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Faculdade de Letras
Belo Horizonte/2016
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PROUNI, E A HISTÓRIA DO MOVIMENTO ESTUDANTIL DE 1968
1. INTRODUÇÃO E CONTEXTUALIZAÇÃO
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como processo de seleção entre as muitas formas de dizer, processo esse influenciado
por fatores históricos, sociais e ideológicos.
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político contra o governo militar foram as principais bandeiras de lutas do movimento,
na segunda metade da década de 60. O ano de 1968 incidiu o auge dessas grandes
manifestações nas ruas contra a ditadura militar. Portanto é possível que o marketing da
propaganda do PROUNI 2006, tenha se baseado nas conquistas decorrentes do
movimento de 1968, cujo objetivo seria o de persuadir o público alvo com intuito de
comovê-lo, trabalhando com a emoção com que a imagem da propaganda transmite.
Para isso usaremos as três dimensões da argumentação a qual segundo Lima (2006,
2013) é a dimensão da construção da imagem (imagem de si e do outro), fazendo uma
releitura ampliada do conceito de Ethos, Pathos e Logos.
Esta relação foi desenvolvida por Aristóteles, ou seja, são provas aristotélicas,
são provas utilizadas como elementos para persuadir um determinado público alvo.
Além disso, integram-se e não são independentes, pois a partir do momento em que o
orador toma a palavra, ele mostra o seu ethos: a sua credibilidade assenta no seu caráter,
na sua honra, na sua virtude, na confiança que lhe concedem que se encontre em relação
ao auditório o qual é representado pelo pathos: para convencer é necessário comovê-lo,
seduzi-lo, e os argumentos fundados apoiam-se nas paixões do auditório para conseguir
suscitar e manifesta-se pelo logos. O ethos do sujeito/orador revela-se no seu projeto
persuasivo, pelo discurso, deixando que se percebam as suas credenciais, o caráter e sua
legitimidade como ser argumentante; O pathos, representa os desejos, os sentimentos,
as paixões e as emoções do sujeito auditório, responsável pela recepção/interpretação
dos enunciados provocadas pelo discurso do orador e o logos corresponde ao discurso
em si enunciado pelo orador com uma finalidade específica. Logo em uma fusão, por
exemplo, do ethos com pathos as emoções são poucos biológicas e em muitas
construções as emoções não são aprendidas e sim construídas na sociedade, na história e
na cultura, por isso não são homogêneas. Assim as emoções são da ordem da
representação, elas são construídas nos imaginários sociais dos saberes compartilhados,
ao qual chamamos de “doxa”.
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2. O PROUNI
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interpretada por um jovem negro, ele é acompanhado por vários jovens de várias etnias.
O novo arranjo dado à música é acrescido do desempenho dos intérpretes, faz-nos
lembrar da Black Music americana principalmente o estilo e perfil dos jovens. Abaixo
observe um trecho da música de Geraldo Vandré “Pra não dizer, que não falei das
flores”.
Segundo Fiorin (2002) o discurso pode ser estudado de duas formas: pelos seus
mecanismos sintáticos e semânticos. Esses mecanismos se relacionam com a produção
do sentido ou da compreensão deles como algo cultural e historicamente produzido
dialogicamente. Primeiramente, analisaremos quais seriam esses mecanismos sintáticos
e semânticos na análise do discurso para posteriormente, compreendermos a produção
histórica do discurso. A sintaxe do discurso está relacionada às projeções da instância da
enunciação e as relações entre enunciador e enunciado. A instância da enunciação forma
as categorias: tempo, espaço e pessoa por meio da utilização de debreagem. A
debreagem “é o mecanismo em que se projeta no enunciado quer a pessoa (eu/tu), o
tempo (agora) e o espaço (aqui) da enunciação, quer a pessoa (ele), o tempo (então) e o
espaço (lá) do enunciado” (FIORIN, 2002, p. 41). Dessa forma, para Fiorin existem três
debreagens enunciativas: pessoa, tempo e espaço.
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produção de sentido, onde o enunciador usa procedimentos argumentativos com o
intento de fazer com que o enunciatário abrace e admita como sendo correto o sentido
produzido (FIORIN, 2002).
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O início da propaganda mostra o jovem cantor negro segurando a bandeira do
Brasil, depois um jogo de street-basket, o qual o cantor atravessa. Momentos depois, o
cantor é seguido por outro jovem com a camisa da seleção brasileira de futebol. Quando
a melodia inicia, o arranjo introdutório é puxado pelo coro de jovens negras.
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Nesta cena temos um senhor de idade com uma caixinha de mensagem, um
realejo. Ainda nesta cena, temos dois carros estacionados, do lado dos jovens uma
Variant, e do lado do senhor um Fusca, ambos os carros comuns na década de 60.
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O texto e o número do telefone chamam atenção para o prazo de inscrição
buscando persuadir/convencer o público alvo do interesse em atendê-lo.
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também se beneficia, pois quanto mais jovens se inscrevem no PROUNI, mais o
Programa se desenvolve possibilitando que o Governo Federal mantenha sua
credibilidade diante os cidadãos.
Logo em seguida, a cena apresenta este grupo entrando no que seria uma
faculdade. A câmera, que não abandona o cantor por mais de 3 segundos, e logo em
seguida o focaliza, dessa vez, com uma expressão facial mais suave, esboçando um
sorriso. A propaganda encerra com a inscrição do Ministério da Educação e a logomarca
do Governo Federal, sobrepostos a cena de um corredor do que seria uma faculdade.
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A propaganda se valeu também da argumentação a qual Segundo Charaudeau
(2008, p.207) totaliza o modo de organização do discurso “a argumentação é uma
totalidade que o modo de organização argumentativo contribui para construir”. A
argumentação é o resultado textual de combinação entre diferentes componentes que
dependem de uma situação que tem uma finalidade persuasiva. Esse discurso depende
da situação de comunicação para qual foi concebido, e sua ordem de organização a qual
foi utilizada para construí-la.
3. CONCLUSÃO
De acordo com Menezes (2007, p.320) citando Aristóteles nos diz que “a ação
das provas retóricas é solidária, mesmo porque as emoções que sentimos relacionam-se
a objetos, momentos, tempos, estado de espírito, idade e atitudes diante do outro que
são próprias de uma situação”. O que evidenciamos é que esse jovem negro e outros
participantes da propaganda, sujeitos enunciadores da publicidade, e são os que
representam uma parcela considerável da sociedade que não tinha até o surgimento do
PROUNI oportunidade de ingressar em uma Universidade, dessa maneira, o ethos deles
representado pelo sentimento dos jovens que sonham em entrar em uma Universidade.
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4. BIBLIOGRAFIA
BARROS, Diana Luz Pessoa; FIORIN, José Luiz (Org.). Dialogismo, polifonia,
intertextualidade. São Paulo: EDUSP, 2003. Teoria semiótica do texto. 3. ed. São
Paulo: Ática, 1997. (Série fundamentos).
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DUCROT, Oswald. 1987. Esboço de uma teoria polifônica da enunciação. IN: O dizer e
o dito. Trad. Guimarães, Eduardo. Campinas, SP: Pontes.
REBOUL, Olivier. Introdução à retórica. São Paulo: Martins Fontes, 1998. Capítulos
I e II
http://educacao.uol.com.br/disciplinas/historia-brasil/movimento-estudantil-o-foco-da-
resistencia-ao-regime-militar-no-brasil.htm. Acessado em novembro de 2016.
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2176-
45732011000200008&lng=pt&nrm=iso&tlng=en. Acessado em novembro de 2016.
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