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O PERCURSO HISTÓRICO
DA ATENÇÃO
FARMACÊUTICA
NO MUNDO E NO
BRASIL
REPRESENTAÇÃO NO BRASIL
Projeto: Farmácia
Estabelecimento de Saúde
Farmácia não é um
simples comércio
O PERCURSO HISTÓRICO
DA ATENÇÃO FARMACÊUTICA
NO MUNDO E NO BRASIL
Fascículo V
2010
Todos os direitos reservados. É permitida a reprodução parcial ou total dessa obra, desde que citada a fonte e que não seja para venda ou qualquer fim comercial.
Diretoria
Presidente | Raquel Cristina Delfini Rizzi
Vice-presidente | Marcelo Polacow Bisson
Diretor-tesoureiro | Pedro Eduardo Menegasso
Secretária-geral | Margarete Akemi KishiR
Conselheiros
Álvaro Fávaro Jr., Israel Murakami, Laise Ponce Leon Simões, Marcelo Polacow Bisson, Margarete Akemi KishiR, Maria Fernanda Carvalho, Maria Luiza
Rodrigues, Pedro Eduardo Menegasso, Priscila Noqueira C. Dejuste, Raquel Cristina Delfini Rizzi, Rodinei Vieira Veloso, Rogério G. Frota Cordeiro, Paulo José
Teixeira (suplente), Paulo Pais dos Santos (suplente) e Rosangela Borges Reina (suplente).
Conselheiros Federais
Ely Eduardo Saranz Camargo, Ademir Valério da Silva (suplente)
Autores
Blície Jennifer Balisa-Rocha, Daniel Tenório da Silva, Divaldo Lyra Júnior, Giselle de Carvalho Brito e Patrícia Melo Aguiar.
Revisores técnicos
Christophe Rerat, Daniela Caroline de Camargo Veríssimo, Luiz Henrique Costa, Marcelo Ferreira C. Cunha, Marcelo Polacow Bisson, Nathália C. Diniz Silva,
Reggiani L. S. Wolfenberg, Simone Fatima Lisot e Comissões Assessoras de Farmácia Clínica do CRF-SP.
Revisão ortográfica
Allan Araújo
Capa
Karen Watanabe
Projeto Gráfico
Robinson Onias
Diagramação
Ana Laura Azevedo e Karen Watanabe
Impressão e acabamento
Rettec Artes Gráficas
Ficha Catalográfica
Brasil. Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo. Organização Pan-Americana da Saúde
Fascículo V - O Percurso Histórico da Atenção Farmacêutica no Mundo e no Brasil / Projeto Farmácia Estabelecimento de Saúde / CRF-SP: Conselho Regional
de Farmácia do Estado de São Paulo; Organização Pan-Americana de Saúde - Brasília, 2010.
Vários colaboradores
Bibliografia
ISBN: 978-85-63931-14-6
1. Educação Continuada em Farmácia 2. Atenção à saúde 3. Assistência à Saúde 4. Assistência Farmacêutica 5. Serviços Comunitários de Farmácia 7. Atenção
Farmacêutica
O Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo, visa com esse fascículo
fornecer ao profissional ferramentas que lhe permitam desenvolver atitudes
e habilidades necessárias para o desenvolvimento da Atenção Farmacêutica,
integrando-se à equipe de saúde e interagindo mais com o paciente e com a
comunidade.
Diretoria do CRF-SP
Os últimos anos foram marcados por uma nova perspectiva e uma visão renovada
para o desenvolvimento dos sistemas de saúde: os sistemas de saúde baseados em
Atenção Primaria em Saúde Renovada. Enfatizando sobre valores fundamentais como
o direito ao maior nível de saúde possível, equidade, solidariedade, sustentabilidade
e intersetorialidade, a estratégia busca integrar elementos contextuais, considerar os
determinantes sociais e os compromissos derivados dos Objetivos do Milênio (ODM).
Com o foco sempre maior de direitos humanos e justiça social, a questão do acesso
universal a Medicamentos Essenciais se tornou como um dos indicadores chaves para
monitorar o compromisso nacional e progressos para atingir o mais alto nível ou padrão
de saúde nos países.
O contexto econômico global tem sido desfavorável nos últimos anos, a questão de
seleção de medicamentos e tecnologias básicas se tornou de maior relevância e estudos
econômicos são promovidos para evidenciar o custo efetividade das intervenções, para
justificar ou priorizar a introdução de novos medicamentos e tecnologias nos sistemas
de saúde e otimizar os recursos disponíveis em saúde.
Christophe Rérat
Coordenador da Unidade de Medicamentos, Tecnologias e Pesquisa - OPAS/OMS
Atenção Farmacêutica
3. A ATENFAR e o LEPFS.............................................................................................................. 18
Referências Bibliográficas.............................................................................................................. 32
ANEXO 1............................................................................................................................................37
ANEXO 2.......................................................................................................................................... 38
ANEXO 3.......................................................................................................................................... 44
ANEXO 4...........................................................................................................................................45
ANEXO 5.......................................................................................................................................... 46
ANEXO 6.......................................................................................................................................... 47
ANEXO 7............................................................................................................................................ 51
O termo Atenção Farmacêutica (AtenFar) foi, em quatro pilares: a farmácia como atividade central
possivelmente, citado pela primeira vez na literatura e com função social, definição da filosofia profissio-
em uma publicação de Brodie et al. (1980), como sen- nal e relação com a sociedade, estruturação organi-
do: “A definição das necessidades farmacoterapêuti- zacional da profissão e marketing da nova profissão.
cas de um dado paciente e a provisão não apenas dos O autor ainda definiu que, dependendo do local de
medicamentos requeridos, mas também dos serviços trabalho, poderia haver muitas “profissões farma-
necessários (antes, durante e depois) para assegu- cêuticas”, mas a magnitude do desafio de criar uma
rar uma terapia perfeitamente segura e efetiva”. O nova profissão deveria inspirar admiração, princi-
conceito de Brodie foi um marco, pois incluiu uma palmente porque cada força poderia interagir com
ideia de mecanismo de retroalimentação, como meio a outra e se basear no mesmo princípio filosófico.
de facilitar a continuidade dos cuidados por parte de Na mesma época, Strand et al. (1988) trabalha-
quem os prestava. Com isso, foi aberto um caminho ram no desenvolvimento do Pharmacist’s Workup
para a otimização no uso da farmacoterapia (quan- of Drug Therapy (PWDT), processo racional e sis-
to a sua segurança e efetividade), bem como para a temático de tomada de decisão em que as necessi-
maior conscientização dos profissionais e pacientes. dades dos pacientes com relação à farmacoterapia
No entanto, o enfoque ainda não estava centrado no podem ser abordadas e documentadas de maneira
paciente, mas na disponibilidade e no acesso ao me- sistemática e global. Em 1990, foi estabelecido um
dicamento (CIPOLLE; STRAND; MORLEY, 2000). pacto que compreendeu a visão filosófica de Strand
Em 1985, Hepler apontou para uma filosofia de e o pensamento de Hepler sobre a responsabilidade
prática e o estabelecimento de um compromisso para profissional no cuidado aos pacientes, que resul-
desenvolver a Farmácia como uma verdadeira pro- tou no conceito clássico de AtenFar e que causou
fissão clínica: “Deveria haver um pacto entre os far- mudanças profundas nos rumos da profissão, como
macêuticos e seus pacientes e, por extensão, entre a sendo: “A provisão responsável da farmacoterapia
profissão farmacêutica e a sociedade”. Mais adiante, com o propósito de obter resultados definidos que
Hepler (1987) destacou que era essencial estabelecer melhorem a qualidade de vida dos pacientes”. Os
relações com o paciente, em que o profissional deve- resultados definidos seriam a cura da doença, eli-
ria controlar o uso dos medicamentos (com habilidade minação ou redução dos sintomas, interrupção ou
e conhecimentos adequados). Além disso, o mesmo retardamento da doença e prevenção de uma enfer-
autor descreveu o momento de evolução profissional midade ou sintoma.
como a “terceira onda da educação farmacêutica” Segundo os autores, para prestar a AtenFar o far-
e propôs que: “Todos os farmacêuticos clínicos de- macêutico deveria dedicar um tempo para entender
veriam mudar a ênfase voltada para realizar ações as necessidades do paciente quanto a sua saúde e
isoladas para os pacientes e aceitassem uma parcela doenças, e simultaneamente colaborar com os outros
de responsabilidade na atenção dos mesmos”. profissionais de saúde no planejamento, implemen-
Hepler (1988), mais uma vez, defendeu que a tação e monitorização de uma farmacoterapia segura
profissão precisava acompanhar as transformações e efetiva. Assim, foi iniciada a superposição grada-
tecnológicas, econômicas e sociais que estavam tiva do paradigma dominante (tecnicista) centrado
acontecendo no mundo, mas ainda havia vários as- no medicamento, por um novo paradigma emergente
pectos não resolvidos nos mais diversos âmbitos. (humanístico e social) centrado no paciente e no de-
Também advogou a reprofissionalização baseada senvolvimento de relações terapêuticas.
Atualmente, a AtenFar é foco de pesquisa do La- de Ribeirão Preto. Atualmente, alguns destes farma-
boratório de Ensino e Pesquisa em Farmácia Social cêuticos estão perpetuando a prática introduzida na
da Universidade Federal de Sergipe (LEPFS/ UFS) região.
liderado pelos pesquisadores prof. Dr. Divaldo Perei- Palavras-chave: Hipertensão Arterial. Idosos.
ra de Lyra Jr. e prof. Dr. Wellington Barros da Silva. Atenção Farmacêutica.
O LEPFS é uma iniciativa acadêmica estabelecida
em 2007, oferecendo uma plataforma de capacitação 3.2 BALISA-ROCHA, B. J. Avaliação do impacto
e comunicação para os investigadores, estudantes e de um programa de acompanhamento
profissionais da saúde com o intuito de promover o farmacoterapêutico em idosos portadores
desenvolvimento e execução de projetos na área da de Diabetes Mellitus tipo II. 2009. 123f.
Farmácia Social, com destaque para o desenvolvi- Dissertação (Mestrado em Ciências da Saúde),
mento de programas-piloto de AtenFar nos serviços Universidade Federal de Sergipe, 2010.
público e privados de saúde. Objetivo: Avaliar o impacto de um programa
A seguir, alguns resumos dos estudos com Aten- de acompanhamento farmacoterapêutico em um
Far produzidos pelo grupo de pesquisa do LEPFS. grupo de idosos com Diabetes Mellitus (DM) tipo
II assistidos na Farmácia Popular de Aracaju (SE).
3.1 Lyra Júnior DP, Marcellini PS, Pelá IR. Metodologia: foi realizado um estudo longitudinal,
Effect of pharmaceutical care intervention prospectivo e com intervenção no período de feve-
on blood pressure of elderly outpatients reiro a novembro de 2009, na Farmácia Popular do
with hypertension. The Brazilian Journal of Brasil, no município de Aracaju, Estado de Sergi-
Pharmaceutical Sciences. 2008;44 (3). pe. Foi obtida uma amostra por conveniência e não
Efeito de intervenções de atenção farmacêutica probabilística com faixa etária entre 60 e 75 anos,
na pressão arterial de pacientes idosos com hiper- de ambos os gêneros. Foram agendadas consultas
tensão. O objetivo deste estudo foi avaliar o efeito mensais durante o período de dez meses e as nove
das intervenções farmacêuticas na prevenção e so- etapas de boa prática da AtenFar foram seguidas.
lução de problemas relacionados à farmacoterapia, Ao longo dos atendimentos, foram obtidos dados
ao índice de massa corporal (IMC) e ao controle da sociodemográficos, farmacoterapêuticos e clíni-
pressão arterial (PA) de um grupo de pacientes ido- cos (Hemoglobina Glicosilada – HbA1c, Glicemia
sos portadores de hipertensão arterial. O grupo de Capilar, PA, IMC e Circunferência da Cintura). A
30 pacientes assistidos na farmácia de uma unidade avaliação da Qualidade de Vida foi realizada por
básica de saúde, em Ribeirão Preto (SP), foi acom- um instrumento genérico denominado Medical
panhado por 12 meses. No estudo, foi observado que Outcomes Studies 36 - item Short Form - SF36®.
as intervenções do programa de AtenFar otimizaram No total, 50 pacientes foram convidados a partici-
o uso dos medicamentos, reduziram os problemas de par do programa de Atenfar; destes, 34 completa-
saúde causados pelos medicamentos e melhoraram ram o estudo (taxa de abandono = 32%). A média
as condições de saúde dos pacientes. As intervenções de idade dos idosos foi 65.94 ± 4,73 anos, sendo
influenciaram tanto no cuidado prestado aos idosos 18 (52,94%) participantes do gênero feminino. A
como na obtenção de resultados de saúde positivos. média de medicamentos por idoso foi de 6,23 (±
Depois desse estudo, o pesquisador ministrou um 2,20), 117 PRM foram identificados, 101 PRM
curso de capacitação sobre a prática da AtenFar para foram resolvidos (86,32%). Os pacientes obtive-
38 farmacêuticos da Secretaria Municipal de Saúde ram diferença significativa das medidas de HbA1c,
AF2
Avaliação QV e Adesão ao tratamento Março/2009
AF3 - AF4
Plano de cuidados / Intervenções Abril - Maio/2009
AF5 - AF7
Educação em saúde Junho - Agosto/2009
AF8
Plano de cuidados / Intervenções Setembro/2009
AF9
Avaliação QV e Adesão ao tratamento
Outubro/2009
Material de escritório: papel A4, fichas para fichário, grampeador, grampo, caneta, agenda - R$ 330,00
própria evolução e informar aos outros profissionais 3. O paciente usa medicamento não
efetivo
de saúde. EFETIVIDADE
4. O paciente usa dose menor que a
Após efetuar uma adequada avaliação das infor- necessária
mações subjetivas e objetivas do paciente, o farma- 5. O paciente apresenta reação
adversa a medicamentos
cêutico deve julgar se o paciente apresenta algum SEGURANÇA
6. O paciente usa dose alta
tipo de PRM. A identificação, resolução e prevenção
de possíveis PRM constituem a essência do proces- 7. O paciente não adere ao
CUMPRIMENTO
tratamento
so da AtenFar. Para tanto, o profissional precisa estar
atento aos três componentes primários dos PRM:
PRM 1: O paciente usa medicamento
♦♦ evento indesejável real ou potencial experimenta- desnecessário
do pelo paciente;
O paciente usa medicamento desnecessário por-
♦♦ terapia medicamentosa envolvida; que não possui uma indicação clínica no momento.
♦♦ relação entre o evento indesejável e terapia me- As principais causas deste PRM estão listadas em or-
dicamentosa. dem de frequência:
♦♦ medicamento usado para tratar RAM previsível ♦♦ o fármaco não é o mais eficaz para a indicação a
e prevenível; ser tratada
♦♦ a condição clínica é refratária ao medicamento;
♦♦ drogas ilícitas, álcool ou tabaco estão causando
o problema. ♦♦ a forma farmacêutica utilizada é inadequada;
♦♦ o medicamento não é efetivo para tratar o proble-
Ex: A paciente Maria, de 27 anos, após ser sub- ma de saúde de um paciente específico.
metida a uma cirurgia odontológica, recebeu prescri-
ção do anti-inflamatório diclofenaco potássico 50mg, A paciente Laura, 63 anos, tem colesterol alto e
duas vezes ao dia, por sete dias. Contudo, a paciente há um ano tenta controlar seus níveis lipídicos com
faz uso diário desse medicamento há seis semanas sinvastatina, atualmente na dose de 80mg, uma vez
e apresenta dor de estômago, visto que não foi es- ao dia (dose máxima). No entanto, a paciente não
clarecida sobre o tempo de duração do tratamento está respondendo satisfatoriamente ao tratamento.
pelo odontólogo no consultório e pelo farmacêutico Por consequência, os níveis de triglicerídeos perma-
na farmácia. Assim, é necessário que o farmacêutico necem altos. Nesta situação, o farmacêutico deverá
oriente a suspensão imediata do diclofenaco. sugerir ao médico que substitua a farmacoterapia por
outra mais potente, como a atorvastatina 40mg.
PRM 2: O paciente necessita de
medicamento adicional PRM 4: O paciente usa dose menor que
A farmacoterapia é necessária para tratar ou pre- a necessária
venir uma condição clínica, ou desenvolvimento de A dose utilizada é baixa para produzir a resposta
uma doença. Segue uma lista das causas comuns de terapêutica desejada. As causas mais comuns são:
PRM que necessitam de tratamentos com medica- ♦♦ a dose é muito baixa para produzir a resposta de-
mentos adicionais: sejada
♦♦ a condição clínica exige o início de uma nova far- ♦♦ o intervalo de dosagem é muito grande
macoterapia ♦♦ a interação fármaco-fármaco ou fármaco-alimento
♦♦ farmacoterapia preventiva é necessária para redu- ♦♦ a duração da farmacoterapia é muito curta para
zir o risco de desenvolver nova condição clínica produzir a resposta desejada
♦♦ a condição clínica requer farmacoterapia suple-
mentar para atingir efeitos sinérgicos ou aditivos Ex: O paciente Lucas, de 6 anos, foi diagnostica-
do com asma há dois anos. Na última crise asmática,
Ex: O paciente Dionísio, de 60 anos, foi diagnosti- ao contrário das outras vezes, o salmeterol (25mcg/
cado com HAS há seis meses e desde então foi indica- inalação) não obteve o efeito desejável. Verificou-se,
do o uso do captopril 50 mg, duas vezes ao dia (dose então, que devido à ausência de sua mãe no momento
máxima). Todavia, apesar de cumprir a farmacoterapia da crise, o medicamento foi administrado por seu pai,
indicada e associá-la a bons hábitos de vida, seus níveis o qual não possuía habilidade para o uso da “bom-
pressóricos não diminuíram. Neste caso, o farmacêuti- binha inalatória”. Com isto, as doses administradas
co deve sugerir ao médico que introduza farmacotera- foram inferiores às doses ideais para o controle de
pia complementar. Preconiza-se um diurético tiazídico, sua asma. É necessário que o farmacêutico oriente-o
como a hidroclorotiazida. quanto ao uso correto deste dispositivo inalatório.
A avaliação é uma atividade que remonta aos saúde, marcando mudanças expressivas para a altera-
primórdios da humanidade e que é realizada com a ção dos indicadores de saúde, os serviços farmacêu-
finalidade de atribuir um valor a algo. A avaliação ticos, não passaram pelo mesmo processo. Ainda que
dos resultados, em qualquer serviço prestado, é fun- o setor farmacêutico esteja fortemente presente no
damental para mensurar a qualidade deste serviço e mundo moderno, sobretudo no ocidente, seu desen-
serve, portanto, como fator de retroalimentação do volvimento no campo da qualidade não teve a mesma
sistema de atividades. Os primórdios da avaliação da intensidade da área hospitalar, configurando-se de
qualidade no âmbito internacional ocorreram após a forma bastante diferente (SILVA, 2003).
2ª Guerra Mundial, pela necessidade da implantação No cenário internacional, algumas iniciativas im-
de sistemas de controle, escassez de recursos, deman- portantes apontaram a necessidade de melhorar a quali-
da de exigências, entre outros, para a reorganização dade dos resultados dos serviços no setor farmacêutico.
das empresas e incremento da assistência nas institui- Em 1993, em sua reunião em Tóquio, a FIP declarou
ções (FELDMAN; CUNHA, 2006). a importância do desenvolvimento e da utilização de
Ao longo dos últimos anos, algumas ferramentas padrões de qualidade para os serviços farmacêuticos.
têm sido utilizadas em busca de melhorar a qualidade Esta pode ser identificada como a primeira declaração
dos serviços de saúde, demonstrando a intenção do internacional que fala em estabelecer padrões para me-
setor em avaliar suas limitações e potencialidades, dir a qualidade dos serviços farmacêuticos. Neste mes-
bem como em reunir as condições necessárias para mo encontro, produziu-se também o documento “Boas
que as mudanças necessárias aconteçam (SILVA, práticas em farmácias hospitalares e comunitárias”
2003). Dentre as várias abordagens voltadas à melho- (OMS 1995), que enfatiza a importância do papel do
ria de qualidade, uma das mais utilizadas ainda hoje farmacêutico na reorganização dos serviços de saúde,
é a proposta por Donabedian (1980), o Modelo SPO, apontando os eixos principais das boas práticas.
que preconiza a divisão dos indicadores de qualida- Apesar da reconhecida importância da avaliação
de nos serviços de saúde em três eixos construídos dos resultados nos serviços de saúde, incluindo os far-
com base na teoria de sistemas: estrutura, processos e macêuticos, as investigações têm sido centradas na es-
resultados. O eixo “estrutura” envolve as característi- trutura e nos processos de atenção, relegando a segun-
cas estáveis dos serviços de saúde, como instalações, do plano o impacto sobre os resultados na saúde dos
equipamentos, recursos humanos, materiais e finan- pacientes (GARCIA, 2001). Tal situação está ligada às
ceiros. Os “processos” dizem respeito às interações limitações dos desenhos de pesquisa utilizados e a na-
e procedimentos envolvendo profissionais de saúde e tureza das intervenções farmacêuticas estudadas, que
pacientes, e o eixo “resultados” engloba a realização enfatizam unicamente os resultados associados a reso-
do objetivo de curar, barrar a progressão, restaurar a luções dos PRM (CERULLI, 2001; WESTERLUND;
capacidade funcional, entre outros. ALMARSDÓTTIR; MELANDER, 1999).
No Brasil têm sido desenvolvidas iniciativas de Nesse contexto, ao avaliar a prática farmacêutica,
melhoria da qualidade, tais como o programa de Kozma, Reeder e Schulz (1993) criaram o modelo
acreditação, a certificação pela ISO, entre outros, ex- ECHO (método de resultados clínicos, humanísticos
pandindo-se em várias áreas profissionais, abrangen- e econômicos,), cujo principal objetivo foi ofere-
do diversos objetivos para a avaliação dos serviços cer aos farmacêuticos uma alternativa para conhe-
de saúde (FELDMAN; CUNHA, 2006). Entretanto, cer melhor e avaliar a qualidade dos resultados de
embora as formas de avaliação de qualidade, espe- suas intervenções. De acordo com este modelo, os
cialmente a acreditação, tenham avançado na área de farmacêuticos não deveriam analisar separadamente
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Professional. 27th ed. Massachussetts: Rand MacNally. 2007. 3200p.
WELLS BG. et al. Manual de Farmacoterapia. 6ª ed. São Paulo: MacGraw Hill, 2006. 952p.
Avaliação Inicial
Nome Data
Endereço
Contato/Informações
Médico/especialidade Telefone
Médico/especialidade Telefone
Médico/especialidade Telefone
Médico/especialidade Telefone
Ocupação Escolaridade
Moradia/Família
Razão do encontro:
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
S N
Descrever quaisquer preocupações que o paciente tem sobre sua farmacoterapia Necessidade
de atenção
S N
Experiência com Medicamentos
S N
S N
S N
Perfil Farmacoterapêutico
Medicamento: Fármaco:
Medicamento: Fármaco:
Medicamento: Fármaco:
História Familiar
Tentativa de parar
< 2 xícaras /dia
Café 2-6 xícaras/dia
> 6 xícaras/dia
Não faz uso História anterior de uso
Há quanto tempo parou? ____
Tipo de bebida:____________
Álcool < 2 copos/semana
2-6 copos/semana
Não faz uso História anterior ao uso
Há quanto tempo parou? ____
Pressão arterial
Glicemia
S/N S/N
Alterações visuais
Formação excessiva de
Diminuição da audição hematomas
Sintomas Hematopoiéticos
Zumbido no ouvido Hemorragia
OONB
Epistaxe Anemia
Rinite alérgica Dor nas costas
Glaucoma Artrite (osteo/reumatoide)
Revisão de Sistemas
Musculoesquelético
Hemoptise Tendinites
Dor no peito Dor muscular
Hiperlipidemia Parestesia
Cardiovascular
Hipertensão Tremor
Infarto do miocárdio Perda de equilíbrio
Asma Sistema Nervoso Depressão
Pulmonar Falta de ar Suicídio
Chiado Ansiedade/ nervosismo
Queimação Perda de memória
Dor abdominal Eczema/ psoríase
Náusea Rash
Constipação Malária
Diabetes Sífilis
Sistema
Hipotireodismo Doenças Infecciosas HPV
Endócrino
Sintomas da menopausa Gonorréia
Exames complementares
METAS:
05° atendimento: ______________________________________________
07° atendimento: ______________________________________________
09° atendimento: ______________________________________________
Meta final: ____________________________________________________
PLANO FARMACOTERAPÊUTICO:
Medicamento Intervenção
Manhã
Tarde
Noite
2. Comparando há um ano atrás, como você classificaria sua saúde em geral, agora?
3. Os seguintes itens são sobre atividades que você poderia fazer atualmente durante um dia comum.
Devido à saúde, você tem dificuldade para fazer essas atividades? Neste caso, quanto?
i. Andar um quarteirão. 1 2 3
SIM NÃO
a. Você diminuiu a quantidade de tempo que se dedicava ao seu trabalho ou a outras
1 2
atividades.
5. Durante as últimas quatro (04) semanas, você teve algum dos seguintes problemas com o seu
trabalho ou com alguma atividade diária regular, como conseqüência de algum problema emocional
(como sentir-se deprimido ou ansioso)?
SIM NÃO
c. Não trabalhou ou não fez qualquer das atividades com tanto cuidado como geral-
1 2
mente faz?
6. Durante as últimas quatro (04) semanas, de que maneira sua saúde física ou problemas emocionais
interferiram nas suas atividades sociais normais, em relação à família, vizinhos, amigos ou em grupo?
8. Durante as últimas quatro (04) semanas, quanto a dor interferiu com o seu trabalho normal (incluin-
do tanto o trabalho, fora de casa e dentro de casa)?
10. Durante as últimas quatro (04) semanas, quanto ao seu tempo, a sua saúde física ou problemas
emocionais interferiram nas suas atividades sociais (como visitar amigos, parentes, etc.)?
1 2 3 4 5
A maioria A maioria
Definitivamente Definitivamente
das vezes Não sei das vezes
verdadeiro falso
verdadeiro falso
a. Costumo adoecer um
pouco mais facilmente que 1 2 3 4 5
as outras pessoas.
b. Eu sou tão saudável
quanto qualquer pessoa 1 2 3 4 5
que eu conheço.
Tempo: ______________________
4. A habilidade do farmacêutico em avisá-lo sobre problemas que você poderia ter com seus medicamentos?
10. O empenho do farmacêutico em resolver os problemas que você tem com seus medicamentos?