Beruflich Dokumente
Kultur Dokumente
BISTURI
Margarita Kherékova em O Espelho
(e uma reflexão sobre “viver o momento” no cinema)
S EG UI DO R ES
A compreensão da personagem representaria um obstáculo para o
ator? O esforço de compreensão do roteiro seria infrutífera? Já que o
Participar deste site
filme surge na montagem, o ator deveria trabalhar cada momento Google Friend Connect
isolado, sem pensar na linearidade? É o que pensa o russo Andrei
Membros (133) Mais »
Tarkovski, diretor de filmes como O Espelho, Nostalgia, O Sacrifício, e
autor do livro Esculpir o Tempo.
“Cada ator de teatro precisa construir seu próprio papel, interiormente, do começo
ao fim. Ele deve desenhar uma espécie de gráfico dos sentimentos, subordinado à
concepção integral da peça. No cinema, não se admite essa elaboração
introspectiva do personagem. Sua tarefa é viver! (...) Então o diretor, tendo em
mãos as seqüencias, segmentos e retakes do que realmente se passou diante da
câmera, irá montá-los de acordo com seus objetivos artísticos pessoais, criando a Já é um membro? Fazer login
oscurtosfilmes.blogspot.com.br/2012/02/bisturi.html 1/4
25/07/13 CURTA-METRAGEM: BISTURI
► Outubro (27 )
Um “corpo sujo“: parece que isto resiste à leitura de uma situação de ► Setembro (1 5)
representação. Perdemos de vista “a atriz representando”. Uma
► Agosto (24)
espécie de “sujeira cotidiana” cumpre o papel de resistência à leitura
de uma elaboração planejada ou formal. ► Julho (20)
► Junho (1 8)
A atriz esfrega os olhos, massageia a testa; quase dorme (diríamos)
► Maio (23)
apoiada nas mãos; não “dona do tempo“ (quem o esculpe é o diretor),
► Abril (20)
mas “escrava da espera” - de uma fala cujo insight ainda não se deu,
do “corta!” que ainda não chegou. ► Março (25)
▼ Fev ereiro (23)
Algo similar encontramos na atuação de Inecy Rocha em A Lira do Marx V amerlatti
Delírio, de Walter Lima Jr. Estranha colocação, dadas as diferenças: a
Daniel Og
brasileira traz a intensidade, alegria e vertigem do desbunde!
Eliana Fonseca
No entanto, o “viver o momento” (e o amor à instantaneidade da Charge
revelação de uma incidência viva) está presente nas duas atrizes, bem
Luciano V idigal
como no discurso dos respectivos diretores: enquanto para Tarkovski o
Daniel Tupinambá
ator tem “total liberdade em cada segmento isolado”, para Walter Lima
Jr., deve-se abrir mão da “literatice que sufoca o cinema, justifica o V ida longa ao Curta
autor e robotiza o ator” (LIMA upud FERREIRA, 2012: 88). Lena Roque
Linduarte Noronha
Poderíamos dizer que a docilidade de uma Kherékova, que submete o
corpo (“afetado“) ao voyeurismo da câmera, se limita aos momentos Carla Ribas
sem um texto (que a amarraria em uma cadeia linearmente ESCOLA DE SAMBA JARDIM
planejada)? Sem o limitador da pré-programação, poderia, então, DO LADO LINDO
mergulhar na vertigem do “não sei o que vai acontecer”? O Frederico Machado
despojamento de um “corpo sujo” se intensifica na cena em que ela
Div ulgação
conversa com o marido; uma cena difícil com um longo texto. Seria
improvisado? BISTURI
Div ulgação
Há uma situação ficcional em jogo: “Diante da câmera o ator tem de
Div ulgação
existir com autenticidade e imediatamente no estado definido pelas
Adrian Teijido
circunstâncias dramáticas” (Tarkovski, 1998). Com uma regra de jogo,
seja ela qual for, surge uma situação que deve ser manejada; isto traz Don’t Come Knocking
resoluções inesperadas: é o que percebemos na experiência prática Bráulio Mantov ani
com atores. O improviso tem regras: “você precisa falar disto e disto”
Div ulgação
ou “tal coisa precisa aparecer”. O improviso com a fala sem regra gera
resultantes sem brilho. Nizo Neto
Radialista e
Mão com testa, dedos com olho, braço com rosto: a atriz deita-se no
Produtor Cultural.
braço; deixa à mostra o cocuruto desfocado; coça os olhos com o
Sou autor do blog
dedo mindinho ou a mão fechada e os aperta, bem forte, com os
Os Curtos Filmes, no "ar" desde
dedos; leva a mão direita à testa, a massageia; estala a língua.
agosto de 2008. Colaboração em
tex tos e artigos para ‘Bigorna.net’;
Trata-se da “verdade de um jogo” (entre outros); verdade que se adapta
‘Rev ista de Cinema Caipira’; ‘Jornal
a um processo de construção fílmico específico. Isto enquanto se
do Cinema – Cineclube Cauim’ e;
dispara palavras feito uma metralhadora silenciosa, destas que
‘Punctum’.
atingem o alvo sem muito alarde: “Ah (...) O que quer da sua mãe?
V I S UA LI Z A R M EU P ER FI L C O M P LET O
Que relações procura? (...) Ãh? (...) E ela quer te ver como uma
criança outra vez”.
Referências citadas:
oscurtosfilmes.blogspot.com.br/2012/02/bisturi.html 3/4
25/07/13 CURTA-METRAGEM: BISTURI
P O S T A DO P O R R A FA EL S P A C A À S 04: 30
NE NH U M C O M E NT Á RI O :
Postar um comentário
oscurtosfilmes.blogspot.com.br/2012/02/bisturi.html 4/4