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Iº SIMPÓSIO DE HISTÓRIA

DAS AMÉRICAS

CADERNO DE
RESUMOS

RESISTÊNCIAS,CULTURAS
E PRÁTICAS POLÍTICAS
Realização: Grupo de Estudos: História das Américas e Departamento
de História, Instituto de Ciências Humanas,
Pontifícia Universidade Católica de Minas gerais
25 e 26 de outubro de 2018
 
 

FICHA CATALOGRÁFICA
Elaborada pela Biblioteca da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

Simpósio de História das Américas


S612a [Anais] do I Simpósio de História das Américas : Resistências, culturas e
práticas políticas / organizadores Andressa Lopes Gomes Marques Menezes ...
[et al.]. Belo Horizonte: Editora PUC Minas, 2018. - (Coleção Caderno de
Resumos).
142 p.: il.

ISBN.
Outros Organizadores: Bianca Rezende Godói, Bruna Carolina da Silva,
Bruno Leandro Anastacio Virgino, Carolina Fernandes del Rio Hamacek, Elma
Lopes Martins, Fernanda Mendes Santos, Fhilippe Ribeiro da Costa, Gabriele
Marina da Silva, Jacyra Antunes Parreira, Juliana de Souza Soares, Marcus
Vinícius Costa Lage, Mariana Brescia Cruz, Mariana Gonçalves Alves Vilela,
Mateus Gomes da Silva, Natalia Cristina Silva Morais, Paula de Souza Ribeiro,
Tiago Henrique Lopes Viana, Victoria Ballardin Santos

1. América - História. 2. Neoliberalismo. 3. Cultura política. 4. Ditadura. I.


Menezes, Andressa Lopes Gomes Marques. II. Pontifícia Universidade Católica
de Minas Gerais. Instituto de Ciências Humanas. III. Título. IV. Série.

CDU: 97
Ficha catalográfica elaborada por Fernanda Paim Brito - CRB 6/2999
 
   

 
Caderno de Resumos – 1º Simpósio de História das Américas: resistências, culturas e práticas políticas.
25 e 26 de outubro – Belo Horizonte: Departamento de História – ICH/PUC Minas, 2018
www.facebook.com/simposioamerica
 

Andressa Lopes Gomes Marques Menezes, Bianca Rezende Godói, Bruna Carolina da
Silva, Bruno Leandro Anastacio Virgino, Carolina Fernandes del Rio Hamacek, Elma
Lopes Martins, Fernanda Mendes Santos, Fhilippe Ribeiro da Costa, Gabriele Marina
da Silva, Jacyra Antunes Parreira, Juliana de Souza Soares, Marcus Vinícius Costa
Lage, Mariana Brescia Cruz, Mariana Gonçalves Alves Vilela, Mateus Gomes da
Silva, Natalia Cristina Silva Morais, Paula de Souza Ribeiro, Tiago Henrique Lopes
Viana, Victoria Ballardin Santos (Org.)

RESISTÊNCIAS, CULTURAS E PRÁTICAS


POLÍTICAS

Caderno de Resumos do 1º Simpósio de


História das Américas

1ª Edição

Belo Horizonte
PUC Minas
2018

 
Caderno de Resumos – 1º Simpósio de História das Américas: resistências, culturas e práticas políticas.
25 e 26 de outubro – Belo Horizonte: Departamento de História – ICH/PUC Minas, 2018
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Belo Horizonte
Instituto de Ciências Humanas – PUC Minas
25 e 26 de outubro de 2018

Grão-chanceler da PUC Minas


Dom Walmor Oliveira de Azevedo

Reitor da PUC Minas


Prof. Dom Joaquim Giovani Mol Guimarães

Vice-reitora da PUC Minas


Prof.ª Patrícia Bernardes

Chefe de Gabinete da PUC Minas


Prof. Paulo Roberto de Sousa

Diretora do Instituto de Ciências Humanas


Prof.ª Carla Ferretti Santiago

Chefe de Departamento e Coordenadoria do Curso de História


Prof.ª Jacyra Antunes Parreira

Realização
Comissão Organizadora do 1º Simpósio de História das Américas
Departamento de História – PUC Minas

 
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Comissão Organizadora

Andressa Lopes Gomes Marques Menezes Juliana de Souza Soares


Bianca Rezende Godói Marcus Vinícius Costa Lage
Bruna Carolina da Silva Mariana Brescia Cruz
Bruno Leandro Anastacio Virgino Mariana Gonçalves Alves Vilela
Carolina Fernandes del Rio Hamacek Mateus Gomes da Silva
Elma Lopes Martins Natalia Cristina Silva Morais
Fernanda Mendes Santos Paula de Souza Ribeiro
Fhilippe Ribeiro da Costa Tiago Henrique Lopes Viana
Gabriele Marina da Silva Victoria Ballardin Santos
Jacyra Antunes Parreira

Equipe de Apoio

Ana Lídia de Paula Santos Letícia Costa Marcolan


Arthur Otavio Gomes de Sales Marília Persechini Mendes
David Almeida Azevedo Marcela Menezes Dutra Coelho
Gabriely Silva Zeferino Pedro Gabriel Soares Hermenegildo
Gabriel Augusto Maurilio de Oliveira Pedro Henrique de Lima Oliveira
Gabriely Silva Zeferino Pedro Luiz Teixeira de Sena
Guilherme Santiago Barbosa Paulino Rafael dos Santos Vieira
Emília Maria de Oliveira Raíssa Quitéria Dias
Henrique de Souza Félix Samuel Leite Fonseca Romão
Henrique Jacson Rodrigues da Cunha Tallita Ertal de Oliveira
Isabela Bahillo Neves Taís Alves da Silva
Isabella Viegas de Carvalho Pajuaba Taís Alvim
Jéssica Lorrayne Assis Ferreira Gomes Victor Costa Cunha
João Miguel da Costa Lima

 
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Equipe de Audiovisual

Andrew Rachid Sá Isabella Lyra de Melo Franco


Clara Maria Batista Lima Leonara Pereira Machado
Gabriel Ermano Silva Neves Maria Cecília Almeida Rosa
Hechisa Thamis Bispo Ferreira Tatiana Castro Junqueira

Apoio Secretaria Acadêmica do Curso de História – ICH – PUC Minas

Arnaldo Vaz Custódio Júnior Jefferson Diogo Estevão dos Santos


Cláudio Lucas Neres Correia Marília Eunice de Assis
Durcinéia Márcia Silva Ronan Fernandes dos Santos
Guilherme Bastos de Jesus Vera Lúcia Rocha Silva
Guilherme Henrique Moreira Miranda Victor de Oliveira Cerdeira Santos

Apoio Biblioteca Padre Alberto Antoniazzi – PUC Minas

Roziane do Amparo Araújo Michielini - CRB 6/2563

 
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Sumário
Apresentação............................................................................................................ 6

Simpósio Temático – Artes Visuais e Política ....................................................... 7


Resumo das Comunicações do ST – Artes Visuais e Política ............................... 8

Simpósio Temático – Educação e Política ........................................................... 17


Resumo das Comunicações do ST – Educação e Política ................................... 19

Simpósio Temático – Esporte e Política .............................................................. 44


Resumo das Comunicações do ST – Esporte e Política....................................... 46

Simpósio Temático – Gênero e Política ............................................................... 65


Resumo das Comunicações do ST – Gênero e Política ....................................... 66

Simpósio Temático – Literatura e Política .......................................................... 77


Resumo das Comunicações do ST – Literatura e Política ................................... 78

Simpósio Temático – Mídia e Política ................................................................. 90


Resumo das Comunicações do ST – Mídia e Política ......................................... 92

Simpósio Temático – Movimentos Sociais e Política ........................................ 108


Resumo das Comunicações do ST – Movimentos Sociais e Política ................ 110

Simpósio Temático – Música e Política ............................................................. 133


Resumo das Comunicações do ST – Música e Política ..................................... 134

 
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APRESENTAÇÃO  
 
 
 
Tenho dito Escola do Sul porque, na realidade, nosso norte é o Sul. Não deve haver
norte, para nós, senão por oposição ao nosso Sul. Por isso agora colocamos o mapa
ao contrário, e então já temos uma justa ideia de nossa posição, e não como querem
no resto do mundo. A ponta da América, desde já, prolongando-se, aponta
insistentemente para o Sul, nosso norte.

JOAQUÍN TORRES GARCÍA

O 1º Simpósio de História das Américas, realizado entre os dias 25 e 26 de outubro,


surgiu após a experiência das alunas e dos alunos do 7º período do curso de História, da
Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, com trabalhos desenvolvidos para a
disciplina de América Contemporânea durante o primeiro semestre do ano de 2018. Mais do
que um espaço de socialização desses trabalhos, nosso objetivo era que esse fosse um evento
organizado pelos próprios estudantes. E, principalmente, que constituísse em um espaço de
encontro e trocas de experiências entre pesquisadoras e pesquisadores de diversas instituições
de ensino Brasil a fora.
Em consonância com o atual momento vivenciado pelo nosso país, escolhemos como
eixo principal do Simpósio o tema “Política nas Américas”. Em torno dele, promovemos
quatro palestras com importantes professoras e professores doutores em História, Direito e
Educação, e também oito minicursos sobre: cinema e autoritarismo; dança, esporte, música e
minorias. Além dessas palestras e minicursos, mais de 90 trabalhos, de graduandas e
graduandos a doutoras e doutores, foram submetidos, apresentados e debatidos nos Simpósios
Temáticos de Artes Visuais, Educação, Esporte, Gênero, Literatura, Mídia, Movimentos
Sociais e Música.
Superando as expectativas desta primeira edição, foram muitas as inscritas e inscritos
nas atividades programadas para o evento, demonstrando como o tema é pertinente e a notável
relevância do mesmo em estudos acadêmicos. Fica aqui, então, nossa vontade de que esse seja
apenas o primeiro de vários outros simpósios que ainda serão promovidos pelos estudantes da
instituição, possibilitando sempre a troca de conhecimentos e percepções.
 
Comissão Organizadora do 1º Simpósio de História das Américas

 
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SIMPÓSIO TEMÁTICO – ARTES VISUAIS E POLÍTICA  
 

Coordenação

Ana Marília Carneiro


Doutoranda em História pela UFMG
anammc@gmail.com

Prof.ª Maria Elizabeth Castro Botelho de Miranda


Mestre em Communications Studies pela University of Leeds
Professora Assistente IV da Faculdade de Comunicação e Artes da PUC Minas
Professora da Pós-Graduação em Roteiro para Cinema e Televisão do IEC/PUC Minas
bethcbmiranda@gmail.com

Comunicações

1. BRAVO, Beatriz de Souza. As consequências do projeto neoliberal da ditadura chilena: o


cotidiano ficcional da família Herrera.

2. BUENO, Samuel Torres. A História do Tempo Presente em "O Botão de Pérola" (2015) de
Patricio Guzmán.

3. CRUZ, Mariana Brescia. Entre o passado dividido e o presente equilibrado: narrativas


fílmicas na construção da memória chilena.

4. GONÇALVES, Matheus Rafael. Estereótipos: a representação do Mesoamericano no


filme Apocalypto.

5. HAMACEK; Carolina Fernandes Del Rio; MENEZES, Andressa Lopes Gomes Marques.
A ditadura na Argentina: cinema como instrumento de resistência e memória.

6. OLIVEIRA, Christian Henrique Pereira; SILVA, Suzana Lissa Rosa. Contribuição da


animação norte-americana no contexto sociopolítico das Américas.

7. OLIVEIRA, Natália Rezende. Artistas mulheres, têxteis e política: histórias da arte na


América Latina.

8. SILVA, Pedro Henrique Pires Martins da; FERREIRA, Luís Filipe. Game "Papers,
Please" e a questão dos refugiados.

 
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Resumo das Comunicações do ST – Artes Visuais e Política


 
1. As consequências do projeto neoliberal da ditadura chilena: o cotidiano ficcional da
família Herrera

Beatriz de Souza Bravo


Graduanda pela UFF
beasbravo@gmail.com

Palavras-chave: Ditadura Chilena; Neoliberalismo; Ficção; Gênero.

O seguinte trabalho busca analisar o período da ditadura militar chilena, ocorrida entre
1973 a 1990, a partir de uma série muito popular no país, Los 80, más que una moda. O
programa procura representar aspectos do regime presidido por Pinochet a partir do cotidiano
de uma família típica de classe média chilena, configurada como patriarcal. A primeira
temporada - a analisada - mostra o ano de 1982, onde o Chile vivia um momento de milagre
econômico, após a adoção do neoliberalismo como projeto global. Nesse período houve no
país uma melhoria na economia, e isso dava um poder de compra maior a classe média. Esse
grupo vivia um momento de grande consumismo, demonstrado na série com a chegada da
televisão a cores, muito popular no país. Entretanto, no mesmo ano, há uma grave crise
econômica, e o grupo protagonista vai sofrer as consequências desse episódio que prejudica o
país. O pai perde o emprego, e a mãe, para suprir as necessidades da família, sai do âmbito
privado para trabalhar. Isso abala as estruturas da família, já que, em um país machista como
o Chile - e a família Herrera é coerente a essa realidade -, o marido não aceita que sua mulher
trabalhe. A primeira temporada demonstra, então, como essa família irá lidar com as
mudanças que a ditadura impõe, e essa é a temática que será abordada.

 
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2. A História do Tempo Presente em "O Botão de Pérola" (2015) de Patricio Guzmán

Samuel Torres Bueno


Mestrando pela UFOP
samueltorresbueno@gmail.com

Palavras-chave: Patricio Guzmán; Memória; Cinema; Chile.

A presente comunicação se debruça sobre como o documentário “O Botão de Pérola”


(2015) dirigido pelo cineasta chileno Patricio Guzmán, trabalha com dois eventos sensíveis -
o genocídio dos povos indígenas da Patagônia durante o século XIX e a ditadura militar - que
marcam o passado recente do Chile. Ambientado no sul daquele país, o filme recolhe
depoimentos de dois grupos vitimados pela violência política: os descendentes da etnia
kawésqar e os sobreviventes de um campo de concentração instalado na ilha de Dawson pelo
regime autoritário de Pinochet. Nesse sentido, entendemos que esse filme seguramente
contribui para pensarmos os fortes vínculos que a produção de memórias- especialmente
aquelas relacionadas à fatos traumáticos - mantém com as demandas por justiça e com os
debates em torno da história do tempo presente, uma abordagem historiográfica cuja notável
visibilidade nas últimas dé cadas é justamente um processo simultâneo à explosão dos muitos
tipos de discursos memorialísticos na esfera pública. Também iremos destrinchar possíveis
aproximações entre a história e o cinema documental, que não obstante as suas diferenças, a
partir de testemunhos, podem construir narrativas sobre um “passado vivo”, que é aquele que
continuamente irrompe no presente e que traz inquietações para obras cinematográficas e
historiográficas

 
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3. Entre o passado dividido e o presente equilibrado: narrativas fílmicas na construção


da memória chilena

Mariana Brescia Cruz


Graduanda pela PUC Minas
marianalvt@gmail.com

Palavras-chave: Cinema; Memória; Chile; História; América Latina.

Este trabalho busca compreender o papel das narrativas fílmicas na construção da


memória chilena acerca do golpe militar sofrido por Salvador Allende em 1973. As históricas
disputas eleitorais acirradas e as discussões sobre a ditadura de Pinochet no campo político
atual nos indicam uma sociedade dividida em uma batalha de memórias onde paira o
questionamento: privilegiar os sobreviventes ou dar voz aos torturadores? A construção para a
resposta dessa pergunta nos indica que o Chile ainda está escrevendo sua história em meio a
um conflito entre as memórias de diferentes grupos. Um exemplo disso são as campanhas
publicitárias durante o plebiscito de 1988 que contribuíram para a construção de um
imaginário acerca dos dois lados, críticos e apoiadores do regime, ressaltando as identidades
distintas na história do Chile. As memórias elaboradas nos filmes que retratam a ditadura de
Pinochet podem ser vistas como uma maneira de conhecer o passado através do olhar e da
memória dos cineastas. É a partir dessa perspectiva que se busca fazer uma trajetória acerca
do cinema na América Latina. Do surgimento do Novo Cinema Latino-americano e sua crítica
ao fascismo até a produção cinematográfica após o fim do regime militar, percebe-se a
importância do Cinema como uma maneira de se opor ao esquecimento e de construir novos
sentidos à memória das ditaduras na América Latina, e principalmente, no Chile.

 
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4. Estereótipos: a representação do Mesoamericano no filme Apocalypto

Matheus Rafael Gonçalves


Graduando pela PUC Minas
matheusrghistoria@gmail.com

Palavras-chave: Maia; Estereótipo; Cultura; Representação; Mesoamericanos.

A partir da inserção de conceitos como representação e estereótipos dentro do filme


Apocalypto (2006), começamos a analisar o olhar do diretor Mel Gibson acerca dos povos
Mesoamericanos. Um olhar desnaturalizado sobre a cultura do outro, que ocidentaliza
aspectos destas sociedade e cria uma aura fantasiosa nada benéfica para a construção do
imaginário acerca da cultura Maia. A filmografia pretendida pelo diretor insere no cultural
destes povos elementos ocidentalizados e cristianizados para que o espectador seja imerso em
sua trama, a partir de justificação dos juízos de valores e pouco sobre as relações
estabelecidas entre os mesoamericanos e seus territórios, deidades que não seja de forma
estereotipada e cristianizada sobre o outro espetacularizando nuances e práticas destes povos
que estão diretamente ligados a formação de povos latinos.

 
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5. A ditadura na Argentina: cinema como instrumento de resistência e memória

Carolina Fernandes Del Rio Hamacek


Graduanda pela PUC Minas
carolinahamacek@hotmail.com

Andressa Lopes Gomes Marques Menezes


Graduanda pela PUC Minas

Palavras-chave: Resistência; Cinema; Ditadura; Memória.

A ditadura na Argentina – Cinema como instrumento de memória e resistência. ” O


título deste trabalho representa a questão que pretendemos discutir, com a justificativa de
procurar trazer uma reflexão sobre a ditadura militar Argentina, e como o cinema serviu como
instrumento de memória, resistência e critica a um momento tão obscuro do país latino
americano O objetivo é explorar os principais aspectos cinematográficos que foram utilizados
como meio de objeção ao período da ditadura militar argentina. Além de analisar o papel
essencial da memória como fundamental retomada salvadora do passado.

 
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6. Contribuição da animação norte-americana no contexto sociopolítico das américas

Christian Henrique Pereira Oliveira


Graduando pela PUC Minas
christianhpo@gmail.com

Suzana Lissa Rosa Silva


Graduanda em História pela PUC Minas
suzanalissaa@gmail.com

Palavras-chave: Animação; Mentalidade; História; Sociedade.

Este trabalho abordará a temática das animações, especialmente as norte-americanas,


como forma de significação e ressignificação de valores sociais e políticos nas Américas,
especificamente no Brasil. Para isso, iremos analisar como crianças e adolescentes
internalizam a cultura presente nas animações e passam a reproduzir essa cultura no dia a dia,
tratando esses sujeitos numa perspectiva construtivista a partir do meio sociocultural ao qual
estão inseridos. Entretanto, não pretendemos ficar apenas na infância, mas discorreremos
sobre como essas crianças (hoje boa parte adultos) interiorizaram os
discurso/práticas/costumes presentes na animação, e hoje os tratam com tanta familiaridade.

 
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7. Artistas mulheres, têxteis e política: histórias da arte na América Latina

Natália Rezende Oliveira


Mestranda pela UFMG
natalia.rzd@gmail.com

Palavras-chave: Têxteis; Gênero; História; Narrativa.

Nos Estados Unidos dos anos 1970, a crítica de arte erigida por artistas e historiadoras
feministas como Judy Chicago, Miriam Schapiro, Linda Nochlin e Griselda Pollock, apontava
as lacunas discursivas das instituições da arte que mantinham a produção de artistas mulheres
marginalizadas do reconhecimento histórico e construíram de maneira negativa a categoria do
“trabalho feminino”, como sendo qualitativamente inferior à produção masculina dominante.
No âmbito latino-americano, artistas e coletivos de mulheres se dispuseram dos meios e
procedimentos têxteis – tais como a costura, o bordado, a tecelagem e a manipulação de
tecidos e linhas –, apropriando-se dos simbolismos e materialidades tradicionais das culturas
indígenas apagadas pelos processos violentos de colonização, organizando-se em prol de um
revisionismo histórico que abordasse as especificidades dos países que compõem a América
Latina. Simultaneamente, tais materialidades e procedimentos, usualmente vinculados à ideia
de subordinação e domesticação das mulheres, fora utilizado como suporte para a transgressão
das limitações impostas ao gênero feminino não só no âmbito artístico, como também no
plano social, tornando-se um meio expressivo da autenticidade da produção feminina
desviante dos modelos de representação e criação fundados pelos homens. Partindo de tais
premissas, este trabalho pretende apresentar a atuação de artistas como Miriam Medrez
(México), Cecilia Vicuña (Chile), Rosana Paulino (Brasil), Maria Magdalena Campos-Pons
(Cuba) e coletivos como as Arpilleras Chilenas e as Madres de Plaza de Mayo (Argentina),
apontando as principais contribuições de suas produções relativas às artes têxteis e sua
potência política para a criação de novas narrativas históricas que considerem a
representatividade e as representações femininas dentro de tal contexto, alinhadas à produção
teórica de pesquisadoras da história latino americana, tais como a ativista María Galíndo,
integrante do coletivo Mujeres Creando (Bolívia), a norte americana radicada no Chile, Nelly
Richard, e a historiadora Karen Cordero (México), revelando métodos e posicionamentos que

 
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criam alternativas possíveis de abordagem historiográfica frente à hegemonia masculinizada
da teoria e pesquisa das práticas artísticas.

 
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8. Game "Papers, Please" e a questão dos refugiados

Pedro Henrique Pires Martins da Silva


Graduando pela PUC Minas
henriquepedro13@hotmail.com

Luís Filipe Ferreira


Graduando pela PUC Minas

Palavras-chave: Papers, Please; Jogos digitais; Imigração; Representatividade.

Desenvolvido por Lucas Pope e lançado em 2013 o jogo "Papers, Please" é um jogo
de estratégia desenvolvido inicialmente para Windows e OSX e que posteriormente em 2014
ganhou sua versão para Linux e iPad. Com um visual retrô e uma série de atividades para
serem feitas "Papers, Please" passa longe de ser um game convencional mas muito
interessante. Situado no período da Guerra Fria e se passando em um país fictício cujo o nome
é "Arstotzka". O jogo começa com o personagem sendo parabenizado por ter sido escolhido
para trabalhar na fronteira, mais exatamente no ministério de admissão de "Grestin Border
Checkpoint". Ao longo da história o jogador deve ir escolhendo suas ações para garantir a
segurança da fronteira, o grande objetivo é controlar quem entra e sai do país, pois o jogo é
situado em uma zona de guerra onde ambos os países envolvidos devem controlar os
refugiados, analisar seus documentos e descobrir se aquelas pessoas que estão passando ali
são refugiados, pessoas comuns que querem apenas passar pelo país ou se estão querendo
prejudicar o país vizinho. As ações do jogador refletem em seu salário, o qual pode ser
utilizado para ajudar a comprar coisas para sua família pra que a mesma possa ter um conforto
maior. Ao escolher esse jogo para analisar, pensamos que poderíamos relacionar com a
situação atual em que vivemos no mundo todo, onde em zonas de guerra as pessoas afetadas
ficam dependentes de outros países para que possam se refugiar dos horrores da guerra e ao
mesmo tempo como são retratados no jogo, os países que recebem essas pessoas refugiadas
devem se preocupar se as mesmas são vindas de fato fugindo da guerra ou se estão a fim de
entrar no país para prejudica-lo.

 
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SIMPÓSIO TEMÁTICO – EDUCAÇÃO E POLÍTICA  
 

Coordenação

Gisele Guimarães de Oliveira


Mestranda em Educação pela PUC Minas
professoragiseleguima@gmail.com

Prof.ª Juliana de Souza Soares


Mestre em Educação pela PUC Minas
Professora do Departamento de História da PUC Minas
jusouzahist@gmail.com

Juliana Cristina Maciel Martins


Mestre em Educação pela PUC Minas
julianacmmartins@gmail.com

Comunicações

1. ARAÚJO, Gabriela Carolina Alves. Profissão docente: políticas públicas, valorização


profissional e perspectivas para a formação inicial.

2. DIANA, Elvis de Almeida. Educação pública, democracia e República sempre de mãos


dadas: a atuação política da Sociedad de Amigos de la Educación Popular (SAEP) no
Uruguai da segunda metade do século XIX.

3. DORES, Francine Brandhuber Oliveira. Medal of Honor, Grand Theft Auto San Andreas,
Hatred: como e por que lançar mão de análises de jogos de videogames nas salas de aula?

4. GUIMARÃES, Matheus de Oliveira; PÁDUA, Poliane Marta Rezende. A escola e a


formação dos valores éticos e morais de crianças e adolescentes em situação de
vulnerabilidade social: um estudo de caso.

5. GUIMARÃES, Matheus de Oliveira; SILVA, Marina Taís Gabriel da. Exclusão e


processos de aprendizagem: os impactos das experiências de contextos de vulnerabilidade
social sobre a qualidade do ato pedagógico.

6. LANA, Débora Maria de Souza; MESSIAS, Jordânia Aparecida Machado. O Teatro Negro
e Atitude e o seu potencial educativo.

 
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7. LANÇA, Luã Augusto da Silva. Livros de Psicologia recomendados para a formação de
professores na reforma educacional Francisco Campos - Mário Casassanta (1927).

8. MONTUAN, Carolina; OLIVEIRA, Emília Maria de. Teatro Legislativo: formação


educacional e política a partir de uma experiência sócio cultural e polarização política
brasileira do século XXI.

9. NEVES, Gabriel Ermano Silva. O falso herói em Assassins Creed.

10. OLIVEIRA, Gisele Guimarães de. Políticas de Educação Inclusiva.

11. PEREGRINO, Hosana Helena. Sistema de cotas e os desafios de permanência: uma


análise da Lei 12.711 de 29 de agosto de 2012.

12. ROCHA, Maria Aparecida Rodrigues da. O Professor Coordenador Pedagógico como
articulador da gestão democrática na Rede Municipal de Belo Horizonte.

13. SENA, Pedro Luiz Teixeira de. Um estudo sobre a inserção indígena na escola.

14. SOARES, Francilene Ramos Lourenço. Cidades, Patrimônio e formação humana:


refletindo criticamente sobre educação.

15. SOARES, Juliana de Souza. Políticas Públicas para a Educação Profissional: desafios
históricos.

16. VIEIRA, Rafael dos Santos. Ensino e representação cultural das Civilizações Pré-
Colombianas nos livros didáticos.

 
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Resumo das Comunicações do ST – Educação e Política


 
1. Profissão docente: políticas públicas, valorização profissional e perspectivas para a
formação inicial

Gabriela Carolina Alves Araújo


Graduanda em Pedagogia pela FAPAM

Palavras-chave: Pedagogia; Políticas Públicas; Profissão Docente; Valorização Profissional.

A despeito de sua marcada relevância para a organização da sociedade, a profissão


docente tem se fragilizado tanto com o esmaecimento da identidade profissional do professor,
quanto com as condições de trabalho desfavoráveis às quais estes profissionais são
submetidos – com baixos salários e com a perda de sua autonomia. Não obstante, dentro deste
mesmo cenário, os cursos de licenciatura do país, de acordo com os dados do último censo da
Educação Superior (MEC, 2017), apresentaram o maior crescimento entre todos os graus
acadêmicos em 2016 em comparação ao ano anterior. E, especificamente em relação ao curso
de Pedagogia, este registrou quase 700 mil matrículas naquele ano, mantendo-se entre os três
maiores cursos de graduação do país e colocando-se com o maior em número de ingressantes
e de concluintes no Brasil (MEC, 2017). Nesse sentido, esta pesquisa, em fase de
desenvolvimento no âmbito do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Contemporânea
da Faculdade de Pará de Minas (GEPEC/FAPAM), propõe-se a analisar, dentro de um recorte
específico, através de pesquisa qualitativa e utilizando como instrumentos a aplicação de
questionários e a realização de entrevistas, quais seriam os motivos que levam os sujeitos em
tela à escolha do curso de Pedagogia e quais seriam suas perspectivas em relação à carreira
docente. Com vistas à problematização do objeto da pesquisa, vincula-se as discussões deste
trabalho às metas 15, 17 e 18 do Plano Nacional de Educação 2014-2024, que tratam da
valorização dos profissionais da educação, bem como ao próprio Plano Municipal de
Educação de Pará de Minas (município tomado como recorte do estudo), inquirindo-se sobre
como as políticas públicas de incentivo à docência podem favorecer (ou não) as condições do
trabalho docente e, consequentemente, influenciar na formação do perfil dos discentes dos
cursos de Pedagogia.

 
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2. Educação pública, democracia e República sempre de mãos dadas: a atuação política
da Sociedad de Amigos de la Educación Popular (SAEP) no Uruguai da segunda metade
do século XIX

Elvis de Almeida Diana


Doutorando em História pela UFMG
eaediana844@gmail.com

Palavras-chave: Educação Pública; republicanismo; democracia; SAEP; Uruguai.

O objetivo desta comunicação é apresentar e discutir a atuação política da Sociedade


de Amigos de La Educación Popular (SAEP) em prol da educação pública no Uruguai da
segunda metade do século XIX, mais especificamente entre 1868 e 1880. Criada em 1868 por
vários intelectuais tais como Carlos María Ramírez, José Pedro Varela, Elbio Fernández,
Eliseo Outes, Eduardo Brito del Pino, entre vários outros, a SAEP foi uma associação que
tinha como principais atividades a discussão e elaboração de projetos educacionais, visando
pensar o papel da educação pública na formação democrática e republicana da população
uruguaia. Além disso, a SAEP também foi responsável pela criação de várias escolas e
bibliotecas públicas pelo interior daquele país no período em questão. Por serem contrários à
todos os atos de violência política vigentes naquele período e serem movidos por uma veia
democrática, de respeito às leis e pela defesa da “virtude” frente aos “vícios”, acreditamos que
tratar, de forma mais detida nesta apresentação, sobre a atuação da SAEP naquele período seja
relevante, pois aquela se deu dentro de um contexto de incertezas políticas, sociais e de
violência constante, que limitavam as possibilidades de ação política e intelectual e reprimia o
caráter público da vida coletiva. Embora já independente politicamente desde o final da
década de 1820 e com sua primeira Constituição republicana criada no início dos anos 1830, o
Uruguai ainda buscava consolidar-se enquanto Estado e enquanto nação em meio aos
escombros de democracia, provocados pela violência política constante de guerras civis que
pareciam não ter trégua. Assim, ao criarem a SAEP, aqueles intelectuais objetivavam a
resolução daqueles problemas, formando, assim, “novos cidadãos” uruguaios para a
pacificação do país e a vivência democrática e republicana.

 
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3. Medal of Honor, Grand Theft Auto San Andreas, Hatred: como e por que lançar mão
de análises de jogos de vídeogames nas salas de aula?

Francine Brandhuber Oliveira Dores


Graduanda pela PUC Minas
francinebrandhuber@yahoo.com.br

Palavras-chave: Videogames; Educação; Memória; História; Violência.

A proposta aqui estabelecida coaduna, vai ao encontro daquela estabelecida por


Marcella Albaine, Monteiro dos Santos (2009), Jean-pierre Fichou (ao esclarecer elementos
basilares para se pensar uma mentalidade americana), Christiano Britto Monteiro (2011),
Pereira e Alves (2009), Fronza (2016), Carreiro (2013), Melo da Rocha (2011), Dogruel e
Joeckel (2014), Neves Abath Luna (2008) e Gama Alves (2004). Busca-se compreender por
meio deste trabalho a forma como os jogos de videogame podem e devem ser apropriados por
parte dos professores e estudantes enquanto objeto de estudo, Fonte Histórica. Percebe-se a
educação enquanto aspecto transformador, capaz de produzir autonomia intelectual. É a partir
da vivência do alunado, suas contribuições, saberes desses sujeitos diversos, agentes, que o
processo educativo deve se voltar. Esta visão de um sujeito sociocultural está alicerçada por
Dayrell (1999), que por sua vez aponta que os alunos possuem contribuições em relação às
temáticas escolhidas pelos professores. Mesmo em locais periféricos é possível perceber a
interação dos adolescentes e crianças com os jogos. Aos que não possuem condições
financeiras de adquiri-los, é extremamente popular as gameplays. Tais vídeos possuem
milhões de acessos. Os videogames possuem um maior custo de produção e consumo do que
as produções cinematográficas. Diante disso, qual o motivo do silêncio dos historiadores e
professores em relação à temática? Como trabalhar tais jogos sob a perspectiva de uma
análise? Os jogos foram produzidos por sujeitos inseridos no Tempo e Espaço, evocando e
narrando uma Memória (dialética da Memória e Esquecimento). O Rememorar faz com que
ocorram ressignificações em relação a um tema. Um dos grandes produtores de jogos, os
EUA emergem uma concepção de soldados enquanto salvadores, iluminados, destemidos. A
Segunda Guerra Mundial é revivida na franquia Medal of Honor através de detalhes sobre
armas utilizadas, entrevistas advindas de História Oral, imagens, entre outros. Historiadores

 
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são convidados na produção de tais obras de arte, sendo outra razão de reafirmar a análise.
Resumidamente, este trabalho visa compreender a importância de se trazer os jogos para o
ambiente escolar, partindo de uma análise nada leviana, mas embasada. Para além disso,
responde ao questionamento de diversos professores: como e por que fazer isso? Por meio da
breve análise de Medal of Honor, Grand Theft Auto San Andreas e Hatred busca-se responder
tais questionamentos.

 
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4. A escola e a formação dos valores éticos e morais de crianças e adolescentes em


situação de vulnerabilidade social: um estudo de caso

Matheus de Oliveira Guimarães


Doutorando em Educação pela PUC Minas
matheus.guimaraes@fapam.edu.br

Poliane Marta Rezende Pádua


Graduanda em Pedagogia pela FAPAM

Palavras-chave: Crianças; Escola; Professor; Valores Éticos; Valores Morais.

Este estudo, inserido nos trabalhos do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação


Contemporânea da Faculdade de Pará de Minas (GEPEC/FAPAM), propõe-se a
problematizar, a partir da análise de um contexto específico, o papel da instituição escolar na
transmissão/formação dos valores éticos e morais de crianças e adolescentes em situação de
vulnerabilidade social, apontando as possíveis contribuições do professor na construção dos
referidos valores por meio de sua influência sobre a formação global do sujeito. Analisa-se
neste trabalho a relação das ações desenvolvidas no contexto escolar, tomando-se para análise
as diretrizes, metas e estratégias do Plano Nacional de Educação (PNE, 2014) e do Plano
Municipal de Educação de Pará de Minas (PME Pará de Minas, 2015). A partir de perspectiva
durkheimiana, são investigadas diferentes conceituações de moral e ética, que apontam para o
fato de que o desenvolvimento da criança e do adolescente ocorre a partir da interiorização da
cultura presente em seu meio social. Considerando que a escola é um desses espaços e que a
mesma contribui para o desenvolvimento de múltiplos aspectos do ser humano, sobretudo por
envolver diferentes conhecimentos, valores e normas, considera-se de extrema importância a
discussão sobre como educadores podem contribuir para a formação ética e moral dos
educandos. Tem-se adotado, para consecução deste estudo, além de pesquisa bibliográfica
envolvendo as obras de Durkheim (2012), Piaget (1986), Vygotsky (1998), Wallon (1992) –
dentre outros –, pesquisa de campo envolvendo docentes e gestores de uma escola pública
municipal, sita em Pará de Minas, cuja realidade do público discente atendido poderá
contribuir para a ilustração das reflexões propostas. Os resultados parciais do trabalho
apontam para a estreita relação entre a escola e a construção dos valores éticos e morais das

 
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crianças do contexto analisado, situando o professor como importante ponte entre esses
sujeitos e a formação de seus valores.

 
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5. Exclusão e processos de aprendizagem: os impactos das experiências de contextos de


vulnerabilidade social sobre a qualidade do ato pedagógico

Matheus de Oliveira Guimarães


Doutorando em Educação pela PUC Minas
matheus.guimaraes@fapam.edu.br

Marina Taís Gabriel da Silva


Graduanda em Pedagogia pela FAPAM

Palavras-chave: Aluno; Defasagem Escolar; Escola; Vulnerabilidade Social; Processos de


Aprendizagem.

O objetivo deste trabalho, inserido no Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação


Contemporânea da Faculdade de Pará de Minas (GEPEC/FAPAM), é problematizar, a partir
de um recorte específico, os impactos das condições de abandono sofridas por crianças em
situação de vulnerabilidade social sobre os processos de aprendizagem vivenciados pelas
mesmas. Partindo do pressuposto de que o meio influencia de forma significativa a formação
e o desenvolvimento do indivíduo, esta pesquisa investiga, sem pretensões de generalização, o
resultado da defasagem escolar de sete crianças regularmente matriculadas no quarto ano do
Ensino Fundamental de uma escola pública municipal de uma cidade sita no centro-oeste
mineiro. Busca-se, com este estudo, a apresentação de reflexões que contribuam para o
desenvolvimento de ações com vistas à superação dos obstáculos de aprendizagem aos quais
as mesmas foram expostas durante o período de investigação. Como estratégia metodológica,
recorreu-se ao estudo de caso a partir da observação dessas crianças durante um período de
dez meses, entre fevereiro e novembro de 2017. As mesmas, durante o intervalo da
investigação, residiam e estudavam em bairro de baixa renda do município tomado como
locus da pesquisa. Os resultados parciais da pesquisa remetem ao entendimento de que as
trajetórias de vida dessas crianças, que experienciaram, durante o período em que foram
observadas, múltiplas formas de violência (desde situações de fome a agressões de cunho
físico, moral e psicológico), impacta de maneira inquestionável seu percurso escolar,
explicando de maneira tocante seu baixo desempenho escolar, suas posturas e seus medos e
apelos.

 
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6. O Teatro Negro e Atitude e o seu potencial educativo

Débora Maria de Souza Lana


Graduada em Pedagogia pela UEMG
debora.mlana@gmail.com

Jordânia Aparecida Machado Messias


Mestranda em Educação pela UEMG
jordaniamachado@yahoo.com.br

Palavras-chave: Teatro Negro; Educação; Cultura Afro-Brasileira; Venda Nova.

O estudo a ser apresentado faz parte do projeto de pesquisa “Memória E História


Local: A Potência Educativa Dos Inventários De Referências Culturais”, cujo
desenvolvimento contou com o apoio da Fapemig, sendo coordenado e orientado pela profa
Lana Mara de Castro Siman/UEMG, que buscou analisar a Companhia de Teatro Negro e
Atitude como referencial cultural em Venda Nova. Nesse sentido, o presente estudo visa
discutir a dimensão e o potencial educativo do teatro negro nesta região. Do ponto de vista
metodológico valemo-nos de produção acadêmica científica sobre o tema e de entrevistas com
participantes do grupo do TNA. A companhia Teatro Negro e Atitude surge em 1993,
inspirados da perspectiva do TEN (Teatro Experimental do Negro) que foi uma organização
teatral criada por Abdias do Nascimento, em 1944, no Rio de Janeiro, com a proposta de
promover o protagonismo negro e a valorização da cultura negro-africana por meio da
educação, cultura e arte. Esta organização teatral assumiu um importante papel no combate ao
racismo e à condição social da população negra daquela época, pois oferecia cursos de
formação de teatro e, ao mesmo tempo, promovia aulas de alfabetização com o anseio de
desvelar, conscientizar e combater a situação de desigualdade social que imperava na
sociedade brasileira. Assim, ideias difundidas por Abdias repercutem pelo Brasil, e em Belo
Horizonte, inspira a formação do primeiro grupo de teatro negro na cidade, o TNA. Percebe-
se que o grupo possui um vínculo com a comunidade local que é fortalecido pelo
desenvolvimento de oficinas e espetáculos que promovem a recuperação da memória, da
história, da literatura e de elementos relativos à cultura africana. Ações estas que repercutem
em afirmações identitárias, no combate ao racismo e no tratamento de questões sociais e
 
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históricas que acometem a população negra, indo ao encontro das condições da maioria da
população daquela região. Em 2009, o TNA criou o Espaço Artístico Cultural Cor(tição) que
foi reconhecido como Ponto de Cultura pelo Ministério da Cultura, visando além de
disseminar a cultura negra na localidade, fomentar e potencializar os profissionais, artistas e
grupos da região. A partir das análises, percebemos o potencial educativo da companhia e do
teatro negro como aliados de uma educação intercultural crítica e emancipadora na região de
Venda Nova, localidade que possui uma história rica e dinamicamente articulada à história de
Belo Horizonte e do país, vivida por sujeitos engajados em lutas reivindicatórias, marcadas
por um forte protagonismo.

 
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7. Livros de Psicologia recomendados para a formação de professores na reforma


educacional Francisco Campos - Mário Casassanta (1927)

Luã Augusto da Silva Lança


Mestre pela UFMG
lua_lanca@yahoo.com.br

Palavras-chave: História da Psicologia Escolar/Educacional; História da Ciência; Formação


de Professores.

A segunda década do século XX conta com uma interessante produção de livros


voltados para a Educação e formação docente. Trata-se de um momento em que a Psicologia
será apontada como uma das principais ciências capazes de contribuir para o melhoramento
dos conhecimentos educacionais. Assim, analisar a indicação de livros de Psicologia para a
formação de professores contribui para a compreensão dos processos de desenvolvimento da
Educação e Psicologia como campos de produção científica. Esta pesquisa analisou o
conjunto de referências bibliográficas indicado na reforma educacional conhecida como
Reforma Francisco Campos-Mário Casasanta em Minas Gerais no ano de 1927, para a
formação de professores na disciplina de Psicologia do segundo ano do curso de Adaptação
da Escola Normal de Belo Horizonte. Reforma esta que teve grande impacto na educação
latino-americana neste período. Assim, identificamos quais eram as referências bibliográficas
de Psicologia indicadas pela lei da reforma para a formação de professores nas escolas
normais; analisando, por meio destas referências, que saberes de Psicologia foram propostos
para a formação dos professores mineiros, compreendendo de que modo o Estado mineiro
adotou estas referências como uma estratégia indispensável para a formação dos professores
no âmbito da Reforma. Por meio de um estudo historiográfico, analisou-se como fontes
documentais, o texto do decreto/lei nº 8225 de 1928 que orienta os programas de ensino do
curso normal no Estado mineiro, elaborado a partir da reforma educacional de 1927, texto que
indica a lista dos livros/referências bibliográficas a serem adotados na disciplina de
Psicologia, dos quais analisamos seu sumário com o propósito de verificar que saberes
deveriam vigorar no âmbito da reforma e se apresentar como auxiliares para a Educação. E
em conjunto, analisou-se a Revista do Ensino de Minas Gerais, especificamente os textos que

 
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trabalham temas relacionados à Psicologia da época; verificando um panorama conjuntural de
como esta ciência foi se tornando parte do cotidiano dos agentes educacionais mineiros.
Utilizou-se como suporte teórico para a realização da análise, os conceitos de "estratégia" de
Michel de Certeau e de "coletivo de pensamento" e "estilo de pensamento" de Ludwik Fleck;
buscando compreender quais foram os grupos envolvidos no processo de seleção das
referências bibliográficas. Concluindo assim, que o governo mineiro por meio dos livros e
saberes da Psicologia, voltado para a formação de professores realiza uma estratégia política
visando escolher uma orientação psicológica para a educação no Estado; afirmando-se os
conhecimentos do Instituto Jean-Jacques Rousseau por meio de Helena Antipoff.

 
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8. Teatro Legislativo: formação educacional e política a partir de uma experiência sócio


cultural e polarização política brasileira do século XXI

Carolina Montuan
Graduanda pela PUC Minas
carolinamontuan@gmail.com

Emília Maria de Oliveira


Graduanda pela PUC Minas

Palavras-chave: Teatro Legislativo; Política; Educação.

O Teatro Legislativo teve a sua gênese pautada sobre o viés político educacional. A
democratização da arte que visava a participatividade das camadas sociais marginalizadas
propiciou, no que tange o indivíduo enquanto principal agente da sua condição histórica,
conscientização e reflexão crítica acerca dos problemas populares. Durante o seu mandato
como vereador, Augusto Boal, em conjunto com as comunidades locais, conseguiu
desenvolver projetos de leis que abarcaram as demandas sociais. Nessa perspectiva do Teatro
Legislativo como ferramenta de mudança social, o trabalho busca desvelar os impactos
resultantes dessa formação cultural e política no período em que o projeto foi originado.
Atrelado a essa análise será feita, com finalidade reflexiva, uma correlação dessas questões
supracitadas com as tensões que assolam a conjuntura política do século XXI de forma que a
proposta intervencionista do teatro seja a principal mediadora de conflitos.

 
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9. O falso herói em Assassins Creed

Gabriel Ermano Silva Neves


Graduando pela PUC Minas
historiadoneves@hotmail.com

Palavras-chave: Herói; Minorias; Representatividade; Games; Didática.

Assassins Creed é uma franquia de games produzidos e distribuídos pelas empresas


Ubisoft que conta com mais de 20 jogos em seu plantel. A trama da saga é baseada em
conflitos conspiratórios entre Assassinos e Templários em diversos momentos da história. Os
games se apropriam de forma inteligente — tendo em vista a grande quantidade de
historiadores que trabalham nas narrativas — de variados personagens e eventos históricos,
como é o caso de Leonardo da Vinci (Assassins Creed II) e o Massacre de Boston (Assassins
Creed III). Além disto, os jogos apresentam através de seus protagonistas representações de
minorias: um indígena, uma mulher e um escravo fugido, que foram recortados para este
trabalho. Trabalhando com a concepção de Herói desenvolvido por Christopher Vogler em
seu ensaio A Jornada do Escritor, o conceito de “ego” desenvolvido por Sigmund Freud e a
noção de Minorias defendia por Hannah Arendt, questiono a representatividade dos
protagonistas de Assassins Creed: III, Liberation e Freedom, julgando-os, posteriormente,
como falsos heróis. O game tem se tornado uma febre entre os professores como uma
ferramenta didática, contudo, ele tem sido usado de forma consciente ou apenas reproduzido
em sala de aula? O objetivo deste trabalho é problematizar a utilização do game enquanto um
aparelho didático, buscando melhores alternativas para sua utilização dentro e fora da sala de
aula.

 
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10. Políticas de Educação Inclusiva

Gisele Guimarães de Oliveira


Mestranda em Educação pela PUC Minas
professoragiseleguima@gmail.com

Palavras-chave: Inclusão; Sociedade; Direitos; Educação; Estado de Direito.

Os sujeitos com deficiência, nomenclatura utilizada no momento atual pela legislação


nacional e internacional, são aqueles que têm impedimentos de longo prazo, de natureza
física, mental, intelectual ou sensorial. Eles sempre existirão e existiram nas sociedades, e em
seu percurso histórico de luta política e social encontra-se uma trajetória pautada por avanços
e retrocessos, pois ao longo dos tempos, os paradigmas em torno destes sujeitos foram da total
exclusão, segregação institucional, integração até chegarmos à última etapa ao qual estamos
inseridos, denominada de inclusão. Este novo paradigma inclusivo é um avanço e passou a ser
embasado por Declarações e Tratados Internacionais em que o Brasil tornou-se signatário, o
qual, para efetivá-los foram criadas, leis para garanti-los, a exemplo, a Constituição de 1988, a
LDB 9394/96, documentos normativos e o último ordenamento jurídico que envolveu
plenamente a visão dos direitos humanos foi a instituição da Lei nº 13.146/2015, intitulada
“Lei Brasileira de inclusão da Pessoa com Deficiência”.
A apropriação do paradigma inclusivo requer a formação de uma consciência cidadã
com o objetivo de eliminar as barreiras, sejam de acessibilidade, de comunicação,
tecnológica, educacional e do mundo do trabalho como também recursos financeiros. Neste
cenário inclusivo, a escola como um dos locais responsáveis pela educação, torna-se peça
fundamental para a construção de uma sociedade inclusiva, mas cabe ressaltar que este
processo de conscientização e educação perpassa por outras esferas da sociedade, uma vez
que a educação é direito e dever do Estado, da Família, da Sociedade e do Indivíduo.
Desse modo faz-se necessário fazer uma retomada histórica dos documentos, das leis
que orientam as políticas educacionais na área da Educação Inclusiva e como estes tem
contribuído para a transformação efetiva da sociedade como um todo e em especial das
escolas de educação básica, conhecidas hoje em dia como regulares, onde estes sujeitos, agora
reconhecidos como seres humanos, chegaram.

 
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O Estado de Direito permitiu o avanço do ideal de justiça, pois a sua principal
característica é o individuo, palavra que implica aquilo que não é dividido, onde os sujeitos
são únicos e têm direito a tudo, sem distinções em relação a outros grupos sociais
(BOBBIO,1992). Em contrapartida, as diretrizes para a ampliação deste Estado de Direito
estão de acordo com o modelo econômico e político adotado pelos governos, o qual, muitas
vezes, o direito é garantido por lei, como também o país é signatário das convenções e direitos
internacionais, mas essa constitucionalização e reconhecimentos, não constituem em princípio
a eficácia e a execução destes. (SARLET, 2001, p.38).
Em vista dos aspectos abordados, este resumo tem como objetivo apresentar os
avanços em torno da educação inclusiva, elucidando o papel do Estado, da sociedade e da
escola para a efetivação desta como também os retrocessos gerados muitas vezes pelas
barreiras impostas pelo capital. Para a realização deste foram consultados documentos
normativos como também autores como Bobbio (1992), Cury (2016), Souza (2014), Mazzota
(2005), Mantoan (2013) dentre outros.

 
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11. Sistema de cotas e os desafios de permanência: uma análise da Lei 12.711 de 29 de


agosto de 2012

Hosana Helena Peregrino


Mestranda pela UEMG
hosanahelena@bol.com.br

Palavras-chave: Ação afirmativa; Acesso; Dualismo; Permanência.

Este artigo retrata a possibilidade de acesso à educação superior e tecnológica pela


implantação da Lei 12.711, de 29 de agosto de 2012, nas universidades e instituições federais
e as dificuldades relacionadas à permanência do aluno cotista. Tem como objetivo demonstrar
que o acesso da minoria não é suficiente para garantir o direito à educação e que a
continuidade dos estudos depende de políticas de ação afirmativa seja socioeconômica,
pedagógica, de extensão ou de incentivo à pesquisa. A Lei 12.711/12, conhecida também
como Lei de Cotas, dispõe sobre o ingresso nas universidades federais e nas instituições
federais de ensino técnico de nível médio e superior. Conforme a Lei, as vagas serão
preenchidas, por curso e turno, por oriundos de escola pública; com renda igual ou inferior a
1,5 salários-mínimos per capita; autodeclarados pretos, pardos, indígenas e por pessoas com
deficiência em proporção ao total de vagas. A competição para uma vaga federal continua,
mas agora com igualdade entre as raças e as classes sociais. Mas será que o problema entre as
desigualdades raciais e socioeconômicas está resolvido? O que as instituições e universidades
federais propuseram para a permanência dos alunos cotistas nas salas de aula? Conclui-se que
os programas de assistência socioeconômica e de incentivo à pesquisa e extensão podem
propiciar a permanência do cotista nos estudos e as estratégias pedagógicas podem se
constituir em fator determinante na redução dos números de evasão, pois com estudos
investigativos e orientações educacionais pontuais poderiam conquistar a redução nas
estatísticas de abandono, contribuindo assim, para que o discente cotista cumprisse com êxito
os componentes curriculares obrigatórios.

 
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12. O Professor Coordenador Pedagógico como articulador da gestão democrática na


Rede Municipal de Belo Horizonte

Maria Aparecida Rodrigues da Rocha


Mestranda pela UEMG
mariaparecida2004@yahoo.com.br

Palavras-chave: Gestão democrática; Gestão escolar; Professor Coordenador Pedagógico.

O presente trabalho apresenta resultados parciais de uma dissertação de Mestrado em


desenvolvimento no Programa de Pós-Graduação em Educação e Formação Humana da
Faculdade de Educação da Universidade do Estado de Minas Gerais. A pesquisa tem como
objetivo geral investigar a atuação do professor como Coordenador pedagógico na Rede
Municipal de Ensino de Belo Horizonte no contexto da gestão democrática. A instituição do
princípio da gestão democrática do ensino público demandou das escolas da rede pública de
ensino a necessidade de pensar instrumentos que proporcionassem uma maior participação da
comunidade na gestão escolar, bem como uma estrutura que tivesse como base o trabalho
coletivo. Dessa forma, as atribuições dos docentes extrapolam o ambiente da sala de aula,
levando-os a assumir funções antes destinadas à gestão da escola. É nesse contexto de
mudanças de concepções em torno da gestão escolar que se cria a função de Professor
coordenador pedagógico na Rede Municipal de Belo Horizonte. Para a realização da pesquisa
foi utilizada a abordagem qualitativa e como técnica de coleta de dados a observação
participante e a entrevista semiestruturada. A pesquisa organizou-se em duas etapas. Na
primeira etapa, foi realizado um estudo de aprofundamento da temática objetivando a melhor
compreensão e delimitação do objeto de estudo. Nessa etapa, foi realizada também uma
análise documental que teve como fontes as leis, os decretos e as portarias relativas à política
educacional de Belo Horizonte. A segunda etapa da pesquisa consistiu na coleta e análise de
dados, compondo-se de duas fases: a escolha das escolas e entrevistas com os PCP. Foram
escolhidas inicialmente seis escolas da RME-BH, usando como critério de seleção o cálculo
do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) nos anos finais do ensino
fundamental. Foram selecionadas incialmente 03 escolas com maior IDEB e as três escolas
com menor IDEB. Como sujeitos da pesquisa foram escolhidos 6 PCP que atuavam nessas

 
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instituições. Os resultados apontam que embora a gestão escolar democrática tenha avançado
em muitos aspectos há ainda muitos fatores que emperram a construção efetiva desse
processo. Percebe-se que o PCP tem dificuldades para articular a realização do trabalho
coletivo dentro da escola, sendo que a participação dos alunos, dos pais e até mesmo dos
docentes nas decisões escolares ainda mostra-se deficitária em função de vários fatores.

 
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13. Um estudo sobre a inserção indígena na escola

Pedro Luiz Teixeira de Sena


Graduando pela PUC Minas
pedroteix99@hotmail.com

Palavras-chave: Indígena; Educação; Inclusão.

O Brasil é o país da mestiçagem e mesmo assim, marcado pela falta de alteridade.


Embora a maioria da população seja mestiça, são considerados minorias políticas aqueles que
fogem do padrão social e econômico da sociedade, o que faz com que enfrentem diversos
desafios de afirmação e logo, não se sentem parte de uma sociedade, pela falta de
representatividade estabelecida. O trabalho consiste em analisar os principais desafios
enfrentados pela população indígena/nativa ao começar a frequentar as escolas brasileiras
visto que é notável que a população indígena vive em uma cultura e também em tempos
totalmente diferentes dos nossos e que quando se inserem em locais como a escola são
vitimas de preconceitos e acabam sendo excluídas do meio social. Buscamos também
entender como é trabalhado a lei 11.645 que torna obrigatório o ensino da cultura indígena na
escola e também outras politicas que promovam a inclusão dos povos nativos, a diversidade e
que acabem com a discriminação visto que a escola é um local onde deve ser trabalhado as
mais diversas culturas. Analisar também como a escola contribui para acabar com estereótipos
como por exemplo o de “falso indígena”, que diminui esses povos por acharem que as
culturas são estáticas e não mudam e também com a ideia de “índio genérico” afinal sabe-se
que apesar de semelhanças cada tribo indígena possui suas peculiaridades e especificidades.

 
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14. Cidades, Patrimônio e formação humana: refletindo criticamente sobre educação

Francilene Ramos Lourenço Soares


Especialista pela UEMG
franrls@yahoo.com.br

Palavras-chave: Formação Humana; Educação Patrimonial; Patrimônio Cultura.

A formação humana é devera uma necessidade em tempos de comunicação líquida.


Com as Revoluções das Tecnologias da Informação e das Comunicações no pós Segunda
Guerra mundial, a sociedade sofreu diversas modificações quanto à sua estrutura política,
econômica e social. A partir dessas transformações estruturais e sociais, propomos pensar
sobre o lugar que ocupa o passado neste contexto, e sobre sua importância e reflexo na
formação humana dos sujeitos no tempo presente. Falar do homem e das suas relações sociais
no tempo e no espaço é de fato uma tarefa complexa. Refletir sobre tal fenômeno exige que
nos debrucemos sobre a História em diferentes momentos, para compreendermos como se
constituem as forças originárias dos embates da memória. Quando pensamos nas trajetórias
dos homens com o passado, estamos tecendo provocações e inquietações sobre a construção
de identidades e memórias sociais que se forjaram através dos tempos, tendo como
testemunha e herança o que hoje convencionamos denominar de Patrimônio Cultural.
Permeado pela modernidade, o patrimônio precisa vencer os desgastes do tempo, da memória
e da depredação. Sob tal necessidade, ele pode contribuir para a formação humana através da
Educação Patrimonial. Sendo um campo de estudos recentes, a Educação Patrimonial
constitui-se como uma importante temática para ser trabalhada com os alunos não só na sala
de aula, mas principalmente fora dela. Algumas pesquisas têm demonstrado que as ações
voltadas para a Educação Patrimonial em algumas cidades brasileiras colaboram para que a
comunidade conheça o Patrimônio Cultural e desenvolva uma consciência do ato de
preservar, pois é na relação com a cidade que o homem deixa suas marcas no tempo, através
dos documentos-monumentos. Elencadas essas ideias, propõe discutir sobre: a formação
humana em tempos de comunicação líquida e globalização; as batalhas de memória e sua
relação com o Patrimônio Cultural; o homem e a cidade; a importância da Educação
Patrimonial para a formação humana e a preservação do Patrimônio Cultural. Em tempos de

 
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globalização, sociedade do conhecimento e neoliberalismo, falar de educação e formação
humana parece relativamente algo fora de contexto. O Estado, assume nesse cenário, uma
função mínima, onde sua visibilidade e suas ações são engessadas e ditadas pelo capitalismo e
por seus desdobramentos no campo político, social e econômico. A “sociedade em rede”,
constituída pelas transformações da Revolução das Tecnologias da Informação e da
Comunicação no pós Segunda Guerra Mundial, agora assume uma nova economia,
denominada por Castells (1999), de global. “ Uma das transformações mais frequentemente
associadas à globalização é a compressão tempo-espaço, ou seja, o processo social pelo qual
os fenômenos se aceleram e se difundem pelo globo” (SANTOS,2001). Essa nova estrutura
social, política e econômica vem modificando tanto o habitus econômico, como político e
social. Na visão de Zygmunty Bauman (2015), estamos vivendo uma vida fragmentada,
marcada pelos modismos de época e por uma cultura agorista . As mudanças na comunicação,
a mercadorização dos modos de vida, o consumindo exacerbado estão levando a humanidade
para um caminho aonde a formação humana não tem valor. “Kant afirma que "o homem não
pode se tornar homem senão pela educação", pois a formação humana resulta de um ato
intencional, que transforma a criatura biológica em um novo ser, um ser de cultura. Esse ato
denomina-se Educação. ” (Kant apud RODIGUES,2001). Sobre as relações sociais que se dão
nesse cenário de um tempo e um espaço fragmentado, Bauman (2015) traz o termo
“comunicação líquida”. Esse conceito traduz bem os modos de vida que estamos sujeitos e
somos sujeitos. Ele também define essa modernidade, como “modernidade líquida”. Esse
adjetivo - líquida - que o filósofo atribui à comunicação e à modernidade nos leva a repensar a
instabilidade, as incertezas de nosso tempo, que agora se estrutura em fragmentos.
“Fragmentos são período de tempo com um começo e um fim, de modo que um fragmento
pode ser separado do outro” (BAUMAN,2015). Em tempos de “comunicação líquida” e
globalização, qual a importância da formação humana? Como podemos levantar essa bandeira
em um cenário que não é mais preciso estudar; expandir-se; basta comprar o produto certo
(BAUMAN,2015). Essa é uma questão complexa, pois tangencia as dificuldades da educação
em proporcionar uma formação sólida e crítica nesse contexto. A educação não poderá mais
ser vista como processo mecânico de desenvolvimento de potencialidades, ela precisa ser
processo de construção, uma prática mediante a qual os homens estão se construindo ao longo
do tempo. (SEVERINO,2000).

 
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15. Políticas Públicas para a Educação Profissional: desafios históricos

Juliana de Souza Soares


Mestre em Educação pela PUC Minas
jusouzahist@gmail.com

Palavras-chave: Políticas Públicas; Educação Profissional; Educação Integrada; Mundo do


Trabalho.

A Educação Profissional no Brasil se caracterizou, ao longo da história, por promover


a capacitação das camadas marginalizadas social e economicamente que, via de regra,
adentram o mercado de trabalho no setor fabril, embora, na atualidade, o setor terciário
adquire relevância, assim como as atividades terceirizadas e precarizadas, do ponto de vista
dos direitos trabalhistas efetivados. Essa situação se distancia de propostas educacionais
desenvolvidas e ofertadas para as camadas sociais privilegiadas economicamente, que buscam
uma inserção profissional voltada para a ocupação de cargos e/ou postos de trabalho
geralmente mais complexos e sofisticados, que garantem altos níveis de remuneração. Neste
trabalho serão problematizadas Políticas Públicas empreendidas pelo Governo Federal,
relacionadas à formação profissional e técnica no País, a partir dos respectivos marcos
temporais e regulatórios: a) o Governo Militar e a profissionalização compulsória em que as
diretrizes educacionais visavam o crescimento econômico e a ligação da educação com o setor
produtivo, resgatando a Teoria do Capital Humano e priorizando a Teoria Tecnicista como
instrumentos de propagação ideológica do Estado Ditatorial; b) o Governo Fernando Henrique
Cardoso e a veiculação da LDB de 1996 marcados por políticas subsidiadas pela doutrina
neoliberal, elaboradas pelos organismos internacionais, que se traduziram em um conjunto de
reformas visando, sobretudo, tornar o Brasil econômica e politicamente seguro, de forma a
possibilitar investimentos e entrada do capital estrangeiro; e, c) o Governo Luís Inácio Lula da
Silva com a promulgação do Decreto 5.154/2004. O resultado das eleições ocorridas no ano
de 2002, que elegeram o Presidente Luís Inácio Lula da Silva, trouxe expectativas de
mudanças estruturais, no âmbito da sociedade brasileira. No que tange em especial às
Políticas para a Educação Profissional, Ciavatta; Frigotto; Ramos (2005) avaliam que elas
foram “pautadas por percurso controvertido entre as lutas da sociedade, as propostas de

 
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Governo e as ações e omissões no exercício do poder” (CIAVATTA; FRIGOTTO; RAMOS,
2005, p.1088), sobretudo ao não promover a integração do ensino profissional.

 
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16. Ensino e representação cultural das Civilizações Pré-Colombianas nos livros


didáticos

Rafael dos Santos Vieira


Graduando em História pela PUC Minas
srafael730@gmail.com

Palavras-chave: Cultura; Representação; Livro Didático.

Mediante a problemática de como a cultura das civilizações pré-colombianas estão


sendo trabalhada na atualidade nos espaços curriculares, em especial nos livros didáticos, foi
elaborado o referente projeto de pesquisa para submissão ao Programa de Bolsas de Iniciação
Científica – PROBIC / PUC Minas (1º / 2019), com orientação da Drª Jacyra Antunes
Parreiras e a Mestre Juliana de Souza Soares.
A escolha do livro didático como principal fonte de investigação para a pesquisa em
questão, se justifica pela compreensão deste ser “veículo de um sistema de valores, e
ideologias, de uma cultura de determinada época de determinada sociedade.”
(BITTENCOURT, 2008), sendo que, uma das hipóteses apresentadas no projeto de pesquisa,
é os motivos que levaram os brasileiros e demais civilizações da América do Sul, a deter uma
identidade europeia, perante a negação da existência dos povos pré-colombianos, em especial,
aos estudos históricos acadêmicos, que são geralmente generalistas, e revisionistas, que pouca
problematiza as especificidades regionais na discussão de pertencimento e identidade latino-
americana, bem como a forma reducionista em que os conteúdos, presentes nos livros
didáticos de História, discorrem sobre as civilizações presentes na Mesoamérica e América
Andina, anterior a chegada dos espanhóis, com análises e leituras etnocêntricas. (SANTOS,
2014; BITTENCOURT, 2005).
No âmbito educacional, em especial, os documentos normativos, destaca-se a Base
Nacional Curricular Comum (BNCC), documento que restringe o ensino nos espaços
escolares a conteúdos que politicamente são viáveis na formação de um cidadão, retirando o
foco da aprendizagem, de um aspecto cultural, que além de fomentar a formação cidadã de
cada educando, ampliaria a reflexão que o mesmo possa obter em relação há uma determinada
cultura, eliminando os ditos “preconceitos”, que as relações sociais, formam ao longo do

 
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tempo histórico, e o Programa Nacional de Livro Didático, que em sua distribuição, torna-se
visível uma desigualdade, com base na territorialidade.
Cabe ressaltar que, retratar sobre História e Cultura Indígena nos espaços escolares,
não é simplesmente transmitir um conteúdo por intermédio dos livros didáticos, é desconstruir
estereótipos, mencionando suas origens culturais, e refletir sobre as suas contribuições para a
História do Brasil, no âmbito social, econômico e político.

 
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SIMPÓSIO TEMÁTICO – ESPORTE E POLÍTICA  
 

Coordenação

Marcus Vinícius Costa Lage


Doutorando em História pela UFMG
mvclage@gmail.com

Vinicius Garzon Tonet


Mestrando em História pela UFMG
vgtonet@gmail.com

Comunicações

1. CARVALHO, Calebe Ericksson de; AZEVEDO, Vitor Paulo. A revolução de Ali.

2. COELHO, Lucas Barcelos de Assunção. Os ditadores querem a Copa.

3. CONCEIÇÃO, Erilma Desiree da Silva. Memória do futebol no Brasil – Escritas da vida


de ex-jogadores negros brasileiros.

4. CORRADI, Gabriela Fischer Fernandes. A Escola de Educação Física: interferência da


Ditadura Militar na UFMG (1969-78).

5. COSTA, Thiago Carlos. Heleno de Freitas, anjo e demônio? Representações ambivalentes


na literatura e no cinema.

6. FANTINI, Petra Faria. Boleiras: a mulher no futebol mineiro.

7. FERNANDES, Ana Karolina Amorim. Gênero em campo: a proibição das mulheres no


esporte a partir da criação do Conselho Nacional de Desportos em 1941.

8. GUIMARÃES, Gustavo Cerqueira. Narrativas e formas de torcer no curta-metragem


"Lançou a palavra: São Victor do Horto opera milagre em Assunção".

9. LAGE, Marcus Vinícius Costa. A disputa pelo “Nacional” nas páginas de América – o
“deca-campeão”.

10. LEMOS, Renata. O investimento municipal no futebol de Belo Horizonte entre 1904 e
1930.

11. MARCOLAN, Letícia Costa. Os novos estádios shoppings na perspectiva do público


frequentador e dos modos de torcer.

 
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12. MOURA, André Bueno Corrêa; MOURA, Gustavo Bueno Corrêa. O lastro jurídico
como efeito das relações entre futebol e política.

13. OLIVEIRA, Pedro Henrique de Lima. A ditadura militar e sua relação com a Copa do
Mundo de 1970: um relato de experiência.

14. PEREIRA, Juliana da Silva. Futebol e imigração em Belo Horizonte na primeira metade
do século XX: o Palestra Itália como prática política dos imigrantes na cidade.

15. TONET, Vinicius Garzon. Lima Barreto e a exclusão do negro no futebol: o caso
"macaquitos".

 
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Resumo das Comunicações do ST – Esporte e Política


 
1. A revolução de Ali

Calebe Ericksson de Carvalho


Graduando em História pela PUC Minas
calebeerickson@gmail.com

Vitor Paulo Azevedo


Graduando em História pela PUC Minas
vitorpauloazevedoaraujo@hotmail.com

Palavras-chave: Revolução Americana; Luta por Direitos Civis; Muhammad Ali.

Hannah Arendt apresenta a independência dos Estados unidos como a primeira


revolução moderna não pautada em questões sociais, mas sim em um ideal abstrato de
liberdade. Ao fazer isto ela ignora a situação de determinados seguimentos sociais que
continuaram sendo relegados a posições subalternas da sociedade, diretamente, como no caso
dos escravos e indiretamente, como no caso das mulheres e dos trabalhadores que constituíam
a classe mais baixa da população. Este trabalho pretende situar historicamente a luta dos
negros pelos seus direitos, em oposição à teoria de Arendt, bem como separar as duas
principais formas de organização em que essas lutas eram travadas: a forma pacífica e a forma
violenta. E situar no campo da segunda o exemplo de Muhammad ali como a negação dos três
símbolos da comunidade imaginada dos Estados Unidos: nacionalismo, liberdade e religião.
Ressaltando aspectos internos que o caracterizam como um outsider na sociedade americana.

 
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2. Os ditadores querem a Copa

Lucas Barcelos de Assunção Coelho


Graduando pela PUC Minas
lbarcelosc@gmail.com

Palavras-chave: Argentina; Ditadura; Futebol; Copa do Mundo.

Durante a segunda metade do século XX, diversos países da América do Sul viveram
períodos políticos dramáticos e parecidos, com Ditaduras (Civil) Militares financiadas pelos
Estados Unidos da América e apoiadas no medo do Comunismo, muito presente neste período
de Guerra Fria. As Ditaduras mais conhecidas foram instaladas na Argentina, Bolívia, Brasil,
Chile, Paraguai, Uruguai (países que compuseram a aliança conhecida como “Operação
Condor”). Esses regimes de exceção, que foram derrotados nas décadas de 1980 e 1990,
tiveram como maior similitude a repressão contra grupos que lutavam pelo retorno da
Democracia.
A Argentina, país da América do Sul que teve maior número de mortos e
desaparecidos durante a Ditadura, contou com um dos eventos mais democráticos do planeta
durante o governo ditatorial, a Copa do Mundo de 1978, da qual se sagrou campeã. A ideia
dos ditadores ao levar a Copa do Mundo para a Argentina era justamente mascarar, tanto para
a comunidade internacional como para o povo argentino, os horrores que aconteciam no país.
Com diversas polêmicas envolvendo a escolha do país como sede para o evento,
envolvendo o então presidente da FIFA, o brasileiro João Havelange, que também se
envolveu politicamente com as Ditaduras brasileiras e argentinas, a Copa do Mundo de 1978 é
a mais contestada de todas, sendo base para pesquisas até hoje, mostrando como de fato as
festas durante os jogos mascararam as torturas e mortes que ocorriam a menos de 1
quilômetro de alguns estádios.
Este trabalho mostrará como a Copa do Mundo de 1978 na Argentina é algo intrínseco
ao momento político vivido na época no país, e como o futebol pode também ser usado como
propaganda política, de acordo com o viés daqueles que estão no poder, por meio de relatos
de jogadores, dos ditadores e também de pessoas que sofreram nas mãos desse governo
autoritário.

 
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3. Memória do futebol no Brasil – Escritas da vida de ex-jogadores negros brasileiros

Erilma Desiree da Silva Conceição


Graduanda em Letras pela UFMG
erilmadesiree@gmail.com

Palavras-chave: Futebol; Memória; Política; Biografia.

O trabalho tem o intento de apresentar a relação entre memória e futebol, nas escritas
da vida de ex-jogadores negros brasileiros. Em termos específicos, buscamos (1) analisar o
discurso memorialista formado a partir de obras biográficas sobre ex-jogadores negros; (2)
estudar as especificidades sociais e políticas apresentadas nas obras. Analisando as seguintes
biografias: Friedenreich: a saga de um craque nos primeiros tempos do futebol brasileiro
(2012), de Luiz Carlos Duarte, Estrela solitária: um brasileiro chamado Garrincha (1995), de
Ruy Castro e Ronaldo: glória e drama no futebol globalizado (2002), de Jorge Caldeira. A
biografia é um gênero conflituoso, pois se encontra na fronteira da pretensão de representar o
real vivido e da reconstrução fictícia de um passado perdido. Segundo o historiador e filósofo
francês François Dosse, “[g]ênero híbrido, a biografia se situa em tensão constante entre a
vontade de reproduzir um vivido real do passado, segundo as regras da mimesis, e o polo
imaginativo do biógrafo que deve refazer um universo perdido segundo sua intuição e talento
criados” (DOSSE, 2009, p. 55). A ideia seria, pois, a de um biógrafo romancista, que não se
ocupa de fatos infrutuosos, distinguindo e valorizando os fatos significativos, combinando
bem o real e o imaginário em suas produções.

 
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4. A Escola de Educação Física: interferência da Ditadura Militar na UFMG (1969-78)

Gabriela Fischer Fernandes Corradi


Mestranda em História pela UFMG
gabifischer86@gmail.com

Palavras-chave: História da Educação Física; Culturas Políticas; História das Universidade;


Educação; Ditadura Militar Brasileira.

A UFMG, uma das mais tradicionais instituições de ensino superior do nosso


país, defende uma memória de resistência em relação à Ditadura Militar Brasileira. Mas, em
um regime ditatorial, resistir nem sempre é uma opção. Um bom indicativo da
impossibilidade de a UFMG ter sido resistente a toda investida do governo militar é a
federalização da Escola de Educação Física de Minas Gerais, objeto principal de investigação
desta pesquisa. Assim, o trabalho que aqui apresento, decorrente da minha pesquisa de
mestrado – em andamento no PPG História da UFMG Linha de Pesquisa História e Culturas
Políticas – tem como tema central a investigação das relações estabelecidas entre a UFMG e o
governo militar, através da presença da Escola de Educação Física nesta universidade, a partir
da sua federalização, pelo Decreto-lei 977, 21 de outubro de 1969. A Escola de Educação
Física teria sido uma unidade de grande importância para o regime dentro da UFMG, e sua
presença na universidade teria ferido a autonomia que a UFMG sempre pregou ter exercido
sobre o governo militar. A EEF, que era composta por um grande número de professores
militares, desenvolveu projetos para o governo militar dentro da universidade e teve professor
ocupando cargo no MEC, órgão com qual a EEF mantinha intenso diálogo e do qual a UFMG
não queria nenhum tipo de interferência. Além disso, a EEF ainda passaria a coordenar as
aulas de Educação Física de todos os cursos da UFMG, podendo ser mais um par de olhos
dentro da universidade a serviço da ditadura. A UFMG tentou impedir que a nova unidade
funcionasse devidamente, impedindo que a escola tivesse professores titulares e uma
Congregação, isso sem uma resistência frontal, mas em uma tentativa de colocar a EEF em
um jogo de acomodação (MOTTA, As Universidades e o Regime Militar Brasileiro, 2014),
conseguindo atrasar a implantação dos projetos do governo para a escola, mas não
conseguindo impedir que fossem realizados. Para além da proposta do projeto de mestrado, a

 
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pesquisa já vem se desdobrando em investigações mais profundas sobre a relação das próprias
forças armadas com a disciplina Educação Física, que pode ser um ponto central de uma
“cultura política militar”, especialmente nos períodos em que o Brasil esteve sob governos
ditatoriais – Estado Novo e Ditadura Militar. Investigar e questionar essas memórias oficiais
tem fundamental importância para a compreensão da nossa própria disciplina – a História.

 
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5. Heleno de Freitas, anjo e demônio? Representações ambivalentes na literatura e no


cinema

Thiago Carlos Costa


Doutorando em Lazer pela UFMG
thiagoc_costa@yahoo.com.br

Palavras-chave: Heleno de Freitas; Literatura; Biografia; Memória; Futebol.

Esta comunicação apresentará algumas produções literárias e cinematográficas


produzidas sobre o jogador de futebol, Heleno de Freitas. Heleno marcou época no futebol
brasileiro e sul-americano dos anos de 1930 e 40, acumulando gols e problemas nas mesmas
proporções. Dono de um talento raro no futebol, e também afeito a vida boêmia, Heleno se
destacou como grande centroavante do Botafogo, Boca Juniors, Junior Barranquilla e da
Seleção Brasileira, mas sua trajetória promissora foi marcada polêmicas e problemas, dentro e
fora dos gramados. Assim, a trajetória de Heleno se tornou uma instigante fonte para
representações na literatura e no cinema. Aqui neste trabalho apresentaremos produções de
construções biográficas de Heleno de Freitas por textos de autores sul-americanos como,
Eduardo Galeano, Gabriel Garcia Marquez, Armando Nogueira, João Máximo, Marcos
Eduardo Neves e no cinema no filme do diretor José Henrique Fonseca. A proposta inicial é
apresentar estas produções literárias e audiovisuais como a construção de um arquivo
biográfico da memória de Heleno de Freitas, e analisar as representações ambivalentes em
torno de sua trajetória, e como sua vida foi, e, é editada, relacionando memória e ficção.

 
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6. Boleiras: a mulher no futebol mineiro

Petra Faria Fantini


Graduada em Comunicação Social pela UFMG
petrafantini@gmail.com

Palavras-chave: Mulher; Futebol; Torcida; Gênero; Esporte.

O projeto “Boleiras” tem como proposta investigar a realidade de mulheres que atuam
no futebol no estado de Minas Gerais, ajudando a quebrar preconceitos e a mostrar o espaço
que vem sendo conquistado por elas, de modo a motivar cada vez mais mulheres a se sentirem
confortáveis para adentrar esse universo. Assim, gênero é uma categoria analítica válida para
se analisar o futebol e sua inserção na sociedade na medida em que configura uma rede de
disputa de poder. Para além de uma investigação de dados, primordial ao desenvolvimento de
qualquer apuração, o “Boleiras” quis saber diretamente das mulheres do ramo como se dá sua
participação nele, e, dos homens, como enxergam a sua presença e como atuam na
manutenção desse acesso de mulheres ao universo do futebol. Onde estão as torcedoras? O
futebol feminino tem estrutura e apoio adequados? Existe equipe técnica formada por
mulheres, seja enquanto árbitras, treinadoras ou preparadoras físicas? Na cobertura midiática
dos jogos, com as jornalistas esportivas se posicionam? Elas estão em posição de igualdade
ou sequer são vistas ou ouvidas na locução? No esporte, as diferenças entre homens e
mulheres são justificadas biologicamente, de maneira essencialista, segundo aponta Silvana
Vilodre Goellner em seus artigos sobre mulheres no futebol (2007) e no esporte (2005). Um
dos gêneros é visto como frágil e delicado, enquanto o outro possui a predisposição para a
violência e a aventura. Portanto, apenas um pode competir livremente, enquanto o corpo do
outro, o da mulher, é visto como limitador dessas práticas. Na trajetória histórica do esporte as
mulheres conquistaram maior espaço a partir do início do século XX, quando da participação
do sexo feminino na segunda edição dos Jogos Olímpicos Modernos. Essa participação em
um território até então exclusivamente masculino gerava, desde então, preocupação de que a
ordem social pudesse sofrer alterações. O sucesso das mulheres nessa área “infringiria as leis
da natureza”. A prática esportiva incentivava, por exemplo, o uso de roupas menores e tecidos
mais finos, o que foi associado à vulgaridade e à prostituição. A tensão social no Brasil foi

 
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tanta que, em 1945, o Conselho Nacional de Desportos aprovou a Deliberação nº 7,
determinando que não seria permitida para a mulher a prática de esportes considerados
“violentos”, como lutas, pólo aquático, rugby, baseball, halterofilismo, futebol e futebol de
salão. Apenas em 1979 esta Deliberação foi revogada.

 
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7. Gênero em campo: a proibição das mulheres no esporte a partir da criação do


Conselho Nacional de Desportos em 1941

Ana Karolina Amorim Fernandes


Graduanda em História pela PUC Minas
anakarolinaamorim3@gmail.com

Palavras-chave: Futebol Feminino; História das Mulheres; Estado Novo.

Em abril de 1941, pelo Decreto-lei de N 3.199 as mulheres foram proibidas de praticar


esportes no Brasil. O artigo 54 pontua que não se permitiria "a prática de desportos
incompatíveis com as condições de sua natureza". O trabalho aqui apresentado discute, a
partir do futebol, a construção da identidade nacional sob bases valorativas sobre a figura
feminina e seu lugar social no Estado Novo. As consequências da exclusão das mulheres no
esporte são ainda perceptíveis no futebol feminino atualmente.

 
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8. Narrativas e formas de torcer no curta-metragem "Lançou a palavra: São Victor do


Horto opera milagre em Assunção"

Gustavo Cerqueira Guimarães


Doutorado em Teoria da Literatura e Literatura Comparada pela UFMG
gustavocguimaraes@hotmail.com

Palavras-chave: Futebol e Memória; Narrativas do Futebol; Formas de Torcer; São Victor do


Horto; Clubismo.

Exibição do curta-metragem "Lançou a palavra: São Victor do Horto opera milagre


em Assunção" (2018), 11'38", de minha autoria, selecionado pelo CINEfoot - Festival de
Cinema de Futebol - seguida de comentários que focam na construção da memória de
jogadores de futebol e as formas diversas de torcer. No filme, o vibrante Miro fala ao telefone
com sua amiga Bia enquanto assiste pela tevê ao jogo do Independiente del Valle, do
Equador, contra o Guaraní, do Paraguai, pela Copa Libertadores. O classificado entrará no
grupo do Atlético Mineiro, time pelo qual Miro torce. "Lançou a palavra" traz dois fios
narrativos que correm paralelamente: a história do jogo, que o espectador acompanha pelos
comentários de Miro, encenado pelo próprio realizador, e pela narração que se ouve em
segundo plano, e a história que se desenrola na tela, que é a história de um torcedor que
projeta no jogo os seus desejos, temores, sonhos e projetos. Os acontecimentos do jogo
determinam o que acontecerá com o personagem e vice-versa, pois são as orações de Miro
que introduzem São Victor do Horto na(s) cena(s), para definir o resultado final da partida.
Para bem traçar sua sorte, Miro evoca o santo que fecha o gol, lembrando-nos de que no
futebol e na vida existem deuses fantásticos e ardilosos, sempre dispostos a nos surpreender,
porque lançada a palavra, diga-se, a bola, ninguém sabe ao certo o que vai acontecer com ela,
pois haverá sempre uma dúvida, um recado cujo sentido fica sempre um pouco por conta do
espectador.

 
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9. A disputa pelo “Nacional” nas páginas de América – o “deca-campeão”

Marcus Vinícius Costa Lage


Doutorando em História pela UFMG
mvclage@gmail.com

Palavras-chave: Cultura Popular; Futebol; Política; Literatura.

Muito se diz que o futebol é uma das manifestações culturais de maior apelo popular
no Brasil. Em grande medida, essa popularidade do futebol no nosso país deve-se a um
conjunto restrito de clubes, comumente chamados de “grandes” clubes do futebol brasileiro,
capazes de despertar “grande” excitação nos torcedores e promover, com certa frequência,
“grandes” espetáculos esportivos no país. A conformação desse grupo, formado por pouco
mais de uma dezena de clubes, é resultado de um longo processo seletivo, enfrentado pelas
agremiações que o compõem, frente à popularização e profissionalização do futebol no país.
Dos vários marcos que compuseram esse processo, chama-se a atenção, aqui, para a
reordenação das competições de futebol realizadas nos anos 1960 e 1970, com a criação dos
campeonatos nacionais e sul-americanos de futebol interclubes. Em Belo Horizonte, por
exemplo, essa reordenação das competições, também chamada de reorganização dos circuitos
clubísticos, representou o momento em que o América passou a encontrar grandes
dificuldades em acompanhar Atlético e Cruzeiro como principais representantes mineiros nas
disputas nacionais e internacionais que se institucionalizavam, o que comprometeu,
consideravelmente, sua participação nesse restrito grupo dos “grandes” clubes brasileiros.
Apesar disso, através de intensas negociações político-institucionais iniciadas ainda em
meados dos anos 1960, o América conquistou o direito de participar da primeira edição do
Campeonato Brasileiro de futebol organizado pela Confederação Brasileira de Desportos em
1971. Os esforços nesse sentido, realizados pelos americanos, ficaram registrados nas páginas
da publicação América – o “deca-campeão”, uma mistura de livro de história com revista
institucional do clube, lançada entre 1971 e 1972. Mais do que isso, América – o “deca-
campeão” ficaria reconhecido entre o público leitor de futebol no Brasil como o primeiro
livro dedicado a narrar o passado americano. E, como diriam os teóricos da memória, esse
passado só pode ser compreendido levando-se em consideração seu contexto de publicação.

 
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10. O investimento municipal no futebol de Belo Horizonte entre 1904 e 1930

Renata Lemos
Mestranda em História pela UFSJ
reaplemos@gmail.com

Palavras-chave: Futebol; Belo Horizonte; Poder Municipal; Investimento Esportivo.

A política e o futebol sempre tiveram uma relação de muita proximidade. Desde o


surgimento desse esporte em Belo Horizonte, a Prefeitura Municipal investiu de diversas
maneiras no desenvolvimento dos clubes da capital. Foram diversas formas de investimento,
desde doações de terrenos a perdão de dívidas. O presente trabalho é parte de uma pesquisa de
mestrado e tenta reconstituir esse movimento entre o poder público municipal e o futebol
belo-horizontino.

 
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11. Os novos estádios shoppings na perspectiva do público frequentador e dos modos de


torcer

Letícia Costa Marcolan


Graduanda em História pela PUC Minas
lcmarcolan@gmail.com

Palavras-chave: Futebol; Estádios Shoppings; Torcedores.

O chamado “padrão Fifa”, após a realização da Copa do Mundo de 2014 no Brasil,


popularizou-se pelo país. Esse modelo, mais do que apenas uma expressão, é de fato um
conjunto de regras manifestas no Manual Técnico sobre estádios de futebol da FIFA
(Technical recommendations and requirements, 2011).
Entre as recomendações e requisitos técnicos encontramos regras estritas que
abrangem itens como: segurança, localização, capacidade, estacionamento (VIP, para o
jogador, para a imprensa), o acesso da imprensa, as dimensões de campo, a qualidade do
gramado, o banco de reservas, painéis publicitários, acesso ao campo, vestiários, sala médica.
Enfim, o manual é extremamente detalhado contando com 420 páginas, com ilustrações e
imagens exemplificando as regras a serem seguidas.
Todas essas mudanças visam a padronização dos estádios, ou seja, sua
homogeneização, um tipo praticamente universal de construção. Com a realização da Copa do
Mundo no ano de 2014 no Brasil, vários estádios no país passaram por esse processo de
“modernização”.
A principal característica dessas transformações, presente em artigos sobre o tema, é
adaptação dos estádios para os diversos usos, muito além das funções de comportar torcedores
para um partida de futebol. Nessa direção, para Araújo, até a própria terminologia de
“estádio” sofre uma alteração, pois esses lugares foram, a partir de então, denominados
“arenas”. (ARAÚJO, 2008, p. 555).
Nesse sentido, com a consolidação desses novos “estádios shoppings” questiona-se
de que forma isso pode afetar nos modos de torcer. Certas manifestações típicas, como a
explosão, no momento do gol, agora são substituídas por aplausos. Como ressalta Nascimento
e Barreto (2013) corre-se o risco de se ter um público mais contemplativo que participativo,

 
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levando ao afastamento do torcedor mais aguerrido, que dá suporte à clássica rivalidade entre
os times.
Há de se questionar também o novo perfil de torcedor dessas arenas, os altos preços
dos ingressos, nesse sentido, é definidor. Ainda em conformidade com Nascimento e Barreto
(2013), deverá haver uma substituição do torcedor de menor poder aquisitivo por uma elite
mais próxima ao perfil dos sócios e detentores de camarotes nos atuais estádios.

 
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12. O lastro jurídico como efeito das relações entre futebol e política

André Bueno Corrêa Moura


Graduado em Direito pela UFMG
Graduado em Letras pela UFMG
buenotkd@gmail.com

Gustavo Bueno Corrêa Moura


Graduado em Direito pela UFMG s
buenomoura_g@hotmail.com

Toda e qualquer ação humana é política: torcer pelo seu time é um ato político, ir ao
estádio é um ato político. A negação da política, por sua vez, é uma forma de silenciamento
de um ou mais setores interessados na transformação dos espaços. Como pretendemos
demonstrar, o processo de elitização está intimamente ligado à mercantilização do futebol,
mas, além disso, tem viés claramente político-jurídico que se solidifica através da exclusão e
silenciamento do próprio torcedor.
A segregação que se opera contra o torcedor é fruto da atuação dos Poderes
Legislativo e Judiciário, lastreada por embates políticos e pela circulação do senso comum
com espaço na mídia e dentro dos próprios clubes de futebol. Quando se fala em
criminalização das torcidas temos, por um lado, a dimensão do espaço político propriamente
dito e, por outro lado, uma dimensão jurídica que se alimenta do aspecto político ao mesmo
tempo em que, direcionada por interesses determinados, também o alimenta.
O Estatuto do Torcedor passou por alterações substanciais desde sua publicação, em
2003, sobretudo no que diz respeito à definição de torcidas organizadas, suas formas de
responsabilização e limites de atuação. Esse movimento legislativo foi fruto de comoção
nacional, mas também de um pesado ativismo judicial empreendido desde, pelo menos, 2009,
concentrado no Ministério Público e Tribunais de Justiça de todo o país. O que se tem, hoje, é
uma forma de criminalização do torcedor que prescinde das garantias mínimas tanto penais
quanto constitucionais, de maneira que o controle desses grupos torna-se mais violento e mais
presente em nosso cotidiano.
Nesse sentido, o Estatuto do Torcedor tem sido utilizado para tolher manifestações em
todo o país, como visto na censura da faixa em homenagem a Marielle Franco no Mineirão.

 
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São muitos os movimentos que passaram a se aglutinar e resistir com pautas muito
bem definidas: contra a elitização dos estádios, democracia dentro dos clubes e o fim da
limitação à festa e ao direito de torcer, no que se poderia chamar de ‘europeização’ e
asseptização dos estádios brasileiros. Função importante desses movimentos, dentre os quais a
Resistência Azul Popular, é justamente criar o ambiente político necessário para que o debate
da democratização avance de forma transparente, honesta e com o envolvimento do maior
interessado - o torcedor.

 
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13. A ditadura militar e sua relação com a Copa do Mundo de 1970: um relato de
experiência

Pedro Henrique de Lima Oliveira


Graduando pela PUC Minas
pedro19932008@gmail.com

Palavras-chave: Futebol; Ensino de História; Copa do Mundo de 1970; Ditadura Militar;


Política.

Face ao cenário de frescor na memória do brasileiro em relação a Copa do Mundo e a


instabilidade política instaurado no país, o debate sobre os usos políticos do Futebol em nossa
história torna-se necessário. Nesse contexto, o trabalho apresenta um relato de experiencia
dentro do Ensino Fundamental II na Escoa Estadual Professor Leon Renault para o 9° ano,
esse projeto objetiva entender a relação do futebol e a política instaurada no período ditatorial
brasileiro a partir da análise da utilização da imprensa e as propagandas relacionando a Copa
do Mundo de 1970.

 
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14. Futebol e imigração em belo horizonte na primeira metade do século XX: o Palestra
Itália como prática política dos imigrantes na cidade

Juliana da Silva Pereira


Graduanda em História pela PUC Minas
academicojuliana@gmail.com

Palavras-chave: Prática Política; Política no Futebol; Xenofobia; Sentimento de


Coletividade.

Não é incomum depararmo-nos com algumas expressões preconceituosas


provenientes daqueles que criticam os que tomaram como fonte de entretenimento o futebol.
Em outras palavras, os “amantes" deste esporte" são vistos por uma considerável parcela da
sociedade como uma “massa” de “alienados”, concomitantemente são acusados de serem
alimentados por uma “política de pão e circo” e de serem omissos as causas de “verdadeira
relevância social”, no que diz respeito à política, economia e cultura. Nesse sentido, este
trabalho busca apresentar alguns fatos que contradizem o senso comum em relação ao
envolvimento popular com o futebol. Buscamos tratar do tema nos distanciando da ideia de
que esse esporte em específico seja algo “alienante”, uma vez que há quem julgue haver um
distanciamento das “causas importantes” da sociedade por parte daqueles que se empenham
no acompanhamento deste esporte. Vários autores já colocaram em xeque esta acusação - de
que o futebol seja o “ópio do povo”. Neste trabalho abordaremos algumas pesquisas em torno
deste tema, as considerações e conclusões que os pesquisadores chegaram por meio de suas
análises, no que se refere à representação do futebol no imaginário social. Escolhemos, como
objeto de estudo, a fundação do Palestra Itália em Belo Horizonte, para, a partir deste fato
histórico, narrarmos como os imigrantes se estabeleceram na cidade, como se organizavam
naquele contexto e qual representação simbólica o apoio ao time significava para,
especificamente, o grupo de italianos que aqui se instalaram. Nessa perspectiva podemos
perceber que os imigrantes de descendência italiana instalados em Belo Horizonte, ao
apoiarem o time "Palestra Itália", assumiam uma postura política, pois reforçavam o
sentimento de pertencimento a um grupo social específico, se defendiam de práticas
xenófobas e exprimiam por meio do apoio ao time o sentimento de coletividade.
 
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15. Lima Barreto e a exclusão do negro no futebol: o caso "macaquitos"

Vinicius Garzon Tonet


Mestrando em História pela UFMG
vgtonet@gmail.com

Palavras-chave: Lima Barreto; Futebol; Questão Racial.

O termo ofensivo de conotação racista “macaquito” possui longa história dentro do


mundo esportivo. Comum escutar nos dias de hoje que em alguma partida de futebol contra
times sul-americanos, especialmente argentinos, algum brasileiro foi agredido com a referida
palavra. Este trabalho pretende restituir a série de críticas feitas por Lima Barreto, de 1920 à
1922, ao termo. O escritor e crítico do futebol, Lima Barreto tomou conhecimento que o
jornal Crítica, de Buenos Aires, publicou uma matéria, no dia 03 de outubro de 1920, sobre a
presença o time brasileiro em solo argentino sob o título “Monos em Buenos Aires”. Voltando
do Campeonato Sul-americano do Chile, a seleção brasileira estava por lá para realizar uma
partida contra os argentinos. A charge, então, representava a delegação do Brasil como
macacos uniformizados e o texto que a acompanhava dizia, entre outras coisas: “se há uma
gente que nos parece altamente cômica é a brasileira. São elementos de cor que se vestem
como nós e pretendem se misturar à raça americana, gloriosa por seu passado e grande por
suas tradições”. A partir desse fato, Barreto tentará desarmar o racismo da matéria de diversas
formas. Às vezes com bom humor e naturalidade, outras com enorme fúria para inverter
sentidos comumente atribuídos ao macaco. Pretendemos esclarecer como Barreto usará da
charge e da discussão por ela incentivada para fazer a crítica de situações tão ofensivas quanto
àquela em solo brasileiro no que tange a exclusão dos negros no esporte, sugerindo uma
virtuosidade nas diversas características raciais que formavam o povo, para o
descontentamento das autoridades orientadas por uma visão de mundo eugênica. Além disso,
será importante investigar como as crônicas constituíram-se como importante instrumento
para denunciar como o futebol funcionava como um instrumento de desagregação entre
brasileiros pelo critério racial, separação que “não existe no Senado, na Câmara, nos cargos
públicos, no Exército, na magistratura, no magistério; mas existe no transcendente fute ból”,
segundo Barreto.

 
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SIMPÓSIO TEMÁTICO – GÊNERO E POLÍTICA  
 

Coordenação

Larissa Baldoíno da Paixão


Doutoranda em Psicologia pela PUC Minas
larisbp@gmail.com

Comunicações

1. BRANDÃO, Daniela Coelho. O sufragismo Bertha Lutz entre as décadas de 10 e 30 do


século XX no Brasil.

2. COSTA, Ana Carolina Oliveira Dias; SOUZA, Lorena Santos. Silêncios da História: a
participação feminina nos processos de Independência na América Latina.

3. DIAS, Raissa Quiterio. Feminismo latino-americano: a figura de Frida Kahlo na cultura e


no processo de midiatização.

4. HELENO, Bárbara Lopes. Corpo feminino: a construção social da subjetividade e marcas


culturais sob um sistema patriarcal.

5. HELIODORO, Giovanna Araujo. O genocídio de corpos negros e transfeminicídio.

6. LYRA, Isabella; DIAS, Flávia Lorrayne de Alcântara. A diferença entre sexualidade e


identidade de gênero: conceitos construídos historicamente e a contribuição do feminismo
nessa discussão.

7. MARQUES, Fernanda Gomes. Educação profissional: um estudo na percepção de gênero


e a participação das mulheres docentes na Rede Federal de Educação Profissional e
Tecnológica de Minas Gerais.

8. ROCHA, Cássio Bruno de Araújo. Sodomia, escravidão e violência na América


portuguesa: intersecções de gênero, raça e sexualidade em processos inquisitoriais durante a
Época Moderna.

9. SANTOS, Igor Bruno Cavalcante dos. Longe de suas esposas, mas ainda em família: o
concubinato adulterino como condições para as mestiçagens (Sabará, séc. XVIII).

 
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Resumo das Comunicações do ST – Gênero e Política


 
1. O sufragismo Bertha Lutz entre as décadas de 10 e 30 do século XX no Brasil

Daniela Coelho Brandão


Graduanda pela UFMG
dnbrandao@hotmail.com

Palavras-chave: Sufragismo; Feminismo; Voto; Brasil.

Esse trabalho pretende pautar como a história de Bertha Lutz, mulher de elite
econômica e intelectual, vai além de seus estudos e carreira no ramo das Ciências Biológicas.
Dessa forma, é encarada aqui a difícil missão de “desmembrar” a Bertha Lutz cientista da
militante social que empregava, por volta do começo do século XX, suas ações em prol da
luta feminista no Brasil. Apesar da noção de que ciência, educação e militância social
caminham juntos na vida de Lutz, esse trabalho manterá seu foco nas influências feministas
sob a personagem histórica aqui estudada, e como tais influências resultam em uma série de
conquistas políticas-sociais em um país onde as mulheres estavam iniciando suas lutas
relacionadas ao sufrágio, culminando na conquista do direito ao voto em 1933.

 
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2. Silêncios da História: a participação feminina nos processos de Independência na


América Latina

Ana Carolina Oliveira Dias Costa


Graduanda em História pela PUC Minas
cdias1264@gmail.com

Lorena Santos Souza


Graduanda em História pela PUC Minas

Palavras-chave: Manuela Sáenz; Rosa Campuzano; Resistência; Invisibilidade;


Representação Feminina.

Este trabalho pretende elucidar a participação feminina nos processos de


Independência da América Espanhola a partir das figuras de Manuela Sáenz e Rosa
Campuzano, discutindo a importância e o papel da mulher nos movimentos de resistência da
América Espanhola, no século XIX. Bem como analisar os silêncios em torno da história
dessas duas personagens, a partir das repercussões e representações tanto na educação como
na mídia.

 
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3. Feminismo latino-americano: a figura de Frida Kahlo na cultura e no processo de


midiatização

Raissa Quitério Dias


Graduanda em História pela PUC Minas
raissaq.dias@gmail.com

Palavras-chave: Frida Kahlo; Feminismo; Consumo, Midiatização.

Este trabalho busca entender a inserção da figura feminista da mexicana Frida Kahlo
na cultura pop do seculo XXI, pensando segundo Bauman, no processo de mercantilização
das pessoas. Para isso, são inquiridos alguns pontos, tais como o feminismo como nicho de
mercado e o esvaziamento da ícone feminista ao ser inclusa na logica capitalista, para além
,são trabalhados os conceitos de cultura, midiatização, consumo e arte.

 
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4. Corpo feminino: a construção social da subjetividade e marcas culturais sob um


sistema patriarcal

Bárbara Lopes Heleno


Graduanda pela PUC Minas
barbaralopesh@gmail.com

Palavras-chave: Corpo; Gênero; Dominação Masculina; Interseccionalidade.

Tem por objetivo discutir as configurações acerca do corpo feminino ao longo da


história, desde o período patriarcal até os movimentos sociais contemporâneos. Busca-se
entender o corpo biológico e sexual, para uma possível compreensão da dominação
masculina, analisando as representações e valores sociais historicamente construídos, que tem
como consequência a valorização do masculino e sua influência na subjetividade feminina.
Debate-se também a importância da interseccionalidade dentro dos movimentos que não
conseguem abranger a todas as necessidades dos sujeitos, no caso ao abordar o movimento
feminista, é analisado o feminismo branco e negro e todos os estereótipos acerca dos dois
corpos, enfatizando seus diferentes tipos de demandas.

 
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5. O genocídio de corpos negros e o transfeminícidio

Giovanna Araujo Heliodoro


Graduanda em História pela PUC Minas
giovannaheliodoro@gmail.com

Palavras-chave: Tranfeminícidio; Interseccionalidade; Transfobia; Racismo; Identidade de


Gênero.

A presente pesquisa analisa, sob perspectiva histórica, a partir de fontes bibliográficas,


documentais e empíricas, as manifestações de preconceito e discriminação a travestis,
transexuais, transgêneros e corpos discentes no Brasil. Neste sentido, ao final concluiu-se que
o transfeminícidio é motivado pela disseminação sistemática de opressões de raça, gênero,
classe e outras identidades corporais.

 
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6. A diferença entre sexualidade e identidade de gênero: conceitos construídos


historicamente e a contribuição do feminismo nessa discussão

Isabella Lyra
Graduanda em História pela PUC Minas

Flávia Lorrayne de Alcântara


Graduanda em História pela PUC Minas
Falcantara96@gmail.com

A apresentação será realizada pelas alunas Flávia Dias e Isabella Lyra, ambas do 6º
período do curso de História, na PUC Minas. É um trabalho que foi inicialmente apresentado
na disciplina de Educação para a diversidade, no segundo semestre de 2017. O objetivo da
apresentação é reconstruir a história dos gêneros tentando compreender em que contexto
surgiram as imposições de gênero justificadas pela ciência.
Com base nos autores SOUZA e CARRIERE é possível entender que a sociedade
apenas passou a entender a existências de dois gêneros a partir da imposição de ideais criadas
no Iluminismo, com o objetivo de criar um gênero para as mulheres e definir este como
inferior. Ou seja, pode-se afirmar que a ideia de gênero que possuímos hoje foi construída
com objetivos prévios e todos os estudos feitos após sua construção foram com o intuito de
legitimá-la.
A crítica feita pelo movimento feminista da década de 70 é muito importante pois traz
à tona uma discussão sobre a distinção do que é biológico e o que é cultural. A questão de
gênero vem sendo discutida desde a década de 60 e 70 com o movimento feminista, que se
pautava na forma de dominação e submissão nas relações entre homens e mulheres. REIS e
PINHO (2016, p.9).
Para entender as atuais correntes de pensamentos utilizadas pela sociedade, será
explicada a diferença entre identidade de gênero e sexualidade, conceituando todos os tópicos
que abordam ambos os temas, sendo eles cisgeneridade, transgeneridade, travestilidade,
binário, não-binário e fluido para a Identidade de Gênero e heterossexualidade, lesbianidade,
homossexualidade, bissexualidade, intersexualidade e assexualidade para a Sexualidade.

 
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Visa-se mostrar o quanto a questão biológica está desvinculada à identidade de gênero
que o indivíduo vem a se identificar, Maria Luiza Heilborn em seu livro “Dois é par: gênero e
identidade sexual em contexto igualitário” coloca a palavra gênero como:

"O termo convencionado significa a dimensão dos atributos culturais alocados a


cada um dos sexos em contraste com a dimensão anatomofisiológica dos seres
humanos" (HELBORN,2004, p. 19)

Ou seja, demonstra o quanto a identificação de gênero independe do sexo biológico da


pessoa. Compreender esta questão, já é um grande passo na quebra dos paradigmas sobre o
tema. Com isso, o presente trabalho visa contribuir com os estudos acerca da temática,
pontuando a diferença entre Gênero e Sexualidade e o papel do feminismo nas primeiras
discussões acerca do assunto e que para além disso, acreditamos que só o conhecimento
aliado ao respeito e empatia com o próximo pode nos distanciar do preconceito e da
desigualdade que tanto nos aflige.

 
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7. Educação profissional: um estudo na percepção de gênero e a participação das


mulheres docentes na Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica de Minas
Gerais

Fernanda Gomes Marques


Mestranda em Educação pela PUC Minas

Palavras-chave: Educação Profissional; Mulheres; Gênero.

A noção de divisão sexual do trabalho já deixa clara a necessidade de compreender o


trabalho remunerado e o não remunerado enquanto dimensões inter-relacionadas do trabalho
social Sorj. (2000). Pois como argumenta Bruschini ( 2007) , é na articulação entre o mercado
de trabalho, o mundo doméstico e as relações sociais de gênero que o trabalho das mulheres
pode ser compreendido. A etimologia da palavra trabalho se origina do latim, tripalium, que
era um instrumento de tortura constituído por três paus. Na Bíblia, o trabalho foi fruto da
punição dada a Adão e Eva, por terem cometido o pecado original. Ao homem, então, caberia
extrair o próprio sustento através do suor de seu rosto. Enquanto a mulher seria acometida
pela dor do parto. Para os gregos, o trabalho era a expressão da miséria do homem. Nessa
perspectiva, percebe-se que o trabalho se constituiu como tarefa do sexo masculino. Os
estudiosos das relações de gênero têm evidenciado que esse conceito se trata de uma
construção histórica e social de homens e mulheres. Para Scott (1995, p. 89), O gênero, então,
fornece um meio de decodificar o significado e de compreender as complexas conexões entre
várias formas de interação humana. Quando os/as historiadores/as buscam encontrar as
maneiras pelas quais o conceito de gênero legitima e constrói as relações sociais, eles/elas
começam a compreender a natureza recíproca do gênero e da sociedade e as formas
particulares e contextualmente específicas pelas quais a política constrói o gênero e o gênero
constrói a política. Nesse sentido, entende-se que o homem vem, historicamente, sendo “(...) o
principal/único provedor e a mulher, a principal/exclusiva responsável pela esfera
privada(...)” (ABRAMO, 2007, p. 28). É nesse contexto que se tem a ideia da mulher como
força de trabalho secundária. A inserção da mulher no mundo do trabalho se constitui, então,
como uma tarefa auxiliar. Atualmente, tem-se diferentes estudos que tratam da situação das

 
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mulheres no mercado de trabalho. No caso brasileiro, Bruschini e Lombardi (2011)
analisaram os dados de estatísticas oficiais, a fim de apresentar as principais tendências da
inserção da mulher no mercado de trabalho. Essas autoras constataram que as brasileiras,
hoje, continuam (...) marcando presença em tradicionais ‘guetos’ femininos, como o
magistério e a enfermagem, têm adentrado também áreas profissionais de prestígio, como a
medicina, a advocacia, a arquitetura, e até mesmo a engenharia, tradicional reduto masculino.
(BRUSCHINI; LOMBARDI, 2011, p. 56). No estudo desenvolvido por Fonseca (2001), em
Portugal, a atuação das mulheres em empregos considerados femininos é marcante. Segundo
essa autora, elas têm salário inferior ao dos homens. Além disso, evidencia que as relações de
gênero são pautadas na ideologia e na família. Ao tratar da qualificação profissional da
mulher, Hirata (2013) destaca que a incompetência técnica do sexo feminino resulta, também,
de uma construção social. Para esta autora, o trabalho doméstico é desvalorizado e o que se
considera como qualificação é a conquista de habilidades técnicas, em instituições definidas,
tais como o SENAI e CEFETs, no Brasil. Dessa forma o presente trabalho objetiva
historicizar a participação das mulheres na educação profissional visando problematizar a
questão da predominância de um gênero/sexo na docência, na instituição pesquisada, e as
consequências desse fato, a saber: identificar a formação e experiência das docentes; conhecer
e analisar a trajetória das docentes na educação profissional; investigar a relação das
professoras com os(as) alunos(as) e com seus colegas, especificamente em turmas onde há
predominância de alunos do sexo masculino; identificara relação das professores e sua
atuação no mercado de trabalho para além da docência; Identificar e analisar a relação das
professoras como referencia para os alunos do sexo masculino.

 
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8. Sodomia, escravidão e violência na América portuguesa: intersecções de gênero, raça


e sexualidade em processos inquisitoriais durante a Época Moderna

Cássio Bruno de Araújo Rocha


Doutorando em História pela UFMG
caraujorocha@gmail.com

Palavras-chave: Sodomia; Escravidão; Teoria Queer; Violência; Interseccionalidade.

Com esta apresentação, analiso as narrativas de alguns processos inquisitoriais por


crime de sodomia, confeccionados entre os séculos XVI e XVIII, que envolvem homens livres
reunidos, voluntariamente ou não (sendo um dos motivos do trabalho problematizar o que
seria “voluntário” em contexto escravista) a homens e mulheres escravizados na prática
nefanda. Dentre os processos selecionados, destaco o movido contra Rodrigo Fidalgo, jovem
cristão-novo morador em Pernambuco na década de 1590, investigado, no contexto da
Primeira Visitação do Santo Ofício às partes do Brasil, por culpas de judaísmo e de sodomia
com Maria, jovem mulher natural do reino de Angola e escravizada, e aquele feito contra o
cirurgião Lucas da Costa Pereira, morador nas Minas Novas do Paracatu em meados do
século XVIII, preso por praticar a sodomia com vários homens e rapazes escravizados. A
partir do instrumental teórico-conceitual dos estudos queer, dois são os problemas aqui
analisados, pensados, ambos, de modo imbricado um ao outro. Em primeiro lugar, o problema
da violência sexo-racial cotidiana perpetrada pelos senhores contra pessoas escravizadas,
inclusive crianças ou jovens (categorias que são tomadas, aqui, em sua historicidade própria
ao período), cruzando-se as fronteiras de gênero; em seguida, a questão do jogo social
necessariamente mantido pelos praticantes da sodomia com as, precárias, instáveis e
invertidas, esferas de público e privado naquela sociedade, com vistas a desenvolver
estratégias de poder para tentar se manter longe dos tentáculos do Santo Ofício. Meu objetivo
é aprofundar a compreensão de como as hierarquias de gênero-sexo-raciais, estruturantes da
sociedade colonial na América portuguesa, ao longo da Época Moderna, se davam a acontecer
em e por meio do instável jogo do público e do privado, através de relações sociais e culturais
que expressavam a extrema violência, paternalista e cotidiana, que dava esteio ao sistema
escravista colonial.
 
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9. Longe de suas esposas, mas ainda em família: o concubinato adulterino como


condições para as mestiçagens (Sabará, séc. XVIII)

Igor Bruno Cavalcante dos Santos


Mestre em História pela UFOP
igor366santos@gmail.com

Palavras-chave: Escravidão; Famílias; Mestiçagens.

Este estudo foi elaborado sob a égide de uma vertente sociocultural da História e
utilizando como fontes de pesquisa as devassas eclesiásticas referentes à comarca de Sabará
no transcurso do século XVIII, mais especificamente correspondente à primeira metade dessa
centúria, tem como tema central a análise das uniões mistas constituídas sob a forma do
"concubinato adulterino". Ao analisar essas relações, busca-se pensá-las no contexto de
conformação da sociedade sabarense colonial e, nesse processo e sentido, em que medida tais
relações se apresentaram como resultados e resultantes do intenso e complexo processo das
mestiçagens físicas e, principalmente, culturais da referida comarca. Este estudo visa
contribuir com uma historiografia recente que investiga a história da família, escravidão e das
mestiçagens na América portuguesa.

 
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SIMPÓSIO TEMÁTICO – LITERATURA E POLÍTICA  
 

Coordenação

Maria Visconti Sales


Doutoranda em História pela UFMG
mariavisconti92@gmail.com

Warley Alves Gomes


Doutorando em História pela UFMG
warleyalvesgomes@yahoo.com.br

Comunicações

1. ALVES, Ruty Souza. O inca e o bom governo: o ‘buen gobierno’ na crônica de Felipe
Guaman Poma de Ayala (Peru, 1615).

2. DORNAS, Tainara Silva; MATEUS, Yasmin Taciana. A metáfora da América e a


construção de um estado e de um povo.

3. DUARTE, Larissa Gouveia; ROMERO JUNIOR, João Carlos Marques. Teatro anarquista
rioplatense: uma análise de «Canillita», de Florencio Sánchez.

4. GOMES, Wemerson Felipe; SILVA, Lucas Romano. Literatura e História : arte,


historicidade e sensibilidade.

5. MARTINS, Bruno Viveiros. Um por todos, e todos por um: a amizade em Os Três
Mosqueteiros.

6. MUBARACK, Chayenne Orru. Seva: resistência fictícia e caminhos da


puertorriqueñidad.

7. PAULA, Natália Kimberly Silva de. Literatura brasileira: diálogo histórico e social.

8. SANTOS, Fernanda Mendes; CRUZ, Mariana Brescia. A formação da identidade


mexicana em o Labirinto da solidão.

9. SILVA, Bertha Luiza Moutinho. A Revolta de Atlas.

10. SILVA, Lucas Romano; GOMES, Wemerson Felipe. Os pivetes de Carvalho:


surrealismo no Brasil nas décadas de 1950 e 1960.

11. SOUSA, Pacelli Dias Alves de. Rama, Armand e Arenas : um debate sobre o exílio na
América Latina.

 
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Resumo das Comunicações do ST – Literatura e Política


 
1. O inca e o bom governo: o ‘buen gobierno’ na crônica de Felipe Guaman Poma de
Ayala (Peru, 1615)

Ruty Souza Alves


Graduada pela UFOP
rutysouza.alves@gmail.com

Palavras-chave: Bom Governo; Crônica; Passuers.

O presente projeto propõe uma reflexão sobre o conceito de “Buen Govierno”, na


crônica Nueva Corónica y Buen Govierno, de Felipe Guaman Poma de Ayala, produzida entre
1612 e 1615 e endereçada ao Rei Felipe III da Espanha. Pode-se destacar que existe uma
historiografia bem consolidada que estuda os processos tanto pré-conquista, quanto pós-
conquista, mas não há destaque para os escritos da história indígena, (com o recorte incaico) .
A pesquisa tem por objetivo propor o debate sobre uma nova perspectiva de se tratar a
Conquista do Novo Mundo pelo olhar de uma crônica incaica. Isso porque, o conceito de
“Buen Gobierno” é pensado comumente por um viés europeu, logo, a presente pesquisa visa
entender como o cronista trabalha tal conceito.

 
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2. A metáfora da América e a construção de um estado e de um povo

Tainara Silva Dornas


Graduanda pela PUC Minas
tainaradornas1@gmail.com

Yasmin Taciana Mateus


Graduanda pela PUC Minas

Palavras-chave: Iracema; América; Metáfora.

Neste trabalho iremos analisar e discutir a metáfora de construção da América


presente na obra “Iracema” (1865), de José de Alencar. Em seu livro, há uma preocupação em
conciliar história e literatura, por isso, anterior ao início dos capítulos, Alencar escreve o que
intitula de “Argumento histórico”. O enredo é marcado por inúmeros movimentos políticos
que se mostram através da temática da conquista do amor e por meio da guerra. Como recorte,
queremos mostrar como a literatura pode permear o ensino de História e didatizar a partir de
uma lenda, o processo de construção de um importante estado brasileiro, e no plano macro, a
metáfora da América em seu processo de colonização e aculturação. Desta forma, enseja-se
apresentar uma nova leitura frente aos eventos que fizeram parte da formação do Brasil e
assim, criar um diálogo entre essas duas áreas do saber. Para tanto, faremos menção ao
argumento histórico e aos capítulos I e XXXIII tanto para contextualização de àqueles que
não tiveram acesso prévio à obra, quanto para exemplificar nossos argumentos. Ao
analisarmos o argumento histórico, buscaremos demonstrar a importância que o contexto
histórico tem na escrita de obras que almejam retratar uma imagem de Brasil. Nos capítulos
falados acima, tentaremos evidenciar como o processo de construção do narrador e dos
personagens é importante para se pensar em como os “fatos” são contados a partir de um
ponto de vista e de um papel social.

 
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3. Teatro anarquista rioplatense: uma análise de «Canillita», de Florencio Sánchez

Larissa Gouveia Duarte


Graduanda em Letras pela PUC Minas
larissagd2015@gmail.com

João Carlos Marques Romero Junior


Graduando em História pela PUC Minas
joaomarquesromero@hotmail.com

Palavras-chave: Teatro Anarquista; Florencio Sánchez; Canillita.

O Uruguai e a Argentina dos séculos XIX e XX se veem profundamente influenciados


por pensamentos anarquistas e por figuras como Bakunin e Proudhon. Nesse contexto,
Florencio Sánchez, escritor anarquista montevideano, tem sua peça «Canillita» estreada a um
público não libertário. Podemos perceber que o perfil do público interfere em sua escrita, que
perde traços que Golluscio de Montoya (ver “Sobre «¡Ladrones!» (1897) y «Canillita» (1902-
1904): Florencio Sánchez y la delegación de poderes” e “«¡Ladrones!»: un texto libertario
rioplatense”) atribui às obras apresentadas ao público libertário, muitas vezes composto por
estrangeiros semianalfabetos, como a brevidade da peça, o reduzido número de atores e o
caráter propagandístico. Apesar disso, a autora propõe que a peça tem um perfil tão rebelde
quanto outras, ainda que possua o que ela chama de leitura doméstica: a rebeldia do garoto se
dirige contra o poder e violência exercidos por seu padrasto e não contra o poder e repressão
exercidos pelo governo. Em consonância com Golluscio de Montoya, percebemos como em
«Canillita» os personagens se constroem como uma metonímia da sociedade. Identificamos
ainda como na obra de Sánchez a linguagem constrói o cenário. Permeada por lunfardismos,
fenômeno linguístico nascido nos conventillos (cortiços) e decorrente do contato do
castelhano com outras línguas, principalmente aquelas levadas por imigrantes italianos e
espanhóis, conforme ressalta Oscar Conde na conferência “El lunfardo y el cocoliche”, a peça
nos apresenta seus personagens mostrando-nos seu contexto sociocultural através de palavras
como guita (dinheiro), vivaracho (pessoa alegre ou esperta), cuentero (delinquente
especialista em fraudes), marchante (vendedor ambulante), camorra (briga) e pucha
(interjeição de surpresa).

 
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4. Literatura e História : arte, historicidade e sensibilidade

Wemerson Felipe Gomes


Graduando pelo UniBH
wemersonfelipe10@gmail.com

Lucas Romano Silva


Graduando em História pelo UniBH
lucasromano23@gmail.com

Palavras-chave: Literatura; Historicidade; Temporalidade; Sensibilidade.

Na introdução do artigo “Com os olhos de Clio ou a Literatura sob o olhar da Historia


a partir do conto O Alienista, de Machado de Assis”, Sandra Pesavento esboça uma
importante reflexão sobre a complexa, embora absolutamente profícua, relação entre História
e a Literatura. Segundo Pesavento, os historiadores são, sem dúvida alguma, leitores
especiais, i.e., se por um lado não estão interessados unicamente na fruição estética e no
prazer da leitura; por outro, geralmente, também não se interessam (apenas) pelos aspectos
intrínsecos a obra. Não obstante, a literatura, tomada pelos historiadores enquanto fonte, se
apresentaria de forma igualmente especial, ou seja, não seria razoável pressupor que
historiadores lessem literatura como frequentemente leem as fontes tradicionais; ou, em outras
palavras, pensar na literatura apenas “como uma fonte a mais que corrobore e comprove as
evidências de um quadro mais amplo de referências sobre uma época dada”. A literatura,
insiste Pesavento, não é um “mero dado ou documento”.
Desse modo, se a obra literária é um tipo especial de fonte e o historiador um tipo
especial de leitor, é preciso, portanto, que o historiador leia a obra literária como uma
“expressão artística da sociedade dotada de historicidade”; e, nesse sentido, empenhe-se em
encontrar na literatura aquilo que de mais especial ela possa oferecer, a saber, um acesso
privilegiado a sensibilidade de um tempo, i.e., “a possibilidade de atingir aquela “sintonia
fina” que permita ao historiador captar o passado de outra forma”.
Pensar a literatura como uma “expressão artística da sociedade dotada de
historicidade”, como aponta o historiador Valdeci Rezende Borges, nos possibilita fazer, ao

 
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menos, duas inferências que, a nosso ver, complementam a hipótese de Pesavento: a)
percepção de que a literatura é uma “expressão artística da sociedade”, i.e., literatura é uma
obra arte e, portanto, enquanto arte mimética, não se restringe a realidade; b) é uma arte que,
por estar num tempo, que é o seu, diz dele alguma coisa, ou seja, possui historicidade.
Não se trata de dizer aqui que a literatura, enquanto obra de arte, possui uma realidade
própria, desvinculada do mundo sensível, mas também não se resume ou se restringe a
dinâmica social, política, econômica etc. subjacente a ela. Assim, investigaremos as relações
entre a literatura, seu tempo histórico e as possibilidades que ela abre para o ofício do
historiador.

 
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5. Um por todos, e todos por um: a amizade em Os Três Mosqueteiros

Bruno Viveiros Martins


Doutorando pela UFMG
brviveiros@gmail.com

Palavras-chave: Amizade; República; Literatura; Alexandre Dumas.

A presença e, também, a ausência do amigo na cena pública e na esfera privada, desde


a Antiguidade Clássica até os dias atuais – seja em narrativas literárias, ensaios filosóficos,
canções populares, peças teatrais e obras cinematográficas –, informam-nos, cada uma a seu
modo, o lugar ocupado pela amizade e sua importância em um determinado tempo histórico.
“Um por todos, e todos por um” é, talvez, o preceito mais conhecido entre as narrativas sobre
a amizade já escritas até hoje. Publicado pela primeira vez em livro no ano de 1845, Os três
mosqueteiros, de Alexandre Dumas, é uma obra que apresentou novos paradigmas em termos
de escrita literária e também por retomar o antigo conceito de philia e sua relação intrínseca
com o mundo público. Esse trabalho visa analisar como Dumas ajudou a moldar a ideia de
amizade nos séculos XIX e XX.

 
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6. Seva: resistência fictícia e caminhos da puertorriqueñidad

Chayenne Orru Mubarack


Mestranda em Letras pela USP
chayenne.mubarack@usp.br

Palavras-chave: Caribe; Porto Rico; Identidade Nacional.

Seva: Historia de la primera invasión norteamericana de la isla de Puerto Rico


ocurrida en mayo de 1898, é um livro publicado em 1983, dos dias 23 a 29 de dezembro, no
suplemento En Rojo, do jornal porto-riquenho Claridad. A trama versa sobre a primeira
invasão estadunidense em Porto Rico, que não teria ocorrido em 25 de julho de 1898 na
cidade de Guánica, como afirmam os livros de história, mas em 5 de maio do mesmo ano, no
povoado de Seva. A história sustenta-se em documentos, cartas, diários e, finalmente, em uma
conversa fictícia com um suposto sobrevivente de Seva. Os grandes impactos dessa
publicação residem no fato de que ela não foi lida pelos porto-riquenhos como uma ficção,
mas como um dado histórico real. O objetivo deste trabalho é apresentar uma análise do texto
de Luis López Nieves a partir do viés da puertorriqueñidad, ou seja, do “sistema de
representação cultural” (HALL, 2003) e dos discursos produzidos historicamente sobre Porto
Rico. Para isso, estabeleceremos relações com ensaios fundadores da identidade porto-
riquenha, como "Insularismo. Ensayos de interpretación puertorriqueña", de Antonio Pedreira,
e "El puertorriqueño dócil", de René Marqués.

 
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7. Literatura brasileira: diálogo histórico e social

Natália Kimberly Silva de Paula


Graduanda em Letras pela PUC Minas
nataliakdepaula@gmail.com

Palavras-chave: Literatura; Brasil; Política; História; Sociedade.

A literatura não é apenas uma escrita artística, é também um documento que relata a
história. Tendo em vista esse aspecto a literatura brasileira, relata, denuncia e critica o passado
e o presente da vida dos brasileiros em um no sistema político nacional. O racismo e a
discriminação social ainda estão presentes. Conceição Evaristo em seu poema titulado: vozes-
mulheres, trará relatos das mulheres escravas de filhas e netas, que lutaram e lutam por voz e
liberdade na sociedade. O conto Rolézim do escritor Geovani Martins relata, critica e
denuncia :racismo , discriminações e luta pela sobrevivência. E também a brutalidade da
política de punição que jovens negros das favelas do rio de janeiro enfrentam na atualidade.
Do mesmo modo, Chico Buarque em sua música “As caravanas”, também critica, denuncia e
relata o racismo e sua brutalidade da discriminação na sociedade. Portanto, este trabalho tem
como objetivo apresentar o diálogo entre a literatura e política, e assim como os escritores
relatar, denunciar o passado e o presente da discriminação que está presente em um ambiente
histórico, político e social.

 
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8. A formação da identidade mexicana em o Labirinto da solidão

Fernanda Mendes Santos


Graduanda em História pela PUC Minas
fernanda54mendes@gmail.com

Mariana Brescia Cruz


Graduanda em História pela PUC Minas
marianalvt@gmail.com

Palavras-chave: O Labirinto da Solidão; Memória; Identidade.

O presente trabalho pretende compreender a análise de Octavio Paz na obra O


labirinto da Solidão acerca do processo de construção da identidade mexicana a partir do
estudo de alguns elementos centrais da cultura do México – Malinche e a luta por
Independência. O objetivo é identificar nos aspectos formadores da identidade mexicana no
século XIX a presença do caráter deste povo.
A temática escolhida parte de uma necessidade de entendermos melhor a complexa
identidade mexicana a partir de um autor do próprio país. É de fundamental importância que
estejamos atentos às discussões sobre as identidades, principalmente por ser um objeto de
estudo da Nova História, sempre atenta às questões sociais e das minorias. Entender a
identidade mexicana do século XIX é tentar conhecer essa sociedade, suas permanências e
rupturas com a atualidade, assim como o contexto em que está inserida.

 
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9. A Revolta de Atlas

Bertha Luiza Moutinho Silva


Graduanda em História pela PUC Minas
blmoutinho@hotmail.com

Palavras-chave: Atlas; Liberdade; Individualismo.

A literatura pode fornecer uma mensagem capaz de mudar as perspectivas dos leitores
e contribuir para transformações sociais e culturais, sendo política em si mesma. Em 1991, o
“Book of the Month Club” realizou uma pesquisa perguntando às pessoas qual o livro que
mais influenciou suas vidas. A Bíblia foi o mais citado e A Revolta de Atlas, de Ayn Rand, o
segundo. Desde sua publicação em 1957, já foram vendidos mais de 7 milhões de exemplares.
Sabe-se que por séculos os valores da liberdade e do individualismo sustentam o modo de
vida nos Estados Unidos da América. Tendo isso em vista, busca-se compreender os impactos
da leitura do romance na mentalidade norte-americana. O livro é ambientado em um futuro
não datado dos Estados Unidos da América no qual a sociedade está se desintegrando sob o
peso do coletivismo insustentável. Nesse cenário ocorre uma greve organizada por líderes
empresariais contra uma sociedade que exige a eles sacrifícios em prol do coletivo. O
romance termina com os grevistas planejando construir uma nova sociedade capitalista
baseada na filosofia da razão e do individualismo, com uma mínima intervenção estatal.
Podemos dizer que a principal defesa presente nessa obra ficcional é a da liberdade contra o
coletivismo, sendo uma grande conquista de Ayn Rand oferecer uma visão do capitalismo
como um ideal moral. A Revolta de Atlas retrata grandes empresários como pensadores
heroicos e produtivos, apontando o capitalismo como o único sistema social que deixa tais
mentes livres para criar e produzir. O romance desafia seus leitores a lutar por uma sociedade
onde prevaleçam as culturas da razão, onde a ciência é valorizada e respeitada, do
individualismo, no qual o governo deve ser protetor dos direitos dos indivíduos, e do
empreendedorismo. Assim, ainda hoje, Ayn Rand possui uma forte influência no campo
político e ideológico em grande parte da América, principalmente entre os liberais.

 
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10. Os pivetes de Carvalho: surrealismo no Brasil nas décadas de 1950 e 1960

Lucas Romano Silva


Graduando em História pelo UniBH
lucasromano23@gmail.com

Wemerson Felipe Gomes


Graduando pelo UniBH
wemersonfelipe10@gmail.com

Palavras-chave: Surrealismo; Campos de Carvalho; Roberto Piva; História; Literatura.

Serão analisados nesta comunicação as escrituras publicadas pelo novelista Walter


Campos de Carvalho e o poeta Roberto Piva entre as décadas de 1950 e 1960. Entre 1956 e
1964, Campos de Carvalho publicou os quatro romances que, por sua escolha, formariam a
sua Obra Reunida, publicada em 1995 pela José Olympio Editora. Fazem parte desse volume
A lua vem da Ásia (1956), Vaca de Nariz Sutil (1961), A Chuva Imóvel (1963) e O Púcaro
Búlgaro (1964). Roberto Piva publicou entre 1961 e 1964 os textos que formariam Um
estranho na legião, o primeiro volume de suas obras reunidas publicado em 2005 pela Editora
Globo. Constam neste volume o poema Ode a Fernando Pessoa (1961), os manifestos d’Os
que viram a carcaça (1962) e os livros Paranóia (1963) e Piazzas (1964). Além da estética
surrealista, os autores têm em comum a crítica ácida à cultura ocidental e a construção, nas
suas obras, de uma identidade cosmopolita relacionada ao modernismo. As representações
construídas pelos autores serão pensadas a partir das sensibilidades que constroem os textos,
que trazem em si significados que dialogam com o universo mental da época e fazem parte de
uma cultura específica. A linguagem, essência da literatura, permite essa abordagem por
surgir da relação dos homens entre si e com a realidade e se tornar elemento modelador dessas
relações. Desta forma, a literatura enquanto produto de seu tempo apresenta a subjetividade da
relação autor-cotidiano e autor-sociedade, pois não traz consigo apenas a percepção de seu
criador sobre sua realidade, mas o que gostaria de, nesta realidade, ver modificado.

 
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11. Rama, Armand e Arenas : um debate sobre o exílio na América Latina

Pacelli Dias Alves de Sousa


Mestrando em Letras pela USP
pacelli.sousa@usp.br

Palavras-chave: Exílio; Revistas Culturais; Literatura Cubana.

O trabalho pretende descrever e analisar uma discussão intelectual sobre o conceito de


exílio e sua aplicação para os casos latinoamericanos, tal como foi desenvolvida entre o
crítico literário uruguaio Ángel Rama e o escritor cubano Octavio Armand, nas páginas da
revista Escandalar, editada pelo poeta cubano entre Nova Iorque e Caracas. O debate, por sua
vez, respondia a um artigo publicado por Rama em 1978, intitulado “La riesgosa navegación
del escritor exiliado”, no qual o escritor desenvolvia uma análise do exílio enfocando os
deslocamentos políticos do cone-sul, como resposta aos golpes ditatoriais que abriram a
segunda metade do século XX. A leitura de Armand busca se contrapor à leitura do crítico,
desde uma suposta especificidade do caso cubano, que pediria outro ponto de vista. O debate
se encerra com a publicação de um ensaio do escritor Reinaldo Arenas, publicado em 1980,
logo após a sua saída da ilha com a Crise do Mariel. O debate é interessante na medida em
que põe em cena três visões distintas sobre um fenômeno crucial para os debates intelectuais
sobre a historiografia literária, o exílio de críticos e escritores, bem como para os estudos
sobre o caso dos deslocamentos regionais cubanos.

 
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SIMPÓSIO TEMÁTICO – MÍDIA E POLÍTICA  
 

Coordenação

Prof.ª Julia Calvo


Doutora em Ciências Sociais pela PUC Minas
Professora Adjunto IV do Departamento de História da PUC Minas
Coordenadora dos Cursos de Especialização em História da PUC Minas
juliacalvo1@gmail.com

Prof. Edison Gomes


Mestre em Comunicação Social pela UFMG
Professor Assistente IV do Departamento de História da PUC Minas
edisongomes.puc@gmail.com

Comunicações

1. ALCÂNTARA, Patrícia Costa de. Limites e alcances da propaganda do Estado Novo


para mobilização nacional durante a Segunda Guerra Mundial.

2. AZEVEDO, Letícia Silva. A retroalimentação mídia e política: a América do Sul no


Jornal G1, Rede Globo.

3. BELMIRO, Dalila Musa; SOUZA, Carolina. Midiatização da política e celebridade: um


panorama sobre populismo e democracia na América Latina

4. COSTA, Fhilippe Ribeiro da; SANTOS, Fernanda Mendes. Família Manson: construção
midiática ou reflexo de uma sociedade em colapso?

5. MIRANDA, Camila Barbosa Monção. “O Brasil invade a Amazônia”:


desenvolvimentismo autoritário da ditadura militar na região amazônica.

6. OLIVEIRA, Pedro Henrique de Lima; DIAS, Raíssa Quitério. A cobertura do golpe: um


paralelo entre 1964 e 2016.

7. ROCHA, Daniel. Jerry Falwell e a ascensão da Direita Cristã norte-americana.

8. ROMERO JUNIOR, João Carlos Marques; DUARTE, Larissa Gouveia. Atentados


terroristas e o Islã na atualidade: uma análise da repercussão do caso Charlie Hebdo através
das mídias das Américas.

9. SANTOMAURO, Jessica Gonçalves. Nuestra Raza: política, cultura e resistência afro-


uruguaia (1933-1948).

 
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10. SILVA, Bruna Carolina da; MORAIS, Natália Cristina Silva. Mídias e contracultura
estadunidense (1960 - 1978).

11. VAROTTO, Biannca Victtoria Leal. Imprensa nacionalista cubana no século XIX: o
legado de José Martí.

12. VIEIRA, Hugo Varejão; RIBEIRO, Sady Simões. A revista “ Correio da Unesco" e as
propostas dessa instituição para a América Latina ( décadas de 1950 e 1960).

 
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Resumo das Comunicações do ST – Mídia e Política


 
1. Limites e alcances da propaganda do Estado Novo para mobilização nacional durante
a Segunda Guerra Mundial

Patrícia Costa de Alcântara


Doutoranda em História pela UFRRJ
historiapca@gmail.com

Palavras-chave: Propaganda; Estado Novo; Segunda Guerra Mundial; Justiça do Trabalho.

Fundamentado em pesquisa empírica realizada em processos trabalhistas impetrados


nas Juntas de Conciliação e Julgamento de Belo Horizonte entre os anos de 1939 e 1945, o
trabalho pretende apontar os limites e os alcances do que chamamos “esforço de guerra”
empreendido pelo Estado Novo durante a Segunda Guerra Mundial, momento em que a
industrialização, o nacionalismo e a regulação das relações de trabalho características
marcantes do projeto de Estado. Demonstraremos como as notícias relacionadas aos
racionamentos, às leis, decretos e normas criados em decorrência da Guerra, assim como os
argumentos discursivos utilizados pelo governo a fim de mobilizar os civis, trabalhadores e
empresários num esforço coletivo em prol da estabilidade político-econômica brasileira
durante o período de beligerância repercutiram nos conflitos trabalhistas ajuizados na recém
criada Justiça do Trabalho brasileira.

 
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2. A retroalimentação mídia e política: a América do Sul no Jornal G1, Rede Globo

Letícia Silva Azevedo


Graduanda em História pela PUC Minas
leticiadogs2011@hotmail.com

Palavras-chave: Mídia; Política; América do Sul; G1.

O objeto do trabalho em questão é a mídia, um complexo comunicacional de suma


importância para a análise da sociedade ocidental que dele depende em termos vitais de
organização e comunicação. Tal objeto pode ser entendido como o conjunto de instituições
que utiliza tecnologias específicas para realizar a comunicação humana, possuindo uma
complexidade que a situa em seu lugar de indústria e instituição. (GUAZINA, 2013).
Destacamos a atuação da mesma na esfera pública, a qual se desenrola de acordo com o
manejo da esfera privada, uma produção que visa os interesses mercadológicos e políticos.
Seu compromisso é a transmissão de informação que se agrega à lógica mercantil de
audiência, ao espetáculo e ao entretenimento, logo, um palco onde se mescla notícia e
espetáculo. A mídia é produtora, então, de formas simbólicas, as quais são transformadas em
mercadoria. (TROMPSON, 2012). O jornal, é o registro cotidiano da sociedade da qual está
inserido e da qual pretende retratar. Trabalhado enquanto fonte documental deve ser encarado
como uma representação da sociedade em termos culturais e políticos, agente do campo
político ideológico. (ZICMAN, 1985). Sendo legitimado enquanto escrivão da realidade e
combinado às tecnologias midiáticas, das quais dependem a sociedade ocidental, contribui
para a naturalização de seu conteúdo, atuando enquanto formador e transformador da
mentalidade social. O ser é construído pelos artífices midiáticos (FONSECA, 2010). Posto
isso, o presente trabalho propõe-se a discutir essa retroalimentação presente na relação mídia-
política de forma a analisar o enquadramento midiático referente à América do Sul realizado
no primeiro semestre de 2018 pelo jornal Online G1, o portal de notícias da Rede Globo. Para
tanto, foram selecionados cinco países da América do Sul para compor o bando de dados,
sendo tal seleção partindo do critério de desenvolvimento do PIB de 2017. Dessa forma, os
países são: Argentina, Colômbia, Chile, Peru e Venezuela. As notícias foram coletadas
inserindo no campo de busca do site o nome dos países, sendo o ponto de saturação o recorte
 
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temporal. Foram excluídas as vídeo-reportagens e abordadas as notícias textuais disponíveis
no site do jornal. As notícias foram submetidas ao método da Análise de Conteúdo,
recomendável no tratamento da imprensa como fonte (ZICMAN, 1985), sendo agrupadas em
categorias analíticas, para entender por quais blocos sociais esses países são enquadrados pelo
filtro midiático do jornal G1, Rede Globo.

 
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3. Midiatização da política e celebridade: um panorama sobre populismo e democracia


na América Latina

Dalila Musa Belmiro


Mestranda em Comunicação Social pela PUC Minas
dalilahelvetica@gmail.com

Carolina Souza
Mestranda em Segurança Internacional pela Marinha do Brasil

Palavras-chave: Política; Midiatização; Celebridade; Democracia; Espetáculo.

Na Grécia Antiga, a ideia de democracia estava ligada à participação dos cidadãos na


tomada de decisões políticas. A democracia acontecia, então, por meio do diálogo entre os
iguais; contudo, com o advento das sociedades de massa, foi necessária a criação de um
mecanismo alternativo dado à impossibilidade de se reunir milhões em um lugar para um
debate. Esse mecanismo é o sistema representativo. A ideia central é que o representante
execute o papel daquele que ele representa, em outras palavras, o representante fala aquilo
que quem não está presente gostaria de dizer. Na teoria contemporânea, Robert Dahls cria o
conceito de poliarquia, que, por sua vez, está relacionado à participação (direito de eleger um
representante) e a liberdade (direito de contestação). Entretanto, nas últimas décadas, outra
variável foi inserida nessa questão, o processo midiatização da sociedade, que consiste na
inserção do midiático em todas as esferas da vida social, remodelando inclusive suas
instituições e criando um novo bios o bios midiático (SODRÉ, 2007), penetrou o meio
político, que com a difusão das redes sociais digitais, teve de se adaptar e inserir as lógicas
midiática ao jogo. Para se destacar e assim ganhar visibilidade, o sujeito político passou a
enfatizar sua imagem e performance, articulando as noções de poder e espetáculo ,
(THOMPSON, 1998), (KELLNER, 2002) dentro da esfera política. A ideia de representação
deu lugar, então, à ideia de identificação. O político não é escolhido por ser aquele que
representará os cidadãos, mas sim por ser aquele em quem os cidadãos se veem. Assim, o
político passa a se aproximar muito da noção de celebridade, entendida como uma
“representação midiática” (SMART, 2005) tornando-se o que conceituamos como celebridade
política (WHEELER, 20013), (ZUQUETE, 2011) e não o representante do povo. Esse
 
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trabalho tem por objetivo discutir os possíveis impactos do fenômeno da celebridade política
para as democracias sul-americanas, analisando seu principais líderes populistas. Para tal,
dividiremos o trabalho em três partes: na primeira, dissertaremos sobre os conceitos de
democracia, poliarquia e representação; na segunda, analisaremos o conceito de celebridade
política; e, por fim, discutiremos a relação entre democracia e celebridade política bem como
seus impactos no cenário político sul-americano.

 
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4. Família Manson: construção midiática ou reflexo de uma sociedade em colapso?

Fhilippe Ribeiro da Costa


Graduando em História pela PUC Minas
fhilippe_ribeiro@hotmail.com

Fernanda Mendes Santos


Graduanda em História pela PUC Minas
Fernanda54mendes@gmail.com

Palavras-chave: Manson; Beatles; Década 1960; Serial Killer.

O trabalho visa analisar a trajetória de vida de Charles Manson (1934-2017) da


infância até ser condenado à prisão perpétua em 1971. O caso de Charlie e da família Manson,
serve como estudo de caso para entendermos a década de 1960 nos Estados Unidos. Pós o
baby boom, cresce uma cultura forte destinadas aos adolescentes. Concomitante a isto, houve
a invasão britânica — chegada de bandas de Rock da Inglaterra aos Estados Unidos — e a
partir desse momento, a beatlemania, que já era grande na Inglaterra, cresceu nos EUA. E é
neste cenário de Beatles, Rock e drogas que Charlie e sua “família” estão inseridos.
Mostraremos como se repercutiu o caso Manson e quais são as principais representações dele
perante a mídia norte-americana. A Família Manson seria uma construção da mídia ou reflexo
de uma sociedade em colapso? É sobre essa pergunta que visamos refletir.

 
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5. “O Brasil invade a Amazônia”: desenvolvimentismo autoritário da ditadura militar


na região amazônica

Camila Barbosa Monção Miranda


Mestre em História pela UFAM
camilabmoncao@hotmail.com

Palavras-chave: Ditadura Militar Brasileira; Amazônia; Imprensa; Desenvolvimentismo;


Autoritarismo.

O presente trabalho almeja discutir alguns dos resultados da pesquisa de mestrado que
tinha como objetivo analisar as relações contraditórias entre o Estado e a região amazônica
durante o período da ditadura militar brasileira. Ao tomar o poder em 1964, as Forças
Armadas assumiram uma postura político-econômica desenvolvimentista baseada em
parcerias público-privadas e na criação de diversos organismos governamentais que tinham,
em tese, a função de executar e administrar as diversas empreitadas da ditadura nas várias
regiões do país. A Amazônia, considerada local estratégico dentro do território nacional, foi
alvo de muitos projetos que pretendiam “ocupar, colonizar, integrar e desenvolver” a região.
Contudo, muitas das ações da ditadura para a Amazônia foram permeadas por contradições,
imposições e violências que demonstram o caráter autoritário dessa presença governamental.
Certo é que esses projetos desenvolvimentistas para a região amazônica não surgiram com a
ditadura de 1964. No período republicano, já é perceptível o desejo de controle da Amazônia
com afinco por Getúlio Vargas, passando também por Juscelino Kubitschek. A ditadura dá
prosseguimento a essas empreitadas, aprofundando ainda mais a submissão da região a um
Plano Nacional que suprime as regionalidades e alteridades. Assim, através da análise de
propagandas, artigos e reportagens de jornais da grande imprensa (O Globo e o Jornal do
Commercio de Manaus) espero fomentar os debates em torno do tema da modernização
conflituosa e agressiva que foi imposta pela ditadura na Amazônia, tanto nos aspectos
sociocultural e ambiental, como também nos aspectos político e econômico.

 
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6. A cobertura do golpe: um paralelo entre 1964 e 2016

Pedro Henrique de Lima Oliveira


Graduando em História pela PUC Minas

Raíssa Quitério Dias


Graduanda em História pela PUC Minas
raissaq.dias@gmail.com

Palavras-chave: Jornalismo Alternativo; Golpe; Mídia NINJA;O Pasquim.

Este trabalho busca entender como se deu a cobertura jornalística alternativa sobre o
Golpe Civil-Militar de 1964 que instaurou a Ditadura no país, baseando-se no jornal Novos
Rumos. Para além, faremos um paralelo, com as devidas ressalvas, com o Golpe de 2016,
analisando a cobertura da rede descentralizada de mídia de esquerda do grupo denominado
"Narrativas Independentes, Jornalismo e Ação", ou mais conhecido como Mídia NINJA.

 
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7. Jerry Falwell e a ascensão da Direita Cristã norte-americana

Daniel Rocha
Doutor em História pela UFMG
danielrochabh@yahoo.com.br

Palavras-chave: Religião e Mídia; Fundamentalismo; História dos Estados Unidos.

A presente comunicação discutirá a importância do pastor batista e “televangelista”


Jerry Falwell na organização da Direita Cristã norte-americana no final da década de 1970 e
na consolidação desse grupo como uma importante força política nos Estados Unidos.
Durante a década de 1970 os fundamentalistas buscavam maneiras de passar do seu
tradicional protesto sociocultural para uma militância política aguerrida. Entretanto, havia a
necessidade de transformar essas mobilizações passageiras e motivadas por algum episódio
polêmico em uma organização sistemática e permanente de defesa dos interesses dos cristãos
conservadores. A ferramenta que viria a viabilizar uma nova dinâmica de atuação e
organização dos fundamentalistas foi o uso da mídia. O uso religioso dos meios de
comunicação veio a criar várias celebridades que atraíam a audiência de milhões de
telespectadores e arrecadavam milhões de dólares em doações para a manutenção de seus
programas e de seus ministérios evangelísticos. Tornaram-se grandes fenômenos de mídia e
imensas potências financeiras. No final da década de 1970, um dos mais famosos e influentes
televangelistas norte-americanos era o pastor batista Jerry Falwell. Ele era pastor de uma
enorme igreja na cidade de Lynchburg na Virgínia e seu programa Old Time Gospel Hour era
exibido em 324 estações de televisão e tinha uma audiência estimada em 50 milhões de
espectadores. Tendo se firmado como um dos mais populares pregadores norte-americanos,
Falwell progressivamente fez a passagem de um discurso sectário de afastamento das “coisas
do mundo” para pregações e declarações sobre a necessidade trazer os Estados Unidos de
volta à pureza moral e a seus fundamentos cristãos, mesmo que fosse necessário para isso agir
por canais políticos. À frente de uma organização política chamada Maioria Moral (Moral
Majority), da qual foi um dos fundadores, Falwell tornou-se uma figura chave da política
norte-americana na virada de década de 1970 para 1980.

 
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8. Atentados terroristas e o Islã na atualidade: uma análise da repercussão do caso


Charlie Hebdo através das mídias das Américas

João Carlos Marques Romero Junior


Graduando em História PUC Minas
joaomarquesromero@hotmail.com

Larissa Gouveia Duarte


Graduada em Letras PUC Minas
larissagd2015@gmail.com

Palavras-chave: Charlie Hebdo; Discurso Midiático das Américas; Questão Árabe.

O presente trabalho tem como objetivo analisar o discurso das mídias das Américas
em relação ao atentado que atingiu o jornal francês Charlie Hebdo em janeiro de 2015. Para
isso, pretendemos mostrar as principais diferenças que devem ser analisadas ao observar a
abordagem da mídia em relação a questões do mundo árabe e islâmico, como a distinção entre
os termos “árabe” e “muçulmano” e entre “muçulmano” e “terrorista”. Pretende-se, também,
mostrar como a abordagem da mídia ocidental reproduz um discurso preconceituoso e
eurocêntrico sobre a questão árabe.

 
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9. Nuestra Raza: política, cultura e resistência afro-uruguaia (1933-1948)

Jessica Gonçalves Santomauro


Licenciada em História pela UFMG
jsantomauro@live.com

Palavras-chave: Afro-Uruguaios; Revistas Latino-Americanas; Uruguai; Século XX;


Resistência.

Entre os anos de 1933 e 1948 a revista Nuestra Raza, produzida por afro-uruguaios,
lutou pela inserção cultural, política e intelectual dos negros na sociedade uruguaia. O
periódico contrariava o discurso estabelecido de uma nação puramente branco-europeia, que
se construiu por tanto tempo. Essa construção começou a crescer em meados do século XIX
com a modernização do país, e se consolidou, principalmente, com a comemoração do
Centenário de Independência em 1930. Gerardo Caetano, importante historiador uruguaio,
analisa que o mítico Centenário foi um período de extrema importância para a consolidação
dos modelos de nação e cidadania que até hoje podem ser vistos no país. “El libro del
Centenario del Uruguay”, uma publicação patrocinada pelo Ministerio de Instrucción Pública,
em 1929, expressava que o “tipo nacional” era – dentre adjetivos como “inteligente” e
“valente” – de raça branca em quase sua totalidade, o que implicaria em uma “superioridade”
uruguaia sobre outros países da América cuja população era composta por índios, mestiços e
negros. Dentro desse cenário de exclusão da presença afro-uruguaia, a revista Nuestra Raza,
transitando entre o social, político e cultural, buscava um diálogo em contraposição ao
discurso empregado.

 
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10. Mídias e contracultura estadunidense (1960 - 1978)

Bruna Carolina da Silva


Graduanda em História pela PUC Minas
brunacsilva42@gmail.com

Natália Cristina Silva Morais


Graduanda em História pela PUC Minas

Palavras-chave: Contracultura; EUA; Mídias; Drogas; Guerra do Vietnã.

A definição mais conhecida e primordial que temos de Contracultura, são movimentos


que não se alinham a cultura hegemônica, que contestam a ordem vigente. Os movimentos
sócio-político-culturais que ocorreram nos Estados Unidos da América, durante os anos 1960,
se encaixam nessa definição, contudo devem ser compreendidos dentro de um contexto mais
amplo. Para Theodore Roszak (1969), cunhador do termo “contracultura”, esses movimentos
se caracterizaram por jovens “interessados pela psicologia da alienação, pelo misticismo
oriental, pelas drogas psicodélicas e pelas experiências comunitárias cuja concepção era
absolutamente oposta aos valores e pressupostos que constituíram os pilares da sociedade.”
(SILVA, 2015, p.1). Hobsbawm (2002), por sua vez, irá inserir esses movimentos no que
conhecemos como “Revolução Cultural”, e Luís Carlos Maciel (SILVA, 2015) afirmará que a
contracultura pode ser definida como uma posição critica radical em face da cultura
convencional. Baseado nesses autores, o objetivo desse trabalho é discutir como esses
movimentos de contracultura foram ganhando força e se desenvolvendo no seio dos EUA pós
Segunda Guerra Mundial, acalentado por certo clima de estabilidade financeira e crescimento
populacional, e a influência das mais diversas mídias nessa construção. Para isso é importante
destacarmos a consolidação dos aparelhos televisivos na década de 1950 e como a
insatisfação da juventude, suas angústias e aventuras se propagavam na velocidade da luz na
TV. Ao lado dessas coberturas midiáticas tradicionais, que falavam positivamente ou não
acerca dos movimentos de contracultura, temos a participação de mídias alternativas, criadas
por movimentos sociais diversos na tentativa de divulgar seus ideais e mostrar acontecimentos
que não eram cobertos pela mídia tradicional, sendo conhecidos como os meios
“underground”. Nessa conjuntura pretendemos estudar a cobertura das mídias norte-
 
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americanas em dois eventos: a Guerra do Vietnã, e como as mesmas influenciaram, mesmo
que não totalmente, a opinião da população acerca da presença dos EUA na Ásia. E ainda a
temática do uso de drogas, em especial o LSD, amplamente divulgado nesses movimentos de
contracultura e quais os vários pontos de vistas sobre esse elemento que eram discutidos entre
1950-1971 nos EUA.

 
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11. Imprensa Nacionalista Cubana no Século XIX: O Legado de José Martí

Biannca Victtoria Leal Varotto


Graduada em História pela PUC Minas
bianncavarotto@gmail.com

Palavras-chave: Imprensa; Nacionalismo; José Martí; Félix Varela.

A figura de José Martí para a história da Ilha cubana é importantíssima, toda sua
trajetória foi pautada pela presença do sentimento nacionalista e da percepção da importância
da libertação de Cuba sob a dominação estrangeira. Martí viveu no período em que a Ilha era
colônia da Espanha, por este motivo, assumiu a postura de resistência e luta em busca da
independência cubana. Para disseminar seu ideário de independência e soberania dos cubanos
em seu próprio território, José Martí irá recorrer a imprensa. Esta ferramenta de comunicação
já apresentava um forte legado em Cuba, figuras como a de Félix Varela, sobressaem e
contribuem para a formação de José Martí. Um ponto muito essencial de elo entre estes dois
personagens da história cubana, encontra-se no fato de ambos terem sido exilados no Estados
Unidos. Este período na vida de José Martí foi de extrema importância para sua produção
intelectual e fortalecimento do seu sentimento de nacionalismo. Compreender a presença de
personagens, como por exemplo, José Martí auxilia o entendimento do desejo revolucionário
e independência do povo cubano que neste momento da história mostrava-se embrionário,
mas que ao longo dos anos irá tomar mais força. Para realizar este estudo foi preciso buscar
artigos que relatassem a trajetória da imprensa em Cuba, a vida de José Martí e seu maior
influenciador Félix Varela.

 
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12. A revista “ Correio da Unesco" e as propostas dessa instituição para a América


Latina (décadas de 1950 e 1960)

Hugo Varejão Vieira


Graduando pela UFMG
hugovarejaoufmg@gmail.com

Sady Simões Ribeiro


Graduanda pela UFMG

Palavras-chave: Unesco; Revistas Culturais; América Latina; Correio da Unesco.

Neste trabalho buscamos identificar as visões e representações sobre a América Latina


produzidas pela Unesco através de sua revista cultural e informativa ‘Correo de la Unesco’. O
recorte temporal estipulado inicialmente para os dois pesquisadores foi desde a fundação da
revista (1948) até o final da década de 60, fazendo parte de um projeto de pesquisa mais
amplo sobre “Impressos, cultura e política na América Latina”, desenvolvido por aluno de
graduação do curso de História da Universidade Federal de Minas Gerais, capitaneado pela
Profa. Dra. Adriane Vidal. Utilizamos de uma metodologia especifica para analisar revistas
culturais, apresentado por Alexandra Pita González e María del Carmen Grillo em seu artigo
“Una propuesta de análisis para el estudio de revistas culturales”. Seguindo as propostas
destes autores, nos ativemos às preocupações ‘materiais’: de aspectos mais técnicos;
‘materiais e imateriais’: com aspectos do conteúdo e ‘imateriais’: com ênfase na geografia
humana da revista. Dentro desta revista com pretensões documentais e propagandísticas das
atividades da Unesco, que traz seus debates internos e externos, seus projetos e seus valores
humanísticos, com um forte teor, ora moral, ora tecnocrático; buscamos mapear tudo que
dissesse respeito à América Latina, evidenciando elementos importantes do projeto político e
cultural da Unesco para o “desenvolvimento da região”. Desta forma, permeamos projetos
educacionais, de redes radiofônicas, de investimento cientifico, de análises culturais, como
viagens à floresta amazônica ou divulgação de arte indígena e etc. Estamos apresentando a
riqueza destas fontes e o mar de possibilidades que abre para diversos trabalhos, o que pode
servir de inspiração para novas pesquisas, descobrindo novos objetos, ou se identificar como
fontes para trabalhos já existentes. Seja para ter conhecimento de projetos formais, para
 
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analisar a forma como a UNESCO representava e dialogava com a América Latina ou para
identificar os projetos políticos que atuaram sobre o nosso continente, a revista, que se
encontra digitalizada quase em sua completude, se mostra útil e surpreendentemente
subutilizada. Por fim, também elaboramos uma tabela do Excel que buscou, em seus devidos
recortes temporais e no que foi possível, mapear a América Latina na revista, com um sistema
de busca por tema; autor; ano e etc. – que nos dispomos a compartilhar com qualquer
interessado.

 
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SIMPÓSIO TEMÁTICO – MOVIMENTOS SOCIAIS E POLÍTICA  
 

Coordenação

Lucimar Lacerda Machado Coelho


Mestre em Educação pela PUC Minas
lucimar.machado@yahoo.com.br

Maria Visconti Sales


Doutoranda em História pela UFMG
mariavisconti92@gmail.com

Prof. Mário Cléber Martins Lanna Júnior


Doutor em História Social pela UFRJ
Professor Adjunto IV do Departamento de História da PUC Minas
mariolanna@gmail.com

Comunicações

1. CAMPOS, Iago Luan Braga. A contracultura na Era de Aquário e a “nova


contracultura”: uma análise comparada.

2. COELHO, Marcela Menezes Dutra. Educação e política: as representações do Iluminismo


Bolivarianista no Discurso de Angostura.

3. CRAVO; Télio. Capitalismo dependente, subdesenvolvimento e mudanças sociais na


América Latina: notas de pesquisa sobre o pensamento de Florestan Fernandes.

4. CRUZ, Walace Alexsander Alves. Teologia da Libertação: militância e resistência em


nome de Deus.

5. DIAS, Flávia Lorrayne de Ancântara; MONTEIRO, Mariana de Carvalho. Exército


Zapatista de Libertação Nacional.

6. DINIZ, Ana Paula Santos. Os desafios dos movimentos sociais pela luta por moradia e a
aprovação do Plano Diretor de Belo Horizonte.

7. GOMIDE, Marina Vasconcelos; CAVALCANTI , Thiago José Bezerra. Gestão dos sítios
arqueológicos na Guatemala e a iniciativa da Lei dos lugares sagrados dos povos indígenas.

8. LUZ, Mahira Caixeta Pereira da. Neoliberalismo, política e o Exército Zapatista de


Libertação Nacional: a revista "Chiapas" e a resistência intelectual.

 
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9. MENDES, Lívia da Silva. Revolução cubana e sua influência sob o MST – Movimento dos
Sem Terra.

10. MESQUITA, Fábio Junqueira. Fazendo História e o mea-culpa: as juventudes nas


decisões políticas brasileiras.

11. NASCIMENTO, Leonardo Henrique Alves de Lima; OLIVEIRA, Caroline Maria de.
Resistência peruana: o movimento de resistência Sendero Luminoso no Peru dos anos 1960 a
1990.

12. PRIETO, Stephanie de Barros; JESUS, Rubson Santos de. O Multiculturalismo e o


Discurso da Intransigência: uma análise do neoliberalismo na América Latina.

13. ROMÃO, Samuel Leite Fonseca. Os movimentos de resistência indígena à colonização:


estudo de caso – Tupac Amaru II.

14. SANTIAGO, Lorraine de Araújo; PEQUENO, Fernanda. Haiti e Vodu: a influência do


aspecto simbólico e movimentação para Independência.

15. SANTOS, Ana Lídia de Paula. Sendero Luminoso: banditismo camponês na América
Latina.

16. SANTOS, Luis Filipe dos. Luta, paz, soberania popular: a batalha das FARC pelo
cumprimento dos acordos de Havana.

17. SOUSA, Mateus Moreira de; MORAIS, Saulo Lopes de. Pix(ação) - O grito de quem
não tem voz.

18. VASCONCELLOS, Christianne Silva. O Brasil no contexto Latino-Americano da


Justiça de Transição. Uma análise crítica dos efeitos jurídicos, políticos e sociais da Lei de
Anistia de 1979.

 
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Resumo das Comunicações do ST – Movimentos Sociais e Política


 
1. A contracultura na Era de Aquário e a “nova contracultura”: uma análise comparada

Iago Luan Braga Campos


Graduado em História pela PUC Minas
iago.lbc@gmail.com

Palavras-chave: Movimentos sociais; Contracultura; Conservadorismo.

O século XX foi, para muitos historiadores, o mais longo da história da humanidade.


Não por possuir mais de cem anos e ser cronologicamente maior do que os demais, mas
sobretudo pelos inúmeros acontecimentos, conflitos e rupturas de paradigmas surgidas neste
contexto. As grandes guerras eram feridas abertas para a população mundial, que ansiava nas
disputas a resolução de todas as contendas e a construção de um caminho para a paz.
Entretanto, o cenário que se apresentou foi o da consolidação de duas grandes potências, EUA
e URSS, que reconheceram a incompatibilidade de seus projetos, iniciando um longo e
indireto embate entre ambas as nações. Diante do clima de instabilidade alimentado pela
bipolarização do mundo, eis que a juventude se manifesta. Tradicionalmente cobrados, mas
desconsiderados em suas opiniões, os jovens trouxeram ao mundo um novo olhar dentro do
cenário de falta de perspectivas. A juventude norte-americana tinha aversão ao modo de vida
tecnocrata dos pais – concluir os estudos, alistar-se no Exército, alcançar um emprego estável.
Contestavam os valores do American Way of Life, agindo por conta própria para renovar a
estrutura da sociedade a partir de suas convicções. O historiador e sociólogo Theodore Roszak
caracterizou este movimento político-cultural como contracultura pela primeira vez em 1969,
inaugurando uma nova categoria de análise para as manifestações posteriores vinculadas a
esta matriz. A influência da contracultura foi tamanha que se estendeu para todo o Ocidente,
incluindo os países do Cone Sul, e adquire cunho político ao contestar o autoritarismo latente
dos anos de chumbo. Nos dias de hoje, com o fomento às discussões sobre a diversidade em
sua forma mais ampla no mundo, jovens de orientação conservadora afirmam sobre a
existência de um status quo da esquerda, que hostiliza ou censura pautas que não são do seu
interesse. De tal forma, agem no sentido de denunciar tais práticas e reiterar suas convicções

 
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para propor uma nova de sociedade, na qual o “politicamente correto” não condicione a
liberdade de expressão. Segundo o youtuber inglês Paul Joseph Watson – um dos
influenciadores deste pensamento – “o conservadorismo é a nova contracultura”, já que a
esquerda ascendeu ao poder e se tornou a cultura dominante, invertendo com a direita a
posição de controle político. Portanto, ser conservador é ser subversivo. Este trabalho tem
como objetivo evidenciar a tentativa de alguns grupos conservadores de se associar a um
movimento datado e vinculado às demandas específicas dos anos 1960 e 1970. Para pautar
sua resistência aos novos valores praticados pela sociedade contemporânea, esta parcela da
população opta por negligenciar as conquistas sociais adquiridas na história recente por
grupos tradicionalmente marginalizados, reduzindo suas ações afirmativas em práticas
preconceituosas e antiéticas.

 
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2. Educação e política: as representações do Iluminismo Bolivarianista no Discurso de


Angostura

Marcela Menezes Dutra Coelho


Graduanda em História pela PUC Minas
mmdcoe@hotmail.com

Palavras-chave: Bolívar; Iluminismo; Educação; América; Liberdade; XIX.

O presente artigo objetiva compreender o ideal iluminista de Simón Bolívar a partir do


Discurso de Angostura. Para tal, é empreendida uma contextualização histórica dos
iluminismos europeus, espanhol e americano. Por fim, é efetuada uma análise de trechos do
discurso visando representações do pensamento iluministas nas palavras de Bolívar. A partir
deste estudo, percebe-se a centralidade do papel da educação do povo em seus ideais e é nessa
percepção que o trabalho se justifica, pois, a partir dele é possível notar a origem de um
pensamento exclusivista da política que entende esse espaço como aquele que pertence apenas
aos homens estudados, sendo este trabalho uma forma de quebrar com tal percepção.

 
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3. Capitalismo dependente, subdesenvolvimento e mudanças sociais na América Latina:


notas de pesquisa sobre o pensamento de Florestan Fernandes

Télio Cravo
Doutor em Desenvolvimento Econômico (Unicamp)
teliocravo@yahoo.com.br

Palavras-chave: Florestan Fernandes; América Latina; Brasil; Século XX.

Este estudo tem por objetivo analisar interpretação de Florestan Fernandes sobre os
entraves estruturais das mudanças sociais na América Latina. Durante as décadas de 1960 e
1970, a crítica ao capitalismo, no sentido de repensar uma teoria original para a periferia
latino-americana, foi dificultada pela confusão com a crítica à ditadura. Assim, esta pesquisa
investiga a relação entre o pensamento crítico de Florestan Fernandes, a concepção de história
e os impeditivos sociais e culturais para a conciliação de desenvolvimento econômico,
democracia e soberania nacional. Na década de 1960, o modelo interpretativo da
“dependência” tomou o lugar do modelo “dualista”. Esse revisionismo encontrou ressonância
nas interpretações de Fernando Henrique Cardoso para o Brasil, Stavenhagen na Argentina,
Quijano no Peru, Oswaldo Sunkel no Chile. De acordo com esses novos teóricos, a
industrialização e a urbanização não produziriam os resultados que produziram nas nações
desenvolvidas. Convencidos de que a questão central era a dependência, os estudiosos
começaram a dedicar grande atenção à circulação de capital e às relações entre a economia
latino-americana e o mercado internacional, entre capitalistas nacionais e estrangeiros, entre
setores privados e governamentais. Embora Florestan considere a dependência econômica um
fator importante no desenvolvimento histórico brasileiro, ele conferiu maior atenção à
dinâmica interna da sociedade brasileira. A obra de Florestan procurou distinguir história e
estrutura. Por estrutura entende a configuração mais profunda da sociedade brasileira, a um
tempo capitalista e dependente. Assim, argumenta-se, neste estudo, que a história é o
privilegiado da análise de Florestan Fernandes, pois é através dela que essa estrutura se
concretiza. Nesse sentido, esta pesquisa em curso, procura desvendar qual seria o lugar dos
“de baixo” na história, segundo o pensamento de Florestan Fernandes, aspecto pouco
explorado pela historiografia.
 
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4. Teologia da Libertação: militância e resistência em nome de Deus

Walace Alexsander Alves Cruz


Graduando pela PUC Minas
walacealexsander@yahoo.com.br

Palavras-chave: Teologia; Religião; Política; Resistência.

O trabalho visa analisar a relação política e religião no contexto latino-americano, com


um recorte específico para a Teologia da Libertação que surge como uma fé militante que se
materializa no engajamento político com viés marxista. Objetivando ser uma militância e
resistência em nome de Deus.

 
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5. Exército Zapatista de Libertação Nacional

Flávia Lorrayne de Alcântara Dias


Graduanda em História pela PUC Minas
falcantara96@gmail.com

Mariana de Carvalho Monteiro


Graduanda em História pela PUC Minas

É necessário considerar que a formação do Exército Zapatista em Chiapas no México,


teve grande influência em seu processo de formação, a partir dos ideais da Revolução
Mexicana e de Emiliano Zapata, assim como, de simpatizantes esquerdistas e marxistas com
objetivo de garantir direitos e reconhecimento dos povos de origem indígena. Diante disso, o
Exército se forma com a participação de indígenas e mestiços de descendência Maia, uma vez
que a região na qual o Exército atua é majoritariamente pertencentes da cultura Maia. Em
virtude disso, é cabível mencionar os ideais do grupo, as principais formas de atuação do
mesmo e por fim, o caráter de resistência que persistem até os dias de hoje.
Em primeiro lugar, é relevante destacar os motivos pelos quais os membros desse
grupo se rebelaram. Dentre eles nota-se que o estado de Chiapas era a região mais pobre do
país, considerado que a população ao longo de décadas já sofriam com questões ligadas à
distribuição de terras, a fome, desigualdade social, revelando um total descaso do governo
com a população de Chiapas. Além disso, a política governamental era de cunho neoliberal
que previa regalias para os latifundiários, concentrando ainda mais terras e poder na mão de
poucos. Desta forma, esse cenário atrelado a aprovação do NAFTA, (tratado de livre
comércio), foi o estopim para que os membros do Exército Zapatista descessem as montanhas
para confrontar o governo em 1994.
Em segundo lugar, é importante mencionar os ideais que esse grupo carregava, de
modo que, através dessa ideologia foi possível garantir a resistência do Exército por mais de
30 anos. Considera-se que essa linha de pensamento baseava-se em um ideal de Libertação e
autonomia, com o objetivo de garantir os direitos básicos, como, pão, terra, igualdade e
reconhecimento. Com base nesse ideal de Libertação, o Exército contou com o apoio da
mídia, que possibilitou difundir os ideais do movimento pelo mundo, mostrando as injustiças

 
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e atrocidades indiretas cometidas pelo estado com a população de Chiapas o que gerou uma
situação de solidariedade por diversos grupos simpatizantes ao Zapatismo o que proporcionou
o reconhecimento, apoio e acordos de paz. Esse apoio foi imprescindível na contribuição de
resistência ao grupo, uma vez que as origens maias persistiram aos ataques por tantos anos
reafirmando a ideia de uma guerrilha autônoma, mas sem a tomada do poder, a partir do
diálogo com o governo.
Em virtude dos fatos mencionados, depreende-se que o Exército Zapatista pode ser
considerado um grande exemplo de resistência, visto que os mesmos já resistem ao longo de
séculos de colonização e exploração, a partir de discursos, vestimentas, língua e ideias de
origem Maia. Portanto, o grupo demonstra que através da resistência é possível reverter o
cenário cruel em que se encontravam, através de um conflito ideológico, ou seja, sem a
presença em todo momento de confrontos armistícios, apenas no primeiro momento da
guerrilha, considerando, desta forma, que a tomada de poder não se faz necessária.

 
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6. Os desafios dos movimentos sociais pela luta por moradia e a aprovação do Plano
Diretor de Belo Horizonte

Ana Paula Santos Diniz


Doutoranda pela Universidad de Barcelona
aninhapsd@hotmail.com

Palavras-chave: Movimentos Sociais; Moradia; Direito; Política; Belo Horizonte.

O objetivo deste trabalho é apresentar os desafios dos movimentos sociais pela luta
por moradia, em Belo Horizonte, que data de período anterior à Constituição da República
Federativa do Brasil de 1988. A luta pela moradia como direito e não assistencialismo tem seu
marco no início da década de 80, junto com a luta pelos direitos fundamentais. Pode-se dizer
que um dos maiores desafios foi o reconhecimento do direito pelo próprio sujeito. Isto porque,
prevaleciam ações de caráter caritativo e assistencialista que dificultavam a compreensão da
moradia como direito dentro da lógica do mercado capitalista imobiliário. No início dos anos
80, em São Paulo, pessoas vinculadas à Organização do Auxílio Fraterno, começaram a
questionar a natureza assistencialista do trabalho ofertado à população em situação de rua e às
famílias de baixa renda. Em 1987, em Belo Horizonte, a Pastoral de Rua começou a trabalhar
com esta mesma lógica, repensando as ações que eram realizadas. Nesta mesma época,
militantes de movimentos comunitários começaram a se reunir e organizar, junto ao
movimento nacional de luta pela moradia, a fim de elaborar pautas referentes às necessidades
urbanas e a criação de um plano diretor para a cidade. O primeiro Plano Diretor de Belo
Horizonte foi instituído em 1996, após uma década de luta e reivindicações. Este Plano
contemplava que futuras alterações em seu texto e na Lei de Parcelamento, Ocupação e Uso
do Solo (LPOUS), Lei 7.166/96 , seriam condicionadas à realização de Conferências
Municipais de Política Urbana. Com o Estatuto da Cidade, em 2001, novas demandas surgem
tanto para a cidade, quanto para os gestores. A partir de então, outras pautas reivindicativas se
fazem necessárias, inclusive a realização das conferências, com o objetivo de efetivar a
democratização da política urbana do município. Assim, por este trabalho, pretende-se
também, narrar a trajetória dos movimentos sociais na construção das políticas urbanas em
Belo Horizonte.
 
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7. Gestão dos sítios arqueológicos na Guatemala e a iniciativa da Lei dos lugares


sagrados dos povos indígenas

Marina Vasconcelos Gomide


Graduanda em Antropologia pela UFMG
marinavgomide@gmail.com

Thiago José Bezerra Cavalcanti


Mestre em Sociologia pela UFF

Palavras-chave: Movimento Maya; Lugares Sagrados; Guatemala.

Este trabalho tem como objetivo discutir as relações entre o protagonismo maya e a
política, levando em consideração a iniciativa de Lei dos Lugares Sagrados (n°3835) dos
povos indígenas na Guatemala, que está em discussão no congresso guatemalteco desde 2008.
Os chamados “Lugares Sagrados” são os locais cerimoniais, que podem ser espaços naturais
como cavernas, vales, montanhas, ou também ser construídos tais como os sítios
arqueológicos. A questão ambiental na Guatemala é marcada por uma relação de conflitos
intermitentes entre povos indígenas, em sua maioria povos mayas, e grandes empresas, quase
todas internacionais. Isto gera dificuldades para o estabelecimento de uma legislação
específica, que contemplaria, entre outras demandas, a gestão dos povos indígenas sobre seus
lugares sagrados. Tais lugares estão, em sua grande maioria, sobre jazidas naturais e recursos
de importante valor econômico. O trabalho contemplará eixos específicos para facilitar a
visão panorâmica desta questão: faremos uma introdução ao movimento intelectual maya,
seguida de uma contextualização histórica da atuação da Oxlajuj Ajpop, uma das principais
organizações que reúnem os chamados ajq'ijab' ou sacerdotes mayas contemporâneos,
principal instituição promotora e defensora do referido projeto de lei. No tópico seguinte
contemplaremos alguns exemplos específicos de territórios mayas em disputa com grandes
mineradoras, seguido, no próximo item, por algumas considerações tecidas sobre o projeto de
lei, que contemplará relatos de indivíduos que estavam envolvidos durante sua elaboração.

 
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8. Neoliberalismo, política e o Exército Zapatista de Libertação Nacional: a revista


"Chiapas" e a resistência intelectual

Mahira Caixeta Pereira da Luz


Mestre em História pela UFMG
mahira.caixeta@gmail.com

Palavras-chave: Intelectuais; Revista-Acadêmica; EZLN.

A revista "Chiapas", nosso objeto de pesquisa, foi uma coedição produzida pelo
Instituto de Investigaciones Económicas (IIEC), da Universidad Nacional Autónoma de
México, em parceria com as Ediciones Era. A publicação acadêmica, que contou com a
direção da economista Ana Esther Ceceña, circulou no formato digital e impresso, tendo sua
duração compreendida entre os anos de 1995 e 2004. A sua criação foi motivada pela
insurreição do Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN), movimento social indígena
mexicano, que ocorreu em 1994. Os intelectuais que a produziam tinham como objetivo
inicial analisar a formação do movimento e como sua atuação afetava o estado de Chiapas e o
México como um todo, escopo que paulatinamente foi sendo ampliado. Para além de ser um
local de publicização do conhecimento, entendemos essa revista como um espaço de
sociabilidade e resistência intelectual. Entendemos essa revista como um projeto intelectual,
na medida em que professores universitários a utilizaram como um suporte material para
debater publicamente questões referentes ao México e à América Latina. Entender as críticas
referentes a alguns aspectos da política mexicana, a adoção do neoliberalismo em escala
continental, bem como analisar a problemática indígena trazida na publicação nos fará
compreender melhor os contornos da intelectualidade no México contemporâneo.
Utilizaremos da História Intelectual e dos Intelectuais como suporte teórico, bem como do uso
de revistas como fonte para o trabalho do historiador. Nossa ênfase se dará na análise das
ideias que circularam na revista e de que como essas dialogaram com a sociedade na qual
foram produzidas.

 
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9. Revolução cubana e sua influência sob o MST - Movimento dos Sem Terra

Lívia da Silva Mendes


Graduanda em História pela PUC Minas
livinhamendes01@gmail.com

O processo revolucionário que ocorre em Cuba no fim da primeira metade do século


XIX, será responsável por influenciar inúmeros processos de cunho político, econômico e
social não só na América Latina, assim como em todo o Globo. E tendo em vista ao que se
desdobrará no Brasil, com a instauração e ascenção do regime civil militar (1964-1985), será
entre os anos de 1979 e 1985, que se estruturara o MST - Movimento dos Sem Terra. Este
que, não coincidentemente, é o movimento social que mais se apróxima do ideal
revolucionário cubano, tendo ações pensadas para serem exercidas coletivamente. Sendo isso
através de ocupação de latifúndios na luta por terras, da educação, saúde, cultura e direitos
humanos. E que mesmo tendo suas principais pautas voltadas para a redistribuição e ocupação
de terras, ainda assim, o movimento irá aderir a outras lutas sociais no decorrer dos anos.

 
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10. Fazendo História e o mea-culpa: as juventudes nas decisões políticas brasileiras

Fábio Junqueira Mesquita


Mestrando pela UEMG
fabiojmesquita@outlook.com

Da efervescência do Rock’n Roll aos Memes; das gírias às ideologias, muita coisa
mudou. Para além dos artefatos culturais, neste estudo buscou-se evidenciar como as
diferentes juventudes, em seu tempo, participaram da política no Brasil. Com objetivo de
investigar as contribuições das juventudes para atual conjuntura política em que vivemos,
recorreu-se ao seu histórico de lutas, desde 11 de agosto de 1937, com a criação da União
Nacional dos Estudantes (UNE). De pronto, o engajamento e organização juvenil em causas
sociais e políticas, neste caso, durante a Ditadura (ou Regime; ou Era, se preferir) Vargas;
Com a redemocratização, a UNE se aproxima da União Democrática Nacional (UDN) e de
outros setores da direita brasileira, entre 1950 e 1955; Enquanto isso, muitos/as estudantes
também estavam envolvidos no debate político, se alinhando à Igreja Católica e ao Partido
Comunista Brasileiro, vindo a vencer a UDN em 1956 e retomando a direção da UNE. As
juventudes dos anos de chumbo estiveram ativas nas imprensas alternativas e clandestinas,
nas passeatas, nos combates; Entre os anos 60 e 80, o movimento estudantil, teve papel
fundamental na luta contra a ditadura, mas também existiram os jovens que seguiam carreira
militar, estes atuavam na repressão daqueles; As lutas pelas “diretas já!”, em 1983-84, e o
movimento dos “caraspintadas”, já em 1992, também apontam para o interesse dos jovens
pela política brasileira. O desejo do jovem em fazer história adentra o novo século, e produz
novas forças, como é o caso do Movimento Passe Livre (MPL) e, do aparentemente
oportunista, Movimento Brasil Livre (MBL). Novo milênio e com ele, as lutas dos estudantes
pelo passe-livre ou a meia tarifa do transporte coletivo; as manifestações de 2013 e 2014; os
protestos de 2015 e, também, os de 2016; as Ocupações dos Secundaristas; e as eleições
brasileiras de 2018. Para isto, contou-se com a pesquisa bibliográfica e documental,
analisando textos acadêmicos, vídeos disponíveis no YouTube e memes que circulam nas
redes sociais.Com foco no interstício de 2013 a 2018, foi possível identificar a ascensão do
candidato a Presidência, motivado principalmente pelos jovens brasileiros. Se nas décadas de
60 e 70 era crescente a quantidade de jovens que se rebelavam contra a direita por meio do
 
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Rock’n roll, atualmente, existem os/as jovens que utilizam os Memes, via redes sociais, para
apoiar e difundir interesses da direita.

 
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11. Resistência peruana: o movimento de resistência Sendero Luminoso no Peru dos


anos 1960 a 1990

Leonardo Henrique Alves De Lima Nascimento


Graduando pela PUC Minas
leonardoh95@hotmail.com

Caroline Maria de Oliveira


Graduanda pela PUC Minas

Palavras-chave: Sendero Luminoso; Peru; Resistência.

Os esforços deste trabalho visam à compreensão do movimento de resistência Sendero


Luminoso no Peru dos anos 1960 a 1990, partindo do pressuposto de que sua importância
consiste em somar esforços aos estudos peruanos em língua portuguesa, superando a barreira
da língua ao longo da construção de um breve conhecimento acerca de um processo latino-
americano. Para tanto nos valeremos de um rico levantamento de dados estatísticos e teóricos,
que comporão a construção de um contexto peruano do período proposto, averiguando como
aspectos populacionais distintos entre o meio rural e urbano configuram as condições
propicias para a resistência a regimes autoritários para um estudo da relação entre violência,
exclusão social e pobreza. Propõe-se neste artigo que o movimento Sendero Luminoso surge
as luzes de uma teoria marxista de orientação mariateguista que prioriza o papel indígena no
processo revolucionário, e que paulatinamente foi-se adotando um princípio maoísta
camponês, buscando encaixar um modelo exógeno a realidade peruana, afastando-se de sua
causa inicial.

 
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12. O Multiculturalismo e o Discurso da Intransigência: uma análise do neoliberalismo


na América Latina

Stephanie de Barros Prieto


Licenciado em História pela PUC Minas
stephanieb.prieto@hotmail.com

Rubson Santos de Jesus


Licenciado em História pela PUC Minas

Palavras-chave:  América Latina; Neoliberalismo; Multiculturalismo; Globalização.

O presente artigo visa apresentar uma discussão histórica, política e econômica do


avanço neoliberal na América Latina a partir do contexto de hegemonia norte americana no
cenário internacional no último quartel do século XX. A partir dessa proposta procuramos
analisar o caráter contraditório entre o discurso de sociedade globalizada e o discurso da
intransigência de Albert Hisrchman (1992), como opositor de movimentos sociais
emergentes, que pautam suas reivindicações a partir do multiculturalismo, bem como sua
intrínseca relação com a mudança de política econômica de Estado de bem estar social para
neoliberal a nível global e suas implicações.

 
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13. Os movimentos de resistência indígena à colonização: estudo de caso – Tupac Amaru


II

Samuel Leite Fonseca Romão


Graduando em História pela PUC Minas
slfonseca94@gmail.com

Palavras-chave:  Tupac Amaru; Resistência; Colonialismo; Cultura.

Este trabalho, realizado no segundo semestre de 2017, teve como objetivo analisar os
movimentos de resistência indígena na América Espanhola como formas de resistência à
colonização e meio pelo qual essas culturas nativas conseguiram, de alguma forma se manter.
Tal estudo culmina no estudo de caso do movimento de Tupac Amaru pelo ganho de direitos
indígenas e seu movimento anti-colonial, de forma que, através desse estudo pode-se perceber
a centralidade dos povos indígenas para os processos de independência das colônias
espanholas. Este trabalho se justifica pois, considerando o histórico de marginalização dos
indígenas, uma revisão historiográfica que os coloca como agentes históricos centrais para os
processos que viveram se faz importante para quebrar com paradigmas eurocêntricos que
guiam a muitos anos os estudos de história na américa latina.

 
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14. Haiti e Vodu: a influência do aspecto simbólico e movimentação para Independência

Lorraine de Araújo Santiago


Graduanda em História pela PUC Minas
lorraine.araujo.las@gmail.com

Fernanda Pequeno
Graduanda em História pela PUC Minas

Palavras-chave:  Haiti; Vodu; Simbólico; Emancipação.

O trabalho possui a finalidade de apresentar os aspectos culturais e religiosos


presentes no processo de independência do Haiti. Norteado pela história das mentalidades,
buscamos compreender a importância da dimensão simbólica na articulação dos povos,
traçando um elo entre propagação advinda do campo do sagrado pela prática do Vodu e
processo de emancipação do Haiti.

 
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15. Sendero Luminoso: banditismo camponês na América Latina.

Ana Lídia Santos


Graduanda em História pela PUC Minas
alidiaps@gmail.com

Este presente trabalho tem como objetivo analisar a formação do Sendero Luminoso e
o seu contexto de formação e origem. Nesse viés, discutir também sobre a base teórica
utilizada dentro desse movimento, visto que essa questão é pouco debatida dentro com campo
histórico.
Para a construção dessa análise, tem-se como recorte a questão do banditismo social
camponês, trabalhando a questão trazida por Eric Hobsbawm, acerca dos diferentes tipos de
banditismo e suas razões para a diferenciação. Dessa maneira, visa-se trazer uma discussão
sobre os movimentos revolucionários camponeses na América Latina durante todo o século
XX, e em que ponto esses se distanciam e aproximam uns dos outros e em que cenário a esse
continente está passando durante o momento de formação desses grupos revolucionários.
O conceito de banditismo social é de suma importância para trabalhar a perspectiva de
como o Sendero Luminoso é visto na sociedade Peruana ao longo de sua atuação e como
houve grande modificação acerca da imagem midiática do grupo e suas atuações contra o
Estado, por isso sempre discutido e questionado ao longo do desenvolvimento do presente
trabalho. Partindo desse conceito, traça-se então as diferenças entre o camponês e o proletário
dentro da chamada luta de classes e a indagação sobre a aplicabilidade ou não da teoria
marxista dentro desse movimento de guerrilha.

 
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16. Luta, paz, soberania popular: a batalha das FARC pelo cumprimento dos acordos
de Havana

Luis Filipe dos Santos


Licenciado pela PUC Minas
luisfilipeds@hotmail.com

Palavras-chave:  FARC; América Latina; Soberania.

As FARC-EP foi um movimento de guerrilha fundado na década de 60 e transformado


em partido político em 2017. Surge como organização política fundada no marxismo-
leninismo e a partir de 1980, passa a ter como objetivo a tomada do Estado. Daí se origina o
conflito que já dura mais de 50 anos. Desde o seu surgimento, estima-se um total de 260 mil
mortos e milhares de desaparecidos entre ambos os lados. Em 1984, a guerrilha se une ao
partido União Patriótica e entrega suas armas. Pouco tempo depois, têm seus líderes e
militantes massacrados por milícias financiadas pelo Estado colombiano. Entre 91 e 98, novas
tentativas de acordo falharam. A partir de 2002, o presidente Álvaro Uribe inicia a guerra total
às FARC que duraria mais de 10 anos. A guerrilha perde a maior parte de seus quadros, e
mais uma vez se fala em negociação. Em novembro de 2012, mediada por Raúl Castro, se
iniciam as discussões entre os líderes da guerrilha e o presidente Juan Manuel Santos. Ambas
as forças acabam se comprometendo a assinar um acordo de paz definitivo antes de março de
2016, mas só conseguindo em junho de 2016. As FARC-EP então passam a se organizar
como partido político: Força Alternativa Revolucionária Comum. Passados dois anos do
acordo, o partido vem denunciando incansavelmente a sabotagem da paz na Colômbia
protagonizada pelo próprio governo. São inúmeros casos de prisões políticas, que já chegam a
600. Insegurança jurídica, as modificações ao texto original acordado e o não cumprimento de
aspectos essenciais do acordo também são denunciados. Além disso, assassinatos de membros
do partido, como o caso de Wilmar Asprilla e Angel de Jesús, que foram mortos no dia 16 de
janeiro desse ano. Segundo as estatísticas das FARC, já são 49 integrantes mortos. Com o
óbvio esgotamento da tática de guerrilha num país de capitalismo consolidado (apesar das
claras limitações de um país periférico e dependente), a perda de suas principais lideranças em
conflitos e a insatisfação da população com a escalada de violência por todo a Colômbia, o
 
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partido busca de todas as formas possíveis garantir a paz, e mas mais do que isso, sua
sobrevivência como organização política revolucionária. Apesar disso, vem sendo
sistematicamente massacrada pela narcodemocracia colombiana. Tendo em vista a
contextualização exposta até aqui, o presente trabalho busca a partir disso, demonstrar como
que as FARC são, ao contrário do que exposto pelas mídias tradicionais, a principal força
política comprometida com o cumprimento de todos os eixos expostos nos tratados de paz
assinados em Havana.

 
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17. Pix(ação) - O grito de quem não tem voz

Mateus Moreira de Sousa


Graduando pela PUC Minas
sousamateusms@gmail.com

Saulo Lopes de Morais


Graduando pela UFMG

Palavras-chave:  Pixação; Sociedade; Arte.

Partindo da concepção Durkhemiana de que as sociedades não são formadas pelos


indivíduos, mas sim, pelas interações que ocorrem entre si e, que as forças sociais que
emanam dessas interações agem coercitivamente perante os indivíduos; buscaremos sintetizar
a pixação, em sua concepção de histórica de luta, reinvidicação e transgressão do povo,
sobretudo, dos que vivem às margens da sociedade. Conceituando o termo pixação e sua
escrita correta, a qual infere também em sua intencionalidade, a palavra “pichação” refere-se
ao ato ou efeito de pichar, rabiscar, sem viés de expressão política. Já o termo “pixação”
caracteriza-se pela rebeldia e transgressão no ato de pixar, visando dano ao patrimônio, com
dizeres e escritas que reivindicam condições sociais ou apenas se expressa por caligrafias
próprias e agressivas visualmente.O fenômeno social da pixação pode ser visto então como
um instrumento, em que sua causalidade social gerada pela reconstrução estética do ambiente
urbano através da grafia das mais variadas formas, intervém na territorialidade social, gerando
o incomodo na perspectiva de um indivíduo imerso na cultura de massa, alertando acerca dos
problemas sociais que assolam a contemporaneidade. Visto a carga de relações opressivas
intrinsecamente ligadas ao contexto sociocultural deste ato de transgressão, a pixação se
constitui assim, uma expressão coletiva perante o contexto contemporâneo da desigualdade
social, posicionando-se como protesto para relações de abusos políticos, classistas e culturais.
Esboça por sua vertente transgressora a reação de uma parcela historicamente desfavorecida
da sociedade, com relação à ocupação territorial das metrópoles e grandes cidades, a violência
simbólica exercida pela grande mídia, a repressão policial cotidiana, em suma, a precariedade
social vivida nas periferias do Brasil. Inserida de forma consciente e crítica no processo

 
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histórico, a pixação torna-se um grito de todos aqueles que não têm voz, um instrumento de
luta contra a opressão sistêmica á quais as classes sociais inferiores estão expostas. Seu papel
artístico e revolucionário, de agressão à ótica da individualidade e conceito de propriedade,
restabelece novos vínculos dos indivíduos com as cidades. O pixo tonou-se um grito de quem
vê necessária uma intervenção no processo histórico, e que age conscientemente neste
processo a fim de transformá-lo.

 
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18. O Brasil no contexto Latino-Americano da Justiça de Transição. Uma análise crítica


dos efeitos jurídicos, políticos e sociais da Lei de Anistia de 1979.

Christianne Silva Vasconcellos


Doutoranda em Direito pela Universidad Nacional de Colombia
csilvav@unal.edu.co

Palavras-chave:  Lei de Anistia de 1979; Crimes de Lesa Humanidade; Justiça de Transição.

Através da Lei da Anistia (Lei n° 6683 de 1979), o Estado brasileiro perdoou os


crimes políticos e conexos, cometidos por civis, militares e representantes do Estado, durante
o período entre 02 de setembro de 1961 e 15 de agosto de 1979 sob o regime de ditadura
militar no Brasil. Em abril de 2010 a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) interpôs uma
ação no Supremo Tribunal Federal (STF) requerendo a revogação do indulto que beneficiou
aos representantes o Estado (policiais e militares) e a revisão completa da Lei da Anistia. O
STF julgou o caso improcedente, rejeitou o pedido da OAB e declarou a validade da Lei. Sete
meses depois a Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), realizou o primeiro
pronunciamento contra o Brasil por crimes cometidos durante a ditadura militar. A sentença
da CIDH de 24 de novembro de 2010 Caso Gomes Lund e Outros (Guerrilha do Araguaia)
VS. Brasil declarou a invalidade da Lei de Anistia com o argumento de que os crimes de
tortura, assassinato e ocultação dos cadáveres, cometidos pelos agentes do Estado não são
objeto de indulto e que é dever do Estado brasileiro investigar e julgar os crimes contra a
humanidade cometidos neste período. Declarou o dever do Estado brasileiro na investigação e
sanção das graves violações aos direitos humanos cometidos durante o regime militar e
considerou que a interpretação e aplicação da Lei de Anistia realizada pelo STF estão em
desacordo com o direito internacional e com a Convenção Americana de Direitos Humanos.
O objetivo desta palestra é analisar os efeitos jurídicos, políticos e sociais da Lei de Anistia de
1979 no Brasil atual, a ausência da implantação de uma justiça de transição do regime militar
para a democracia e o impacto do descumprimento, pelos juízes e tribunais brasileiros, dos
princípios internacionais de direitos humanos e de jurisdição internacional, que ratificam que
os crimes de lesa humanidade não são objeto de indulto ou anistia.

 
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SIMPÓSIO TEMÁTICO – MÚSICA E POLÍTICA  
 

Coordenação

Bruno Viveiros Martins


Doutorando em História pela UFMG
brviveiros@gmail.com

Comunicações

1. BANDEIRA, Klenio Daniel Milagres. "Por la unidad de latinoamerica": o álbum "Clube


da Esquina 2" e o pensamento de integração da América Latina.

2. BARBOSA, Guilherme Henrique. A cultura latino-americana presente na Música Popular


Brasileira nos anos 60/70.

3. COELHO, Ana Luiza Sampaio. Política, mídia e cultura na Ditadura Chilena.

4. LIMA, Marcela Telles Elian de. Reis do gado, boias-frias e migrantes: canção sertaneja e
agroindústria.

5. SANTOS, Victoria Ballardin; RIBEIRO, Paula de Souza. O Clube da Esquina no contexto


ditatorial: o "Sol" que resistiu através da música em Minas Gerais.

6. SILVA, Gleyber Eustáquio Calaça; NASCIMENTO, Leonardo Henrique Alves de Lima.


Seduced by evil: a conformação da resistência headbanger na Belo Horizonte dos anos
1980s.

7. SILVA, Thais Alves da. As rebeliões dos Tupac´s.

8. VIANA, Tiago Henrique Lopes; GODOY, Bianca Rezende. Panteras Negras, a cultura
Hip Hop e os ecos de resistência.

 
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Resumo das Comunicações do ST – Música e Política


 
1. "Por la unidad de latinoamerica": o álbum "Clube da Esquina 2" e o pensamento de
integração da América Latina.

Klenio Daniel Milagres Bandeira


Graduação em Música
kleniodaniel@hotmail.com

Esta apresentação realiza uma reflexão sobre alguns elementos sócio-culturais de


países latino-americanos em período de redemocratização presentes no supracitado álbum
duplo de Milton Nascimento, bem como a incorporação desses elementos na música dos
integrantes do chamado “Clube da Esquina”. Como exemplos, é possível citar as temáticas
envolvendo as lutas por processos de redemocratização (“Credo”; “Canção amiga”), massacre
dos povos da floresta (“Ruas da Cidade”; “Canoa, Canoa”), tradição e folclore (“Casamento
de Negros”; “Paixão e Fé”), utilização de instrumentos e compassos característicos de gêneros
sul americanos (“Tanto”, “Pão e Água”), para então catalisar este sentimento de união na
canção do cubano Pablo Milanés com Chico Buarque de Hollanda, “Canción por la Unidad de
Latinoamerica”.

 
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2. A cultura latino-americana presente na Música Popular Brasileira nos anos 60/70

Guilherme Henrique Barbosa


Graduando em História pela PUC Minas
guilhermehenrique4@outlook.com

Palavras-chave:  América Latina; MPB; Ditadura Música.

A América Latina sofreu diversos golpes contra o regime democrático na segunda


metade do século XX, com o preceito de evitar revoluções “comunistas”, os Estados Unidos
apoiaram militares contra a democracia em mais da metade dos países da América do Sul,
esses governos chegaram a durar mais que três décadas e marcaram para sempre o destino
desses países, como o Brasil. O golpe militar instaurado no Brasil em 1964 possibilitou uma
significativa organização da classe artística juntamente com a esquerda estabelecendo através
da arte a condição de trincheira para resistência ao governo militar, a música popular
brasileira nos anos 60/70 torna-se então, não apenas um veículo questionador da sociedade,
como também vai formular algumas respostas mais complexas e instigantes ao processo pelo
qual o pais passava. Não apenas com o intuito de denunciar as mazelas sociais inseridas no
cotidiano da população, a MPB também busca um aprofundamento na questão etnográfica,
como um importante instrumento para a interpretação da cultura nacional e latina-América.
Como o movimento do Tropicalismo, que conseguiu captar algo próprio comum entre os
países vizinhos como a carnavalização, a problemática influência europeia, a grande
diversidade de ritmos e tradições, a complexa convivência entre o arcaico e o moderno. É
possível traçar um paralelo entre o Brasil e os demais países, seja nas questões históricas
como o colonialismo, o imperialismo, as dependências econômicas, as ditaduras militares,
seja pela abundância cultural presente em cada pais. Um exemplo que ilustra essa tentativa é o
Cantor e compositor Belchior, em sua música “ Apenas um rapaz Latino-Americano”
(lançado no disco Alucinação 1976) diz “ Eu sou apenas um rapaz Latino-Americano/ Sem
dinheiro no banco/ Sem parentes importantes/ e vindo do interior. ” É possível encontrar um
diálogo claro entre Brasil e os países vizinhos, pois compartilhar o mesmo drama social como
a pobreza e falta de recursos, a exploração sofrida desde a invasão dos colonizadores, o
geográfico, ter de se locomover entre regiões em busca de melhores condições de vida. Diante
 
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disso, é possível perceber que a música popular brasileira nos anos 60/70 teve uma grande
contribuição na construção indenitária da população, seja através do cunho político como nas
canções de protesto, seja através da tentativa de popularizar a cultura regional.

 
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3. Política, Mídia e Cultura na Ditadura Chilena

Ana Luiza Sampaio Coelho


Graduanda em História pela PUC Minas
analusampc@gmail.com

Palavras-chave:  Guerra Fria; Socialismo no Chile; Salvador Allende.

O objetivo do trabalho consiste em percorrer o período em que se instaurou a ditadura


no Chile sob comando do general Augusto Pinochet, analisando alguns dos aparatos
repressores do regime no que diz respeito a política, a mídia e a produção cultural, sobretudo
no movimento que ficou conhecido como A Nova Música Chilena.

 
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4. Panteras Negras, a cultura Hip Hop e os ecos de resistência

Bianca Rezende Godoy


Graduanda em História pela PUC Minas

Tiago Henrique Lopes Viana


Graduando em História pela PUC Minas
tiagofocoecoragem@gmail.com

Palavras-chave:   Cultura Hip-Hop; Contra Cultura; Resistência Artística; Cultura de


Periferia; Vida Loka.

Neste trabalho traçamos um breve panorama do cenário dos movimentos de contra


cultura e da luta pelos direitos civis nos EUA na década de 1960, em especial o movimento
dos Panteras Negras, trazendo a tona os elementos fundantes da cultura Hip-Hop as marcas
das reivindicações presentes nela e por fim seus ecos na américa latina no contexto brasileiro.
Analisaremos a figura emblemática de Tupac Shakur, o código de honra da ''Thug Life'', e a
herança dessa cultura periférica urbana de reivindicação politica em trabalhos de grupos de
RAP como Racionais Mc's... ''Vida Loka''.

 
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5. Reis do gado, boias-frias e migrantes: canção sertaneja e agroindústria

Marcela Telles Elian de Lima


Doutora em História pela UFMG
marcelatelleselian@gmail.com

Palavras-chave:  Canção sertaneja; Agroindústria; Ditadura Militar; Politica Agrária.

A apresentação tem por objetivo analisar o processo de expansão da fronteira


agropecuária sobre a região norte e centro-oeste do Brasil e o desenvolvimento da
agroindústria, ocorridos durante a Ditadura Militar, por meio das canções sertanejas lançadas
e regravadas nesse período. Desde sua sistematização, em 1929, esse cancioneiro se equilibra
entre o moderno e o arcaico, o rural e o urbano, o nacional e o estrangeiro. Vinculados a uma
cultura rural, seus intérpretes e compositores enfrentam o desafio de se adequarem à novos
contextos sem, de certa forma, abandonar esse mesmo rural. Procuram a tradição confortadora
do passado e quando tentam se afastar são desvalorizados ou mal compreendidos. Sob essa
condição particular, suas canções são narrativas privilegiadas de um período histórico em que
a velocidade das transformações do Brasil rural dificultava, cada vez mais, manter um ponto
de apoio.

 
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6. O Clube da Esquina no contexto ditatorial: o "Sol" que resistiu através da música em


Minas Gerais

Victoria Ballardin Santos


Graduanda em História pela PUC Minas
vicky.ballardin@gmail.com

Paula de Souza Ribeiro


Graduanda em História pela PUC Minas

Palavras-chave:  Contracultura; Clube da esquina; Ditadura; Música.

O Clube da Esquina foi um movimento musical que surgiu em Minas Gerais durante a
década de 1960 até 1980. Tendo entre os integrantes Milton Nascimento, Lô Borges e Beto
Guedes, trouxe para o cenário da música popular brasileira certa mistura de ritmos que acabou
resultando em originalidade. O contexto presente, de restrições impostas pela ditadura militar
e a insatisfação advinda disto, aflorou um viés que não cabia estritamente nem ao movimento
da direita que apoiava os militares, nem ao movimento guerrilheiro da esquerda: a
Contracultura (CRUZ, 2011), no qual se enquadra tanto o movimento tratado anteriormente
quanto o famoso Tropicalismo. Um tanto quanto diferente do último, o Clube da Esquina
trazia em suas composições formas mais “sutis” de manifestação e, como fruto de seu
momento histórico, não pode deixar de ser analisado como algo que colocava em suas
criações parte também de seus pensamentos. O presente trabalho pretende, então, trazer à tona
de que maneira as ideias dos integrantes do movimento foram colocadas em suas músicas.
Como, “em meio a tantos gases lacrimogêneos”, ainda restava espaço para se colocar contra o
sistema vigente.

 
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7. Seduced by evil: a conformação da resistência headbanger na Belo Horizonte dos anos


1980s

Gleyber Eustáquio Calaça Silva


Graduando pela PUC Minas
gleyber3001@gmail.com

Leonardo Henrique Alves de Lima Nascimento


Graduando pela PUC Minas

Palavras-chave:  Resistência; Cotidiano; Conflito; Heavy-Metal.

O modelo polemológico proposto por De Certeau consiste no estudo do espaço por


meio do conflito, ou de forma literal, a guerra. Conforme este modelo, a presente pesquisa
pretende compreender as formas de apropriação do espaço urbano da cena heavy-metal de
Belo Horizonte dos anos 1980s. Desta forma, espera-se ilustrar o comportamento headbanger
com suporte da História Cultural e da Geografia Cultural, elucidando como os aspectos
históricos e sociais impactam nas formas de construção do cotidiano metaleiro, materializadas
em territórios do heavy-metal. A importância deste estudo é dada pela expressividade do
movimento headbanger na cidade, sua inegável dimensão simbólica, sua projeção
internacional e ainda a quantidade de adeptos hodiernos. Apesar disto, poucos esforços foram
realizados no intuito de compreender esta subcultura belo-horizontina, marcada por uma
míriade de conflitos com outros grupos sociais. Imagina-se que, ao longo dos anos 1980s,
década de nascimentto da cena heavy-metal de Belo Horizonte, os headbangers viviam em
situação de contraste com a sociedade local, marcada por forte conservadorismo. Nota-se
assim que o cotidiano heavy-metal em seu período de gênese, constituído por uma juventude
rebelde, emerge como um movimento de resistência aos principíos estruturais da elite belo-
horizontina, como o conservadorismo e religiosidade, característicos do período ditatorial.

 
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8. As rebeliões dos Tupac´s

Thais Alves da Silva


Graduanda em História pela PUC Minas
thaisinhaalvessilva@gmail.com

Palavras-chave:  Revoluções Sociais; Música; Política.

As rebeliões dos Tupac´s é um trabalho que trás reflexões acerca dos posicionamentos
políticos e sociais de dois homens que deixaram marcas com suas rebeliões e tais marcas
trazem questionamentos que podemos linkar com o atual momento político-social do Brasil.
Quem foram esses homens: Tupac Amaru II, curaca peruano, que liderou uma rebelião contra
os abusos dos oficiais da coroa espanhola, na época da colonização na América e Tupac
Shakur, rapper estadunidense que criou o código Thug Life, salvando a vida de diversas
pessoas nos guetos de algumas cidades dos Estados Unidos. Ao ligarmos os pensamentos
desses dois atores podemos perceber o legado deixado por eles na cultura brasileira, por meio
do movimento Hip Hop, que procura denunciar mazelas, explorações e aflorar nos indivíduos
os mesmos sentimentos de libertação e indignação que Tupac Amaru II e Tupac Shakur
fizeram surgir nas pessoas que estiveram próximos a eles em suas rebeliões.

 
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