
velho, mas você sempre cuidou dos recém-
chegados e nos ensinou toda a merda. De
certa forma, você criou a todos nós.
— É verdade. — Vitya concordou,
enquanto o calor se espalhava por mim
com essas palavras. Eu amava todos eles
como meus irmãos, mas fiquei feliz por ter
conseguido fazer algo de bom para eles.
Isso me deu esperança de poder criar bem
o meu filho.
Com a ajuda da minha família.
— De qualquer forma, e o pôquer? Caso
contrário, todos vamos chorar e conversar
sobre relacionamentos como garotas. —
Yuri golpeou Gleb no braço, mas ele
simplesmente riu, e Vitya tirou as cartas.
— Onde está Michael? — perguntei-lhe;
Aqueles dois geralmente estavam sempre
juntos.
Um sorriso suave se espalhou na boca de
Vitya quando, divertido, ele respondeu:
— Ele está cuidando das meninas. — ele
colocou o baralho no meio e depois
brincou: — Quem sabe? Talvez você volte
para as boas graças de Vi quando ela
estiver um pouco bêbada.
Espere, o quê?

Vivian

Escorregando do quarto, agarrei o monitor


de babá e o levei comigo enquanto sentava
minha bunda no sofá com meu Kindle no
meu colo.
Jake adormeceu rapidamente, graças a
Deus. Era dez horas, muito além da hora
de dormir, mas com todas as mudanças de
tempo e jet lag, era difícil se acostumar
com o horário. Sem mencionar a sua
excitação por Gleb.
Embora eu tivesse rido quando ele o
chamou de Legolas uma vez, Gleb estava
pronto para me matar.
Uma batida entusiasmada na porta me
pegou desprevenida, e eu pisquei, confusa.
Nos últimos dois dias, e por causa de todas
as coisas que aconteceram com Rosa,
Dominic e Jake, ninguém me incomodou
muito. Em outras palavras, eu só deixei o
quarto para o café da manhã ou quando
Jake queria passear.
Até mesmo Radmir me deixou em paz, sem
sequer olhar em minha direção. Eu lutava
para entender seu comportamento. Ele não
deveria falar comigo sobre o que aconteceu
naquele dia?
Eu sentia que nós dois éramos uns tolos
em toda essa coisa de relacionamento. Eu
não deveria ter exagerado assim. Eu
deveria tê-lo incluído em nosso círculo
familiar, e nós três deveríamos ter passado
a noite juntos. E ele não deveria ter me
ouvido e ido embora.
Mas, infelizmente, não poderíamos mudar
isso, e eu estava ficando cansada dessa
merda. Talvez eu pudesse bancar a mulher
das cavernas sobre ele? Parecia sempre
funcionar com ele quando eu estava
envolvida.
Ajustando meu vestido curto e amarelo, fui
abrir a porta, e dei de cara com Michael.
Ele sorriu largamente para mim,
travessura em seus olhos quando ele
levantou uma garrafa de vinho nas mãos.
— Ei, krasotka. — ele me chamou de
beleza? — Eu estou juntando todas as
meninas para que possamos beber e
conversar sobre paus, já que ninguém
mais está disposto. — ele parecia irritado
com o fato.
Hã?
Paus?
Oh.
Radmir me disse que ser gay era proibido
na irmandade, e ele só tinha um cara,
Vitya, que jogava nesse time. Esses dois
estavam sempre um ao lado do outro,
embora nada mais denunciasse seu
relacionamento.
Ele explodiu em risadas.
— Deus, seu rosto disse tudo. Sim,
aquele belo e marcado homem que você viu
pertence a mim. — ele disse
possessivamente e então agarrou minha
mão. — Venha, o resto já está no andar de
baixo.
Eu finquei os calcanhares no chão e não
me movi.
— Jake...
Ele revirou os olhos, entrou, pegou o
monitor do bebê que ele havia me dado
quando eu não tinha mais ninguém para
pedir, e fez um gesto com a mão para eu
segui-lo.
— Krasotka, você está na sede da Bratva
com um cara incrível como eu, e tudo que
você faz é ficar sentada aqui. Não é
saudável.
Fiquei impressionada com o
comportamento dele. Ultimamente, eu não
tinha notado sua personalidade brilhante.
Coloquei as minhas sapatilhas, e
caminhamos silenciosamente até andar de
baixo enquanto ele cantarolava uma
música russa.
Mesmo que soasse fora de contexto, era
cativante.
A sala principal estava zumbindo com a
atividade enquanto os membros jogavam
bilhar, fumavam, bebiam ou dançavam
com as senhoras.
E por senhoras eu quis dizer as putas da
Bratva.
Mas elas nunca cruzaram o meu caminho
ou eram malvadas, então eu realmente não
tinha nada contra elas, desde que elas não
tocassem em meu homem.
Aí sim, eu arranharia seus olhos.
Nós nos juntamos a Melissa, Konstanciya e
Kostya no bar, já que o cara estava
ocupado servindo bebidas a todos.
— Ei. — eu disse, minhas bochechas
aquecendo. Senti como se fosse o meu
primeiro dia de ensino médio, porque não
interagia muito com eles.
Konstanciya apenas franziu a testa e
depois acariciou o assento ao lado dela.
— Bem-vinda ao lado sombrio. — ela
piscou, imediatamente me deixando à
vontade. — Nós estávamos conversando
sobre armas e política.
Enruguei o nariz. — Sim, esses não são
meus assuntos favoritos.
Michael me saudou ao abrir a garrafa e
derramou o conteúdo em três copos,
enquanto colocava um refrigerante na
frente de Melissa.
— Amém, irmã. Como se não houvesse
outra merda interessante para falar. —
então ele cutucou Kostya. — Você vai fazer
parte de uma festa de garotas esta noite.
O barman nem sequer piscou, apenas
balançou a cabeça, continuou trabalhando
nas bebidas e examinou o lugar, como se
estivesse verificando que tudo estava
funcionando suavemente.
— Como está Rosa?
— Ela está bem, é uma lutadora. Além
disso, ela possui aquela besta possessiva
com ela. Dom cuida bem dela. —
Konstanciya riu então se perguntou em voz
alta: — Radmir está na casinha do
cachorro?
— Casinha do cachorro?
Como diabos ela sabia disso?
— Ele caiu de suas graças, então você está
mantendo sua buceta longe dele? —
piscando para sua ousadia, peguei o copo
e tomei um gole, curtindo o gosto agridoce.
Bom, Michael tinha um ótimo gosto.
— Eu não fiz isso. Ele é que está me
ignorando e não percebeu minhas
indiretas.
— Apenas para você saber, no caso das
meninas se perguntarem, os homens não
percebem “indiretas”. Vocês têm que ser
francas com a gente. — apontou Michael,
colocando a bunda na cadeira vazia e
puxando-a até o meio para que todos nós
pudéssemos sentar em uma espécie de
círculo.
— Concordo. — disse Kostya, e nisso,
Konstanciya corou.
— Eu sempre sou sincera com você.
— Mesmo?
— Sim, eu quero seu pau e é isso. Você
sabe onde estamos. — ela disse, à queima
roupa, e engasguei com minha bebida,
enquanto Melissa simplesmente deslocava
os olhos de um para o outro.
— Ah, finalmente conversas sobre pau.
Neste lugar, é tudo sobre buceta. —
Michael fez uma cara de pato na última
palavra, zombando de forma clara. Eu ri, e
ele adicionou mais vinho ao meu copo.
— Cala a boca, Michael. Não fale sobre o
meu pau com ele. — Kostya nos avisou, e
embora sua voz estivesse severa, notei um
pouco de diversão nos cantos de seus
olhos.
Michael abriu a boca para rebater, mas ele
foi interrompido por outra pergunta
interessante.
— Então você está grávida do bebê do
Kaznachei? — Konstanciya perguntou a
Melissa, e ela franziu as sobrancelhas.
— Quem?
Toda a sua atenção foi para o bolo de
chocolate que Larissa, a cozinheira da
Bratva, assou para depois do jantar.
Rolando os olhos, Konstanciya elaborou:
— Kaznachei, também conhecido como
Yuri, o gênio financeiro nesta fraternidade.
Melissa congelou por um segundo, depois
voltou a comer, embora com menos
entusiasmo. — Sim.
— Como isso aconteceu? — ela continuou
a incomodar a garota, mesmo que
claramente não estivesse com vontade.
Quem estaria? Ele não a reivindicou como
sua, e deve ter sido difícil.
A propósito, ela às vezes representava um
papel em sua companhia, e eu tinha a
sensação de que ela não recebeu o
memorando dele que seu tempo juntos fora
apenas uma foda e nada sério.
— Talvez devêssemos mudar o assun...
Konstanciya não me deixou terminar,
enviando um olhar mortal em minha
direção.
— De jeito nenhum. Eu quero saber os
detalhes. Qual é o objetivo dessa reunião,
então? E eu não vou agir toda educada
como o resto de vocês. — ela apontou para
o resto da Bratva, que escutava nossa
conversa com cuidado, apesar de fingir
fazer sua merda. Eles até abaixaram a
música. — Aparentemente, sou a única
brava aqui.
Ela meio que nos pegou de jeito, porque o
tema de Yuri engravidando uma agente do
FBI de todas as pessoas, era a conversa
principal entre a Bratva. Tanto quanto eles
odiavam sua profissão, vários deles já se
perguntavam como protegê-la e o bebê
durante a gravidez, já que ela trabalhava
em um trabalho perigoso. Embora Melissa
provavelmente pudesse cuidar de si
mesma, achei doce o quanto eles estavam
dispostos a fazer pelo bebê.
— Nós fizemos sexo. — Melissa finalmente
disse. — Sexo ruim que levou a uma
gravidez. Eu esperava mais dos mafiosos.
— ela quase cantou as palavras, enquanto
as pessoas ficavam em silêncio, e Kostya
até derramou uma bebida no balcão nesta
informação. Quase não consegui me
impedi de rir; Sua reação não tinha preço.
Ela gemeu com outra mordida do bolo,
quando uma voz fria e divertida por trás
dela falou:
— Sexo ruim, hein? — os olhos de Melissa
se abriram em choque quando Yuri
aproximou-se dela. Ele se inclinou mais
perto de sua orelha, enquanto sua
respiração engatava, e disse alto o
suficiente para que todos ouvissem. —
Então vamos dar outra chance, não é?
— Vá para o inferno, Yuri.
Sua mandíbula pulsou, a única indicação
de suas emoções.
— Bem, isso é estranho. — disse Michael.
— Isso explica por que você nunca fica por
aqui, cara. — ele deu um tapinha no braço
de Yuri. — Que lástima, principalmente
com sua aparência.
Tive a sensação de que Yuri iria explodir de
fúria, quando Melissa levantou-se e
encarou-o.
— Bem. Vamos fazer sexo. — ela
empurrou o cabelo sobre o ombro e depois
puxou sua gravata. Outra coisa estranha
sobre o cara, ele usava gravatas quase
todos os dias, o que muitas vezes parecia
fora do lugar. — Por consideração aos
velhos tempos.
E com isso, eles deixaram a sala principal
enquanto seguiam para seu apartamento.
— Viu o que eu quero dizer? — Michael
sussurrou. — Você deve pegar dicas dela.
— Com licença?
— Pare de ficar no seu quarto e saia com
seu cara. Ele te machucou, você o magoou,
beije tudo para ficar melhor, e tudo se
resolve assim. — ele estalou seus dedos. —
E aprendam a não fazer isso no futuro. —
então ele me beijou na bochecha. —
Querida, eu estive em um relacionamento
nos últimos três anos, então eu sei do que
estou falando.
Ele me deu uma piscadela e olhou por
cima do meu ombro. Eu olhei para trás
quando Radmir entrou no complexo,
usando uma camiseta e calças de
moletom, e seus olhos pousaram em mim.
Calor, desejo, necessidade, desejo,
saudade.
Eles tinham tudo aquilo, e alguém teria
que quebrar o gelo. Poderia muito bem ser
eu. Enquanto caminhava para Radmir,
Michael levantou a mão, e eu dei-lhe um
“toca aqui”. Ele piscou novamente e, em
questão de momentos, cheguei a Radmir,
agarrando a frente de sua camisa e
aproximando-o de mim.
— Você me disse que podemos brigar, nos
machucar, mas o sexo nunca estaria fora
dos limites. Onde você esteve nos últimos
dois dias?
Ele engoliu em seco, envolvendo o braço
em torno da minha cintura, então senti
seus músculos ásperos contra mim. — Eu
te dei tempo.
— Bem, eu não preciso de mais nada.
— Bom. — então, sem tirar os olhos de
mim, ele ladrou para Gleb: — Nós vamos
para o seu quarto. Não entre até eu lhe
dizer que partimos.
— Claro. — então ele murmurou
calmamente: — Tem que ser o meu
quarto?
Mas eu parei de prestar atenção quando
Radmir me levantou, circulando minhas
pernas e braços ao redor dele, e entrei em
contato direto com o seu pau. Nós
corremos para Deus sabe onde, porque
Gleb possuía um quarto e não um
apartamento como o Sovietnik ou o
Kaznachei.
— Você poderia se apressar? — eu gemi
em sua orelha, mordendo e depois
lambendo enquanto ele balançava, sem
equilíbrio.
— Foda-se, um segundo.
Ele finalmente entrou no quarto e me
pressionou contra a parede. Ele rasgou o
meu vestido e depois fez o mesmo com o
sutiã, expondo meus seios cheios e
doloridos, enquanto ele, sem aviso, pegava
um e depois o outro na boca, lambendo e
sugando, me deixando louca enquanto eu
segurava sua cabeça, querendo que ele não
parasse nunca. Tirando o meu vestido, ele
deslizou a calça e entrou em mim,
capturando meu gemido de prazer e dor ao
mesmo tempo. Seu beijo era um pouco
áspero, com sua língua explorando
profundamente, enquanto ele se movia
para trás e para frente, empalando-me no
seu comprimento duro, me deixando louca
com necessidade e desejo.
Meus pulmões queimaram. Empurrando
sua cabeça, puxei uma respiração
necessária e, em seguida, mordi o pescoço
dele, rindo de como ele se contraiu dentro
de mim.
— Meu. — eu disse enquanto ele ria,
puxando minha cabeça para trás. Não tive
escolha senão inclinar meu pescoço para
ele fazer o mesmo.
Esta era uma foda pura e não tinha nada a
ver com o amor, sem palavras carinhosas,
preliminares ou humor.
Apenas duas pessoas em um frenesi de
acasalamento.
— A quem você pertence, krasivoglazaya?
— ele perguntou roucamente, dirigindo
mais fundo em mim.
— Você. — eu engasguei, apertando meus
músculos ao redor dele.
— Porra, sim. — ele apertou meus
mamilos e depois disse suavemente. —
Ninguém pode ter isso além de mim,
entende? Reivindiquei você desde a porra
do primeiro toque.
Eu assenti com a cabeça, seus impulsos
me levando cada vez mais ao prazer. — Eu
fui sua desde o primeiro olhar.
— Minha antes e minha agora. — ele
gemeu quando o fogo se espalhou por mim,
acendendo minhas veias. Minha cabeça
ficou tonta e todas aquelas emoções se
misturaram tanto com o prazer que não
estava certa de que poderia sobreviver.
Meu grito ecoou na sala, e Radmir não
tentou encobri-lo. Então ele rugiu seu
próprio orgasmo, bombeando em mim
algumas vezes mais.
Nossas respirações ofegantes misturaram-
se quando nos beijamos apaixonadamente,
sem nos importar com o suor escorrendo
entre nós, meus dedos deslizando para
cima e para baixo em suas costas.
Nos agarramos um ao outro até a nossa
respiração voltar ao normal, e o desejo
tornou-se um borrão maçante em vez de
um inferno furioso.
Só então, lembrei-me de onde estávamos e
o que ele fez com minhas roupas.
— Oh, meu Deus, como vou voltar para o
nosso quarto? Meu vestido está rasgado. —
eu gritei. — Talvez eu possa pegar
emprestado uma das camisas de Gleb?
Um suspiro escapou de mim quando ele
me deu uma bofetada na minha bunda.
— Você não vai usar nada dele. — ele
apertou minha bunda. — Isso pertence a
mim, então minhas roupas vão cobrir seu
belo corpo.
Ele pegou sua camisa, colocou sobre
minha cabeça, e ela deslizou até o meio
das minhas coxas. Ainda havia muita pele
exposta, mas teria que servir.
Envolvi as mãos ao redor de seu pescoço
enquanto ele me pegava em seus braços e
corria para o nosso quarto.
As pessoas estavam corretas, de certa
forma. O sexo de reconciliação fazia a briga
valer a pena.
Radmir

O telefone tocou alto no meio da noite, me


acordando, enquanto Vivian estava no meu
peito. Ela se agitou, e eu examinei o
quarto.
Mas não estava aqui. Devo ter deixado no
ginásio. O que no inferno estava tocando,
então?
Ajustando meus olhos para a escuridão,
notei o telefone de Vivian na mesa de
cabeceira no seu lado e me inclinei para
desligá-lo, mas ela murmurou no meu
pescoço:
— Me dê.
Não gostando que alguém perturbasse seu
sono, fiz o que ela pediu porque estava
cansado de estar na casinha de cachorro.
Colocando-o ao lado de sua orelha, tracei
meu dedo em suas costas, relaxando-a
ainda mais enquanto respondia:
— Olá? Tina? — então era a sua irmã
que estava ligando. Ela não estava
ocupada percorrendo a Europa com seu
noivo? — São três da manhã aqui,
maninha. Você me acordou, desculpe-me
se eu não estou toda alegre.
Ela franziu o cenho e então se levantou no
meu peito, sentada diretamente no meu
pau, e eu gemi enquanto ele endurecia.
Seus olhos se arregalaram quando ela
olhou para trás, e falou:
— De novo?
— Sempre.
Girando os olhos para essa resposta coxa,
ela continuou conversando.
— Você está falando sério? Quando?
Onde? — Tina gritou algo no telefone. —
Parece bom! Claro, estarei lá. Por que? —
franzindo o cenho novamente, ela então
encolheu os ombros. — Ok. Amo você
também. Tchau.
Ela jogou o telefone no colchão ao lado da
minha cabeça quando franzi minha testa,
esperando uma explicação.
— Tina e John estão vindo para Moscou
agora. Ela decidiu vir me visitar e ao meu
russo sexy.
Eu sorri com esse apelido, mas minha
felicidade não durou muito quando ela
beliscou meu quadril.
— Mulher má. — eu murmurei.
Ela continuou:
— Eles estão hospedados no Marriott, e
ela me pediu para ir amanhã, porque ela
quer conhecer você e fofocar sobre você.
Levantando-me na cama, puxei sua cabeça
para mais perto da minha, para que assim
nossas bocas escovassem uma contra a
outra.
— Não sem mim. — o meu grunhido não
a afetou nada. Em vez disso, ela passou os
dedos pelos cabelos, expondo o pescoço
para mim enquanto ela se movia no meu
colo, esfregando-se contra meu pau.
— Claro. Eu não quero me colocar em
perigo, quando você ainda não descobriu
quem está atrás de nós.
Exalando um suspiro de alívio que ela não
tentou começar outra briga, agradeci os
deuses por isso.
Deslizando meus lábios sobre sua pele, eu
chupei forte seu pescoço, com certeza
deixando um hematoma para todos verem
a quem ela pertencia.
O lençol caiu entre nós, e eu o retirei
apressadamente, não gostando de nada
bloqueando o acesso à minha mulher.
— Somente dentro do hotel. Você não
moverá sua bunda bonita e sexy... — eu
apertei-a em minhas mãos, empalando-a
no meu pau com um movimento rápido
enquanto ela gemia alto. — Sem minha
permissão.
Escorregando minha mão para seu peito,
eu pesei-o na minha palma antes de
mordê-lo ligeiramente e depois sugá-lo na
minha boca. Ela agarrou minha cabeça e
então remexeu-se de novo e de novo, me
deixando louco.
— Ok. — ela deslizou as mãos nas minhas
costas, afundando suas unhas e
arranhando a pele já machucada. Não
gostando muito do atrito, eu virei Vi de
costas e dirigi profundamente nela,
movendo o colchão. Ela gemeu, envolveu
suas pernas ao meu redor e empurrou a
pélvis para cima, encontrando meus
impulsos com ansioso desejo enquanto eu
capturava sua boca em um beijo profundo
e entrelaçava nossas mãos em cada lado
de sua cabeça.
Dentro e fora. Dentro e fora.
Sua boceta apertou-se ao redor de mim
enquanto ela terminava o beijo, respirando
fundo, com seu grito ecoando no quarto, e
em um segundo, eu a segui com meu
rugido.
Deitado sobre ela, respirando
pesadamente, perguntei-me se algum
outro tipo de felicidade existia neste
mundo.
Eu não tinha ideia do que era viver até que
eu a conheci.
Minha vida tinha começado e terminaria
com Vivian Jackson, e eu não a desejaria
de nenhuma outra maneira.
12-

Vivian

Colocando os toques finais na minha


maquiagem, observei meu cabelo escovado,
deslizando como uma cascata pelas
minhas costas. Examinei meu vestido
branco de linho, que abraçava o meu corpo
o suficiente para enfatizar minhas curvas,
mas não o suficiente para mostrar tudo. E
os saltos de doze centímetros deram ao
meu look um aspeto chique dos anos
cinquenta que eu adorei.
Agarrando minha bolsa vermelha, entrei
na sala enquanto Radmir estava perto da
geladeira e bebia sua água, mas ele
congelou quando me notou. Seus olhos
escanearam minha aparência, aquecendo
com desejo, e então ele deu um passo à
frente, seu corpo ainda suado do treino
que ele havia feito antes. Uma das razões
pelas quais eu acordei sozinha na cama
com apenas o cheiro dele no travesseiro
para me cumprimentar.
— Não se atreva, Radmir.
Sua boca ergueu-se em um meio sorriso.
— Se isso deveria supostamente me parar,
então você está usando as palavras
erradas.
— Passei uma hora fazendo minha
maquiagem e escolhendo minhas roupas.
Eu não posso ter uma aparência de recém-
fodida quando for visitar minha irmã. — eu
soei escandalosa até para meus próprios
ouvidos.
Seu rosto tornou-se sombrio.
— Ninguém tem permissão para vê-la
recém-fodida, como você mesma disse, só
eu, krasivoglazaya. — ele escovou o
polegar contra meu lábio inferior. — Essa
visão pertence apenas a mim.
Ah, não.
Ele não me deixaria ir sem um orgasmo,
porque o animal possessivo dentro dele
queria colocar uma reivindicação sobre
mim depois de pensamentos como esse.
Ele colocou as mãos nos meus quadris,
agarrando-me firmemente e me colocou na
mesa, empurrando os papéis para o chão.
— Jake... — eu comecei.
— Ficou na academia com os caras. Nós
temos tempo. — ele afastou minhas
pernas, abriu espaço para si mesmo
enquanto subia meu vestido, e ele gemeu
ao notar minha tanga transparente que
quase não cobria minha buceta.
— Meu vestido e maquiagem... — com seu
toque, estava ficando mais e mais difícil
resistir enquanto o desejo se espalhava por
mim como fogo, e eu não pude parar o
engate da minha respiração ou meus
mamilos endurecendo contra o tecido
macio do vestido.
— Eu vou dar-lhe prazer, sem você ter que
fazer qualquer coisa. — ele abriu minhas
pernas mais amplamente possível,
colocando-as sobre seus ombros,
ajoelhando-se diante de mim enquanto sua
respiração quente aquecia o meu núcleo.
Ele puxou minha calcinha para o lado e
me inalou, percorrendo o nariz nas bordas
da minha buceta. — Apenas uma
lembrança sobre a quem você pertence.
Como se eu pudesse esquecer.
Todos os pensamentos escaparam da
minha mente quando ele sondou
profundamente com sua língua,
empurrando-a para dentro, beijando meu
núcleo profundamente enquanto seus
dedos cavavam nas minhas coxas. Eu
arqueei minhas costas e pelve, me
aproximando de sua boca. Ele mudou-se,
lambendo de um lábio inferior para o
outro, enquanto o dedo dele tocava com
meu clitóris e um gemido escapava da
minha boca.
— Radmir. — deslizando meus dedos em
seus cabelos, puxei, aproximando sua
boca ainda mais enquanto ele continuava
me lambendo. Ele acendeu um fogo
através das minhas veias, sugando alto,
sem esconder a sua fome. Com cada
respiração, lambida e toque, ele
restabeleceu sua reivindicação, e acima de
tudo, que ele me amava.
Meus dedos enrolaram dentro dos meus
sapatos enquanto eu cavei um dos meus
saltos em suas costas e ele gemeu alto.
Provavelmente deixei marcas, e adorava a
ideia. Ele me pertencia tanto quanto eu
pertencia a ele, e melhor ainda, cada
mulher na Bratva sabia disso.
O Sovietnik sexy pertencia a mim e a
ninguém mais.
Eu já estava perdendo minha cabeça, me
perdendo no prazer que ele criara, quando
ele adicionou um dedo, e foi o suficiente
para me enviar em um frenesi. Quando
minha buceta apertou seu dedo, e ondas
de prazer passaram por mim, engoli uma
respiração, mas, em vez de me deixar ir,
ele segurou minha bunda e empurrou a
língua, trocando de dedo e provavelmente
ganhando mais do meu gosto.
Muito letárgica para reagir, deitei na mesa,
tentando respirar enquanto ele me
chupava até estar limpa e então beijou
suavemente uma última vez antes de
mover minha tanga para o lugar,
ajustando meu vestido e ajudando-me a
sentar para que nossas bocas se
encontrassem.
O beijo era sujo e profundo, e eu podia me
provar nele, mas não me importava. Ele
bebeu de mim enquanto sua ereção cavava
em meu estômago, e eu gemi, querendo
cuidar do meu homem. Ele riu contra
minha boca, pegando minha mão e
envolvendo-a em sua carne.
— Sente isso, krasivoglazaya? É seu. —
tentei puxar suas calças de moletom, mas
ele parou minhas mãos. — Você vai tê-lo
uma vez que estiver de volta, onde você
pertence. Então não demore muito.
— Tão arrogante.
Ele piscou, pegou a garrafa de água e
estendeu a mão para mim. — Você sabe
que é verdade. Vamos. Você pode ver nosso
menino antes de ir e depois se divertir com
sua irmã sob a supervisão de Petor.
Eu revirei os olhos para o último
comentário.
Dominic convocou uma reunião e Radmir
não tinha escolha a não ser participar.
Enquanto eu tinha oferecido não ir sem
ele, minha irmã continuava me enviando
mensagens o tempo todo, e era um
comportamento tão incomum que me
preocupava. Então eu liguei para a
academia e perguntei o que deveríamos
fazer. Ele me disse para ir com Petor e dois
bykis12, enquanto ele informava a
segurança do hotel para se certificar de
manter um olho em mim. Ele se juntaria a
mim assim que a reunião estivesse
acabada.
Meu russo sexy e possessivo. Eu esperava
que ele nunca mudasse.
De mãos dadas, descemos as escadas,
onde ele me levou por várias portas e
passou por Petor, que me saudou, de onde
estava sentado no carro. Radmir
provavelmente o chamou com
antecedência, mas nós o ignoramos

12
Byki, em português: touro. São os guarda-costas na máfia russa.
quando voltamos para uma enorme
garagem.
Quando nos aproximamos da academia, o
som da música familiar que saía dos alto-
falantes poderia ser ouvida até o ponto em
que as portas de metal tremiam, e eu
compartilhei um olhar com Radmir, mas
ele apenas deu de ombros e abriu uma das
portas para mim. Uma imagem
inacreditável me cumprimentou.
Os caras estavam em torno de algo no
meio do estabelecimento, chamando os
nomes de Michael, Gleb e Jake em voz
alta, enquanto um chapéu com dinheiro
era passado no ar entre os membros.
— Aqui vem! — gritou Igor, e o refrão de
“Party Rock” da LMFAO começou a tocar
quando a música encheu o lugar, e depois
vimos o que estava acontecendo quando
Radmir afastou todos.
Michael e Gleb estavam no meio, de frente
para a parede, onde uma grande TV, com o
Kinect13 ligado a ela em um jogo de dança,
lançava um desafio. Jake estava a alguns
metros da frente deles e eles pularam no
lugar, esperando o momento de mexerem-
se.
Eles bateram suas mãos acima de suas
cabeças em voz alta enquanto Gleb gritava:
— Estou sóbrio demais para essa merda!
Mas naquele momento, a música
começou. Eles seguiam os movimentos do
vídeo, e foi divertido ver dois homens
musculosos mexendo e girando, movendo
as pernas para a frente e para trás e
deslizando para o lado enquanto Jake os
conduzia.
Michael e Gleb giraram para enfrentar um
ao outro e fizeram o pontapé infame de
frente, mas conseguiram chutar um ao
outro e riram. Na maioria das vezes, eles
estavam fora de ritmo, mas ninguém se
importava, enquanto o resto da Bratva

13
Kinect foi um sensor de movimentos desenvolvido para o Xbox 360 e Xbox One, junto com a empresa
Prime Sense.
continuava gritando para eles
continuarem.
— Parem de acertar. — foi a vez de Kostya
gritar. — Alguns de nós querem jogar
também.
O chão tremia sob meus saltos, e a sala se
encheu do cheiro de homens seminus
suados, e meus olhos se arregalaram
quando percebi seus músculos.
Percebendo a minha reação, Radmir
rosnou no meu ouvido:
— Pare de olhar para eles, krasivoglazaya.
Deslizando meus dedos através de seus
cabelos molhados, puxei sua boca para
mais perto e lhe dei um beijo leve nos
lábios, o que não nos satisfazia, mas
deveria, por enquanto; Caso contrário, eu
nunca iria ver Tina. — Os seus são os
únicos que eu quero lamber.
— É melhor ser.
Ele bateu na minha bunda levemente, e eu
balancei minha cabeça para ele.
— Como você conseguiu colocar um
Kinect aqui?
— Jake o mencionou noite passada para
Vitya, e voila, está aqui. Embora eu tenha
a sensação de que os caras gostaram mais
do que ele. — ele riu quando a música
finalmente parou.
Michael e Gleb respiravam pesadamente,
descansando as mãos contra os joelhos
enquanto Jake pulava alegremente. Ele
acenou ansiosamente para mim.
— Mamãe, você viu? Eu fui o melhor. —
ele disse com satisfação, e Radmir estufou
o peito, orgulhoso como o inferno.
Eu bati no peito dele.
— Não encoraje sua arrogância.
— Foda-se, eu vou. Por que ele não
deveria se orgulhar da verdade?
Revirando os olhos para isso, soprei um
beijo para o meu bebê. — Tome café da
manhã e leia um livro. Volto em breve, ok?
Ele acenou com a cabeça, e então Gleb o
pegou, virou-o de cabeça para baixo, e ao
segurá-lo apenas por uma perna, levantou-
o para cima e para baixo enquanto ele ria
alto.
— Não se preocupe, Vi. Eu cuidarei dele.
— ele piscou para mim quando Michael
gritou:
— Jake, você ganhou todo o dinheiro!
Os rapazes voltaram a jogar com o Kinect
enquanto Jake ficava com Michael e Gleb.
Olhando para eles naquele momento, meu
coração aqueceu, porque eu podia ver que
aqueles homens amariam meu filho como
seus e nunca deixariam ninguém
machucá-lo. Não era isso que uma família
fazia?
Por que eu era tão contra seu estilo de vida
em primeiro lugar?
Sacudindo a cabeça para aqueles
pensamentos, decidi fazer algo legal para
todos eles, uma vez que voltasse da visita
de minha irmã. Ela soava tensa no
telefone, e eu esperava que tudo estivesse
bem.
Com um último beijo para o meu homem,
ele escoltou-me até o carro, onde Petor me
contou diferentes histórias no caminho
para o hotel enquanto eu descansava
minha bochecha na janela, admirando a
beleza de Moscou. Minha nova casa.

Diretor

Eu não podia acreditar que em poucas


horas, meu amor finalmente fugiria
comigo, e poderíamos deixar esse pesadelo
e separação para trás. Meu coração sofria
por ela por tantos anos, ansioso para ver
novamente o olhar de adoração pura em
seu rosto.
Eu ainda me lembro do nosso primeiro
encontro, quando ela ficou no salão de
baile, perdida, enquanto a tristeza se
mostrava através de seus falsos sorrisos e
ela puxava seu vestido branco,
desconfortável. Ela não gostava de todas as
exibições de luxo, e ela era tão diferente de
todas as outras mulheres lá fora, que só
me queriam devido à minha conta
bancária. Fiquei intrigado com ela, mas eu
me apaixonei quando nossos olhos se
encontraram, e ela pediu para eu salvá-la
com apenas um olhar.
Nós nunca trocamos outra palavra, e
pouco depois, ela viajou para a Rússia,
onde conheceu Radmir e pensou que ele
era sua alma gêmea. Como ela poderia
estar tão enganada? Como poderia não se
lembrar do nosso momento de conexão que
uniu nossas almas para sempre?
Rolando minhas mangas, eu abri a tampa
das minhas pílulas, mas o recipiente
estava vazio. Em pânico, retirei
rapidamente tudo da bolsa, procurando
por mais uma dose, mas não consegui
encontrá-la.
Não é bom, não é bom. Vivian não
precisava de mim agindo feito louco com
ela; Ela precisava de minha paciência e
persuasão.
— Onde estão as minhas pílulas? — gritei.
A voz do chuveiro gritou:
— O quê?
— Pílulas, minhas pílulas.
— Não tenho ideia, querido.
Até a voz dela me irritava, e sem as pílulas,
minhas mãos se contraíram e fecharam
permanentemente. O cheiro de seu
perfume penetrou na minha narina, e
então eu bati no vaso de cristal e o
quebrei, e pedaços de vidro espalharam-se
por todo o lugar.
— Amor, o que foi? — ela gritou
novamente, e eu tapei meus ouvidos,
esperando ignorá-la e me separar desta
situação como eles me ensinaram nas
instalações.
Um, dois, três.
— Amor? — a estúpida mulher tinha que
falar, não era? Era ruim o suficiente que
mal conseguia ficar duro para ela, mas
agora ela exigia minha atenção.
A neblina vermelha familiar da insanidade
nublou minha mente e meus olhos quando
eu peguei o bastão de hóquei que
trouxemos conosco e me dirigi ao banheiro.
Ouvi-la era uma agonia que não aguentava
mais.
Vivian seria minha em apenas algumas
horas de qualquer maneira; Ninguém tinha
que fingir mais.
Entrando no banheiro, eu percebi que ela
estava no banho com sabão em seu corpo.
Ela levantou seus olhos confusos para
mim e olhou para o bastão de hóquei.
— O que você está fazendo?
Deslizando meu olhar por sua pele
bronzeada e corpo magro, que não eram
nada como as curvas de Vi, e aqueles
malditos olhos azuis aborrecidos, que eram
apenas um ligeiro lembrete dos de Vi, eu
agradeci aos deuses por finalmente poder
acabar com isso. Minhas mãos agarraram
o bastão com mais força quando seus
olhos se arregalaram, e ela falou:
— Você...
Sua maldita voz.
Levantando o braço para o alto, bati na
mão dela enquanto ela gritava e caía no
chão, e risadas escaparam de mim.
Finalmente, um som vindo dela que eu
realmente poderia desfrutar.
Vivian

Batendo suavemente na porta, não pude


deixar de sorrir com a lembrança da minha
primeira noite com Radmir no mesmo
hotel. Neste lugar, eu me tornei
oficialmente dele, e sempre seria um lugar
especial no meu coração.
A porta foi aberta rapidamente por John,
que estava com as mangas brancas da
camisa enroladas até os cotovelos,
enquanto que, por algum motivo, suas
calças azuis estavam encharcadas, e os
pés descalços dele manchavam todo o
tapete branco no chão. A suíte de luxo
tinha espaços amplos. A sala de estar
tinha um sofá, uma televisão e um
pequeno bar, enquanto o quarto tinha uma
cama king-size.
O chuveiro estava ligado, enquanto o vapor
escorria pela fresta da porta, aumentando
a temperatura na sala até ficar quase
insuportável, e os espelhos no armário,
que ficava ao nosso lado, também estavam
embaçados.
— Eu interrompi seu tempo romântico? —
minhas bochechas aqueceram, e eu
espalmei meu rosto. Por que não tinha
pensado nisso? Eles estavam
comprometidos, depois de tudo.
Mas então eu notei as pequenas gotas de
sangue em sua camisa que não estavam
visíveis para mim antes, e como suas
bochechas estavam arranhadas como se
alguém tivesse usado suas unhas com
crueldade, propositadamente, não por
acidente.
— O que está acontecendo?
Em vez de responder, ele me puxou para o
quarto com dureza antes que eu pudesse
reagir e me jogou dentro do banheiro,
diretamente no chão escorregadio. Eu
perdi meu equilíbrio, escorregando nos
meus saltos. A queda machucou meus
joelhos e braços no processo. Um grito de
dor me deixou, enquanto o choque ainda
corria por mim.
Concentrando meus olhos no nevoeiro,
notei que Tina estava deitada no chão de
azulejos, o cabelo loiro coberto de sangue
enquanto a água deslizava por ela.
Engasgando de horror, me arrastei para
ela, com minhas mãos tremendo, porque
eu tinha medo de tocá-la. E se eu a
machucasse ainda mais? Em vez disso, eu
me levantei, desliguei a água e peguei uma
toalha, coloquei-a sobre ela e verifiquei seu
pulso. O alívio, junto com as lágrimas, me
inundou como uma onda quando senti seu
coração batendo.
— Tina, espere. Por favor, aguente firme.
— eu sussurrei, enquanto acariciava sua
bochecha, onde não estava ferida. Ela
precisava de um médico imediatamente. A
ferida em sua cabeça era enorme, e havia
tanto sangue. Várias contusões marcavam
sua pele normalmente bronzeada, e eu
simplesmente não conseguia entender o
que diabos tinha acontecido aqui.
Telefone, eu preciso ligar para Radmir.
Procurando minha bolsa, que tinha
deslizado pela pia, quase tinha chegado até
ela quando John apareceu novamente com
remorso e insanidade nos olhos,
bloqueando meu caminho.
— Não, Vivian. Não faça isso. — ele fez
um movimento para acariciar minha
bochecha, mas eu recuei e ele apertou
firmemente o queixo. — Eu fiz isso por nós.
O quê?
Só então, olhei para baixo e notei uma
arma em sua mão, que estava apontada
para mim, e o medo me congelou no lugar
enquanto ele fazia um gesto para a porta.
— Venha, você não deveria estar aqui.
Venha, meu amor, sinto muito que você
teve que ver isso.
Não me movi, não poderia me mover, não
quando imagens passaram pela minha
cabeça como se eu estivesse assistindo um
filme.
John sempre sendo legal comigo.
John afirmando que me ajudaria.
John oferecendo-se para ajudar Jake com
a lição de casa ou para consertar a
iluminação de meu estúdio.
O Diretor.
John, que sempre parecia querer estar
perto de mim.
Eu ignorei o pensamento o tempo todo,
pensando que era minha imaginação.
— Vivian, mova-se ou eu vou matá-la.
Sem outra escolha, obedeci ao seu pedido
quando ele colocou a mão nas minhas
costas e me empurrou suavemente na
direção da sala de estar, com náuseas me
atingindo com seu toque.
Radmir.

Radmir

— Absolutamente não. — Dominic bateu


na mesa com o punho, agitando os
suportes de canetas e tudo mais sobre ela.
— Sem drogas nas minhas ruas, Andrei. —
ele avisou a um dos Brigadiers da Bratva,
quando o homem em questão deslocou-se
desconfortavelmente em sua cadeira sob o
escrutínio do Pakhan.
Um Brigadier era um homem nomeado
pelo Pakhan que ficava responsável por um
pequeno grupo de homens da Bratva em
um território específico. Embora ele não
precisasse pedir permissão para pequenos
negócios e pedidos, ele deveria prestar
homenagem ao Pakhan todos os meses, e
não tinha autoridade para decidir quem
poderia lidar com drogas, armas ou
cafetões sem consultar a Bratva.
Ele apareceu pouco depois que os rapazes
se refrescaram da sessão de dança no
ginásio - eu ainda estava rindo disso - e
Dominic ordenou que Yuri, Vitya e eu
fôssemos ao escritório dele.
— É um bom negócio. Nosso lucro
aumentaria... — Andrei ainda estava
empurrando seu ponto, mesmo com o tom
de aço na voz do Pakhan.
Dominic ergueu-se em seu assento,
empurrando as palmas das mãos sobre a
madeira e inclinando-se para a frente, a
ameaça e a raiva jorrando de todos os seus
poros como um touro irritado.
Observá-lo no papel de líder era bastante
fascinante. Não tinha conseguido vê-lo
assim até agora, como seu Sovietnik.
Vasya foi um ótimo Pakhan, mas Dominic
era magnífico em seu papel. O orgulho
encheu meu peito, lembrando do
adolescente magro que chegou a Bratva e
procurou minha ajuda. Estava feliz que ele
tivesse se esforçado para ser o seu melhor.
— Não vou me repetir novamente, Andrei.
Não ligo para drogas nem mulheres. Deixei
isso bem claro quando subi ao poder, e
qualquer pessoa que não concorda comigo
é bem-vinda a me desafiar.
Ele enterrou suas costas mais fundo na
cadeira, balançando rapidamente a cabeça.
O filho da puta era forte, mas ele não tinha
força contra Dom.
— Claro que não, Pakhan. Mas Vasya...
— Vasya está morto há três anos. Tudo o
que ele prometeu a você se tornou nulo no
momento em que ele morreu. — então
Dom tirou a arma e colocou-a na testa de
Andrei, e o suor apareceu em seu lábio
superior. — Se eu souber que você foi
contra minha vontade, você terá uma
morte dolorosa. — as habilidades de
Dominic em fazer alguém pagar eram
lendárias quando ele era um executor.
Mesmo eu, com todas as minhas
habilidades, não gostaria de estar na
recepção de sua raiva.
— Entendido, Pakhan.
— Saia do meu escritório.
Andrei saltou, curvou-se para Dom e o
resto de nós, e correu para fora,
suspirando aliviado antes de fechar a porta
silenciosamente atrás dele.
Dominic dirigiu-se a Vitya. — Será que ele
vai ser um problema?
— Não. — ele bebeu mais de seu café, o
cheiro fazendo o quarto feder. — Ele é
muito covarde para ir contra a sua palavra.
— Bom. Alguém mais que poderia tentar
um acordo com ele?
— Vova é estúpido o suficiente para
pensar que ele poderia executar isso sob o
seu nariz sem que você perceba.
Vova era outro Brigadier. O Pakhan tinha
cerca de dez deles espalhados pela Rússia
para um melhor controle sobre os negócios
da Bratva regionalmente.
— Ele também mentiu em seu relatório
financeiro. — Yuri juntou-se à conversa. —
Eu preparei o caso para você. Ele rouba da
irmandade e do povo dele. Não é bom.
Os olhos de Dominic se estreitaram
quando um sorriso sinistro apareceu em
seu rosto.
— Então, vamos lidar com ele
adequadamente. Vitya, não faça nada até
que possamos ter alguma forma de provar
sobre as drogas. Eu quero que ele seja um
exemplo para o resto deles. — ele esfregou
o queixo e depois finalmente me falou. — O
que você acha das armas?
— É um bom negócio e essas pessoas são
confiáveis. — ele ainda não parecia
convicto, mas eu tinha que ser sincero
sobre isso. — Nós não nos envolvemos com
drogas e mulheres, e confie em mim, eu
concordo com você nisso. Mas você não
pode ter apenas negócios legais. Isso
prejudicaria sua autoridade.
— Eles vão reivindicar que a Bratva de
Konstantinov tornou-se branda. — disse
Yuri, e eu assenti em concordância.
Dominic brincou com seus polegares
enquanto esperávamos sua decisão e,
finalmente, ele exalou pesadamente.
— Ok. Vamos lidar com armas, mas eu
quero deixar claro que as crianças ficam
fora disso. Os recrutas ficam fora disso. E
nenhum desafio até eu dizer.
Nós todos sabíamos o motivo de sua
hesitação. Ele tentava deixar as crianças
na Bratva terem o máximo de infância
possível. Infelizmente, se eles ficassem
curiosos sobre as armas, nada iria detê-
los.
— Isso é tudo? — Yuri levantou-se, mas o
Pakhan fez sinal para que ele se sentasse e
ele sentou o traseiro na cadeira.
— O que diabos está acontecendo com
você e Melissa? — seu rosto ficou frio.
— Nada.
Dominic franziu a sobrancelha. — Mesmo?
Então eu preciso de uma confirmação clara
de você.
— Que confirmação?
— Melissa é uma agente do FBI, mas ela
continua por aqui. Se ela fosse sua
mulher, teria o direito de estar aqui. Mas,
como ela não é, eu vou ter que proibi-la.
— Ela dorme junto de Michael e Vitya.
Você vai expulsá-la? — a raiva preencheu
sua voz quando ele se endireitou e
encontrou o olhar de Dom de frente.
Vitya e eu apenas assistíamos a cena com
interesse, porque mesmo que Yuri tentasse
esconder, sua mandíbula estava tensa e os
seus olhos brilhavam com uma emoção
desconhecida para todos nós. Ele não
tinha ficado tão afetado nem mesmo
quando Savannah, sua namorada, ainda
estava viva.
Dominic encolheu os ombros. — Regras
são regras. Se você não reivindicá-la, ela
não faz parte da irmandade. Então? O que
vai ser?
De repente, ouviram-se ruídos altos atrás
das maciças portas de madeira, e um
homem gritou alto:
— Preciso ver Radmir Abdulabekov.
Agora, porra!
Todos nós soltamos maldições, e em um
segundo, o ex-marido de Vi, Alex entrou no
escritório com Gleb em seus calcanhares.
O que diabos ele estava fazendo aqui?
— Escuta aqui, idiota... — Gleb começou,
mas eu levantei minha mão para detê-lo.
Alex Jordan e eu fizemos as pazes em Nova
York. Eu aceitei os seus segredos, e o fato
de ele ter ajudado a minha mulher, mas
disse-lhe diretamente que ele não seria
mais parte de suas vidas. Ele concordou,
mas me avisou que ele ainda investigaria o
Diretor, já que queria ter certeza de que o
idiota não nos incomodaria. Senti que ele
desenvolveu um ponto fraco por Vivian,
mas não tinha nada a ver com o desejo.
Mas eu ainda não gostava disso.
No entanto, senti que devia a ele e eu não
gostava de ter dívidas. Então eu dei-lhe o
meu endereço e número de telefone no
caso de ele precisar de um favor da Bratva.
Eu não esperava que ele cobrasse esse
favor tão cedo.
— O que diabos você está fazendo aqui? —
eu perguntei, enquanto o resto dos rapazes
se levantava também, e Dominic ficou ao
meu lado, esperando por uma explicação.
Alex estava respirando pesadamente, seus
cabelos desgrenhados, as mãos abrindo e
fechando como se ele mal estivesse se
contendo de esganar alguém. — Onde está
Vivian?
De todas as coisas que ele poderia ter dito,
não esperava isso e, instantaneamente,
fiquei de postura dominante e protetora à
sua frente.
— Ela está visitando Tina, por quê?
— Porra. Ela está sozinha?
Franzindo a testa, não gostando nada
disso, eu balancei a cabeça.
— Claro que não. Petor a levou para lá, e
ele vai esperar enquanto ela passa o tempo
com sua irmã e seu noivo. Eu me juntarei
a eles uma vez que essa reunião acabar.
Dois executores estão no andar de baixo,
certificando-se de que ninguém os
perturbe.
Seus olhos se arregalaram de medo
quando ele puxou seus cabelos
severamente.
— Precisamos chegar até ela, agora,
Radmir. Ele é o Diretor.
Meu corpo congelou, frio escorregando
para dentro de mim, e meu coração parou
de bater por um segundo.
— O quê?
— John é o Diretor. — ele me deu a pasta
que estava em sua mão, que tinha um J
sobre ela.
Abri-a. Estava cheia de várias fotos de
mulheres mortas da mesma maneira,
estranguladas ou esfaqueadas, e eram
apenas alguns dos casos encontrados.
Alguns dos corpos continuavam sumidos,
mas ele sempre se certificava de enviar
algum tipo de lembrança aos familiares
para que eles soubessem quem os tinha. O
FBI não conseguiu pegá-lo por anos, já que
ele era inteligente como o inferno e nunca
deixou vestígios ou DNA.
— E você entregou Vivian a ele em uma
bandeja de prata.
Uma peça de quebra-cabeça que não
encaixava, uma sensação de intuição que
me faltava algo vital e importante.
Eu conheci John apenas uma vez quando
ele parou no apartamento de Vi para
entregar algumas coisas de Tina, e não
passou despercebido por mim a raiva
espumante em seus olhos, mas eu pensei
que tinha a ver com minha posição na
Bratva.
Um homem que nunca tinha passado pela
minha cabeça durante o processo de
eliminação, porque ele parecia tão
apaixonado por Tina. Sem registro
criminal, ele tinha uma aparente imagem
perfeita. A tatuagem desaparecera de sua
pele, deixando apenas uma cicatriz
vermelha irritada e a pele cicatrizada. Ele
deve ter se livrado dela há anos.
O serial killer perfeito obcecado com a
vítima.
— Para o hotel. Agora! — gritei, correndo
do escritório e orando para estar lá a
tempo de salvar minha mulher da loucura
de John.
Não temia que ele a prejudicasse de
qualquer maneira, porque para ele, ela
provavelmente era uma deusa que
compartilhava seu amor eterno.
Mas ele não a abandonaria, porque neste
momento, a morte seria mais aceitável
para ele do que a vida. E eu temia o que
isso significaria para Vivian.
Deus, por favor, salve-a.
13-

Radmir

Cinco grandes e negros Range Rovers


estacionaram no hotel, bloqueando a
entrada enquanto a segurança nos
estudava com a boca aberta. Michael
correu para eles para explicar a situação, e
eles ouviram, balançando a cabeça e
depois murmurando algo em seus fones de
ouvido. Ele obteve as informações
necessárias, correu de volta para nós, e
precisou de tudo em mim para manter
minha calma, manter o controle e não
perder a cabeça com a minha mulher em
perigo.
Ela não precisava que eu fosse
imprudente; Ela precisava de um Sovietnik
que poderia salvá-la, e eu nunca falharia
com minha mulher.
— Eles estão no décimo andar, o número
do quarto é 10345. A equipe nos dará
acesso rápido ao andar e ao quarto, e eles
não chamarão a polícia, para evitar o
pânico. — ele parou e então rapidamente
acrescentou: — Mas eles chamaram uma
ambulância, apenas no caso.
Apertei meus dedos, mas não comentei
enquanto Melissa se juntava a nós. Ela me
agarrou pelos ombros e me sacudiu, até
que eu olhasse diretamente em seus olhos.
— Radmir, não o mate. Nós estamos
procurando por ele há anos! As famílias
das vítimas merecem saber onde ele as
enterrou. — ela implorou, mas não me
importei.
— Minha mulher está lá. Eu mal estou me
segurando aqui, Melissa. — eu rangi meus
dentes, e Yuri envolveu suas mãos em
torno de sua cintura, aproximando-a do
peito dele.
— Não, malishka14. O FBI não tem
jurisdição na Rússia. Esta operação não
vai de acordo com suas regras. — ele disse
e depois assentiu, enquanto eu destravava
a segurança da arma e tirava meus
sapatos, assim o filho da puta não ouviria
nenhuma agitação no corredor.
— Konstanciya, décimo andar. — Vitya
falou no telefone, enquanto esperava por
instruções sobre onde configurar seu
ponto de vantagem para o melhor tiro. —
Radmir, vou com você. Michael, fique aqui.
Yuri, controle o público e mantenha os
fones de ouvido para caso precisemos de
14
Querida ou amor, em russo.
ajuda. Gleb, você vem conosco. — então ele
se virou para o Pakhan. — Dom, você
precisa ficar aqui.
Apertei o ombro de Dom e seu músculo
tencionou debaixo da minha mão, porque
ele queria estar comigo, mas não podia.
Ele precisava estar aqui. Ele era o Pakhan
da Bratva.
— Vamos. Não temos tempo.
— Eu irei com você. — Alex disse por trás,
parando ao meu lado enquanto Vitya latia:
— Nós não temos tempo para fodidos
civis, Alex. Se afaste.
Ele aproximou seu rosto do de Vitya. —
Tina está lá, e eu não vou ficar aqui de pé
sem fazer nada.
Sem me preocupar com seu drama pessoal
quando o amor da minha vida estava lá, fiz
um gesto para que todos seguissem
enquanto entrávamos e subíamos as
escadas, porque os elevadores eram muito
arriscados.
Krasivoglazaya. Aguente.

Vivian

— Você é tão linda. — ele sussurrou,


passando os dedos do meu ombro até meu
pescoço enquanto as lágrimas escorriam
pela ponta do meu nariz. — Como um anjo
que veio aqui para me salvar depois de
todo esse sofrimento.
Ele deslizou a mão mais para baixo, em
meu peito, e não pude mais aguentar.
Encolhendo com repulsa, recuei, apenas
para ser puxada com dureza enquanto ele
cavava a arma no meu estômago, sua
respiração nojenta batendo na minha cara.
— Onde você vai? Você não tentou
escapar do toque dele. Você o recebeu de
bom grado. E você nem o ama! — ele
gritou e depois colocou sua boca contra a
minha. Eu bati no peito dele quando ele
mordeu meus lábios dolorosamente, mas
eu não abriria minha boca para ele.
Nunca. Ele nunca teria nenhum gosto de
mim.
Maldito psicopata.
Frustrado, ele soltou a arma e me
empurrou para trás com força. Perdi meu
equilíbrio e cai no chão, onde ele colocou
seu corpo no meu, pressionando-me no
chão, suas mãos sobre as minhas coxas
nuas e subindo por meu vestido enquanto
ele esfregava seu pau duro contra mim.
— Meu amor. — ele continuou cantando,
mas eu balancei minha cabeça, gritando
selvagemente, arranhando seu rosto e
chutando-o, mesmo que ele conseguisse
bloquear tudo.
— Não, não faça isso.
Ele não quis ouvir, rasgando o ombro do
meu vestido rapidamente como se estivesse
em um frenesi. Eu bati nele com força no
rosto e ele fez uma pausa, ainda no lugar
enquanto eu tentava escorregar de debaixo
dele e, surpreendentemente, consegui fazê-
lo, e ele não me impediu.
Respirando pesadamente, eu me cobri com
meus braços enquanto ele esfregava sua
bochecha, que tinha uma cópia vermelha
irritada de meus dedos.
Quando ele ergueu os olhos para mim, eles
estavam mais claros do que antes e me
lembravam mais o cara que costumava
conhecer.
— Me desculpe. — ele se desculpou,
engolindo uma respiração esfarrapada. —
Eu não queria machucá-la ou Tina. — ele
desabotoou sua camisa e me ofereceu, mas
eu só soltei um soluço, tentando recuar e
quase atingindo a parede com as costas.
— Não me toque.
Remorso apareceu em seu rosto.
— Não, não. Você está falando como
minha mãe.
O que diabos sua mãe tem a ver com isso?
— Sua mãe? — lambendo meus lábios
secos, eu tentei pensar em como sair daqui
e pedir ajuda. O telefone do hotel estava
localizado a poucos metros de distância de
mim. Se ele ficasse distraído o suficiente
com sua pequena e solitária história, ele
não notaria meu movimento. Eu
simplesmente tinha que me interessar
nesta conversa.
Meu estômago estava revirando, com foco
na sobrevivência e no fato de que minha
irmã e eu morreríamos se não fizesse
alguma coisa.
John sentou-se em seu traseiro, abraçando
os joelhos, os olhos vidrados como se
estivesse em algum tipo de transe. —
Minha mãe era linda. Cabelos dourados,
olhos azuis, postura elegante. As pessoas
adoravam brincar com ela, e ela sempre
assava muffins deliciosos.
Eu deslizei para o lado com cuidado e tirei
meus saltos para que eles não clicassem
contra o chão. Eu não sabia de nada sobre
seus pais além do fato de que ambos
morreram em um acidente de carro
quando ele tinha quinze anos. Ele herdou
sua enorme riqueza que passara de
geração em geração.
— Ela parece adorável. — observei, e ia
dar um passo para trás de novo quando ele
voltou seu olhar irritado para mim.
— Era tudo um ato. Uma vez que os
convidados saíram, ela me batia o tempo
todo, porque ela teve que se casar com
meu pai. Ele também não era melhor, só
que ele preferia um cinto.
Embora meu coração doesse pelo pequeno
menino que ele tinha sido, que não era
amado por seus pais, não desculpava sua
violência. Ele poderia ter feito diferente, em
vez de deixar isso o definir. Bastava olhar
para a maioria dos membros da Bratva ou
outros sobreviventes de abuso.
Quando ele deslocou sua atenção para a
janela, eu dei mais um passo para trás,
ficando mais perto do telefone.
Eu quase toquei o botão para nos colocar
no viva-voz, quando ele se jogou em mim,
encurralando-me entre a parede e ele
enquanto dizia:
— Srta. Reynolds, minha primeira babá,
foi legal. Ela tinha vinte anos e amava ler
para mim. Papai a trouxe para ficar comigo
quando eu tinha doze anos. Eu trazia
flores para ela todos os dias, mas ela não
gostava. Ela gostava do meu pai, então não
tive escolha a não ser envenená-la para
que ele também não a machucasse.
Meu Deus.
Ele matou sua primeira vítima em uma
idade tão jovem?
— Então o acidente de meus pais
aconteceu, e foi como um presente do céu.
Eles me colocaram em um asilo por um
curto período de tempo, mas eu estou
grato. Os comprimidos me levaram para
você.
Quem o deixara sair? O cara era doente e
pertencia a uma instituição!
Então seus olhos se suavizaram quando
ele moveu alguns fios do meu cabelo.
— Eu conheci muitas mulheres que se
apaixonaram por mim apenas com um
olhar. Eu tive que matá-las, porque eu não
gostava disso. E fico feliz porque você veio.
Eu mal consegui suprimir meu vômito,
imaginando o que ele poderia ter feito para
todas elas. Pelo menos ele não mencionou
os detalhes desses assassinatos.
— Elas sempre gritavam. — ele
murmurou. — Suas vozes arranhadas e
sem esperança.
Ele grunhiu:
— O que elas esperavam? Putas! — seu
humor mudou no período de um segundo,
e não consegui pensar em uma tática para
acalmá-lo. — Mas então eu conheci você...
no salão de baile, e você me pediu para
salvá-la. E você me lembra tanto Stacia,
meu primeiro amor. Eu me perdi
facilmente em você.
Eu nem conseguia me lembrar do que ele
estava falando. Ele provavelmente tinha
alguma síndrome de perseguidor, onde
uma pessoa pensa que você o ama ou algo
assim, criando um relacionamento inteiro
em sua cabeça.
— Quando foi isso?
— A festa de gala de caridade do Parker,
lembra? Um dia antes de você voar para a
Rússia e conhecer Radmir. — ele grunhiu.
— Quando ele roubou o que era meu e teve
que ser punido por isso.
— Você matou aquele homem, aquele que
eles pensaram que Radmir assassinou, só
porque você me amava? — eu disse em voz
baixa, mas ele sacudiu a cabeça
violentamente.
— Ele descobriu minha identidade e
queria contar a Radmir sobre o meu
fascínio por você. Eu não podia permitir
isso, e um bônus adicional, ajudou a
incriminar Radmir e o manteve longe de
você. Era uma situação ganha-ganha.
Ele encolheu os ombros como se tudo isso
não fosse um grande problema.
Ele arruinou tantas vidas, mas ele não
considerava isso o menos importante,
porque eram obstáculos para seu objetivo.
Eu.
Esfreguei minha testa enquanto a dor de
cabeça me atacava. Eu não tinha ideia do
que fazer, mas contei os minutos na minha
cabeça. Estávamos aqui há cerca de vinte
minutos, o que significava que Tina tinha
cada vez menos tempo para sobreviver,
porque quem sabia o quão fatal era sua
ferida?
— Eu não te amo. — eu sussurrei, e ele
piscou para mim, não compreendendo
minhas palavras. — Por favor, deixe eu e
minha irmã irmos. Eu não falarei a
ninguém sobre você, mas não temos
futuro.
— Você olhou para mim naquele dia. —
insistiu, seus dedos entrando no bolso
nervosamente, provavelmente em busca de
suas pílulas, o que ele obviamente não
tinha, porque a garrafa que ele tirou estava
vazia. — Nós tivemos uma conexão.
— Eu nem me lembro desse dia ou do
olhar. Você nunca foi parte da minha vida,
John! — eu gritei, esperando que alguém
ouvisse e entrasse. Não estávamos na
floresta nem em uma ilha isolada. Era um
hotel, droga.
Eu me recusava a desistir. Eu tinha um
filho e um homem que eu amava.
Eu merecia uma vida cheia de felicidade,
não morrer nas mãos de um psicopata que
vivia em um mundo de ilusão.
— Pare de dizer isso. — ele me sacudiu até
que meus dentes batessem e depois me
puxou para cima, agarrando meus cabelos
dolorosamente. — Você é como todos os
outros! Nem me agradece!
Ele pegou sua arma e o metal frio tocou o
espaço entre as minhas sobrancelhas. —
Você não merece meu amor ou devoção.
Foi eu quem passeou pelo hospital durante
o seu trabalho de parto e fui eu que
garantiu que não estivesse sozinha
durante a consulta do seu médico durante
a gravidez. Mesmo que você não tivesse
ideia de que eu estava perto, forneci o
apoio necessário. Os médicos não se
aproveitaram de você porque sempre estive
lá para protegê-la. — este homem louco
perdeu a cabeça! — Até tolerei sua irmã
por você! — ele removeu a segurança da
arma. — Primeiro, vou matá-la por trair-
me, depois estuprá-la e fazer o mesmo com
sua irmã. Putas como vocês duas não
merecem viver.
A porta se abriu e Radmir entrou com a
arma apontada para John, enquanto Vitya
e Gleb entraram atrás dele exatamente na
mesma posição.
— Deixe-a ir, idiota.
John riu histericamente, e então ele me
girou, pressionando minhas costas em seu
peito.
— Eu deveria ter te matado também
naquele dia fatídico, quando você foi
checar Cliff. Ele gritou repetidamente por
ajuda, o único homem que eu já matei, na
verdade. Eu gostei do desafio. — disse ele
felizmente. — Agora sua mulher vai
morrer.
A mandíbula de Radmir tiquetaqueou
enquanto ele rangia os dentes. Então ele
baixou a arma e levantou as mãos em
derrota. — Você me odeia, certo? Mate-me
em vez de Vivian. Eu sou o homem que
estava em seu caminho.
— Ela acabou de dizer que não me ama.
— ele rosnou, esfregando o queixo no meu
cabelo, e arrepios de nojo correram por
mim.
Ignorando suas palavras, Radmir o
pressionou ainda mais.
— Eu sou o homem que a teve todo esse
tempo, que teve um bebê com ela. Eu sou
o homem em cujo braços ela estava,
quando gritou de prazer a cada noite. Eu
sou o homem que estava impedindo a sua
felicidade.
John me afastou quando apontou a arma
para Radmir e atirou. Alguém gemeu
quando Radmir saltou sobre John e
começou a bater nele, enquanto eu caía de
joelhos, engolindo o ar em choque e sem
prestar atenção aos homens.
Finalmente, corri para o banheiro e
verifiquei Tina, que ainda respirava e gritei:
— Ambulância, precisamos de uma
ambulância!
— Eles estão aqui, Vi. — Gleb me
tranquilizou, e em um minuto, os
paramédicos entraram correndo,
ajudando-a enquanto diziam gentilmente:
— Senhorita, vá para a sala. Precisamos
do mínimo de ruído possível para verificar
seus sinais vitais, e você não deve ficar no
caminho da maca.
— Claro. — eu corri apressadamente em
direção à sala de estar, onde Gleb e Vitya
seguravam um Radmir furioso enquanto
John estava a seus pés, quase espancado
até a morte.
— Homem, você o mataria!
— Ele merece!
— Não, ele não merece uma morte fácil
depois do que ele fez. — o raciocínio de
Gleb não o impediu.
— Radmir. — falei, e ele congelou, e
rapidamente, eu acabei em seus braços
quando ele me abraçou, seu cheiro e força
ofuscando todo o resto enquanto eu
escutava o ritmo de seu coração. — Você
veio.
Ele beijou o topo da minha cabeça, minha
bochecha, meus lábios, enquanto suas
mãos examinavam meu corpo.
— Eu sempre vou vir para você, minha
krasivoglazaya. Ele te machucou?
— Não, ele tentou, mas você o parou a
tempo.
Ele me apertou mais forte e pressionou
minha cabeça em seu ombro. Nós dois
precisávamos estar próximos um do outro
naquele momento. Nós não pertencíamos a
nenhum outro lugar, além de um com o
outro. E pensar que alguém tentou tirar
isso de nós... Junto com o medo veio o
alívio esmagador que finalmente acabou, e
que poderíamos seguir em frente com isso.
John não seria capaz de ferir mais
ninguém novamente.
— Eu te amo. — ele sussurrou, e eu me
aconcheguei mais profundamente nele.
— Eu também te amo.
Tudo valeria a pena, enquanto ele estivesse
ao meu lado.
A voz alta de Alex nos puxou para a
realidade.
— O filho da puta atirou em mim!
O que diabos ele estava fazendo aqui?
14-

Vivian

Dobrando meus braços, exalei alto no


corredor vazio enquanto meus olhos
estudavam minha irmã através da janela
da sala da UTI. Vários fios estavam ligados
a ela, sua cabeça enfaixada, enquanto as
máquinas soavam alto, indicando um
pulso normal de acordo com seus médicos.
Tina teve sorte.
No instante em que o pesadelo com John
terminou, a ambulância nos levou ao
hospital mais próximo e, graças a Deus,
tinha os melhores cirurgiões no país ou
talvez ela não teria sobrevivido. Durante
todo o caminho, os paramédicos
continuaram injetando algo nela, assim
seu coração continuaria batendo. Eles a
perderam uma vez por um minuto
enquanto eu me sentava calmamente,
muito atordoada para reagir. Uma vez que
chegamos ao hospital, eles imediatamente
a levaram para a sala de operações.
Enquanto ela tinha algumas lesões
menores como cortes aqui e ali, o golpe
que ele deu a ela com o bastão de hóquei
em metal poderia ter sido fatal, porque
causou um sangramento na cabeça. O
neurocirurgião a operou durante sete
horas, enquanto uma enfermeira nos
atualizava regularmente sobre o progresso.
Finalmente, o cirurgião saiu, saudando-
nos com um sorriso cansado e
assegurando-nos que ela se recuperaria
rápido, em um mês ou mais.
Eu ainda não podia aceitar o fato de que
seu noivo, o homem em quem tanto
confiamos e que a amava como um louco,
transformou minha vida e a de Radmir em
um inferno, só porque ele estava obcecado
comigo de um simples olhar todos esses
anos atrás.
Como nenhum de nós conseguiu ver a
loucura de John? Ele causou tanta
infelicidade e dor às pessoas ao seu redor,
e não sentiu remorso por isso, porque, em
sua mente doente, isso o aproximava de
mim. Esfreguei meus braços quando a
repulsa atravessou-me na ideia de suas
mãos em mim, ou o que sua mente doente
pensava do nosso encontro há tanto
tempo.
O cheiro fresco de café fez cócegas nas
minhas narinas quando Michael ergueu o
copo para minha boca.
— Aqui, krasotka. Beba.
Titubeando, envolvi minhas mãos ao redor
do copo fumegante e disse:
— Eu odeio café. — mas isso não me
impediu de tomar um longo gole, dando
boas-vindas ao calor que se espalhou por
mim.
Michael resmungou.
— O café funciona melhor nessas
situações. — então ele me abraçou,
envolvendo seu braço em volta da minha
cintura. Descansando a cabeça em seu
ombro, suspirei fortemente. Ele sabia disso
mais do que ninguém. Ultimamente, todas
as meninas acabaram no hospital com
tanta frequência que deveríamos obter um
desconto da associação médica mundial.
Honey deveria pesquisar sobre isso para
ver se era mesmo possível, então
definitivamente precisávamos que fosse
aplicado.
No momento, Rosa estava se recuperando
no mesmo hospital, e Dominic foi verificá-
la uma vez que ele se certificou de que
estávamos bem.
— Sua irmã vai ficar bem, querida. —
Michael sussurrou e depois beijou meu
cabelo. — Especialmente com aquele cara
cuidando dela. — ele apontou para Alex,
que ocupava a única cadeira no quarto,
enquanto olhava para minha irmã, sua
mão enfaixada apoiada no apoio de braços.
Felizmente, a bala passou por seu braço e
apenas o arranhou. Ele se recusou a ficar
no hospital, e Michael prometeu, Deus
sabe por que, cuidar dele durante a noite.
Caso contrário, o médico não teria
prescrito analgésicos para ele.
No instante em que terminou, ele correu
para vê-la e depois acabou no quarto antes
que eu pudesse piscar.
Ele se recusou a deixar o lado de Tina até
que ela abrisse os olhos, e mesmo que as
enfermeiras implorassem que ele voltasse
para casa, pois poderia demorar muito
tempo, ele só lhes dava um olhar mortal e
elas saíam rapidamente.
Suas ações esta noite me surpreenderam
tanto quanto a verdade revelada. Eu não
tinha ideia de como reagir a todas essas
coisas. Não é todo o dia que você descobre
que seu ex-marido, que você não
suportava, está apaixonado por sua irmã
todo esse tempo e nem se importa com
você.
— Sim, nunca imaginei que isso iria
acontecer.
Michael esfregou o queixo na minha
cabeça.
— Eu não acho que ninguém tenha
imaginado. Pobre cara.
Bem, ele tinha algumas explicações a dar,
considerando sua vida secreta, mas minha
mente mudou para outra coisa.
— Onde está Vitya?
Eles apareceram aqui pouco depois de
nós. Radmir provavelmente os chamou no
caminho. Aqueles dois eram como mamães
galinhas da irmandade, eu juro.
— Está manipulando merda com seu
homem. Melissa está fazendo uma
confusão em relação a este caso, já que
John é cidadão dos EUA. Ela até pediu à
Interpol que desse o cara a ela. FSB
apenas riu, apesar de estar pensando
nisso. — seu peito vibrou de riso. — O que
é bastante divertido, considerando que
Yuri estava lá com eles gritando com ela
por estar na operação na condição dela.
Radmir não queria deixar o meu lado, mas
ele precisava falar com eles, para que todos
pudessem decidir o que fazer com John.
Enquanto ele conseguisse sua punição,
não me importava o que acontecesse com
ele. Ele podia morrer, e eu nem me
importaria.
Michael garantiu-lhe que eu ficaria a salvo,
e quase revirei os olhos para isso. Quem
tentaria me matar? John não poderia nos
prejudicar mais.
— Eu tenho algo que vai animá-la. — ele
abriu a tela e depois pressionou para
identificar o chamador, que era Kostya.
Em um segundo, seu rosto apareceu
através do FaceTime. Ele acenou para nós
com uma expressão mal-humorada, e
Konstanciya, que estava atrás dele, me deu
um polegar para cima.
— Ei, kukolka! — ela gritou, e apesar do
humor, eu ri. Deus, qual era a deles com
todos esses apelidos para mim? Ela me
chamava de boneca, enquanto Michael
escolhera a palavra beleza. Eu preferiria
que eles escolhessem só um, mas
aparentemente esse não seria o caso.
— Oi, pessoal!
Kostya resmungou e depois amaldiçoou. —
Gleb, é meia-noite. Desligue esta música.
Minhas sobrancelhas se elevaram em seu
tom bastante educado, mas logo Jake
aparece na tela, a boca cheia de bolo de
chocolate enquanto se alargava, sorrindo
para mim. Ah, então foi para o bem de
meu filho.
— Mamãe!
A alegria passou por mim ao ouvir meu
filho, junto com a tristeza de que eu não
conseguia abraçá-lo, assim seu cheiro
poderia me acalmar e me assegurar que
tudo estava certo no mundo. Queria senti-
lo seguro em meus braços, especialmente
depois das palavras cruéis que John tinha
cuspido sobre ele no quarto do hotel.
— Oi, querido! — eu soprei para ele um
beijo. — Como você está?
Ele agarrou a camisa com o número 17.
— Ótimo! Gleb vai me levar para a pista
de gelo hoje para encontrar com um
treinador! E depois, podemos conferir o
Museu Legend Number Seventeen. — ele
então comeu um grande bocado de seu
bolo. — Larissa assa uma comida muito
boa, mamãe. Nós podemos ficar aqui para
sempre com ela. — sua voz sonhadora
poderia ter sido ofensiva, mas como eu não
tinha talento para cozinhar, compartilhava
seu sentimento. Aquela mulher era foda!
— Estou feliz, querido. — Michael me
apertou mais forte. — Espero que você se
divirta.
Jake assentiu com a cabeça, mas não
antes de beijar a tela com força,
provavelmente manchando-a de chocolate.
— Te amo mamãe! Diga a papai que eu o
amo também.
Com isso, ele fugiu, enquanto Gleb gritava:
— Nós cuidaremos dele, Vi!
— É melhor! — eu gritei de volta. Ele
precisava de uma boa mulher, porque seus
olhares de inveja para os casais eram
óbvios.
Pelo menos meu bebê estava feliz e bem
cuidado. Graças a Deus, não escutei a
Tina, e o deixei na sede. Apenas imaginar o
que John poderia ter feito com ele
transformava meu sangue em gelo.
Kostya beijou Konstanciya nos lábios, um
beijo leve, mas um beijo, no entanto,
tirando-me dos meus pensamentos,
quando eu disse:
— Vocês são um casal agora?
Kostya simplesmente encolheu os ombros,
enquanto Konstanciya corava e
balbuciava:
— O quê? Não... nós... é só... sexo! Sim,
sexo. Estamos fazendo sexo. — ela então
prendeu o cabelo em um rabo de cavalo. —
Tenho que ir.
Ela desapareceu da vista, enquanto Kostya
murmurava:
— Mulher difícil. — então ele dirigiu-se a
Michael. — Ligue-me uma vez que você
tiver mais notícias. — e, sem mais
palavras, ele desligou.
— Bem, transar não vai ajudá-los. — disse
Michael, e depois deu uma bofetada no
joelho, rindo.
— Não é engraçado, Michael.
— Oh, por favor. Eles já estão nisso há
meses e ela ainda nega. Ela deveria ter
cuidado.
Piscando em confusão, perguntei em voz
alta:
— Por quê? Kostya nunca faria mal a ela.
— Não, mas acho que sua paciência
atingiu seu limite. É melhor ela reivindicá-
lo, ou ele...
— O quê?
Ele não iria traí-la, certo? Ela arrancaria a
pele dele por isso. Até o pensamento dele
traí-la era risível. Konstanciya pode ser
uma mulher perigosa quando está irritada.
— Irá pensar em uma maneira de coagi-la.
— ele piscou para mim. — Vamos sentar
no banco. Você deve estar exausta de todo
esse ritmo.
— Minha irmã... — comecei, mas ele não
me deixou terminar.
— A cirurgia foi bem. Alex está com ela.
Ninguém mais vai machucá-la. E o que
aconteceu não é sua culpa. Então, aquiete
esse seu traseiro.
Não estando acostumada com seu tom de
comando, eu obedeci, e então ele se juntou
a mim e anunciou:
— Vamos aprender polonês.
— Por que diabos nós faríamos isso?
Ele encolheu os ombros.
— Porque eu tenho um aplicativo disso e
não temos mais nada para fazer? — ele
clicou no aplicativo de idioma em seu
telefone. — Nós temos que esperar nossos
homens de qualquer maneira, então não
vamos perder tempo.
E ele prosseguiu com a lição, enquanto eu
me perguntava porque diabos Radmir
estava demorando tanto.

Radmir

— Eu o quero morto.
Melissa esfregou a testa enquanto esticava
as costas, como se sentar na cadeira por
uma hora não fosse tão desconfortável. Ela
não estava em seu primeiro trimestre? Ela
ainda não deveria usar a gravidez como
desculpa.
— Radmir, eu sou uma agente do FBI. De
jeito nenhum permitirei que você leve John
e lhe inflija algum tipo de vingança.
Seu pedido para a Interpol foi concedido há
alguns minutos atrás. O FSB trabalhou em
casos diferentes com ela antes, então eles
não viram nenhum problema em garantir
que John tivesse sua sentença nos Estados
Unidos. Encontrando o meu olhar severo,
ela acrescentou:
— Não é suficiente que você tenha matado
todos os outros em seu caso?
Vitya engasgou com seu café,
aparentemente sem esperar por aquilo.
Se o FBI sabia sobre a conduta da Bratva,
por que diabos eles não nos impediram?
Nós operamos em seu país, afinal. Connor
não contava, já que ele acobertou minha
última morte, e ele fez isso por trás das
costas de Melissa.
Claramente lendo a pergunta em nossos
olhos, ela colocou uma pasta vermelha
sobre a mesa e abriu.
— Essas pessoas eram idiotas que
manipularam a lei para seu próprio
benefício. Então, sim, fechei os olhos,
porque você merecia, e há muitos casos em
que eles destruíram a vida de alguém.
Verdade seja dita, eu soube sobre isso
depois da ação, então não era como se eu
pudesse parar você.
— Me dê cinco horas. Isso seria o
suficiente para acabar com o filho da puta.
— pedi novamente, mas ela sacudiu a
cabeça teimosamente.
Perdendo minha paciência com essa
conversa, considerando que minha mulher
estava triste lá fora, e não podia confortá-
la, porque eu tinha que resolver as coisas
com o FBI, eu me levantei e bati na mesa
com meus punhos. Melissa saltou no
assento, claramente sem esperar por isso.
— Maldição, Melissa!
— Veja com quem você está falando,
Radmir. — disse Yuri, voltando para o
quarto depois que ele partira para fazer
uma chamada para Gleb. Ele caminhou
diretamente para Melissa e ficou de frente
para mim, bloqueando minha visão dela.
— Essa é minha mulher, levando meu
filho. Você não a desrespeita, e eu não me
importo com o quanto você está frustrado.
— ele sorriu para mim, para minha
surpresa.
Desde quando ela era a porra da sua
mulher? Ele nunca a reivindicou,
continuou repetindo que ela iria apenas ter
seu filho. Mesmo no escritório antes do
ataque de Vivian, ele não disse nada.
— Ela é?
Yuri parou por um segundo, e então disse
com firmeza:
— Sim.
Melissa resmungou em exasperação ao
bater-lhe no braço.
— Eu não sou nada sua. Você poderia
parar com essa porcaria de culpa? — sem
dar-lhe a chance de responder, ela voltou
sua atenção para mim. — John vai para a
prisão, e você tem que lidar com isso. —
ela levantou o dedo, não me permitindo
falar. — Mas se algo lhe acontecer na
prisão... bem, isso não é da minha conta,
certo? Enquanto ele for condenado.
— Isso parece razoável. — Vitya entrou na
conversa, e pensei nas principais prisões
dos Estados Unidos e minhas conexões lá.
Quem seria útil para punir esse filho da
puta por trazer tanta dor a todas essas
mulheres?
Elas mereciam justiça, e apenas sentar e
vê-lo ir para a prisão seria uma coisa, mas
saber que ele sofreu como elas? Eu
precisava de um mestre para essa tarefa.
Um sorriso sinistro apareceu na minha
boca quando um nome surgiu na minha
cabeça. Oh, ele seria perfeito. Nunca
conheci um filho da puta mais doente do
que ele.
— Lachlan.
Yuri e Vitya ambos amaldiçoaram de uma
vez só, esfregando o queixo com
preocupação.
— Ele não recebe ordens de ninguém. —
afirmou Vitya. — E ele mata apenas se
estiver interessado.
— Eu pedirei a ele. Ele me deve um favor.
— Ele é doente. Ele mata por diversão,
inferno.
A cabeça de Melissa balançou de um lado
para o outro enquanto seguia nossa
conversa, franzindo o cenho.
— Seu nome não me é familiar.
Todos rimos, apesar de não ter qualquer
humor.
— Isso é porque ele não tem assinatura, e
qualquer um pode ser sua vítima. Ele
simplesmente mata porque está entediado.
Criação perfeita, sem passado sombrio. Ao
olhar para ele, você nem imaginaria
metade da merda que ele faz.
Embora eu tenha ouvido que ele diminuiu
uma vez que se casou. Há rumores de que
ele a sequestrou e depois decidiu mantê-la
viva.
Tão estranho como Lachlan era, ninguém
ousava ir contra ele.
— Então, ele é como Damian? — Melissa
questionou, e eu balancei minha cabeça.
— O Sociopata é como um gatinho ao lado
dele. — então eu me levantei, porque
compartilhar demais com uma agente do
FBI, mesmo que ela carregasse uma
criança da Bratva, era perigoso e,
francamente estranho pra caralho. — Eu
vou entrar em contato com ele. Nós
acabamos aqui?
— Sim. Vou mantê-lo informado sobre o
julgamento, e quanto ao resto... Eu
simplesmente não quero saber. — ela
esfregou a testa. — Deus me perdoe.
Acenando com a cabeça, eu a aproximei e
a abracei estranhamente enquanto ela
olhava para mim com um rosto atordoado.
— Dê-lhe uma chance. — eu sussurrei
em seus cabelos enquanto ela ficava tensa
em meus braços. — Ele está apenas
perdido.
Então Vitya e eu partimos, e Yuri ficou
para trás. Esses dois precisavam conversar
e finalmente decidirem o status de seu
relacionamento. Com seu passado, não era
seguro que ela continuasse trabalhando
enquanto estava grávida.
— Lar doce lar. — Vitya cantou enquanto
cutucava meu ombro. — Acabamos.
Apertando seu ombro, assenti com a
cabeça quando alcançamos Vivian e
Michael, sentados no banco enquanto
faziam ruídos estranhos.
Somente quando nos aproximamos,
entendi que eram palavras polonesas, mas
com o sotaque de Vi, elas pareciam
divertidas. Eu aprendi a língua na minha
adolescência, bem, algumas palavras, já
que Vasya me enviou a Varsóvia durante
um ano para supervisionar o seu negócio
de armas.
— Dzien dobry. — Michael falou o “bom
dia” com fluência, e indicou com a mão
que repetisse enquanto ela tentava,
estremecendo:
— Den dobr.
Michael, de forma teatral, colocou a mão
em sua cabeça, gritando:
— Esta é uma tarefa impossível,
mulher. É melhor traduzir para você pelo
resto da minha vida, em vez de tentar te
ensinar.
— Você é tão mau.
— Seja como for, krasotka. Eu valorizo
meus ouvidos. — então ele nos viu e abriu
um sorriso. — Nossos homens estão de
volta.
Imediatamente, ele se levantou e
caminhou até Vitya, segurando sua camisa
e puxando-a com impaciência.
— Estou excitado como o inferno,
grandão. Felizmente para nós, acabei de
ver um vestiário vazio.
Vitya nem se queixou, seguiu-o cegamente
e eu desejei que algumas coisas pudessem
ser apagadas da minha mente. Saber que
eles fodiam era uma coisa, mas Michael
basicamente colocou uma imagem na
minha cabeça. Graças a Deus, não durava
vinte e quatro horas por dia, porque
Michael não tinha nenhum filtro.
Meu olhar encontrou com o de Vivian
enquanto ela soluçava por um segundo, e
abri meus braços para ela. Ela correu para
mim, envolvendo seus braços firmemente
em volta do meu pescoço. Eu a levantei
para que suas pernas também pudessem
me envolver. Nossos corações bateram um
contra o outro quando pressionamos
nossas testas juntas, exalando
pesadamente.
— Já acabou? — ela sussurrou, nossos
lábios escovando enquanto seus dedos
tocavam suavemente meus cabelos.
— Sim. — limpando minha garganta, eu
acrescentei: — Estamos finalmente livres,
krasivoglazaya.
Agarrando seu cabelo e puxando-o
levemente, eu capturei sua boca em um
beijo profundo e apaixonado enquanto a
sensação de sua língua de veludo
despertava meu pau de uma só vez. Ela
sugou a minha língua para dentro de sua
boca, brincando com ela, mas depois
gemeu quando eu apertei suas costas
contra a parede, assim ela saberia o
quanto a queria. Só quando meus pulmões
queimavam com a falta de oxigênio, deixei-
a ir enquanto inalava seu perfume de
baunilha, que finalmente acalmou a besta
feroz dentro de mim.
— Vamos nos casar.
Ela riu:
— Essa é a sua forma de me propor?
— Eu propus anos atrás. O casamento só
teve um atraso.
Ela espalmou meu rosto enquanto
olhávamos um para o outro. Ela lambeu os
lábios vermelhos inchados e disse:
— Vamos fazer isso, então.
E por um longo tempo, ela não disse nada,
mas segui o conselho de Michael e
encontrei um lugar adequado para nós
comemorarmos o fim desse maldito
pesadelo.
John tentou me eliminar porque queria
Vivian.
O que ele não entendia era que um homem
como eu nunca deixa ir alguém que
pertence a ele. Então, mesmo que não
tenha tido a satisfação de matá-lo, pelo
resto da minha vida, eu teria o amor da
mulher bonita e incrível em meus braços.
E para ter essa vida maravilhosa com ela...
até a prisão valia a pena.
Porque nada neste mundo se comparava a
minha krasivoglazaya e a felicidade que
ela me dava.

Outubro de 2017

Vivian

A brisa leve tocou minha pele úmida, me


dando arrepios. Minha respiração engatou
enquanto eu tentava escutar algo diferente
além do meu coração que batia
rapidamente.
Thump, thump, thump.
Lambendo meus lábios inchados de beijos,
puxei minhas mãos mais uma vez,
esperando escapar da prisão que ele criara,
mas era inútil. À medida que a corda
apertada cavava mais profundamente na
minha pele macia, gemi em angústia pelos
espasmos de dor. Por que ele tinha que ser
tão habilidoso com isso, caramba?
Uma venda cobria meus olhos,
aumentando meus outros sentidos e
forçando a adrenalina a correr pelas veias.
— Você não pode sair delas, Vivian. — a
voz de Radmir tomou conta de mim, seus
passos vindo em minha direção eram o
único som no espaço de outra forma
silencioso. — Eu lhe disse para me ouvir.
Ele parou logo ao meu lado; Eu podia
sentir sua respiração em minha bochecha
enquanto a mão dele agarrava meu cabelo,
depois o puxava para trás, fazendo-me
entrar em contato com ele. Seus lábios
mordiscaram meu pescoço, não o
suficiente para doer, mas o suficiente para
deixar uma marca. Eu engasguei com a
leve dor, e ele imediatamente acalmou-a
com a língua enquanto me banhava com
seu aroma masculino.
— Você se esqueceu por um segundo, que
é minha. — seu grunhido fez tremores me
percorrerem, e meu núcleo ficou molhado,
desesperado por sua atenção.
Traidor.
Embora tudo dentro de mim rejeitasse as
palavras, eu sibilei para ele:
— Eu não sou sua. — minha resposta foi
recebida com uma bofetada nas bochechas
da minha bunda, fazendo minha pele arder
e sem dúvida deixando uma impressão
vermelha irritada. Uma sacudida de prazer
despertou meu desejo, meus mamilos
endurecendo enquanto meu corpo traidor
reagia a sua presença.
— Vamos ver, não é? — ele sussurrou
acima da minha boca logo antes de
capturar meus lábios em outro beijo duro.
Suas mãos deslizaram pela minha bunda e
me ergueram, me forçando a prender
minhas pernas ao redor dele, e minha
buceta entrou em contato direto com o seu
pau. Ele esfregou meu clitóris com seu
pau, me deixando louca com a
necessidade. Ele não me penetrou; Ele só
permitiu que a ponta pressionasse contra
minha abertura. Libertando minha boca e
me deixando lutando por ar, ele mordiscou
o bico do meu peito direito. Eu engasguei,
e ele lambeu e sugou suavemente
enquanto choques de eletricidade me
atravessavam.
— Vivian. — ele murmurou. Mudando o
foco para o outro peito, ele repetiu sua
ação enquanto suas mãos deslizavam para
baixo e afundavam dolorosamente em
meus quadris. — Eu vou te arruinar esta
noite.
Oh, Deus.
Não estava certa de que poderia sobreviver
ao seu tipo de tortura.
Não que eu esperasse algo diferente depois
de ele ter visto um stripper perto de mim
na festa de despedida de solteira secreta
que as garotas da Bratva tinham
organizado para mim.
Radmir e o resto dos caras invadiram o
clube, fecharam o estabelecimento e nos
jogaram sobre o ombro, estilo bombeiro.
Radmir não havia dito uma palavra no
carro, mas eu sabia que a punição viria.
Ele repetiu muitas vezes que strippers e
clubes estavam fora de questão. O meu
russo decidiu ser criativo desta vez, e tanto
quanto eu tentava bancar a indiferente, era
difícil, considerando o quanto eu precisava
dele dentro de mim.
— Ele ficou ao seu lado, quase tocando
sua pele. — sua voz estava grossa com
fúria enquanto seus dedos afundavam
ainda mais na minha pele. — Eu precisarei
manter você aqui por dias para esquecer
isso.
Com uma risada, apertei ainda mais
minhas pernas ao redor dele enquanto
procurava sua boca.
— Vamos prosseguir com isso, então?
Com um grunhido, ele me deu um beijo
profundo ao entrar em mim sem
dificuldades, deixando-me sem fôlego e
louca com vontade e necessidade por ele.
Eu teria que agradecer a Rosa mais tarde
por ter bolado esse plano.
Alguns meses depois...
Vivian

Uma leve brisa acariciava minha pele.


Suspirei em satisfação, desfrutando do sol
brilhando sobre mim enquanto as gaivotas
grasnavam alto, a única indicação de
nosso paradeiro. Minha felicidade não
durou muito tempo. Eu abri um olho
quando gotículas de água pingaram na
minha pele nua enquanto uma sombra
pairava sobre mim.
— No caso de você não ter notado, eu
estou tentando me bronzear.
Radmir riu suavemente para minhas
palavras e mordiscou meu pescoço
enquanto suas mãos viajavam pelos
pequenos laços nos meus quadris que
seguravam o meu biquíni.
— É mesmo?
Arqueando ao seu toque e beijos, eu
balancei a cabeça, entrelaçando meus
dedos pelo seu cabelo enquanto ele se
movia para a minha clavícula,
preguiçosamente correndo a língua entre
os meus seios e intencionalmente
ignorando meus mamilos endurecidos.
— Mmm-hmm. — ele finalmente conseguiu
se livrar do meu biquíni, jogando-o para o
lado enquanto separava minhas pernas e
se acomodava entre as minhas coxas. Só
então, senti o tecido de seu short contra
minha pele sensível. — Você não está nu?
Em vez de responder, ele capturou meus
lábios em um beijo apaixonado enquanto
sua língua sondava profundamente,
tomando a minha como prisioneira. Uma
onda de desejo e necessidade correu pelas
minhas veias, e eu o puxei para mais perto
de mim, envolvendo minhas pernas em
torno de seus quadris. Tudo o que ele
tinha que fazer era mover aqueles shorts
malditos mais para baixo, e então ele
poderia simplesmente entrar em mim em
um rápido...
Em vez disso, ele colocou a mão debaixo
das minhas costas, me levantando e eu
gritei, enquanto ele virava-se na direção da
cabine. Choramingando em aflição por me
fazer esperar, eu mordi seu ombro, mas
isso só me rendeu um tapa na bunda, que
enviou sensações de formigamento por
todo o meu corpo. O cabelo em seu peito
endureceu ainda mais meus mamilos e um
gemido escapou da minha boca. Eu não
pude deixar de esfregá-los contra ele.
— Paciência, krasivoglazaya. — ele
rosnou. — Eu não vou te foder aqui para
todo mundo ver.
Minhas unhas mergulharam mais
profundamente em suas costas, deixando
marcas de propriedade. Ultimamente, notei
alguns traços de Radmir em mim mesma.
Havia algo profundamente gratificante em
ter seu homem mostrando a todos que ele
tinha dona, mesmo que parecesse brega.
— Estamos em um iate no meio das
margens do mar Mediterrâneo da Grécia.
Quem nos veria?
Ele desceu as escadas até o nosso quarto
e finalmente me deixou cair na cama,
enquanto rapidamente tirava o seu short.
— Você realmente pensou que eu teria
vindo aqui sem ter certeza de que estamos
protegidos? — ele franziu a testa como se
me desafiasse a dizer o contrário a ele.
Balançando a cabeça, estudei a magnífica
beleza do meu homem enquanto eu
absorvia suas informações.
Como eu poderia ter sido tão ingênua? Ele
era o Sovietnik da Bratva depois de tudo!
Depois de todos os eventos que ocorreram
em Moscou, não podíamos esperar para
voltar para casa. Radmir me deu a escolha
de retornar aos Estados Unidos, e
enquanto apreciava o gesto, ambos
entendíamos que para uma relação
funcionar, tínhamos que viver em um país
só. Ele não podia virar as costas para a
Bratva, mas Jake precisava de estabilidade
em sua vida. Michael e Vitya nos deram de
volta a chave da casa dos nossos sonhos,
brincando que nunca levaram Radmir a
sério de qualquer maneira. Como
resultado, ele comprou para eles uma casa
ao nosso lado, assim teríamos ótimos
vizinhos. Tinha dois andares e a vista dava
para a bela floresta, então, de manhã, o
canto dos pássaros nos despertava, o que
era tão diferente dos sons do trânsito de
Nova York, mas adorei isso.
Minha galeria estava funcionando sem
problemas com a supervisão de Connie, e
eu viajava aos Estados Unidos duas vezes
por mês para ver as novas fotos e conhecer
pessoas. Meu russo possessivo costumava
ir comigo, enquanto Jake ficava com Rosa,
porque não queríamos que ele perdesse as
aulas na escola que ele tinha começado
recentemente.
Embora a Bratva e minha família tivessem
insistido em um casamento enorme em
ambos os países, recusamos e casamos
rapidamente na Rússia e tivemos um
pequeno jantar. Radmir e eu simplesmente
não desejávamos uma festa grande; Talvez
porque todos os sonhos que tivemos há
tantos anos já não eram válidos. Nós dois
mudamos muito, e valorizamos nosso
tempo juntos. Não tínhamos vontade de ter
todos os preparativos para um casamento
grande. Nós só queríamos estar juntos.
Esta pequena viagem era uma espécie de
lua de mel. Nós decidimos percorrer a
Europa em um iate por dois meses e nos
divertirmos ao máximo.
Não teríamos outra oportunidade por
muito tempo.
— E por proteção, você quer dizer...? —
perguntei com curiosidade, enquanto ele se
ajoelhava na cama, que mergulhou
ligeiramente quando ele ficou acima de
mim, e eu acabei nas minhas costas,
enquanto seus ombros abriam espaço por
entre as minhas pernas.
— Um byki da Bratva está em outro barco
a alguma distância de nós, mas perto o
suficiente para ajudar no caso de haver
algum perigo. De onde você acha que vem
toda a comida? — ele riu enquanto fechava
os lábios ao redor do meu mamilo duro, e
eu gemi de prazer, puxando seu cabelo
enquanto sua mão empurrava meus
quadris para a cama, não me permitindo
escapar de sua doce tortura. Ele mudou
para o outro, repetindo a ação e me
deixando louca no processo. Cada parte do
meu corpo estava eletrificada, e o mais leve
dos toques evocava uma profunda
necessidade de tê-lo dentro de mim. —
Sensíveis, não estão? — sua voz era
presunçosa, e se não fosse por estar me
sentindo tão bem, eu provavelmente teria
apertado seus ombros... mas isso
significaria que ele pararia. Então eu tive
que adiar isso para outra hora.
Ele deslizou para baixo, beijando meu
estômago gentilmente, parando por um
segundo.
— Como a minha outra garota favorita
está? — o calor correu através de mim
enquanto um pequeno sorriso puxava
meus lábios.
— Pode ser um menino.
Nós descobrimos sobre o bebê logo antes
da viagem, porque precisávamos de alguns
shots, e eu tinha me sentido realmente
cansada ultimamente. Então eles fizeram
alguns testes e nos deram as notícias. Eu
nunca poderia esquecer a felicidade, o
choque e o medo combinados em seu rosto
quando eu lhe dei os resultados. Ele me
abraçou e me balançou por um tempo,
com a mão apoiada em meu estômago. Em
momentos como esses, meu coração doía
dolorosamente de todos os momentos que
perdemos com a minha primeira gravidez,
mas talvez fosse por isso que aconteceu tão
rápido para nós novamente, já que nem
planejávamos. Uma chance de finalmente
experimentar isso com amor, não na
solidão e no desespero, como a primeira
vez.
— Uma garota com os seus olhos. — ele
beijou meu umbigo uma última vez, e
então sua respiração aqueceu meu núcleo
enquanto ele arranhava minha coxa com a
barba, que ele preferiu não fazer em nossa
fuga. Eu não me importava nem um pouco.
Ao cavar minhas unhas em seu ombro, eu
tentei fazê-lo se mover, mas ele não saiu do
lugar e me enviou um olhar irritado. —
Deixe-me dar prazer a você primeiro,
krasivoglazaya.
— Radmir, por favor, não estou com
paciência para as preliminares.
Se ele não entrasse em mim naquele
segundo, eu ficaria louca pela necessidade.
Ele se levantou, colocando as mãos
debaixo dos meus ombros enquanto ele me
dava um beijo profundo, e então nós dois
respiramos pesadamente quando a ponta
de seu pau cutucou a minha entrada.
— Eu te amo, Vivian. Eu não mudaria
merda nenhuma que passamos, desde que
acabasse como estou, aqui e agora, com
você.
Uma única lágrima correu pela minha
bochecha, e ele limpou-a com o polegar.
Esse era o meu homem, declarando seus
sentimentos, mas sempre com a palavra
“merda” no meio. Mas para mim, essas
eram as palavras mais românticas que eu
já tinha ouvido.
— Eu também te amo, querido. — eu
sussurrei em sua orelha enquanto ele
entrava em mim suavemente, e por um
longo tempo, não havia nada além de
gemidos e grunhidos de prazer no iate.
Michael estava certo, depois de tudo. Esta
vida era um presente maravilhoso que eu
apreciaria pelo resto da minha vida.

Vivian

— Relaxe, pai. — disse Octavia, enquanto


enfiava outra uva na boca, e mal consegui
reprimir minha risada percebendo a
sombria expressão de Radmir. Ele ainda
não conseguia se acostumar com o fato de
que ela parou de chamá-lo de papochka,
que significava papai em russo, e mudou
para pai, porque soava mais frio. Ela não
queria que a considerassem fraca - ou essa
foi a desculpa que ela tinha dado a ele.
De qualquer forma, Radmir não estava
satisfeito.
— Não me diga para relaxar, lastochka15.
— advertiu, jogando o jornal na cadeira e
apontando um dedo para ela. — Tínhamos
um acordo.
Octavia revirou os olhos, colocando mais
Nutella em sua torrada e bebendo seu chá
logo antes de responder:
— E eu estou aderindo a ele. Eu
terminarei o meu diploma de negócios em
três anos, em vez de dois. Isso é tudo. Não
é grande coisa. — ela deu uma mordida
generosa, mastigou alto e eu balancei a
cabeça enquanto derramava chá na minha
garrafa, pois eu tinha que estar na galeria
em uma hora.
Atualmente, estávamos em nossa
cobertura em Manhattan, porque eu tinha

15
Andorinha, em português.
uma exposição importante para gerenciar
por algumas semanas. Compramos a
princípio para usar em nossas viagens de
férias, mas as crianças cresceram e
quiseram estudar em Nova York. Então
eles acabaram vivendo aqui. Jake mudou-
se há dois anos; Ele morava em um
apartamento menor, alegando que queria
ficar por conta própria, e respeitamos essa
decisão. Nós tentávamos não interferir
muito em suas vidas, porque a liberdade
era um aspeto importante de eles
crescerem e se tornarem as pessoas que
queriam ser.
Claro, esse era o meu raciocínio. Meu
marido teimoso ainda mantinha controle
sobre eles com relatórios semanais. Não
adiantava discutir com ele em relação a
isso.
Enquanto Radmir sonhava com sua
pequena menina que mimaria a todos os
momentos, ele não esperava que ela
acabasse por amar os carros e sonhasse
em abrir sua própria oficina mecânica
onde passaria os dias com eles. Ela se
apaixonou por sua coleção na Rússia, e
quando ela era pequena, ele comprou toda
aquela coleção cara de modelos de carros,
e ela os manteve em suas prateleiras e os
admirava. Ela leu todos os livros sobre o
assunto, e com a idade de treze anos, sabia
mais sobre carros do que qualquer homem
na Bratva. Com a idade de quinze anos, ela
bolou um plano de negócios, mas Radmir
se recusou a concordar com isso. Em sua
cabeça, ela tinha todas as oportunidades
no mundo. Por que ela quereria ser
mecânica? Enquanto ela chorava e batia as
portas ruidosamente, encontrando
maneiras para ele concordar, eu entendia
de onde sua preocupação vinha. Não tinha
nada a ver com desrespeitar a profissão, e
sim com sua mãe e como ela sonhava com
grandes coisas, mas nunca teve a chance
de experimentá-las.
Finalmente, ele cedeu, contanto que ela
conseguisse seu diploma primeiro. Ela
concordou, mas alguns meses atrás,
encontrou um emprego em uma oficina e
passava seus dias lá. Seu chefe decidiu
dar-lhe um emprego a tempo integral, e ela
pulou de cabeça na oportunidade,
querendo ter experiência prática.
— Primeiro, um ano, então, o que? Sem
diploma? — Radmir berrou, enquanto
Octavia nem sequer pestanejava. Ela
apenas olhou para ele com uma expressão
teimosa em seu rosto, claramente decidida.
Eles eram uma dupla e tanto, embora não
compartilhassem nenhum traço físico. Ela
era parecida comigo, com seus olhos azuis
vívidos, cabelos marrons que recentemente
cortou em um curto bob16 desde que seu
cabelo atrapalhava seu trabalho, e um

16
É esse estilo de cabelo.
corpo que ela cobria com jeans e
camisetas. Ela adorava se vestir, mas não
para o trabalho. Resumindo, estava
orgulhosa da minha garota.
— Radmir. — minha voz chamou sua
atenção para mim, e ele exalou
pesadamente. Então envolveu sua mão em
volta de seu pescoço e a aproximou dele,
enquanto ela sorria intensamente.
— Eu te amo, lastochka. Lembre-se
sempre disso. Mas eu juro por Deus, você
terá este diploma.
Ela o abraçou e riu alto.
— Claro, papochka.
Ele imediatamente suavizou. A pequena
pilantra sabia o que estava fazendo.
Olhando para o relógio, notei que só
restavam trinta minutos e aproximei-me da
mesa. Eu dei a Octavia um leve beijo na
cabeça quando ela se levantou para me
encontrar a meio caminho, e então me
inclinei para beijar Radmir, que em vez
disso me colocou em seu colo enquanto
nossa filha gemia.
— Sério, gente. Sem beijos na casa. Papai
inventou a regra.
Ele deu-lhe um olhar severo.
— Essa regra só se aplica a você. — então
ele me deu um beijo suave. — Tenha um
bom dia, krasivoglazaya. Eu vou buscá-la
em poucas horas.
Acenando com a cabeça, estava prestes a
levantar-me, quando o elevador da
cobertura abriu com um ruído alto e Artur
entrou no apartamento, segurando uma
caixa de rosquinhas nas mãos.
— Ei, malishka, parei no seu lugar favorito
e pensei... — sua voz parou quando nos
notou e ele congelou no lugar, enquanto
Radmir se endireitava ao meu lado
enquanto compartilhávamos um olhar com
Octavia. Ela baixou os olhos, exalou
pesadamente, e logo se levantou para ficar
ao lado de Artur.
— Obrigada, você é um bom amigo. — ela
deu um beijo em sua bochecha. — Meus
pais estão aqui! Quem teria pensado, hein?
Você veio neste momento sem ligar! — ela
quase gritou a última parte, mas para seu
benefício, eu não tinha ideia. Mesmo
estranhos podiam ver que ela estava
mentindo, então era divertido que ela se
incomodasse conosco.
Artur segurou o olhar de Radmir, depois
limpou a garganta e passou a mão pela
cintura de Octavia enquanto ela tentava
fugir, mas ele disse:
— Pare. — e ela ouviu imediatamente,
engolindo alto quando ele dirigiu-se a nós.
— Estamos juntos. Já faz um ano. Você
aceitando ou não, isso vai acontecer.
Quero dizer, sem desrespeito, Sovietnik.
Ele empurrou os óculos mais para cima
no nariz enquanto Radmir ficava em
silêncio.
Artur era o filho de Yuri e Melissa e
estudava engenharia na Universidade da
Columbia, planejando trabalhar com
empresas de petróleo no futuro. Ele ficava
em silêncio, nunca se envolvendo em
brigas ou discussões. A maioria das
pessoas o achava chato, mas havia uma
faísca de algo em seus olhos... o que me
incomodava muito. A única vez que seu
olhar se suavizava era quando ele olhava
para Octavia. Ela era a única que
provocava emoção nele. Eles tinham sido
inseparáveis pela maior parte de suas
vidas, já que tinham apenas alguns meses
de distância entre eles. Melhores amigos
desde crianças, e enquanto as mulheres
suspeitavam que isso se tornaria algo
mais, os homens provavelmente não
perceberam.
— Tudo bem. — Radmir de repente disse,
e então me empurrou suavemente. — Você
vai chegar atrasada, krasivoglazaya. Vá.
As crianças têm algumas explicações para
dar.
Ele riu enquanto eu piscava o olho para
ele. Sim, ele era um macho alfa que
protegia seus filhos. Mas ele não impediria
a sua felicidade e aqueceu meu coração
que ele não ficou com raiva.
Pegando minha caneca, baguncei os
cabelos de Artur.
— Vejo vocês mais tarde, crianças.
Finalmente entrando no elevador, eu me
perguntei o que diabos meu filho mais
velho estava fazendo, quando o telefone
soou alto e notei o identificador de
chamada. Por que Konstanciya me ligaria
tão tarde lá da Rússia?
Uma vez que a conversa terminou, eu
estava pronta para matar meu marido.
Jake.
O que vou fazer com você?
Radmir

— Obrigado por isso, filho.


Jake riu no meu ouvido exatamente
quando quase cheguei à porta da galeria
de Vivian. — Vamos lá, papai, nós dois
sabemos que você pode lidar com isso. Ela
nunca concordaria com isso se eu tocasse
no assunto durante o jantar ou algo assim.
Balançando a cabeça para a estupidez do
meu filho, pensei por um segundo em
desligar o telefone na cara dele, mas depois
me lembrei que tínhamos outros assuntos
para discutir.
— Menino, você tem muito a aprender
sobre mulheres, se você acha que eu ficarei
ileso depois disso. Você acabou de arruinar
meus planos por um fim de semana
inteiro.
Ele gemeu no outro extremo da linha.
— Pai, pelo amor de Deus, eu não preciso
saber dessas coisas. — então ele limpou a
garganta. — Então, Lily cresceu.
Franzindo o cenho para essa informação
estranha, entrei na galeria, onde Vivian
estava ao lado de sua última obra-prima,
estudando-a com interesse enquanto ela a
movia ligeiramente, assim a moldura
estaria localizada no meio da parede.
Várias fotos estavam espalhadas pelo chão
com títulos e os pequenos e caros detalhes
que ela gostava de adicionar a diferentes
quadros. A bagunça usual antes de uma
exposição que, de alguma forma, ela
sempre transformava em criações mágicas,
dependendo do tema que ela escolhesse.
Desta vez, tinha algo a ver com união entre
as gerações, sem relação alguma, além do
tipo de trabalho. Ao percorrer a Rússia, ela
tirou fotos diferentes de gerações de
pessoas que tinham diversas profissões.
Então ela se virou para mim, enviando
punhais em minha direção, enquanto seu
vestido preto apertado enfatizava o seu
corpo, e minhas mãos se contraíram para
tocá-la.
Eu gastei as últimas semanas na Rússia
fortemente investindo na rivalidade da
máfia, então não podíamos passar muito
tempo uns com os outros. Eu tinha
grandes planos para esta viagem: jantares
e sexo.
Muito sexo que, com os anos, ficava cada
vez melhor. Mas, graças ao meu filho,
minha esposa estava chateada comigo.
Crianças.
— Sim, ela é muito bonita.
A filha de Rosa e Dominic planejava ser
uma promotora, e provavelmente não fez
com que ninguém ficasse feliz, além de
mim. Considerando que meu filho acabou
por ser um advogado, tive que ouvir por
anos inúmeras piadas dos membros da
Bratva, que algum dia meu filho ou estaria
me libertando da prisão ou trabalhando
para o nosso inimigo. Seria um eufemismo
dizer que Lily aqueceu meu coração com a
decisão dela.
Um advogado era ruim, mas uma
promotora? Era uma merda divertida.
Dominic apenas gemia quando alguém
tocava no assunto, porque sua garota era
louca por todas essas coisas, já conhecia
todas as leis e tinha sua própria coleção de
armas.
— Por quê? — o silêncio seguiu minha
pergunta e o medo me encheu.
Foda-se, eu esperava que não fosse o que
pensava. Aquilo seria uma confusão das
grandes, e ter Dom no meu traseiro por
causa do meu filho não estava na minha
agenda. Eu tinha problemas suficientes
com o filho de Yuri, que reivindicou a
minha menina. Sua única graça salvadora
era que eles eram próximos de idade, e ele
nunca a magoara. Caso contrário, ele teria
tido seu traseiro chutado há muito tempo.
— Ela será minha.
Assim, minhas esperanças foram
esmagadas, e suspirei com resignação. Sua
voz não tinha vestígio de hesitação, e o
garoto era arrogante o suficiente para
pensar que ele era irresistível. Adorava o
meu filho, mas ele simplesmente não tinha
ideia em que estava se metendo.
— Lily não é uma garota que você pode
transar e largar. — avisei, sabendo muito
bem da reputação do meu filho. Ele não
era exatamente conhecido por ficar com
uma garota. De alguma forma, Jake
acabou sendo uma prostituta total,
trocando de garotas como quem troca de
sapatos e, honestamente, Lily merecia
melhor. Eu odiaria bater em meu próprio
filho por não conseguir manter suas calças
fechadas.
— Eu sei disso. — ele respondeu com
raiva.
As sobrancelhas de Vivian se ergueram em
surpresa e ela cruzou os braços, enquanto
inclinava a cabeça com curiosidade.
— Você sabe? Você deixou clara a sua
reivindicação sobre ela? — eu rezei para
que ele respondesse que não. O garoto era
muito novo para suportar o tratamento
que o esperava.
— Claro. — ele parecia ofendido agora.
— Filho, você percebe que terá que ficar
longe das mulheres, certo? Um erro
simples, e o Pakhan nunca lhe dará acesso
a sua princesa.
E eu poderia entender isso. Se Artur
machucasse minha garota, não hesitaria
em cortar todo o seu acesso à ela. Nós
amávamos todas as crianças da Bratva,
mas os homens desenharam a linha para
as suas filhas. Nós não as criamos para
alguns idiotas quebrarem seus corações.
— Sim, pai. Eu sei o que eu quero. — ele
limpou a garganta. — Mas não acharia
ruim ter o seu apoio, apenas dizendo.
Meu coração pulou dolorosamente quando
eu detectei os traços de vulnerabilidade em
sua voz, levando-me de volta para o tempo
em que ele costumava ser pequeno e
precisava de mim para tudo. Os pais às
vezes se esqueciam que as crianças
precisavam de seu apoio moral, não
importa quantos anos tinham, vinte e
cinco ou cinco.
— Você o tem.
Vivian tirou o telefone de mim, antes que
eu pudesse ouvir sua resposta.
— Jake, você concordou em trabalhar
para a Bratva sem me contar? — ela olhou
para mim, mas eu simplesmente encolhi os
ombros.
O que havia para contar? Ele concordou
em ajudar com os negócios da Bratva
quando visitou a Rússia alguns anos atrás,
mas provavelmente mudaria de ideia, já
que agora estava obcecado com a garota.
Eu também poderia dar adeus aos meus
tempos privados com minha esposa. Jake
não viveria longe de Lily agora.
Malditos filhos.
— O que você quer dizer com “te ligo mais
tarde”? Jake? Jake! — Vi gritou e então me
fitou com a boca aberta. — Seu filho
acabou de desligar na minha cara!
Removendo o telefone de suas mãos,
porque quase o deixou cair no chão com
frustração, coloquei-o sobre a mesa e
depois a abracei quando pressionou as
palmas das mãos no meu peito, sem me
dar acesso completo a ela, e eu grunhi de
desagrado.
— No instante em que voltarmos para
casa, vou chutar a sua bunda no ringue.
Isso vai ensinar-lhe uma lição.
Enquanto entendia o por que de ele ter
feito isso, o garoto receberia um longo
sermão. Ninguém desrespeita minha
esposa, nem mesmo nossas amadas
crianças.
Ela riu suavemente, finalmente cedendo e
acariciando meu pescoço enquanto eu nos
balançava de um lado para o outro.
— Pelo menos eles estão apaixonados. —
disse ela, brincando com o colarinho da
minha camisa.
— Amor perigoso. — observei, com uma
sobrancelha franzida.
— Por quê?
— Um erro, e isso pode fazê-lo ter
problemas com a Bratva.
Ela balançou a cabeça e depois passou as
mãos ao redor do meu pescoço enquanto a
minha agarrava a sua cintura. Mesmo em
seus saltos altos, que ela ainda adorava,
ela mal alcançava meus ombros.
— Vamos nos preocupar com isso mais
tarde, se acontecer. O que você planejou
para nós, meu russo sexy?
Dando-lhe um sorriso perverso, capturei
sua boca em um longo beijo até ficarmos
sem fôlego, e respondi misteriosamente:
— Você verá.

Vivian

— Você gostaria de beber alguma coisa,


senhora? — perguntou-me a aeromoça
enquanto segurava a bandeja com
champanhe, suco de laranja e água
enquanto eu estava sentada
confortavelmente no assento de primeira
classe.
Piscando em confusão, eu
automaticamente peguei o champanhe.
— Obrigada.
Ela sorriu educadamente, e foi atender os
outros passageiros, que consistiam em
membros da Bratva, se seus ternos
escuros e expressões mal-humoradas
fossem alguma indicação.
Radmir desapareceu em algum lugar antes
do embarque, sem explicar por que
precisávamos sair e em um voo comercial.
Depois de nos casarmos, era muito
perigoso para nós viajarmos sem ser no
avião da Bratva, e uma vez que
passávamos a maior parte do tempo na
Rússia, não era um problema. Depois de
um magnífico jantar no nosso restaurante
favorito, ele recebeu uma chamada
urgente, e fomos levados apressadamente
para o aeroporto. Desde que minha
exposição não aconteceria novamente por
dez dias, minha assistente poderia lidar
com a maioria das coisas em caso de
emergência, já que eu deixei as instruções
para ela.
Uma bolsa pesada caiu no assento ao meu
lado, me surpreendendo, e meus olhos se
ergueram para ver o intruso e minha
mandíbula quase atingiu o chão enquanto
Dominic sentava ao meu lado com uma
expressão divertida. Seus olhos castanhos
brilharam de malícia, o que raramente
podia ser visto em seu rosto duro como
granito.
— Você de novo.
Confundindo-me ainda mais com este
diálogo, eu estava prestes a responder,
quando ele gritou:
— Radmir, eu vou tomar seu lugar!
Com isso, ele sentou algumas fileiras à
frente, e finalmente meu marido sentou em
sua cadeira, piscando para mim, enquanto
a aeromoça rapidamente lhe trazia um
copo de uísque, com o gelo batendo um
contra o outro enquanto ele tomava um
longo gole.
— Radmir, o que está acontecendo?
Em vez de responder a minha pergunta, ele
murmurou:
— Krasivoglazaya.
E aquilo desencadeou um flashback de
nosso primeiro encontro, quando nos
encontramos no avião e essa situação
exata aconteceu.
Ele estava recriando a memória?
— Por quê? — eu perguntei, e ele se
inclinou mais para perto, erguendo o
queixo ligeiramente e mordiscando meus
lábios.
— Foram vinte e seis anos desde que nos
conhecemos, moya krasivoglazaya.
— E?
Ele me deu um longo olhar, e então eu
lembrei.
— E nós viveríamos felizes para sempre,
celebrando nosso vigésimo sexto
aniversário juntos de algum jeito
interessante?
Radmir fez uma pausa no ar com o
croissant enquanto ele me examinava com
olhos curiosos. — Por que vinte e seis
exatamente?
Protelando, olhei para o pôr-do-sol enquanto
o Lago Baikal se agitava com o vento, e as
ondas batiam contra as rochas, criando um
clima incrível para deixar todos os meus
problemas escaparem da minha mente.
— Todas essas datas arredondadas... é
chato, não é? De alguma forma, celebrar
vinte e seis anos juntos parece muito mais
interessante do que vinte e cinco.
Comemorações de datas arredondas são
esperadas. Mas ter um amor tão forte, que
você tenta mesmo quando não há
obrigação... ou encontrá-lo em um
relacionamento que só fique mais forte, não
importa o que... — descansando o queixo
nos meus joelhos dobrados, eu sussurrei: —
É romântico, pelo menos para mim.
— Você finalmente lembra, moya
lubimoya17? — ele passou os dedos pelos
meus cabelos, nos aproximando um do
outro. — Como está sendo essa vida
comigo até agora?

17
Meu amor, minha amada em português.
Segurando seu olhar com o meu, coloquei
minha palma em seu coração. — Incrível.
— Uma aventura?
Antes de beijá-lo, eu respondi enquanto
meu coração se enchia de amor. Porque
quem queria outra vida que não fosse com
esse homem? Nosso caminho para a
felicidade não foi fácil, com uma
separação, prisão, duas quase mortes, mas
oi, valeu a pena no final.
Verdadeiramente, quem teria pensado que
em uma viagem de avião me aguardava
uma vida?
— Uma aventura.
E nós unimos nossas bocas enquanto o
avião se preparava para a decolagem, e eu
era grata por essa vida, por esse homem e
tudo o que nós dois compartilhamos.
— Deixe-me mostrar o que significa ser
amada por mim.
E ele o fez.
Dando-me o maior presente de todos.
Nossa vida juntos.

FIM
. . por enquanto.
Em breve..

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