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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

Faculdade de Letras

Prouni, e a história do movimento estudantil de 1968

Trabalho de final de curso


Disciplina: Retórica, Argumentação e Discurso
Professor: Wander Emediato

Ana Aparecida Marcolino


Ana Cláudia Silva
Eduardo Vitor de Resende
Fabiana Chagas
Maria Alice
Marlene Santana

Belo Horizonte/2016

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PROUNI, E A HISTÓRIA DO MOVIMENTO ESTUDANTIL DE 1968

Ana Aparecida Marcolino


Ana Cláudia Silva
Eduardo Vitor de Resende
Fabiana Chagas
Maria Alice
Marlene Santana

1. INTRODUÇÃO E CONTEXTUALIZAÇÃO

Este trabalho será elaborado com intuito de identificarmos e compreendermos


qual é a finalidade de analisar os modos de organização de um determinado discurso.
Tudo que se é dito, escrito, dialogado, cantado, está relacionado com a maneira como o
discurso se organiza. Nesta pesquisa, apontaremos e analisaremos os modos de
organização do discurso: descritivo, argumentativo, narrativo e enunciativo.

A análise do discurso é algo múltiplo e heterogêneo, assim, existem diversos


argumentos na área do discurso. Para o desenvolvimento dessa proposta, faz-se
necessária a analise de pressupostos teóricos como a teoria argumentativa aristotélica do
Ethos, Pathos, Logos e a Noção de Polifonia e outros elementos necessários que
fundamentam tal analise. O objetivo desse trabalho será apresentar reflexões e
discussões sobre a propaganda do PROUNI com propósito de verificar quais estratégias
foram empregadas na organização do discurso e quais os efeitos de sentido aplicados no
desenvolvimento da propaganda do governo.

Observa-se que a propaganda se vale da argumentação a qual Charaudeau (2008,


p.207) compreende que a argumentação é uma totalidade em que o modo de
organização argumentativa contribui para construir o discurso. Sendo assim a
argumentação é o resultado textual de combinação entre diferentes componentes que
dependem de uma situação que tenha uma determinada finalidade persuasiva. Esse
discurso depende da situação de comunicação para qual foi concebido, e sua ordem de
organização que foi utilizada para construí-lo.

Portanto, na estrutura da argumentação de Charaudeau (2008), para que haja


argumentação são necessários os itens como: uma proposta, um sujeito argumentante e
um sujeito alvo. É necessário que haja uma proposta para provocar algo no sujeito alvo,
o sujeito que assumir essa proposta busca estabelecer uma verdade com objetivo de
persuadir o outro sujeito, que é o alvo da argumentação, ou seja, fazê-lo crer e fazer
com que o sujeito alvo participe do mesmo pensamento, da mesma opinião do sujeito
falante.

Em primeiro lugar, a compreensão do importante papel da mídia na produção e


na circulação de material simbólico. E, em segundo lugar, a compreensão da linguagem

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como processo de seleção entre as muitas formas de dizer, processo esse influenciado
por fatores históricos, sociais e ideológicos.

A AD preocupa-se, pois, com a apreensão das condições sócio históricas de


produção do sentido. Em outras palavras: voltando-se para o processo de construção e
de representação social da realidade, considera que todo discurso se localiza em uma
estrutura sócio histórica específica, não sendo possível a análise daquele sem que se
leve em conta esta. Assim, qualquer processo de produção de saberes, para a AD, “passa
pelo filtro da experiência social, cultural, civilizacional” do sujeito discursivo, “o que os
relativiza”, como propõe Charaudeau (2008, p. 44). E isso não é diferente com o
discurso midiático. Para o referido autor, ao contrário do que pregam os órgãos
midiáticos em geral, a informação não é transparente, neutra, pois depende sempre do
tipo de alvo que o informador escolhe e da coincidência ou não que este possa ter com o
tipo de receptor que a interpretará.

O texto estabelece uma relação interdiscursiva com os acontecimentos de 1968,


ano em que o movimento estudantil saiu às ruas protestando por igualdade e direitos
estudantis para todos em plena ditadura militar. “Faça parte dessa revolução na
educação brasileira”. Nas décadas de 60 e 70, o Movimento Estudantil Universitário
Brasileiro se transformou num importante foco de mobilização social. Sua determinação
adveio da capacidade de mobilizar expressivos contingentes de estudantes para
participarem ativamente da vida política do país. Segundo CANCIAN (1972-1985),
suas reivindicações, protestos e manifestações, o Movimento Estudantil influenciou
significativamente os rumos da política nacional da quais muitas conquistas obtidas em
favor de melhorias no estudantil.

“Essas correntes esquerdistas foram bem sucedidas ao canalizarem a


crescente insatisfação da massa jovem diante das deficiências e problemas do
sistema de ensino superior. Desse modo, a década de 60 presenciou as
primeiras grandes mobilizações em defesa de reivindicações de caráter
educacional. Na primeira metade dos anos 60, a chamada "Reforma da
Universidade" consistiu na mais importante luta do movimento estudantil.
(CANCIAN, Renato-1972-1985)”.

O movimento e as novas correntes políticas se tornaram hegemônicas e


defendiam ideologias ligadas à esquerda, ou seja, ao projeto socialista de transformação
da ordem social.

De acordo com o cientista social CANCIAN, Renato (1972-1985) as constantes


tentativas das lideranças estudantis de retomarem o controle das organizações foram os
principais fatores para desencadear novas ondas de repressão política da época.
Acrescenta ainda que as reivindicações educacionais e manifestações de protesto

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político contra o governo militar foram as principais bandeiras de lutas do movimento,
na segunda metade da década de 60. O ano de 1968 incidiu o auge dessas grandes
manifestações nas ruas contra a ditadura militar. Portanto é possível que o marketing da
propaganda do PROUNI 2006, tenha se baseado nas conquistas decorrentes do
movimento de 1968, cujo objetivo seria o de persuadir o público alvo com intuito de
comovê-lo, trabalhando com a emoção com que a imagem da propaganda transmite.
Para isso usaremos as três dimensões da argumentação a qual segundo Lima (2006,
2013) é a dimensão da construção da imagem (imagem de si e do outro), fazendo uma
releitura ampliada do conceito de Ethos, Pathos e Logos.

ETHOS: é a imagem de si, o caráter, a personalidade, os traços de


comportamentos a escolha da vida e os fins, posição de hierarquia social.

PATHOS: diz respeito á aproximação ou o distanciamento do sujeito em sua


negociação de diferenças frente o outro, portanto o jogo social da emoção repassada
através do discurso.

LOGOS: a imagem que o locutor faz do referente.

Esta relação foi desenvolvida por Aristóteles, ou seja, são provas aristotélicas,
são provas utilizadas como elementos para persuadir um determinado público alvo.
Além disso, integram-se e não são independentes, pois a partir do momento em que o
orador toma a palavra, ele mostra o seu ethos: a sua credibilidade assenta no seu caráter,
na sua honra, na sua virtude, na confiança que lhe concedem que se encontre em relação
ao auditório o qual é representado pelo pathos: para convencer é necessário comovê-lo,
seduzi-lo, e os argumentos fundados apoiam-se nas paixões do auditório para conseguir
suscitar e manifesta-se pelo logos. O ethos do sujeito/orador revela-se no seu projeto
persuasivo, pelo discurso, deixando que se percebam as suas credenciais, o caráter e sua
legitimidade como ser argumentante; O pathos, representa os desejos, os sentimentos,
as paixões e as emoções do sujeito auditório, responsável pela recepção/interpretação
dos enunciados provocadas pelo discurso do orador e o logos corresponde ao discurso
em si enunciado pelo orador com uma finalidade específica. Logo em uma fusão, por
exemplo, do ethos com pathos as emoções são poucos biológicas e em muitas
construções as emoções não são aprendidas e sim construídas na sociedade, na história e
na cultura, por isso não são homogêneas. Assim as emoções são da ordem da
representação, elas são construídas nos imaginários sociais dos saberes compartilhados,
ao qual chamamos de “doxa”.

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2. O PROUNI

2.1 Programa político

O PROUNI foi criado pela Medida Provisória n. 213, de 10 de setembro de 2004


(Brasil, 2004), e finalmente transformado em lei - Lei nº 11.096, de 13 de janeiro de
2005 (Brasil, 2005) - no ano seguinte. O Programa consiste no oferecimento de bolsas
de estudos, em IES privadas, a estudantes de baixa renda sem diploma de nível superior,
traduzindo-se em benefício concedido ao estudante, na forma de desconto parcial ou
integral sobre os valores cobrados pelas IES participantes do Programa.

De acordo com o discurso governamental, trata-se de uma política estratégica


que visa solucionar a insuficiência de oferta na educação superior brasileira e atender às
prioridades estabelecidas pelo Plano Nacional de Educação que visa a credibilidade do
programa. A lei em tela comporta a pretensão de, igualmente, normatizar a atuação de
entidades beneficentes de assistência social no ensino superior do país. Apresenta-se
como estratégia voltada para a “focalização” dos direitos de grupos marcados por
carências econômicas e pela vulnerabilidade social. De certo modo, as políticas
enquadradas visam corrigir as lacunas deixadas pelas insuficiências das políticas do
passado.

2.2 Análise da campanha do PROUNI

A campanha do PROUNI trata-se de uma publicidade que (vende produtos e


serviços), além disso, é uma propaganda (vende ideias políticas e sociais), algo que se
justifica por meio do nome do Programa oferecido (Programa Universidade para Todos)
trata-se da estratégia de captação. O slogan do Governo Federal “Brasil um país de
Todos” serve para legitimar a propaganda. Dessa maneira, divulga-se ao destinatário
ideal, através da publicidade, um “produto” a Universidade, e através da propaganda,
“ideias de igualdade de direitos entre os cidadãos brasileiros”.

As primeiras publicidades oficiais do PROUNI, veiculadas nas emissoras de


comunicação, se valeram da música de Geraldo Vandré: “Pra não dizer que não falei
das flores”. Esta canção que expressou anseios de liberdade e igualdade social da
juventude em 1968 foi retomada nessa campanha com um formato atualizado, mas
preservando a originalidade de ideais revolucionárias. De forma impactante, a canção é
entoada como um hino que marca a revolução na educação brasileira. A partir desse
“marco”, a universidade passa a ser direito de todos.

A propaganda do PROUNI 2006 corresponde a elementos persuasivos como já


mencionamos e nas provas Aristotélicas como pathos, o qual trabalha a emoção e ethos,
aos imaginários possíveis que a propaganda possa remeter ao público alvo. Como se
fizesse um convite para a caminhada, rumo à educação. Na propaganda, a música é

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interpretada por um jovem negro, ele é acompanhado por vários jovens de várias etnias.
O novo arranjo dado à música é acrescido do desempenho dos intérpretes, faz-nos
lembrar da Black Music americana principalmente o estilo e perfil dos jovens. Abaixo
observe um trecho da música de Geraldo Vandré “Pra não dizer, que não falei das
flores”.

“Caminhando e cantando e seguindo a Canção,


somos todos iguais braços dados ou não,
nas escolas, nas ruas, campos, construções,
caminhando e cantando e seguindo a canção.
Vem, vamos embora, esperar não é saber,
quem sabe faz a hora, não espera acontecer.”

O resgate da composição de Geraldo Vandré (1968) que embalou vertentes


revolucionárias de jovens na década de 60 se apresenta com a formatação atualizada,
tornando-se mais atrativa e coerente com o público alvo atual.

Em ambientes cotidianos a execução desta música por vozes de jovens negros


ganham maior amplitude polifônica, que é o efeito de sentido decorrente de
procedimentos discursivos que se utilizam de textos, por definição dialógica onde as
vozes do discurso se mostram. De acordo com Bakhtin, podem se perceber no
enunciado, vozes diferentes que estabelecem entre si relações dialógicas a qual se refere
às conversações que estruturam uma dada linguagem. Logo o enunciado é uma unidade
discursiva, pois se constrói a partir do já dito.

Segundo Fiorin (2002) o discurso pode ser estudado de duas formas: pelos seus
mecanismos sintáticos e semânticos. Esses mecanismos se relacionam com a produção
do sentido ou da compreensão deles como algo cultural e historicamente produzido
dialogicamente. Primeiramente, analisaremos quais seriam esses mecanismos sintáticos
e semânticos na análise do discurso para posteriormente, compreendermos a produção
histórica do discurso. A sintaxe do discurso está relacionada às projeções da instância da
enunciação e as relações entre enunciador e enunciado. A instância da enunciação forma
as categorias: tempo, espaço e pessoa por meio da utilização de debreagem. A
debreagem “é o mecanismo em que se projeta no enunciado quer a pessoa (eu/tu), o
tempo (agora) e o espaço (aqui) da enunciação, quer a pessoa (ele), o tempo (então) e o
espaço (lá) do enunciado” (FIORIN, 2002, p. 41). Dessa forma, para Fiorin existem três
debreagens enunciativas: pessoa, tempo e espaço.

Se a finalidade do discurso é de persuadir o outro a acreditar na mensagem que


está sendo passada e não somente informar, o ato de conduzir torna-se um jogo de
interesses e manipulação com o objetivo de fazer com que o enunciatário passe a crer no
que é discursado. Assim, as relações entre enunciador e o enunciatário é uma forma de

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produção de sentido, onde o enunciador usa procedimentos argumentativos com o
intento de fazer com que o enunciatário abrace e admita como sendo correto o sentido
produzido (FIORIN, 2002).

A imagem evidencia uma diversidade etno-cultural característico da população


brasileira: negros, deficientes físicos, homens, mulheres de diferentes estilos e perfis, os
quais caminham na mesma direção, em busca de um mesmo ideal, ou seja, buscando
oportunidades para entrar no mundo acadêmico. Esta campanha, que caracteriza uma
marcha “da revolução na Educação Brasileira”, prevaleceu nos três primeiros processos
seletivos, alterando-se no discurso do Sujeito enunciador apenas o número de
beneficiados do programa. Os discursos das publicidades comerciais também visam
provocar no público idealizado um desequilíbrio, levando-o a buscar soluções para
suprir suas faltas, levando-o a adquirir produtos (campanhas, programas e projetos
governamentais), como sugere o enunciado, capazes de transformar a vida do cidadão.

A propaganda utiliza do recurso da polifonia, pela manifestação das diversas


imagens ou lugares vazios dos discursos, dos quais o sujeito se fragmenta e ocupa com
a intenção de se reconstituir numa imagem a mais próxima possível que o represente.

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O início da propaganda mostra o jovem cantor negro segurando a bandeira do
Brasil, depois um jogo de street-basket, o qual o cantor atravessa. Momentos depois, o
cantor é seguido por outro jovem com a camisa da seleção brasileira de futebol. Quando
a melodia inicia, o arranjo introdutório é puxado pelo coro de jovens negras.

Nesta cena, há presença da polifonia, na proposta de Mikhail Bakhtin, pode se


observar em princípio, dois contextos que dialogam entre si: o brasileiro - marcado pela
bandeira, pela música cantada em português e pelo rapaz com a camisa da seleção
brasileira de futebol - e o norte-americano - marcado pelo estilo musical e pelo jogo de
street-basket. Neste caso, a intertextualidade, outro conceito tomado a partir da obra
bakhitiniana, apresenta-se pelo diálogo do aspecto norte-americano, e a volta aos anos
60.

O jovem cantor atravessa o jogo “caminhando e cantando” com um semblante


sério. Há uma sincronia invertida nesta cena, quando canta “caminhando”, o foco está
na boca do intérprete, e a letra diz “cantando”, o foco passa para os seus pés. Desta vez,
o comercial mostra um número ainda maior de “caminhantes”, após atravessarem outra
espécie de passarela.

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Nesta cena temos um senhor de idade com uma caixinha de mensagem, um
realejo. Ainda nesta cena, temos dois carros estacionados, do lado dos jovens uma
Variant, e do lado do senhor um Fusca, ambos os carros comuns na década de 60.

O texto informa dados quantitativos destacando o resultado obtido, desta forma


visa garantir a credibilidade da propaganda. Afirmações persuasivas e incisivas de
dados quantitativos contribuem com a credibilidade dos idealizadores e ratifica o ethos
de igualdade.

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O texto e o número do telefone chamam atenção para o prazo de inscrição
buscando persuadir/convencer o público alvo do interesse em atendê-lo.

Os anúncios publicitários têm aspectos diferenciados de acordo com o produto, e


com o público-alvo, com o meio onde será veiculado. Essas diferenciações servem para
atrair/motivar esse público, fazendo com que ele se sinta instigado a acatar a ideia
anunciada chamando atenção para suas prováveis necessidades, pois os desejos sempre
estão associados a uma ou mais necessidades. De igual modo, uma necessidade pode
estar associada a vários desejos. Dentro do conceito de Interdiscurso é importante para a
teoria a noção de Memória Discursiva, pois, conforme Orlandi (1993) é através da
memória discursiva que o sujeito busca no seu interdiscurso as palavras do outro,
aquelas já proferidas. E isto nos leva a outro conceito importante para a AD, que é o de
pré-construído; um elemento buscado na memória discursiva é fruto dos discursos
anteriores.

O intradiscurso é, pois, “o fio do discurso, a dimensão horizontal, linear do dizer


que nos possibilita entender o que aquele que enuncia efetivamente diz em relação ao
que disse antes e acabará por dizer depois”. Refere-se, pois, ao “funcionamento do
discurso em relação a si mesmo”.

A propaganda utilizada no programa utiliza estratégias de persuasão, convidando


o público alvo a participar do PROUNI “Faça parte dessa revolução na educação
brasileira”, o que faz juiz ao slogan: “Universidade para Todos”.

2.3 Fundo preto e aparição em destaque

O fundo preto em destaque aparece como ponto de estratégia para chamar


atenção do leitor. Como também a forma de execução da música (coral) feita por
potenciais participantes legítimos do programa apresentado juntamente à gradativa
sequência fotográfica que vai do ambiente periférico à luz da universidade são fatores
que contribuem na emersão da noção de pathos, comovendo e emocionando o público.

A publicidade oficial do Governo Federal transforma-se em uma operação


mítica que seduz e convence os jovens que sonham em entrar na Faculdade a se
inscreverem no PROUNI para assim, realizarem um sonho, capaz de suprir não apenas
as necessidades de uma parcela de jovens, mas os desejos e os anseios de uma geração
antes esquecida. Do outro lado, temos que considerar que o sujeito comunicante

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também se beneficia, pois quanto mais jovens se inscrevem no PROUNI, mais o
Programa se desenvolve possibilitando que o Governo Federal mantenha sua
credibilidade diante os cidadãos.

De acordo com a estrutura da argumentação de Charaudeau (2008), para que


haja argumentação são necessários os itens como: uma proposta, um sujeito
argumentante e um sujeito alvo. É necessário que haja uma proposta para provocar
algo no sujeito alvo, o sujeito que assumir essa proposta busca estabelecer uma verdade
com intenção de persuadir o outro sujeito, que é o alvo da argumentação, ou seja, fazê-
lo crer e fazer com que o sujeito alvo participe do mesmo pensamento, da mesma
opinião do sujeito falante. O sujeito comunicante, articulador do projeto de fala, ciente
da eficácia dessa estratégia persuasiva se apropriou da voz desses jovens para anunciar e
divulgar o PROUNI, programa do Ministério da Educação, usando também estas
estratégias:

 CAPTAÇÃO: Criar atitude favorável ao seu ato de linguagem (fazer/prazer).


 CREDIBILIDADE: Confiabilidade do sujeito comunicante na sua relação com
o próprio dito perante o sujeito interpretante (fazer/crer).
 LEGITIMIDADE: Próprio de comunicação especifica (poder fazer e dizer).

A forma de execução (coral) feita por potenciais participantes legítimos do


programa apresentado juntamente à gradativa sequência fotográfica que vai do ambiente
periférico à luz da universidade são fatores que contribuem na emersão da noção de
pathos, comovendo e emocionando o público.

A propaganda encerra com a inscrição do Ministério da Educação e a logomarca


do Governo Federal, sobrepostos a cena de um corredor do que seria uma faculdade.

Logo em seguida, a cena apresenta este grupo entrando no que seria uma
faculdade. A câmera, que não abandona o cantor por mais de 3 segundos, e logo em
seguida o focaliza, dessa vez, com uma expressão facial mais suave, esboçando um
sorriso. A propaganda encerra com a inscrição do Ministério da Educação e a logomarca
do Governo Federal, sobrepostos a cena de um corredor do que seria uma faculdade.

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A propaganda se valeu também da argumentação a qual Segundo Charaudeau
(2008, p.207) totaliza o modo de organização do discurso “a argumentação é uma
totalidade que o modo de organização argumentativo contribui para construir”. A
argumentação é o resultado textual de combinação entre diferentes componentes que
dependem de uma situação que tem uma finalidade persuasiva. Esse discurso depende
da situação de comunicação para qual foi concebido, e sua ordem de organização a qual
foi utilizada para construí-la.

3. CONCLUSÃO

Contudo, concluímos que na publicidade de 2006 do PROUNI nota-se


nitidamente o uso de várias estratégias persuasivas e por meio do discurso, o sujeito
enunciador da campanha publicitária apresentou uma variedade de ethos, e suas
credenciais para despertar o pathos, sensibilizar o auditório e convencê-lo a “consumir”
ou atender um chamado para a propaganda anunciada. Observamos na análise da
publicidade como ocorre o processo de persuasão, iniciando pela análise das
informações gerais e dos dados pessoais do enunciador transmitidos por ele mesmo no
ato de encenação discursiva, sujeito destinatário da publicidade oficial do Ministério da
educação, apelando para as emoções (pathos) e do desejo de luta, valentia, persistência
e orgulho.

De acordo com Menezes (2007, p.320) citando Aristóteles nos diz que “a ação
das provas retóricas é solidária, mesmo porque as emoções que sentimos relacionam-se
a objetos, momentos, tempos, estado de espírito, idade e atitudes diante do outro que
são próprias de uma situação”. O que evidenciamos é que esse jovem negro e outros
participantes da propaganda, sujeitos enunciadores da publicidade, e são os que
representam uma parcela considerável da sociedade que não tinha até o surgimento do
PROUNI oportunidade de ingressar em uma Universidade, dessa maneira, o ethos deles
representado pelo sentimento dos jovens que sonham em entrar em uma Universidade.

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4. BIBLIOGRAFIA

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Ruth (org.). As imagens de si no discurso. São Paulo: Contexto 2005.

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Contexto, 2005.

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Lúcia; CORREA, Ângela M. S. Linguagem e discurso: modos de organização. São
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