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A TEORIA DO CONHECIMENTO E A ESCRITURA

Por: Helio Clemente

PREFÁCIO

Esse não é um estudo comparativo, mas sequencial. A Teoria do


Conhecimento termina com o pressuposicionalismo, que é a convicção de
que todas as verdades estão na Escritura e o que se pode deduzir claramente
a partir disso.

Assim, julgamos adequado dar continuidade ao assunto com o estudo da


Escritura; sua validade, sua verdade, sua variedade e as qualidades
intrínsecas que revelam a bíblia como a Palavra de Deus.

Consideramos, dessa forma, que o seguimento da Teoria do Conhecimento


é naturalmente o estudo sério da Escritura. É o que pretendemos no presente
trabalho.

Para complementação, apresentamos no final um Pequeno Dicionário


Teológico/Filosófico, para sanar algumas dúvidas em palavras de uso
incomum na linguagem corrente.

Não pretendemos, nesse pequeno livro, fazer um estudo exaustivo dos


assuntos abordados, mas colocar essas coisas de forma inteligível a pessoas
comuns, uma vez que o conhecimento é fundamental para a salvação.

Não fui eu quem disse isso, foi Jesus:

João 17,3: “E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus
verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste”.

TEORIA DO CONHECIMENTO

O que é o conhecimento? O conhecimento é um estado da mente em


contraposição à ignorância. Conhecimento é ter ideias verdadeiras, tendo a
certeza que elas são verdadeiras, o que não acontece com as opiniões, que
podem ou não ser verdadeiras.

Ora, o homem é um ser finito, uma ideia que se origina na mente do homem
e encontra sua razão em experiências e sensações, nunca poderá fornecer a
certeza de que é verdadeira.
Dr. Orr: “Não podemos conhecer a Deus nas profundezas do Seu Ser
absoluto. Mas podemos, ao menos, conhecê-lo até onde Ele se revela em Sua
relação conosco. A questão, portanto, não é quanto à possibilidade de um
conhecimento de Deus na impenetrabilidade do Seu Ser, mas é essa:
Podemos conhecer a Deus procurando saber como Ele entra em relação
com o mundo e conosco? Deus entrou em relação conosco em Suas
revelações de Si próprio, e, supremamente, em Jesus Cristo; e nós, cristãos,
humildemente alegamos que, por meio dessa auto revelação, de fato
sabemos que Deus é o Deus verdadeiro, e temos um real conhecimento do
seu Caráter e da Sua vontade. Tampouco é correto dizer que esse
conhecimento que temos de Deus é apenas um conhecimento relativo. (Esse
conhecimento) É, em parte um conhecimento da natureza absoluta de Deus,
também”.

Em resumo, não podemos conhecer exaustivamente o Ser de Deus, mas o


conhecimento que nos é revelado através da Escritura, mesmo sendo parcial,
é real e verdadeiro.

Toda a verdade que conhecemos é uma parte da mente de Deus, pois Deus
conhece toda a verdade.

O que é, então, a verdade, para que o conhecimento possa ser considerado


real? A verdade é a Palavra de Deus, somente a Palavra de Deus, e o que se
pode deduzir claramente dela pode fornecer ao homem o conhecimento
verdadeiro. Veja no salmo abaixo, onde Davi coloca a necessidade anterior
do conhecimento de Deus para a integridade do louvor e adoração.

Salmo 109,7: “Render-te-ei graças com integridade de coração, quando


tiver aprendido os teus retos juízos”.

A teologia reformada tem como base a glória de Deus e não a felicidade ou


bem-estar das criaturas, dessa forma, a teologia reformada tem uma resposta
simples para todas as questões que impactam os homens: Por que a existência
do mal? Por que os homens têm um plano de salvação e os anjos não? Por
que a queda? Por que todas essas coisas acontecem? Porque é da vontade de
Deus que aconteçam; todas as coisas foram determinadas por Deus para
manifestação de sua glória.

Charles Hodge: “O conhecimento de Deus é a base e soma de todo bem,


segue naturalmente, que quanto mais perfeitamente Deus seja conhecido,
tanto mais plenamente se promove o maior bem, dessa forma, a
manifestação da natureza e das perfeições de Deus constituem o mais alto
bem no universo, que não é obrigatoriamente ou necessariamente a maior
felicidade das criaturas”.

João 17,3: “E a vida eterna é essa: que te conheçam a ti, o único Deus
verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste”.

Teologia: A teologia é o estudo de Deus. A sistematização da teologia trata


da apresentação das várias doutrinas bíblicas ordenadas em sequência
progressiva. A teologia só é viável mediante a possibilidade do
conhecimento de Deus, por isso é preciso ver em primeiro lugar como se
processa o conhecimento de Deus.

Pres. Fairbairn: “Se o cristianismo for apenas um sentimento religioso, não


há diferença alguma entre ele e as outras religiões, porque todas são
produtos do sentimento religioso. Mas o cristianismo se distingue das outras
religiões pelas suas concepções religiosas peculiares. A doutrina precede a
vida. A doutrina cristã e não o simples sentimento religioso é a causa do
cristianismo como religião distintiva”.

Todo homem carrega em si o conhecimento inato de Deus, Ele se revela


através das obras da natureza. Essa consciência, que o homem tem, é o
reflexo da imagem de Deus, que apesar da queda, ainda permanece. Esse
conhecimento, porém, não é suficiente para revelar o Deus da Escritura,
transcendente, acima de todas as coisas, mas ao mesmo tempo imanente,
relacionando-se individualmente com suas criaturas: o Deus triúno, eterno,
infinito, criador e sustentador de todas as coisas, e ao mesmo tempo, pessoal,
que cuida de cada uma de suas criaturas individualmente.

Romanos 1,18-20: “A ira de Deus se revela do céu contra toda impiedade e


perversão dos homens que detêm a verdade pela injustiça; porquanto o que
de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes
manifestou. Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder,
como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o
princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram
criadas. Tais homens são, por isso, indesculpáveis”.

O conhecimento científico ou filosófico é baseado em coisas que o homem


descobre por sensações, deduções ou experiências, ou ainda simplesmente
admite como fatos verdadeiros, aplicando a esses princípios o raciocínio
lógico no desenvolvimento das ideias consequentes. Dessa forma, o homem
é o sujeito do conhecimento e sua capacidade de descoberta e raciocínio o
moto desse conhecimento.
Todavia, não é assim a possibilidade do conhecimento de Deus, o estudo da
teologia somente se torna possível pela revelação que Deus fez de si mesmo.
Essa revelação é feita de forma dupla e concomitante, somente àqueles
escolhidos por Deus: A Escritura é a Palavra revelada, que deve ser recebida
pela leitura ou pela pregação, mas essas coisas não são suficientes em si
mesmas para a instrução e conhecimento real, nenhuma pessoa a quem Deus
não tenha escolhido na eternidade para receber esse conhecimento irá recebê-
lo por sua vontade própria.

Assim, a revelação se faz através da Palavra, mas somente pela ação do


Espírito, que revela a Palavra aos eleitos e a mantém oculta aos que foram
vedados.

Essa revelação não é gratuita ou miraculosa, a revelação pelo Espírito se


processa através do estudo diligente e muito esforço, mas, sem a revelação,
todo esse trabalho não leva a lugar algum; da mesma forma, sem dedicação
não existe revelação. Muitos eruditos, de grande cultura e formação, estudam
febrilmente a bíblia e não chegam a conclusão alguma, só vêem mistérios e
contradições.

O conhecimento teológico, apesar da diligência e do estudo necessários, se


processa no sentido do chamado de Deus para o homem. A entrega de si
mesmo é impossível para o homem natural, somente pela ação do Espírito
essa entrega acontece, e nesse processo, o conhecimento de Deus é a base
necessária: Como se entregar a um Deus a quem não se conhece?

A. H. Strongs: “Religião não é, como sustentava Kant, moralidade ou ação


moral; pois moralidade é a conformidade com uma lei abstrata de direito,
enquanto a religião é essencialmente relação com uma pessoa de quem a
alma recebe bênção e a quem se entrega em amor e obediência”.

Lucas 10,21: “Naquela hora, exultou Jesus no Espírito Santo e exclamou:


Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste essas coisas
aos sábios e instruídos e as revelaste aos pequeninos. Sim, ó Pai, porque
assim foi do teu agrado”.

Mateus 13,14: “De sorte que neles se cumpre a profecia de Isaías: Ouvireis
com os ouvidos e de nenhum modo entendereis; vereis com os olhos e de
nenhum modo percebereis”.

Conforme exposto acima, pode-se ver que, no estudo da teologia, Deus é o


sujeito do conhecimento e o homem o objeto receptor desse conhecimento,
puro ou distorcido, conforme a vontade e a determinação divinas. O
conhecimento teológico (assim como todo conhecimento) emana
exclusivamente de Deus, de forma vertical e sempre no sentido de Deus para
o homem, seja esse conhecimento saudável ou espúrio, todo ele é sempre
conforme a vontade de Deus para cada uma das pessoas que procuram
(ou não) de uma ou outra forma, esse conhecimento.

Tiago 1,17: “Toda boa dádiva e todo dom perfeito são lá do alto, descendo
do Pai das luzes, em quem não pode existir variação ou sombra de
mudança”.

Essa revelação especial foi determinada por Deus na eternidade e faz parte
de seus Decretos, visando sempre o plano de redenção dos eleitos, cujo
propósito é trazer o homem pecador à verdadeira finalidade de sua vida, que
é louvar e adorar ao único Deus verdadeiro; sempre e somente por intermédio
daquele a quem Ele enviou – Jesus Cristo, o Verbo encarnado.

Para isso é de suma importância o conhecimento desse Deus verdadeiro,


porque senão, como disse Agostinho, facilmente se incorre no erro de adorar
a outrem.

A revelação especial se faz paulatinamente ao longo da Escritura,


consolidando-se em Jesus Cristo, a suprema revelação de Deus. Somente
através da encarnação, Deus poderia se manifestar de maneira plena e
absoluta aos homens, realizando, na plenitude dos tempos, a concretização,
não somente do plano de redenção, mas também da revelação final e
definitiva, pela qual não se espera nenhuma nova revelação após Jesus
Cristo.

Colossenses 2,2-3: “...Para compreenderem plenamente o mistério de Deus,


Cristo, em quem todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento estão
ocultos”.

O conhecimento revelacional não surge de forma espontânea na mente do


homem da mesma forma que a consciência inata de Deus, mas vem através
de estudo diligente da Escritura e afins, por um contínuo processo de reflexão
e raciocínio fundamentado na ação do Espírito e na fé, que é um dom de
Deus aos seus escolhidos.

João 5,39: “Examinai as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna,
e são elas mesmas que testificam de mim”.

O conhecimento secular
Filosoficamente o conhecimento pode ser dividido em várias formas
distintas: Racionalismo, empirismo, pensamento contemporâneo e
irracionalismo. É preciso primeiramente estudar como se definem essas
formas seculares, e depois, o que representam na formulação teológica
subsequente.

Não pretendemos fazer um tratado de filosofia, consideramos aqui, apenas


os filósofos que tiveram maior influência no pensamento cristão.

Iniciamos com uma breve revisão da escolástica, que pode ser considerada a
precursora do empirismo, através de seu principal representante: Tomás de
Aquino.

1 – Escolástica

Tomás de Aquino (XIII d.C.)

Tomás de Aquino, um dos principais representantes desse movimento,


afirmava que a mente do homem é uma “tábula-rasa”, ou seja, não possui
conhecimento prévio de nada e toda possibilidade do conhecimento vem
através dos sentidos e das experiências pessoais. Essa é uma ideia que vai
frontalmente contra a Escritura.

Tomás de Aquino é o filósofo, por excelência, da igreja romana, pela


atribuição de transcendência ao homem, abrindo a possibilidade filosófica
da existência dos santos da igreja de Roma. Ao contrário de Agostinho, que
considera a filosofia como uma disciplina religiosa, a escolástica é uma volta
ao aristotelismo, colocando a filosofia religiosa como empírica e racional.

Ele afirmou, contra todas as evidências escriturísticas, que a ordem moral


não depende da vontade de Deus, mas da necessidade racional do homem.
Ele, ainda, pretendia provar a existência de Deus de forma científica, e para
isso elaborou cinco teorias, mas, evidentemente, sem sucesso, pois é
impossível ao ser finito compreender o infinito. A existência de Deus se
revela na Escritura como princípio básico, indiscutível e inquestionável: a
existência de Deus não é motivo para estudo ou discussão dentro do
cristianismo.

2 - Racionalismo

A razão, à parte da revelação ou experiência sensorial, é a única fonte da


verdade. Essa afirmação, todavia, não encontra fundamento no pensamento
dos principais representantes dessa vertente, pois a razão partindo do nada
leva a nada.

Contrariamente às suas afirmações, cada um dos filósofos racionalistas parte


de um princípio diferente e chegam, consequentemente, a conclusões
representativas de seus princípios adotados.

O grande problema do racionalismo é que a conclusão sempre depende do


ponto de partida, isso é bastante óbvio, mas os principais filósofos
racionalistas partem de princípios totalmente diversos e chegam a conclusões
logicamente diversas, vejamos:

- Platão baseia sua filosofia nas ideias eternas, as formas perfeitas que
existem eternamente independentemente da existência do mundo;

- Descartes coloca a dúvida e o questionamento de todas as coisas como


ponto de partida de seu sistema filosófico;

- Leibniz parte da teoria das mônadas, unidades espirituais imutáveis e


independentes derivadas da mônada primária, que é única e eterna;

- Spinoza adota o panteísmo, deus está contido no universo, que é, dessa


forma uma extensão do ser desse deus: Deus é a natureza (Deus sive Natura).

Dessa forma, o racionalismo nada mais é (logicamente) que a afirmação do


consequente. Adicionado a essa falácia lógica, esse princípio primário é
criado na mente do filósofo, assim, o racionalismo não consegue fugir do
solipsismo, que é a crença de que o “eu” (ego) é tudo que pode ser conhecido.

Agostinho afirma que a solução dos particulares desse mundo encontra-se


nos arquétipos da mente de Deus, que ele chamou de “razões eternas’. De
todos os filósofos, Platão, com suas “ideias eternas” – a teoria das formas,
foi o que mais se aproximou desse fato.

Vejamos abaixo, de forma mais detalhada, o pensamento de cada um desses


filósofos racionalistas:

Platão (IV a.C.)

Segundo Platão, a filosofia se destina a uma finalidade prática, que resulta


em especulações morais, que se relacionam aos problemas da vida, buscando
solução para esses problemas. Essa finalidade prática deve se realizar
intelectualmente, através do raciocínio lógico, do conhecimento e da ciência.
Platão considera o espírito humano aprisionado no corpo físico e somente
realiza a sua finalidade com a morte do corpo físico, quando enfim, liberto
pode chegar ao mundo das ideias eternas, ininteligível ao homem em sua
vida terrena.

Acerca do conhecimento sensível (Platão): As sensações, ou experiências,


somente adquirem validade através da análise racional e intelectual, tendo
suas conclusões validadas e determinadas estritamente conforme o
raciocínio lógico.

O relacionamento do finito com o infinito é explicado pela teoria das formas,


onde as formas perfeitas existem somente no mundo das ideias e independem
da existência do mundo, onde o homem confronta duas realidades, uma
imutável e intangível sempre igual a si mesma - as ideias eternas - e outra,
real e inteligível percebida pelos sentidos - o mundo físico.

A. A. Hodge:

Quais as opiniões defendidas pelos grandes teístas Platão e Aristóteles?

Platão sustentava que há dois princípios eternos e auto existentes, Deus e a


matéria, que existem coordenadamente numa eternidade indivisível e não
sucessiva; que o tempo e o mundo presente e fenomênico são obra de Deus,
que livremente molda a matéria em formas que dão imagens de suas
próprias ideias eternas e infinitamente perfeitas.

Aristóteles também sustentava que Deus e a matéria são coordenadamente


auto existentes e eternos; mas diferia de Platão em considerar Deus como
eternamente ativo em organizar, da matéria, o mundo, e, por conseguinte,
em considerar o universo assim organizado como eterno, como também
considerava eterna a matéria da qual é formado (panteísmo).

Descartes (XVII d.C.)

O fundador do racionalismo moderno, afirmou que o único método válido


para a ciência é o método racionalista dedutivo, característico da matemática.
O processo do conhecimento começa com a intuição, a percepção intelectual
imediata, a partir da qual o raciocínio se desenvolve em análise e síntese; a
análise isola e separa as noções intuitivas simples que irão compor o processo
dedutivo que resulta na síntese dessas proposições primárias, levando a uma
conclusão através dessa cadeia dedutiva puramente racional.
Esse é o método cartesiano, para aplicá-lo à realidade é preciso partir de
inícios concretos, caso contrário todo o sistema desmorona. Para isso,
Descartes propõe a submissão de todas as provas e todo conhecimento
humano à dúvida, como método, negando toda a tradição cultural e religiosa
e apegando-se à dúvida como a única realidade válida no pensamento
humano.

Curiosamente, Descartes apresenta “provas” da existência de Deus através


desse sistema de pensamento, reconhecendo a natureza de Deus e da criação
em termos bastantes próximos da doutrina Cristã. Por essa filosofia,
Descartes anuncia que esse é o melhor dos mundos possíveis, simplesmente
por ter sido criado por Deus.

A glória de Deus é o fim último de todas as coisas, não é correto supor que
esse é o melhor dos mundos possíveis para obtenção da felicidade ou
santidade do homem. O mundo está disposto, conforme a sabedoria infinita
de Deus, para manifestação de suas multiformes perfeições, em particular a
sua glória nas obras da criação, na redenção e condenação dos homens e no
Juízo Final (ver os Decretos Eternos).

Spinoza (XVII d.C.)

O racionalismo cartesiano de Descartes é assumido de forma radical por


Spinoza levando-o a desenvolver o problema das relações de Deus com o
universo através do monismo: A existência de uma substância única
formadora do universo. Na verdade, ele adotou o panteísmo das religiões
orientais, onde o universo e a natureza são extensões do Ser de Deus.

Spinoza: “Só deus existe, fora ele não há nada”.

Essa declaração acima é panteísmo inconteste. Ou seja, o universo é uma


extensão do ser de Deus e existe eternamente, tanto matéria como espírito.
O infinito somente existe através do vir a ser do finito. Esse deus do monismo
é o mesmo deu do panteísmo: impessoal, não tem vontade própria ou
inteligência, tudo se resume à existência eterna do universo como extensão
do ser desse deus impessoal.

Esse sistema é representado pela substância absoluta (deus) e pelas mônadas


(que constituem o universo), substâncias simples, que derivam dessa
substância absoluta, dando origem a si mesmas (unidades simples,
indivisíveis e indestrutíveis, que compõem todas as coisas no universo –
exemplo: os átomos e as almas).
Para Spinoza a lei máxima da realidade universal é a necessidade, tudo o que
ocorre na natureza tem origem na necessidade, e tudo ocorre através da
unicidade, ou extensão, de deus com o universo.

Dessa forma, o deus de Spinoza é uma substância sem vontade própria, e


todas as coisas no universo ocorrem de forma determinada e irreversível, de
acordo com uma destinação semelhante ao conceito do destino no estoicismo
grego.

Importante (Spinoza) - a doutrina do paralelismo psicofísico: Essa doutrina


afirma que cada movimento do corpo corresponde estritamente a um
pensamento da alma, não existe nenhuma ação em sentido contrário partindo
do corpo para a alma (ver Malebranche – ocasionalismo).

Conforme Spinoza a obrigação de cada homem é buscar a sua própria


satisfação, a medida do direito de cada um é o seu poder. Não existe nenhuma
obrigação moral, não existe o bem e o mal, os vencidos estão sempre errados
e os vencedores sempre certos.

A fraqueza é um defeito e por isso deve ser punida, criticar os vencedores é


criticar o progresso da humanidade. Os vencidos merecem ser vencidos e os
vencedores merecem ser vencedores, a virtude está sempre associada à
prosperidade e a desgraça ao vício.

Essa doutrina será levada ás últimas consequências por Hegel e


principalmente por Nietzche.

Malebranche (XVII d.C.)

Em Malebranche, o racionalismo cartesiano de Descartes se compõe com o


pensamento agostiniano, tendo em comum a filosofia platônica, mas
afastando-se do panteísmo de Spinoza e voltando-se ao cristianismo. Por
essa negação do panteísmo, Malebranche afirma Deus como a causa única,
mas recusa a ideia panteísta da substância única do universo.

Como racionalista, Malebranche descarta o valor das sensações e


experiências não validadas pelo conhecimento e raciocínio lógico, afirmando
o valor único das ideias na formação do conhecimento. Dessa forma, as
ideias, sendo necessárias de forma absoluta ao conhecimento, não podem ter
sua origem nas sensações ou experiências, mas tem que ser inatas e
imanentes na alma do homem, sendo provenientes dos arquétipos eternos e
imutáveis, próprios unicamente de Deus.
Ocasionalismo

Por essa posição, entende-se que Deus infunde à alma os pensamentos e


volições que por sua vez são repassados ao corpo, pois o movimento é uma
criação, e somente Deus pode criar. Por esse motivo, todos os movimentos
que se realizam entre o corpo e a alma têm sua causa eficiente originada em
Deus - duas substâncias visceralmente diferentes como o espírito e a matéria
não tem como comunicar-se, mutuamente, de forma contínua e espontânea.

João 3,8: “O vento sopra onde quer, ouves a sua voz, mas não sabes donde
vem, nem para onde vai; assim é todo o que é nascido do Espírito”.

Uma comprovação disto é que não existe movimento no sentido do corpo


para a alma, somente da alma para o corpo. Por esse motivo, todos os
pensamentos e atos dos homens tem origem na mente extracorpórea
- a alma - e são motivados somente pela determinação e vontade de Deus,
que age usualmente de forma mediata, por intermédio de causas secundárias
e contingentes. Dessa forma o homem age livremente de acordo com sua
natureza, sem possibilidade de cooperar ou decidir por algo em contrário.

Nada impede que, Deus aplique sua vontade de forma direta e imediata.
Neste caso, pretende manifestar sua glória, assegurar sua determinação ou
revelar profecias, por ação própria ou por intermédio de agentes, que podem
ser anjos, homens ou mesmo animais (ver o caso de Balaão).

Conforme Charles Hodge, as operações dos atos ordinários pelos seres livres
têm origem em sua vontade, conforme sua natureza e dirigida pelas causas
secundárias e contingentes, sempre sob estrito controle de Deus. Nos atos de
graça, tais como fé, arrependimento, preservação, revelação, profecia e
inspiração, Deus atua diretamente, dirigido somente pela sua vontade e
determinação.

Hebreus 1,3: “Ele (Cristo), que é o resplendor da glória e a expressão exata


do seu Ser, sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, depois
de ter feito a purificação dos pecados, assentou-se à direita da Majestade,
nas alturas”.

Esses movimentos e relações são estabelecidos pelo Logos divino (Cristo),


realizando-se através do tempo, pela ação contínua do Espírito, conforme
estabelecido previamente pela determinação eterna de Deus.

Dessa forma, os seres particulares não são causas eficiente de nada que
ocorre, mas são criados e movidos unicamente pela vontade e determinação
divinas, de acordo com sua natureza e de forma mediata com o uso das causas
secundárias e contingentes, isso é bastante semelhante ao “ocasionalismo”
(Deus pode, também, agir de forma imediata, em casos excepcionais).

Atos 17,28: “Pois nele vivemos, e nos movemos, e existimos, como alguns
dos vossos poetas têm dito: Porque dele também somos geração”.

Dessa forma, todas as verdades que o homem conhece consistem em uma


parte das verdades que Deus conhece.

Criação contínua

Não se deve confundir o ocasionalismo, conforme explicado acima, com a


“criação contínua”. Nessa última hipótese as coisas são criadas momento a
momento por Deus e não existe nexo causal entre as causas secundárias e
contingentes e os movimentos das criaturas, bem como deixa de existir a
providência divina como governo e causa da organização do universo.

O próprio fato de o tempo não ser divisível em módulos de qualquer espécie,


inviabiliza completamente a Criação Contínua. Um momento de tempo, seja
da magnitude que for, sempre pode ser dividido infinitamente. Assim sendo,
essa ideia da Criação Contínua, além de ser antibíblica é também
matematicamente impossível.

1 Coríntios 14,33: “Porque Deus não é de confusão, e sim de paz...”.

Nesse caso da “criação contínua” desaparece a responsabilidade do homem.


É opinião do autor, admitir teologicamente uma espécie de ocasionalismo,
conforme explicado acima, onde a responsabilidade da criatura é mantida,
pois, apesar da dependência da ação divina a cada momento, o homem é um
ser responsável e livre para agir conforme sua natureza, motivado pelas
causas secundárias e contingentes que são estabelecidas por Deus.

A “criação contínua” é uma falácia, já vimos acima que o tempo não pode
ser dividido em unidades, uma vez que o tempo é perfeitamente uniforme e
a variação dos intervalos de tempo infinita. Por esse motivo, a divisão do
tempo resultaria em variações que não teriam fim, sempre será possível
dividir um intervalo de tempo e jamais se chegaria a uma unidade simples.
A única unidade indivisível do tempo é a primeira: “O Princípio”.

Gênesis 1,1: “No princípio, criou Deus os céus e a terra”.


Assim sendo, a única possibilidade da criação contínua é o panteísmo, onde
o universo físico e as criaturas seriam uma mera extensão do ser de Deus.
Nesse caso não existe o pecado, não existe a redenção, não existe o governo
do universo e nem sequer uma realidade plausível para o homem seria
possível; sem um nexo causal entre os eventos sucessivos a realidade seria
intangível.

A. A. Hodge: “O homem mantém-se necessariamente exterior a sua obra, e


mesmo quando se acha presente, pode dirigir a sua atenção a um só ponto
em qualquer tempo. Deus, porém, é onipresente, e não somente quanto a sua
essência, senão também quanto ao seu conhecimento, sua sabedoria, seu
amor, sua retidão e seu poder infinito, e com cada átomo da criação e em
cada momento da duração do tempo. A criatura está sempre interpenetrada
como também abrangida no pensamento e na vontade divina, e é sempre o
que é e está como está, unicamente por causa de Deus”.

Essa proposição acima, de A. A. Hodge, não deixa de ser uma espécie de


ocasionalismo - o autor concorda firmemente com isso.

Leibniz (XVII d.C.)

Filósofo alemão que estabeleceu uma síntese entre o racionalismo


matemático e as necessidades do homem quanto às causas contingentes e a
liberdade, chegando à negação da realidade material, que é vista por ele
como uma aparência filtrada através do espírito.

Dessa forma ele volta ao panteísmo de Spinoza para tentar explicar o


relacionamento do mundo físico com o espiritual. Ele também faz essa
explicação pelo panteísmo através da teoria das mônadas, que, segundo ele,
são átomos espirituais capazes de ação e atividade. Cada uma dessas
mônadas, desprendidas da substância de Deus, reflete, ao mesmo tempo, sua
individualidade e representa todo o universo em si mesma.

Essas mônadas são eternas, imutáveis e completamente diversas umas das


outras. Todas as mônadas são dotadas de capacidade de percepção, mas nem
todas são conscientes dessa percepção. Essas mônadas se hierarquizam em
uma escala contínua até a mônada suprema que é um deus impessoal, essa
mônada suprema seria a geradora de todas as outras.

Essas mônadas não interagem entre si, dessa forma, o universo é ordenado
previamente por leis fixas e eternas que regulam a existência e o
relacionamento entre as mônadas. Leibniz, que é o precursor da lógica e da
filosofia da linguagem, admitia as causas eficientes, visíveis, para as ações
do homem e as causas finais, complexas e compostas de uma série infindável
de pequenas causas, que na sua totalidade compõe as causas eficientes.

O Otimismo - Leibniz afirmava que a excelência moral pode ser resolvida


em benevolência e que o fim primordial da criação do universo, bem como
seu governo e preservação é a promoção da felicidade das criaturas. Dessa
ideia ele conclui, também, que Deus escolheu o melhor dos mundos
possíveis para se conseguir essa finalidade no maior grau possível.

Paralelismo: Ainda conforme Leibniz o relacionamento entre a alma e o


corpo se processa naturalmente através de uma correspondência perfeita
entre um e outro, mas ao contrário do ocasionalismo, sem a interferência
direta de Deus nessa interação.

Leibniz: “As perfeições de Deus são as de nossas próprias almas, mas Ele
as possui sem limites. Ele é um oceano do qual nós recebemos algumas
poucas gotas. Temos em nós mesmos algo de poder, algo de conhecimento,
algo de bondade; mas esses atributos somente se encontram integralmente
em Deus”.

3 - Empirismo

Os empiristas lançaram, sem intenção determinada, a base do sistema de


pesquisa científica atual, baseado na experiência, observação, dedução e
conclusão. Esse método trouxe o conhecimento científico ao ponto onde
conhecemos, sendo, porém, um método autodestrutivo, onde cada nova
experiência, nega a anterior. Dessa forma, a ciência será formada sempre de
conhecimento relativo, nunca chegando à verdade definitiva.

Segundo essa escola filosófica, o conhecimento se origina nos sentidos e a


base do conhecimento é a experiência. Essa é, estruturalmente, a base do
conhecimento científico. Todavia, a observação repetida leva sempre e
inevitavelmente à negação de experiências anteriores, invalidando assim a
possibilidade de conhecimento da verdade.

Dessa forma, a ciência é uma ilusão que progride pela negação das
descobertas anteriores. A esse respeito pode-se dizer que a experiência
sempre é uma premissa particular e nunca pode levar a uma conclusão
universal, onde reside a falácia inerente ao próprio sistema de pensamento.

Novamente, o grande problema do empirismo é o ponto de partida, onde,


através de observações particulares, os filósofos tentam chegar a conclusões
universais. Esse é, na verdade, o motivo pelo qual o empirismo nunca chega
a uma conclusão definitiva a respeito de suas especulações.

O empirismo não deve ser desprezado, pois, apesar de não chegar a


conclusão alguma sobre os problemas do uno e o todo, finito e infinito,
eterno e temporal, abriu o caminho para a pesquisa científica, que, apesar de
mutável, apresenta progresso contínuo que não pode ser negado.

Os principais filósofos representantes do empirismo são:

Francis Bacon (XVI d.C.)

O criador do empirismo, segundo ele, a experiência e o método dedutivo são


a única forma possível de conhecimento, negando a revelação transcendente
e a razão.

Francis Bacon não foi coerente em sua filosofia, pois continuou admitindo a
transcendência do cristianismo e ao mesmo tempo tentando explicar os
fenômenos da realidade através da metafísica grega e escolástica. Ele nunca
conseguiu abandonar completamente a metafísica cristã e abraçar
definitivamente sua nova filosofia.

Segundo ele, o conhecimento se forma a partir da memória, fantasia e razão,


sendo sempre baseada no próprio indivíduo e não nas coisas ou objetos a
serem conhecidos.

Esse conhecimento, a partir dessas qualidades do homem, é desenvolvido


somente pelo método indutivo científico contando de uma fase negativa,
onde a mente é levada a evitar os erros comuns e de uma fase positiva, onde
a natureza deve ser compreendida, interpretada e por fim dominada.

Hobbes (XVI d.C.)

Seguidor de Francis Bacon, libertou-se definitivamente da religião revelada


e afirmou com muito mais firmeza o naturalismo e o empirismo em todas as
atividades humanas: científicas, sociais, morais e políticas. Conheceu
Descartes pessoalmente em Paris, e a partir de então, passou a compor o
empirismo com o racionalismo matemático em uma síntese jamais
conseguida antes dele.

Segundo Hobbes, o conhecimento humano tem sua origem somente nas


sensações, os conceitos básicos do conhecimento são formados pelas várias
sensações que dão origem a imagens que representam símbolos formadores
desse conhecimento, a partir do qual, o processo de indução é desenvolvido.
Dessa forma, a ciência não tem uma base real, pois não é formada a partir
dos elementos reais, mas dos símbolos representativos desses elementos.

Ainda conforme Hobbes, no universo só existem a matéria e o movimento,


os espíritos são formados de matéria volátil e extremamente diluída, de
forma que não pode ser percebida pelos sentidos. No aspecto moral, de
acordo com essa filosofia, o homem é naturalmente egoísta, buscando apenas
o seu próprio bem material, mas esse egoísmo é elevado a um bem moral e
visto como uma qualidade utilitária do homem e visto de forma sublime no
soberano, visto que o seu egoísmo deve superar e governar todos os
egoísmos dos homens comuns para o próprio bem deles, colocando nas mãos
do soberano o poder absoluto e irrestrito.

Locke: (XVII d.C.)

Filósofo inglês, sua filosofia apresenta progresso e desenvolvimento em


comparação aos seus predecessores, ele admite uma religião natural bastante
próxima do deísmo, prevalecente na época, afirmando que o poder público
tem o direito de impor essa religião por ser ela proveniente da razão.

Locke afirma que a finalidade da filosofia é prática, visando o conhecimento


e domínio da natureza com finalidades econômicas. Sua filosofia se constitui
em pesquisar a origem e razão do conhecimento humano, e sua base é a
escolástica, associando o empirismo com o raciocínio cartesiano de
Descartes.

Locke não considera a possibilidade da existência de ideias inatas, mas


considera somente a possibilidade de ideias formadas a partir das sensações
e experiências, considerando, como Tomás de Aquino, a mente do homem
como uma tabula rasa a ser preenchida pelas sensações e experiências de
vida.

A base fundamental do conhecimento, conformada à filosofia de Descartes,


são as ideias simples, a partir das quais se formam as ideias complexas. Uma
coleção de ideias complexas, formam o conceito da substância, que é uma
forma constante e permanente no pensamento da pessoa.

Dessa forma, o aprendizado somente é possível através das sensações


primárias e da experiência. Essa ideia também é conhecida como
“behaviorismo”, o comportamento determinado a partir das sensações e
desejos do homem.
Apesar de suas ideias quanto à formação empírica do conhecimento, Locke,
como a grande maioria dos seus predecessores, nega a existência do livre-
arbítrio, pois o homem sempre é inclinado às suas necessidades naturais e a
desejar, acima de todas as coisas, o seu bem maior.

Berkeley (XVIII d.C.)

Berkeley, filósofo e religioso, recusa a filosofia de Locke assumindo que


tanto as ideias simples como as complexas são subjetivas e rejeita o conceito
do conhecimento da substância material, mas, por motivos religiosos,
conserva o conceito da substância espiritual.

Para Berkeley, o papel da filosofia é prático, mas não voltado à economia,


ou à moral, mas prático voltado à religião como uma apologia ao
cristianismo. Ele nega a distinção entre o pensamento simples e complexo,
ou seja, entre as qualidades simples, que são o tempo, espaço e movimento,
e as secundárias, cores, sabores, sons e outras, pois todas elas se sobrepõem
e resultam umas nas outras, sendo todas subjetivas, dessa forma, o conceito
da substância objetiva a partir dessas sensações também é derrubado.

Assim, todas as coisas passam a ser subjetivas e somente são percebidas pelo
conhecimento, e por esse motivo ele afirmou o princípio de que: “ser é ser
percebido”. Declarou ainda, que todos os problemas de seu país eram
motivados pela incredulidade.

Hume (XVIII d.C.)

Filósofo escocês, deu grande impulso ao empirismo moderno, chegando à


expressão máxima do empirismo, liberto dos dogmas morais e religiosos que
impediram seus antecessores de formular essa filosofia de forma livre e
coerente.

Ele abandona todos os conceitos de ideia, qualidade e substância para afirmar


que a alma não pode ser percebida pelo conhecimento ou pela sensação, mas
é algo ininteligível ao homem, pois esse só pode conhecer estados de
consciência que dizem respeito à sua existência e necessidades individuais.

Nega também a existência de uma causa para todos os eventos, negando a


existência de Deus, dessa forma, todo o conhecimento humano é formado
pelas sensações e experiências, nada é possível de se conhecer a respeito de
Deus, da alma e das coisas reais. Dessa forma, ele nega o conhecimento
científico com base nas causas e efeitos, pois essas causas e efeitos primários
não são passíveis de conhecimento real.
Para Hume, todo o conhecimento da realidade resume-se, coerentemente
com sua filosofia, em impressões derivadas de sensações e experiências.
Dessa forma, todo o conceito de substância não é real, mas constituído
apenas de aparência ou fenômenos naturais passíveis de novas percepções
ao longo do tempo.

Assim, todo o conhecimento dos objetos e coisas são um contínuo vir a ser,
onde a ideia formada pela percepção dessas coisas varia ao longo do tempo
conforme as circunstâncias, conhecimento e emoções da pessoa (*).

(*) – Na verdade, essa afirmação acima, seria uma definição correta do conhecimento científico, pois a
realidade da percepção das coisas é realmente variável ao longo do tempo, em função do conhecimento
acumulado, do desenvolvimento de novas tecnologias e de condições diversas que se apresentam ao longo
do tempo. Por exemplo: O conhecimento do universo desenvolveu, em um ano, o que os homens não
conseguiram em milênios após o lançamento do telescópio Hubble. Novas sondas foram e estão sendo
lançadas ao espaço sideral acrescentando e contestando informações anteriores.

Introduziu a possibilidade da análise dos fenômenos psíquicos e mentais


através da experiência (Sigmund Freud). Tentou, também, explicar a
causalidade entre eventos e a indução das causas e efeitos ao longo do tempo,
conforme o conceito da “tabula rasa” de Tomás de Aquino, pela qual a
identidade pessoal seria somente a soma das experiências vividas (feixe de
experiências).

O Hiato de Hume: (Hume’s Gap - The Is-Ought Problem) - o problema do


ser/vir a ser:

A derivação do que virá a ser a partir do que é, segundo Hume, não envolve
nenhuma causa eficiente passível de comprovação, dessa forma não se pode
admitir ou deduzir absolutamente nada a partir do conhecimento presente,
pois a derivação do futuro através do presente é, não somente improvável,
mas também impossível.

Hume, quando moribundo, declarou: “Estou prestes a dar um salto nas


trevas”.

4 – Pensamento contemporâneo

Kant (XVIII d.C.)

O maior dos filósofos contemporâneos, leva a filosofia a uma orientação


idealista, tornando-a subjetiva e imanente. Sobre essa base deficiente, o
gênio brilhante de Kant construiu uma filosofia abrangente que influenciou
boa parte dos filósofos posteriores, inclusive muitos dos filósofos cristãos
que tentaram explicar a revelação de Deus através desses princípios
idealistas.

Dos princípios filosóficos de Kant, onde ele admite a possibilidade do


homem guiar-se unicamente pela sua própria razão, surgiram os movimentos
do iluminismo e do positivismo lógico.

Kant sustenta que “a capacidade limita a obrigação”, ou seja: o homem deve


ter capacidade plena para fazer o que a Escritura prescreve, caso contrário
não poderá receber o castigo devido pelos seus atos, negando dessa forma a
justiça de Deus e abrindo o caminho para mito do livre-arbítrio neutral, onde
o homem deve deter a capacidade para decidir pela sua própria salvação.

O iluminismo é uma união do empirismo e racionalismo, com base no


idealismo humanista kantiano. A princípio, o iluminismo era um movimento
especulativo e filosófico, mas posteriormente, foi levado pelos seus
aderentes, poderosos e influentes, a um movimento político e religioso de
âmbito universal que cresce e ganha força nos círculos mundiais até os dias
atuais.

Esse movimento envolve, principalmente, a elite globalista, a alta cúpula


maçônica e o papado católico em um movimento de criação do governo
mundial único e da religião ecumênica, abrangendo todas as religiões do
mundo em um sincretismo religioso, doutrinariamente amorfo, mas
poderoso para fornecer suporte espiritual ao futuro governo mundial.

A filosofia de Kant identifica o mundo com as sensações que temos dele, a


mente com os pensamentos e Deus com as atividades que lhe são próprias,
mas da forma como as percebemos. Assim, nega-se a natureza divina,
independentemente de suas atividades, o Cristo preexistente e a Trindade
divina.

Como reação a esse movimento idealista surgiu o positivismo lógico, que,


tendo a rigor, a mesma base imanentista do idealismo, logo declinou face à
sedução e poder da filosofia iluminista. A filosofia de Kant leva à
especulação e investigação infindável sem jamais apresentar uma conclusão
ou solução definitiva, é o relativismo levado ao limite crítico, representando
a nulidade do processo investigativo filosófico e inevitavelmente ao
nihilismo prático – a dialética em seu estágio primário.

Kant admite que, todos os homens têm algumas ideias a priori, por exemplo:
O tempo e o espaço, que não são apreendidas pelos sentidos, mas que fazem
parte inata da mente e da consciência do homem.
Ele afirma que o homem tem a capacidade para empreender o
desenvolvimento científico, mas não tem a capacidade para compreender a
fenomenologia espiritual, envolvendo o conhecimento das coisas de Deus,
da alma e da vida futura.

Kant e a Escritura: Kant afirma que a Escritura somente deve ser aceita onde
pode ser explicada pela razão, ele nega a historicidade e autoridade da
revelação, transferindo toda a autoridade à razão e à capacidade de
compreensão humana, negando totalmente a possibilidade da realidade de
fatos supranaturais que não possam ser explicados pelas leis da natureza.

Agostinho afirmou que a vontade de Deus é a razão de todas as coisas, Kant,


ao contrário, afirmou que a razão é o padrão de julgamento de todas as coisas,
tornando o homem a medida final de todas essas coisas (*), sendo ele mesmo,
o homem, o determinador da verdade.

(*) – O homem é a medida final de todas as coisas – isso pode ser tomado como a base objetiva do
iluminismo.

Kant faz uma distinção rígida entre o mundo fenomênico, que é o mundo
natural, compreensível pela razão pura e o mundo numenal, que é o mundo
metafísico e a eternidade, como incompreensível pela razão humana,
tornando Deus um ser completamente fora do mundo real: O
“completamente outro” do irracionalismo cristão.

Todavia, sem um padrão absoluto no qual apoiar a razão, o homem


mergulhou em um subjetivismo que iria se manifestar em seguida na
filosofia dialética de Hegel, com profundas consequências no
desenvolvimento do irracionalismo religioso que perdura até os dias atuais
na igreja cristã.

Cosmovisão: Kant havia definido o primeiro uso da palavra cosmovisão, ou


o que era conhecido como o mais próximo disto, como a capacidade humana
de perceber a realidade sensível, esse seria um conhecimento inato a partir
do qual todas as pessoas definem o restante de todas as coisas apreendidas.
James Sire, na sua obra “Naming the Elephants” (Dando Nome aos
Elefantes) foi quem definiu a cosmovisão da forma mais inteligível
conhecida até os dias atuais:

James Sire (1933): “Uma cosmovisão é um compromisso, uma orientação


fundamental do coração, que pode ser expresso como um conjunto de
pressuposições (suposições que podem ser verdadeiras, parcialmente
verdadeiras ou inteiramente falsas) que nós sustentamos (consciente ou
subconscientemente, consistente ou inconsistentemente) sobre a constituição
básica da realidade, e que fornece o fundamento sobre o qual nós vivemos,
nos movemos e existimos”.

5 – Idealismo

Hegel (XIX d.C.)

Segundo Hegel, o absoluto universal é espírito, sendo a fonte de todas as


ideias no mundo finito, mas nenhuma dessas ideias pode expressar esse
espírito absoluto. Em Hegel o idealismo de Kant atinge o seu ápice, onde a
realidade é definida como o vir a ser do empirismo explicado pela dialética
incipiente de Kant, levada às últimas consequências e elevada ao único
processo filosófico teoricamente válido para aquisição do conhecimento.

Esse processo foi chamado de dialética dos opostos, onde são apresentadas:
A tese, uma proposição defendida por certo número de pessoas; a antítese,
que é uma proposição contrária ou adversa apresentada por outro grupo de
pessoas. Essas duas proposições são discutidas através de um coordenador,
ou facilitador, para que todo o grupo seja conduzido à síntese dessas
propostas, uma posição intermediária que leve concordância a todos os
participantes.

Dessa forma, o relativismo da filosofia kantiana é levado a um extremo


prático onde a verdade simplesmente deixa de existir para dar lugar a um
consenso grupal, que é sempre relativo e sujeito a novas mudanças. Esse
processo dialético é a base do marxismo, do socialismo e do irracionalismo
na igreja cristã e cresce assustadoramente em todo o mundo, inclusive e
principalmente dentro da igreja cristã, constituindo-se na força motriz
avassaladora que atende aos ideais iluministas de domínio mundial e de
construção da religião ecumênica.

A dialética nega a existência de uma moral universal procedente das leis de


Deus. Conforme a dialética hegeliana, as guerras e o predomínio das diversas
civilizações e estados na história da humanidade são inevitáveis e
necessárias; essa não é uma afirmação moral, mas relativa, pois de acordo
com o princípio dialético, o vencedor tem sempre razão sobre o vencido pelo
simples fato de ser vencedor.

Conforme Hegel, deus é apenas a substância que forma o universo, ele não
tem existência além do mundo e a consciência de deus é a soma das
consciências de toda a humanidade. Assim, a vida do infinito não tem
sentido a não ser na vida do finito, dessa forma, o infinito não pode ser uma
pessoa e não pode ser distinto do universo (panteísmo).

6 - Positivismo

Auguste Comte (XIX d.C.)

Filósofo Francês, do século dezenove, foi inicialmente secretário do conde


Henri de Saint-Simon, juntamente com o qual defendeu os princípios do
socialismo utópico - "Tudo é relativo, eis o único princípio absoluto" (1819).
Mas logo rompeu com Saint-Simon e partiu para o trabalho individual, sua
principal obra é o “Sistema de Política Positiva” segundo a qual apresenta
uma concepção do mundo não teológica e não metafísica, ou seja, abandona
completamente o conceito de Deus e propõe todas as soluções sociais a partir
do humanismo pleno.

O positivismo lógico é o pai do materialismo científico, ele constitui a base


formadora do materialismo; resumindo:

“Nada existe no universo além dos átomos formadores da matéria e da


energia gerada pelas trocas entre eles”.

Essa é uma teoria que não mudou nada em vários milênios após a filosofia
grega. Três mil anos atrás, já existiam filósofos que afirmavam a composição
do universo por átomos: substâncias simples, indivisíveis e indestrutíveis.

Comte é considerado o pai do positivismo, sendo religiosamente agnóstico:


O homem não pode conhecer nada além dos fenômenos físicos e suas leis, a
fonte de todo pensamento são as sensações e experiências, o homem não
pode conhecer nada além dos fenômenos que podem ser apreendidos pelos
seus sentidos e das relações entre eles.

Contrapondo-se a Calvino ele apresenta no final dessa obra as “Instituições


da Religião da Humanidade”. Comte é um dos precursores do comunismo.

A base do positivismo lógico é a seguinte:

- Todo nosso conhecimento se limita aos fenômenos físicos.

- Tudo que podemos saber a respeito dos fenômenos físicos é a relação que
existe entre eles.
- Que só podemos saber dessa relação em vista das observações de sequência
e semelhança.

- Essas relações de sequência e semelhança dos fenômenos físicos


constituem as leis da natureza, sendo invariáveis e previsíveis.

- Tudo o que existe é material, essas relações invariáveis de sucessão e


semelhança controlam todos os fenômenos da mente, da vida social, da
história e da natureza.

- Dessa forma, tudo no universo está incluído e controlado pelas leis da


física, as ações humanas são tão previsíveis como o movimento das estrelas.

O positivismo de Comte considera todo o conhecimento, que não seja da


observação dos fenômenos, puramente negativos, assim sendo, a filosofia
positiva considera todo o conhecimento da mente como sendo puramente
negativo.

A. Strongs: “A suposição de Comte de que a mente não pode conhecer a si


mesma ou os seus estados opõe-se à de Kant, de que a mente nada pode
conhecer a não ser a si mesma. É exatamente porque, todo o conhecimento
vem dos relacionamentos e que ele não vem e nem pode vir só dos
fenômenos”.

Nietzsche (XIX d.C.)

Nietzsche foi um ateu convicto, ele negou a Deus e a todos os valores


baseados em Deus e na revelação, em uma forma violenta de nihilismo e
argumenta que o Deus teísta teria que ser obrigatoriamente auto causado, o
que considerava impossível. Além disto, ele argumentava que a existência
do mal no mundo eliminaria a possibilidade da existência de Deus.

Nietzsche afirmava que Deus era um mito, que foi útil à humanidade durante
certo período da história, mas agora era necessário permanecer fiel à terra e
que “Deus está morto”. Uma vez que Deus não existe, só existe o mundo,
por esse motivo, todos devem permanecer fiéis à terra.

A história da humanidade é cíclica e totalmente sem propósito ou objetivo,


a única coisa que existe é a vida individual, desprovida de sentido futuro, a
ser vivida pela própria capacidade, existindo homens superdotados que
superam seus limites, formam o seu destino e definem o destino de outras
pessoas mais fracas que devem ser dominadas e subjugadas por esses super-
homens acima do bem e do mal e além das leis e fundamentos morais da
civilização.

Rejeitou as virtudes do amor, da bondade e da humildade como desprezíveis


e valorizou a rudeza de caráter, a impiedade, a desconfiança e a severidade,
pois a vida se mantém somente através da luta constante, sem descanso, onde
os vencedores podem, a cada instante, tornar-se vencidos, por isso a vida é a
vontade e necessidade de poder, de forma incessante, sem pausa.

Desprezou a moral e a religião afirmando a relatividade dos atos morais,


sendo tudo permitido aos que conquistam e detém o poder: O conceito do
super-homem de Nietzsche.

Conclusão

Como vimos até aqui, a filosofia se apoia sempre na verdade correspondente,


ou seja, cada filósofo parte de um princípio diferente e chega obviamente a
uma conclusão correspondente ao seu princípio. Dessa forma, não existe uma
apresentação de ideias coerentes, ou mesmo consequentes por intermédio da
filosofia em qualquer de suas manifestações.

A filosofia cristã, ao contrário, parte sempre de um princípio único, que é a


Escritura, dessa forma, sendo a Escritura a Palavra de Deus, todas as
verdades que o homem conhece são verdades conhecidas por Deus e por esse
motivo, auto-autenticadas como verdadeiras.

O problema do “um” e do “muitos” (todos) somente pode ser resolvido na


unidade e diversidade da Trindade divina – Deus é um em essência e três em
subsistência (pessoas). O finito e o infinito somente pode ser resolvido pela
transcendência e imanência de Deus. O temporal e o eterno somente podem
ser respondidos pela providência divina, que executa no tempo as
determinações eternas de Deus.

Dessa forma, o universo criado manifesta a ordem imposta pelo “Um”, pelo
“Infinito”, pelo “Eterno”, mas atuando ativamente nesse mundo criado. Essa
ordem não é solicitada, mas imposta, assim, a criação não é caótica,
sobrevive através de uma ordenação existente, de forma imutável, em um
plano eterno determinado pelo conhecimento e sabedoria infinita de Deus.

Todas essas ideias acima, são próprias do logos divino, o Verbo encarnado,
Jesus Cristo, que é o “Homem de Dores”, ao mesmo tempo o “Pai da
Eternidade”, a pessoa que chorou e a mesma pessoa que acalmou a
tempestade, o “um” e o “muitos” revelados, o “finito” e o “infinito”
revelados, o “temporal” e “eterno” revelados.

Todavia, a respeito dessa última afirmação, veremos abaixo uma vertente


recente da filosofia que penetrou na igreja cristão de forma irresistível e tem
causado mais males que todas as heresias que se apresentaram anteriormente.

7 - Irracionalismo

A verdade real nunca pode ser alcançada, ela deve ser captada por
experiências pessoais; interiores, subjetivas, e sobretudo, apaixonadas. Não
há muito para dizer a esse respeito, existem, porém, representantes desse
sistema de pensamento que influenciaram intensamente o pensamento
religioso: O salto de fé, a paixão acima do conhecimento, a
incognoscibilidade de Deus, os paradoxos e mistérios bíblicos.

Os principais representantes são: Kierkegaard, Schleiermacher, Karl Barth e


Emil Bruner. Numa vertente mais sutil e igualmente perigosa desse
movimento, Cornélius Van Til, ex-presidente do Seminário Teológico de
Westminster, que afirmava a incognoscibilidade de Deus.

As derivações religiosas desse sistema de pensamento são as mais destrutivas


para a moderna igreja evangélica, levando ao respeito de opiniões anticristãs,
as mais diversas possíveis, como sendo verdadeiras, à afirmação que todas
as religiões são válidas e podem levar à salvação e à negação do Cristo
histórico como sendo o único caminho para a salvação.

Schleiermacher (XVIII d.C.)

Schleiermacher afirma que o absoluto não pode ser revelado pela ciência,
pelo conhecimento, pela Escritura, pela vontade, pela ética ou moral, mas
somente pelos sentimentos. Procurou justificar a religião cristã através do
princípio da experiência interior.

Essa é uma valorização puramente humanista e irracional, levando à negação


total dos valores e preceitos revelados na Escritura, e, nessa valorização
imanentista do homem ele acaba por destruir todos os valores básicos do
cristianismo.

Ele negou a historicidade dos milagres bíblicos e a autoridade da Escritura,


é o responsável pelo surgimento da Teologia Liberal, onde qualquer pessoa
pode definir sua fé “cristã” sem os limites de nenhuma autoridade ou
revelação superior. Negou também que a bíblia fosse inspirada por Deus,
mas admitiu a existência de uma consciência inata no homem. Abriu o
caminho para a presença do iluminismo na teologia religiosa.

É o pai do irracionalismo, que floresceu na igreja cristã e continua em franco


crescimento, de forma consciente ou inconsciente, mas sempre presente em
todas as denominações, ditas cristãs.

John Warwick Montgomery: “Se o nosso Cristo ‘da fé’ se afasta do Jesus
‘da história’ que a Bíblia apresenta, então, na proporção desse afastamento,
perdemos também o autêntico Cristo da fé”.

Herbet Butterfield (historiador): Seria um erro perigoso imaginar que as


características de uma religião histórica continuariam inalteradas caso o
Cristo dos teólogos fosse divorciado do Jesus da história.

Kierkegaard (XIX d.C.)

Teólogo dinamarquês conhecido como “O Pai do Existencialismo”.


Influenciado pela filosofia de Hegel, denunciou o formalismo da Igreja
Luterana. Após uma relação de angústia e sofrimento com o cristianismo,
introduziu o conceito do irracionalismo, negando que o relacionamento com
Deus possa ser algo racional, mas apenas fruto da paixão e entrega através
de sentimentos intensos.

Negou a autoridade e historicidade da bíblia, mas afirmou que se deve


acreditar nas afirmações bíblicas através da paixão, mesmo sabendo que não
são verdadeiras. Segundo ele Deus só pode ser admitido pelo “salto de fé”,
um salto no escuro em direção ao desconhecido que só poderá ser
desvendado pela paixão.

Karl Barth (XX d.C.)

Teólogo cristão “protestante”, um dos introdutores da Teologia Dialética e


da Neo Ortodoxia. Em um primeiro momento, professou a Teologia Liberal
de Schleiermacher, mas depois, decepcionado passou para a Teologia
Dialética, onde não existem verdades absolutas, mas afirmações que se
contradizem e devem ser discutidas até que seja estabelecido um consenso,
que por sua vez passa a ser discutido até se chegar a um novo, e assim
indefinidamente.

Mais tarde, abandonou também a Teologia Dialética e formulou uma nova


teoria: A analogia da fé. Segundo Barth. Deus é o “Totalmente Outro”,
incognoscível e inatingível pelo conhecimento humano.
J. B. Phillips: “Já li, em grego e em latim, dezenas de histórias de mitos, mas
não encontrei a menor ideia de mito na Bíblia”.

Emil Brunner (XX d.C.)

Teólogo ortodoxo, ordenado pela igreja da Suíça, critica fortemente o


coletivismo imposto pelo Estado e defende o individualismo do homem,
criado conforme a imagem e semelhança de Deus. Juntamente com Karl
Barth foi adepto da Teologia Dialética.

8 – Racionalismo Cristão (pressuposicionalismo)

O conhecimento cristão é o único método verdadeiro, pois é o único que tem


um princípio primeiro solidamente estabelecido, do qual nada existe antes
para contestar ou negar suas revelações: A Escritura.

A partir desse princípio, revelado por autoridade infinitamente superior ao


homem, sólido e inegável, a lógica e o raciocínio humano podem então,
estabelecer as bases de um conhecimento irrefutável por outros meios
filosóficos que são sempre relativos e mutáveis ao longo do tempo.

Nesse sentido, biografias são úteis: Calvino é reconhecido pelo seu profundo
respeito pela Escritura, sendo que, ao mesmo tempo em que aceitou com
humildade e honestidade toda a revelação escrita, ele também se recusou
sistematicamente a ir além da revelação em todas as suas considerações.

Isso é de extrema importância nos estudos teológicos, pois, se é fato que a


análise negligente da Escritura leva fatalmente a heresias, mistérios e
paradoxos inexistentes, assumir a tarefa de tornar todos os pontos de uma
doutrina complexa inteligíveis ao raciocínio humano também pode levar, e
leva, a muitas heresias.

Deuteronômio 29,29: “As coisas encobertas pertencem ao SENHOR, nosso


Deus, porém as reveladas nos pertencem, a nós e a nossos filhos, para
sempre, para que cumpramos todas as palavras dessa lei”.

O racionalismo cristão é dependente, em todas as instâncias, da revelação


bíblica e dentro dessa filosofia não se deve ir além do que está revelado na
Palavra de Deus, pois esse é o limite estabelecido.

Apocalipse 22,18-19: “Eu, a todo aquele que ouve as palavras da profecia


desse livro, testifico: Se alguém lhes fizer qualquer acréscimo, Deus lhe
acrescentará os flagelos escritos nesse livro; e, se alguém tirar qualquer
coisa das palavras do livro dessa profecia, Deus tirará a sua parte da árvore
da vida, da cidade santa e das coisas que se acham escritas nesse livro”.

A POSSIBILIDADE DO CONHECIMENTO

Implicações teológicas

Em primeiro lugar, o conhecimento só é possível porque Deus criou o


homem à sua imagem e semelhança, por esse motivo, existe uma faixa
comum de conhecimento entre Deus e o homem; a lógica e a razão são os
legados da imagem e semelhança de Deus, somente o homem possui essas
qualidades entre todos os animais criados.

Deus é onisciente, assim sendo, toda verdade conhecida pelo homem é


conhecida por Deus, se alguém conhece algumas das verdades, ele conhece,
então, uma parte da verdade que Deus conhece.

A incognoscibilidade de Deus

Muitos teólogos cristãos negam a possibilidade do conhecimento de Deus,


dessa forma, Deus se torna um ser totalmente incompreensível e inatingível
pelas criaturas.

Essa é uma maneira sutil de negar a revelação que Deus faz de si mesmo
através da Escritura, sendo uma forma de agnosticismo e se constitui em um
ateísmo prático, uma vez que nega a verdade bíblica. A Escritura é destinada
a que os homens venham a conhecer a natureza, qualidades e preceitos de
Deus, mas principalmente seu plano de redenção e sua revelação suprema e
definitiva, que se realiza em Jesus Cristo.

A revelação geral

Deus é Espírito, infinito, eterno e imaterial, como é possível conhecer algo a


respeito de Deus? O conhecimento de Deus só é possível porque Ele
escolheu se revelar ao homem através da Escritura. Esse conhecimento é
revelacional, não é apreendido ou descoberto por sensações, experiências ou
raciocínio puro, todo conhecimento de Deus provém de sua Palavra, e sua
única fonte é o próprio Deus.

Por outro lado, a mente do homem contém, pela sua natureza, o


conhecimento inato de Deus, que se revela através das obras da natureza,
isso é um reflexo da imagem de Deus no homem, que apesar da queda, ainda
se mantém.

Esse conhecimento inato na consciência homem é chamado de Revelação


Geral, que é suficiente para a percepção do Deus único, mas insuficiente para
o conhecimento da natureza e do Ser de Deus e também insuficiente para o
conhecimento dos preceitos estabelecidos para o relacionamento do homem
com Deus.

Todavia, esse conhecimento inato gravado na consciência do homem, apesar


de insuficiente para o conhecimento e relacionamento com Deus, possibilita
a revelação através da Palavra, pois não há outro animal em toda natureza
capaz de apreender esse conhecimento de forma alguma.

Salmo 19,1: “Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia


as obras das suas mãos”.

Romanos 1,19-20: “Porquanto o que de Deus se pode conhecer neles se


manifesta, porque Deus lho manifestou. Porque as suas coisas invisíveis,
desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade,
se entendem, e claramente se vêem pelas coisas que estão criadas, para que
eles fiquem inescusáveis”.

Essa revelação não provém da observação, sentimentos ou experiência, mas


é inscrita de forma inata na mente do homem. Isso torna todo homem
responsável perante Deus, ou seja: nenhum homem, na verdade, ignora a
existência de Deus, mas rejeita voluntária e deliberadamente a revelação
divina.

Romanos 2, 15: “Esses mostram a norma da lei gravada no seu coração,


testemunhando-lhes também a consciência e os seus pensamentos,
mutuamente acusando-se ou defendendo-se”.

A revelação especial (salvífica)

Como já foi observado acima, a Revelação Geral, que é comum a todos os


homens, não é suficiente para o conhecimento salvífico, por esse motivo
Deus se revela, somente para aqueles destinados à salvação, através da
Palavra. A Bíblia é a revelação especial pela qual se obtém o conhecimento
preciso e detalhado sobre Deus e seus preceitos para o homem.

A Escritura é o princípio primeiro e último do pensamento cristão, isso


porque esse princípio é absolutamente verdadeiro, visto que nada existe antes
dele que possa comprová-lo ou contradizê-lo. A infalibilidade bíblica é fruto
da verdade revelada, onde se apoia todo pensamento cristão, todos os
procedimentos históricos ou científicos devem ser aferidos pela bíblia e não
o contrário: a bíblia é a Palavra de Deus.

A consequência disto é que, se a bíblia é a única verdade revelada, todos os


outros sistemas de pensamento são obrigatoriamente falsos, pois não podem
existir duas verdades contraditórias.

Portanto, todo aquele que confessa uma cosmovisão diferente da cosmovisão


escriturística, ou ainda, modificando de alguma forma a revelação bíblica,
seja por acréscimo, rejeição parcial ou por negação da unidade e
continuidade da revelação, estará dessa forma rejeitando toda a bíblia e por
consequência todo pensamento cristão.

O cristão estará sempre seguro e confiante no seu princípio de raciocínio e


em qualquer confrontação poderá contestar o princípio básico dos
raciocínios não cristãos ou ainda pseudo-cristãos, como afirmado na
Confissão de Fé de Westminster:

CFW: “Todo conselho de Deus é expressamente declarado na Escritura ou


pode ser lógica e claramente deduzido dela”.

O sistema de conhecimento lógico baseado na infalibilidade da Escritura é


imposto pela autoridade do autor da revelação, que é Deus, por esse motivo
torna-se obrigatório, mesmo para quem não o conheça ou rejeite total ou
parcialmente a Escritura.

Tiago 2,10: “Pois qualquer que guarda toda a lei, mas tropeça em um só
ponto, se torna culpado de todos”.

A NECESSIDADE DO CONHECIMENTO

Confissões de Agostinho: “Concede, Senhor, que eu bem saiba se é mais


importante invocar-te e louvar-te, ou se devo antes te conhecer, para depois
te invocar. Mas alguém te invocará antes de te conhecer? Porque, te
ignorando, facilmente estará em perigo de invocar a outrem”.

O conhecimento de Deus não está restrito às atividades eclesiásticas,


litúrgicas ou congregacionais, mas deve se estender a toda vida do cristão,
pois a vontade de Deus é soberana e dirige o homem em cada momento de
sua vida, sabendo ele ou não, por esse motivo o conhecimento é necessário
para restaurar a comunhão do homem com Deus, todavia, o verdadeiro
conhecimento é um dom recebido através do Espírito.

Confissão de Fé de Westminster: “A graça e a fé salvífica pela qual os


homens são habilitados a crer é obra do Espírito Santo de Deus”.

O que isso quer dizer? O entendimento vem pela Palavra, mas o verdadeiro
conhecimento só é possível pela fé, essa fé salvífica é um dom de Deus, não
é mérito do homem. Esses conhecimento, todavia, não exime o crente de
estudo diligente e cuidadoso da Palavra.

Efésios 2,8: “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isso não vem
de vós; é dom de Deus”.

O homem vive em um universo criado por Deus, o entendimento desse


universo somente será possível mediante a revelação feita pelo Criador,
nenhuma proposição com validade universal é possível fora dessa revelação.
As leis e princípios éticos que regem todos os sistemas legais e morais no
mundo são baseadas na Lei de Deus.

Mesmo que os homens neguem sistematicamente essa origem divina, os


absolutos morais e éticos somente são possíveis através da revelação divina,
o que possibilita a convivência entre as nações, pois existem esses pontos
comuns oriundos dos absolutos divinos nas normas e leis que regem todas as
nações, não fora dessa forma e o mundo já teria se acabado no conflito moral
gerado entre as diferentes nações.

A dignidade do conhecimento da Palavra procede da dignidade de Deus, e


visto que Deus revela-se unicamente pela Palavra, conhecer a Palavra é
conhecer a Deus, daí a validade e necessidade do conhecimento da Palavra
antes de qualquer outra coisa.

O CONHECIMENTO DE DEUS É ADQUIRIDO SOMENTE PELA


PALAVRA

Existe atualmente, na igreja cristã, uma tendência dominante para relegar o


estudo da Palavra em função das sensações e experiências pessoais: o
irracionalismo (pode ter outra designação eufemística, mas na verdade é puro
irracionalismo). A grande maioria acredita que Deus será honrado por uma
vida de alto padrão moral e será revelado pelas experiências pessoais, pelas
sensações, pelo batismo no Espírito etc.
É difícil precisar se esse desprezo pelo estudo bíblico traduz a preguiça
mental do homem moderno ou se o conhecimento de Deus traz incômodo
real para a igreja, que convive gostosamente com as heresias tão comuns e
confortáveis aos religiosos que se dizem cristãos.

Jesus afirma claramente o que representa o conhecimento de Deus: A vida


eterna.

João 17,3: “E a vida eterna é esta: que te conheçam, a ti só, por único Deus
verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste”.

A vida eterna é o conhecimento de Deus, o conhecimento de Deus é a vida


eterna! Que mais se pode dizer? A bíblia revela exatamente como se processa
a revelação, através da aliança, que é a Palavra, e como um dom de Deus
através do Espírito. O conhecimento de Deus é privativo de seus eleitos, aos
quais Ele se revela de maneira unilateral, escolhendo aquele a quem
determinou chamar à sua comunhão e conceder o conhecimento.

Salmo 25,14: “A intimidade do SENHOR é para os que o temem, aos quais


ele dará a conhecer a sua aliança (*)”.

(*) Aliança: A Palavra de Deus.

O conhecimento é um dom de Deus, a fé é um dom de Deus, o chamado é


uma determinação unilateral de Deus, mas todas essas coisas se processam
usualmente através da Palavra: O chamado, a fé e o conhecimento.

Romanos 10,17: “E, assim, a fé vem pela pregação, e a pregação, pela


palavra de Cristo”.

Dessa forma, fica claro que, tanto o conhecimento como a fé, apesar de serem
dons de Deus, vêm usualmente através da Palavra, falada ou escrita. A
curiosidade do crente é despertada pela comunhão do Espírito, através da
mudança da natureza corrompida pela queda, transformando a mente do
homem, que recebe a fé e o arrependimento para a vida, e passa a desejar
ardentemente o conhecimento de Deus.

2 Timóteo 3,16-17: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o


ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a
fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para
toda boa obra”.
Muitos tentam fazer distinção entre conhecer a Deus pela palavra revelada e
conhecer a Deus pelas sensações e experiências pessoais baseados em uma
interpretação facciosa e mal-intencionada do verso abaixo.

2 Coríntios 3,6: “O qual nos habilitou para sermos ministros de uma nova
aliança, não da letra, mas do espírito; porque a letra mata, mas o espírito
vivifica”.

A “letra” aqui nesse verso representa a lei de Moisés e não a Escritura, o


espírito representa o evangelho, caso contrário toda a teologia paulina se
torna incoerente e sem sentido, ninguém defende o conhecimento do
evangelho mais que o apóstolo Paulo.

O que Paulo quis dizer é o seguinte: “A lei mata, mas o evangelho vivifica”.

Para que não haja dúvidas, é preciso ver a coerência dessa interpretação com
as claras afirmações do apóstolo em outros versos:

Romanos 3,20: “Visto que ninguém será justificado diante dele por obras
da lei, em razão de que pela lei vem o pleno conhecimento do pecado”.

Romanos 3,28: “Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé,


independentemente das obras da lei”.

Gálatas 2,16: “Sabendo, contudo, que o homem não é justificado por obras
da lei, e sim mediante a fé em Cristo Jesus, também temos crido em Cristo
Jesus, para que fôssemos justificados pela fé em Cristo e não por obras da
lei, pois, por obras da lei, ninguém será justificado”.

Gálatas 3,2: “Quero apenas saber isso de vós: recebesses o Espírito pelas
obras da lei ou pela pregação da fé?”.

Gálatas 3,5: “Aquele, pois, que vos concede o Espírito e que opera milagres
entre vós, porventura, o faz pelas obras da lei ou pela pregação da fé?”.

Gálatas 3,10: “Todos quantos, pois, são das obras da lei estão debaixo de
maldição; porque está escrito: Maldito todo aquele que não permanece em
todas as coisas escritas no Livro da lei, para praticá-las”.

Então, a lei é má? Não vale mais nada? As leis cerimoniais foram abolidas,
mas a lei moral de Deus, contida nos dez mandamentos, é válida
eternamente.
O que acontece com a lei? Acontece com a lei, que o homem é absolutamente
incapaz de cumpri-la, portanto incapaz de conseguir mérito para a própria
salvação, mas o que o homem não consegue, Deus nos dá graciosamente em
Cristo, que cumpriu toda a lei, de forma perfeita, durante seu tabernáculo
terreno.

A Escritura interpreta a Escritura. Essa interpretação acima é um exemplo


cabal, onde um verso mal utilizado deve ser entendido pelo sentido geral da
Escritura, em particular pelo sentido geral empregado pelo próprio autor, não
restam grandes argumentos depois dessa apresentação em série de versos
paralelos.

Temos ainda nesse sentido as claríssimas palavras de Jesus, estabelecendo a


vida eterna a partir conhecimento de Deus. Paulo não estaria jamais em
contradição com o evangelho de Jesus Cristo.

João 17,3: “E a vida eterna é essa: que te conheçam a ti, o único Deus
verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste”.

As pessoas que interpretam a “letra” nesse verso (2 Coríntios 3,6) como


sendo evangelho de Jesus Cristo, são néscias e amam a preguiça. Como se
pode conhecer algo que não se sabe o que é? Como se pode conhecer a Deus
sem saber quem é Deus?

Agostinho adverte: “Porque, te ignorando, facilmente estará em perigo de


invocar a outrem”.

Advertência sobre advertência, Deus mesmo diz, através do profeta Isaías,


que deve ser conhecido antes de louvado, pois o Deus cristão é Deus cioso,
não divide sua glória com nada mais no universo.

Isaías 42,8: “Eu sou o SENHOR, esse é o meu nome; a minha glória, pois,
não a darei a outrem, nem a minha honra, às imagens de escultura”.

Quanto àqueles que se recusam a conhecer a Palavra, não são cristãos de


forma alguma, são néscios, preguiçosos, rebeldes e desprezados por Deus.

A respeito deles está escrito:

Provérbios 1,22: “Até quando, ó néscios, amareis a necedade? E vós,


escarnecedores, desejareis o escárnio? E vós, loucos, aborrecereis o
conhecimento?”.
COMUNICAÇÃO

A comunhão envolve comunicação, caso contrário torna-se impossível, a


comunicação envolve o conhecimento real entre os participantes. Deus
conhece todas as coisas, e o homem, conhece o que? E como?

- Experiências pessoais

Se alguém tiver uma experiência pessoal com algo sobrenatural, como saber
que é manifestação de Deus se não conhecer as formas em que Deus se
manifesta?

Como reconhecer a experiência com Jesus Cristo se não conhecer a Jesus


Cristo?

Os adeptos dessas vertentes do empirismo pseudo-cristão (behaviorismo)


procuram experiências sobrenaturais que, na maioria das vezes, não
procedem do Espírito de Deus, mas antes disto, de espíritos vulgares, que
são os anjos caídos, o apóstolo João chama a atenção para esse fato.

1 João 4,1: “Amados, não deis crédito a qualquer espírito; antes, provai os
espíritos se procedem de Deus, porque muitos falsos profetas têm saído pelo
mundo fora”.

Como se prova que os espíritos procedem de Deus sem conhecer a natureza


e os preceitos de Deus? Em geral as experiências subjetivas ou paranormais
não procedem de Deus, mas dos anjos caídos, que se divertem em iludir os
incautos adoradores de si mesmos.

- Oração

Outros ainda dizem que conhecem a Deus através da oração, mas qual a
oração que agrada a Deus? Como saber isso?

Os apóstolos pediram a Jesus que os ensinasse a orar, Jesus não apelou para
experiências subjetivas, porém, ensinou-os a orar conforme a Palavra
revelada. João Batista também ensinou seus discípulos a orar, o apóstolo
Paulo confessa que não sabe orar como se deve, e agora?

Mateus 6,9: “Portanto, vós orareis assim...”

Está visto, então, que também a oração, deve ser estruturada e regida pela
Palavra de Deus.
- Amor

Outros dizem que Deus é amor, que é possível conhecer Deus ao praticar o
amor; essa é a maior das falácias a respeito do conhecimento de Deus, pois,
o que é o amor de Deus? Ora, o amor de Deus não é um sentimento de ternura
ou afeto por uma pessoa, e muito menos de piedade ou compaixão, Deus é
imutável e impassional, o amor de Deus é um ato prático que se resume em
um único fato: Que ele enviou seu Filho para sofrer a penalidade do pecado
em lugar dos pecadores eleitos.

1 João 4,9: “Nisso se manifestou o amor de Deus em nós: em haver Deus


enviado o seu Filho unigênito ao mundo, para vivermos por meio dele”.

A única forma de amor aceita por Deus é a guarda de seus mandamentos,


como guardar mandamentos que não se conhece?

1 João 5,3: “Porque esse é o amor de Deus: que guardemos os seus


mandamentos; ora, os seus mandamentos não são penosos”.

Esses versos provam que, sem conhecer a Escritura, é impossível conhecer


o que é o amor de Deus. Da mesma forma o amor cristão não é caridade, não
é dó, não é sentimento de afeição e carinho por outras pessoas, não é
assistência social... O amor cristão é o amor que adverte, exorta, disciplina e
chama à verdadeira doutrina, porque sem agradar a Deus todo o pretenso
amor é vão, não é possível amar verdadeiramente sem conhecimento.

Mesmo conhecendo os mandamentos e o evangelho, não somos capazes de


cumpri-los. A solução, todavia, é muito simples: A justiça perfeita de Cristo,
que cumpriu toda a lei em lugar dos eleitos e propiciou a ira de Deus pela
sua morte vicária e sacrificial.

Isaías 53,11: “Ele verá o fruto do penoso trabalho de sua alma e ficará
satisfeito; o meu Servo, o Justo, com o seu conhecimento, justificará a
muitos, porque as iniquidades deles levará sobre si”.

Isaías 43,3-4: “Porque eu sou o SENHOR, teu Deus, o Santo de Israel, o teu
Salvador; dei o Egito por teu resgate e a Etiópia e Sebá, por ti. Visto que
foste precioso aos meus olhos, digno de honra, e eu te amei, darei homens
por ti e os povos, pela tua vida”.
Não é possível conhecer Deus, em amor sentimental, cegamente, mas sim
conhecer a natureza e os preceitos de Deus para entender o que é o amor
cristão, somente depois disto a piedade e a misericórdia podem se manifestar.

Essa confusão entre o amor de Deus e o amor humano de afeição é outro


fruto do irracionalismo que grassa na igreja mundana; a paixão pelo
sobrenatural é superior ao conhecimento, não importa a quem ou o que ela
seja dirigida. Por outro lado, os sentimentos e experiências pessoais são mais
valorizados, pelos religiosos atuais, que o conhecimento e a humildade
perante o evangelho de Cristo.

Filipenses 3,8: “Sim, deveras considero tudo como perda, por causa da
sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; por amor do
qual perdi todas as coisas e as considero como refugo (esterco), para ganhar
a Cristo”.

A NATUREZA DO CONHECIMENTO

Em resposta a todas essas questões levantadas, deve-se buscar o


conhecimento de Deus pela única forma possível, que é a Escritura, isso é
teologia.

Apresenta-se agora, um problema crucial: A natureza do conhecimento e a


natureza da teologia.

Aqui é preciso voltar à consideração inicial do conhecimento filosófico: O


cristianismo é a única religião racional, pois é a única que tem um princípio
primeiro, com validade universal, e sobre o qual nada existe antes para
confrontá-lo.

Movimentos religiosos que modificam o sentido original das escrituras


devem ser considerados como irracionais e anticristãos, pois o racionalismo
cristão é fruto da autoridade, suficiência e infalibilidade da Escritura; uma
vez abandonados esses princípios, abandona-se o cristianismo.

Dentro desse irracionalismo crescente, existem manifestações dentro da


igreja evangélica que deturpam e deformam completamente a revelação, tais
como: Batalha espiritual, evangelho social, pragmatismo, crescimento
material e cultos de entretenimento, sem contar o pentecostalismo e os
carismáticos, que distorcem a Palavra para atender às ambições e
necessidades do ego humano.
Um alerta: Outros movimentos, ainda que conservem a bíblia intacta, mas
que a interpretam dividida e distorcida na sua unicidade, também são
irracionais e anticristãos, Deus é único e imutável e assim é sua Palavra, a
continuidade e unidade da bíblia são essenciais para a preservação de sua
mensagem cristológica. Como exemplos apresentam-se o
dispensacionalismo e o teísmo aberto que apresentam um deus desprovido
de sua onisciência e soberania, surpreendendo-se com as atitudes dos
homens, e Jesus Cristo como um acidente nos diversos e mutáveis planos
desse deus.

A unidade da igreja

A unidade da igreja somente pode acontecer em torno de uma doutrina


bíblica verdadeira e saudável, sacrificar a doutrina pela unidade é destruir a
igreja de Cristo, pois Jesus mesmo, nunca fez concessões de espécie alguma
a religiões, religiosos e governantes em seus dias de tabernáculo na terra.

Mateus 5,18: “Porque em verdade vos digo: até que o céu e a terra passem,
nem um i ou um til jamais passará da Lei, até que tudo se cumpra”.

Marcos 13,31: “Passará o céu e a terra, porém as minhas palavras não


passarão”.

Lucas 16,17: “E é mais fácil passar o céu e a terra do que cair um til sequer
da Lei”.

O respeito que o Senhor Jesus teve pelas sagradas escrituras foi visceral e de
fundamental importância em seu ministério, pela Escritura ele respondeu a
Satanás, aos fariseus, aos saduceus e aos governantes - como não respeitar
tão precisas instruções?

Foi visto acima que só um meio é válido para o verdadeiro conhecimento de


Deus: a Palavra revelada. A negação da necessidade do conhecimento de
Deus conforme estabelecido por Ele mesmo, nada mais é que manifestação
de rebeldia consciente e voluntária; não existe inocência na negação da
Palavra, por mais sutil e piedosa que possa parecer.

Romanos 1,21: “Porquanto, tendo conhecimento de Deus, não o


glorificaram como Deus, nem lhe deram graças; antes, se tornaram nulos
em seus próprios raciocínios, obscurecendo-se-lhes o coração insensato.
Inculcando-se por sábios, tornaram-se loucos”.

O irracionalismo e a unidade da igreja:


Não existe possibilidade de complacência com o irracionalismo que mina o
cristianismo na atualidade, o conhecimento de Deus, o estudo bíblico e a
doutrina saudável são o único caminho para o reavivamento espiritual da
igreja e de cada crente em Jesus Cristo. Agindo dessa forma designada por
Deus, os cristãos serão muitas vezes, para não dizer todas, rotulados de
intolerantes; o que é isso? Segue abaixo a definição de tolerância na língua
portuguesa:

Tolerância (do latim - tolerantia): Atitude de admitir a outrem uma maneira


de pensar ou agir diferente da adotada por si mesmo; ato de não exigir ou
interditar mesmo podendo fazê-lo.

Do ponto de vista cristão, a tolerância significa simplesmente a rejeição da


Grande Comissão e o fim das atividades missionárias reais. O cristão baseia
todo seu conhecimento na revelação, por isso o cristão tem, de fato, o
monopólio da verdade, pois essa verdade é revelada e não pertence ao
homem, mas a Deus, que se revela através de Cristo.

João 14,6: “Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida;


ninguém vem ao Pai senão por mim”.

Encerrando esse capítulo, foi visto que o conhecimento salvífico de Deus


não depende dos homens, e procede apenas através da revelação, que é feita
pelo Espírito, mas isso somente ocorre conforme situações específicas e
determinadas por Deus.

Seguem abaixo as situações em que a revelação é processada:

1 - A revelação é recebida somente pela fé em Jesus Cristo:

A fé é o dom de Deus, que tem origem na salvação do crente. Na justificação


o crente recebe, pelo Espírito, os dons da fé em Cristo e do arrependimento
para a vida. A revelação vem depois disto, quando o Espírito muda a mente
e o caráter da pessoa, tornando-a interessada e receptiva à Palavra revelada,
procurando de todas as formas conhecer o Pai que a adotou em Cristo.

Mateus 11,27: “Tudo me foi entregue por meu Pai. Ninguém conhece o
Filho, senão o Pai; e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem
o Filho o quiser revelar”.

2 – A revelação é recebida pela pregação da palavra de Cristo:


Apesar da justificação ser aplicada somente aos eleitos eternos de Deus, o
chamado se faz somente através da Palavra - pela pregação ou pela leitura
bíblica.

Romanos 10,17: “E, assim, a fé vem pela pregação, e a pregação, pela


palavra de Cristo”.

3 – A revelação é recebida pelo estudo diligente da Escritura:

O recebimento da Palavra somente pela pregação não será suficiente ao


verdadeiro crente, ele irá procurar aperfeiçoar seu conhecimento cada vez
mais e com mais dedicação, caso contrário, não existe verdadeira conversão.

João 5,39: “Examinai as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna,
e são elas mesmas que testificam de mim”.

4 – Deus é soberano e pode agir através dos meios, sem meios ou contra os
meios, conforme sua vontade. A salvação de fetos, crianças e incapazes é
feita sem os meios, mas sempre pela graça e pela imputação da justiça de
Cristo.

Isaías 35,8: “E ali haverá bom caminho, caminho que se chamará o


Caminho Santo; o imundo não passará por ele, pois será somente para o seu
povo; quem quer que por ele caminhe não errará, nem mesmo o louco”.

Richard Baxter: Um homem pode ir para o inferno com conhecimento;


mas ele certamente irá para o inferno se não o tiver.

A ESCRITURA

Foi visto no capítulo anterior que a Escritura é o princípio primeiro do


pensamento cristão, segue-se agora o estudo e as características inerentes à
mesma.

Todas as vezes que for mencionado Deus nesses estudos, a referência é o


Deus triúno da bíblia, quando a referência for específica a uma das pessoas
da Trindade ela será devidamente identificada de forma pessoal.

Agostinho: “Ó homem, o que minha Escritura diz, isso digo Eu”.

Comentário de Mathew Henry ao evangelho de Mateus:


“Vivemos uma era em que o cristianismo e o Novo Testamento são mais
violenta e audaciosamente atacados por alguns de dentro de suas próprias
entranhas do que por aqueles que estão às suas margens. Nunca Moisés e
seus escritos foram tão censurados e ridicularizados por qualquer judeu, ou
Maomé e seu Alcorão por qualquer muçulmano como Cristo e seu
Evangelho têm sido atacados por homens que são batizados e chamados de
cristãos; e isso, não sob o aspecto de qualquer outra revelação divina, mas
em desprezo e provocação a toda revelação divina; e não por meio de algum
embate que eles travem com algo que choque a sua fé, e que através de sua
própria fraqueza, não consigam superar. Eles não desejam ser instruídos e
ajudados no entendimento e na sua reconciliação com a verdade que
receberam, mas fazem uma oposição resoluta como se olhassem para a
revelação divina como seu inimigo, tendo resolvido por todos os meios
possíveis ser a ruína dele embora não possam dizer que mal ela tenha feito
ao mundo ou a eles”.

Esse comentário de Mathew Henry foi escrito há mais de duzentos anos, e


de lá até aqui, a situação somente tem piorado, ele se refere ao irracionalismo
na igreja, e hoje o que temos? O mesmo irracionalismo, dotado de
ferramentas poderosas, agindo incessantemente e progredindo em
detrimento da sã doutrina. O resultado disto é visto no pentecostalismo, nos
carismáticos, na batalha espiritual, na igreja com propósitos, nos pequenos
grupos e outros meios, pelos quais o evangelho vem sendo transformado
através de técnicas mundanas e doutrinas estranhas e diversas, que nada têm
a ver com a Palavra.

Em meio a tudo isso, o conhecimento a respeito da Escritura, torna-se crucial


para a preservação do cristianismo ante tantos inimigos, que surgem dentro
da própria igreja cristã.

1 João 2,19: “Eles saíram de nosso meio; entretanto, não eram dos nossos;
porque, se tivessem sido dos nossos, teriam permanecido conosco; todavia,
eles se foram para que ficasse manifesto que nenhum deles é dos nossos”.

A Justificação e a Clareza da bíblia

Todo texto bíblico é de fácil compreensão? Não é bem assim, se a clareza


bíblica fosse tão evidente talvez não existisse tão grande número de
denominações evangélicas. Esse fato demonstra que a clareza bíblica não é
um fato comprovado, grande parte dos cristãos praticamente desconhece a
bíblia. Existem dificuldades sobre certas partes, e muitos homens de
formação universitária e grande cultura não conseguem entender e
interpretar a bíblia. Porque isso acontece?
Os reformadores afirmaram que:

A clareza da bíblia somente se manifesta quando vista através da doutrina da


justificação pela graça: A soberania absoluta de Deus, em Cristo. Martinho
Lutero declarou que a justificação pela graça é o gonzo sobre o qual tudo
gira, sobre o qual a religião cai ou fica em pé.

Assim sendo, a bíblia é, de fato, o princípio primeiro do cristão, mas sua


clareza somente aparece mediante o conhecimento e aceitação da doutrina
da justificação. Ora, o propósito da bíblia é instruir seus leitores para a
salvação, seu propósito prático é moral, mas só pode ser revelado através do
aprendizado e da instrução da mente.

A bíblia revela que Deus oferece aos homens rebeldes e incapazes, que
merecem apenas sua ira e juízo, seu plano de salvação somente pela sua graça
e misericórdia, imerecida pelo homem.

O plano de salvação apresentado na bíblia está definido no Decreto Eterno


do Deus triúno, antes do princípio do mundo. O Pai é o representante da
Trindade, tem os seus eleitos definidos e a queda determinada. Ao filho, cabe
a realização da obra da redenção desses eleitos, através da encarnação: uma
vida de perfeita obediência e da morte vicária na cruz. Ao Espírito, está
destinada a aplicação e operação da salvação, ao longo de toda a vida física
do crente, por fim, a glorificação final dos cristãos eleitos, será consumada
na segunda vinda de Cristo.

Essa linguagem acima, onde as pessoas da Trindade têm funções


determinadas dentro do plano de salvação dos homens é conhecida como:
“Trindade Econômica”. Esse relacionamento entre as pessoas divinas existe
simplesmente de forma eterna, imutável e irreversível, não há deliberações,
deduções ou conclusões no relacionamento da Trindade, tudo existe
eternamente de forma simples e natural.

Não é correto dizer, que Deus pretende fazer ou assumir algo, pois Ele é
imutável e já tem determinadas a realização de todas as coisas. Assim, o Pai
é o representante da Trindade, o Verbo é o Cristo, o eterno Filho de Deus e
o Espírito é eternamente procedente do Pai e do Filho, isso tudo, a despeito
da perfeita igualdade em essência e natureza das pessoas divinas.
Quando as pessoas buscam na bíblia achar suporte para seus próprios
pensamentos, o sentido da Escritura se perde; quando ela é vista com
piedade, buscando conformar os pensamentos do homem aos ensinamentos
divinos, ela se torna cada vez mais clara, brilhando com intensidade.

O que diz Martinho Lutero a esse respeito?

Martinho Lutero: “Se o artigo da justificação é perdido, perde-se toda a


doutrina cristã ao mesmo tempo. A justificação, sozinha, faz de uma pessoa
um teólogo, pois com ela vem o Espírito Santo que, por seu intermédio,
ilumina o coração e guarda a doutrina no entendimento verdadeiramente
correto, de forma que essa pessoa é capaz de distinguir precisa e claramente
e julgar todos os outros artigos da fé, e vigorosamente sustentá-los”.

De acordo com essa declaração, fica claro o porquê a bíblia não encontra seu
lugar na igreja atual, os religiosos perderam a verdade da justificação pela
graça de Deus. A bíblia revela a determinação divina para a salvação em
Jesus Cristo, todos os fatos do Velho e Novo Testamento apontam para essa
realização.

Romanos 1,17: “Visto que a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé


em fé, como está escrito: O justo viverá por fé”.

Esse versículo foi o que trouxe a luz da clareza bíblica, tanto a Agostinho
como a Martinho Lutero, quando estavam desesperados em busca de justiça
própria. Todo o pacto de Deus com os homens é a respeito da salvação pela
fé, em Jesus Cristo e somente pela graça. Quando a interpretação bíblica é
feita com relação a esse propósito divino, a mensagem fica transparente,
porém, se a doutrina da justificação é abandonada, a bíblia torna-se um
intrincado de ideias confusas e ininteligíveis, um verdadeiro quebra-cabeça.

Lucas 24,27: “E, começando por Moisés, discorrendo por todos os Profetas,
expunha-lhes o que a seu respeito constava em todas as Escrituras”.

A mensagem primordial da bíblia é a justificação pela graça, unicamente


através da imputação ao crente da justiça perfeita de Cristo e por meio da fé
- como dom de Deus - não como esforço próprio; nenhuma dessas coisas
dependem de méritos humanos, a justiça que leva à salvação provém
unicamente da graça de Deus em Cristo.

Isso pode ser visto no Velho Testamento em várias partes, nos Salmos
Messiânicos, em Isaías, e praticamente em todos os livros, por exemplo, no
livro do profeta Jeremias, conforme abaixo:
Jeremias 23,6: “Nos seus dias, Judá será salvo, e Israel habitará seguro;
será esse o seu nome, com que será chamado: SENHOR, Justiça Nossa (*)”.

(*) - “SENHOR, Justiça Nossa”: Yavé Tsidequenuw, título atribuído ao Messias – Jesus Cristo.

Dessa forma, o significado da Escritura nem é tão complexo que uma pessoa
comum não possa ter a compreensão de suas doutrinas básicas, nem é claro
a eruditos e a uma elite intelectual que não foram iluminados pelo Espírito.
A palavra de Deus somente se pode compreender pela revelação, isso,
porém, somente se realiza através do estudo diligente e da oração.

Pfleiderer: “A Escritura Sagrada contém a palavra de Deus de um modo


claro, e inteiramente suficiente para gerar a fé salvadora”.

Dedicação e capacitação divina, essas são as chaves para se compreender a


doutrina e a realidade de Deus através da bíblia. Esse milagre da clareza
bíblica revelada chama-se perspicuidade, Deus não apenas está disposto a se
revelar, mas o faz de forma clara e simples.

A. H. Strong: “Como, ao comunicar as verdades da ciência natural, Deus


comunicou as verdades da religião em passos sucessivos, a princípio em
germe, mais plenamente tornou o homem capaz de compreendê-las. A
educação da raça é semelhante à de uma criança. Primeiro vêm as figuras,
as lições objetivas, os ritos externos, as predições; depois a chave desses em
Cristo, e sua exposição didática, nas Epístolas”.

Existem certamente passagens difíceis na Escritura, mas as doutrinas básicas


da justificação, da fé e as coisas necessárias à salvação são claramente
ensinadas de forma inteligível a qualquer pessoa, mas não devem ser
desprezadas as explicações de pessoas já instruídas para o entendimento de
textos mais complexos.

Neemias 8,8: “Leram no livro, na Lei de Deus, claramente, dando


explicações, de maneira que entendessem o que se lia”.

O desprezo pelo estudo bíblico é uma constante, muitos se julgam tão


capazes de conhecer a Deus, por suas sensações, quanto pastores e teólogos
mais experientes. Aqueles que receberam o dom de Deus para serem
ministros da doutrina, devem estar sempre à disposição para esclarecimentos
aos que pedirem.

Calvino: “Se alguém deseja resposta mais clara, assim a terá: Deus opera
em seus eleitos de duas maneiras: interiormente, através do Espírito;
exteriormente mediante a Palavra. Pelo Espírito, iluminando-lhes a mente e
plasmando o coração ao amor e ao cultivo da retidão, os faz novas criaturas.
Pela Palavra, despertando-os para que desejem, busquem, alcancem essa
mesma renovação. Em ambos – o Espírito e a Palavra – ele evidencia a
operação de sua mão, segundo a maneira de sua dispensação”.

A revelação geral

A Revelação Geral é o conhecimento de Deus através da luz da natureza e


das obras da criação, existem basicamente muitas opiniões a respeito da
Revelação Geral, seguem abaixo as quatro, que consideramos principais.

1 - Racionalismo:

Conforme essa corrente filosófica o conhecimento do homem resume-se ao


mundo físico natural, não é possível à mente humana, de nenhuma forma, o
conhecimento da causa primária do universo ou de uma mente suprema,
eterna e absoluta.

Porém, uma observação bastante simples, mostra que os homens têm


discernido evidências da presença de Deus, através da natureza, ao longo de
toda a história da humanidade, como se pode observar nas religiões de
selvagens ainda não tocados pela civilização e na mitologia de todos os
povos antigos, que apresentam deuses representativos das forças da natureza;
o sol, a lua, a colheita, a tempestade etc.

2 - O Argumento do Design (ou do Projeto):

Em contraposição ao argumento acima, é possível observar que as obras da


natureza sugerem sinais evidentes de um plano eterno e pré-determinado que
une o individual ao global, ao longo do tempo, visando um objetivo. Caso
contrário, o universo teria se autodestruído no caos resultante da
desorganização da natureza. Essa nova teoria é chamada de Argumento do
Design, ou do Projeto, e tem aceitação cada vez maior entre a comunidade
científica.

Mateus 10,29: “Não se vendem dois pardais por um asse? E nenhum deles
cairá em terra sem o consentimento de vosso Pai”.

Ainda contra o racionalismo bruto, pode-se observar que a consciência


universal do homem implica na responsabilidade para com um governo
moral e espiritual global, que é Deus. Isso é passível de constatação, pois as
leis e políticas que regem todos os países do mundo são baseadas nos padrões
morais e éticos da Lei de Deus, isso é o que torna o equilíbrio e a convivência
possível entre todas as nações.

Romanos 2,14-15: “Quando, pois, os gentios, que não têm lei, procedem,
por natureza, de conformidade com a lei, não tendo lei, servem eles de lei
para si mesmos. Esses mostram a norma da lei gravada no seu coração,
testemunhando-lhes também a consciência e os seus pensamentos,
mutuamente acusando-se ou defendendo-se”.

3 - A incognoscibilidade de Deus:

Essa corrente, defendida por teólogos renomados, que alegam ser cristãos,
afirma que o homem é incapaz de conhecer a Deus de forma alguma, nem
mesmo pela Escritura, pois não existe nenhum ponto comum entre a mente
do homem e a mente de Deus, dessa forma Deus é o “totalmente outro”.

Essa é apenas mais uma variante do irracionalismo, pois, toda verdade


conhecida pelo homem é partilhada pela mente de Deus, pois Deus conhece
todas as verdades, portanto, se o homem não pode conhecer algo sobre de
Deus ele não pode conhecer nenhuma verdade, não pode conhecer nada.

Tudo o que se pode conhecer de Deus é somente o que está revelado pela
Palavra, e o que dela claramente se pode deduzir, mas esse conhecimento,
mesmo sendo parcial, é real e comum entre Deus e o homem.

Salmo 148,11-13: “Reis da terra e todos os povos, príncipes e todos os juízes


da terra; rapazes e donzelas, velhos e crianças. Louvem o nome do
SENHOR, porque só o seu nome é excelso; a sua majestade é acima da terra
e do céu”.

4 – O racionalismo teísta:

Essa outra corrente afirma que a revelação natural é suficiente para orientar
e dirigir o homem em todo conhecimento de Deus. A única função da
Escritura nesse caso seria a de ilustrar e reforçar as verdades observadas no
mundo natural. Essa é uma religião humanista, totalmente voltada para o
enaltecimento do homem.

A bíblia revela, claramente, que o conhecimento possível de Deus através da


natureza não é suficiente para o conhecimento da salvação, nem tampouco
das formas de adoração e louvor agradáveis a Deus. As relações morais do
homem com Deus foram abaladas em caráter definitivo pela queda, dessa
forma o homem é incapaz de compreender pelos fatos do mundo natural a
natureza e os preceitos de Deus.

1 Coríntios 2,14: “Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de


Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se
discernem espiritualmente”.

A Escritura

Por todos os motivos expostos, Deus decidiu se revelar de forma sobrenatural


ao longo do tempo, através dos profetas, e na plenitude dos tempos, enviou
seu Filho como a mais completa e perfeita revelação de si mesmo.

Para conservação fiel da Palavra revelada, Deus ordenou que ela fosse escrita
e preservada intacta ao longo do tempo na mesma forma, como é conhecida
hoje, através da bíblia.

Antes da existência do cânon completo da bíblia, em certos períodos da


história, aprouve a Deus manifestar-se por diferentes formas e maneiras:
teofanias (manifestações físicas de Deus), vozes, sonhos, aparição de anjos,
visões, o urim e o tumim que eram pequenos objetos carregados pelos
sacerdotes levitas, profecias e outros meios, que desapareceram após o
recebimento da Escritura.

Êxodo 3,2: “Apareceu-lhe o Anjo do SENHOR numa chama de fogo, no meio


de uma sarça; Moisés olhou, e eis que a sarça ardia no fogo e a sarça não
se consumia”.

O Velho e o Novo Testamento apresentam os registros históricos e autênticos


de todas essas manifestações de Deus. Uma vez concluída a revelação
através da Palavra - o Velho e o Novo Testamento - cessaram esses antigos
modos de revelação, visto que a Escritura é o guia necessário e plenamente
suficiente para conduzir o crente em toda a vontade de Deus, preceituada
para o homem.

A Escritura é dada para os crentes, os eleitos de Deus, os incrédulos não


podem entender a bíblia porque as coisas de Deus somente se discernem
espiritualmente. Quando alguém nega uma verdade importante da Escritura,
o problema não está na Palavra, mas na mente do homem. Antes que alguém
possa entender os ensinamentos bíblicos sua mente deve ser aberta e
iluminada pelo Espírito Santo.

A Escritura toda é o evangelho, mas, o que é, e o que não é esse evangelho?


O que não é o evangelho: Todo falso evangelho faz a salvação ser, em
alguma medida, dependente da dignidade, da justiça ou da vontade do
homem.

O que é o evangelho: O verdadeiro evangelho é a mensagem da salvação


gratuita, provida pela graça incondicional de Deus, adquirida pelo sangue
expiatório de Cristo, para pecadores escolhidos na eternidade, eficazmente
operada pelo poder irresistível do Espírito Santo.

ALIANÇA DOS EVANGÉLICOS CONFESSIONAIS

James Montgomery Boice e outros – 1996

Declaração de Cambridge – Sola Scriptura:

A Erosão da Autoridade:

Só a Escritura é a regra inerrante da vida da igreja, mas a igreja evangélica


atual fez separação entre a Escritura e sua função oficial. Na prática, a
igreja é guiada, por vezes demais, pela cultura. Técnicas terapêuticas,
estratégias de marketing, e o ritmo do mundo de entretenimento muitas vezes
tem mais voz naquilo que a igreja quer, em como funciona, e no que oferece,
do que a Palavra de Deus.

Os pastores negligenciam a supervisão do culto, que lhes compete, inclusive


o conteúdo doutrinário da música. À medida que a autoridade bíblica foi
abandonada na prática, que suas verdades se enfraqueceram na consciência
cristã, e que suas doutrinas perderam sua proeminência, a igreja foi cada
vez mais esvaziada de sua integridade, autoridade moral e discernimento.

Tese:

Reafirmamos a Escritura inerrante como fonte única de revelação divina


escrita, única para constranger a consciência. A Bíblia sozinha ensina tudo
o que é necessário para nossa salvação do pecado, e é o padrão pelo qual
todo comportamento cristão deve ser avaliado. Negamos que qualquer
credo, concílio ou indivíduo possa constranger a consciência de um crente,
que o Espírito Santo fale independentemente de, ou contrariando, o que está
exposto na Bíblia, ou que a experiência pessoal possa ser veículo de
revelação.

A NATUREZA DA ESCRITURA
A revelação natural é suficiente para condenar o homem, como se pode ver
no primeiro capítulo da Carta aos Romanos, mas insuficiente para a salvação.
Por esse motivo, aprouve a Deus se revelar através da palavra escrita, dessa
forma, comunicou progressivamente aos homens ao longo dos séculos, as
verdades necessárias à salvação que, de outro modo, seriam desconhecidas.

A finalidade primordial da Palavra é a transmissão do conhecimento de


Deus, de forma inteligível e de compreensão possível pela mente humana. A
natureza verbal da revelação bíblica revela o propósito de Deus para o
conhecimento de si mesmo: O estudo e a pregação, por intermédio da
Palavra. Essa natureza da revelação indica claramente que outras formas do
conhecimento de Deus, tais como imagens, sensações e experiências, são
meios pretensiosos e contrários à vontade revelada de Deus.

O louvor através da música seria impossível sem as palavras contidas nas


letras dessas músicas, os salmos eram musicais, mas somente as palavras
ficaram registradas na Escritura, a melodia se perdeu, mas as palavras estarão
lá para sempre. A mesma coisa acontece com relação a experiências
sobrenaturais: Sem a revelação bíblica elas serão somente experiências com
o desconhecido.

A Escritura não é um livro didático, não é um romance, não é um livro de


fábulas; a Escritura é a revelação pessoal de Deus, nada se pode conhecer de
Deus além da revelação, que merece por isso a mesma reverência exigida
perante Deus.

Um dos argumentos usados pelos anti-intelectuais é que essa aceitação da


Escritura leva a uma valorização maior da historicidade dos acontecimentos
que dos fatos em si mesmos, mas como seriam conhecidos os fatos da
história bíblica sem a descrição do acontecido? A única revelação possível é
o registro bíblico, portanto, confiar em Deus é confiar na Palavra de Deus.

2 Timóteo 3,16: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino,
para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça”.

A INSPIRAÇÃO DA ESCRITURA

B. B. Warfield: “Os livros bíblicos são chamados inspirados por serem o


produto, divinamente determinado, de homens inspirados; os escritores
bíblicos são chamados inspirados por terem recebido o sopro do Espírito
Santo, de maneira que o produto de suas atividades transcende a capacidade
humana e recebe autoridade divina”.
Inspiração no texto bíblico significa - “O Sopro de Deus” (RUAH ou
NESHAMAH) - a transmissão irresistível de sua vontade soberana e de seu
poder. Por esse motivo, a bíblia é a Palavra de Deus, e dessa forma todo
conteúdo da bíblia, o Velho e o Novo Testamento, constituem uma única
revelação, um único pacto e uma única forma de salvação, da mesma forma
que Deus é único e imutável, assim também é sua palavra.

Jesus dá a entender claramente, quando responde aos escribas e fariseus, que


a origem dos erros e heresias procede da ignorância da Escritura.

Mateus 22,29: “Respondeu-lhes Jesus: Errais, não conhecendo as


Escrituras nem o poder de Deus”.

Marcos 12,24: “Respondeu-lhes Jesus: Não provém o vosso erro de não


conhecerdes as Escrituras, nem o poder de Deus?”.

Existe uma interpretação da inspiração bíblica que a imagina como um


ditado aos escritores, da mesma forma como se dita uma carta a uma
secretária; essa interpretação deve ser rejeitada, pois desvaloriza
completamente o ser humano e o contexto histórico, temporal e geográfico
do autor e do livro.

A. H. Strong: “Os escritores da Bíblia parecem ter sido tão influenciados


pelo Espírito Santo que perceberam e sentiram efetivamente as novas
verdades, que eles deviam publicar, como descobertas das suas próprias
mentes e, ao expressar tais verdades, permitiu-se a ação das suas próprias
mentes, com a única exceção de que eles eram sobrenaturalmente imunes na
seleção de palavras erradas e, quando necessário, eram providas as
corretas. Portanto, a inspiração não é verbal (como se fosse um ditado feito
pelo Espírito), conquanto reivindiquemos que não se admitiu nenhuma
forma de palavras, tomadas em suas conexões, que ensinassem o erro na
Escritura”.

Deus suscitou os seus profetas e escritores e os destinou desde a eternidade


para escrever os livros da bíblia, o controle de Deus é de tal forma completo
e abrangente, que ele determinou todos os fatores que ocorreriam nas vidas
dos escritores bíblicos, de forma que seus conhecimentos, características
pessoais, formação, localização e cenário histórico eram exatamente
adequados para escrever os livros correspondentes, sob o controle absoluto
do Espírito Santo: Através do sopro do Todo Poderoso (DEUS).
Jeremias 1,5: “Antes que eu te formasse no ventre materno, eu te conheci, e,
antes que saísses da madre, te consagrei, e te constituí profeta às nações”.

A inerrância da Escritura não se refere a genealogias, valores, datas, números


ou detalhes, isso pode variar conforme a época ou a interpretação do autor,
o que somente vem a atestar a independência de cada um. A inerrância se
refere aos fatos, necessários e suficientes, para a transmissão correta e
coerente da doutrina ao longo do tempo.

A finalidade dos autores bíblicos é narrar os fatos religiosos, os pormenores


históricos e aritméticos somente têm importância onde dizem respeito
diretamente à transmissão desses fatos religiosos, no mais, a sua importância
é relativa e podem variar conforme a interpretação ou conhecimento do
autor.

A inspiração não permite o engano consciente, mas permite a idealização do


autor em coisas que não interferem na transmissão da doutrina e dos fatos
religiosos.

Sustentamos, todavia, que no caso dos autores bíblicos, a inspiração não


permitiu sacrifício algum na transmissão da doutrina e dos fatos religiosos,
bem como da verdade moral implícita nesses fatos. Dessa forma, a Escritura
está tecida em um todo completo e orgânico que ensina o conhecimento
essencial, necessário e suficiente, para o conhecimento de Deus, do que ele
requer do homem e do plano de redenção em Cristo.

R.V. Foster - Sistematic Theology: “Inerrância não é estar livre de


afirmativas equivocadas, mas do erro (doutrinário) definido como aquilo
que desencaminha em qualquer sentido serio ou importante”.

A UNIDADE DA ESCRITURA

A Escritura, sendo a palavra de Deus tem apenas um autor, por esse motivo
ela também é una e indivisível. Deus é um em seu ser e propósito, assim
também, sua Palavra revelada é uma em sua constituição e propósito. Esse
fato é de extrema importância, a Escritura não pode se contradizer ou
divergir, não existe nenhum ensinamento no Velho Testamento que não seja
confirmado ou explicado no Novo, só existe um povo de Deus, um pacto,
uma forma de salvação.

A unidade da Escritura está em Jesus Cristo, do Gênesis ao Apocalipse a


revelação de Cristo como o salvador e revelador da graça de Deus permeia
por toda a Escritura, como disse Spurgeon: “Onde quer que se fure as
Escrituras, jorra o sangue do Cordeiro”.

A unidade da Escritura pressupõe um princípio básico da interpretação - a


Escritura interpreta a Escritura - todas as passagens devem ser vistas dentro
do contexto da totalidade da revelação, não existem paradoxos ou
contradições na Escritura, isso significa que toda a bíblia é importante e
nenhuma parte dela deve ser negligenciada.

Apesar de que, a Escritura excede o que os homens podem produzir sem a


inspiração de Deus, ela não está além do que os homens podem ler, ouvir e
entender; isso é chamado de Inspiração Orgânica da Escritura.

Quando alguém tem um entendimento de uma passagem da bíblia em


contradição com outra, é porque está fazendo uso errado de uma delas. Esse
exemplo é visto claramente no capítulo quatro de Mateus, onde o diabo tenta
Jesus distorcendo algumas passagens bíblicas, Jesus, ao contrário, responde
sempre com outras passagens que fornecem a interpretação correta daquelas
mal utilizadas pelo demônio, corroborando dessa forma a unidade da
Escritura. Da mesma forma Jesus procede com os escribas e fariseus,
respondendo sempre através da Escritura, comprovando a norma que a
Escritura interpreta a Escritura.

Existe hoje uma tendência, na igreja, que considera como piedade admitir
paradoxos e contradições nas escrituras, e, mesmo assim, acreditar como se
fosse verdade (Karl Barth, Kierkegaard, Emil Bruner), essa é uma posição
de descrédito e impiedade indigna de um cristão.

Porque a ciência contém paradoxos e contradições a bíblia não segue esse


padrão, antes a ciência e a história devem se aferidas pela revelação bíblica
e não o contrário, como já foi dito. A bíblia é uma unidade, tudo na bíblia
refere-se ao mesmo Deus e o mesmo caminho de salvação, por isso Jesus
afirma com frequência a unidade das escrituras em todo tempo de seu
ministério:

Salmo 40,7: “Então, eu disse: eis aqui estou, no rolo do livro está escrito a
meu respeito”.

Hebreus 10,7: “Então, eu disse: Eis aqui estou (no rolo do livro está escrito
a meu respeito), para fazer, ó Deus, a tua vontade”.

João 5,39: “Examinai as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna,
e são elas mesmas que testificam de mim”.
A bíblia não contém proposições contraditórias, apesar de existirem
passagens de difícil interpretação a doutrina é sempre exposta de maneira
objetiva e inteligível, os homens é que não aceitam a doutrina revelada e
criam muita confusão a partir disto.

Confissão de Fé de Westminster, Capítulo I – Seção VII: “Na Escritura não


são todas as coisas igualmente claras em si, nem do mesmo modo evidentes
a todos; contudo, as coisas que precisam ser obedecidas, cridas e
observadas para a salvação, em um ou outro passo da Escritura são tão
claramente expostas e explicadas, que não só os doutos, mas ainda os
indoutos, no devido uso dos meios ordinários, podem alcançar uma
suficiente compreensão delas”.

Muitos religiosos, por exemplo, afirmam que a bíblia ensina tanto a


soberania de Deus quanto a liberdade do homem; todavia, afirmar a
soberania de Deus é negar a liberdade do homem e afirmar a liberdade do
homem é negar a soberania de Deus. Essa é uma contradição que só existe
na mente dessas pessoas, pois a bíblia afirma claramente a soberania de Deus
e nega a liberdade do homem.

Romanos 9,20: “Quem és tu, ó homem, para discutires com Deus?!


Porventura, pode o objeto perguntar a quem o fez: Por que me fizesse
assim?”.

Existem coisas difíceis de entender, tais como a deidade e humanidade de


Cristo ou a Trindade Divina, mas o fato de serem difíceis ao entendimento
não significa que a doutrina seja confusa, pois é claramente revelada, o
entendimento do homem finito é falho e não a revelação, pois o que de Deus
se pode compreender, Ele revelou.

Deuteronômio 29,29: “As coisas encobertas pertencem ao SENHOR, nosso


Deus, porém as reveladas nos pertencem, a nós e a nossos filhos, para
sempre, para que cumpramos todas as palavras dessa lei”.

Os cristãos não têm como alternativa negar as doutrinas bíblicas, mas afirmar
e defender a unidade e coerência da Escritura. Cabe a eles muito estudo,
dedicação e orações para que se tornem obreiros dignos de Nosso Senhor.

2 Timóteo 2,15: “Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que


não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade”.

A INFALIBILIDADE DA ESCRITURA
Deus é perfeito e porque a Escritura é a Palavra de Deus ela é perfeita
também. Procurar erros na Escritura é procurar erros em Deus, se alguém
recebe a bíblia como factível de erros está negando a soberania e
imutabilidade de Deus. A Escritura é uma só, qualquer tentativa de alteração
é uma tentativa para destruí-la. Não se pode retirar ou negar qualquer parte
da Escritura sem deixar atrás de si ruína e destruição.

João 10,35: “Se ele chamou deuses àqueles a quem foi dirigida a palavra de
Deus, e a Escritura não pode falhar”.

Jesus aqui, diz com clareza que: “a Escritura não pode falhar”. Todos os
estudos voltados para encontrar erros na Escritura foram e serão vãos,
encontram-se diretamente sob o justo juízo e a ira de Deus: A infalibilidade
da bíblia é consequência da unidade e da inspiração divina. O resultado
prático da infalibilidade é a inerrância da bíblia.

Romanos 3,3-4: “E daí? Se alguns não creram, a incredulidade deles virá


desfazer a fidelidade de Deus? De maneira nenhuma! Seja Deus verdadeiro,
e mentiroso, todo homem”.

Existe uma tendência em crer que a bíblia é infalível como orientação


espiritual, mas contém erros em um sentido histórico e material. Ora, se o
fato histórico não é verdadeiro seu sentido espiritual é falso e a afirmação
anterior, apesar de revestida de falsa piedade, deve ser rejeitada como
herética. Jesus afirma que nenhum til ou jota cairá da Lei, todo aquele que
rejeita a inerrância da Escritura está rejeitando todo cristianismo.

A Escritura é o princípio primeiro, e também a única revelação objetiva sobre


a qual todo o cristianismo é elaborado, não existe um princípio de
conhecimento anterior ou superior à Escritura segundo o qual é possível
julgar ou pressupor a existência de erros ou acertos:

- Se a Escritura é falível, todo cristianismo é falso, e quem acredita nisso


deve ter a dignidade de abandonar o cristianismo.

A posição dos cristãos deve ser muito clara com relação à infalibilidade e
inerrância da bíblia, sempre que o assunto for levantado o crente deve estar
disposto a definir essa posição com firmeza e suficiente clareza.

Indo mais longe, pode-se afirmar com convicção que uma das razões pela
qual o evangelismo moderno somente consegue resultados superficiais é
devido à relutância dos missionários em defender, com ardor, a historicidade,
a autoridade da bíblia e a soberania de Deus.

A AUTORIDADE DA ESCRITURA

A bíblia é auto autenticada porque é a Palavra de Deus, como já foi visto, ela
é inspirada, única e infalível, de onde vem sua autoridade suprema sobre a
vida dos cristãos. A certeza de que a bíblia procede de Deus, vem do
testemunho interior do Espírito Santo na mente do crente escolhido por Deus,
em Jesus Cristo.

1 Coríntios 2,4-5: “A minha palavra e a minha pregação não consistiram


em linguagem persuasiva de sabedoria, mas em demonstração do Espírito e
de poder, para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria humana, e sim
no poder de Deus”.

Não existe tradição, autoridade ou regra humana que seja maior que a
Palavra de Deus, nenhum tipo de ensino ou legislação pode contradizer algo
que a Palavra afirma, ela tem autoridade em todas as questões de doutrina e
legislação, civil ou religiosa. Em muitas passagens bíblicas são mencionados
os benefícios da Escritura, porém esses benefícios somente ocorrem em
função de sua autoridade.

As circunstâncias e variações históricas ou científicas não alteram em


absoluto a palavra de Deus, porque Deus é imutável, Ele conhece o fim desde
o princípio, conhece todas as coisas no presente, passado e futuro e de tudo
aquilo que determinou nada será alterado.

Mateus 10,29: “Não se vendem dois pardais por um asse? E nenhum deles
cairá em terra sem o consentimento de vosso Pai”.

Outra consideração, é o fato de que Jesus manifesta claramente a necessidade


de revelar Deus e a vida eterna através do conhecimento, conhecimento esse
que vem única e tão somente da autoridade da Palavra. Esse fato é tão
poderoso, que Jesus compara o conhecimento de Deus à vida eterna, e chama
os apóstolos de amigos somente pelo motivo de que eles tiveram o
conhecimento do evangelho.

João 17,3: “E a vida eterna é essa: que te conheçam a ti, o único Deus
verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste”.
João 15,15: “Já não os chamo servos, porque o servo não sabe o que o seu
senhor faz. Em vez disso, eu os tenho chamado amigos, porque tudo o que
ouvi de meu Pai eu lhes tornei conhecido”.

Se a vida eterna é o conhecimento de Deus, se o conhecimento de Deus vem


somente pela Palavra, e Jesus pessoalmente, afirma isso, qual autoridade
maior que essa Palavra revelada pode ser procurada? Jesus também afirma
que o amor é a obediência aos seus mandamentos, os quais somente são
conhecidos através da Palavra.

João 14,21: “Quem tem os meus mandamentos e lhes obedece, esse é o que
me ama. Aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu também o amarei
e me revelarei a ele”.

Tudo o que se pode conhecer de Deus é revelado através da Escritura, se


Deus é soberano e tem autoridade sobre todas as coisas, assim também é a
Palavra de Deus. Em muitas passagens bíblicas a Escritura é tratada como a
mesma autoridade de Deus.

Gálatas 3,8: “Ora, tendo a Escritura previsto que Deus justificaria pela fé
os gentios, preanunciou o evangelho a Abraão: Em ti, serão abençoados
todos os povos”.

Romanos 9,17: “Porque a Escritura diz a Faraó: Para isso mesmo te


levantei, para mostrar em ti o meu poder e para que o meu nome seja
anunciado por toda a terra”.

Josh Mc Dowel: “O islamismo é incapaz de indicar qualquer profecia


acerca da vinda de Maomé e que tenha sido pronunciada centenas de anos
antes de seu nascimento. De igual modo, os fundadores de quaisquer das
seitas existentes nesse país (no caso, os E.U.A., mas isso pode ser estendido
para todo o mundo) são incapazes de identificar com precisão qualquer
texto antigo que especificamente tivesse predito o surgimento deles”.

A AUTORIDADE DA ESCRITURA E OS TESTEMUNHOS

Os escritores do Novo Testamento foram testemunhas oculares do


ministério de Jesus, ou tiveram o testemunho pessoal dos apóstolos; mas,
os escribas, fariseus, gnósticos e judaizantes também estavam na mesma
situação. Dessa forma, toda a pregação dos apóstolos deveria ser
baseada na estrita verdade dos fatos, caso contrário eles seriam
contestados pelos seus inimigos, que eram muito mais numerosos e
poderosos que os simpatizantes.
Veja abaixo, o cuidado extremo e ao mesmo tempo a segurança de Lucas no
início de seu evangelho.

Lucas 1,1-3: “Visto que muitos houve que empreenderam uma narração
coordenada dos fatos que entre nós se realizaram, conforme nos
transmitiram os que desde o princípio foram deles testemunhas oculares e
ministros da palavra, igualmente a mim me pareceu bem, depois de acurada
investigação de tudo desde sua origem, dar-te por escrito, excelentíssimo
Teófilo, uma exposição em ordem”.

O mesmo acontece com Pedro e João, eles evocam o próprio testemunho na


exposição de suas epístolas.

1 João 1,3: “O que temos visto e ouvido anunciamos também a vós outros...”.

2 Pedro 1,16: “Porque não vos demos a conhecer o poder e a vinda de nosso
Senhor Jesus Cristo seguindo fábulas engenhosamente inventadas, mas nós
mesmos fomos testemunhas oculares da sua majestade”.

Em outros casos, os apóstolos apelam para o testemunho de seus detratores


na confirmação de suas afirmações, veja abaixo.

Atos 2,22: “Varões israelitas, atendei a essas palavras: Jesus, o Nazareno,


varão aprovado por Deus diante de vós com milagres, prodígios e sinais, os
quais o próprio Deus realizou por intermédio dele entre vós, como vós
mesmos sabeis”.

Atos 26,26: “Porque tudo isso é do conhecimento do rei, a quem me dirijo


com franqueza, pois estou persuadido de que nenhuma dessas coisas lhe é
oculta; porquanto nada se passou em algum lugar escondido”.

Pode-se ver, dessa forma, que os testemunhos aos quais os apóstolos


apelavam não eram somente os seus próprios, mas eles suscitavam
corajosamente os testemunhos dos seus detratores, pois sabiam com certeza
que o ministério de Jesus tanto havia sido confirmado por eles como também
por todas as pessoas que viveram naquela época e local.

Os judeus não queriam aceitar o ministério de Jesus, mas ao mesmo tempo,


não podiam negar a realidade de suas obras.

João 10,24-25: “Rodearam-no, pois, os judeus e o interpelaram: Até quando


nos deixarás a mente em suspenso? Se tu és o Cristo, dize-o francamente.
Respondeu-lhes Jesus: Já vo-lo disse, e não credes. As obras que eu faço em
nome de meu Pai testificam a meu respeito”.

A AUTORIDADE DA ESCRITURA E A IGREJA


CONTEMPORÂNEA

Moisés escreveu a lei moral há três mil e quinhentos anos atrás, Paulo
escreveu sobre a posição e o comportamento da mulher no lar e na igreja há
dois mil anos atrás, isso não torna o que foi escrito desatualizado ou inválido,
pois quem revelou foi Deus e não Moisés ou Paulo.

Todavia, o que vemos hoje é uma tolerância tão aberta quanto às aberrações
doutrinárias, que grassam dentro da igreja, que é melhor denominado de
conivência. Essa atitude tem transformado as congregações religiosas em
clubes, onde cada um acredita naquilo que quer, sem a menor direção
doutrinária ou respeito pela Escritura e pelas regras de fé estabelecidas, pois,
a busca pelo dízimo tornou-se a regra de fé da moderna igreja evangélica.

1 Pedro 5,2: “Pastoreai o rebanho de Deus que há entre vós, não por
constrangimento, mas espontaneamente, como Deus quer; nem por sórdida
ganância, mas de boa vontade”.

Por outro lado, quanto às regras morais, os religiosos não se contentam em


se ater à Escritura, mas sobrecarregam os crentes com regras e mais regras,
que nem sempre estão presentes na bíblia, e que poderiam, de alguma forma,
ser reavaliadas em função de uma nova situação social e jurídica atual.

Não podemos nos esquecer da historicidade bíblica, a situação em que


Moisés apresentou a lei era bastante diferente da atualidade. É possível, e
necessário, avaliar novas situações em vista da realidade social,
estabelecendo novas regras, sem confrontar o cerne doutrinário da Escritura.
É uma tarefa fácil? Não é fácil, mas Jesus não prometeu facilidades para seus
mestres.

Tiago 3,1: “Meus irmãos, não vos torneis, muitos de vós, mestres, sabendo
que havemos de receber maior juízo”.

Preservar a inerrância da Escritura: Evitar o erro doutrinário a qualquer


custo, mas sem sobrecarregar os crentes com cargas desnecessárias.

Mateus 11,30: “Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve”.


Todos são bastante rígidos nesse aspecto moral, porque é mais fácil fiscalizar
a vida social do crente que preservar a sã doutrina. Também é agradável, ao
homem religioso, ser o dono de sua salvação, dessa forma, transformam o
atual cristianismo em uma série de normas de moral e ética, onde o homem
será salvo por uma vida de alto padrão moral e pela sua justiça própria,
transformando Jesus em um mero exemplo de vida a ser seguido.

Nessa doutrina de moralidade, a realidade de Jesus é totalmente distorcida


pelo falso pietismo reinante e por uma doutrina tímida e covarde, onde o
cristão é levado a um grau de tolerância fora de propósito, tendo que dar
prioridade ao “politicamente correto”, sendo proibida aos pastores, oficiais
e membros da igreja, velada ou diretamente, a repreensão e correção
doutrinária de seus pretensos irmãos.

2 Timóteo 3,16: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino,
para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça”.

A SUFICIÊNCIA DA ESCRITURA

Imagine alguém andando com Jesus em Israel, observando pessoalmente


seus milagres, ouvindo seus ensinos, então sua fé seria mais forte, mas... o
que diz o apóstolo Pedro, que teve a oportunidade de realizar esse desejo?

Em primeiro lugar ele confirma sua autoridade como apóstolo que esteve
presente, juntamente com Jesus em seu ministério terreno.

2 Pedro 1,16: “Porque não vos demos a conhecer o poder e a vinda de nosso
Senhor Jesus Cristo seguindo fábulas engenhosamente inventadas, mas nós
mesmos fomos testemunhas oculares da sua majestade”.

Baseado nessa sua experiência e autoridade, que não poderia ser negada
pelos detratores, ele confirma, em seguida, a Palavra como sendo superior
ao testemunho pessoal dos apóstolos.

2 Pedro 1,19-21: “Temos, assim, tanto mais confirmada a palavra profética,


e fazeis bem em atendê-la, como a uma candeia que brilha em lugar
tenebroso, até que o dia clareie e a estrela da alva nasça em vosso coração,
sabendo, primeiramente, isso: que nenhuma profecia da Escritura provém
de particular elucidação; porque nunca jamais qualquer profecia foi dada
por vontade humana; entretanto, homens santos falaram da parte de Deus,
movidos pelo Espírito Santo”.
Pedro diz, que a Escritura é “uma ainda mais firme palavra de profecia”
(KJV), a Escritura é uma revelação mais firme do que os apóstolos tiveram.
Pedro está dizendo que ela é ainda mais segura que o testemunho ocular: isso
é a suficiência da Escritura. O testemunho é humano, a Escritura, inspirada
diretamente por Deus, é divina.

A bíblia tem os ensinamentos suficientes e necessários para dirigir toda a


vida do crente e capacitá-lo a agir e pensar coerentemente de acordo com a
orientação de Deus. Isso significa que os outros meios para conhecimento de
Deus, através de sonhos, aparições, visões e profecias, cessaram após o
período apostólico.

2 Timóteo 3,16-17: “Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa


para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça. Para
que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a
boa obra”.

Isso não quer dizer que a presença e os dons distribuídos pelo Espírito
cessaram, o Espírito opera a salvação e a regeneração do cristão, ele continua
atuando e concedendo dons aos homens, mas, após a morte de Cristo, a
salvação se processa, usualmente, através da Palavra e a operação do Espírito
é discreta e independe da vontade do homem.

João 3,8: “O vento sopra onde quer, ouves a sua voz, mas não sabes donde
vem, nem para onde vai; assim é todo o que é nascido do Espírito”.

A NECESSIDADE DA ESCRITURA

O conhecimento e o louvor a Deus necessitam de entendimento apropriado,


o conhecimento vem pelo ouvir ou pelo estudo da Palavra e o entendimento
pelo Espírito, ora, em um e outro caso o conhecimento de Deus virá pela
Palavra revelada: A bíblia.

Esse conhecimento vem pelo estudo diligente e pela pregação da Palavra,


mas a pregação não retira a necessidade do estudo bíblico. Não existe outra
revelação, daí a necessidade crucial da Escritura.

A bíblia tem o monopólio da revelação de Deus e das instruções necessárias


sobre todas as coisas. Isso pode ser visto na parábola do rico e do mendigo
Lázaro, o homem rico simboliza o homem natural, Abraão representa Deus,
Moisés e os profetas representam a Escritura.
Lucas 16,30-31: “Mas ele insistiu: Não, pai Abraão (SENHOR); se alguém
dentre os mortos for ter com eles, arrepender-se-ão. Abraão (Deus), porém,
lhe respondeu: Se não ouvem a Moisés e aos Profetas (a Escritura),
tampouco se deixarão persuadir, ainda que ressuscite alguém dentre os
mortos”.

Toda realidade universal, na qual se baseiam as leis morais e éticas que


regem todas as nações somente são possíveis a partir da Escritura, não
existem absolutos fora da Palavra. Intelectuais, políticos e legisladores irão
certamente negar esse fato, mas inutilmente, pois, se não existissem esses
absolutos morais baseados na revelação divina o mundo já teria se destruído
na confusão resultante do conflito moral entre as nações.

Cristo é a luz do mundo, é ele que ilumina todos os homens com a capacidade
intelectual e o conhecimento, sejam eles eleitos ou réprobos. Por essa luz do
conhecimento Deus é revelado a todos os homens através consciência inata
de cada um, mas àqueles escolhidos para a salvação, a mente de Cristo é
revelada pela Escritura.

1 Coríntios 2,16: “Pois quem conheceu a mente do Senhor, que o possa


instruir? Nós, porém, temos a mente de Cristo”.

Dessa forma pode-se constatar que a Escritura é necessária para governar


toda a vida do cristão: Conhecimento, pregação, oração e todas as atitudes
no dia a dia, de forma a tornar possível a salvação. Esse governo total da
Escritura na vida do cristão chama-se cosmovisão bíblica, uma visão do
mundo e das coisas do mundo exclusivamente sob a ótica do sistema bíblico.

A INTOLERÂNCIA BÍBLICA

Existirá sempre na fé cristã um lado de intolerância. Indo mais longe: Se não


existe no crente esse lado de intolerância, nunca existiu a fé.

A Escritura diz claramente que colocar alguma coisa, ou alguém, ou a si


mesmo, ao lado de Cristo, tirando a exclusividade da salvação em Jesus
Cristo, é negação da verdade bíblica consistindo em heresia e abominação
perante Deus.

Atos 4,12: “E não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não
existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que
sejamos salvos”.
“Nenhum outro” tem um significado absoluto: “Nenhum outro além de
Cristo”. Mesmo que sejam anjos, santos ou principalmente a própria pessoa,
a advertência é claríssima.

Gálatas 1,8: “Mas, ainda que nós, ou mesmo um anjo vindo do céu, vos
pregue evangelho que vá além do que vos temos pregado, seja anátema”.

Isso não é brincadeira, anátema quer dizer: Amaldiçoado. A Escritura é a


Palavra de Deus, por isso tem autoridade e infalibilidade, não se devem levar
a sério somente os aspectos positivos da revelação do amor de Deus, mas,
antes disso, existe a obrigação de pregar todo o conselho de Deus.

Atos 20,26-27: “Portanto, eu vos protesto, no dia de hoje, que estou limpo
do sangue de todos; porque jamais deixei de vos anunciar todo o desígnio
de Deus”.

Existe, atualmente, uma tendência, muito forte, na igreja, em falar somente


das coisas positivas e enaltecedoras da Escritura, mas, como fazia Jesus? Ele
era tolerante com relação aos falsos mestres? Ele não falava palavras duras
aos seus ouvintes? Ele não desafiava abertamente os religiosos e governantes
da época?

Se a ideia de Deus é que os seus filhos sejam conformados à imagem de Jesus


Cristo, certamente se trata da imagem completa. Cultuar um Jesus tímido e
relutante é desprezar o conselho de Deus e calcar aos pés o seu Filho amado.

Jesus chamou os fariseus e escribas de: serpentes, raça de víboras, filhos do


diabo, hipócritas, guias cegos, insensatos, filho do inferno e malditos. Nosso
Senhor era um homem decidido que nunca aceitou os falsos mestres e a
imputação de justiça própria aos homens, porque os modernos Cristãos não
fazem o mesmo?

Leia com atenção o capítulo vinte e três do evangelho de Mateus, depois


reflita sobre essa timidez reinante na igreja, se tem fundamento bíblico ou se
trata de invenção humana.

Mateus 23,15,17: “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque rodeais


o mar e a terra para fazer um prosélito; e, uma vez feito, o tornais filho do
inferno duas vezes mais do que vós! Ai de vós, guias cegos, que dizeis: Quem
jurar pelo santuário, isso é nada; mas, se alguém jurar pelo ouro do
santuário, fica obrigado pelo que jurou! Insensatos e cegos! Pois qual é
maior: o ouro ou o santuário que santifica o ouro?”.
Essa pregação que diz respeito somente ao amor de Deus, ao perdão e às
coisas agradáveis da bíblia chama-se: “Evangelho Positivo”. O que diz o
apóstolo Paulo, a respeito dessa omissão voluntária de parte do ensino da
Escritura que é desagradável ao homem?

Atos 20, 26-27: “Portanto, eu vos protesto, no dia de hoje, que estou limpo
do sangue de todos; porque jamais deixei de vos anunciar todo o desígnio
de Deus”.

Quando os ministros eclesiásticos se apegam ao Evangelho Positivo, eles


fracassam em levar o conselho de Deus ao conhecimento de seus ouvintes,
como resultado, as pessoas não reconhecem mais o erro e permanecem em
uma condição de ignorância infantil, apegando-se aos erros e ajudando a
propagá-los, pois esse evangelho positivo é sobremaneira agradável ao ego
humano.

Mais do que nunca, é preciso assumir vigorosamente que os erros devem ser
denunciados, pregar o Evangelho do Amor é o reflexo sempre presente da
busca de honra e glória entre os homens, mas o que é agradável ao homem
nem sempre é agradável a Deus.

O joio irá crescer junto com o trigo dentro da igreja até a ceifa final, mas
ninguém tenha isso como tolerância da parte de Deus, os réprobos religiosos
estarão na igreja, até o fim, para que se encha a medida de sua iniquidade.

Pergunta - Habacuque 1,13: “Tu és tão puro de olhos, que não podes ver o
mal e a opressão não podes contemplar; por que, pois, toleras os que
procedem perfidamente e te calas quando o perverso devora aquele que é
mais justo do que ele”?.

Resposta - Mateus 13,30: “Deixai-os crescer juntos até à colheita, e, no


tempo da colheita, direi aos ceifeiros: ajuntai primeiro o joio, atai-o em
feixes para ser queimado; mas o trigo, recolhei-o no meu celeiro”.

O CÂNON BÍBLICO

O VELHO TESTAMENTO – trinta e nove livros


Gênesis 1Reis Eclesiastes Obadias
Êxodo 2Reis Cantares Jonas
Levítico 1Crônicas Isaías Miquéias
Números 2Crônicas Jeremias Naum
Deuteronômio Esdras Lamentações Habacuque
Josué Neemias Ezequiel Sofonias
Juizes Ester Daniel Ageu
Rute Jó Oséias Zacarias
1Samuel Salmos Joel Malaquias
2Samuel Provérbios Amós

O NOVO TESTAMENTO – vinte e sete livros


Mateus Efésios Hebreus
Marcos Filipenses Tiago
Lucas Colossenses 1Pedro
João 1Tessalonissenses 2Pedro
Atos 2Tessalonissenses 1João
Romanos 1Timóteo 2João
1Coríntios 2Timóteo 3João
2Coríntios Tito Judas
Gálatas Filemom Apocalipse

São, ao todo, sessenta e seis livros, sendo trinta e nove no Velho Testamento
e vinte e sete no Novo Testamento.

Os cinco primeiros livros da bíblia chamam-se Pentateuco e sua autoria é


atribuída a Moisés. Esses livros se referem à história dos patriarcas, à vida
no Egito e ao Êxodo, mais a lei e os estatutos políticos e religiosos para o
povo hebreu recebidos por Moisés no Monte Sinai.

Os livros desde Josué, até Neemias, são os livros históricos que relatam
aproximadamente mil anos da vida do povo hebreu - desde o século XV a.
C. até o século V a. C. - sendo os eventos principais: a conquista da terra
prometida, a história dos Juízes e dos reis de Israel e Judá, o exílio na
Babilônia, o retorno e a reconstrução do templo.

O livro de Rute conta a história de uma moabita que se converteu ao Deus


de Israel e casou-se com Boás, vindo a ser ascendente de Jesus na linhagem
de Judá.

O livro de Ester conta a história da pretendida destruição do povo judeu,


frustrada pela intrepidez e decisão de Ester, então casada com o Rei Assuero
(Artaxerxes) da Pérsia.

Os livros de Jó, Salmos, Provérbios e Eclesiastes são chamados livros


sapienciais, porque são livros que tratam do conhecimento de Deus e de suas
prescrições para os homens.
O livro de Cantares é um poema de Salomão dedicado a uma de suas esposas,
provavelmente Abisague, a sunamita (sulamita), que foi casada com Davi
em sua velhice.

Os livros proféticos: Isaías, Jeremias (incluindo Lamentações), Ezequiel e


Daniel são chamados profetas maiores, os doze profetas em seguida, de
Oséias a Malaquias, são chamados profetas menores.

Por aqui, se encerra o Velho Testamento.

O Novo Testamento começa com os evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas,


que são conhecidos como evangelhos sinóticos. O evangelho de Marcos foi
escrito primeiro e todos os três sinóticos têm passagens paralelas referentes
aos mesmos fatos, mas são diferentes na abordagem e finalidade.

Os evangelhos:

- O evangelho de Mateus foi escrito para os judeus, provando que em Jesus


confirmam-se as profecias do Velho Testamento.

- Marcos escreve o seu evangelho colocando Jesus como o Filho do Homem,


que pela sua perfeita obediência cumpriu a lei de forma completa e cabal em
lugar dos eleitos.

- Lucas é o evangelista que mais se aproxima de um historiador, preocupa-


se em pesquisar e relatar os fatos conforme verificação precisa dos
testemunhos e da situação em que os mesmos ocorreram.

- O evangelho de João apresenta Jesus como o Cristo, o Verbo encarnado, a


luz do mundo, verdadeiramente divino e humano, perfeitamente apto para
ser o salvador de seu povo: Os pecadores que lhe foram dados por Deus para
a salvação.

O livro de Atos dos Apóstolos foi escrito por Lucas como continuação de
seu evangelho e relata os primeiros anos do cristianismo, a conversão de
Paulo e suas viagens missionárias.

Seguem as doze cartas do apóstolo Paulo, o grande teólogo e sistematizador


da doutrina cristã. Paulo foi um dos maiores eruditos daquela época, educado
por Gamaliel, o fariseu, conhecia profundamente as escrituras, falava
fluentemente latim, grego, aramaico e hebraico e era cidadão judeu e
romano, o que o qualificava a ser o apóstolo dos gentios, que levou o
evangelho a “todo o mundo” conhecido naquela época.
Suas doze cartas vão de Romanos até Filemon e tratam de assuntos diversos,
mas principalmente da doutrina da justificação pela fé.

A carta aos Hebreus não tem um autor definido, seu assunto é o superior
sacerdócio de Cristo e foi escrita para os judeus. Grande parte dos
comentaristas bíblicos atribuem essa carta ao apóstolo Paulo, que também é
a opinião do autor.

Tiago era o irmão de Jesus e presbítero de Jerusalém, nessa carta Tiago não
se preocupa com artigos doutrinários, como Paulo em suas cartas, mas trata
de assuntos práticos no dia a dia do crente, indicando as atitudes que se
manifestam naturalmente naqueles que já receberam a salvação.

Não existe contradição entre as observações de Tiago e as cartas de Paulo,


pois Paulo trata das causas e razão da salvação e Tiago dos resultados
práticos dessa mesma salvação.

As duas cartas do apóstolo Pedro destinam se a animar os crentes das


províncias romanas que eram duramente perseguidos. Pedro diz a eles que o
sofrimento serve para aperfeiçoar a fé e cita o exemplo de Cristo. Não se
deve auferir por essas cartas do apóstolo Pedro, que Deus se agrada em afligir
os seus filhos, ou que o sofrimento agrada a Deus, constituindo-se, dessa
forma, em mérito humano. Trata-se, aqui, de uma situação específica em que
esses crentes tinham a necessidade de receber apoio e consolação em suas
aflições.

As cartas do apóstolo João referem-se ao amor de Deus, onde ele descreve


que esse amor não é, nem pode ser comparado ao amor humano, constituído
de sentimentos e emoções. Pelo contrário, o amor de Deus se resume no fato
único de que Ele enviou seu Filho amado para prover a salvação dos seus
eleitos, todos pecadores indignos, cujo único mérito é a escolha graciosa de
Deus. O apóstolo também se refere duramente aos falsos mestres, que vindo
do próprio cristianismo se entremetem na igreja para ensinar falsas doutrinas
- chama-os de anticristos.

Judas, irmão de Jesus, identifica-se como irmão de Tiago, o irmão do Senhor;


em sua carta ele exorta os crentes a lutar pela verdadeira fé contra os falsos
mestres que se introduziram entre os cristãos e os anima colocando esses
falsos mestres como pessoas destinadas eternamente à perdição.

O livro do apocalipse foi escrito por João no final do primeiro século, foi o
último dos livros bíblicos. O apocalipse, como diz o nome, relata as cartas
de Cristo às sete igrejas da Ásia menor e as visões de João referentes aos
últimos tempos. O livro do Apocalipse, trata dos fatos que irão acontecer nos
últimos tempos, retrata os mesmos acontecimentos de sete formas diferentes,
conforme o decorrer do tempo.

A INSPIRAÇÃO E INERRÂNCIA DOS AUTÓGRAFOS

Como foi visto no início desse capítulo, a compreensão dos fatos da


Escritura, provêm da comunhão do Espírito, que leva à aceitação, sem
reservas, da soberania de Deus: A doutrina da justificação pela fé.

Segue abaixo uma análise da relação entre a inerrância dos autógrafos e sua
correlação com as cópias efetuadas ao longo do tempo e principalmente com
as versões disponíveis no mercado brasileiro.

O Velho Testamento em Hebraico e o Novo Testamento em Grego, são


inspirados por Deus e conservados puros em suas cópias ao longo dos
séculos, são por isso autênticos; em todas as controvérsias, devem ser
utilizados como a Palavra definitiva de Deus.

Até o século XVIII, só existia o texto grego do Novo Testamento - “Textus


Receptus” - de autoria de Erasmus de Rotterdam e todo princípio de tradução
era o da ortodoxia (fidelidade minuciosa aos textos básicos). Veremos mais
à frente o surgimento do Texto Crítico, conforme estudos de Westcot & Hort
e suas implicações nas traduções bíblicas.

As versões bíblicas em hebraico e grego, foram inspiradas por Deus e


permaneceram puras em suas cópias. Pode-se comprovar isso no
cristianismo primitivo, através das palavras do Senhor Jesus. Quando em seu
ministério terreno, ele referiu-se diversas vezes à Escritura como a Palavra
de Deus, sendo que, já naquela época, os originais não existiam e as
referências de Jesus eram a respeito das cópias existentes:

Lucas 24,27: “E, começando por Moisés, discorrendo por todos os Profetas,
expunha-lhes o que a seu respeito constava em todas as Escrituras”.

Antes disso, os originais e as cópias haviam se perdido, as cópias foram


achadas, por acaso, durante o reinado de Josias (622 a.C.) que as recebeu
com impacto, como se fossem os originais; assim como Jesus, ele não fez
diferença alguma com relação a essas cópias e os originais recebidos
diretamente de Deus.
2 Reis 22,10-11: “Relatou mais o escrivão Safã ao rei, dizendo: O sacerdote
Hilquias me entregou um livro. E Safã o leu diante do rei. Tendo o rei ouvido
as palavras do Livro da Lei, rasgou as suas vestes”.

O sacerdote Esdras, após o retorno de Israel do exílio decidiu ensinar ao povo


as Leis de Moisés, o livro utilizado por Esdras era também uma cópia, que
foi recebida pelos sacerdotes e pelo povo como a Lei de Moisés com toda a
reverência devida aos originais perdidos.

Neemias 8,18: “Dia após dia, leu Esdras no Livro da Lei de Deus, desde o
primeiro dia até ao último; e celebraram a festa por sete dias; no oitavo dia,
houve uma assembleia solene, segundo o prescrito”.

Quando Paulo instrui Timóteo a respeito da Escritura, ele está se referindo a


cópias existentes, a autoridade e veracidade dessas cópias jamais foram
contestadas pelos apóstolos.

2 Timóteo 3,16: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino,
para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça”.

As cópias dos manuscritos originais do Velho Testamento em hebraico são


tão confiáveis quanto os originais, exceção surgida em 1.881 com a
publicação do “Texto Crítico” de autoria de Westcot & Hort que deu origem
a várias traduções que não são confiáveis, como será visto a seguir.

A pergunta a ser respondida é:

Quanto as versões e traduções disponíveis na atualidade são confiáveis?

A versão inglesa King James, de 1611 é considerada a mais próxima


tradução bíblica com relação à fidelidade aos originais. A versão em
espanhol, Reina Valera, também é estimada pelos estudiosos como
extremamente precisa, todavia, nesse estudo será feita uma análise das
versões bíblicas protestantes disponíveis em língua portuguesa.

Breve história da bíblia em português

As primeiras traduções da bíblia para a língua portuguesa foram derivadas


da Vulgata, a Vulgata é a bíblia católica em latim, traduzida do grego por
Jerônimo, no século IV d.C., a partir da Septuaginta, a tradução em grego do
Antigo Testamento feita pelos judeus de Alexandria entre o primeiro e
segundo séculos da era cristã. Essas primeiras versões em português foram
realizadas em Portugal nos séculos XIII a XV.
O Texto Recebido (Textus Receptus)

A base do Textus Receptus, Novo Testamento em língua grega, foi preparada


por Erasmo de Rotterdam, baseada em manuscritos do século XII, e
publicada em 1516. Posteriormente, baseado em Erasmo e em maior
quantidade de manuscritos, Robert Stephens produziu a partir de 1546 os
textos gregos do Novo Testamento e a edição de 1550 ficou conhecida como
“Textus Receptus” ou Texto Recebido.

A bíblia como é conhecida hoje na língua portuguesa, teve sua história ligada
diretamente à vida de João Ferreira de Almeida, nascido em Portugal no ano
de 1628. João Ferreira de Almeida era católico romano e se converteu à
igreja reformada em 1642, já em 1.644, com apenas dezesseis anos de idade,
ele produziu sua primeira versão de partes do Novo Testamento traduzidas
do espanhol para o português.

Para apresentar uma tradução realmente séria, aprendeu as línguas grega e


hebraica, publicando sua primeira tradução do Novo Testamento diretamente
do grego (Textus Receptus) no ano de 1681. Almeida faleceu em agosto de
1691. Muito tempo decorreu até que a primeira bíblia completa em
português, com a tradução de João Ferreira de Almeida fosse publicada, isso
aconteceu somente em 1.819 na Inglaterra.

No final do século XIX foi fundada a primeira Sociedade Bíblica na


Inglaterra, no Brasil, a Sociedade Bíblica Brasileira foi fundada em 1948,
logo em seguida, em 1949, a bíblia passou a ser distribuída diretamente no
Brasil através da Sociedade Bíblica do Brasil.

O Texto Crítico: Nesse trabalho Westcot & Hort defendem o abandono da


ortodoxia, ou seja, defendem a tradução dos textos bíblicos como qualquer
outro livro, negando a inspiração divina; introduzem o princípio de tradução
por equivalência dinâmica, onde o autor substitui um trecho original por uma
ideia própria e consideram os manuscritos do Códice Sinaítico e Códice
Vaticanus mais antigos e superiores ao Textus Receptus (Erasmo de
Rotterdam) utilizado nas versões de João Ferreira de Almeida.

O Códice Sinaítico foi descoberto no século XIX em fragmentos perdidos


em um mosteiro aos pés do Monte Sinai e enviados à Rússia, sendo
posteriormente vendidos à Inglaterra, esses fragmentos são atribuídos aos
séculos IV e V de nossa era. O Códice Vaticanus foi escrito no idioma grego,
com base na Vulgata, a versão em latim do Velho Testamento grego,
descoberta na biblioteca do Vaticano e considerada como anterior ao Códice
Sinaítico, sendo datada no século IV de nossa era.

O maior problema com relação ao Texto Crítico é que reinterpreta e diminui


passagens doutrinárias básicas e pode gerar dúvidas quanto à divindade de
Jesus Cristo, além de suprimir o nome de Cristo em várias passagens e
suprimir a palavra inferno no Velho Testamento.

No ano de 1.978 foi publicada, em língua inglesa, uma nova versão da bíblia,
baseada no Texto Crítico e nos métodos interpretativos de Westcot & Hort,
a New International Version. Nos anos 90, foi apresentada ao público
brasileiro a tradução portuguesa dessa nova bíblia, a Nova Versão
Internacional – NVI.

A bíblia no Brasil:

1.943: As Sociedades Bíblicas Unidas iniciaram um trabalho de revisão que


seria publicado alguns anos depois com o nome de: “Almeida Corrigida”.

1.959: A Sociedade Bíblica do Brasil publicou a versão: “Almeida Revista e


Atualizada”.

1.966: A Sociedade Bíblica do Brasil publicou a versão: “Almeida Revista e


Corrigida”.

1.967: A Imprensa Bíblica Brasileira publicou a versão: “Almeida Revisada


de Acordo com os Melhores Textos”, baseada totalmente no Texto Crítico e
com uso abusivo de variantes.

1.990: A Editora Vida publicou a versão: “Almeida Edição


Contemporânea” que segue por muitas vezes o Texto Crítico.

1.994: A Sociedade Bíblica Trinitariana editou a versão: “Almeida


Corrigida e Revisada Fiel ao Texto Original” bastante próxima à Almeida
Revista e Corrigida, totalmente baseada no Texto Recebido.

As bíblias protestantes modernas, baseadas no Texto Crítico e também no


terrível princípio de tradução por equivalência dinâmica (interpretação
pessoal dos textos) não são recomendadas para o uso comum: “A Bíblia
Viva”, “Bíblia na Linguagem de Hoje” e a NVI - “Nova Versão
Internacional”. Essas versões podem ser utilizadas, com muito critério, para
comparação de textos paralelos.
Essas outras, não devem ser usadas de forma alguma: “Bíblia Jerusalém”,
“Vozes” e “Novo Mundo”, não somente são baseadas no Texto Crítico,
como adotam princípios de interpretação espúrios e distorcidos.

Uso corrente

A SBB é atualmente a segunda maior sociedade Bíblica do mundo, atrás


somente dos Estados Unidos e distribuiu mais de vinte e cinco milhões de
exemplares da bíblia em 2.006. A versão padrão adotada pela SBB é a
“Almeida Revista e Atualizada” – RA. As bíblias de estudo Almeida e
Genebra utilizam essa versão, a bíblia com o léxico em hebraico e grego do
Dr. Strongs também utiliza essa versão, os materiais multimídia como a
“Bíblia Online” e “Biblioteca Digital Libronix” também utilizam essa
versão como básica. Esse material relacionado é precioso para os estudiosos
da bíblia no Brasil e a linguagem da RA alcançou um equilíbrio notável na
preservação do texto original e a exposição em linguagem atual.

Não existe uma versão perfeita, os interestados em estudar seriamente a


bíblia devem ter várias versões à sua disposição para consulta e comparação.
Todavia, é de grande importância a adoção de um texto único para ser
utilizado na igreja local, a grande disponibilidade de material de estudo,
conforme exposto acima, faz da bíblia Almeida Revista e Atualizada uma
versão consistente, útil e agradável para ser adotada como padrão no Brasil.

PEQUENO DICIONÁRIO TEOLÓGICO/FILOSÓFICO

Por: Helio Clemente

Apresentamos a seguir um pequeno glossário de termos usados comumente em estudos


filosóficos.

A respeito da Bíblia: A primeira ocupação de um intérprete é permitir que o autor diga


o que quer dizer, ao invés de atribuir ao autor o que pensa que ele quer dizer (Calvino).

A PRIORI: Independente de qualquer ADOCIONISMO: (Séc. III e IV) Doutrina que


observação ou experiência prévia. afirmava que Jesus era um ser humano comum,
que foi adotado por Deus em sua concepção (ou
A POSTERIORI: Dependente da observação ou batismo) e sua natureza humana foi absorvida
de experiência prévia. pelo Logos divino.

ABSOLUTO: Que não tem limitações, imutável ÁGAPE: Refeição em comum celebrada entre os
ao longo do tempo, que não se condiciona por primeiros cristãos. Qualquer refeição em comum,
qualificações. principalmente entre amigos.
AGNOSTICISMO: De acordo com o naturalista ARQUÉTIPO (ARQUETÍPICO): (Aurélio) -
inglês Thomas Henry Huxley, metodologia que Modelo ideal, inteligível, do qual se copiou toda
só admite os conhecimentos adquiridos pela a coisa sensível. Conhecimento perfeito que
razão. Não aceita nenhuma conclusão que não Deus tem de si mesmo. Na estrutura de Jung,
seja demonstrada. Considera inúteis as questões estrutura universal proveniente do inconsciente
metafísicas, já que estas tratam de realidades coletivo que aparece nos mitos, nos contos e em
incognoscíveis. É considerado uma forma de todas as produções imaginárias do indivíduo.
ateísmo, porque nega a revelação de Deus pela
Escritura. ARREPENDIMENTO (BÍBLICO): No Velho
Testamento: conversão ou retorno para Deus. No
ALTERIDADE: Qualidade do que é outro. Novo Testamento: mudança de mente ou de
desígnio (Calvino).
ANTINOMISMO: Conceito que nega que a lei
de Deus, conforme as escrituras, deve controlar ASCESE: Exercício prático de abstenção
diretamente a vida dos cristãos. De fato, o voluntária que leva à efetiva realização da
legalismo ou a prática da lei como justificação virtude, à plenitude da vida moral.
perante Deus é anticristã, porém a pessoa
justificada, apesar de não procurar mérito ou ASSEIDADE: Também pode ser chamada de
perfeição, encontra realização nos mandamentos independência de Deus. Virtude de Deus
e preceitos bíblicos. segundo a qual ele existe por si mesmo, sendo o
próprio fundamento de seu ser, não tendo causa
ANTROPOLOGIA: Estudo do homem, como ou dependência em nenhum ser fora de si mesmo,
unidade individual, dentro do reino animal. sendo, portanto, absoluto, puro e perfeitamente
auto suficiente.
ANTROPOPATIA: Atribuição de atos,
sentimentos, ou linguagem, humanos a Deus. AUTODETERMINAÇÃO: Disposição de
realizar somente a própria vontade. As criaturas
APOLINARISMO: (Séc. IV) Doutrina que podem ter autodeterminação da vontade, mas
defendia a concepção tricotômica do homem isso não significa autodeterminação do agente. A
sendo que o Logos tomou o lugar do espírito de vontade é originada pela natureza do agente e não
Cristo. é livre das causas secundárias e contingentes.
Temos assim, dois fatores a tolher a
APORIA: Dificuldade lógica. Conforme autodeterminação: a natureza e as causas alheias
Aristóteles igualdade de conclusões à vontade do agente.
contraditórias (dialética).
AUTÔNOMO: Independente de autoridade
ARIANISMO: (Séc. IV) Doutrina que afirmava externa, autosuficiente.
que o Pai, o Filho e o Espírito Santo eram três
essências e substâncias, ou pessoas, diferentes, BEHAVIORISMO
negando a Trindade Divina. (COMPORTAMENTALISMO): Estudo
psicológico, utilitário, baseado no
ARISTOTELISMO: Influência do pensamento comportamento do homem.
de Aristóteles, filósofo grego, no
desenvolvimento da doutrina cristã. Segundo BLASFÊMIA: Atos ou palavras ofensivas a
Aristóteles o homem traz em si qualidades Deus, ao Espírito Santo, ao Cristo ou a religiões
imanentes, ao contrário de Platão e Sócrates que em geral. Ofensa dirigida a pessoas ou coisas
afirmam que a matéria, inclusive o homem, é respeitáveis.
bruta e só vem à vida através do espírito. De
acordo com a corrente aristotélica, as obras CABALA: Compêndio filosófico-religioso
podem justificar o homem perante Deus. Este foi hebraico, resumo de uma religião secreta que se
o núcleo tormentoso da Reforma Protestante: Os supõe ter existido concomitantemente com a
reformistas diziam que somente a fé pode religião dos hebreus. Trata-se particularmente da
justificar o homem perante Deus, ao contrário decifração de um sentido secreto supostamente
dos católico-romanos que acreditavam que o inserido na Bíblia. Particularmente de
homem pode se justificar pelas obras realizadas. simbolismo dos números e das letras. Designação
de movimentos esotéricos e místicos na Europa a
ARQUEOLOGIA: Estudo das civilizações partir de 1.600 d.C. Maquinação, trama,
antigas, a partir de escavações de monumentos e conspiração.
demais testemunhos físicos.
CAPACIDADE: Aquilo que uma criatura pode CONSCIÊNCIA: Capacidade ou poder
realizar conforme sua vontade, conhecimento e característico da mente humana que a torna capaz
habilidade. de executar julgamentos morais e éticos sobre a
própria pessoa, aprovando ou desaprovando
CARIDADE: Amor a Deus a ao próximo. pensamentos, ações ou planos individuais. A
Desprendimento, interesse pelo bem-estar de consciência é um padrão moral característico da
outras pessoas. mente de cada pessoa, não representando um
padrão moral obrigatoriamente bom, infalível ou
CAUSA: Ocasião, razão, oportunidade ou universal.
motivo que leva algo à concretização. Motivos
são causas ocasionais da vontade, mas não são CONTINGENTE: Evento tido como aleatório,
obrigatoriamente causas eficientes. não previsto nas situações que provavelmente se
apresentariam (ver determinismo –
CERTEZA: Confiança plena em uma ocasionalismo).
proposição, de forma que ela não pode deixar de
ser verdadeira. CONTRADIÇÃO: Afirmação e negação
simultânea da mesma coisa. Exemplos: Algo que
CETICISMO: Doutrina segundo a qual não existe não pode, ao mesmo tempo não existir,
existe verdade indubitável em nenhum domínio algo que é não pode ao mesmo tempo não ser, e
do conhecimento humano. Estado de quem vice-versa.
duvida de tudo; descrença.
COSMOLOGIA: Estudo da criação e formação
CILÍCIO: Cinto áspero e cortante usado como do universo e seu desenvolvimento ao longo do
penitência – Veja no livro de Jeremias: “Cingi- tempo.
vos, pois, de cilício”. (Silício – elemento químico
abundante na natureza). COSMOVISÃO: Palavra de origem alemã que
significa “visão do mundo” ou a forma como
CLEMÊNCIA: Indulgência, bondade. uma pessoa vê mundo, a vida, os homens e o
Disposição para o perdão. princípio de fé que sustenta a crença desta
pessoa.
COMPATIBILISMO: Ideia da coexistência da
soberania divina e da liberdade autônoma dos CRENÇA: Estado mental de assentimento a uma
seres humanos. proposição.

CONCURSUS: Tentativa de conciliar a DEDUÇÃO: Inferir por raciocínio lógico uma


soberania de Deus com o livre-arbítrio do conclusão a partir do estudo de premissas
homem. Este conceito admite a participação do estabelecidas.
homem no plano de Deus e nunca foi provado, ou
mesmo, exposto de forma lógica. DETERMINISMO: Ensino de que Deus
predeterminou e orientou inteligente e
CONCEITUALISMO: Os universais não imutavelmente todos os eventos, com
existem de forma independente, mas são planejamento e conhecimento, predestinando,
originados em conceitos formados na mente. tanto os fins como os meios para consecução de
seu plano.
CONFIANÇA: Segurança psicológica firme e
segura de que uma proposição ou crença é DIALÉTICA: Negação da existência de qualquer
verdadeira. Aquilo que é exatamente o que se verdade absoluta, todas as verdades são relativas
declara ou presume ser. e devem ser resolvidas pela confrontação entre
elas (tese e antítese) através de um líder
CONHECIMENTO: A certeza de que a ideia da facilitador que chegará a uma solução comum: a
coisa é verdadeira, não admitindo que uma síntese. Este processo se repete indefinidamente
afirmação diversa sobre a mesma crença seja chegando sempre a novas verdades, que por sua
aceita. vez serão contestadas, resultando em uma nova
síntese e assim indefinidamente.
DISCERNIMENTO: Capacidade de decisão EMPIRISMO: Estudos filosóficos ou científicos
entre o certo e o errado, capacidade de tomar baseados somente em observações
decisões morais corretas baseadas no experimentais. No empirismo todo
conhecimento. O conhecimento por si, não é conhecimento é a posteriori. Doutrina que admite
nada, a sabedoria é a capacidade de discernir que o conhecimento provenha da experiência,
corretamente em função do conhecimento negando a existência de princípios puramente
adquirido. racionais ou inerentes à mente. Opõe-se ao
racionalismo. Charlatanismo (popular).
DOCETISMO: Falsos ensinamentos negando a
encarnação e a morte de Cristo, EPISTEMOLOGIA: Teoria do conhecimento
consequentemente, não tendo realizado a (do grego “episteme”: ciência, conhecimento), é
salvação. um ramo da filosofia que trata dos problemas
relacionados à crença e ao conhecimento. A
DOGMATISMO: Prática doutrinária que afirma epistemologia se opõe à crença subjetiva que leva
a existência de verdades certas e indiscutíveis ao engano e confusão e busca através do
sem necessidade de prova ou discussão. conhecimento a crença verdadeira e justificada.
Proposições aceitas sem crítica.
EURÍSTICA (HEURÍSTICA): Técnica da
DUALISMO: Ideia de que existem dois poderes disputa argumentativa no debate, empregada
paralelos no mundo, o bem, representado por com o objetivo precípuo de vencer uma
Deus, e o mal, representado por Satanás. Estes discussão, mas não obrigatoriamente usando
poderes são equivalentes e estão em luta dados utilitários ou verdadeiros. Esta técnica foi
constante. Antropologia: Afirmação de que a desenvolvida e utilizada à exaustão pelos
matéria é eterna e se opõe ao espírito formando filósofos sofistas (sofismas).
uma dualidade no homem, onde a matéria é uma
manifestação do mal e o espírito, uma ESOTÉRICO: Ensinamentos das escolas
manifestação do bem (gnosticismo). filosóficas, associações ou irmandades,
reservadas aos discípulos escolhidos
ECTÍPICO (CONHECIMENTO): Ideia ou previamente. Ensinamento limitado a círculo
representação imperfeita do Ser e das disposições restrito. Ensinamento ligado ao ocultismo.
divinas. Esta ideia imperfeita se contrapõe ao Obscuro, hermético, fechado. Ensino das antigas
arquétipo, que é o perfeito Ser de Deus, cujo religiões babilônicas e egípcias absorvidos pelos
conhecimento exaustivo é impossível ao homem, filósofos gregos.
mas que pode ser conhecido parcialmente
conforme a revelação bíblica. ESOTERISMO: Doutrina que ensina que a
revelação das verdades científica, filosófica ou
EMANAÇÃO: Processo através do qual, todos religiosa deve limitar-se a iniciados, escolhidos
os seres do universo têm origem em um ser por critérios determinados pelos dirigentes das
superior e único. doutrinas. Conjunto de ensinamentos de teor
religioso ou espiritualista, onde se misturam
EMOÇÃO: Agitação da mente ou do espírito. A influências de religiões orientais e ciências
emoção se diferencia do sentimento, porque, ocultas. Terapias que, teoricamente, mobilizam
conforme observado, é um estado energias não explicadas cientificamente.
psíquico/fisiológico. O sentimento, por outro
lado, é a emoção filtrada através dos centros ESSÊNCIA: Propriedade característica de um
cognitivos do cérebro (alma). ser, ou coisa, que define o que ela é em distinção
de todas os outros seres, ou coisas, existentes.
EMPÍRICO: Conhecimento baseado na
experiência ou observação da realidade, sem ETERNIDADE: Aquilo que, na realidade,
caráter científico. Diz-se de pessoas que tem transcende o tempo e dele difere essencialmente.
conhecimentos práticos de técnicas, A eternidade, no sentido estrito da palavra, é
relativamente complexas, sem formação ou adstrita àquilo que transcende todas as limitações
aprendizado sistemático. temporais. Perfeição de Deus pela qual Ele é
elevado acima de todos os limites temporais e de
toda sucessão de momentos, e tem a totalidade da
Sua existência num único presente indivisível.
ÉTICA: Teoria da conduta. Aplicação prática de Observação: Concordamos plenamente com
estudos filosóficos a respeito de valores morais e Hodge quando define a fé pelo assentimento
os princípios ideais da conduta. Princípios morais mental à verdade, para tanto, se faz necessário,
a serem observados no exercício de uma em primeiro lugar, o conhecimento do
profissão. evangelho, sem esse conhecimento não existe
possibilidade de assentimento e não existe fé de
EUTIQUISMO OU MONOFISISMO: Heresia forma alguma. O conhecimento da proposição a
do Século V, pregada por Eutíques, que afirmou ser crida é o fundamento da fé.
que em Jesus só há uma natureza e uma só
pessoa, a natureza divina absorveu a natureza FÉ FORMADA: Conceito escolástico onde a fé
humana. formada é o desenvolvimento da fé informe (a fé
constituída somente pelo conhecimento) com a
EXEGESE: É a interpretação profunda de um adição do amor ou caridade.
texto bíblico, jurídico ou literário. A tarefa da
exegese dos textos sagrados da Bíblia tem FÉ IMPLÍCITA: Acreditar na autoridade
prioridade e anterioridade em relação a outros absoluta da igreja em detrimento da Escritura.
textos. Isto é, os textos sagrados são os primeiros
dos quais se ocuparam os exegetas na tarefa de FÉ INFORME: Conceito escolástico de que o
interpretar e dar seu significado. simples conhecimento da Palavra pode ser
considerado como fé voltada à salvação.
EXISTENCIALISMO: A existência está acima
da essência e do conhecimento, de forma que o FENOMENALISMO: Teoria de que tudo o que
homem é livre para escolher e fazer tudo aquilo conhecemos não é real, é apenas uma impressão
que quiser. da mente.

EXPIAÇÃO: Conseguir satisfação pelo pecado FENÔMENO (ver NÚMINO): Fato passível de
ou pecador. O efeito produzido pela satisfação do observação, sinais manifestos e perceptíveis.
pecado é a propiciação da ira de Deus.
FILOSOFIA DE PROCESSO: Toda a realidade
EXTRA CALVINISTICUM: Este é um termo faz parte de um todo interdependente.
teológico dado pelos luteranos para a cristologia
calvinista, que afirma que o Logos, em sua GALARDÃO: Conceitos e satisfações possuídos
imensidão, está fora e ao mesmo tempo contido pelos cristãos referentes às graças recebidas na
no corpo de Jesus. Este termo é uma referência à vida terrena.
teoria luterana de que Jesus é onipresente na Ceia
do Senhor, também em seu corpo físico. GNOSE: Doutrina que admite o conhecimento
perfeito da divindade através de estudos
FALÁCIA: Tentar estabelecer raciocínios a esotéricos transmitidos por rituais de iniciação e
partir de premissas enganosas ou argumentos tradição.
circulares.
GNÓSTICO: Discípulo ou seguidor do
FATALISMO: Ensino em que todos os gnosticismo. Relativo ao conhecimento.
acontecimentos são pré-determinados por forças Movimento filosófico-religioso eclético surgido
impessoais e a despeito dos meios. Essas forças através de numerosas seitas, nos primeiros
são cegas e irracionais, de forma que, séculos de nossa era, que buscava conciliar todas
independente do que as pessoas façam, a mesma as religiões e a explicar, através do
consequência resultará. conhecimento, o sentido mais profundo de cada
uma. Os dogmas do gnosticismo são os
FÉ: Charles Hodge: “Fé é o assentimento à seguintes: A emanação, a queda, a redenção e a
verdade, a persuasão da mente de que algo é mediação, exercida por inúmeras potências
certo”. No sentido teológico a fé somente é celestes, entre a divindade e os homens.
válida quando depositada integralmente em
Cristo - crer em suas promessas e acreditar que GRAÇA: Benevolência. Favor imerecido
ele é capaz de cumpri-las todas. dispensado a alguma pessoa. (Bíblica): Ato
gratuito de clemência da parte de Deus
justificando, sem méritos ou qualidades prévias,
pessoas por ele escolhidas antes da fundação do
mundo, redimidas pela justiça de Cristo.
HEDONISMO: Filosofia segundo a qual o prazer
é a finalidade principal na vida do homem. ILUMINISMO: Próprio dos iluminados
(Iluminatti). Movimento político/filosófico que
HERMENÊUTICA: Interpretação do sentido das pretende construir um mundo humanista sujeito
palavras principalmente com referência aos a governo e religião universais.
textos sagrados e leis.
ILUMINADO: Ilustrado, esclarecido, instruído.
HERMETISMO: Doutrina surgida no Egito no Indivíduo que se julga inspirado. Visionário;
primeiro século de nossa era, ligada ao vidente.
gnosticismo, atribuída ao deus egípcio Thot,
conhecido pelos gregos como Hermes IMANENTE: Que existe sempre em um dado ser
Trimegisto. Ensinamento secreto em que se ou objeto e inseparável dele. Significa também
misturam filosofia e alquimia. que Deus está presente no mundo, que é um Deus
pessoal e interage na história e na vida do homem
HEURÍSTICA: Capacidade de encontrar solução como indivíduo ou comunidade.
para problemas por iniciativa própria. Este ponto
de vista pode ser descrito como a arte de IMANÊNCIA: Que existe sempre em um dado
descobrir, inventar ou resolver problemas objeto e inseparável dele. Que está contido em ou
mediante a criatividade. Raciocínio dedutivo. que provém de um ser, independentemente de
ação exterior, permanecendo sempre dentro dos
HILOZOÍSMO: Teoria de que a matéria tem em limites do ser.
si mesma o princípio da vida. Toda a matéria e
toda partícula de matéria tem em si esse princípio IMPERATIVO CATEGÓRICO: O imperativo
da vida. categórico no domínio da moralidade é a forma
racional do comportamento, determinando a
HIPÓSTASE: Esta palavra é usada atualmente vontade submetida à obrigação. Agir por dever é
como sinônimo da palavra substância, ou o modo de conferir à ação o valor moral.
subsistência. Foi empregada até o século IV no
Credo Niceno como referida à “essência” de IMENSIDADE OU IMENSIDÃO DE DEUS: A
Deus, não é mais utilizada nesse sentido. No infinidade de Deus também pode ser vista com
sentido atual significa: substância ou subsistência referência ao espaço, sendo, então, denominada
(pessoas da Trindade divina). imensidade. Esta pode ser definida como a
perfeição do Ser Divino pela qual Ele transcende
HOLISMO: Capacidade própria do Universo de todas as limitações espaciais e, contudo, está
sintetizar unidades em totalidades organizadas. presente em todos os pontos do espaço com todo
Conforme esta teoria o homem é um todo o Seu Ser.
indivisível, e não pode ser compreendido pelos
seus componentes considerados INATO: Próprio do homem, conceitos
individualmente. conhecidos a priori e independentes de aquisição
de conhecimento, experiência ou sentimentos.
HOLÍSTICO: Relativo ao holismo.
INDUÇÃO: Estabelecer, através de
HOMOUSIOS (grego): Da mesma essência, probabilidades, conclusões a partir de premissas
igual. particulares.

ICONOGRAFIA: Representação por imagens. INFERÊNCIA: Movimento da mente que


Apresentação de imagens. Imagens que fazem determina resultados a partir de ideias pré-
referências a um assunto. estabelecidas – premissas.

IDEALISMO TRANSCENDENTAL (KANT): INFINIDADE: Infinidade é a perfeição de Deus


Todos nós trazemos formas e conceitos a priori pela qual Ele é isento de toda e qualquer
(que não necessitam de experiência) para a limitação. Ao atribuí-la a Deus, negamos que
experiência concreta do mundo, os quais seriam haja ou que possa haver quaisquer limitações do
de outra forma impossíveis de determinar. A Ser divino e dos seus atributos. Isto implica que
realidade fundamental é dependente da mente: Ele não é limitado de maneira nenhuma pelo
Ser é ser percebido. universo, por este mundo caracterizado pela
relação tempo-espaço, e que Ele não fica
IGNOMÍNIA (OU OPRÓBRIO): Desonra encerrado no universo.
pública, afronta sobremaneira grave, degradação
extrema (Antônimo – dignidade).
INFRALAPSARIANISMO: Teoria segundo a LIVRE ARBÍTRIO: Ideia que afirma a
qual o decreto para a salvação ocorre após a capacidade do homem em tomar decisões fixas e
queda. imutáveis ao longo do tempo, em contrariedade à
vontade de Deus, bem como às necessidades
INTUIÇÃO: Sentimento muito firme em relação básicas da vida, às causas contingentes e
a uma proposição ou fato provável. secundárias, às aspirações e tendências morais e
espirituais.
IRA DE DEUS: A ira de Deus é uma perfeição
divina tanto como o seu amor, a sua fidelidade, o LOGOMAQUIA: (Teológico) - Contenda de
seu poder ou a sua misericórdia. A ira de Deus é palavras sem sentido lógico (sofismas). Esse
sua eterna ojeriza por toda injustiça. É o termo é aplicado particularmente às discussões
desprazer e a indignação da divina equidade sem fim, levadas a efeito pelos escolásticos, sem
contra o mal. É a santidade de Deus posta em suporte escriturístico.
ação contra o pecado. É a causa motora daquela
sentença justa que ele lavra sobre os malfeitores. LONGÂNIME (LONGÂNIMO): Que tem
paciência associada à grandeza de ânimo;
JULGAMENTO: Movimento da mente na benigno, complacente, indulgente. Paciente,
direção de estabelecer um predicado com resignado.
referência ao acusado: culpa ou inocência.
MAIÊUTICA: Método de aprendizado provindo
JUSTIÇA RECTORAL: Justiça em consideração da filosofia grega (Sócrates/Platão) que consiste
aos direitos e obrigações dos cidadãos (súditos) em colocar muitas perguntas afim de se chegar,
quanto aos seus governantes. por indução, dos conceitos particulares a um
conceito geral.
JUSTIÇA VINDICATIVA: Castigo atribuído
com o único sentido de punição, sem MANDALA: No tantrismo, diagrama composto
consideração por disciplina ou recuperação do de círculos e quadrados concêntricos, imagem do
delinquente. Essa justiça somente é válida mundo e instrumento que serve à meditação.
quando aplicada por autoridade, existente ou
constituída, com essa finalidade, caso contrário MARCIONISMO: (Séc. II) Marcião afirmou que
seria meramente vingança. o único Deus cristão era o do Novo Testamento.
Os marcionistas eram chamados de anti-semitas.
JUSTIÇA DISTRIBUTIVA: Poder de Deus em Marcião afirmou também a pré-existência das
distribuir castigos e recompensas, nesta vida almas.
material, unicamente conforme sua vontade e
determinação, sem consideração de méritos das MARXISMO: Materialismo dialético: O mundo
criaturas. é constituído de matéria, Deus não existe e o
homem é intrinsecamente bom, dependendo
LIBERDADE: Capacidade do homem de agir apenas das condições sociais favoráveis ou não
conforme sua vontade, movida pela natureza (doutrina criada por Karl Marx e Frederic Engels,
humana e as circunstâncias. Todavia, não se deve que constitui a base do sistema de governo
confundir a liberdade da vontade com a liberdade comunista).
do agente, pois a vontade do homem é sempre
definida pela sua natureza movida pelas causas MATERIALISMO: Afirmação de que o universo
secundárias e contingentes. é constituído apenas de matéria.

LIVRE AGÊNCIA: Capacidade do homem em METAFÍSICA: Teoria da realidade. Parte da


decidir conforme sua natureza e as causas filosofia que apresenta as seguintes
contingentes e secundárias, o que permite que o características gerais: Um corpo de
homem haja responsavelmente, mas conforme os conhecimentos racionais em que se procura
ditames de sua natureza. O homem é livre para determinar as regras fundamentais do
decidir dessa forma, mas o resultado é pensamento e que fornece a chave do
inevitavelmente certo pela determinação divina. conhecimento do mundo real, tal como este
verdadeiramente é (em oposição à aparência).
Para Aristóteles, a metafísica é,
simultaneamente, ontologia, filosofia e teologia,
na medida em que se ocupa do ser supremo
dentro da hierarquia dos seres.
MISTÉRIO: Coisa que é supostamente NATUREZA: A natureza de algo é constituída
verdadeira, mas que não é passível de pela soma de todas as qualidades presentes e
entendimento. constituintes desta coisa, de forma que estas
qualidades a fazem ser o que ela é. Esta natureza
MÍSTICA: Tratado a respeito das coisas divinas é constituída por uma substância possuída por
ou espirituais do ponto de vista de experiências todas as coisas ou seres da mesma natureza.
com o sobrenatural, pela meditação, ascetismo
ou outros recursos próprios do homem. Vida NOMINALISMO: Somente os particulares são
religiosa e contemplativa. Ciência e arte do reais, os universais são apenas observáveis.
mistério.
NÚMINO (NUMINAL): A ideia em oposição ao
MISTICISMO: Crença religiosa ou filosófica objeto material. A apreensão intelectual em
dos místicos, que admitem comunicações ocultas contraposição à observação do fenômeno, a coisa
entre os homens e a divindade. Aptidão ou em si apreendida pela mente um oposição ao
tendência para crer no sobrenatural. fenômeno apreendido pelos sentidos.

MODALISMO – Ver sabelianismo. NUMINOSO: Do latim (numen): Majestade,


poder divino. A santidade majestosa de Deus que
MONARQUISMO: (Séc. II) Reconhecia em deixa o homem insignificante diante da pureza
Deus uma só pessoa, o Pai. Jesus poderia ser uma imarcescível de Deus. Neste sentido vemos a
pessoa humana, ou um deus menor criado pelo referência a Deus como “tremendo” no salmos,
Pai. veja no salmo 89,7: “Deus é sobremodo
tremendo na assembléia dos santos e temível
MONISMO: Filosofia segundo a qual o mundo é sobre todos os que o rodeiam”.
constituído de substâncias imperceptíveis,
imutáveis e eternas, as mônadas, que formam OBJETIVO: Meta definida para ser atingida em
todos os seres e coisas do universo. Estas um determinado período de tempo. Pessoa que
substâncias seriam derivadas de uma mônada consegue colocar com clareza suas ideias e
primária anterior a todas (deus), isto é o mesmo pensamentos.
que o panteísmo das religiões orientais
(Spinoza). Antropologia: Afirmação de que o OBJETIVIDADE: Qualidade de colocação de
corpo e a alma formam uma unidade em ideias e pensamentos com clareza e sentido
contraposição ao dualismo gnóstico que afirma lógico.
que a matéria é eterna e se contrapõe ao espírito
formando uma dualidade no homem e no OCASIONALISMO: Todas as atividades, ou
universo. movimentos, da alma são a origem das ações da
mente e do corpo. Estas causas são, na realidade,
MONOFISISMO – Ver Eutiquismo. causas ocasionais, que agem unicamente pela
eficácia da vontade de Deus. Deus é a única
MONOTELISMO: (Séc. VII): Sérgio I de verdadeira causa eficiente da conjunção entre o
Constantinopla, afirmou que em Jesus Cristo só espírito, as ideias e os movimentos do corpo
havia uma vontade. (Malebranche foi o maior expoente na defesa
desta ideia). Não existe nenhum movimento ou
NESCIÊNCIA (NÉSCIO): Ignorância, ausência atividade do corpo em direção ao espírito (alma).
do conhecimento, preguiça.
OCULTISMO: Estudo das coisas e fenômenos
NESTORIANISMO: (Séc. V) Nestório afirmou para os quais as leis naturais ainda não deram
que havia em Jesus 2 pessoas distintas. O homem explicação. Conjunto de sistemas filosóficos e
Jesus e o Logos divino. artes misteriosas baseadas em conhecimentos
secretos.
NOESE – NOÉTICA (do grego - NOUS: mente):
Segundo Stratton, noética se refere a uma ONIPRESENÇA: Os termos “imensidade” e
estrutura individual de conceitos, sendo a “onipresença” são aplicados somente a Deus:
somatória de idéias, crenças e opiniões de cada “Imensidade” aponta para o fato de que Deus
um, e a forma pela qual tais conceitos se transcende todo o espaço e não está sujeito às
relacionam entre si e com o mundo externo (ver suas limitações, ao passo que “onipresença”
cosmovisão). denota que Ele preenche todas as partes do
espaço com todo o Seu Ser, sendo imanente em
todas as suas criaturas, não sendo limitado ao
universo criado.
ONTOLOGIA: Parte da filosofia que trata do ser PLEROMA: Pode significar plenitude, como
enquanto ser, isto é, do ser concebido como tendo acima, ou o número total de eleitos em todos os
uma natureza comum que é inerente a todos e a tempos.
cada um dos seres. Segundo Aristóteles, estudo
do ser enquanto ser e em torno dos primeiros PLURALISMO: Afirmação de que todas as
princípios e das causas primeiras do ser (ver religiões são igualmente boas.
metafísica).
PNEUMA: Espírito. Sopro de vida. Dimensão
OPRÓBRIO (ver ignomínia): Desonra pública, espiritual do ser humano. Mentalidade.
afronta sobremaneira grave, degradação extrema
(Antônimo – dignidade). POSITIVISMO LÓGICO: Todas as afirmações
significativas são verificáveis pela ciência e pela
ORIGENISMO: (Séc. III) - Orígenes afirmou a lógica.
existência prévia das almas humanas como
espíritos criados por Deus no início do mundo. PRAGMATISMO: O significado de uma ideia,
ação ou declaração se resume nos resultados
PANTEÍSMO: Crença de que o universo é uma práticos resultantes.
extensão de Deus, ou seja, o universo é eterno e
participante do Ser de Deus. Desta forma todas PRESCIÊNCIA: Certeza e conhecimento de
as coisas são divinas e também o homem pode Deus quanto às ações livres das criaturas no
algum dia chegar a ser igual a Deus através de tempo futuro.
ascetismo, reencarnação, boas obras, ou
simplesmente evolução natural. PREDESTINAÇÃO (PREORDENAÇÃO):
Certeza de que Deus determinou todos os fatos e
PANTOCRATOR: Da física quântica, o que as ações das criaturas em todos os lugares e
mantém juntas todas as coisas. Visão científica tempos de existência do universo.
de Deus.
PRESSUPOSIÇÃO: Uma suposição primária
PARTICULAR: Uma ocorrência observável elementar a partir da qual o raciocínio e as ideias
dentro de um universal. são formados.

PESSOA: Uma pessoa é uma substância PRISCILIANISMO: (Séc. IV) Jesus tinha um
completa, viva, individualizada, dotada de corpo falso, era uma aparição e não era humano.
intelecto, vontade e razão, formando um sujeito
único e distinto de outros da mesma natureza ou PROPICIAÇÃO: Reparação moral ou legal por
espécie. faltas ou pecados cometidos. Judicial - Satisfação
penal ou legal. A. A. Hodge: “Segundo o seu uso
PIEDADE: Virtude de render a Deus a honra que no Velho Testamento, e também no seu uso
lhe é devida. Amor e respeito pela Palavra de correto e teológico, ela não exprime a
Deus. Estar satisfeito com o que tem. Popular – reconciliação efetuada por Cristo, e sim a
compaixão, dó, pena. satisfação legal que é o motivo dessa
reconciliação”.
PLATONISMO: Influência de Platão, filósofo
grego, no desenvolvimento da filosofia e da PROSÉLITO: Pagão que se converteu à religião
doutrina cristã. Platão afirma, em contraposição de Israel. Aquele que se converteu a uma religião
a Aristóteles, que a matéria é bruta em qualquer diferente da que tinha. Indivíduo que aderiu a
condição e só vem à vida através do espírito. uma doutrina, ideia ou sistema.
Nesta condição o homem não possui qualidades
imanentes, mas somente vive através do espírito. PROVIDÊNCIA DIVINA: Governo dos fatos e
O platonismo influiu nas características ações das criaturas afim de conduzir a bom termo
filosóficas da igreja protestante em contraposição todas as coisas conforme suas determinações
à igreja romana, que teve a influência de eternas.
Aristóteles.
RABINISMO: Interpretação absolutamente
PLENITUDE: Plena e absoluta supremacia de literal das escrituras, que provoca o esvaziamento
Deus sobre todas as coisas. Máxima glória de das leis e da moral de Deus de todo seu sentido
Deus. espiritual. Interpretação que exagera de modo
grosseiro o secundário e o fortuito, desprezando
o essencial, ou dele se distanciando.
RACIONALISMO: Visão de que o SOFISMA: (Termo teologicamente aplicado, de
conhecimento pode partir de um conhecimento a forma comum, aos escolásticos) - Raciocínio
priori, mas, todos racionalistas partem de supostamente respeitável, baseado em premissas
princípios diferentes, chegando que podem ser verdadeiras ou não, mas que
consequentemente a conclusões diferentes. conduzem a um resultado falso, usualmente de
forma deliberada e objetivando provar uma ideia
RACIONALISMO CRISTÃO: O conhecimento pré-concebida sem preocupação com a coerência
parte inevitavelmente de ideias a priori, lógica – os fins precedem os meios e os
remanescentes da imagem do homem com Deus. justificam (jesuítas).
Todas as coisas são deduzidas de um princípio
básico único que é a Escritura. SOCINIANOS: (Séc. XVI) - O arianismo foi
revivido sendo pregado novamente em algumas
RAZÃO: Capacidade do homem de apreender variantes.
mentalmente coisas observadas e formar ideias a
partir destas observações. SOLECISMO: Erro crasso de gramática
(sintaxe). No sentido figurado significa
REALISMO: Os universais são reais e passíveis simplesmente erro ou falta.
de conhecimento, os objetos conhecidos são
existentes de forma independente do SOLIPSISMO: A crença de que além do
conhecimento (ver: teoria das formas de Platão). indivíduo, existem somente suas próprias
A realidade não é diferente da forma que a vemos experiências. O solipsismo é uma manifestação
e conhecemos. drástica do empirismo, não admitindo a
existência de nada que não faça parte das
SABELIANISMO (MODALISMO): (Séc. III) sensações e experiências interiores do indivíduo.
Sabélius afirmava existir uma só pessoa em
Deus, que se manifesta ao longo da história de SOTERIOLOGIA: Estudo da doutrina da
três maneiras diferentes. salvação.

SANTIDADE: De Deus: separação do mundo, SUBSISTÊNCIA (SUBSTÂNCIA): Referido à


perfeição moral advinda da imutabilidade e da trindade divina: Significa o modo de existência
verdade absoluta do Ser de Deus. Santidade do que caracteriza uma pessoa individual de todas as
homem, locais ou objetos: neste caso indica demais. Com relação à trindade divina,
somente a separação feita unilateralmente por representa o modo de existência característico de
Deus, nunca o sentido de perfeição moral que é cada uma das pessoas divinas dentro da essência
próprio somente de Deus. única do Deus da Escritura.

SENSO COMUM (Merrian Webster): Opiniões SUBSTÂNCIA (Filosófico): Aquilo que define e
irrefletidas de pessoas ordinárias. Julgamento sustenta a existência de um ser ou coisa. O que
sadio e prudente, mas geralmente rudimentar. possui a essência própria do ser ou coisa,
definindo a sua existência de forma independente
SERVETISMO: (Séc. XVI) - Miguel Serveto de todos os outros seres ou coisas existentes.
negou a Trindade divina, bem como a eternidade Aquilo que define a característica pessoal do ser.
e divindade de Jesus.
SUBSTITUIÇÃO (TEOLÓGICO): Ato gracioso
SILOGISMO: Lógica perfeita, constituída de de Deus permitindo que uma pessoa (Cristo)
três proposições declarativas que se conectam de sofra o castigo devido às pessoas a ele obrigadas
tal modo que a partir das primeiras duas, (eleitos).
chamadas premissas, somente é possível deduzir
uma única e imutável conclusão. SUPRALAPSARIANISMO: Teoria bíblica,
segundo a qual o decreto para salvação (eleição e
SIMBOLISMO: Prática do emprego de símbolos reprovação) ocorre antes da fundação do mundo
como expressão de ideia ou de fatos; (em particular, antes da queda).
interpretação por meio de símbolos. Movimento
de literatura e belas artes. TAUTOLOGIA: Tautologia e uma afirmação
que não transmite um fato real, pode ser
SINÉDOQUE: Expressão do todo pela parte verdadeira em sua definição, mas não transmite a
(Exemplo: Os dez mandamentos), ou a parte pelo informação verdadeira, correspondente, a
todo. respeito do mundo real.
TEÂNDRICO: Divino-humano. Qualidade VICÁRIO: Ato da pessoa ofendida em adiantar-
essencial de Jesus Cristo em que a divindade se voluntariamente a perdoar, ou conseguir o
transparece através da humanidade. Condição de perdão pelas ofensas recebidas.
plena divindade e humanidade de Jesus. Este é na
verdade o princípio básico do cristianismo, VOLIÇÃO (VONTADE): Determinação para
qualquer seita ou pessoa que crê ou afirma exercer as próprias convicções. Desejo de fazer
diferentemente desta condição não pode ser alguma coisa. As volições não levam a pessoa a
considerada cristã. ter controle sobre seus próprios afetos, mas ao
contrário, é motivada pela sua natureza, afetos e
TELEOLÓGICO: Criação e manutenção do causas secundárias e contingentes. Como
universo como sendo planejado e dissemos acima, a liberdade da vontade não
cuidadosamente projetado, destinado a uma significa a liberdade do agente.
finalidade pré-estabelecida.
VOLUNTARISMO: Filosofia que afirma que a
TEOLOGIA FEDERAL: Na teologia federal o vontade do homem está acima da razão e das
conceito da aliança é o princípio determinador de circunstâncias.
todo o sistema. A aliança das obras feita com
Adão é seguida por todas as formas de aliança
como sendo única, sofrendo modificação ao
longo do tempo, mas somente quanto à forma de
apresentação, o conceito básico é sempre a
aliança da graça. Desta forma, o pecado de Adão
é imputado a todas as pessoas, de forma imediata
na concepção, ele é o representante federal da
raça humana no princípio da criação. Da mesma
forma, Jesus Cristo é o representante dos eleitos
antes da fundação do mundo, a redenção
adquirida por ele nada mais é que o cumprimento
da aliança original, que também é imputada aos
eleitos de forma imediata na justificação.

TOMISMO: Ou filosofia escolástica (Tomás de


Aquino), sustentada pela igreja romana, que se
caracteriza, sobretudo pela tentativa de conciliar
o paganismo com o cristianismo. Essa teoria
supõe que o homem nasce sem conhecimento
inato algum (tabula rasa), aprendendo apenas
pelas sensações e experiências.

TRANSCENDÊNCIA: Transcendente significa


que Deus está completamente além dos limites
do mundo, fora do espaço e do tempo. O conjunto
de atributos do Criador que lhe ressaltam a
superioridade em relação à criatura e ao mundo
conhecido.

TRANSFUNDIR: Transformar-se, tornar-se


outro.

UNIVERSAL: Uma concepção geral de ideias


ou formas que são próprias de determinadas
classes de indivíduos ou coisas.

UTILITARISMO: Teologia religiosa que afirma


que somente o que é bom para o homem é bom
para a religião. A finalidade da religião, desta
forma, é promover a felicidade das pessoas.

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