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Dezembro, 2016
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ÍNDICE
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MARCHA DE ALFREDO MARCENEIRO
Música de Alfredo “Marceneiro” Duarte
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Poema Há Festa na Mouraria de António Amargo
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texto não é regular: a maior parte do poema é cantado sem qualquer interrupção a meio
dos versos (excepto em cinco versos, no caso de Amália, e em três versos, no caso de
Mariza) e as fadistas optam por arrastar sílabas de forma frequente, cada uma com um
estilo diferente. A Amália faz a primeira parte do verso sempre muito mais lenta que a
segunda, enquanto Mariza é mais contida e mais equilibrada na divisão.
Em relação à melodia, os três fadistas estilam de forma diferente. O caso mais
impressionante é o de Amália em que apresenta uma grande variação melódica de
estrofe para estrofe.
Na versão de Amália e de Marceneiro ouve-se um típico acompanhamento da viola de
fado, em baixo alternado, a dar apenas o balanço e pequenas progressões. A guitarra faz
floreados, dá as entradas dos versos e entra em diálogo com voz. No entanto verifica-se,
na interpretação do Marceneiro, que a guitarra portuguesa dobra a voz mais vezes que
nas outras interpretações. A versão de Mariza é uma versão moderna e não
convencional (alterações no acompanhamento convencional baixo, viola e guitarra): a
viola começa a acompanhar a fadista e, ao longo da música, ouve-se pequenas
intervenções do violino, com o intuito de preencher espaços vazios e dar as entradas
para os próximos versos. Só a partir do segundo minuto é que a guitarra intervém no
fado dando as entradas e preenchendo os espaços vazios com floreados.
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FADO MENOR COM VERSÍCULO
Música de Alfredo “Marceneiro” Duarte
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-Interpretação de Carlos do Carmo (voz), Raúl Nery e António Chaínho (guitarra), José
Maria Nóbrega e Pedro Nóbrega (viola e viola-baixo, respectivamente), no álbum Mais
do que Amor é Amar, audição online disponível no Spotify.
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Poema Se o Mundo Dá Tantas Voltas de Linhares Barbosa
- Interpretação de Sara Correia (voz), Ângelo Freire (guitarra), Diogo Clemente (viola),
Marino de Freitas (viola-baixo), álbum Fado, Volume 3, audição online disponível no
Spotify.
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sendo que a primeira quadra está divida entre os dois últimos versos das sextilhas; os
poemas Fracasso e Se o Mundo Dá Tantas Voltas são ambos constituídos por quatro
quadras octossilábicas. Os poemas cantados por Carlos do Carmo e Sara Correia têm
rima cruzada nas duas partes do verso; em relação ao poema interpretado por Berta
Cardoso apenas há coerência na rima entre os hemistíquios do segundo e quarto verso.
Os três fadistas repetem sempre os últimos dois versos de cada estrofe.
Relativamente à divisão do texto, Carlos do Carmo, nas três quadras, pausa no
primeiro, terceiro e quarto verso antes do hemistíquio, não havendo interrupções no
segundo verso; nas duas sextilhas, o cantor divide o primeiro, terceiro, quinto e sexto
verso também antes do hemistíquio e canta continuamente o segundo e quarto verso;
Berta Cardoso também dá ênfase ao hemistíquio ao pausar antes do mesmo, mas não o
faz de uma forma regular, e em vários versos, prefere prolongar e ornamentar sílabas
durante os versos; esta última característica é bastante utilizada por Sara Correia na sua
interpretação e quando pausa opta por fazê-lo no primeiro terço do verso, excepto no
último verso do poema em que a fadista pausa antes do hemistíquio, antes da palavra
‘eternamente’. As três interpretações seguem o mesmo encadeamento melódico,
havendo pequenas diferenças no estilar de cada um, e diferem no tipo de expressividade
com que melodizam os versos
Em relação à estrutura formal, esta é binária. A secção A está associada aos dois
primeiros versos da quadra e nas duas sextilhas de Carlos do Carmo, esta secção
prolonga-se em quatro versos. A secção B está associada nos dois últimos versos das
estrofes.
Na interpretação do Carlos do Carmo e Berta Cardoso há um acompanhamento
tradicional e o instrumento que tem primazia é a guitarra. Em Carlos do Carmo, há duas
guitarras portuguesas a criar um diálogo só com a voz, por vezes reforçando-a. Em
Berta Cardoso, a viola faz pequenas progressões e a guitarra portuguesa floreados
enquanto a fadista canta, muito semelhante à interpretação do Carlos do Carmo. Já o
acompanhamento no fado da Sara Correia é menos "tradicional", não é o convencional
baixo alternado. Estando num 4/4, tem tercinas nos dois primeiros tempos que dão um
novo balanço ao acompanhamento. Dá a sensação que assim que o verso avança a
guitarra acompanha, mas quando há prolongamento da última sílaba das palavras de
cada verso, a guitarra prolonga apenas a nota. A guitarra aqui não faz só as pequenas
progressões. Enquanto a fadista canta, há um diálogo paralelo entre a guitarra e a viola
do fado. Contrariamente ao fado de Carlos do Carmo e de Berta Cardoso, os
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instrumentos preenchem com menos frequência aquela parte de prolongação da última
sílaba que a fadista canta.
FADO LARANJEIRA
Música de Alfredo “Marceneiro” Duarte
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-Interpretação de Camané (voz), Marta Pereira da Costa (guitarra), António Quintino
(baixo duplo) e Carlos Leitão (viola), álbum Marta Pereira da Costa, audição online
disponível no Spotify.
-Interpretação de Carlos do Carmo (voz), Raúl Nery e António Chaínho (guitarra), José
Maria Nóbrega e Pedro Nóbrega (viola e viola-baixo, respectivamente), álbum Mais do
que Amor é Amar, audição online disponível no Spotify.
Ambos os poemas cantados sobre o fado laranjeira são constituídos por quatro quadras
cujos versos têm métrica irregular. A rima é solta no poema cantado por Marceneiro e
Camané e cruzada no poema cantado Por Carlos do Carmo. Em todas as interpretações,
os fadistas dividem os versos sensivelmente a meio, sendo que a segunda parte do verso
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complementa a ideia da primeira e, no meu ponto de vista, este fado também se
enquadra numa definição abrangente de fado versículo.
O fado laranjeira é caracterizado por dois andamentos contrastantes, dentro de cada
quadra: um andamento lento nos dois primeiros versos (A) e um andamento rápido nos
dois últimos versos. Quando Carlos do Carmo canta "sozinhos passear", a palavra
"passear" está associada a uma parte prolongada, dando a ideia de recordação passada.
Já na versão do Marceneiro e do Camané, o poema nos dois primeiros tem palavras
associadas ao andamento lento como "Declinar do dia" e "tempos nos uniu", associado
também à ideia de um passado longínquo.
A interpretação de Marta da Costa diferencia-se das outras na abertura começando com
o ritmo marcado pela viola, enquanto nas outras duas interpretações esse ritmo entra
unicamente na secção B. Também é de realçar o papel principal da guitarra nesta
interpretação (algo natural por ser um arranjo integrado no álbum da guitarrista) que
inclui floreados, típico acompanhamento da guitarra a fazer o balanço com as pequenas
progressões e diálogos entre o fadista e com o próprio instrumento. A versão de Alfredo
Marceneiro e a de Carlos do Carmo são mais ‘tradicionais’, com a viola a estabelecer o
ritmo e dar ‘tapete’ harmónico; a guitarra com intervenções de entrada, momentos em
que arpeia e reforça a voz preenchendo os espaços vazios. A viola-baixo é uma
característica muito importante em todas as interpretações principalmente na secção B
pois requer um ritmo não só mais acelerado como também mais cheio e presente.
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BIBLIOGRAFIA
http://fadotradicional.wixsite.com/fadotradicional
http://fadosdofado.blogspot.com/
http://lisboanoguiness.blogs.sapo.pt/
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