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1) O documento discute as críticas de F.H. Jacobi ao conceito kantiano de "coisa em si" e como ele alega que isso leva ao solipsismo e ceticismo.
2) Jacobi argumenta que, se só podemos conhecer fenômenos em nossas mentes, não podemos afirmar a existência de objetos externos que causam nossas percepções.
3) Há duas abordagens atuais ao problema: a dos "dois mundos", que supõe coisas em si e fenômenos como realidades separadas, e a
Originalbeschreibung:
Artigo sobre O Problema Da Coisa Em Si Na Filosofia de Jacobi.
Originaltitel
O Problema Da Coisa Em Si Na Filosofia de Jacobi - Bruno Granero
1) O documento discute as críticas de F.H. Jacobi ao conceito kantiano de "coisa em si" e como ele alega que isso leva ao solipsismo e ceticismo.
2) Jacobi argumenta que, se só podemos conhecer fenômenos em nossas mentes, não podemos afirmar a existência de objetos externos que causam nossas percepções.
3) Há duas abordagens atuais ao problema: a dos "dois mundos", que supõe coisas em si e fenômenos como realidades separadas, e a
1) O documento discute as críticas de F.H. Jacobi ao conceito kantiano de "coisa em si" e como ele alega que isso leva ao solipsismo e ceticismo.
2) Jacobi argumenta que, se só podemos conhecer fenômenos em nossas mentes, não podemos afirmar a existência de objetos externos que causam nossas percepções.
3) Há duas abordagens atuais ao problema: a dos "dois mundos", que supõe coisas em si e fenômenos como realidades separadas, e a
requisitos para conclusão da disciplina Idealismo Alemão do Bacharelado em Filosofia da UFABC
Orientador: Profa Dra Monique
Hulshof
São Bernardo do Campo - SP
2014 Na sua Crítica da Razão Pura, Kant procura resolver alguns problemas fundamentais, centralmente as questões a respeito da possibilidade de proferir juízos objetivamente válidos a cerca de objetos da experiência, juízos sintéticos a priori, e, especialmente, como seria possível a possibilidade do uso da razão para tratar de conceitos morais. O conceito de coisa-em-si é uma das chaves da articulação kantiana para obter respostas às suas questões centrais, mas também é gerador de grandes conflitos interpretativos. Na própria crítica, Kant faz diferentes assimilações a esse conceito, mostrando- o por vezes como negativo em relação aos fenômenos – um conceito vazio, mas também outras vezes como causa ou fundamento dos fenômenos, cedendo à coisa-em-si um aspecto de objetividade. Na Crítica (B310/3111) Kant aborda da coisa-em-si como númeno, sendo este um conceito problemático, entendido como não contraditório. É também um conceito necessário enquanto limite da “validade objetiva do conhecimento sensível”. Nesse sentido, trata-se de um conceito negativo, um conceito-limite, que cerca “a pretensão da sensibilidade” Esse caráter problemático viria da primeiro da ideia de que, como explica Lebrun (2001), não se poderia afirmar que a sensibilidade é o único tipo possível de intuição, então não cairia contraditório supor um conceito fora da intuição sensível. Também não se pode afirmar outro modo de intuição que não a sensibilidade, assim não seria possível afirmar a existência de uma outra esfera de objetos não sensíveis. A primeira Crítica de Kant foi uma obra bastante comentada tanto favorável como negativamente: em parte as primeiras resenhas e comentários enviesaram suas opiniões com base no prestígio de Kant e na complexidade e tom sistemático da obra F. H. Jacobi é o primeiro grande crítico do Idealismo Transcendental e da noção de coisa-em-si especialmente em sua publicação David Hume sobre a crença ou Idealismo e Realismo, de 1787, no Apêndice sobre o Idealismo Transcendental. Podemos pontuar, como em Bonaccini (2006), três principais objeções, que são profundamente ligadas e interpretadas muitas vezes como apenas uma: que o idealismo transcendental leva ao solipsismo; que o sistema kantiano se invalida com a coisa-em-si como fundamento dos fenômenos; e que a incognoscibilidade da coisa-em-si leva ao ceticismo. Jacobi inicialmente mostra, utilizando-se de citações a Kant, que o Idealismo Transcendental não comporta em seus sistema nada que não sejam representações (Bonaccini, 2006). Se a matéria e objetos no espaço e tempo e tudo da experiência externa são fenômenos dados apenas na representação, as coisas para além das representações são inacessíveis. “O objeto transcendental, que está na base dos fenômenos externos, tanto como aquele que serve de fundamento I à intuição interna, não é, em si, nem matéria nem um ser pensante, mas um fundamento, que nos é desconhecido, dos fenômenos que nos fornecem o conceito empírico, tanto da primeira como da segunda espécie.” (Crítica, A 380) Seria impraticável falar que há um fundamento dos fenômenos por nós desconhecidos e diferenciar este fundamento da própria representação. Apelar para representações como fundamento de outras cairia numa explicação circular, o que nos coloca no solipsimo, quando não podemos afirmar que no mundo estamos somente nós e nossas representações. Certamente Kant visa fugir deste solipsismo, o que faz cometer a imprudência de admitir aquilo que não poderia com base no Idealismo, que: “Ora, pode-se sem dúvida admitir que alguma coisa, que pode estar fora de nós no sentido transcendental, seja a causa das nossas intuições externas; mas essa alguma coisa não é o objeto que compreendemos ao falar das representações da matéria e das coisas corporais; estas são meros fenômenos, isto é, simples modos de representação, que nunca se encontram senão em nós (...)” (Crítica, A372) Jacobi mostra como a simples alegação de que podem existir objetos no espaço fora de nós, sem nos comprometermos com coisas existentes além da representação na tentativa de fugir do solipsismo é incompatível com o Idealismo transcendental. O problema está, para Jacobi, em tratar de representação sem poder acessar o objeto que ela representa a não ser por uma representação, o que constitui a chamada tese da incognoscibilidade da representação (Bonaccini, 2006). Seria necessário ter acesso aos objetos sem mediação de representações para que se possa admitir algo distinto dessas, sendo esta a única possibilidade de um critério seguro para admiti-los. Conforme temos acesso somente aos fenômenos na representação no Idealismo Transcendental, Kant faz uma afirmação incompatível com sua tese estabelecendo os objetos que são causa das sensações e que dão vez a estas. (Bonaccini, 2006). Só podemos conhecer o que percorre a síntese do entendimento, representada numa unidade como objeto = x, que não é causa inteligível, mas sim uma representação, no sentido de que é uma regra. Por definição, a coisa-em-si não seria representação, e como só podemos declarar algo sobre representações, ela deve ser admitida como correlato externo do fenômeno representado, o que contraria o sistema kantiano. Todavia, sem supor objetos que causem impressões e dêem lugar a representações, sequer se poderia falar em representações, e a filosofia kantiana não teria acesso a si mesma. Se por uma via a incognoscibilidade das coisas-em-si nos coloca na condição solipsista do mundo acessível somente por nossas representações, as representações precisam que se admitam coisas-em-si como causas, o que não é lícito, pois supõe conhecimento de objetos que causem esta afecção. (Bonaccini, 2006). A questão é colocada por Jacobi na seguinte passagem: “Devo confessar que esta dificuldade não me demorou pouco no estudo da filosofia kantiana, de modo que tive que recomeçar do princípio a Crítica da Razão Pura durante vários anos, porque me confundissem cessar o fato de que sem aquela pressuposição não podia entrar no sistema e com ela não podia permanecer nele” (Jacobis Werke II, pp 304-5, 1812-1825 apud Bonaccini, 2006). Por fim, Jacobi mostra como a tese da incognoscibilidade das coisas em si conduz ao ceticismo. Tudo o que há são fenômenos os quais temos acesso por meio de sensações e representações -sobre suas causas não temos qualquer conhecimento. A síntese dessa matéria sensível se dá no entendimento do sujeito representante, por meio de conceitos que dizem respeito a essas sensações, e são, afinal, meramente formais submetidos a representações particulares. A verdade de nosso conhecimento é relativa, já que nada diz a respeito da natureza mesma. É impossível ter conhecimento verdadeiramente objetivo, já que representações conceitos e princípios são confessamente subjetivos, o que não se concilia com a assunção de objetos causantes das sensações. Não basta aceitar que nos percebemos passivos mediante às sensações para também aceitar que há objetos efetivos (Bonaccini, 2006). ... O entrave entre fenômenos e coisas em si mesmas, configurou-se atualmente por duas posições distintas, como mostra Louzado (2006), a saber: as teorias dos “dois mundos”, e as dos “dois aspectos”. A teoria dos dois mundos aborda a existência de duas classes entidades. As coisas em si mesmas seriam uma realidade responsável pelos fenômenos (aparição) no sujeito, quando se faz possível a relação cognitiva com o sujeito. (Louzado, 2006). Tal paradigma traz implicações indesejadas ao Idealismo, pela suposição de um conhecimento substancial das coisas concomitantemente com sua incognoscibilidade, e a restrição de todo conhecimento possível ao fenômeno enquanto material subjetivo, não tem validade objetiva (Louzado, 2006). A visão de dois mundos leva facilmente a um paradoxo como expresso no problema da afecção de Jacobi, trivializando os sistema kantiano num absurdo. A segunda visão, do duplo aspecto, tenta recuperar a possibilidade do Idealismo Transcendental ao declarar que ele não impossibilita o conhecimento da realidade nem requer conhecimento do incognoscível. Faz assim uma distinção de níveis nos quais se pode usar os conceitos de coisa-em-si e fenômeno, que seriam nível empírico e nível transcendental. No nível empírico a distinção relevante não seria entre coisas-em-si e fenômenos, mas sim entre fenômenos e aparências, o parecer ser e o ser empírico. Trataria daquilo que é privado, relacionado a uma mente individual e o que seriam coisas do domínio real de acesso intersubjetivo espacial e temporalmente. (Louzado, 2006) Já o nível transcendental seria aquele no qual refletimos sobre os conceitos que usamos no nível empírico. Aquilo que empiricamente é ser mesmo, filosofcamente é o aparecer (fenômeno), é ser para sujeitos cognoscentes. Não se trataria de definir esferas do que é cognoscível e incognoscível, mas sim de dois modos de considerar sobre as mesmas coisas. Levando em conta os modos de consideração, a contradição inicial se esvai pela noção primária de fenômeno e a derivativa de coisa-em-si, que é a consideração da coisa como abstração sujeita a uma parte sensível-intelectual das condições cognitivas do homem (Louzado, 2006). Assim, a noção de fenômeno e coisa-em-si desloca também a de ideal e real, sendo o primeiro “aquilo que há de universal e necessário, logo, a priori, nas condições de conhecimento humano” (Louzado, 2006), e real o que seria independente das condições sensíveis, ou seja, o númeno em sentido negativo, a coisa enquanto não é objeto de nossa intuição sensível. Esse recurso exegético permitiria manter então o idealismo tendo os dois níveis análise, sendo que as coisas consideradas em si empiricamente, filosoficamente são fenômenos, e as coisas-em-si, analiticamente, podem ser incognoscíveis sem contradição.
Bibliografia
BONACCINI, J. A. “A aetas kantiana e o problema de Jacobi” In: O que nos faz
pensar, v, 19, 2006. LEBRUN, G. “A aporética da coisa em si” Trad. José Oscar Almeida Morais. In: Sobre Kant. São Paulo: Iluminuras, 2ª ed, 2001, pp 53-54. LOUZADO, G. L. “O paradoxo das coisas em si mesmas” In: O que nos faz pensar, v, 19, 2006.