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UNIVERSIDADE FEDEREAL DA FRONTEIRA SUL

CURSO DE GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA

PIETRO MICHELI ROMANHOTTO ZANDAVALLI

DO PANÓPTICO AO SINÓPTICO: A INFLUÊNCIA DE BENTHAM NOS ATUAIS


MODELOS PROJETAIS DAS INSTITUIÇÕES DISCIPLINARES

ERECHIM, 11 DE JANEIRO DE 201


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DO PANÓPTICO AO SINÓPTICO: A INFLUÊNCIA DE BENTHAM NOS ATUAIS


MODELOS PROJETAIS DAS INSTITUIÇÕES DISCIPLINARES

Pietro Micheli Romanhotto Zandavalli1

RESUMO

O presente artigo tem como objetivo analisar o modelo panóptico de Bentham, formal e
conceitualmente. O panóptico consiste em um projeto de casa de inspeção perfeita que
poderia ser usado em uma ampla gama de instituições disciplinares. O objetivo da pesquisa
foi estabelecer uma ligação entre o projeto utópico feito por Bentham e um projeto de uma
das instituições disciplinares contemporâneas, pelas características que ambos têm em comum.
O objeto de estudo deste artigo foi o projeto do bloco A, localizado no campus de Erechim-
RS, da Universidade Federal de Fronteira Sul - UFFS.

Palavras-Chave: Panóptico. Instituição disciplinar. Projeto.

ABSTRACT

This article aims to analyze the model Bentham panopticon by formal and conceptually. The
panopticon consists of a design house perfect inspection that could be used in a wide range of
disciplinary institutions. The objective of the research was to establish a link between the
utopian project done by Bentham and a draft of the contemporary disciplinary institutions, the
characteristics that both have in common. The object of this article is the design of Block A,
located on the campus of Erechim-RS, Federal University of South Border - UFFS.

Key-Words: Panopticon. Disciplinary institutions. Project.

1
Aluno do Curso de Graduação em Arquitetura e Urbanismo, orientado pela professora Zoraia Bittencourt, na
disciplina de Iniciação à Pratica Científica. E-mail: pietro_zandavalli@hotmail.com
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1 INTRODUÇÃO

O objetivo dessa pesquisa foi trazer à tona os princípios, tanto conceituais quanto
formais, que vem sendo empregados nos projetos de instituições disciplinares na
contemporaneidade, encontrar quais deles apresentam inluências do modelo panóptico
elaborado por BENTHAM (1787), para então compreender os processos de continuidade e
permanências do conceito Bentham no tempo contemporâneo.

BENTHAM almejava levar o projeto da casa de inspeção a um nível de perfeição


jamais imaginado. Em seu projeto todos os detalhes foram pensados com a finalidade de um
único observador ser capaz de visualizar tudo que se passa ao seu redor sem o menor
empecilho, nenhum ponto cego seria admitido.

O panóptico seria um dispositivo de coerção indispensável para encrudescer as relações de


poder. Todo indivíduo que estive-se dentro do panóptico estaria, ou pensaria estar, sob o olhar
constante de um vigilante. Alguém que tudo vê mas que não pode ser visto. Segundo Foucault,

O panóptico funciona como uma espécie de laboratório de poder. Graças a seus


mecanismos de observação, ganha em eficácia e em capacidade de penetração no
comportamento dos homens; um aumento de saber vem se implantar em todas as
frentes do poder, descobrindo objetos que devem ser conhecidos em todas as
superfícies onde este se exerça. FOUCAULT (2005, p. 169).

A sociedade disciplinar começa a dar seus primeiros passos durante o nascimento do


pensamento moderno. Quando há uma mudança dramática nas estruturas sociais a extinção do
modelo feudal em decorrência da adoção do sistema capitalista. Uma ruptura entre os ideias
que o catolicismo pregava à quatro ventos, vestindo a riqueza com ares de volúpias de
natureza ignóbil. Enriquecer, no sentido material, encabeçava a lista das piores afrontas
possíveis contra a Santa Igreja Católica.

A formação de novas cidades e o abandono dos feudos catalisou grandes mudanças na


estrutura social. O Teocentrismo passou a ser, gradativamente, substituído pelo
Antropocentrismo. O homem é o centro do Universo, ele tem exerce pleno poder sob o mundo
ao dominar as forças da natureza. Não era mais a vontade de Deus que tornava a sociedade
aquilo que ela era, mas sim os atos humanas e suas consequências. Ao contrário do que
acontecia antes, quando todos atos deveriam encontra-se sob os códigos de conduta ditados
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pela Santa Igreja Católica afim de atender “a vontade de Deus”. Agora o homem é dono de si
e de seus atos.

Quando Lutero, decidiu procurar nas escrituras em que o cristianismo tem suas bases,
certos dogmas que fora, ironicamente, disciplinado a pregar. Como, por exemplo, a venda de
indulgências, revelam-se desprovidos de fundamento bíblico. Depara-se com uma realidade
desconcertante, carecem escritos que corroborem para a justificação, de parte considerável, do
que ensinaram-lhe. Para, por fé quem sabe, comprovar seu desbunde, se debruça e esmiúça a
Bíblia até se confrontar com a presença de algumas lacunas no embasamento desses dogmas,
deste código moral pré-fabricado, cuja origem era insondável.

Quando a Santa Igreja Católica se prejudicada, perdendo seus fiéis para a nova igreja
que Lutero fundara, elabora a contra-reforma para tentar atrair os fiéis que foram seduzidos
pela “nova” perspectiva de mundo do Protestantismo.

A nova ideia, propagada unanimemente, era de que ser ocioso tornara-se o mais
abissal dos pecados. Mas, o que far-se-ia com aqueles que não exibirem submissão aderindo
ao trabalho? Surge a demando por uma nova instituição. Localizado em Paris, é fundado em
1667 o Hospital Geral. Sua locação fora um antigo reduto para leprosos, gerido pela Igreja
Católica.

O intento desta instituição jamais fora proporcionar nenhum tipo de tratamento, servia
apenas como subterfúgio para ocultar os indesejáveis. Todos aqueles que infestavam as ruas
da cidade, manchando as aparências do progresso que norteava, e continua a nortear a elite
dominante, que na época era a nascente sociedade burguesa.

A revolução industrial trouxe necessidades ainda mais intensas de dispositivos de


coerção amplamente aplicáveis. A produtividade deveria ser elevada para alcançar o novo
ideal vigente, tão cobiçado, que é o lucro. Os moldes para maximizar a eficácia de um
trabalho, que teoricamente consiste numa atividade contínua que segue um intervalo rítmico
regular, foram trazidos das técnicas de treinamento aplicadas pelos exércitos. Obter o domínio
sobre o corpo, elevando a produtividade, reduzindo o desperdício de movimentos. Foi um
importante passo na evolução da sociedade disciplinar.

A fiscalização constante para assegurar o poder revelou-se de suma necessidade. A


melhor forma de alcançar isso seria através do domínio da mente. Tomando alguns métodos
aplicados desenvolvidos nos mosteiros para aumentar o aproveitamento do tempo de quem
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ministra as lições, que anteriormente eram ministradas apenas entre aluno e professor, foi a
disposição dos estudantes voltados diante do mestre, o mestre deveria ver todos. Também,
desenvolveu-se uma sub-vigilância, um entre cada dez alunos deveria reportar qualquer coisa
que os demais de seu grupo viessem a fazer que não estivesse de acordo com as regras.

A visibilidade, revelou-se como cerne dos dispositivos de coerção. O panóptico se


torna primordial, seu projeto deveria possibilitar que o menor número possível de indivíduos
consiga exercer uma relação de poder, tornando submissos a eles o maior número possível de
pessoas, sejam eles estudantes, operários, presidiários, psicóticos, moribundos, et cetera.

2 A SOCIEDADE DISCIPLINAR E O PANOPTÍSMO

O desenvolvimento de uma arquitetura disciplinar, aonde a inspeção deveria atingir a


excelência, para isso se faz imprescindível a visibilidade de todos os pontos da edificação,
sem a menor restrição. O filosofo Jeremy Bentham, idealizou um projeto de instituição
carcerária em 1787, que elevavária as instituições disciplinares que aplicassem seu conceito a
alcançar a perfeição no que diz respeito aos princípios de vigilância necessários para que as
relações de poder possam ser fiscalizadas com a maior eficácia possível. O filosofo francês
Foucault, toma seu projeto como objeto de estudo, em seu livro “Vigiar e Punir”, consta a
seguinte descrição do panóptico,

[...] um edifício em forma de anel, no meio do qual havia um pátio com uma torre no
centro. O anel se dividia em pequenas celas que davam tanto para o interior quanto
para o exterior. Em cada uma dessas pequenas celas, havia segundo o objetivo da
instituição, uma criançca aprendendo a escrever, um operário trabalhando, um
prisioneiro se corrigindo, um louco atualizando sua loucura, etc. Na torre central
havia um vigilante. Como cada cela dava ao mesmo tempo para o interior e para o
exterior, o olhar do vigilante podia atravessar toda a cela; não havia nela nenhum
ponto de sombra e, por conseguinte, tudo o que fazia o indivíduo estava exposto ao
olhar de um vigilante que observava através de venezianas, de postigos semi-
cerrados de modo a poder ver sem que ao contrário pudesse vê-lo. (FOUCAULT,
2005,p.87)

Formalmente, o panóptico (Anexo 1) consiste em uma edificação anelar provida de


um espaço intermediário, uma espécie de pátio, cujo centro é ocupado por uma torre de
vigilância. Toda a estrutura anelar é divida por celas. Cada cela possuí janelas externas
grandes o suficientes para que a luz adentre no espaço intermediário, passando através das
aberturas das celas, guarnecidas por grades, que se voltam para dentro. O prisioneiro, devido
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as divisões entre as celas, não terá contato visual com os demais prisioneiros. Tampouco,
poderá certificar se está de fato sendo vigiado, só terá a suspeita de que o esteja sendo.

No Panóptico, o inspetor, localizado no alojamento central, fica invisível ao olhar


dos prisioneiros, mas, ao mesmo tempo, dá-se aos prisioneiros o ‘intenso
sentimento’ de que estão sendo vigiados. Essa ‘aparente onisciência’ assegura a
obediência. (WERRETT, 2008 Apud TADEU, 2008, p. 173)

Muitos foram os escritores, sem falar nos projetistas, que beberam desta fonte para
ambientar suas obras. Em sua distopia denominada 1984 George Orwell descreve com
fidelidade o que seria a interiorização do panóptico.

Por trás de Winston a voz da teletela ainda tagarelava a respeito do ferro gusa e da
superação do Nono Plano Trienal. A teletela recebia e transmitia simultaneamente.
Qualquer barulho que Winston fizesse, mais alto que um cochicho, seria captado
pelo aparelho; além do mais, enquanto permanecesse no campo de visão da placa
metálica, poderia ser visto também. Naturalmente, não havia jeito de determinar se,
num dado momento, o cidadão estava sendo vigiado ou não. Impossível saber com
que freqüência, ou que periodicidade, a Polícia do Pensamento ligava para a casa
deste ou daquele individuo. Era concebível, mesmo, que observasse todo mundo ao
mesmo tempo. A realidade é que podia ligar determinada linha, no momento que
desejasse. Tinha-se que viver - e vivia-se por hábito transformado em instinto na
suposição de que cada som era ouvido e cada movimento examinado, salvo quando
feito no escuro. (ORWELL, 1978, p. 16)

Essa interiorização do panóptico é o auge do que pode alcançar, no que diz respeito a
sociedade disciplinar, como dispositivo de coerção. No momento em que o vigiado passa a
crer que pode estar sendo observado constantemente, ele assume um papel dubio, é tanto
vigiado quanto vigilante. Nas cartas, que Bentham escreveu durante o desenvolvimento do
projeto, ele delimita este como um dos pontos fundamentais do projeto:

A perfeição ideal, se esse fosse o objetivo, exigiria que cada pessoa estivesse
realmente nessa condição, durante cada momento do tempo. Sendo isso impossível,
a próxima coisa a ser desejada é que, em todo momento, ao ver razão para acreditar
nisso e ao não ver a possibilidade contrária, ele deveria pensar que está nessa
condição. (BETHAM, 1787 Apud TADEU, 2008, p. 20)

A morfologia ideal seria a circular, entretanto “A área assim fechada poderia ser
circular, como os edifícios, ou quadrada, ou oblonga, dependendo de qual dessas formas fosse
melhor adaptada às ideias prevalecentes de beleza ou conveniência do local” (BETHAM,
1787 Apud TADEU, 2008, p. 27)
Toda a área desse edifício anelar que circunda a torre seria ocupada por celas, no primeiro
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pavimento, e para além das celas galerias nos andares superiores. As celas seriam separadas
entre si:

Essas celas são separadas entre si e os prisioneiros, dessa forma, impedidos de


qualquer comunicação entre eles, por partições, na forma de raios que saem da
circunferência em direção ao centro, estendendo-se por tantos pés quanto forem
necessários para se obter uma cela maor.” (BETHAM, 1787 Apud TADEU, 2008, p.
21)

Estas partições seriam barreiras visuais intransponíveis aos prisioneiros, o intuito de


evitar que prisioneiros se aliem para planejar algo, evitar a dispersão de trabalhadores para
maximizar a produtividade, evitar o contágio entre enfermos de um hospital, et cetera.

A torre de vigilância estaria centralizada, entre ela e as celas haveria um espaço


intermediário, “Será conveniente, na maioria dos casos, se não em todos, ter-se uma área ou
um espaço vazio em toda a volta, entre esse centro e essa circunferência” BENTHAM. A
cobertura deste espaço intermediário poderia ser inexistente “ou coberta por um teto solar [...]
Ajudaria na ventilação”. Nos andares superiores, esse espaço intermediário se faria através de
galerias: “A galeria fornece, no andar superior, o lugar de uma área intermediária naquele
andar”. Sua largura deverá ser proporcional a de uma cela.

A fenestração dos andares superiores deverá atender as funções, tanto de insolação do


nicho interno quanto para auxiliar a ventição da edificação. Na parede externa, em cada cela,
“haveria uma janela suficientemente larga não apenas para iluminar a cela, mas para permitir
luz suficiente para a parte correspondente do alojamento”. Na parede interna, a abertura, se
faria por meio de uma grade com permeabilidade suficiente para não prejudicar a visibilidade
da torre. Essa grade interna comportaria a porta de acesso da cela, que no andar inferior se
abriria para a área intermediária, e nos superiores para as galerias.

As dimensões das celas poderia ser facilmente alteradas, afim de sanar qualquer
demanda que pudesse surgir. No exterior dessas celas, nas janelas que ocupam o perímetro da
edificação, estariam instaladas lampadas com refletores, para que as celas nunca fossem
envolvidas pela escuridão, o que culminaria num erro fatal para os fins de inspeção da
edificação.

A dimensão da edificação não poderia ser demasiado pequena, pois isso implicaria na
sua funcionalidade drasticamente, impossibilitando-a de comportar um número satisfatório de
celas. Também não poderia se fazer excessivamente ampla devido ao fato de impossibilitar a
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iluminação plena da área intermediária. BENTHAM acredita que o diâmetro do edifício ideal
seria de 100 pés, o equivalente a 30,48 metros.

A circulação entre os andares se faria através de escadas, que estariam


convenientemente instaladas nas galerias, conectando-as. As mesmas conduziriam ao espaço
intermediário, para que toda e qualquer circulação se fizesse sob o olhar constante do
vigilante. O número de pavimentos ideal seria “Supõem que quatro seja o número de andares
das celas” BENTHAM.

3 ARQUITETURA NA SOCIEDADE DISCIPLINAR: DO PANÓPTICO AO


SINÓPTICO

Se pararmos para analisar as atuais edificações baseados nos conceitos do panoptísmo,


poderemos vislumbrar que em essência todas elas funcionam da mesma forma. A presença das
características que BENTHAM idealizara se enraizou de maneira intensa aos moldes das
instituições que almejara. Para mérito de esclarecimento, descreverei algumas delas.
Tomemos por exemplo a configuração de um presídio, tende a ser uma edificação que
circunda um nicho central, tendo as aberturas de suas celas alocadas na parede externa do
edifício e na parte que confronta essa grande área central. O acesso das celas do primeiro
pavimento ao nicho central encontra-se no nível desse nicho central, que tanto pode ser um
saguão, quanto uma área descoberta como uma espécie de “átrio”. Nos andares superiores o
acesso às celas se faz por meio das galerias, através de uma abertura, que encontra-se entre o
gradil que separa este espaço da galeria. Pode, ou não, ter uma torre de vigilância central.
Entretanto com o advento das câmeras de vigilância a mesma perde a necessidade de
centralidade. Usualmente, a torre de vigilância passou a ser alocada nas arestas da edificação,
ou em seus extremos defrontando-se pelo vão que se forma entre as celas, no caso de galerias
paralelas como haveremos de tratar em breve.

Agora, partiremos dessa concepção abstrata de presídio para algo mais tangível, no
caso, o projeto da edificação denominada Bloco ‘A’, do campus Erechim-RS, da UFFS. O
desenho de sua planta baixa (Anexo 2.), é uma forma quadrangular, com suas salas no
perímetro longitudinal desse retângulo, separadas por um nicho central que destina-se as
demandas de circulação e permanência, no primeiro pavimento.
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Nos andares superiores a comunicação da circulação vertical está posicionada nos


extremos que são perpendiculares as aberturas das salas. Toda a sala conta com aberturas, na
faces que se voltam para dentro e para fora da edificação, a fenestração percorre toda a
extensão de suas paredes, com o intervalo delimitado pela distância que existe entre cada pilar.
As suas aberturas internas permanecem com as mesmas funções, porém tendo sido separadas,
as janelas foram posicionadas exatamente na mesma altura que as externas, mas na face
interna assume as funções de ventilação e iluminação interna, oriunda da iluminação da
galeria, que torna sempre possível o contato visual com o ambiente através de uma abertura
adjacente à porta.

A comunicação entre as galerias que dão acesso as celas e a circulação vertical se


realiza galerias, ligeiramente mais amplas para atender a demanda da circulação resultante de
ambas as galerias longitudinais.

Notamos que a permeabilidade da cobertura auxilia na ventilação do espaço central,


ela acontece longitudinalmente por brises adjacentes à cumeeira dela. Outra recurso para
prover uma ventilação eficiente são os frontões, compostos por brises.

As características, previamente apontadas, foram escolhidas conforme sua relação,


direta ou análoga, as soluções projetais encontradas no projeto do panóptico de Bentham. A
torre de vigilância aonde a presença do vigilante tornava-se incógnita devido as persinas deixa
de se fazer necessária.

As torres de vigilância nesse projeto são livres a todos, são os grandes espaços das
galerias que fazem a circulação vertical entre pavimentos e salas. A necessidade de um
vigilante é reduzida ao mínimo, tendo em vista, que todos se tornaram vigilantes e vigiados.

Do segundo pavimento, nesses espaços que se formam, é possível ver, de ambas as


“torres”, toda a circulação nas galerias e no nicho central. Ao percorrermos a circulação
horizontal dos pavimentos, temos permeabilidade visual na porta de todas as salas, nas
galerias longitudinais.

As razões dessa mudança no projeto das instituições disciplinares foi a mudança de


uma sociedade disciplinar para uma sociedade de controle. Que se estrutura da seguinte forma:

A disciplina tem que fazer funcionar as relações de poder não acima, mas na própria
trama da multiplicidade, da maneira mais discreta possível, articulada do melhor
modo sobre as outras funções dessas multiplicidades, e também o menos dispendioso
possível: atendem a isso instrumentos de poder anônimo e coextensivos à
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multiplicidade que regimentam, como a vigilância hierárquica, o registro continuo, o


julgamento e a classificação perpétua. (FOUCAULT, 2006, p. 181).

“O sinóptico não precisa de coerção – ele seduz as pessoas à vigilância.” (BAUMAN,


1999, p. 60). O sinoptísmo, é diretamente oriundo do panoptísmo, a diferença fundamental
dele, é ser a ideia que sustenta esse novo modelo social, a sociedade de controle. Como
preconizara HUXLEY. "A ditadura perfeita terá as aparências da democracia, uma prisão sem
muros na qual os prisioneiros não sonharão sequer com a fuga. Um sistema de escravatura
onde, graças ao consumo e ao divertimento, os escravos terão amor à sua escravidão".

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

As soluções projetais adotadas por Bentham (1787) para resolução de seu projeto de
uma casa de inspeção elaborada, com enfase intenso em cada detalhe aplicando-lhes métodos
laboriosos, para materializar uma vigilância que atingiria a perfeição, exerceu grande
influência nos projetos das instituições disciplinares, sendo verificáveis, no edifício do Bloco
‘A’.

As diretrizes que delimitam o planejamento do objeto de estudo, tem um


funcionamento análogo ao panóptico de Bentham, diferindo-se materialmente dele pelas
técnicas construtivas e materialidade, entretanto há uma mudança social fundamental para ser
atendida. O papel dúbio de vigilantes/vigiados que os indivíduos inseridos nesses espaços
passam a assumir, faz-se necessário abrir as torres de vigilância para que todos possam atuar
plenamente, exercendo sua nova função de vigilante. No projeto do edifício analisado a
solução para este novo condicionante é descentralizar a torre e duplicá-la, uma forma de
responder com sucesso aos ideais do sinoptísmo, devido ao fato de gerar multiplicar os pontos
aonde o panóptico se faz pleno, tornando todos visíveis as olhos uns dos outros.

Comprova-se então, além da sua eficácia funcional o projeto de Bentham (1787), seus
princípios conceituais propiciaram encontram-se fortemente enraizados na nossa sociedade,
tendo servido de base para uma sociedade disciplinar que culminou na atual sociedade de
controle.
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ANEXOS

Anexo 1: Planta do Panóptico

Fonte: < http://blogs.ucl.ac.uk/transcribe-bentham/2013/12/18/new-material-to-transcribe-


panopticon/ > Acesso em: 16/01/2014.
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Anexo 2: Planta baixa do primeiro pavimento do edifício ‘Bloco A’, localizada no campus
Erechim-RS, da UFFS

Fonte:

<http://www.uffs.edu.br/index.php?option=com_content&view=article&id=908&Item
id=926> Acesso em: 16/01/2014.

REFERÊNCIAS

FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir: Nascimento da prisão. 41. Ed. Petrópolis: Vozes, 2005.

SOUSA, Noelma Cavalcante de; Meneses, Antonio Basílio Novaes Thomaz de. O poder
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disciplinar: Uma leitura em vigiar e punir. Saberes, Natal – RN, V. 1, n.4, 2010.

SILVA, José Cláudio Sooma. Foucault e as relações de poder: O cotidiano da sociedade


disciplinar tomado como uma categoria histórica. Filosofia UERJ, Rio de Janeiro, 2006.

TADEU, T. (Org.). O Panóptico/Jeremy Bentham. 2ª ed. Belo Horizonte: Autêntica Editora,


2008.

ORWELL, George. 1984. São Paulo, Companhia Editora Nacional, 1978, 11ª Edição.

BAUMAN, Zygmunt. Globalização – As conseqüências humanas. Trad. de Marcus Penchel.


Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1999.

HUXLEY, Aldous. Admirável Mundo Novo. Trad. de Lino Vallandro e Vidal Serrano. Rio
de Janeiro: Ed. Globo, 2009.

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