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Até o ano de 1988, vigia na Itália o Código de Processo Penal de 1930, conhecido
como “Código Rocco”, editado sob a ditadura fascista de Mussolini, com características
inquisitivas. Tal Código previa o chamado “Juizado de Instrução”, no qual eram obtidos os
elementos de prova que seriam utilizados na fase de julgamento, ou “giudizio”. Nesta
segunda fase, eram asseguradas ao réu as garantias do contraditório, da publicidade, da
oralidade, e demais aspectos de um processo penal acusatório. Vigorava, portanto, um
sistema misto, no qual a primeira fase caracterizava-se pela inquisitoriedade (com a
conseqüente falta de igualdade entre as partes), e somente na segunda fase se poderia falar
em contraditório, publicidade, presunção de inocência, etc. Um dos aspectos negativos do
antigo sistema é a “preconstituição de provas”, ou seja, as provas eram obtidas na fase
inquisitiva, de forma secreta, sem que o réu tivesse a possibilidade de contraditá-las. Estas
provas, obtidas pelo juiz instrutor, eram levadas para a fase do “giudizio”, e eram
apreciadas por outro juiz. Porém, estes elementos de prova chegavam à segunda fase
viciados pela forma como foram obtidos.
O “giudizio direttissimo” não tem por finalidade evitar a fase debatimental, mas, ao
contrário, antecipá-la, mediante a apresentação direta do acusado ao juiz debatimental sem
se passar pela audiência preliminar. O juízo diretíssimo se verifica nos casos em que o
fundamento da acusação é de tal modo evidente que torna supérflua a audiência preliminar,
bem como as investigações preliminares. Duas são, basicamente, as hipóteses em que se
pode verificar o “giudizio direttissimo”: a prisão em flagrante e a confissão do acusado na
investigação preliminar.
“Giudizio immediato”. Assim como o juízo diretíssimo, o juízo imediato tem como
característica a eliminação da audiência preliminar e a antecipação da fase debatimental, e
tem como pressuposto uma prova evidente, que não a prisão em flagrante e a confissão,
pois nesses casos verifica-se a hipótese do juízo diretíssimo. Entre as condições do pedido
de juízo imediato estão a evidência de prova, e o prévio interrogatório do acusado sobre a
prova da qual emerge a evidência. Tanto o Ministério Público pode requerer o juízo
imediato, quanto o imputado. Neste último caso, porém, o juiz remete as partes à fase
debatimental sem a necessidade de uma prova evidente.
“Procedimento per decreto penale”. Este procedimento especial comporta a
eliminação da audiência preliminar e da fase debatimental, e ainda uma contração da fase
das investigações preliminares. Pode ocorrer em casos de crimes menores, com pena
reduzida. Nestes casos, a lei admite que o provimento de condenação possa ser emitido ao
término das investigações preliminares, sem prévio contraditório. Há a necessidade de
requerimento do Ministério Público, enviado ao juiz das investigações preliminares. e a
pena a ser aplicada somente pode ser pecuniária, mesmo que em substituição à uma pena
detentiva. Se o juiz acolhe o pedido, emite o decreto de condenação, contra o qual o
acusado pode se opor, pedindo o juizo imediato, o “pattegiamento”, ou o juízo abreviado.
BIBLIOGRAFIA
CORDERO, Franco. Procedura Penale. Ed. Giuffrè, Milano, Terza edizione, 1995