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ARTIGO: A INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA NO PROCESSO DE

ENSINO/APRENDIZAGEM
“Ensinar é fundamentalmente deixar aprender, ou deixar ser o que se possa,
pois cada um aprende conforme o horizonte de suas possibilidades.” (BRASI, 1980)

O presente artigo surgiu da preocupação e da necessidade de melhorar os


conhecimentos sobre o processo de aprendizagem e os desafios que os
educandos apresentam nesse processo de aprender. Portanto, a instigante
perspectiva da psicopedagogia levou-nos a investigar sobre os efeitos da
intervenção psicopedagógica, com educandos que apresentam dificuldades no
processo de aprendizagem. Nesse contexto, a psicopedagogia surge para
atuar integrativamente, associada a outras áreas do conhecimento, buscando
averiguar criticamente o modo como vem sendo conduzido o processo de
ensino-aprendizagem atrelada à construção do conhecimento sistemático.
Dentro desse contexto a psicopedagogia atua no âmbito Clínico e Institucional
tendo como meta contribuir com pesquisas na área da aprendizagem e do
desenvolvimento humano de maneira ética e reflexiva, com fundamentação
científica, buscando ajudar os sujeitos com dificuldades de aprendizagem a
encontrarem novas possibilidades no âmbito do mundo do conhecimento. Por
entender que esse é um processo que traz sofrimento para os educandos,
desse modo atua no processo de intervenção psicopedagógica junto a família e
escola contextos os quais estão intimamente ligados ao educando.
Diante do dito, o presente artigo segue o principio da pesquisa bibliográfica
para responder nossas investigações: Fernández (2001), Bossa (1994), Visca
(1987), Trevisan (2003) e Brandt (2003), dentre outros.
Dentro do contexto teórico da psicopedagogia Trevisan (2003), Brandt (2003) e
Santos (2003) ambos discorrem que a Filosofia, a Neurologia, a Sociologia, a
Linguística e a Psicanálise se integraram a Pedagogia e a Psicologia, no intuito
de alcançar a compreensão do processo da aprendizagem e foi através da
contribuição dos saberes dessas ciências que surge a Psicopedagogia. Vale
salientar que através dos conhecimentos dessas ciências a psicopedagogia
constrói seus instrumentos de avaliação e intervenção psicopedagógica.
Conforme a contribuição teórica de Martins (2010) a Pedagogia e a Psicologia
são as mães da Psicopedagogia, porém a psicopedagogia não tem como base
apenas a Psicologia e a Pedagogia, mas também outros campos de estudo, e
assim formou-se uma ciência sólida e específica da aprendizagem humana.
Segundo BOSSA (1994, p.28) a Psicopedagogia teve seu início na Europa no
século XIX. Os primeiros a se preocuparem com as dificuldades da
aprendizagem foram os Filósofos, Médicos e os Educadores. A Psicopedagogia
no Brasil teve influência da Argentina e a mesma da França. Encontram-se
algumas considerações do termo Psicopedagogia e sua origem nos trabalhos
de Janine Mery, psicopedagoga Francesa, George Mauco, fundador do
primeiro centro médico-psicopedagógico na França, onde é encontrada alguma
articulação entre a Psicopedagogia e a Psicanálise, Psicologia, Pedagogia,
Medicina, na solução dos problemas de comportamento e da não
aprendizagem.
Autores nacionais de renome, como: Sonia M. Kiguel (1994), Beatriz Scoz
(1996), Edith Rubinstein (1992), assim como os latinos americanos, Jorge
Visca (1987), Alícia Fernández (1991), Sara Paín (1996), entre tantos outros
mestres no estudo da Psicopedagogia, consideram imprescindível a integração
de várias teorias para embasar os estudos da Psicopedagogia.
Diante da diversidade de saberes que envolve a construção teórica da
psicopedagogia as autoras anteriormente citadas observaram que no que
concerne aos distúrbios da aprendizagem deve-se levar em conta uma
multiplicidade de aspectos envolvidos nesse contexto desde os
neurofisiológicos, emocionais, ambientais, entre outros. Para as autoras, estes
problemas exigem uma análise multidimensional, que relacione os
componentes orgânicos, cognitivos, afetivos, sociais e pedagógicos dentro de
um contexto social.
Assim sendo, a visão atual é de que as ações na abordagem dos problemas de
aprendizagem devem ser investigadas pois, somente após esta será possível
criar hipóteses acerca da causa da dificuldade e assim poder pensar nos
caminhos da intervenção psicopedagógica.
Na concepção de Kiguel citado por Bossa (1994) a psicopedagogia pode ter
surgido na fronteira entre a pedagogia e a psicologia, em resposta a
necessidade de entendimento das dificuldades de aprendizagem que as
crianças apresentavam em acompanhar o modelo de educação convencional.
Dentro das distintas afirmações tecidas pelos pesquisadores observamos que
se trata de um tema de caráter interdisciplinar que caracteriza a
psicopedagogia. Vejamos como alguns psicopedagogos compreendem o objeto
de estudo da psicopedagogia.
Segundo Visca (1987) o objeto de estudo é o processo de aprendizagem e de
recursos diagnósticos, corretores e preventivos próprios, independente de ter
sido a princípio subsidiada pela Medicina e pela Psicologia.
Parafraseando Rubinstein citado por Bossa (1994), o objeto de estudo da
psicopedagogia, no início foi a pesquisa de metodologias apropriadas para
reeducar e reabilitar os portadores de alguma dificuldade de aprendizagem.
Posteriormente, reformula o objeto, ampliando o seu espectro, entendendo a
metodologia como um aspecto no processo terapêutico, tornando o principal
alvo a investigação etiológica da dificuldade de aprendizagem e a
compreensão do processo e de todas as variáveis que intervêm neste
processo.
De acordo com Bossa (2000), o objeto de estudo da psicopedagogia é o
próprio processo de aprendizagem e seu desenvolvimento normal e patológico
em contexto. Estejam estes relacionados com o mundo interno ou externo, sem
deixar de lado os aspectos cognitivos, afetivos e sociais que estão envolvidos
no processo de aprendizagem.
A autora afirma que o objeto de estudo deve ser entendido a partir de dois
enfoques: o enfoque de caráter preventivo, que esclarece sobre as
características das diferentes etapas do desenvolvimento e o enfoque de
caráter terapêutico, que identifica, analisa e elabora o diagnóstico e o
tratamento das dificuldades de aprendizagens.
Conforme podemos perceber, o objeto de estudo da psicopedagogia foi
marcado por diferentes entendimentos. A princípio o objeto de estudo era
voltado para o indivíduo que não aprendia. Para determinar a dificuldade de
aprender usava-se o critério do que era “estipulado normal” para determinada
faixa etária, então avaliava-se o déficit de aprendizagem e procurava reduzir as
diferenças para aproximá-lo da normalidade.
Depois considerou-se que o não aprender poderia ter sua causa na própria
história de vida do indivíduo ou ser decorrente do seu mundo sociocultural.
Atualmente a visão é global, onde a aprendizagem é decorrente de uma
série de fatores, que envolvem o biológico, afetivo, intelectual e social. De
forma geral podemos, portanto, entender a psicopedagogia como, a área que
estuda como ocorre a aprendizagem, assim como se ocupa em pesquisar,
entender e desenvolver instrumentos metodológicos com finalidade de sanar
com as dificuldades de aprendizagens apresentadas pelos educandos. Desse
modo, ajudando-os a reencontrar o prazer e o desejo de aprender evoluindo
gradativamente no universo do conhecimento.

3. BREVE HISTÓRICO DA PSICOPEDAGOGIA


A psicopedagogia é a abordagem que investiga e compreende o processo de
aprendizagem e a relação que o sujeito aprendente estabelece com a mesma,
considerando a interação dos aspectos sociais, culturais e familiares. O
psicopedagogo articula contribuições de áreas como a Psicologia, Pedagogia e
Medicina, entre outras, com o objetivo de pôr à disposição do indivíduo a
construção do seu conhecimento e a retomada do seu processo de
aprendizagem. E, ainda, busca possibilitar o florescimento de novas
necessidades, de modo a provocar o desejo de aprender e não somente uma
melhora no rendimento escolar.
De acordo com Bossa (2000, p.37) a psicopedagogia surgiu na Europa, mais
precisamente na França, em meados do século XIX, onde a Medicina, a
Psicologia e a Psicanálise, começaram a se preocupar com uma alternativa de
intervenção nos problemas de aprendizagem e suas possíveis correções.
A corrente europeia influenciou a iniciação psicopedagógica na Argentina, e a
mesma influenciou a identidade da psicopedagogia Brasileira.
Em nosso país a psicopedagogia surge aproximadamente nos anos 70, a partir
da necessidade de atendimento a crianças com distúrbios na aprendizagem,
consideradas inaptas dentro do sistema educacional convencional, porém, os
cursos na área só começam a se multiplicar na década de 90.
E hoje, percebemos que a demanda pelos cursos aumentou muito, pois a
psicopedagogia contribui para uma maior reflexão sobre o processo de
aprendizagem e o desvio do mesmo.
4. INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA X DIFICULDADES DE
APRENDIZAGEM
Para enveredarmos sobre o problema de aprendizagem, necessitamos
primeiramente compreender o que é aprendizagem e como ela se processa no
olhar psicopedagógico. Há na literatura vários modos de conceituar
aprendizagem, muitos autores se preocupam em definir o tema na visão
psicopedagógica.
Alicia Fernández (2001) relata que todo sujeito tem sua modalidade de
aprendizagem e os seus meios para construir o próprio conhecimento, e isso
significa uma maneira muito pessoal para se dirigir e construir o saber.
Já Piaget (1976) busca subsídios na linha cognitivista para desenvolver uma
caracterização do processo de aprendizagem. Ele afirma que a aprendizagem
é um processo necessariamente equilibrante, pois faz com que o sistema
cognitivo busque novas formas de interpretar e compreender a realidade
enquanto o aluno aprende. A aprendizagem é um fruto da história de cada
sujeito e das relações que ele consegue estabelecer com o conhecimento ao
longo da vida, afirma Bossa (2000). Porém, quando falamos em aprendizagem,
não podemos relacionar o problema simplesmente com o aluno, pois, a
aprendizagem não é um processo individual, ou seja, não depende só do
esforço de quem aprende, mas sim de um processo coletivo. É o que ainda nos
mostra Fernández (2001) a importância da família, que por sua vez, também é
responsável pela aprendizagem da criança, já que os pais são os primeiros
ensinantes e os mesmos determinam algumas modalidades de aprendizagem
dos filhos. Esta consideração também nos remete a relação professor-aluno,
para essa mesma autora, “quando aprendemos, aprendemos com alguém,
aprendemos daquele a quem outorgamos confiança e direito de ensinar”.
Almeida (1993), também considera que a aprendizagem ocorre no vínculo com
outra pessoa, a que ensina, “aprender, pois, é aprender com alguém”. É no
campo das relações que se estabelecem entre professor e o aluno que se
criam às condições para o aprendizado, sejam quais forem os objetos de
conhecimentos trabalhados. Após verificarmos as considerações de alguns
autores sobre o processo de aprendizagem, na visão psicopedagógica,
pretendemos agora abordar o problema de aprendizagem, analisando as
contribuições da psicopedagogia no desvio do processo de aprendizagem, ou
seja, na dificuldade de aprendizagem.

4.1 INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA

No decorrer do processo de aprendizagem pode incidir que o educando


apresente dificuldades nesse processo provindas de diferentes contextos
relacionados à história de vida de cada sujeito. Em vista dessa complexidade, é
necessário reconhecer que não é tarefa fácil para os educadores
compreenderem essa pluricausalidade. Portanto, torna-se comum constatar
que as escolas rotulam e condenam esse grupo de alunos à repetência ou
multirrepetência, como também os colocam na berlinda, com adjetivos de
alunos “sem solução” e vítimas de uma desigualdade social.
Neste contexto, analisaremos as possíveis intervenções psicopedagógicas na
dificuldade de aprendizagem.
Para Weiss (2000), a prática psicopedagógica deve considerar o sujeito como
um ser global, composto pelos aspectos orgânico, cognitivo, afetivo, social e
pedagógico. Vamos entender a participação de cada aspecto na compreensão
da dificuldade de aprendizagem. O aspecto orgânico diz respeito à construção
biológica do sujeito, portanto, a dificuldade de aprender de causa orgânica
estaria relacionada ao corpo. O aspecto cognitivo está relacionado ao
funcionamento das estruturas cognitivas. Nesse caso, o problema de
aprendizagem residiria nas estruturas do pensamento do sujeito. Por exemplo,
uma criança estar no estágio pré-operatório e as atividades escolares exigirem
que ela esteja no estágio operatório-concreto. O aspecto afetivo diz respeito à
afetividade do sujeito e de sua relação com o aprender, com o desejo de
aprender, pois o indivíduo pode não conseguir estabelecer um vínculo positivo
com a aprendizagem. O aspecto social refere-se à relação do sujeito com a
família, com a sociedade, seu contexto social e cultural. E, portanto, um aluno
pode não aprender porque apresenta privação cultural em relação ao contexto
escolar. Por último, o aspecto pedagógico, que está relacionado à forma como
a escola organiza o seu trabalho, ou seja, o método, a avaliação, os conteúdos,
a forma de ministrar a aula, entre outros. Para a autora a aprendizagem é a
constante interação do sujeito com o meio. Podemos dizer também que é
constante interação de todos os aspectos apresentados. Em contrapartida, a
dificuldade de aprendizagem é o não-funcionamento ou o funcionamento
insatisfatório de um dos aspectos apresentados, ou ainda, de uma relação
inadequada entre eles. Scoz (1998, p. 45) também agrupa os problemas de
aprendizagem segundo a concepção de Visca para quem as dificuldades de
aprendizagem referentes à escrita e à leitura, apresentam-se como nível de
sintomas. Assim, esses problemas devem ser entendidos como produtos
emergentes de uma pluricausalidade e não como decorrente de uma única
causa.
Ainda Scoz (1994), vê os problemas de aprendizagem não se restringindo em
causas físicas ou psicológicas. É preciso compreendê-los a partir de um
enfoque multidimensional enfocando fatores orgânicos, cognitivos, afetivos,
sociais e pedagógicos. Ou seja, para aprender é necessário que exista uma
relação de condições entre fatores externos e internos. Há necessidade de
estabelecer uma mediação entre o educador e o educando.
Já Pain (1992, p. 32) destaca que, na concepção de Freud, os problemas de
aprendizagem não são erros: “... são perturbações produzidas durante a
aquisição e não nos mecanismos de conservação e disponibilidade...”; é
necessário procurar compreender os problemas de aprendizagem não sobre o
que se está fazendo, mas sim sobre como se está fazendo. Ainda sobre o
problema de aprendizagem Patto (1990), destaca que o fracasso escolar
acontece pela falta de conhecimento, pelo menos em seus aspectos
fundamentais, da realidade social na qual se enquadrou uma determinada
versão sobre as diferenças de rendimento escolar existentes entre crianças de
diferentes origens sociais. Ao avaliarmos os alunos que apresentam
dificuldades de aprendizagem, vamos encontrar diversas categorias. Haverá
aqueles que necessitam da intervenção psicológica ou psicopedagógica, ou até
mesmo, aqueles que o problema pode ser resolvido dentro do contexto escolar,
por meio de programas individualizados de ensino e práticas pedagógicas
diferenciadas. Dessa forma a avaliação torna-se um elemento muito importante
para traçarmos o caminho a seguir. Avaliar não para classificar, para rotular,
mas para promover alternativas.
É importante refletir sobre como agir diante das dificuldades de aprendizagem
de nossos alunos. Devemos prestar mais atenção às dificuldades, pois elas
saltam aos olhos com muito mais evidências que as potencialidades. Podemos
começar a pensar sobre a dificuldade de aprendizagem pelos acertos dos
alunos. Assim, experimentando alguns sucessos, podemos abrir uma porta
para a construção de um vínculo positivo com as demais áreas da
aprendizagem que nosso aluno necessita aprimorar.
A seguir algumas sugestões para o trabalho com alunos portadores de
dificuldades de aprendizagem, sobre a intervenção psicopedagógica:
Organizar as turmas para o trabalho em grupo, juntando alunos que aprendem
com facilidade e alunos que apresentam dificuldades também pode ser uma
boa alternativa, pois as crianças e os adolescentes “falam a mesma língua” e
podem funcionar como professores uns dos outros.
A psicopedagogia utiliza os termos “ensinantes e aprendentes” para denominar
o par educativo que comumente conhecemos por professor e aluno. Mas quem
é ensinante e quem é aprendente? A nossa primeira tendência é imaginar que
o ensinante é o professor e o aprendente é o aluno, não é mesmo? Mas para a
psicopedagogia esses papéis se alternam o tempo inteiro, afinal, quem nunca
aprendeu com um aluno? Qual o aluno que nunca ensinou nada ao professor?
No processo ensino-aprendizagem visto pela psicopedagogia também
aprendemos sobre nós, sobre a nossa forma de ensinar. O outro nos serve de
espelho.
Como todo professor, queremos que nossos alunos acertem sempre, mas é
bom adquirir um novo olhar sobre o erro na aprendizagem. O erro é um
indicador de como o aluno está pensando e como ele compreendeu o que foi
ensinado. Analisando com mais cuidado os erros dos alunos, podemos
elaborar e reformular as práticas docentes de modo que elas fiquem perto da
necessidade dos alunos e assim atender a dificuldade que o mesmo apresenta.
É importante que o professor reflita sobre as causas do fracasso escolar não
para se culpar, mas para se responsabilizar. Responsabilizar-se significa
abraçar a causa e procurar alternativas para solucionar o problema. Não
podemos nos satisfazer com aprendizagens parciais. Procurar compreender
como ocorre o conhecimento, os fatores que interferem na aprendizagem, seus
diferentes estágios, e as diferentes teorias que podem transformar o trabalho
do professor em processo científico e assim ele percorrerá o caminho prática-
teoria-prática.
Recomenda-se, também, que o professor, em conjunto com a equipe da
escola, reflita sobre a estrutura curricular que está sendo oferecida e a
compatibilidade deste com a estrutura cognitiva, afetiva e social do aluno, afinal
para a psicopedagogia a aprendizagem se baseia no equilíbrio dessas
estruturas.
O professor deve, ainda, adaptar a sua linguagem utilizada em sala de aula,
pois pode haver diferença de cultura entre professor e alunos, e isso pode
causar conflito e dificuldade de comunicação e consequentemente problema na
aprendizagem. Para Vygotsky (1993) Todos os seres humanos são capazes de
aprender, mas é necessário que adaptemos a nossa forma de ensinar.
O enfoque psicopedagógico da dificuldade de aprendizagem compreende
então, os processos de desenvolvimento e os caminhos da aprendizagem.
Compreende o aluno de maneira interdisciplinar, buscando apoio em várias
áreas do conhecimento e analisando aprendizagem no contexto escolar,
familiar; e no aspecto afetivo, cognitivo e biológico. Nesse contexto, cabe então
ao professor, com uma visão psicopedagógica, ser um investigador dos
processos de aprendizagem de seus alunos, evitando que o problema de
aprendizagem leve a um fracasso escolar.
Acreditar, porém, que o problema de aprendizagem é responsabilidade
exclusiva do aluno, ou da família, ou somente da escola é, no mínimo uma
atitude muito ingênua perante a grandiosidade que é a complexidade do
aprender. Procurar achar um único culpado para o problema é mais ingênuo
ainda. A atitude que devemos tomar enquanto educadores desejosos de uma
educação de qualidade, com um menor número de crianças com dificuldade de
aprendizagem, é intervir psicopedagogicamente sobre o problema de
aprendizagem.
Para concluir, os problemas de aprendizagem constituem uma situação real
presente nas instituições escolares. Portanto, é necessário que todos os
envolvidos com questões educacionais realizem pesquisas que possibilitem
conhecer cada vez melhor as relações entre os problemas de aprendizagem.
Assim, pode-se recorrer ao psicopedagogo para estruturar formas de ações
e/ou intervenções psicopedagógicas que clareiem o caminho percorrido pelos
sujeitos.

4.2 DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM


Para a compreensão das Dificuldades de aprendizagem, torna-se necessário
conhecer a origem dessas, pois este é um fator importante para
compreendermos a criança no processo de aprender.
Para Fonseca (1995) dificuldade de aprendizagem é: Um termo geral que se
refere a um grupo heterogêneo de desordens manifestas por dificuldades
significativas na aquisição e utilização da compreensão auditiva, da fala, da
leitura, da escrita e do raciocínio matemático. Tais desordens, consideradas
intrínsecas ao indivíduo, presumindo-se que sejam devidas a uma disfunção do
sistema nervoso central, podem ocorrer durante toda a vida. Problemas de
autorregulação do comportamento, na percepção social e interação social
podem existir com as dificuldades de aprendizagem. Apesar das dificuldades
de aprendizagem ocorrerem com outras deficiências (por exemplo, deficiência
sensorial, deficiência mental, distúrbios socioemocionais) ou com influências
extrínsecas (por exemplo, diferenças culturais, insuficiente ou inadequada ou
inapropriada instrução, etc.), elas não são o resultado dessas condições
(Fonseca,1995).
Por meio desse conceito é possível perceber a complexidade do termo e o
vasto campo de atuação das dificuldades de aprendizagem. Sendo as
dificuldades de aprendizagem, problemas enfrentados pelas crianças no
processo de aprender, que podem estar relacionadas à própria dinâmica do
comportamento, Sisto (2001) argumenta que o termo dificuldades de
aprendizagem engloba um grupo heterogêneo de transtornos, manifestando-se
por meio de atrasos ou certos tipos de dificuldades. O mesmo autor fala da
importância de olhar os aspectos orgânicos, cognitivos, emocionais, sociais,
afetivos e pedagógicos, que levam o aluno a não aprender. Segundo ele, os
fatores externos e internos são os responsáveis pelas dificuldades de
aprendizagem. Ainda para este autor, as dificuldades de aprendizagem são
vistas pelos pais e professores, no primeiro caso porque são os que convivem
constantemente com as crianças, e que tanto um quanto o outro são pessoas
que podem dar informações que ajudarão no diagnóstico e no tratamento da
mesma.
As principais causas das dificuldades de aprendizagem podem ser: causas
físicas, sensoriais, neurológicas, intelectuais ou cognitivas, socioeconômicas e
emocionais (principal). Muitas vezes, estas dificuldades são reações
incompreendidas de crianças biologicamente (neurologicamente) normais, mas
que estão sendo obrigadas a adaptar-se às condições antagônicas das salas
de aula.

5. CONSIDERAÇÕES
O objeto de estudo da Psicopedagogia é o processo de aprendizagem e as
possíveis dificuldades que podem surgir nesse âmbito. Sendo assim, o
psicopedagogo é aquele que sempre irá visar o aprendizado do aluno na
escola. (DAMIANI, 2010). Diante dessa afirmação o que de mais importante
podemos refletir, é que independente da dificuldade, o psicopedagogo visa o
sujeito e suas possibilidades de aprendizagem. Mas o dever do psicopedagogo
não é apenas esse, e sim ajudar a superar as dificuldades no processo de
aprendizagem seja ela escolar ou não. Como também, orientar pais e toda
equipe pedagógica envolvida na vida escolar do educando. Na maioria das
vezes, quando o educando apresentar qualquer situação seja de ordem
psicológica, orgânica ou outra relacionada ao desenvolvimento humano, deve
encaminhá-lo para investigação.
Diante das explanações tecidas vale ressaltar que devido as necessidades
sócio econômicas da nossa sociedade a demanda de educando vem
crescendo consideravelmente no âmbito escolar, assim, é provável que possa
vir aumentar o número de sujeitos com problemas de aprendizagem. Portanto,
a função do psicopedagogo torna-se mais necessária juntamente com os
demais profissionais envolvidos com o aprimoramento do ensino-aprendizagem
para que cada vez mais a qualidade do ensino cresça no âmbito escolar. A
atuação psicopedagógica nas instituições de ensino é importante
principalmente na prevenção de problemas e distúrbios de aprendizagem, pois
uma vez que se previne não há a necessidade de tratar, o que facilita muito o
processo de ensino-aprendizagem na escola. Toda escola deveria contar com
psicopedagogos em seu quadro de funcionários, como já dito anteriormente
pelo autor e por Maria (2007).
Não há cérebro que não aprende. “Para Vygotsky (1993) todos os seres
humanos são capazes de aprender, mas é necessário que adaptemos a nossa
forma de ensinar. ” (SILVA, p. 4, 2013). O trabalho do psicopedagogo é também
o de ajudar o aluno a identificar estratégias de estudos, ou seja, o melhor jeito
que ele aprende, pois cada um aprende de uma forma e o psicopedagogo é
quem conhece as melhores e mais adequadas metodologias para auxiliar cada
aluno.
Por fim, nota-se que a práxis psicopedagógica envolve, acima de tudo: amor à
profissão, assim como, muita criatividade para ajudar os sujeitos a superar
suas dificuldades dentro de suas possibilidades, vislumbrando desse modo
motivar a aprendizagem seja ela escolar ou não.
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