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Por sua importância estratégica, a Amazônia apresenta aos países que fazem
parte deste ecossistema grandes desafios e ainda maiores oportunidades. A
conveniência de conjugar esforços para o desenvolvimento harmônico da
Amazônia, com equilíbrio entre desenvolvimento econômico e preservação do
meio ambiente, constitui princípio fundador da Organização do Tratado de
Cooperação Amazônica (OTCA), bloco socioambiental formado pelos Estados que
partilham o território Amazônico: Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru,
Suriname e Venezuela.
O Tratado de Cooperação Amazônica (TCA) chega, hoje, aos 40 anos. Com uma população de
cerca de 40 milhões de pessoas, 385 povos indígenas e cidades de centenas de milhares de
habitantes, a Amazônica ocupa 40% do território sul-americano. Contém 20% da água doce da
superfície do globo, abriga a maior floresta megadiversa do mundo e é o habitat de 20% de
todas as espécies de fauna e flora existentes no planeta.
Apesar desses números "amazônicos" e da óbvia importância estratégica da região para a
segurança e o desenvolvimento sul-americano, a área recebeu, historicamente, menos
atenção do que a devida. Isso começou a mudar na segunda metade do século XX. No caso do
Brasil, alguns marcos foram a criação do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA),
em 1952; a ligação rodoviária Belém-Brasília; a criação, em 1966, da Superintendência de
Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) e a revitalização econômica de Manaus por meio de
seu polo industrial.
Todos esses desdobramentos, e muitos outros, com seus custos e benefícios, suas implicações
positivas e negativas, levaram a uma maior integração da Amazônia ao Brasil. Também
consolidaram, paulatinamente, a convicção de que o desenvolvimento sustentável da região
amazônica é fundamental para todo o país.
Aqueles atos diplomáticos ajudaram os países amazônicos a entender que muitos dos desafios
e possibilidades próprios da região são compartilhados e, em muitos aspectos, somente
poderão ser devidamente equacionados se o forem conjuntamente. Isso explica a diversidade
dos temas objeto dos projetos de cooperação no âmbito da OTCA, tais como o monitoramento
da cobertura florestal, a gestão de recursos hídricos transfronteiriços, a prevenção de
epidemias, a proteção de povos indígenas, as políticas sociais e o estabelecimento de base de
dados para intercâmbio científico.
Nessa década que se avizinha, a relevância politica e prática do Tratado e da Organização será
ainda maior, já que deverá continuar crescendo a consciência da importância da Amazônia a
todos os títulos, em particular em matéria ambiental. Um óbvio exemplo é a mudança do
clima. Estudos recentes sugerem que a Amazônia deve ser uma das regiões mais expostas às
consequências do aquecimento global.
Há, portanto, razões para celebrar o quadragésimo aniversário da firma do TCA e fundadas
razões para o otimismo quanto ao futuro da OTCA. Aos países amazônicos cabe a tarefa,
árdua, mas exequível, de transformar desafios comuns em oportunidades para todos. O Brasil,
que executa, com êxito, diversas politicas setoriais de particular relevância na e para a
Amazônia e que contribui com significativos recursos materiais e humanos para a cooperação
amazônica, seguirá fazendo a sua indispensável parte.
Iniciativa do Brasil, o TCA foi, em 1978, e segue sendo, hoje, expressão da vontade conjunta
de colaboração entre os países com territórios na região amazônica em favor de seu
desenvolvimento sustentável.