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I

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA


FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA
Fundada em 18 de fevereiro de 1808

Monografia

A captação e a fidelização de doadores de sangue no Brasil: uma


revisão sistemática

Tâmia Mariza Figueiredo Barreto Freitas

Salvador (Bahia)
Maio, 2016
II
III

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA


FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA
Fundada em 18 de fevereiro de 1808

Monografia

A captação e a fidelização de doadores de sangue no Brasil: uma


revisão sistemática

Tâmia Mariza Figueiredo Barreto Freitas

Professor orientador: Luis Eugênio


Portela Fernandes de Souza

Monografia de Conclusão do Componente


curricular MED-B60/2015.2, como pré-requisito
obrigatório e parcial para conclusão do curso
médico da Faculdade de Medicina da Bahia da
Universidade Federal da Bahia, apresentada ao
colegiado do Curso de Graduação em Medicina.

Salvador (Bahia)
Maio, 2016
IV

Monografia: A captação e a fidelização de doadores de sague no Brasil: uma


revisão sistemática, de Tâmia Mariza Figueiredo Barreto Freitas.

Professor orientador: Luis Eugênio Portela Fernandes de Souza

COMISSÃO REVISORA:

 Luis Eugênio Portela Fernandes de Souza (Presidente, Professor orientador) –


Professor do Departamento de Saúde Coletiva I do Instituto de Saúde Coletiva (ISC –
UFBA).

 Suzy Santana Cavalcante – Professora do Departamento de Pediatria da Faculdade


de Medicina da Bahia da Universidade Federal da Bahia (FMB – UFBA).

 Mônica Angelim Gomes de Lima – Professora do Departamento de Medicina


Preventiva e Social da Faculdade de Medicina da Bahia da Universidade Federal da
Bahia (FMB – UFBA).

Membro Suplente
Erika Santos Aragão – Professora do Departamento de Saúde Coletiva I do Instituto
de Saúde Coletiva (ISC – UFBA).

TERMO DE REGISTRO ACADÊMICO:


Monografia avaliada pela Comissão Revisora, e
julgada apta à apresentação pública no X Seminário
Estudantil de Pesquisa da Faculdade de Medicina da
Bahia/UFBA, com posterior homologação do
conceito final pela coordenação do Núcleo de
Formação Científica e de MED-B60 (Monografia
IV). Salvador (Bahia), em _______ de _________
de 2016
V

EQUIPE
 Tâmia Mariza Figueiredo Barreto Freitas, Faculdade de Medicina da Bahia/UFBA.
Correio-e: tamiafreitas@gmail.com
 Professor orientador: Luis Eugênio Portela Fernandes de Souza, Instituto de Saúde
Coletiva/UFBA. Correio-e: luiseugeniosouza@ig.com.br

INSTITUIÇÕES PARTICIPANTES

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA


FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA
INSTITUTO DE SAÚDE COLETIVA

FONTES DE FINANCIAMENTO

1. Recursos próprios.
VI

“Não é no silêncio que os homens se fazem, mas na palavra, no trabalho, na ação-reflexão.”


Paulo Freire
VII

Aos que sofrem pela necessidade de transfusões sanguíneas em casos de urgência ou


cronicamente e dependem da solidariedade e do espírito altruísta das pessoas para
sobreviver
VIII

Agradecimentos
Aos meus amados pais, Tânia e Manoel, pelo amor e incentivo que sempre me encorajaram a
lutar pelo que eu acredito. A gratidão é infinita!

Aos meus irmãos, Manoela, Léo e Brisa por me ensinarem o valor da partilha

Aos meus sobrinhos, Davi e Maya, pela existência que me transborda de felicidade e
esperança

Aos meus queridos avós, Tavinho e Didi, Zezinho e mãe Marôta, por me mostrarem o amor e
respeito pela vida

Aos meus tios, primos e amigos pelos encontros que me enchem de energia. Especialmente
agradeço aos queridos Vitor e Tiago Basílio por estarem sempre disponíveis em me ajudar
“tecnologicamente” sempre que precisei durante a confecção deste estudo. Jamais esqueceria!

Aos pesquisadores TECLIM - UFBA pela experiência e orientação nos estudos sobre aspectos
relacionados à hemorrede que me motivaram na idealização desta pesquisa

Ao meu orientador, profº Luís Eugênio por acolher meu convite, pela parceria e por estar
sempre disponível às minhas angústias de aprendiz

Às professoras Suzy Cavalcante, Mônica Lima e Érika Aragão por comporem a comissão
revisora desta pesquisa, pelas críticas e sugestões e por colaborarem com a qualidade da
mesma

Aos amigos “famebianos” que entraram em minha vida e tanto me acrescentarem em cada dia
de convivência

Aos que compreenderam a minha ausência como importante para minha construção enquanto
futura profissional da saúde em busca de transformar algo na sociedade

Finalmente, agradeço ao leitor pelo privilégio de sua apreciação!


SUMÁRIO

RESUMO

1. INTRODUÇAO 04

2. OBJETIVO 10

3. JUSTIFICATIVA 11

4. METODOLOGIA 12

5. RESULTADOS 23

6. DISCUSSÃO 37

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS 45

SUMMARY 47

REFERÊNCIAS

ANEXO 1
ÍNDICE DE QUADROS, FLUXOGRAMAS E TABELAS
QUADROS

QUADRO 1 - Referências dos artigos resultantes da busca BVS em inglês 13

QUADRO 2 – Referências dos artigos resultantes da busca Pubmed em inglês 16

QUADRO 3 – Referências dos artigos resultantes da busca BVS em espanhol 18

QUADRO 4 – Referências dos artigos resultantes da busca BVS em português 19

FLUXOGRAMAS

FLUXOGRAMA 1 - Busca feita na BVS com os unitermos em inglês e sua seleção 12


parcial
FLUXOGRAMA 2 - Busca feita na PubMed com os unitermos em inglês e sua seleção 15
parcial

FLUXOGRAMA 3 – Busca feita na BVS com os unitermos em espanhol e sua seleção 17


parcial

FLUXOGRAMA 4 – Busca feita na BVS com os unitermos em espanhol e sua seleção 19


parcial

TABELAS

TABELA 1 – Caracterização geral dos estudos 22

TABELA 2 – Relação das estratégias identificadas 30


RESUMO
A CAPTAÇÃO E A FIDELIZAÇÃO DE DOADORES DE SANGUE NO BRASIL:
UMA REVISÃO SISTEMÁTICA. O Brasil apresenta um déficit de doadores de sangue de
acordo com o parâmetro definido pela OMS, sendo urgente a necessidade de fortalecer as
estratégias de captação e fidelização de doadores. Nessa perspectiva, este estudo tem dupla
importância: teórica, através da sistematização de conhecimentos, e prática, podendo vir a
apoiar os serviços de hemoterapia na otimização das estratégias para captar e fidelizar
doadores. OBJETIVO: identificar e descrever as estratégias para captação e fidelização de
doadores de sangue referidas em estudos científicos, nacionais e internacionais.
METODOLOGIA: trata-se de uma revisão sistemática de trabalhos localizados na BVS e
PubMed. Foram considerados artigos originais publicados entre 2010 e 2014, em inglês,
espanhol ou português, encontrados a partir dos descritores nestes idiomas, respectivamente.
Realizada a busca pelos descritores e filtros, e depois com base nos títulos e resumos. Os
artigos selecionados foram lidos na íntegra. RESULTADOS: foram rastreados 32 artigos dos
quais 28 apresentaram estratégias de captação ou fidelização de doadores de sangue. Os
outros quatro, contudo, foram também úteis à discussão da temática. A estratégia de captação
e fidelização de doadores mais mencionada foi “estimular o altruísmo, a solidariedade, o
senso de dever moral e a auto-confiança”, citada em 14 artigos. A segunda, citada em treze
artigos, foi “conhecer perfil do doador para desenvolver estratégias direcionadas/desenvolver
estratégias conforme crenças locais” e a terceira, “desmistificar risco, medo e quebrar
preconceitos”, mencionada em onze artigos. DISCUSSÃO: constatou-se a partir da análise
dos estudos revisados que as estratégias de captação e fidelização de doadores identificadas
atuam além do recrutamento direto de doadores. Elas objetivam não só estimular o altruísmo
e a solidariedade, desmistificar riscos e medos, conhecer o perfil dos doadores e proporcionar
uma boa experiência para os doadores, mas também propõem reorganização dos serviços de
coleta e apresentam formas de operacionalizar essas ações na prática. CONSIDERAÇÕES
FINAIS: estudos demonstraram estratégias de captação e fidelização de doadores eficientes
para tal finalidade, embora a coleta de sangue ainda não supra a necessidade atual. Neste
contexto, além das estratégias utilizadas há outros fatores, históricos, culturais e de ordem
normativa, que também precisam ser revistos na perspectiva de melhor atender essa demanda
social. Estudos nessa dimensão merecem maiores incentivos.

Palavras chave: doador de sangue, estratégias de captação e fidelização, política de sangue.


4

1. INTRODUÇÃO

O Brasil tem um significativo déficit de doadores se considerarmos seu


contingente populacional. O padrão para atender as demandas nacionais, no que se refere aos
serviços de hemoterapia, seria que pelo menos 3 a 5% de pessoas doassem sangue, segundo
recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS). No entanto, apenas 1,9% da
população efetiva esse ato em nosso país a cada ano1.

A legislação brasileira que rege os serviços de hemoterapia prevê uma série de


diretrizes e estratégias para a promoção da doação de sangue que, de acordo com a lei, deve
ser necessariamente voluntária e não remunerada. Embora já prevista na Lei Federal nº 1.075
de 19502, essa conduta só se efetivou na prática a partir de 1º de maio de 1980 quando o
sangue passou a ser visto como bem de responsabilidade social. Vale registrar que essa nova
visão é fruto, em parte, da união de forças entre a Sociedade Brasileira de Hematologia e
Hemoterapia, o Conselho Regional de Medicina de São Paulo, a Associação Paulista de
Propaganda e a Associação Brasileira de Relações Públicas, em prol do reconhecimento da
hemoterapia como especialidade médica e da adaptação dos hospitais3. Contudo, deve-se
também, e principalmente, ao acolhimento da população sensibilizada pela emergência da
epidemia da AIDS e suas consequências, dessa nova concepção de doação sanguínea como
“ato de solidariedade”. Nesse sentido, foi pela pressão popular4,5 que se evoluiu na legislação
hemoterápica do Brasil no que se refere à regulamentação técnica dos procedimentos. Nesse
particular, há que se destacar que o advento da AIDS sobre os serviços de hemoterapia
demonstrou a fragilidade do sistema de saúde nesse país, como o “caso de Betinho” que
tomou notoriedade pública.

A portaria nº 2.712 de 20136, em vigor, que redefine o regulamento técnico de


procedimentos em hemoterapia, em seu parágrafo 2º, afirma que “A manutenção de toda a
cadeia produtiva do sangue depende dos valores voluntários e altruístas da sociedade para o
ato da doação...”. É também previsto na Seção II – da doação de Sangue – Art. 30 dessa
mesma portaria que “A doação de sangue deve ser voluntária, anônima e altruísta, não
devendo o doador, de forma direta ou indireta, receber qualquer remuneração ou benefício em
virtude de sua realização”6. Com mais força institucional, a Lei nº 10.205 de 20017 define
também a atitude de doação como ato exclusivo de solidariedade, afirmando que a Política
Nacional de Sangue, Componentes e Hemoderivados rege-se pela promoção de tal atitude.
Dessa forma, o inciso II do Art. 14 afirma que é obrigatória a “(...) utilização exclusiva da
5

doação voluntária e não remunerada do sangue, e que cabe ao poder público estimulá-la como
ato relevante de solidariedade humana e compromisso social”. O inciso III reforça a
“proibição de remuneração ao doador pela doação de sangue”; e o inciso IV reafirma a
“proibição da comercialização da coleta”7. Percebe-se, portanto, que no processo da
construção da Política Nacional de Sangue (PNS), a doação nesses moldes, baseada na
solidariedade e no altruísmo, foi sendo incorporada gradualmente, inclusive de forma
repetitiva, por vários dispositivos regulamentares que frisam o valor humanista dessa prática,
desvinculando-o de gratificação financeira como estratégia de conquista e fidelização de
doadores.

Junto a essa decisão historicamente marcada pela pressão social, maiores desafios
foram impostos aos serviços de hemoterapia no sentido de atrair e manter bons doadores
sanguíneos, sem o respaldo de uma bonificação enquanto recompensa. Sabendo ser um ato
que depende quase que exclusivamente da solidariedade humana e do sentimento de dever
social, o que vem sendo praticado para a ampliação do quadro de doadores em nosso país?
Quais as estratégias utilizadas para ampliar a adesão de doadores aos serviços de
hemoterapia? Essas estratégias são adequadas ao perfil sócio-demográfico da população
brasileira? Esses são os questionamentos que esse estudo busca responder através da
exploração sistemática de publicações que versam sobre a captação e a fidelização de
doadores.

Nessa perspectiva, faz-se relevante destacar o público alvo ao qual essas


estratégias devem se voltar particularmente, em busca de resultados mais efetivos. Sabendo da
importância dessa consonância entre as estratégias de captação e as características dos
potenciais doadores, é necessário conhecer o perfil do doador brasileiro. Estudos divulgados
pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) trazem dados que permitem conhecer
o doador nas diferentes regiões do Brasil8. Para traçar o perfil do doador brasileiro, são
levadas em conta as seguintes informações, separadamente para cada uma das regiões do país:
sexo, faixa etária, estado civil, etnia e escolaridade, sendo descritos os percentuais de cada
item agrupado (ANEXO I). Em suma, em todas as regiões, os doadores são em sua maioria do
sexo masculino, sendo que na região Centro-Oeste há maior disparidade entre doadores
homens (76%) e mulheres (24%). A faixa etária, o estado civil e a escolaridade de maior parte
coincidiram nas diferentes regiões, sendo, respectivamente, de 30 a 39 anos, solteiros e
pessoas com ensino médio completo. Por fim, a etnia foi o item que mais variou: entre os
doadores do Norte, Nordeste e Centro-Oeste, a maioria se declarou parda, em especial no
6

Norte, com 73,76% do total de doadores. As regiões Sul e Sudeste apresentaram, quanto à
etnia, uma prevalência de doadores autodeclarados brancos, tendo o Sul 74,36% e o Sudeste
54,28% de brancos8.

Com base nesse perfil dos doadores de sangue, o intuito desse estudo é identificar
as principais estratégias utilizadas, nacional e internacionalmente, para a captação e a
fidelização de doadores e discutir sua adequação ao perfil sócio-demográfico dos brasileiros.
É essencial discutir essa congruência, distinguindo aqueles que se tornam doadores rotineiros,
com a pretensão de direcionar melhor tais ações sobre doadores de primeira vez, e
especialmente sobre pessoas potencialmente doadoras, mas que resistem ao ato da doação por
quaisquer que sejam os motivos, exceto religiosos: como medo, inacessibilidade ou
desinteresse, por exemplo.

Esta pesquisa se justifica, do ponto de vista científico, pois sistematiza o


conhecimento existente, e, do ponto de vista prático, pois pode vir a apoiar os serviços de
hemoterapia na otimização das estratégias para captar e fidelizar doadores, sujeitos essenciais
que viabilizam a efetivação do ato transfusional.

Considerando a importância não apenas do quantitativo, mas, sobretudo, da


qualidade do doador, a presente pesquisa buscou descrever a situação atual da captação de
doadores e os mecanismos utilizados para a sua fidelização, mapeando, nessa dimensão, os
pontos de sucesso e insucesso que interferem no abastecimento de sangue em nosso país. A
partir do levantamento sistemático de informações a respeito dessas estratégias dos
hemocentros nacionais e internacionais, poder-se-á sugerir práticas de aperfeiçoamento,
objetivando ampliar o número de doadores fixos, ao mesmo passo que os pontos negativos
poderão ser evitados. A possibilidade de reforçar ou trazer novas técnicas na tentativa de
conquistar mais doadores é fundamental na busca de um serviço autossuficiente e
independente em sangue e hemoderivados, prezando sempre pela qualidade da prestação
desse serviço e do “produto” em questão.

Cabe ainda ressaltar que não há falta de pessoas aptas a doar, há muitas em
potencial, o que tem faltado é motivação e interesse pelo ato, seja por medo, pela cultura de
mitos ou por falta de consciência sobre a sua importância. Nesse contexto, a doação de
sangue, como ato solidário e altruísta necessário à manutenção da vida de tantos que
precisam, constitui um desafio para cada um dos cidadãos, mas, sobretudo para os
profissionais dos serviços de hemoterapia que precisam elaborar maneiras eficazes para maior
7

atração de doadores. O sentimento pessoal de corresponsabilidade na garantia de sangue deve


ser desenvolvido por cada um, contextualizando-o com o comprometimento com a saúde
coletiva que cada sujeito deve cultivar em si.

Não há outro meio de suprir as necessidades de transfusão sanguínea da sociedade


se não pelo espírito solidário daqueles que se propõem e têm possibilidade de doar. Fomentar
estudos na área, como esse, é uma parte do muito que ainda precisa e pode ser feito, inclusive
sendo esse um dos princípios da Política Nacional de Promoção da Doação Voluntária de
Sangue proposta pelo Grupo de Assessoramento Técnico em Captação de Doadores, do
Ministério da Saúde, desde 2012: o investimento em pesquisa8.

Breve reflexão sobre a doação de sangue no Brasil

Fazendo uma análise do percentual de doadores de sangue na população brasileira


atualmente, é possível levantar hipóteses, baseadas em fatos históricos que podem justificar
carência ainda marcante neste território. A questão cultural de doação sanguínea no Brasil se
deu de forma diferente de outros países que sediaram guerras ou são alvo de atentados e
catástrofes em larga escala, por exemplo. De alguma forma, esses fatores podem ter
contribuído para o recrutamento mais bem sucedido de potenciais doadores e despertado o
ímpeto da doação através da conscientização e da necessidade do apoio coletivo, tendo sido
perpetuado de geração em geração nos EUA e em países da Europa, embora esses lugares
também apresentem necessidade de mais doações.

É possível perceber que no Brasil a história influenciou no sentido contrário,


talvez desmotivando potenciais e futuros doadores. Além do fato da doação já ter sido
remunerada e, por isso feita se pensando no benefício próprio (talvez dificultando a aceitação
da vigente política baseada na solidariedade).

Outro fator que também pode interferir até hoje na captação de doadores foi o
número de pessoas que acabou sendo contaminado pelo HIV e Hepatites. Isso ocorreu num
período em que as transfusões sanguíneas eram feitas com baixa qualidade técnica e a
sorologia era restrita e precária. Se, por um lado, a possibilidade de transmissão de doenças
pode estar afastando doadores, por outro, foi a partir do conhecimento dessa possibilidade que
as discussões sobre doação em nosso país tomaram proporção mais ampla e começaram a ser
8

vistas com maior atenção, inclusive levando à implantação da Política Nacional de Sangue no
final da década de 80.

Sobre remuneração em troca doação sanguínea, a Convenção para a Proteção dos


Direitos do Homem e da Dignidade do Ser Humano de 1997, adotada pelas Nações Unidas, é
explícita em proibir qualquer ganho financeiro com a comercialização do corpo humano ou
das suas partes. Há um esforço para prevenir o comércio do sangue e a exploração de
doadores, devendo o sistema nacional de sangue adotar princípios éticos para basear a sua
prática38 embora ainda persista essa remuneração em alguns países como a Índia. Neste país o
direito à igualdade de oportunidades de acesso aos produtos de sangue é restrito e apresenta
um funcionamento pouco regularizado perante o chamado mercado “vermelho” ou mercado
negro de sangue41. A escassez crônica dos estoques de sangue na Índia reflete problemas que
vão além da falta de estrutura do sistema de saúde do país e do tabu acerca da doação e
transfusão de sangue, ela remete à extrema pobreza local que obriga parte da população
sustentar um mercado ilegal de sangue em troca de alguma recompensa41.

Percebe-se, portanto, o poder da política de sangue tem para mobilizar a


sociedade, positiva ou negativamente, e o valor que deve ser dado à normatização de uma
doação sanguínea voluntária e não remunerada inclusive para garantir a qualidade do sangue
que é transfundido pelo serviço que segue nesses moldes, como foi percebido em nosso país
com a adoção dessa perspectiva.

É possível perceber que os assuntos relacionados à doação de sangue ainda estão


imbuídos de crenças e mitos que não coadunam com os parâmetros científicos. Segundo
Reginato e Andrade (2005)42 a partir do advento da AIDS é que se deu início a um processo
de conscientização para promover a desmistificação das crenças de que: doar sangue não
engorda, nem emagrece; não engrossa nem afina o sangue, não torna mandatório doar pelo
resto da vida se o sujeito doa a primeira vez, e não se transmite doenças com os cuidados
adotados atualmente, argumentos esses que parte da população ainda usa como justificativa
para não efetivar o ato42. Certamente, esses aspectos constituem um desafio para os serviços
de hemoterapia em relação ao desenvolvimento de estratégias para captação e fidelização de
doadores.

Um acontecimento importante e que conta a favor do desenvolvimento de


estratégias para captar mais doadores foi a criação, em 1998, do Programa Nacional de
9

Doação Voluntária de Sangue. Por meio dele “pretende-se envolver a sociedade brasileira,
levando-a a participar ativamente do processo da doação de sangue de forma consciente e
responsável, através de ações educativas e de mobilização social, visando a garantia da
quantidade adequada à demanda do país e a melhoria da qualidade do sangue, componentes e
derivados”43. De acordo com o Manual de Orientações para Promoção da Doação Voluntária
de Sangue

A tarefa de captar doadores de sangue na realidade brasileira não é algo


fácil, simples, estático. Requer técnicas que venham proporcionar
conhecimento, entendimento dos aspectos sociais, econômicos, culturais e
políticos que envolvem e influenciam a doação espontânea de sangue e como
esta poderá ser concebida como uma questão de participação, compromisso
9
e responsabilidade social (BRASIL, 2015) .

Dessa maneira, é preciso considerar os aspectos históricos que marcam a realidade


da hemoterapia no Brasil para promover medidas de captação de doadores. Percebe-se que há
fatores que influenciam negativamente este processo e que podem, de certa forma, justificar a
escassez de doadores frente à demanda crescente de sangue. Por outro lado, deve-se também
reconhecer as conquistas e avanços neste âmbito, como a elaboração de um Manual de
orientações da promoção voluntária de sangue e, recentemente, também a inclusão do NAT
(teste de ácido nucléico) dentre os exames obrigatórios que precedem a transfusão. Esses
acontecimentos somam a favor da maior qualidade de nossos serviços e representam o esforço
para incremento de uma política baseada no altruísmo e solidariedade, lançando mão da
tecnologia na garantia de maior seguridade das partes.
10

2. OBJETIVO

Identificar e descrever as estratégias para captação e fidelização de doadores de


sangue referidas em estudos científicos, nacionais e internacionais.
11

3. JUSTIFICATIVA

Com o intuito de apresentar um panorama das estratégias de captação e da


fidelização de doadores de sangue no Brasil, discutindo sua adequação ao perfil sócio-
demográfico brasileiro, a presente revisão se justifica pela sua contribuição à sistematização
do conhecimento existente e pelo fato de seus resultados poderem vir a apoiar a
implementação da Política Nacional de Promoção da Doação Voluntária de Sangue. Pode vir
a ser útil para a fundamentação e o planejamento de novas estratégias e para o fortalecimento
das que já estão em vigor, voltadas para cada público específico.
12

4. METODOLOGIA

A fim de sistematizar o conhecimento referente à situação atual no que diz


respeito às estratégias de captação e fidelização de doadores, esta revisão foi realizada com
base em artigos originais indexados em bancos de publicações científicas. Foram também
consultados cadernos informativos e guias de captação de doadores editados pelas
Coordenadorias Gerais de Sangue e Hemoderivados do Ministério da Saúde (CGSH - MS) no
Brasil, para registrar o perfil do doador brasileiro de sangue para os quais essas estratégias
devem estar voltadas.

4.1 Estratégias de busca, seleção e análise de artigos científicos das bases de


documentos da Biblioteca Virtual em Saúde e PubMed

Os artigos científicos acessados livremente através do Portal de Periódicos da


CAPES foram rastreados nos sítios eletrônicos da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e do
PubMed.

A BVS agrupa a literatura científica e técnica relacionada às Ciências da Saúde


em Geral, constantes nos engenhos de busca LILACS, IBECS, MEDLINE, Biblioteca
Cochrane e SciELO. O PubMed, por sua vez, reúne mais de 17 milhões de artigos nas áreas
de Biomedicina e Saúde, Ciências Naturais, Ciências do Comportamento, Química e
Bioengenharia, publicados em aproximadamente 5.400 periódicos disponíveis nos Estados
Unidos e em mais de 80 países. A maioria dos registros do PubMed, cerca de 90%, é
proveniente de fontes na língua inglesa, e por isso a estratégia de busca nesse campo foi feita
através de unitermos em inglês, enquanto que na BVS foi feita em inglês, espanhol e
português, também com filtro de idioma correspondente ao dos unitermos registrados,
descritos adiante.

Na BVS, como no PubMed, as estratégias de busca foram precedidas da definição


dos descritores, adotando-se aqueles disponíveis em seu sítio, sendo eles em inglês, espanhol

http://bvsalud.org/

http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed
13

e português, respectivamente: “Blood Donors”/ “Donantes de Sangre”/ “Doadores de


Sangue”. As buscas avançaram considerando os seguintes descritores na mesma ordem de
idiomas: “Strategies”/ “Estrategias”/ “Estratégias”. Foram considerados artigos de todas as
bases associadas à BVS, não havendo exclusão nesse quesito.

É importante registrar a definição dos descritores disponíveis na BVS. Dessa


forma, por “Doadores de Sangue” entendem-se indivíduos que fornecem sangue ou
componentes do sangue para transferência para receptores histocompatíveis e por
“Estratégias”, amplas linhas de ação requeridas em todos os setores para colocar em execução
a política de saúde. No PubMed, os descritores utilizados foram exatamente os mesmos
adotados na busca na BVS, sendo as definições em ambos os sítios semanticamente
equivalentes.

Tanto na BVS, quanto no PubMed, foram feitas buscas com os termos em cada
idioma separadamente e com filtros de tempo, sendo incluídos os documentos publicados no
período de 2010 à 2014. Quanto à natureza das pesquisas, foram considerados apenas os
artigos originais (outras revisões de literatura foram usadas para apoiar a discussão dos
resultados encontrados).

A busca foi refinada quanto à categoria da população estudada em cada artigo


(considerou-se estudos em humanos apenas), “assuntos principais” e ao “assunto da revista”,
não dando preferência a nenhuma revista específica, apenas discriminando pelos assuntos.
Foram considerados apenas os artigos que estivessem disponíveis na íntegra, utilizando-se o
código VPN-UFBA.

A primeira triagem dos artigos foi feita considerando-se a leitura do título, dos
objetivos e/ou dos resumos, a fim de se refinar a busca e eliminar aqueles que não se
relacionassem com o objetivo em questão e com a proposta dessa revisão. Dessa maneira,
foram excluídos os estudos feitos com outros animais que não humanos, os artigos fora do
período estabelecido ou que não se associavam com a expectativa do estudo a partir da leitura
do título, objetivos ou resumo, ou que os assuntos principais da revista não apresentassem
associação com este estudo.
14

Busca com os termos em inglês (BVS e PubMed)


Os seguintes filtros foram usados na base de artigos da Biblioteca Virtual de
Saúde (BVS): “Blood Donors” -> “Strategies” -> filtro de idioma (inglês) -> humanos ->
período de publicação 2010/2014 -> assunto da revista. Inicialmente, apenas com o unitermo
“Blood donors”, foram encontrados 55.977 artigos. Com o avançar da busca através do termo
“Strategies” restaram 1.041 artigos. Passando pelo filtro do idioma restaram 917, dos quais
792 são pesquisas realizadas com humanos e 243 foram publicadas entre 2010 e 2014. Desses
243, 98 foram selecionados por estarem dentro dos seguintes assuntos principais “Doadores
de Sangue”, “Transfusão de Sangue” e “Seleção do doador”, dos quais 92 estavam
disponíveis na íntegra e 64 tinham como assunto da revista “Hematologia”, “Saúde Pública” e
“Ciências Sociais”, sendo as outras consideradas desconexas com o tema focado neste estudo.
Esses 64 artigos restantes tiveram seus títulos, objetivos ou resumos lidos, para, a partir, daí
serem separados 27 relacionados mais diretamente com o objetivo dessa pesquisa (ou seja,
foram retirados artigos que tratavam, por exemplo, das questões laboratoriais que envolvem
transfusão, o estudo e testes microscópicos de sorologia e etc), os quais foram utilizados para
esta revisão, e, portanto, lidos na íntegra. Um desses 27 artigos tratava-se de uma revisão de
literatura e foi excluído do grupo utilizado para o levantamento de estratégias incorporadas
neste estudo, restando, portanto 26 artigos a partir dessa busca, conforme fluxograma abaixo.

Fluxograma 1 - Busca feita na BVS com os unitermos em inglês e sua seleção parcial

“blood donors”

55.977 publicações
“Strategies”

1.041 publicações
Idioma inglês

917 publicações
Pesquisa realizadas com humanos

792 publicações
Assuntos principais

98 Publicações

92 na íntegra
[Continua]
15

Fluxograma 1 [Continuação]

Assunto da revista

64 publicações, lidos
título, objetivo e/ou resumo dos artigos

que não tratavam da captação ou


fidelização de doadores ou que eram
revisões

26 artigos

Abaixo, no QUADRO 1, estão enumeradas as referências dos 26 artigos incluídos


nessa pesquisa a partir dessa busca em ordem alfabética.

QUADRO 1
1.AMOYAL, NR; ROBBINS, ML; PAIVA, AL; BURDITT, C; KESSLER, D; SHAZ,BH.
Measuring the processes of change for increasing blood donation in black adults.
Transfusion; 53(6): 1280-90, 2013 Jun. *
2.BRUHN, R; LELIE, N; CUSTER, B; BUSCH, M; KLEINMAN, S. Prevalence of human
immunodeficiency virus RNA and antibody in first-time, lapsed, and repeat blood
donations across five international regions and relative efficacy of alternative screening
scenarios. Transfusion; 53(10 Pt 2): 2399-412, 2013 Oct. */**
3.CIMAROLI, K; PÁEZ, A; NEWBOLD, KB; HEDDLE, NM. Individual and contextual
determinants of blood donation frequency with a focus on clinic accessibility: a case
study of Toronto, Canada. Health Place; 18(2): 424-33, 2012 Mar. *
4.DE ALMEIDA-NETO, C; MENDRONE-JUNIOR, A; CUSTER, B; ET AL. Inter-
Donation Intervals and Patterns of Return among Blood Donors in Brazil. Transfusion,
2012.
5.DHINGRA, N. International challenges of self-sufficiency in blood products. Transfus
Clin Biol; 20(2): 148-52, 2013 May. **
6.FRANCE, CR; FRANCE, JL; KOWALSKY, JM; CORNETT, TL. Education in donation
coping strategies encourages individuals to give blood: further evaluation of a donor
recruitment brochure. Transfusion; 50(1): 85-91, 2010 Jan. *
7.FRANCE, CR; FRANCE, JL; WISSEL, ME; KOWALSKY, JM; BOLINGER, EM;
HUCKINS, JL. Enhancing blood donation intentions using multimedia donor education
materials. Transfusion; 51(8): 1796-801, 2011 Aug. *
8.FRANCE, CR; FRANCE, JL; KOWALSKY, JM; COPLEY, DM; LEWIS, KN; ELLIS,
GD; MCGLONE, ST; SINCLAIR, KS. A Web-based approach to blood donor
preparation. Transfusion; 53(2): 328-36, 2013 Feb. *
9.FRANCE, CR; FRANCE, JL; WISSEL, ME; DITTO, B; DICKERT, T; HIMA,WAN LK.
Donor anxiety, needle pain, and syncopal reactions combine to determine retention: a
path analysis of two-year donor return data. Transfusion; 53(9): 1992-2000, 2013 Sep. *
[Continua]
16

Quadro 1 [continuação]
10.GODIN, G; GERMAIN, M. Predicting first lifetime plasma donation among whole
blood donors. Transfusion; 53 Suppl 5: 157S-61S, 2013 Dec. *
11.GREINACHER, A; FENDRICH, K; BRZENSKA, R; KIEFEL, V; HOFFMANN, W.
Implications of demographics on future blood supply: a population-based cross-
sectional study. Transfusion; 51(4): 702-9, 2011 Apr. *
12.GUO, N; WANG, J; NESS, P; ET AL., FOR THE NHLBI RETROVIRUS
EPIDEMIOLOGY DONOR STUDY-II (REDS-II), INTERNATIONAL COMPONENT.
Analysis of Chinese Donors’ Return Behavior. Transfusion, 2011.
13.GUO, N; WANG, J; NESS, P; YAO, F; BI, X; LI, J; YUN, Z; GUO, X; HUANG, Y;
DONG, X; TIEMUER, MH; HE, W; MA, H; HUANG, M; LIU, J; WRIGHT, DJ; NELSON,
K; SHAN, H. First-time donors responding to a national disaster may be an untapped
resource for the blood centre. Vox Sang; 102(4): 338-44, 2012 May.
14.GUO, N; WANG, J; YU, Q; YANG, T; DONG, X; WEN, G; TIEMUER, MH; LI, J; HE,
W; LV, Y; MA, H; WEN, X; HUANG, M; NESS, P; LIU, J; WRIGHT, DJ; NELSON, K;
SHAN, H. Long-term return behavior of Chinese whole blood donors. Transfusion;
53(9): 1985-91, 2013 Sep.*
15.LOURENCON, ADRIANA DE FÁTIMA; ALMEIDA, RODRIGO GUIMARÃES DOS
SANTOS; FERREIRA, ORANICE AND MARTINEZ, EDSON ZANGIACOMI.
Evaluation of the return rate of volunteer blood donors. Rev. Bras. Hematol. Hemoter.
[online]. 2011, vol.33, n.3, pp. 190-194.
16.MUMTAZ, Z; BOWEN, S; MUMTAZ, R. Meanings of blood, bleeding and blood
donations in Pakistan: implications for national vs global safe blood supply policies.
Health Policy and Planning, 2012.
17.POLONSKY, MJ; BRIJNATH, B; RENZAHO, AM. "They don't want our blood":
social inclusion and blood donation among African migrants in Australia. Soc Sci Med;
73(2): 336-42, 2011 Jul. *
18.POLONSKY, MJ; RENZAHO, AM; FERDOUS, AS; MCQUILTEN, Z. African
ulturally and linguistically diverse communities' blood donation intentions in Australia:
integrating knowledge into the theory of planned behavior. Transfusion; 53(7): 1475-86,
2013 Jul. *
19.SMITH, A; MATTHEWS, R; FIDDLER, J. Recruitment and retention of blood donors
in four Canadian cities: an analysis of the role of community and social networks.
Transfusion; 53 Suppl 5: 180S-4S, 2013 Dec. *
20.TAYOU, CT; KOUAO, MD; TOURÉ, H; ET AL. Transfusion safety in francophone
African countries: an analysis of strategies for the medical selection of blood donors.
Transfusion, 2012.
21.TAZI-MOKHA, A; SOULAYMANI, A; MOKHTARI, A; ALAMI, R. Blood donation
in Morocco: a 20-year retrospective study of blood collection in the Rabat blood centre.
Transfus Med; 22(3): 173-80, 2012 Jun. *
22.TSUNO, NH; NAGURA, Y; KAWABATA, M; MATSUHASHI, M; SONE, S; IKEDA,
T; OKOCHI, N; TAKAHASHI, K. The current status of autologous blood transfusion in
Japan--the importance of pre-deposit autologous blood donation program and the
needs to achieve patient blood management. Transfus Apher Sci; 49(3): 673-80, 2013
Dec.* /**
23.VELDHUIZEN, I; VAN DONGEN, A. Motivational differences between whole blood
and plasma donors already exist before their first donation experience. Transfusion;
53(8): 1678-86, 2013 Aug. *
[Continua]
17

Quadro 1 [continuação]
24.VELDHUIZEN, I; FERGUSON, E; DE KORT, W; DONDERS, R; ATSMA, F.
Exploring the dynamics of the theory of planned behavior in the context of blood
donation: does donation experience make a difference? Transfusion; 51(11): 2425-37,
2011 Nov. *
25.WHO EXPERT GROUP. Expert Consensus Statement on achieving self-sufficiency in
safe blood and blood products, based on voluntary non-remunerated blood donation
(VNRBD). Vox Sang; 103(4): 337-42, 2012 Nov **
26.YU, C; HOLROYD, E; CHENG, Y; FAI LAU, JT. Institutional incentives for
altruism: gifting blood in China. BMC Public Health, 2013.
*Artigos não gratuitos/ ** artigos que não citaram estratégias de captação de doadores

Na busca no PubMed em inglês, por sua vez, os artigos foram encontrados


seguindo o seguinte filtro em seu banco de artigos: “Blood Donors” [Mesh] -> AND
“Strategies” -> filtro de idioma (inglês) -> humanos -> período de publicação 2010/2014 ->
Assunto da revista. Seguindo essa sistemática de busca, inicialmente foram encontrados
17.204 artigos, com o avançar da busca através do termo “Strategies” restaram 380 artigos.
Passando pelo filtro do idioma (inglês) restaram 347, dos quais 339 foram pesquisas
realizadas com humanos, 133 publicados entre 2010 e 2014. Desses 133, 23 foram triados por
estarem dentro dos seguintes Subjects “Complementary Medicine”, “Bioethics” e “History of
Medicine” dos quais sete estavam disponíveis na íntegra. Esses sete artigos restantes tiveram
seus títulos, objetivos ou resumos lidos, para, a partir, daí serem separados quatro com base
na temática abordada apresentando compatibilidade com o objetivo dessa pesquisa, os quais
foram lidos na íntegra e utilizados para esta revisão.

Fluxograma 2 Busca feita na PubMed com os unitermos em inglês e sua seleção


parcial

“Blood Donors”

17.204 publicações

“Estrategias”

380 publicações

[Continua]
18

Fluxograma 2 [Continuação]

Idioma

347 publicações

339 em humanos
Filtro por tempo 2010/2014

133 publicações

Havia 1 revisão
Assuntos da Revista

23 publicações

07 disponibilizados na íntegra

Exclusão de 3 artigos pela leitura prévia de título, objetivos ou


resumo dos artigos que não tratavam da captação ou fidelização de
doadores ou que eram revisões

04 artigos

Abaixo, no QUADRO 2, encontram-se enumeradas as referências dos quatro artigos


encontrados a partir desta busca, em ordem alfabética. A enumeração é uma continuação do
quadro 1, ou seja, inicia-se por “27” e não foram enumerados na sequência aqueles que já
foram contabilizados na relação anterior e portanto já pertencentes ao grupo de artigos
selecionados.

QUADRO 2
27.EVANS, R; FERGUSON, E. Defining and measuring blood donor altruism: a
theoretical approach frombiology, economicsandpsychology. Vox Sanguinis,
2014;106(2):118-126. doi:10.1111/vox.12080.
12.GUO, N; WANG, J; NESS, P; ET AL., for the NHLBI Retrovirus Epidemiology Donor
Study-II (REDS-II), International Component. Analysis of Chinese Donors’ Return
Behavior. Transfusion, 2011;51(3):523-530.
26.YU, C; HOLROYD, E; CHENG, Y; FAILAU, JT. Institutional incentives for altruism:
gifting blood in China. BMC Public Health, 2013;13:524.
28.ZITO E, ALFIERI S, MARCONI M, SATURNI V, CREMONESI G. Adolescents and
blood donation: motivations, hurdles and possible recruitment strategies. Blood
Transfusion, 2012;10(1):45-58.
19

Percebe-se que na busca em inglês na BVS e no PubMed, há dois artigos duplicados:


Analysis of Chinese Donors’ Return Behavior e Institutional incentives for altruism:
gifting blood in China, enumerados fora da ordem por já terem sido considerados no
QUADRO 1, respectivamente, nas posição 12 e 26. Portanto, a busca em inglês que foi feita
tanto na BVS como no PubMed gerou um total de 28 artigos para a leitura completa e
utilização nesta revisão, conforme objetiva esse estudo.

Busca com os termos em espanhol BVS


Os artigos foram encontrados seguindo a seguinte estratégica no banco de artigos
da Biblioteca Virtual de Saúde (BVS): “Donantes de Sangre” -> “Estrategias” -> idioma ->
humanos -> período de publicação 2010/2014. Na primeira busca, foram encontrados 23.741
artigos. Com o avançar da busca através do termo “Estrategias” restaram 35 artigos, passando
pelo filtro do idioma restaram 26, dos quais 19 são pesquisas realizadas com humanos, sete
foram publicados entre 2010 e 2014. Desses sete, quatro não se relacionavam com o objetivo
em questão, um tratava-se de uma revisão de literatura, portanto, apenas dois foram incluídos
neste estudo.

No Fluxograma 3 Busca feita na BVS com os unitermos em espanhol e sua


seleção parcial.

“Donantes de Sangre”

23.741 publicações

“Estrategias”

35 publicações

Idioma

26 publicações

19 em humanos
[Continua]
20

Fluxograma 3 [continuação]

Filtro por tempo 2010/2014

7 publicações

Havia 1 revisão
Exclusão de 5 artigos pela leitura prévia de título,
objetivos ou resumo dos artigos que não tratavam da
captação ou fidelização de doadores ou que eram
revisões

2 artigos

Abaixo, no QUADRO 3, estão enumeradas as referências dos dois artigos


incluídos nesta pesquisa. A enumeração é uma continuação do quadro 2, ou seja, inicia-se por
“29”.

QUADRO 3
29.CARDONA-ARIAS, Jaiberth. Conocimientos, actitudes y práticas sobre la donación
de sangre em estudiantes universitários. MEDICINA U.P.B. 30(2), 2011.
30.VASQUEZ, Marcela et al. Abastecimiento de sangre durante desastres: la experiencia
de Chile en 2010. Rev Panam Salud Publica [online], 2011.

Busca com os termos em português BVS


Os artigos foram encontrados seguindo o seguinte filtro no banco de artigos da
Biblioteca Virtual de Saúde (BVS): “Doadores de Sangue” -> “Estratégias” -> filtro de
idioma (português) -> humanos -> período de publicação 2010/2014. Na primeira busca,
foram encontrados 25.675 artigos. Com o avançar da busca através do termo “Estratégias”
restaram 33 artigos, passando pelo filtro do idioma restaram 12, dos quais sete são pesquisas
realizadas com humanos, três foram publicados entre 2010 e 2014. Desses três, um não se
21

relacionava com o objetivo em questão e um não estava disponível. Dessa forma, um foi
incluído neste estudo.

No Fluxograma 4 Busca feita na BVS com os unitermos em português e sua


seleção parcial.

“Doadores de Sangue”

25.675 publicações

“Estratégias”

33 publicações

Idioma

12 publicações

07 em humanos
Filtro por tempo 2010/2014

3 publicações

Havia 1 revisão, e outra indisponível

Exclusão de 2 artigos pela leitura prévia de título, objetivos ou


resumo dos artigos que não tratavam da captação ou fidelização de
doadores ou que eram revisões

1 artigo

Abaixo, no QUADRO 4, está enumerada a referência do artigo incluído nesta


pesquisa, a partir desta estratégia de busca. A enumeração é continuação do quadro 3,
portanto inicia-se por “31”.

QUADRO 4
31.FREITAS, KATIA BUTTER LEÃO DE. Coletar sangue: um trabalho intenso e
fundamental para garantir a vida / Collect blood: an intense and essential to ensure life.
Rio de Janeiro; s.n; 2011.
22

4.3. CONSIDERAÇÕES ÉTICAS


Neste projeto, os dados foram extraídos da literatura e, portanto, não coube submissão
ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP)/Conep, segundo o regramento estabelecido na
Resolução CNS-MS nº 466 de 2012, no que concerne a essa modalidade de estudo.
23

5. RESULTADOS

Como se vê na Tabela 1, a seguir, a maior parte dos 31 artigos selecionados para


este estudo foi publicada em 2013, ano no qual, no Brasil, foi redefinido o regulamento
técnico dos procedimentos hemoterápicos, que inclui a captação de doadores, através da
portaria nº 2.712 em vigor6. Dentre esses 31 artigos, 27 foram encontrados exclusivamente no
banco de dados da Biblioteca Virtual de Saúde (24 em língua inglesa, dois em espanhol e um
em português) e outros dois em inglês estavam tanto na BVS como no PubMed, e mais dois
em língua inglesa estavam apenas no PubMed. A maioria dos estudos está disponível em
língua inglesa, (90%; 28 artigos), dois em espanhol e um em língua portuguesa.

Cinco artigos são de autores vinculados a instituições sediadas nos Estados


Unidos e outros cinco a instituições do Canadá. Quatro artigos são de autores da China e três
publicações foram do Brasil. Os demais países relacionados incluem Austrália, Suíça,
Marrocos, Colômbia, Chile, Países Baixos, Holanda, Camarões, Alemanha, Japão e Itália.
Outros aspectos da caracterização dos artigos podem ser vistos na tabela a seguir.
24

TABELA 1: Caracterização geral dos estudos coletados


Autor, (ano) País Título/Objetivo do estudo Tipo do estudo Base de
dados
1.AMOYAL et alli. EUA QUANTITATIVO, BVS
(2013)10 Medindo os processos de mudança para aumentar a doação de sangue em adultos pretos/ TRANVERSAL
descrever o desenvolvimento e validação de POC adaptada para negro para aumentar a doação de
sangue

2.*BRUHN et alli. CANADÁ QUANTITATIVO BVS


(2013)11 Prevalência do vírus de RNA da Imunodeficiência humana e anticorpos em doações de
sangue, por doadores de primeira vez e de repetição, em de 05 regiões internacionais e a
eficácia relativa de alternativos cenários de triagem/ relatar o componente de HIV-1 do
conjunto de dados e empregar um modelo matemático publicado anteriormente para avaliar o risco
residual de transmissao de HIV - 1 sob as condições de triagem observadas

3.CARDONA-ARIAS COLOMBIA DESCRITIVO BVS


(2011)12 Conhecimentos, atitudes e práticas em matéria de doação de sangue por estudantes QUANTI/QUALI,
universitários/ descrever os conhecimentos, atitudes e práticas em matéria de doação de sangue TRANSVERSAL
em estudantes universitários da Universidade de Antioquia.

4.CIMAROLI et alli. CANADA QUALITATIVO BVS


(2011)13 Determinantes individuais e contextuais da frequência da doação de sangue com foco na
acessibilidade clínica: Estudo de caso de Toronto, Canadá/ compreender melhor os fatores
determinantes motivadores e de impedimento para se tornar um doador de sangue.

5.DE ALMEIDA- BRASIL RETROSPECTIVO BVS


NETO (2012)14 Intervalos Inter-Doação e Padrões de retorno entre os doadores de sangue no Brasil/ avaliar LONGITUDINAL
as taxas de retorno e características demográficas, status e tipo de doador associados a uma maior
probabilidade de retorno entre os doadores de primeira vez e os de repetição.

[Continua]
25

TABELA 1 [continuação]
6.*DHINGRA SUÍÇA BVS
(2013)15 Desafios internacionais de auto-suficiência em hemoderivados/ resumir as recomendações de
especialista da OMS para se alcançar a auto-suficiência em hemoderivados

7.EVANS & REINO TRANSVERSAL PubMed


FERGUSON (2014)16 UNIDO Definindo e medindo o altruísmo de doadores de sangue: Uma abordagem teórica da
biologia, economia e psicológica/ desenvolver um índice orientado da teoria da motivação
subjacente ao altruísmo associado com a doação de sangue

8.FRANCE et alli. EUA QUANTI/QUALI BVS


(2010)17 Educação em estratégias para encorajamento de indivíduos que querem doar sangue: uma
avaliação mais aprofundada de recrutamento/ Avaliar o recrutamento de doadores de sangue
conforme registro de atitudes e comportamento

9.FRANCE (2011)18 EUA QUALITATIVO/TRAN BVS


Reforçar intenções de doação de sangue usando materiais de educação multimídia/ efeitos da VERSAL
apresentação de materiais audiovisuais para doadores de sangue, como ferramentas para melhorar
recrutamento

10.FRANCE et alli. EUA QUALITATIVO/TRAN BVS


(2013 /A)19 Uma abordagem baseada na Web para preparação de doadores de sangue/ estudar a eficácia SVERSAL
do recrutamento de doadores sanguíneo por meio de web-site

11.FRANCE et alli, EUA QUALI/LONGITUDIN BVS


(2013/B)20 Ansiedade, medo da agulha e reações de síncope combinam para determinar a retenção de AL
doadores: uma análise do caminho de retorno do doador após dois anos de coleta/ Analisar o
comportamento de retorno de doadores anteriores comparando com os atuais após aplicação de
cuidados sob fatores como ansiedade, medo de agulha e reações de síncope

[Continua]
26

TABELA 1 [continuação]
12.FREITAS (2011)21 BRASIL QUALITATIVO, BVS
Coletar sangue: um trabalho intenso e fundamental para garantir a vida/ Analisar as situações TRANSVERSAL
de trabalho do Salão de Doação de Sangue do Hemocentro e sua relação com a saúde dos
trabalhadores; verificar as variabilidades presentes na atividade de coleta de sangue; apreender os
sentidos que os trabalhadores atribuem ao seu fazer; identificar os riscos existentes no ambiente de
trabalho; conhecer a percepção dos trabalhadores na relação saúde e trabalho e compreender para
transformar a atividade de trabalho

13.GODIN & CANADÁ QUALITATIVO/TRAN BVS


GERMAIN (2013)22 Prevendo primeira doação de plasma entre doadores de sangue total/ prever a primeira doação VERSAL
de plasma entre doadores de sangue total

14.GREINACHER et ALEMANHA TRANSVERSAL/QUA BVS


alli. (2011)23 Implicações da demografia no futuro fornecimento de sangue: um Estudo transversal de base NTITATIVO
populacional/ analisar o impacto da mudança demográfica sobre a futura demanda e suprimento
de sangue em um estado federal alemão.

15.GUO et alli. CHINA QUANTI/QUALITATI BVS e


(2011)24 Análise do comportamento de retorno do doador chinês/ descrever as características VO/REVISÃO DE PubMed
demográficas de doadores de primeira vez e as características associadas ao comportamento de DADOS
retorno INSTITUCION
16.GUO et alli. CHINA QUANTI/QUALITATI BVS
(2012)25 Doadores de primeira vez durante um desastre nacional podem ser VO
um recurso inexplorado para o hemocentro/ comparar o padrão de retorno de doadores de
primeira vez pós-terremoto de Sichuan e doadores de primeira vez em um período comparável e
explorar características associadas com os seus comportamentos de retorno.

17.GUO et alli. CHINA QUALI/QUANTI/TRA BVS


(2013)26 Comportamento de retorno a longo prazo dos chineses doadores de sangue total/ compreender NSVERSAL
o comportamento de retorno de doadores

[Continua]
27

TABELA 1 [continuação]
18.LOURENCON et BRASIL QUANTITATIVO/ BVS
alli. (2011)27 Avaliação da taxa de retorno de doadores voluntários de sangue/ estimar a taxa de retorno de LONGITUDINAL/RET
doadores de sangue de primeira vez no centro de Ribeirão Preto e de outros centros de sangue em ROSPECTIVO
sua região de cobertura

19.MUMTAZ et alli. CANADA QUALITATIVO/TRAN BVS


(2012)28 Significado do sangue, sangramento e doações de sangue no Paquistão: implicações para as SVERSAL
políticas nacional vs fornecimento de sangue seguro/ investigar o significado do sangue para os
paquistaneses

20.POLONSKY et AUSTRÁLIA QUALITATIVO/TRAN BVS


alli. (2011)29 “Eles não querem nosso sangue”: inclusão social e de doação de sangue entre imigrantes SVERSAL
africanos na Austrália/ examinar como sentimentos de inclusão social influenciam as
comunidades migrantes a doar sangue.

21.POLONSKY et AUSTRALIA QUALITATIVO BVS


alli. (2013)30 Diversidade cultural e linguística das comunidades africanas de doação de sangue na
Austrália: integrando conhecimento na teoria do comportamento planejado/ examinar se a
Teoria do Comportamento Planejado (TPB) aplica-se a uma comunidade diversa culturalmente e
linguisticamente na Austrália e avaliar o efeito da integração do conhecimento geral dos indivíduos
sobre a doação de sangue para a estrutura TPB

22. SMITH et alli. CANADÁ QUALITATIVO/TRAN BVS


(2013)31 Recrutamento e retenção de doadores de sangue de quatro cidades canadenses: uma análise VERSAL
do papel das redes comunitárias e sociais/ descrever as atividades de recrutamento e retenção dos
doadores que mobilizam as redes sociais e comunidade dos indivíduos para a doação

23.TAYOU et alli. CAMARÕES QUANTI/QUALI/TRA BVS


(2012)32 A segurança das transfusões nos países africanos francófonos: uma análise de estratégias NVERSAL
para a seleção de doadores de sangue/ Avaliar a processo de seleção médica de doadores de
sangue nos países africanos

[Continua]
28

TABELA 1 [continuação]
24.TAZI-MOKHA MARROCOS QUALITATIVO/RETR BVS
(2012)33 Doação de sangue em Marrocos: um estudo retrospectivo de 20 anos OSPECTIVO
de coleta de sangue no Hemocentro a Rabat/ traçar a história dos doadores de sangue e de
estratégias de recrutamento desenvolvido entre 1988 e 2008, no centro de transfusão de sangue
regional da Rabat

25.*TSUNO et alli. JAPÃO QUALITATIVO BVS


(2013)34 O status atual de transfusão de sangue autólogo no Japão - A importância do pré-depósito
autólogo de sangue no programa de doação e as necessidades para atrair pacientes para o
gerenciamento de sangue/ analisar as melhorias alcançadas e os problemas restantes para alcançar
uma gestão de sangue.

26.VASQUEZ CHILE QUANTI/ BVS


(2011)35 Abastecimento de sangue durante desastres: a experiência de Chile em 2010/ Fornecer QUALITATIVO,
informações para melhorar as estratégias e os planos de resposta para desastres potenciais futuros. TRANVERSAL

27.VELDHUIZEN et PAÍSES QUALITATIVO BVS


alli. (2011)36 BAIXOS Explorando a dinâmica da teoria do comportamento planejado no contexto da doação de
sangue: faz diferença a experiência de doação?/ investigar sobre a atual população de doadores
holandeses no que diz respeito à motivação, saúde, demografia.

28.VELDHUIZEN & HOLANDA QUANTITATIVO BVS


DONGEN (2013)37 Diferenças motivacionais entre doadores de sangue e plasma já existem antes de sua primeira
experiência de doação/ estimar o efeito de intenção de tornar-se doador de plasma, antes da
primeira doação.

29.*WHO EXPERT SUIÇA QUALITATIVO BVS


GROUP (2012)38 Consenso de Peritos: Declaração sobre como atingir a auto-suficiência de sangue seguro e
produtos derivados, com base em doação voluntária e não remunerada/ estabelecer estratégias
e mecanismos para alcançar a auto-suficiencia em sangue e hemoderivados

[Continua]
29

TABELA 1 [continuação]
30.YU et alli. (2013)39 CHINA QUALITATIVO BVS e
Incentivos institucionais para o altruísmo: doação de sangue na China/ investigar a natureza e PubMed
os resultados de alguns mecanismos institucionalizados de incentivo à doação voluntária de
sangue.

31.ZITO et alli. ITÁLIA QUALITATIVO/TRAN PubMed


(2012)40 Adolescentes e doação de sangue: motivações, obstáculos e possíveis SVERSAL
estratégias de recrutamento/ investigar as motivações e obstáculos para adolescentes doarem
sangue e estratégias para recrutar doadores deste grupo de indivíduos.

*não foram identificadas estratégias para captação e fidelização de doadores sanguíneos durante a leitura da obra
30

Do universo de 31 artigos quatro deles foram excluídos, por não apresentarem


informações sobre estratégias de captação ou fidelização de doadores. Foram eles: (a)
Prevalence of human immunodeficiency virus RNA and antibody in first-time, lapsed, and
repeat blood donations across five international regions and relative efficacy of alternative
screening scenarios11, (b) Expert Consensus Statement on achieving self-sufficiency in safe
blood and blood products, based on voluntary non-remunerated blood donation (VNRBD38),
(c) International challenges of self-sufficiency in blood products Enjeux internationaux de
l’autosuffisance en produits sanguins15 e (d) The current status of autologous blood
transfusion in Japan – The importance of pre-deposit autologous blood donation program
and the needs to achieve patient blood management34.

Dessa forma, 27 artigos foram utilizados para o levantamento das principais


estratégias citadas e recomendadas como eficazes para captação e fidelização de doadores de
sangue. Aqueles quatro artigos excluídos11, 15, 34, 38
, embora não tenham contribuído
diretamente para o objetivo desta pesquisa, foram muito úteis para ampliar o conhecimento e
discussão desenvolvida, trazendo reflexões válidas em se tratando da necessidade de
estruturar um serviço nacional autossuficiente no fornecimento de sangue e hemoderivados,
em especial os artigos do WHO expert group (2012)38 e de Dhingra (2013)15.

Conforme detalhado na Tabela 2, a seguir, a revisão sistemática de 27 artigos


mostrou que as estratégias para captação e fidelização de doadores de sangue que a maioria
dos artigos mencionou foram “Estimular o altruísmo, a solidariedade e o senso de dever
moral por meio de campanhas objetivas de doação”, citada por 14 artigos10, 12, 14, 16, 17, 21, 22, 25,
27, 31, 35, 37, 40.
(aproximadamente 50%) e “Conhecer perfil de doador para desenvolver
estratégias direcionadas”, tendo sido citada por 13 artigos10, 12, 14, 16, 17, 20, 24, 26, 27, 28, 30, 36, 40.
(48%), sendo que Cardona-Arias (2011)12, Amoyal et alii (2013)10, Evans & Ferguson
(2014)16, Zito et alii (2012)40 e France et alii (2010)17 mencionaram ambas.

Outra estratégia referida por muitos dos estudos revisados foi “Desmistificar
risco, medo e quebrar preconceitos relacionados à doação”, tendo sido citada por 11
artigos10, 12, 14, 17, 18, 19, 24, 30, 32, 39, 40, aproximadamente 40% do total.

Citada por nove dos artigos, cerca de 30%, a quarta estratégia de captação mais
referida foi “Coleta móvel, acessível e de localização conhecida”12, 13, 24, 26, 31, 32, 33, 35, 40.
31

Outras estratégias que mereceram destaque, por suas frequências, foram “Manter
contato com os doadores de primeira vez ou possíveis candidatos à doação” 10, 14, 17, 24, 25, 27 e
“Estimular autoavaliação enquanto doador de sangue”10, 17, 31, 36, 37, 39, 40 estando presentes,
cada uma delas, em sete artigos, 25% do total e “Campanhas ao telefone voltadas para
grupos e líderes específicos/campanhas por meio de redes sócias, SMS, carta ou
email/panfletos, materiais áudio-visuais”14, 18, 25, 37, 40
e “Prevenir ou esclarecer o possível
aparecimento de sintomas após a doação/ Proporcionar uma boa experiência/Informar sobre
o procedimento que será submetido”18, 20, 25, 27, 32, citadas por cinco artigos cada uma delas,
18%, portanto.

As seguintes estratégias estiveram presentes em três artigos cada “Ampliar o


horário de funcionamento”24, 31, 35
, “Campanha com celebridades e pessoas de relevada
opinião pública em pontos estratégicos da cidade/ Educação em saúde promovida por
especialistas/ conversa com pessoas que já tiveram a experiência enquanto doador”22, 39, 40 e
“Reconhecer profissionais da captação e doadores quanto ao seu ato/valorização do
trabalhador”21, 27, 36.

Entre as estratégias menos referidas, encontram-se: “Incentivo de doação pelos


migrantes conforme necessidade local”29, 30
, “Ambientação lúdica/ Simulações anedóticas
10, 40
voltadas para o público alvo” , “Repensar critérios de seleção de doadores: considerar
idades extremas de acordo com a esperança de vida local, epidemiologia”23, 32, “Desenvolver
políticas baseadas em crenças locais em detrimento das globais”28, 30 e “Possibilitar a coleta
de diferentes volumes de sangue”26, com uma ou duas referências apenas.

É importante dizer que a maior ou menor frequência com que são mencionadas
não tem relação com a importância da estratégia, considerando-se a realidade, a necessidade e
a demanda local de cada serviço. Além disso, as estratégias não são mutuamente excludentes,
podendo ser utilizadas várias ao mesmo tempo a depender dos recursos do serviço. Talvez,
quanto mais estratégias se somarem para um fim, maior a possibilidade de o objetivo ser
atingido.

Vale salientar que os estudos que mais referiram estratégias de captação no


decorrer de seu texto, conforme apresentado na TABELA 2 foram: Zito et alii (2012)40 que
mencionam oito das 20 estratégias identificadas e Amoyal et alii (2013)10 e De Almeida Neto
(2012)14, que citam cinco das 20 estratégias agrupadas.
32
33

Tabela 2 Relação de estratégias identificadas

Estratégias de captação e Artigos mapeados


fidelização de doadores de
sangue

1. Estimular o altruísmo, FREITAS, 2011 VARQUEZ, 2011 CARDONA-ARIAS, AMOYAL et alli. YU et alli. 2013 FRANCE et DE ALMEIDA LOURENCON et ZITO et alli, 2012
2011 2013 alli, 2010 A NETO, 2012 alli, 2011
solidariedade, senso de dever
moral e auto-confiança
EVANS & GODIN & VELDHUIZEN & SMITH et alli, 2013 GUO et alli, 2012
FERGUSON, 2014 GERMAIN, 2013 DONGEN (2013)

CARDONA- AMOYAL et alli. YU et alli. 2013 GUO et alli, 2011 FRANCE et alli, DE ALMEIDA TAYOU et alli, FRANCE et
2.Desmistificar risco, medo e ARIAS, 2011 2013 2010 NETO, 2012 FRANCE et 2012 alli, 2013(A)
quebrar preconceitos alli, 2011

ZITO et alli, 2012 POLONSKY et alli,


2013

AMOYAL et alli, ZITO et alli, 2012


3.Ambientação lúdica/ Simulações 2013
anedóticas voltadas para o público
alvo
VASQUEZ, 2011 GUO et alli, 2011 SMITH et alli, 2013
4.Ampliar o horário de
funcionamento
VASQUEZ, 2011 CARDONA-ARIAS, GUO et alli, 2011 ZITO et alli, 2012 TAZI-MOKHA, CIMAROLI et alli, GUO et alli, 2013 SMITH et alli, 2013
5.Coleta móvel/ acessível e de 2011 2012 2011
localização conhecida TAYOU et alli,
2012
[Continua]
34

Tabela 2 [continuação]

6.Campanha com celebridades e


pessoas de relevada opinião
YU et alli, 2013 ZITO et alli, 2012 GODIN E GERMAIN,
pública em pontos estratégicos da 2013
cidade/ Educação em saúde
promovidas por especialistas/
conversa com pessoas que já
tiveram a experiência enquanto
doador

7.Reconhecer profissionais da
FREITAS, 2011 VELDHUIZEN et LOURECON et alli,
captação e doadores quanto ao seu alli, 2011 2011
ato/valorização do trabalhador

8.Manter contato com os VASQUEZ, 2011 AMOYAL et alli,


2013
GUO et alli, 2011 FRANCE et alli,
2010
DE ALMEIDA
NETO, 2012
LOURECON et alli, 2011 GUO et alli, 2012

doadores de primeira vez ou


possíveis candidatos

CARDONA- AMOYAL et alli, GUO et alli, 2011 VELDHUIZEN et FRANCE et DE ALMEIDA GUO et alli,
9.Conhecer perfil de doador para ARIAS, 2011 2013 alli, 2011 alli, 2010 NETO, 2012 2013 EVANS & FERGUSON, 2014
desenvolver estratégias
direcionadas/ Desenvolver
estratégias localmente eficazes
LOURENCON et MUMTAZ et alli, ZITO et alli, 2012 POLONSKY et alli, FRANCE et
alli, 2011 2012 2013 alli, 2013 (B)

[Continua]
35

Tabela 2 [continuação]

10.Estimular autoavaliação AMOYAL et alli, YU et alli, 2013 VELDHUIZEN et alli, FRANCE et alli, ZITO et alli, VELDHUIZEN & DONGEN SMITH et alli, 2013
enquanto doador de sangue 2013 2011 2010 2012 (2013)

11.Campanhas ao telefone
voltadas para grupos e líderes DE ALMEIDA
NETO, 2012
ZITO et alli, 2012 GUO et alli, 2012 FRANCE et alli,
2011
VELDHUIZEN
& DONGEN
específicos/campanhas por (2013)

meio de redes sócias, SMS,


carta ou email/panfletos,
materiais áudio-visuais

12.Prevenir ou esclarecer o
possível aparecimento de TAYOU et alli, FRANCE et alli, LOURECON et alli, GUO et alli, 2012 FRANCE et
sintomas após a doação/ 2012 2013 (B) 2011 alli, 2011

Proporcionar uma boa


experiência/Informar sobre o
procedimento que será
submetido
13.Sinalizar os doadores
diferenciando-os como de LOURECON et
alli, 2011
primeira vez ou de repetição
para que os profissionais
deem acolhimento específico
14.Desenvolver políticas MUMTAZ et alli, POLONSKY et alli,
baseadas em crenças locais 2012 2013

em detrimento das globais


[Continua]
36

Tabela 2 [continuação]
15.Incentivo de doação pelos
migrantes conforme POLONSKY et
alli, 2011
POLONSKY et alli,
2013
necessidade local
16.Banco de sangue em TAZI-MOKHA,
hospitais 2012

17.Visitar periodicamente
Universidades e faculdades GUO et alli, 2013

18.Possibilitar a coleta de GUO et alli, 2013


diferentes volumes de sangue
19.Manutenção de site para
esclarecer sobre o processo da FRANCE et alli,
2013 (A)
doação
20.Repensar critérios de
seleção de doadores: GREINACHER et TAYOU et alli, 2012
alli(2011)
considerar idades extremas de
acordo com a esperança de
vida local, epidemiologia
37

6. DISCUSSÃO

Este estudo foi elaborado com o intuito de identificar as estratégias de captação e


fidelização de doadores. Os artigos revisados, todos eles originais, não tinham,
especificamente, o objetivo de estudar as estratégias mais eficazes de captação e fidelização
de doadores sanguíneos, porém, abordavam sempre esta temática. Com efeito, os artigos
tinham o propósito de contribuir com os serviços de hemoterapia no sentido de que
promovessem uma transfusão sanguínea mais eficiente, seja aumentando o número de
doadores captados10, 16, seja investigando os fatores que influenciam na fidelização ou não dos
doadores de primeira vez13, 14, 24, 25, 26
, entre outros aspectos. Além disso, alguns artigos
trataram de analisar o perfil sócio-demográfico dos doadores mais frequentes, fator que
também pode colaborar no direcionamento das políticas desenvolvidas para tal10, 36
. Outros
artigos, por sua vez, contribuíram discutindo sobre a doação por parte de pessoas
estrangeiras29, 30.

Algumas das estratégias identificadas e descritas na Tabela 2 se configuram como


meios de otimização da captação de doadores e outras se inclinam para os meios de fidelizar
doadores de primeira vez.

Em termos de objetivos das estratégias de captação, são citados os seguintes:


desmistificar riscos e medo ou quebrar preconceitos; conhecer perfil de doador para
desenvolver estratégias especialmente direcionadas ou localmente adequadas; desenvolver
políticas baseadas em crenças locais em detrimento das globais e incentivar a doação pelos
migrantes conforme necessidade local.

De modo semelhante, são mencionadas estratégias de reorganização dos serviços


de coleta que poderiam facilitar a captação de doadores: possibilitar a coleta de diferentes
volumes de sangue; repensar critérios de seleção de doadores, ampliando a faixa etária
aceitável para doação de acordo com o perfil epidemiológico e demográfico local; e
acrescentar a coleta de sangue como tarefa rotineira nos bancos de sangue em hospitais.

Como formas de operacionalização das estratégias para maior captação de


doadores, foram identificadas as seguintes: (a) campanha com celebridades e pessoas com
capacidade de formar opinião pública; (b) atividades de educação em saúde promovida por
38

especialistas; (c) organização de sessões de conversa entre potenciais doadores e pessoas que
já tiveram a experiência enquanto doador; (d) campanhas por telefone voltadas para grupos e
líderes específicos: (e) campanhas por meio de redes sociais, short messages system (SMS),
carta ou email, panfletos e materiais aúdio-visuais; (f) manutenção de sítio eletrônico com
informações sobre o processo da doação; e (k) realização de visitas periódicas a
Universidades e faculdades para orientar os futuros profissionais de saúde e também facilitar
a doação por parte deles.

É possível identificar a presença de parte dessas estratégias no Manual de


orientações para promoção da doação voluntária de sangue, do Ministério da Saúde.

Conhecer o perfil do doador10, 12, 14, 16, 17, 20, 24, 26, 27, 28, 30, 36, 40
e desenvolver
28, 30
políticas baseadas em crenças, tradição e costumes locais são abordagens adotadas no
Brasil, como se lê no tópico “atenção às realidades locais” do Manual de orientações, o qual
frisa que não deve ser esquecido que cada região do país tem suas peculiaridades – físicas,
ambientais, socioeconômicas, educacionais, políticas e religiosas e que merecem a devida
diferenciação durante o desenvolvimento de ações voltadas para captação de doadores9.
Segundo este Manual, tais aspectos “auxiliarão os caminhos a serem trilhados, para que a
sociedade seja partícipe na promoção da doação de sangue e que os resultados sejam
coerentes com a realidade local” (BRASIL, 2015, p.66)9. E continua afirmando que o
profissional captador deve também considerar os acontecimentos marcantes em cada região e
os festejos específicos de cada lugar (carnaval, festas juninas, cerimônias religiosas,
competições esportivas, por exemplo) que irão configurar períodos estratégicos de
mobilização de atividades.

Também é recomendado pelo Manual o uso da tecnologia e meios de


comunicação defendido por Veldhuizen & Dongen (2013)37, De Almeida-Neto et alli
(2012)14, Zito et alli (2012)40, Guo et alli (2012)25 e France et alli (2011)18

Cada projeto ou programa desenvolvido poderá dispor de material de


divulgação específico conforme a sua necessidade, sendo importante
a criação de materiais informativos – folderes, banners, cartazes,
adesivos, flyers, revistas/jornais, manuais, malas‑diretas, cartões de
aniversário (impresso e/ou por e‑mail) de acordo com o perfil do
9
público a ser atingido (BRASIL, 2015, p. 53) .
39

Já estratégias reconhecidas, pelos autores dos artigos revisados, como úteis não só
para a captação de novos doadores como também para a fidelização tinham como objetivos
estimular o altruísmo, a solidariedade, o senso de dever moral e a auto-confiança; prevenir ou
esclarecer o possível aparecimento de sintomas após a doação/ proporcionar uma boa
experiência; informar sobre o procedimento que será submetido; sinalizar os doadores
diferenciando os de primeira vez e os de repetição para que os profissionais deem
acolhimento específico.

Como estratégias de reorganização dos serviços de coleta que poderiam facilitar a


fidelização de doadores foram encontradas nos artigos revisados: a ambientação lúdica e a
realização de simulações anedóticas voltadas para os diferentes públicos alvo; a ampliação do
horário de funcionamento; a doação por coleta móvel e a seleção de locais acessíveis e
conhecidos para instalar os pontos de coleta; a valorização dos profissionais da captação,
assim como o reconhecimento explícito dos doadores quanto ao seu ato, inclusive
estimulando a autoavaliação enquanto doador de sangue; e a manutenção de contato com os
doadores de primeira vez.

O Manual (Brasil (2015)9 apresenta uma série de projetos que visam a fomentar a
doação de sangue, em vários contextos, por meio de atividades eminentemente pedagógicas.
Dentre eles, destacam-se o Projeto Empresa Solidária, o Projeto Escola/Doador do futuro, o
Projeto “Arte na Doação” que complementa o Projeto Escola incrementando de forma lúdica
suas ações, diante da diversidade na expressão comportamental dos alunos e da necessidade
de maior aproximação com o público jovem. Ressalte-se que essa estratégia é referida
também por Amoyal et alli (2013)10 e Zito et alli (2012)40.

Algumas dessas estratégias merecem comentários específicos dos autores


selecionados. Assim, tratando da estratégia de fidelização por meio de proporcionar uma boa
experiência ao doador, informando-o sobre o procedimento a que será submetido18, 19, 20, 24, 27,
32
, Ludwig e Rodrigues (2005)44 referem que na doação de sangue, em que não vai se comprar
um serviço, mas sim de beneficiar outra pessoa, a observação detalhada da percepção dos
usuários e a confiança estabelecida no serviço podem influenciar no retorno e repetição do
ato. E completam “a verdadeira decisão para doar sangue envolve a escolha racional de
confiar nas instituições e nos métodos que utilizam” (LUDWIG e RODRIGUES, 2005, p.
934). Destacam que a tranquilidade que é passada, o tratamento e as habilidades
demonstradas pela equipe são aspectos altamente considerados pelos doadores44. Por isso, os
40

profissionais envolvidos na doação sanguínea devem ser devidamente valorizados e


reconhecidos em seu ofício, conforme referido nos artigos de Freitas (2011)21, Veldhuizen et
alli (2011)36 e Lourecon et all (2011)27. Eder Af (2012)45, na mesma linha, comenta que
guardar uma boa lembrança relacionada ao ato de doar gera perspectivas de futuras doações.

Para compreender melhor a distinção entre os termos captação e fidelização de


doadores, faz-se importante a diferenciação dos tipos de doadores de sangue. Há os doadores,
que, frente às diversas estratégias de captação, procuram o serviço para doar a primeira vez e
podem se fidelizar ao ato, configurando os doadores de repetição que são os que doam duas
ou mais vezes no período de um ano.

A busca dos serviços por doadores de repetição é tratada sob o seguinte aspecto:
há uma questão de segurança, mas também de economia envolvida, pois doadores testados e
retestados significam bolsas de sangue com margem maior de segurança para o receptor e
menos exames sorológicos desprezados, conferindo, portanto menor desperdício, nestes
casos. Mesmo que todos sejam devidamente testados, há menor ocorrência de rejeição de
bolsas44. Seguindo esse raciocínio9 os serviços de hemoterapia procuram por doadores
regulares porque eles já conhecem o processo, são testados periodicamente e podem fornecer
um produto mais seguro. No entanto, suspeita-se que a motivação desses doadores pode estar
deturpada considerando o benefício próprio de monitoramento dos testes para agentes
infecciosos, em especial o vírus da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (SIDA)44 feito
gratuitamente e de maneira velada através da doação sanguínea. Esse é um fato delicado e de
difícil manuseio na prática.

Além dessa classificação há também a dos doadores voluntários espontâneos e os


de reposição. Estes últimos são os motivados por serem familiar ou amigo de um receptor
específico, e doam para atender a necessidade de determinado paciente, repondo os estoques
dos serviços. Os ditos doadores espontâneos, por sua vez, não sofrem influência direta dessa
lógica e de fato procuram o serviço por motivação intrínseca, visando colaborar com a
manutenção dos estoques anonimamente. Os doadores espontâneos representam cerca de 70%
dos que procuram os serviços e aproximadamente 30% são os de reposição, não esquecendo
também dos doadores autólogos os quais representam menos de 1% da cifra1.

Os doadores espontâneos, de primeira vez e de repetição, são os alvos


privilegiados das estratégias de recrutamento, enquanto os de reposição são fruto do esforço
41

indireto de manutenção de estoques através da ação de familiares e amigos de receptores, não


deixando de terem também sua importância no desenvolvimento do senso de responsabilidade
social. Vale ressaltar que, nesta revisão, essa foi uma estratégia não mencionada nos estudos
revisados. No entanto, como representam 30% de doadores, essa estratégia merece ser
reconhecida formalmente como importante perante as demais. Da mesma forma, vale a
constatação de que em muitos países, esse sistema de doação baseado na busca de doadores
pela família é bastante utilizado, mesmo que, muitas vezes leve à coerção e gere uma carga
indevida sobre as famílias, deslocando um ônus do sistema de saúde para o usuário38.

Aprofundando a discussão sobre as estratégias de captação que são desenvolvidas


levando em conta o perfil dos doadores, percebe-se que outros aspectos devem também ser
pontuados. Esta é uma das estratégias categorizadas como de captação e que esteve entre as
mais mencionadas nos artigos revisados10, 12, 14, 16, 17, 20, 24, 26, 27, 28, 30, 36, 40. É compreensível que
“conhecer o perfil do doador para desenvolver estratégias direcionadas e desenvolver
estratégias localmente eficazes” seja uma das formas mais eficientes de ter sucesso nas ações
voltadas para ampliar o número de doadores de primeira vez, em especial. Esta constatação
reforça a importância de, conhecendo o perfil do doador de sangue brasileiro, descrito por
região, construir estratégias regionalmente pensando-se nas necessidades e nas características
locais.

Observando o perfil de doadores brasileiros, portanto, (ANEXO 1) deve-se


considerar as diferenças culturais de cada região, não sendo prudente a generalização das
estratégias utilizadas nesses diferentes espaços9. O conhecimento desse perfil deve abranger
também o contingente de estrangeiros que habita no país, pois eles também devem cumprir
atos de cidadania como este juntamente com os brasileiros e saber que têm igualmente o
compromisso social embutido na doação sanguínea.

No caso do Brasil, o percentual de não nascidos no país que habita o território em


residência fixa chega a 0,15% do total da população, um número que alcança a ordem de 290
mil pessoas (IBGE, 2010).

A esse número deve ser acrescida a quantidade de turistas que passa por aqui a
cada ano. Dessa forma, faz-se importante o incentivo dessa população à doação sanguínea da
mesma forma que aumentam a demanda pelo sangue. Esse incentivo deve levar em conta a
42

língua e o comportamento cultural dessas pessoas, para que se desenvolvam estratégias de


captação de doadores voltadas para essa categoria.

Resumidamente, pela ótica da Saúde Pública, seria justo e cabível a captação de


estrangeiros para doação de sangue, da mesma forma que eles também estão sujeitos a receber
os cuidados e a usufruírem do nosso sistema público de saúde caso necessitem. Então, seria
uma contrapartida generosa da parte deles.

Estudos sugerem que comunidades imigrantes internacionais tendem a ter


opiniões divergentes sobre doação de sangue, comparando-as com as da comunidade
nacional29, 30. Em alguns países, este é um ponto particularmente importante: por exemplo,
44% da população australiana ou é nascida no estrangeiro ou tem um dos pais nascido fora do
país (POLONSKY et alli., 2013)30, um percentual significativo, portanto.

Com essa consideração é referido como importante instrumento a Teoria do


Comportamento Planejado30. Esse é um dos modelos mais utilizados para examinar a doação
de sangue em vários países, incluindo Canadá, Nova Zelândia, Reino Unido e Países Baixos,
além da Austrália, e serve para avaliar a intenção de doação pela comunidade geral ou um
grupo específico. Dessa forma, através dessa ferramenta há maior entendimento da intenção
de doação e maior possibilidade de planejamento de ação junto a essa comunidade estrangeira
local estudada, material que pode também ser útil em nosso território junto às comunidades
estrangeiras. Uma concepção útil nesta abordagem é a Teoria da Ação Racional ampliada
baseada na intenção comportamental influenciada pelo fator pessoal e social, mas também
pela obrigação moral construída em cada sujeito46.

Outra reflexão interessante que pode ser feita a respeito do contingente de


doadores em nosso país e outros que mostram envelhecimento da população é que esse é um
dos motivos tanto para redução de doadores, quanto para o aumento da demanda, conforme a
seguinte passagem do artigo de Dingra (2013)15:

“Diminuição da base de doadores

Os dados dos EUA, Alemanha e Japão, todos mostraram uma tendência de


envelhecimento no leque de doadores elegíveis de sangue. Não poderia haver
mais dificuldades no recrutamento e retenção de número adequado de
doadores de sangue. Conforme a população envelhece, o número de
15
doadores tende a diminuir (Dingra, 2013, p.150)
43

Outros fatores, além do aumento da expectativa de vida e do envelhecimento da


população, contribuem para a disparidade entre o aporte sanguíneo coletado e a demanda por
serviços de saúde, como o desenvolvimento de procedimentos médicos e descobertas de
novos tratamentos para doenças que requerem mais sangue. Diante disso, deve-se admitir que
a criação e o fortalecimento das estratégias de captação de doadores precisa acompanhar essas
mudanças23, 32.

Vale considerar também outros fatores nessa questão além de estratégias de


captação de doadores. Será que alguns critérios de seleção que tornam pessoas inaptas não
podem ser revistos perante o aumento da expectativa de vida e as mudanças de estilo de vida?
É coerente que o limite de idade que permite doação permaneça estagnado mesmo com
aumento da expectativa de vida? A discussão sobre os atuais critérios exigidos para ser um
doador apto de sangue, temporário ou definitivo, é uma questão muito relevante nesta
temática. Os critérios utilizados no Brasil são meras repetições de unidade e regimento
estrangeiros ou são frutos de estudos nacionais e consideram a epidemiologia brasileira?

Outro ponto a merecer reflexão se refere aos meios de conservação do sangue


estocado. Será que não é possível prolongar o tempo de validade das bolsas de sangue?

Um terceiro ponto concerne ao número de bolsas exigidas em procedimentos


cirúrgicos. Será que as indicações médicas são sempre bem-feitas? Será possível reduzir o
mau uso dos hemocomponentes?

Um quarto ponto que pode ser questionado em relação aos critérios de seleção de
doadores é o fato do volume padrão das bolsas que armazenam sangue26. Isso explica o
motivo pelo qual pessoas com menos de 50 quilos, ainda que saudáveis, não possam doar
sangue, pois há um máximo de sangue que pode ser retirado de cada sujeito e que varia com
seu peso e há um mínimo necessário para comportar nas bolsas de tamanho padrão utilizadas
atualmente considerando a quantidade de anticoagulante presente na mesma. Entretanto se
fossem produzidas bolsas de capacidade variada seria permitido maior número de pessoas
exercerem a doação de sangue se devidamente saudáveis.

Mais um aspecto que tem sido debatido e vem ganhando força com a ascensão das
lutas em defesa dos direitos homossexuais é a questão da doação sanguínea por eles. No
Brasil, o regulamento técnico de procedimentos hemoterápicos, no que concerne à proibição
da doação por homens que fazem sexo com homens (HSH), é uma herança da resolução RDC
44

nº 153 de 2004 e da Portaria nº 1.353 de 2011 que traziam nos seus 6º e 34 artigos,
respectivamente, o mesmo texto que o artigo 64 da portaria atual de nº 2.712/2013: “Art. 64.
Considerar-se-á inapto temporário por 12 (doze) meses o candidato que tenha sido exposto a
qualquer uma dessas situações: IV – homens que tiveram relações sexuais com outros homens
e/ou as parceiras sexuais destes”.

Por que, nas normativas, não é levado em conta exclusivamente se a relação foi
desprotegida ou não, conforme questionado para outros grupos? É explicável que sejam
excluídas da seleção de doadores, pessoas clinicamente aptas de acordo com os outros
critérios unicamente por se declararem de orientação homossexual? Poderia, sim, se admitir,
que não é o tipo de relação que confere risco por si só, mas se houve sexo desprotegido ou
não. É sabido que não há um grupo considerado de risco para Doenças Sexualmente
Transmissíveis, mas que há grupos chave e um “comportamento de risco” associado e que
pode ser adotado por qualquer sujeito independentemente de sua orientação sexual. Contudo,
o regulamento é taxativo e excludente.

Deve ser considerada nesse contexto a existência de políticas que visam a redução
dos danos aos quais esses grupos estão expostos e vulneráveis e que precisam ser também
reforçadas e, devidamente, postas em prática, para que se evitem atitudes discriminatórias
desse tipo. Essa é uma luta que já vem sendo enfrentada pelos grupos e movimentos LGBT
pelo Brasil e pelo mundo afora exigindo que esse tipo de regulamento seja revisto e considere
os dados epidemiológicos mais atualizados, lembrando-se ainda que o contingente de
soropositivos entre heterossexuais supera o número de homossexuais infectados47.

Sob essa perspectiva de discussão constata-se que as estratégias de captação e


fidelização utilizadas pelos serviços em geral são reconhecidas como eficazes para os fins a
que se propõe, mas que, há alguns outros fatores que merecem ser revistos para tornar o
número de doadores efetivo suficiente para a manutenção dos estoques necessários para
atender a demanda.

Reflexões a respeito de conceitos como comportamento de risco suplantando o de


grupo de risco podem ter efeitos positivos na realidade da doação de sangue no Brasil. Certas
adaptações na regulamentação que normatiza os processos hemoterápicos fazem-se
importantes em vista da maior necessidade de aporte sanguíneo, mas sempre prezando pela
qualidade do serviço e sem por em risco a saúde de doadores e receptores.
45

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo não esgota as discussões a respeito dos temas que envolvem a doação
de sangue no Brasil, sejam eles os aspectos históricos, as estratégias de captação e fidelização
vigentes na atualidade ou os critérios de seleção de doadores trazidos no regulamento
normativo desses procedimentos, mas justamente teve o intuito e pode colaborar levantando
reflexões nesta temática. Talvez pela delicadeza do tema e por conta dos tabus que envolvem
os assuntos relacionados ao sangue, há poucas discussões a esse respeito, mesmo dentro dos
ambientes próprios dos especialistas da área. Neste sentido, o presente estudo teve a intenção
de trazer essa discussão para um ambiente acadêmico, ainda de formação de profissionais,
procurando despertar o interesse para a ponderação sobre os fatores que caracterizam a
doação de sangue em nosso país.

Claramente, muito ainda precisa ser explorado para se alcançar a real explicação
da taxa insuficiente de doadores em nosso território, incompatível com a demanda existente
em nossa sociedade em envelhecimento e em vigente ascensão do conhecimento de novos
tratamentos. Nesta perspectiva, recomenda-se que mais estudos sejam elaborados com intuito
de investigar a conjuntura que permeia os serviços hemoterápicos, desde sua normatização até
as ações na prática, vista a importância desses serviços no sustento de muitos dos
procedimentos médicos, e da saúde como um todo.

Considerando a importância não apenas do número de doadores, mas, sobretudo, a


qualidade do sangue coletado, a presente pesquisa apresentou as estratégias adotadas para a
captação de doadores e os mecanismos utilizados para a sua fidelização, mapeando, nessa
dimensão, os pontos de sucesso e insucesso que podem estar interferindo no abastecimento de
sangue em nosso país. A partir do levantamento sistemático de informações a respeito dessas
estratégias, desenvolvidas por hemocentros nacionais e internacionais, pode-se sugerir
práticas de aperfeiçoamento, objetivando ampliar o número de doadores fixos.

A possibilidade de assumir novas técnicas ou aprimorar as já utilizadas na


tentativa de conquistar mais doadores é fundamental na busca por um serviço autossuficiente
em sangue e hemoderivados, prezando sempre pela qualidade da prestação desse serviço e do
produto em questão. O gerenciamento deste precioso recurso requer uma perspectiva de longo
prazo e uma abordagem sistemática para assegurar a continuidade, a sustentabilidade e a
segurança no fornecimento de sangue e produtos sanguíneos.
46

Cabe ainda ressaltar que a escassez de pessoas aptas a doar, embora


compreensível, não é aceitável, pois há muitas pessoas em potencial. Tem faltado, todavia,
motivação e interesse pelo ato, seja por medo, seja pela cultura de mitos ou por falta de
consciência sobre a sua importância. Nesse contexto, a doação de sangue, como ato solidário
e altruísta necessário à manutenção da vida de tantos que precisam, constitui um desafio para
cada um dos cidadãos, mas, sobretudo para os profissionais dos serviços de hemoterapia que
precisam elaborar maneiras eficazes para maior atração de doadores. O sentimento pessoal de
corresponsabilidade na garantia de sangue deve ser desenvolvido por cada um,
contextualizando-o com o comprometimento com a saúde coletiva que cada sujeito deve
manter e desenvolver em si e também motivar nos demais, enquanto parceiro, ator e usuário
desses mesmos serviços.
47

SUMMARY
THE RECRUITMENT AND LOYALTY OF BLOOD DONORS IN BRAZIL: A
SYSTEMATIC REVIEW. Brazil has a deficit of blood donors according to the parameter
set by the WHO, and has the urgent need to strengthen strategies for capture and fidelity of
blood donors. In this perspective, this study has dual importance: theoretical, through the
systematization of knowledge, and practical, as it may support hemotherapy services in
optimization strategies to attract and retain donors. OBJECTIVE: To identify and describe
the strategies for attracting and retaining blood donors referred to in national and international
scientific studies. METHODOLOGY: This is a systematic review of work located in BVS
and PubMed. Original articles published between 2010 and 2014 in English, Spanish or
Portuguese were considered, found by the descriptors in these languages, respectively. The
search was conducted by descriptors and filters, and then based on titles and abstracts. The
selected articles were read in full. RESULTS: 32 articles were screened of which 28
presented strategies for recruitment or retention of blood donors. The other four, however,
were also useful to the thematic discussion. The strategy for capture and fidelity of blood
donors mentioned the most was "stimulate altruism, solidarity, a sense of moral duty and self-
confidence", cited in 14 articles. In second place, quoted in thirteen articles, was "know the
donor profile to develop directed strategies / develop strategies according to local beliefs,"
and in third was "demystify risk, fear and break down prejudices" mentioned in eleven
articles. DISCUSSION: From the analysis of the studies it was found that the identified
strategies for attracting and retaining donors act beyond the direct donor recruitment. They
aim not only to stimulate altruism and solidarity, demystify risks and fears, know the profile
of donors and provide them a good experience, but they also propose reorganization of the
blood collecting services and present ways to operationalize these actions in practice.
CONCLUSIONS: Studies have demonstrated efficient strategies for attracting and retaining
donors, although the collection of blood does not fulfill yet the current need. In this context,
there are other factors besides the used strategies used, of historical, cultural and normative
order, which also need to be reviewed to better meet this social demand. Studies in this
dimension deserve greater incentives.

Key words: Blood donor, recruitment and loyalty strategies, blood policy.
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47 - MINISTÉRIO DA SAÚDE - Secretaria de Vigilância em Saúde - Departamento de DST, Aids e


Hepatites Virais. Boletim epidemiológico HIV/AIDS, Brasília, 2015.
ANEXO I
PERFIL DE DOADORES DE SANGUE NO BRASIL POR REGIÃO
NORTE NORDESTE SUL SUDESTE CENTRO-
OESTE
Masculino 75,25% 70, 95% 63,97% 61,02% 75,96%
SEXO

Feminino 24,75% 29,05% 35,33% 38,98% 27,19%


Não resp. - - 0,69% - -
18 e 19 5,45% 5,67% 5,77% 8,04% 12,02%
20-24 25,74% 20,06% 25,17% 23,74% 23,08%
FAIXA ETÁRIA

25-29 18,32% 20,61% 13,63% 18,09% 19,71%


30-39 34,65% 29,46% 27,02% 27,11% 28,85%
40-49 10,40% 17,43% 18,71% 15,95% 12,02%
50-59 1,98% 5,53% 5,77% 6,23% 3,85%
Outros 0,0 0,14% 1,15% 0,52% 0,48%
Não resp. 3,47% 0,83% 2,77% 0,32% 0,0
Solteiro 47,52% 46,06% 44,11% 51,62% 51,92%
ESTADO CIVIL

Casado 47,03% 45,37% 43,42% 38,85% 39,42%


Viúvo 0,5% 0,41% 2,54% 1,36% 1,92%
Divorciado 1,98% 3,18% 4,85% 4,60% 3,85%
Outros 2,97% 3,73% 3,70% 3,57% 2,88%
Não respondeu - 1,24% 1,39% - -
Branca 20,30% 36,51% 74,36% 54,28% 35,10%
Parda 73,76% 46,20% 15,24% 32,10% 58,17%
Negra 3,96% 16,18% 7,85% 12,84% 5,77%
ETNIA

Oriental - 0,0 0,23% - 0,0


Asiática - 0,0 0,23% - 0,0
Indígena 0,5% 0,28% 0,23% - 0,0
Não respondeu 1,49% 0.83% 1,85% 0,78% 0,96%
Sem escolaridade 0,5% 0,55% 0,46% - 0,48%
Doutorado - 0,69% 0,23% - 0,48%
Mestrado - 0,0 0,46% - 0,0
Superior Incompleto 7,92% 11,07% 16,17% 11,80% 13,46%
ESCOLARIDADE

Superior completo 3,47% 4,98% 7,16% 9,73% 7,21%


Especialização 0,0 0,55% 2,08% - 1,44
Ensino Médio incompleto 15,84% 9,82% 7,85% 8,04% 12,50%
Ensino Médio completo 49,50% 43.02% 37,64% 38,52% 31,73%
5ª à 8ª incompleto 12,38% 10,37% 11,32% 10,96% 15,38%
5ª à 8ª completo 6,93% 12,45% 10,62% 11,15% 11,06%
1ª à 4ª incompleto 1,98% 3,18% 2,54% 1,88% 3,37%
1ª à 4ª completo 1,49% 2,90% 2,08% 6,29% 2,88%
Outros 0,0 0,41% 1,39% 0,78% -
Fonte: http://www.anvisa.gov.br/hotsite/doador_sangue/abertura.html

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