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CURSO DE PSICOLOGIA
Ijuí – RS
2014
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Ijuí – RS
2014
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RESUMO
O presente trabalho tem seu enfoque em torno da questão referente à relação entre
a pulsão escópica e a fantasia, a fim de debater de que forma o olhar do neurótico é
capturado pelo olhar. Para tanto, foi feita uma pesquisa bibliográfica e fim de
estruturá-lo de modo a dar conta dos conceitos envolvidos, que permeiam a questão.
Logo, o trabalho é dividido em dois capítulos. O primeiro é referente a pulsão
escópica e trabalha suas especificidades e relação com desejo e gozo. Já o
segundo visa o complexo de Édipo e a castração, o Narcisismo e Estádio do
Espelho e, finalmente, a Fantasia e sua relação com o olhar na vida psíquica da
estrutura neurótica.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 6
1 A PULSÃO ................................................................................................................ 8
2 O OLHAR NA FANTASIA....................................................................................... 17
2.1 Do Complexo de Édipo à Castração...................................................................................17
2.2 Estádio do Espelho: para além de si mesmo ..................................................................... 21
2.3 (H) à Fantasia .................................................................................................................... 26
REFERÊNCIAS .......................................................................................................... 34
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INTRODUÇÃO
trabalha o Narcisismo e o Estádio do Espelho a fim de buscar dar conta daquilo que
constitui a imagem do eu e a posterior possiblidade de vislumbrar o mundo com os
olhos do inconsciente. O real, simbólico e imaginário se colocam ao redor do
movimento que há entre o eu ideal e ideal do eu a fim de conferir caráter de
equívoco para a realidade, abordando assim, os três tempos do olhar: olhar-se, olhar
e ser olhado.
A terceira e última parte diz respeito à questão proposta. Deste modo é na
fantasia que vamos encontrar aquilo que é capaz de capturar o olhar do neurótico.
Compreenderemos sua função na vida psíquica bem como o modo como surge,
relacionando, conforme formos evoluindo, à relação intrínseca que existe entre o
olhar e a fantasia.
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1 A PULSÃO
Ao olhar do inconsciente,
O presente capítulo tem como objetivo trabalhar a pulsão tal e qual seus
aspectos de caracterização, bem como seus destinos para mais tarde situarmos a
pulsão escópica como um dos possíveis caminhos orientadores desta força psíquica.
Não obstante, o olhar é tomado como núcleo de diversos elementos inerentes à
constituição psíquica como na construção da imagem e sua intrínseca relação com o
desejo e fantasia bem como com a lembrança encobridora, a cegueira histérica, os
atos perversos, o deja vú e as alucinações visuais. Sendo assim, devido a amplitude
do tema o enfoque será dado de modo mais específico em torno da importância da
pulsão escópica em relação à fantasia. Serão trabalhados os conceitos necessários
para discutir o tema em questão.
A Psicanálise tem, em meio a história de sua construção, vários momentos
extremamente significativos. Dentre eles é notável aquele que diz respeito ao início
do uso do divã, na escuta de Freud. Muito se questionou a respeito disto, pois o fato
de que ele tenha tido necessidade de retirar a visão da cena em um espaço onde a
fala era privilegiada é uma prática revolucionária. É justamente por este motivo que o
olhar não é excluído do setting analítico, mas passa a ganhar um novo lugar. Não
ignorando o fato de que a pulsão em si necessita de um apoio somático, é preciso ir
além daquilo que os olhos podem ver, aumentando seu próprio alcance e passando
a considerá-la enquanto pulsão escópica. Assim, o olhar se desprende do órgão e
passa a ser vislumbrado através de uma nova possibilidade: dos olhos do
inconsciente.
Levando estes pontos em consideração, no contexto da análise, uma
primeira ressalva é necessária ao tratarmos deste assunto, à medida que a visão em
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Ou seja, a pulsão vai ser aquilo que está entre o físico e a vida psíquica do
sujeito. Partindo do órgão visa cumprir com uma tarefa que se complexifica à medida
em que não capta apenas aquilo que está ao redor, mas sim propriedades novas
atribuídas pelo sujeito ao objeto, propriedades estas completamente singulares e
que surgem a partir do modo com que o primeiro tem condições de perceber o
segundo. Isto fica explicitado em “A Concepção Psicanalítica da Perturbação
Psicogênica da Visão” em que Freud (1910) aponta a pulsão parcial do olhar onde
“[...] os olhos percebem não só alterações no mundo externo, que são importantes
para a preservação da vida, como também características dos objetos que os fazem
ser escolhidos como objetos de amor – seus encantos.”(p.227)
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Costuma-se ler o referido texto como A pulsão e seus Destinos, devido a um possível erro de tradução
responsável por alterar o sentido do conceito estudado, se houvesse outra terminologia.
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(a) O olhar como uma atividade dirigida para um objeto estranho. (b) O
desistir do objeto e dirigir o instinto escopofílico para uma parte do próprio
corpo do sujeito; com isso, transformação no sentido de passividade e o
estabelecimento de uma nova finalidade – a de ser olhado. (c) Introdução
de um novo sujeito diante do qual a pessoa se exibe a fim de ser olhada por
ele. (p. 135)
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Mais uma vez tona-se necessária a substituição do termo Instinto para Pulsão.
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corpo que deixa de ser apenas um “pedaço de carne” acaba por criar zonas
erógenas (como por exemplo a boca) que se tornam o alvo sexual.
Deste modo, a pulsão está sob o narcisismo primário posto por Freud (1914)
como sendo aquela marcada pelo fato de o bebê ser aquele quem recebe toda a
atenção da casa e é encoberto por todas as qualidades que seu próprio narcisismo
parental a muito abandonou. Ou seja, recebendo todo este investimento em si, a
pulsão do sujeito em constituição está direcionada a um objeto que se encontra
localizado no próprio corpo e assim, pode ser considerada como formação narcísica.
Só em um tempo posterior é que esta pulsão será para uma parte análoga no corpo
de outro indivíduo. Isto pode acontecer em dois caminhos, onde a pulsão ativa irá
fazer essa substituição e deixar o narcisismo para trás, ou então poderá ser passivo
e se fixar ao período preliminar narcisista. Esse processo não é diferente quando se
trata da pulsão escópica, tendo em vista que, segundo Freud (1915)
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Inscreve a criança nos referentes simbólicos.
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em contato com este momento, o traço mnêmico4 irá ser reativado. Para Joel Dor
(1989)
Esta experiência primeira de satisfação, como tal, irá encontrar-se
doravante diretamente ligada à imagem/percepção do objeto que
proporcionou esta satisfação. É este traço mnésico que constitui a
representação do processo pulsional para a criança. (p. 140)
E para além disto, o autor (1989) nos diz do momento em que isto faz
relação com o Outro
Este momento de repouso é justamente porque este sentido está embasado
no desejo que de a mãe investiu na criança que o repouso orgânico toma
novamente para a mãe o valor de uma mensagem que a criança
endereçaria como um “testemunho de reconhecimento”. Em outras
palavras, a criança está irredutivelmente inscrita no universo do desejo do
Outro, na medida e que é cativa dos significantes do Outro. (p.145)
Temos ai, o Outro como sendo aquele que inscreve a criança nos referentes
simbólicos. Eleva-se a mãe nesta posição, uma vez que ela, revestida por seus
próprios significantes responde àquilo que ela mesma interpreta como sendo uma
suposta demanda vinda da criança, dando sentido às manifestações corporais.
Segundo Dor (1989) “não se pode deixar de tomar essa demanda como projeção do
desejo do Outro”(p.144) Para Lacan (1962-1963)
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A experiência se satisfação produz a inscrição – traço mnêmico – que é a imagem sensorial do objeto
responsável por causar a satisfação.
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Esta relação entre ambos pode ser representada no seguinte gráfico onde,
para Quinet (1951) pode-se “situar o objeto da pulsão na interseção de Eros com a
pulsão de morte, na medida em que é um objeto visado pela pulsão sexual que
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Desejo de morte, à medida em que busca um encontro de satisfação plena com o objeto amado. Morte psíquica,
nesta perspectiva, levando em consideração que quem morreria neste caso seria o sujeito do desejo.
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2 O OLHAR NA FANTASIA
À Fantasia,
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Objeto que direciona o desejo materno e é capaz de satisfazê-lo. Media a relação entre a mãe e o bebê.
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Se há uma coisa que foi promovida pela forma — sem dúvida ainda
imperfeita, mas carregada de todo o destaque de uma conquista penosa,
feita passo a passo desde a origem — da descoberta freudiana que a
revelou na estrutura, é justamente a castração, ou seja, a descoberta de
que a relação com o objeto na relação fálica contém implicitamente a
privação do órgão. Nesse nível, o Outro está evidentemente implicado. Se
não houvesse Outro — e pouco importa que aqui o chamemos de mãe
castradora ou de pai da interdição original —, não haveria castração. (p.260)
Ou seja, para que seja possível que o pai cumpra sua função no Édipo, é
necessário que o desejo da mãe esteja fora do filho, então o pai pode intervir como
privador da mãe, já que, segundo Lacan, “com sua presença privadora, ele é aquele
que sustenta a lei, e isto se faz não mais de uma forma velada, mas de uma forma
mediada pela mãe, que é a que o coloca como aquele que dita a lei”(1989, p.86).
Segundo Joel Dor, o segundo tempo do Édipo é imprescindível para que
seja possível que a criança simbolize a lei. A mediação exercida pelo pai em sua
relação com a mãe faz com que a criança o reconheça como sendo aquele que dita
a lei e que detém o falo. Maria Rita Kehl (2009) reafirma isto e nos fala ainda que a
posição neurótica “há de se definir no segundo tempo do complexo de Édipo,
quando a criança costuma reagir à intrusão do pai com uma série de empreitadas,
tanto apaixonadas, quanto rivalizadoras” (p. 251).
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anatômica entre os sexos. Tanto o menino quanto a menina, irão se dar conta da
diferença entre eles uma vez que observem acidentalmente os órgãos genitais do
outro sexo. A partir daí, as advertências serão compreendidas enquanto ameaças já
que através da observação percebem que algo falta para algumas pessoas: o pênis.
É importante salientar que não é o pênis-órgão que é ameaçado, mas sim um
membro investido de uma grande carga imaginária: o falo imaginário. Diante disto, o
menino e a menina passarão por processos um tanto distintos entre si. Para Quinet
(1951)
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Lust: prazer em alemão.
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Genuss: prazer em alemão, mas mais relacionado ao aspecto do gozo.
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Quinet (1951) traz que “[...]o neurótico supõe um Outro como suporte do
olhar para causar seu desejo ou sua angústia” (p.88). Lacan (1962) salienta o papel
a angústia nesta perspectiva quando fala que
Para que seja possível a um sujeito que ele consiga vislumbrar o mundo, é
necessário que primeiro ele se dê por conta de si mesmo, de sua existência, das
partes de seu corpo e de sua própria totalidade. É isto que permite o movimento de
“olhar-se”, “olhar” e “ser olhado”, descrito por Freud quando fala da pulsão escópica
e seus três tempos. Esse momento nada mais é que o Estádio do Espelho. Para
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Nesse momento, enquanto vocês não vêem o buquê real, que está
escondido, verão aparecer, se estiverem no bom campo, um buquê
imaginário muito curioso, que se forma bem no gargalo do vaso. Como os
seus olhos devem se deslocar linearmente no mesmo plano, vocês terão
uma impressão de realidade, sem deixarem de sentir que alguma coisa e
estranha, borrada, porque os raios não se cruzam muito bem. Quanto mais
longe vocês estiverem, mais a paralaxe agirá, e mais a ilusão será
completa. (LACAN, 1953-1954, p.95)
É através deste exemplo que fica claro o modo como a imagem nos atinge,
por meio das instâncias do real, simbólico e imaginário nada nos chega como
realmente é.
Para lidar com essa crise, o sujeito de cada estrutura irá criar ferramentas
para colocar algo no lugar da castração do Outro. Já que é “a partir da percepção
visual da castração do Outro sexo que a relação com a realidade se estabelece para
o sujeito” (QUINET, 1951, p.90). A ênfase que buscamos quando nos propomos a
trabalhar o olhar e sua relação com a fantasia, nos obriga a dar voz aquilo que diz
respeito apena à neurose, tendo em vista que a negação da castração tem outros
declínios que não são o recalque9 em outras estruturas. O neurótico, por sua
especificidade, irá colocar a fantasia no lugar da castração do Outro.
Assim, a ‘cortina da castração do Outro’, como chama Quinet (1951), irá
criar um ‘véu’ de realidade para o sujeito onde a falta do Outro será escondida. Essa
cortina pode ser representada da seguinte forma
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“Para Sigmund Freud, o recalque designa o processo que visa a manter no inconsciente todas as ideias e
representações ligadas às pulsões e cuja realização, produtora de prazer, afetaria o equilíbrio do funcionamento
psicológico do indivíduo, transformando-se em fonte de desprazer. Freud [...] considera que o recalque é
constitutivo do núcleo original do inconsciente” (ROUDINESCO & PLON, 1998, p.647)
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A fantasia aparece como uma cena inconsciente, mas uma cena sentida e
não vista. É nisto que contém a beleza da pulsão escópica trabalhada pela
psicanálise, pois ela se situa justamente no nível escópico da pulsão e é nela que
consta uma representação criada pelo sujeito, um roteiro infantil a fim de representar
o controle sexual que se tem ciência através da cena primordial. Assim,
[...] toda cena fantasiada é uma cena edipiana, uma vez que um
protagonista busca possuir o outro ou ser possuído por ele. Entretanto, na
ação fantasiada, o sujeito pode desempenhar todos os papéis: ora ele é o
adulto molestador, ora a criança vítima; ora é um homem poderoso, ora uma
mulher frágil etc. (NASIO, 2009, p. 14)
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Ao Outro é conferido uma potência que nada mais é do que uma miragem, a
partir da fantasia. “O véu escópico da fantasia é constitutivo da miragem do desejo
que sustenta a potência do Outro” (QUINET, 1951, p.173). A vergonha aparecerá a
neste nível escópico, justamente para marcar sua presença, quando a fantasia vir a
público, como por exemplo a vermelhidão nas faces de pacientes na clínica ao
relatarem fantasias eróticas, em análise.
Segundo Quinet (1951), a fantasia passa pela determinação do simbólico10,
porém aparece para o sujeito como sendo da ordem do imaginário11, e ao mesmo
tempo, possui um núcleo que se encontra em nível real 12 e é ligado ao desejo do
Outro.
Isso significa que nada do que vemos é tal e qual a realidade objetiva nos
aponta. Tudo o que passa por nossos olhos do inconsciente nada mais é do que
aquilo que desejamos e fantasiamos. Criamos nossa própria realidade como forma
de defesa lapidada pelo nosso desejo. Nasio (2009) aponta que se “sou o que
desejo, poderíamos concluir dizendo que vemos não o que é, mas o que somos; e
deduzir o seguinte corolário: quando amo uma criatura ou uma coisa, o que vejo é a
projeção de mim mesmo” (p. 17)
Vamos fazer uso de dois exemplos clínicos que Quinet (1951) relata a fim de
ilustrar de que modo se dá a fantasia quando o encontro dos sujeitos com o sexo
encontra sua origem em uma cena da infância, onde o olhar toma conta. Esses dois
sujeitos são masculinos, um de estrutura obsessiva e outra histérica.
No primeiro caso, de estrutura obsessiva, entre 4/5 anos de idade, o sujeito
que dormia no quarto dos pais ouvia, na escuridão, as noites de amor dos pais.
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Remete à linguagem.
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Relação entre imagens, tanto do semelhante quando do próprio corpo.
12
Não é a realidade, mas sim um efeito do simbólico.
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Ficava excitado por mais que nada pudesse ver, mas lá onde justamente falou a
visão, o olhar se presentifica através das palavras eróticas da mãe: torna-se um
espectador cego. Ele não via nada, mas imaginava tudo, um gozo puro na cena que
criava. Já na vida adulta, praticava o exibicionismo ao mesmo tempo em que sua
fantasia masturbatória era surpreender uma mulher no banho e ouvir dela os
mesmos elogios dados pela sua mãe ao pai. Deste modo, através dessas fantasias,
experimentava de modo alternado tanto o papel da mulher quanto do homem. Para
Quinet (1951)
Deste modo, este obsessivo cujo caso foi utilizado como exemplo, tem em
sua prática a caução ao gozo do Outro, logo mortifica seu próprio desejo. A fantasia,
por situar-se no nível escópico da pulsão, é uma manifestação do desejo do sujeito
como desejo do Outro, em exibição na tela do sujeito para o Outro como espectador.
“O quadro fantasia é mostração, é o que o sujeito mostra de seu desejo para o
Outro” (QUINET, 1951, p.170).
Já no segundo caso, de um sujeito cuja estrutura é histérica, a cena
traumática de infância se dá o momento em que tem a visão do sexo de sua mãe,
enquanto ela urinava. A visão da castração do Outro, acaba por ser vinculada à
cena da morte de um porco que seria preparado para a janta da família, ou seja,
acaba articulada à certa significação de morte e de esfacelamento do corpo para
posterior devoração pelo Outro. Em sua vida adulta, sua fantasia é a visão de uma
mulher se masturbando com um falo artificial, que na realidade é o seu próprio pênis.
Essa cena é associada a uma recordação onde uma menina o obriga a masturba-la,
algo que ele faz com indiferença. A fantasia bissexual – característica histérica -
depois de um período em análise, não impede o sujeito de conquistar mulheres,
muito pelo contrário, ele não se engana mais com sua própria fantasia. Quinet
(1951) destaca que
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Este ‘ato de Perseu’ ao qual o autor se refere nada mais é que a alteração
da posição de transferência, onde o neurótico frente ao desejo do Outro responde
nada mais nada menos com amor, colocando-se como eu ideal; para a passagem ao
momento onde o sujeito não responde mais com amor, mas sim utiliza-se sem
engano do escudo (da imagem do outro e da fantasia) e segue em busca daquilo
que se configura como sendo os objetos de seu desejo. Logo, o que se busca na
análise é justamente chegar a um ponto onde o sujeito não mais se engane com
suas criações fantasísticas, mas consiga utilizá-la como escudo.
Neste ponto é importante salientar que
Logo, fica evidente que a Fantasia tem extrema importância na vida psíquica
do neurótico uma vez que ela, por ser uma defesa do sujeito, é relativa a realidade
psíquica com que se trabalha na clínica. Toda a construção feita até aqui diz
respeito também ao que move o sujeito a ser capturado por algo que vai além da
imagem vislumbrada pelo órgão, fala também do modo como o sujeito ama seus
objetos e como e a partir do que se relaciona com eles, revestindo-os de pura
construção fantasística. O olhar ai, pessoalmente implicado passa do nível
conhecido pela visão pura e simplesmente, e assume um grau de importância que
vai desde a constituição do próprio eu do sujeito, e chega até o modo como o mundo
é percebido e quais serão os traços que o neurótico irá se dar conta de sua
existência, ao seu redor.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
psicanálise ele ganha um novo status. Ele é tomado enquanto pulsão escópica e
transformado em outra coisa que não ligada apenas a seu órgão de origem. Deste
modo, assume uma grande importância na vida psíquica do sujeito, uma vez que
totalidade de sua existência. Neste ponto também, o sujeito vai adquirir a partir do
A Fantasia toma conta neste momento, pois é a partir dela que o sujeito
neurótico vai lidar com seu desejo. Ela marcara os objetos criando uma realidade
diferente para eles. Reveste-os de construções fansísticas para que o sujeito nunca
veja aquilo que o objeto realmente é, ele os vê com os olhos do imaginário, com os
olhos do inconsciente.
podem transparecer em sua realidade. Vê o mundo com mais cores, com suas
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próprias cores, por mais que não haja luz ou que os objetos nem sejam tão
REFERÊNCIAS
_______. Uma criança é espancada (1919). Rio de Janeiro: Imago, 1996. Edição
Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud, vol. XVII.
_______. Além do princípio do prazer (1920). Rio de Janeiro: Imago, 1996. Edição
Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud, vol. XVIII.
NASIO, Juan David. O Olhar em psicanálise. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed. 1995.
SALES, L. (org) - Prá que essa boca tão grande? Questões acerca da oralidade -
Salvador: Ágalma, 2005.