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1ª Edição 15/01/19
GORDON H. CLARK
Que diz a Escritura em outro lugar? ‘Os filhos de Eli não obedeceram ao pai,
porque Deus os queria matar’ [1Sm 2.25]. Proclama ainda outro Profeta: ‘Deus,
que habita no céu, faz tudo quanto quer’ [Sl 115.3]. E, com clareza suficiente, já
mostrei que todas essas coisas que esses censores querem que aconteçam somente
por sua permissão passiva, Deus é chamado o autor de todas elas. Ele testifica que
cria a luz e as trevas, que ‘forma o bem e o mal’ [Is 45.7]; que nada de mau
acontece que ele mesmo não o tenha feito [Am 3.6].
CALVINO, João. As Institutas: edição clássica. São Paulo: Cultura Cristã, v. I, 233
p.
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ISAÍAS
Então há Isaías 56:2; 57:1; 59:7, 15; 65:12; 66:4. Todos exemplos de רע,ַ ou
mal.
Agora, se Scofield soubesse que ַרעnunca foi traduzido como pecado, ele
deve ter sabido que muitas vezes era traduzido como maldade. Maldade ou mau,
como a tradução de רע,ַ ocorre em Gênesis 6:5; 13:13; 38:7; 39:9. Também em
Deuteronômio 13:11 e 17:2. Também em 1 Samuel 30:22; 2 Samuel 3:39; 1 Reis
2:44; Neemias 9:35; Ester 7:6, 9, 25; e Provérbios 21:12; 26:23, 26. Esses não são
os únicos exemplos.
Scofield disse a verdade literal quando afirmou que ַרעnunca é traduzido
como pecado. Mas nada poderia ser mais falso do que a afirmação dele de que
“Deus criou o mal apenas no sentido de que ele fez com que a tristeza, a desgraça,
etc. fossem os frutos certos do pecado”.
O significado bíblico da palavra ַרעjá foi abundantemente esclarecido. Mas
há outro ponto também. Se ַרעsignifica simplesmente calamidades externas, então
a palavra paz, que Deus também cria, só pode significar paz militar. As frases são
paralelas. Mas esta interpretação reduz o versículo, ou esta parte do versículo, à
trivialidade. Até mesmo o versículo 1 dificilmente pode ser restrito a assuntos
puramente políticos. O versículo 3 fala de tesouros das trevas, riquezas ocultas e
conhecimento de Deus. Jacó, meu servo, e Israel, meus eleitos, não são frases que
se restringem à política e à economia. O versículo 6 fala da extensão do
conhecimento de Deus em todo o mundo. Então vem “eu faço a paz e crio o mal”.
Meramente paz militar? Não é paz com Deus? O versículo seguinte fala da justiça
caindo do céu, não como orvalho, mas como chuva torrencial: “Produza a
salvação, e ao mesmo tempo frutifique a justiça; eu, o SENHOR, as criei”.
Ó Arminiano, arminiano, que distorces os profetas e interpretas mal os que
te são enviados; Quantas vezes eu contei a teus filhos a pura verdade... e tu não os
deixastes entender!
Ainda há mais neste capítulo de Isaías. Mais uma vez encontramos o
Oleiro e o barro. Isso indica que Deus não é responsável pelo homem. Ai do
homem que reclama que Deus fez dele ou de qualquer outra pessoa um vaso de
desonra. O barro não tem “direitos” contra o Oleiro. Nem tem livre-arbítrio para
decidir que tipo de taça ou jarro deve ser.
O lado sombrio e desagradável da doutrina, precisamente porque é
desagradável, é ofensivo ao orgulho humano. Mas os dois lados são lados da
mesma moeda. Deus é soberano em misericórdia também. Depois de enfatizar o
poder criativo de Deus em 45:12, Isaías continua: “Eu o despertei [Ciro] em
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justiça, e todos os seus caminhos endireitarei”. Isso se aplica a tudo o que Ciro
fez. É claro que Isaías, que fez a previsão, e os judeus devotos que a cumpriram
estavam principalmente interessados no tratamento dado por Ciro a eles; mas
Deus dirigiu Ciro em todos os detalhes de seu império e em todos os detalhes de
sua vida privada.
O que a Bíblia afirma tão claramente, o Dr. Clines nega. Na página 122,
ele escreve:
Não se pode mostrar que os profetas acreditavam em um plano
fixo que se estendia desde o início até o fim da história mundial
[...]. As previsões proféticas [...] não significam que todos os
eventos da história se movem em direção a um objetivo divino.
Eles são, antes, uma afirmação de que, dentro da história, Deus
está trabalhando com seus propósitos.
Agora, Isaías 45:13 não menciona todas as ações dos juízes ou dos últimos
reis de Judá e Israel. No entanto, de forma clara e explícita, menciona todos os
caminhos de Ciro. Mas então o Dr. Clines, em sua Predestination in the Old
Testament [Predestinação no Antigo Testamento] não apenas pula sobre Juízes e
Reis, ele também não tem nenhuma seção sobre Isaías. É certo que há dois, ou
talvez três, versículos citados; e há quatro ou cinco versículos referidos por
número; mas a grande quantidade de material decisivo, como é dado aqui, o Dr.
Clines omite. O calvinista não quer “deixar de ver toda a gama de revelação
bíblica sobre o assunto” (p. 110).
O próximo capítulo é igualmente vigoroso. Isaías 46:10,11 diz: “Anuncio o
fim desde o princípio, e desde a antiguidade as coisas que ainda não sucederam;
que digo: O meu conselho será firme, e farei toda a minha vontade. [...]; porque
assim o disse, e assim o farei vir; eu o formei, e também o farei”.
Desde o princípio, Deus se propôs a usar Ciro, e ele o fez. Deus
determinou que Daniel fizesse isto e aquilo, e Deus fez acontecer. Deus predisse
que um dos discípulos de Cristo deveria traí-lo, e Deus executou seu decreto
eterno em Judas. Deus se propôs a regenerar Pedro, João e Paulo. Também
agradou a Deus que Hank1 Aaron fizesse mais home runs do que Babe Ruth, e o
arremessador não poderia ter feito melhor nem o batedor pior. O que Deus propõe,
ele faz. Que ninguém erga as sobrancelhas com a menção de Hank Aaron. Se este
Há, de fato, versículos sobre a reprovação, como Isaías 45:7; mas nesses
dois capítulos vemos a graça livre que impede as tragédias do livre-arbítrio. A
Palavra de Deus realiza sua intenção. Volte primeiro para Isaías 49, que acabamos
de passar em silêncio:
“Ouvi-me, [...] vós, povos de longe: O SENHOR me chamou
desde o ventre [...]. E fez a minha boca como uma espada aguda
[...] e me disse: Tu és meu servo; és Israel, aquele por quem hei
de ser glorificado. [...]. E agora diz o SENHOR, que me formou
desde o ventre para ser seu servo [...]; porém Israel não se deixará
ajuntar; contudo aos olhos do SENHOR serei glorificado [...].
Disse mais: Pouco é que sejas o meu servo [...]. Também te dei
para luz dos gentios [...].”
E o homem respondeu: “Oh, não! Não serei teu servo; Não serei
uma luz para os gentios; e tu não podes me obrigar, pois tenho
livre- arbítrio”.
Felizmente, essas últimas três linhas têm uma fraca atestação textual.
O ponto é que, quando Deus diz que fará alguma coisa, e por meio do
homem que ele escolhe, seja Ciro ou Judas, o agente não tem vontade própria de
resistir. Ele é barro e o Oleiro o moldou para o seu propósito. A profecia é um
importante testemunho da predestinação. Isaías 60 prediz:
Sobre ti o SENHOR virá surgindo, e os gentios caminharão à tua
luz [...], e publicarão os louvores do SENHOR. E os filhos dos
estrangeiros edificarão os teus muros, e os seus reis te servirão;
porque no meu furor te feri, mas na minha benignidade tive
misericórdia de ti. [...]. A glória do Líbano virá a ti [...]. Também
virão a ti, inclinando-se, os filhos dos que te oprimiram; e
prostrar- se-ão às plantas dos teus pés todos os que te
desprezaram; e chamar-te-ão a cidade do SENHOR [...]. E
saberás que eu sou o SENHOR [...]. Aos teus muros chamarás
Salvação, e às tuas portas Louvor. Nunca mais te servirá o sol
para luz do dia [...]; mas o SENHOR será a tua luz perpétua, e o
teu Deus a tua glória.
2 Nota do Tradutor: Em inglês: “Have Thine own way, Lord, have Thine own way / Hold o’er my
being absolute sway”. É um hino cristão com letras de Adelaide A. Pollard e música de George C.
Stebbins. Foi publicado pela primeira vez em 1907.
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