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Universidade Federal de Juiz de Fora

Faculdade de Medicina
Departamento de Cirurgia
Técnica Cirúrgica e Cirurgia Experimental

Juliana Vieira Lima


Thiago Silveira Gonçalves

Apostila de Técnica Cirúrgica


e Cirurgia Experimental

Professores Responsáveis:
José Antônio Chehuen Neto
Mauro Toledo Sirimarco

Juiz de Fora
2010
Vestuário para participar de uma cirurgia

ETAPA 1) No hospital:

Entrada do paciente no Centro Cirúrgico – pela área de transferência.


Entrada do médico no Centro Cirúrgico – pelo vestiário.

ETAPA 2) No vestiário:

Vestuário : Camisa de manga ou uma camisa regata e uma calça. É o hospital


que fornece a roupa já adequadamente lavada. Não usar roupas trazidas de
casa por baixo da mesma a não ser roupas íntimas.

Touca : Uso para mulheres. Gorro: Uso para homens.

Modo de usar - colocar de forma confortável tal que cubra todo o cabelo.

Função - impedir que o cabelo do cirurgião entre em contato com o campo


operatório evitando, assim, contaminação e predisposição à infecção
cirúrgica.

Máscara : Apresenta uma porção superior onde se encontra uma haste


metálica e uma porção inferior. Podem ser constituídas de cordas superiores e
inferiores ou podem ser constituídas de elásticos superiores ou inferiores.

Modo de usar - a porção superior metáli ca deve ser ajustada na região nasal
de forma a moldar a máscara ao rosto do paciente. As máscaras que
apresentam em sua composição, elásticos, os mesmos devem ser colocados
atrás da orelha. Já aquelas constituídas por cordas, as superiores deverão ser
amarradas na região posterior da cabeça enquanto as inferiores deverão ser
amarradas ou na região da nuca ou na região superior da cabeça.
Função - Evitar que gotículas de saliva contaminem o campo operatório,
diminuindo os riscos de infecção.

Óculos : Usados em procedimentos com risco de contaminação pelo contato


com líquidos corporais.

Propés : Em alguns hospitais houve abandono de seu uso porque não foi
comprovada relação entre seu uso e redução das taxas de infecções cirúrgicas.

Modo de usar - se disponível, colocá-lo de forma a cobrir todo o solado do


sapato.

Função - impedir que os detritos presentes na sola dos sapatos contaminem o


centro cirúrgico, impedindo o contato dos mesmos com o chão da sala de
cirurgia.

ETAPA 3) No Lavabo:

Pia : deve ter torneiras que podem ser abertas por mecanismos tais que não
estão relacionados com o uso das mãos , como: sensores, sistemas de alavanca
com o uso do braço ou dos pés.

Frasco contendo degermante : podem ser abertos por mecanismos tais que
não estão relaciona dos com o uso das mãos como: sensores e sistemas de
alavanca com o uso dos braços ou dos pés. O degermante utilizado para a
assepsia do médico é o Povinil Pirrolidona Iodo Degermante (PVPI
degermante). Para pessoas alérgicas ao PVPI degermante, usa -se a
Clorexidina.

Escova de degermação : vem embalada já contendo degermante. Apresenta


uma região de cerdas e uma região de esponja.
Escovação (Figura 1)

1. Molhar as mãos e o antebraço até a parte inferior do braço usando a parte


esponjosa da escovinha que já a presenta degermante.
2. Molhar a mão com o degermante.
3. Inicio a escovação com a parte de cerdas da escova, respeitando um a
seqüência lógica – palma da mão, dorso da mão, faces laterais e mediais das
mãos e dedos, ponta dos dedos , dobras dos dedos, punhos, ant ebraço em suas
faces anterior, posterior, medial e lateral, fossa cubital, cotovelo, terço
inferior do braço. Após realização em um braço, repetir no contralateral.
4. Despreza a escovinha e enxágüe.
5. Molhar a mão com o degermante.
6. Repetir o processo de escova ção descrito no item 3 utilizando a mão.
7. Enxágüe.
8. Molhar a mão com o degermante.
9. Repetir o processo de escovação descrito no item 3. No entanto, não passar
o degermante no terço inferior do antebraço, somente atingindo a região da
fossa cubital e do cotov elo.
10.Enxágüe.

Figura 1
Paramentação (Figuras 2 e 3)

1. Realizada dentro do Centro Cirúrgico. Haverá um pacote com a compressa


e o avental que deverá ser aberto por outra pessoa do centro cirúrgico que não
tenha realizado do processo de degermação das mãos.
2. O médico pega a compressa no interior deste pacote e enxuga as mãos.
3. Após enxugar as mãos, descartar a compressa nas “hampers”.
4. Após a secagem das mãos coloca -se o avental, tal que a pessoa só pode
colocar suas mãos no interior do ave ntal e não na parte externa do mesmo.
Pedir alguém para amarrar o avental na parte posterior.
5. Calçar as luvas.

Figura 2
Figura 2
(Cont.)

Figura 3
Princípios do Tratamento de
Ferimentos de Partes Moles

1. Avaliação inicial da ferida e retirada de corpos estranhos grosseiros

Consiste em estabelecer, de acordo com a anamnese feita com o


paciente, o mecanismo do trauma, as forças atuantes, o material utilizado para
produzir tal efeito de tal forma que você p ossa identificar o tipo de lesão que
será tratada e realizar o prontuário do paciente de forma adequada.
Materiais não inertes, como pedaços de madeira, espinhos, detritos,
fragmentos de roupa, devem ser removidos total e prontamente sempre que
possível. Já os materiais relativamente inertes como vidros, metais e plásticos
podem ser removidos eletivamente caso necessário. Se localizados em locais
de suporte de peso como mãos, pés, regiões glúteas, ou locais que possam
comprometer a função, devem ser imediat amente retirados. Para proteção das
mãos faz-se o uso de luvas não estéreis.

2. Preparo do material a ser usado

Neste momento, separa-se a bandeja de pequena cirurgia. Colocá-la


aberta próxima à área onde o procedimento será realizado. Haverá um
chumaço de gaze dentro da bandeja sobre o qual deverá ser jogado o PVPI
alcoólico, usado para a anti-sepsia do paciente. Separar a seringa e as 2
agulhas , uma de calibre maior para puxar o anestésico e ou tra de calibre
menor para aplicá -lo. Calçar a luva estéril de procedimento e, em seguida,
iniciar o preparo do an estésico. Pedir a um assistente para pegar o anestésico
e virá-lo com a parte diafragmática do frasco para baixo. Acopla r a agulha de
maior calibre à seringa, perfura r com a agulha a parte diafragmática e puxar o
volume de anestésico que será usado. Descartar a agulha e não a reencapar.
Acoplar a agulha de menor calibre sem retirar sua capa, deixando a seringa
preparada para o procedimento anestésico.
3. Tamponar o ferimento com gaze estéril

Realizar hemostasia temporária pela compressão direta com gaze estéril


para controlar e fazer cessar a hemorragia . Geralmente é uma compressão de 5
a 10 minutos.

4. Preparo da pele do paciente

Fazer a anti-sepsia da pele do paciente com o uso de iodóforos, neste


caso o Polivinil Pirrolidona Iodo Alcoólico (PVP I Alcoólico). Em caso de
pacientes alérgicos ao iodo, opta -se pelo uso da Clorexidina.
Em pacientes que tiveram lesão em áreas pilosas realizar, antes da anti-
sepsia, a tricotomia. A única exceção é a região dos sup ercílios uma vez que,
realizada a tricotomia nesta região, há interrupção no crescimento dos pêlos
gerando falhas que comprometem a estética do indivíduo .
Após tricotomia e anti-sepsia colocar os campos estéreis ao redor da
ferida de forma a delimitá -la e impedir que fique exposta uma área onde não
foi feita a anti-sepsia.

5. Anestesia local

Os dois anestésicos mais utilizados são a lidocaína e a bupivacaína


(geralmente a 0,5%). Identificar o vértice da ferida. Introduz ir a agulha em
ângulo reto até penetrar a derme e inicia r a aplicação do anestésico local até
que haja formação de um botão , representado pela elevação da pele em forma
ovalar. Posteriormente, faz er a infiltração dos ramos subcutâneos de forma a
posicionar a agulha paralelamente à pele do pacie nte direcionada da direita
para a esquerda (no caso dos destros). Introduzir a agulha e, à medida que vai
retirando lentamente a agulha é que deverá ser liberado o anestésico local de
forma a anestesiar todo o trajeto por onde houve r a passagem da agulha.
O anestésico local quando associado a os vasoconstritores não deve ser
utilizado em locais de vascularização terminal, em que a isquemia poss a
trazer graves conseqüências, como dedos, asas do nariz, orelhas e pênis .
6. Controle da hemorragia

Após a realizaçã o da anestesia pode haver sangramento da ferida que


deve ser tratado com o tamponamento da mesma com gaze estéril.

7. Identificação do ferimento e de seus recessos

8. Desbridamento cirúrgico

É essencial para que haja condições fisiológicas que propiciem uma b oa


cicatrização. Deve ser cuidadoso e completo, com ressecção de tecidos
necrosados, macerados e desvitalizados, além da retirada de corpos estranhos.
Identificar tecidos nobres, evitando removê -los.

9. Irrigação copiosa sob pressão

É feita com solução fis iológica a 0,9% sob pressão de forma que possa
romper a aderência bacteriana à superfície da ferida e outros detritos
menores. É realizado pelo auxiliar uma vez que o frasco do soro é
potencialmente contaminante e o médico está usando luvas estéreis.

10.Decidir e executar ou não o fechamento da ferida

Objetivo: restabelecer a integridade anatômica, funcional e estética dos


tecidos lesados. É essencial que o tratamento seja realizado com a máxima
brevidade possível.
Fechamento Primário Fechamento Secundário
T < 6h, recentes T > 6h
Feridas limpas sem altos índices de
Feridas muito contaminadas
contaminação
Feridas de bordos regulares sem perda de
Feridas por arma de fogo
substância
Feridas decorrentes dos mais diversos Feridas produzidas por
mecanismos de trauma desde que não sej a por mordeduras humanas e de gatos,
mordeduras de animais ou por armas de fogo ou mesmo de cães, com laceração
- Perda de substância
- Suprimento sanguíneo inadequado
Neste momento, quando se tratar de ferimentos punctiformes com o, por
exemplo, feridas produzidas por pregos na região plantar do pé, fazer uma
ampliação do ferimento com uma abertura na região em forma de cruz e cortar
a pele que une as regiões entre as pontas da cruz. Posteriormente, fazer a
limpeza com soluções oxidantes como água oxigenada ou solução de
permanganato de potássio a 1:5000.

11. Curativo

A última parte do tratamento da ferida é a realização do curativo que


deve ser feito com gaze e esparadrapo.
Nos casos de fechamento primário, o curativo a ge como barreira contra
bactérias exógenas. Deve manter sua superfície seca e realizar sua troca diária
até a retirada dos pontos quando não será mais necessária sua realização.
Nos casos de fechamento secundário, o curativo é trocado em intervalos
de tempo menores e a manutenção do mesmo seco é essencial para um melhor
cuidado da ferida.
O curativo compressivo é essencial para a obliteração de espaços mortos.
Suturas

Material Utilizado

Para fazer a sutura utilizaremos:

 Agulha;
 Fio Cirúrgico;
 Porta-Agulha;
 Pinça;
 Tesoura.

A agulha pode ser de 2 tipos: traumática ou atraumática. A agulha traumática possui


na extremidade posterior um encastoamento onde o fio cirúrgico deve ser fixado. Ela possui
esse nome, pois ao atravessar o tecido provoca um leve trauma pela passagem do fio cirúrgico
dobrado no encastoamento. Já a agulha atraumática já vem com o fio cirúrgico fixo, o que
permite sua passagem através dos tecidos de forma mais delicada. Outras diferenças entre as
agulhas incluem suas secções (existem agulhas de secção triangular, circular, etc) e sua
curvatura.
Os fios cirúrgicos podem ser absorvíveis ou não absorvíveis, monofilamentares ou
polifilamentares. Sua composição é extremamente variada e adéqua-se a diferentes situações.
Sua espessura é designada por números. Fios muito grossos são menos utilizados e tem
numeração maior que zero (1, 2, etc). Os mais utilizados são designados por “número de
zeros”, ou seja, 0, 00 (“dois zeros”), 000 (“três zeros”), etc. Quanto maior o número de zeros,
mais fino é o fio.
O porta-agulha é o instrumento cirúrgico que manuseia as agulhas. O mais utilizado é
o porta-agulhas de Hegar. Por ser um instrumento de olivas, será sempre manuseado com os
dedos 1 e 4 da mão dominante.
A pinça é o instrumento cirúrgico usado para a manipulação dos tecidos a serem
transfixados pelas agulhas. Os tipos mais utilizados são a pinça anatômica e a pinça com
dentes-de-rato. A pinça deve ser manuseada com os dedos 1, 2 e 3 da mão não-dominante
segurando o instrumento na arranhadura lateral. Os dedos 4 e 5 devem permanecer dobrados
sobre a palma da mão para serem eventualmente usados para segurar pequenos objetos
necessários a realização do procedimento.
A tesoura, nesse contexto, é usada apenas para cortar os excessos de fio cirúrgico.
Deve ser manuseada com os dedos 1 e 4 da mão dominante, sempre com a palma da mão para
baixo. A mais utilizada nesse caso é a tesoura reta de Mayo.
Para mais detalhes acerca dos materiais utilizados, sugerimos a leitura do capítulo
“Síntese Cirúrgica” do livro “Técnica Cirúrgica – Bases Anatômicas, Fisiopatológicas e
Técnicas da Cirurgia” (Goffi, F. S.).

Seminós

Quando amarramos o cadarço do sapato, geralmente o fazemos em duas etapas. A


primeira delas é composta da execução de um seminó, seguida da execução de um laço.
Quando finalizamos um ponto, é necessário amarrá-lo para que o mesmo não se solte. Para
tanto, é necessário darmos um nó. Um nó nada mais é do que 3 seminós em sequência.
Contudo, em cirurgia não fazemos isso da mesma maneira como amarramos um cadarço de
sapato. Existem técnicas adequadas para isso, chamadas de “L” e “4”. Há também um seminó
duplo, popularmente chamado de “nó do cirurgião”.

O “L”

Toda vez que o ponto é concluído, teremos disponíveis para a execução do nó


cirúrgico 2 pontas de fio soltas ou cabos: o cabo superior e o cabo inferior. A técnica do
“L” é sempre iniciada pelo cabo inferior. Dessa maneira, para uma pessoa destra, iniciaremos
com o cabo inferior na mão direita e o cabo superior na mão esquerda. O cabo inferior deverá
ser manuseado sempre com o primeiro e o segundo dedos, enquanto o superior deve ser
sempre manuseado com o primeiro e o terceiro dedos.
 Com o cabo inferior devidamente seguro entre o primeiro e o segundo dedo, os 3 dedos
restantes deve ficar esticados de forma que a mão assuma uma posição de “OK” (figura
4A);
 Os 3 dedos esticados deverão apoiar-se sobre o mesmo cabo que está fixo entre os dedos
1 e 2, que exercerão uma leve tensão no cabo de forma que o mesmo assuma o formato de
um “L” (figura 4B);
 Em seguida, o cabo superior deverá ser aproximado do cabo inferior podendo até tocá-
lo, cruzando-o entre os dedos 2 e 3 (figura 4C);
 O Dedo 3 da mão inferior (a que está fazendo o “L”) deve dobrar-se por cima do cabo
superior e por baixo do cabo inferior (figura 4D);
 Neste momento, o cabo inferior deverá ser apreendido entre os dedos 3 e 4 da mão
inferior, permitindo aos dedos 1 e 2 soltarem o cabo (figura 4E);
 Puxe o cabo inferior (preso entre os dedos 3 e 4 da mão inferior) por baixo do cabo
superior, por dentro do “círculo” de fio que se formou (figura 4F);
 Para concluir o seminó as mãos deverão trocar de posição, isto é, a mão que começou o
seminó segurando o cabo superior deve dirigir-se para baixo e a mão que começou
segurando o cabo inferior deve dirigir-se para cima (figura 4G). Isto é importante para o
posicionamento correto do seminó, o que evita que o ponto fique frouxo.

Figura 4

B C

D E

F G
O “4”

O “4”, ao contrário do “L”, será iniciado sempre pela mão que segura o cabo superior.
Assim, uma pessoa destra começará o “4” com a mão direita segurando o cabo superior e a
mão esquerda segurando o cabo inferior. Atente novamente para a forma correta de segurar os
cabos: o cabo superior com os dedos 1 e 3 e o cabo inferior entre os dedos 1 e 2.
 Com o cabo superior sendo segurado pelos dedos 1 e 3, o dedo 2 fica livre. O dedo 2
deverá então passar “por trás” do cabo superior, ou seja, se uma pessoa destra está
realizando o movimento com a mão direita, o dedo deverá passar pelo lado direito do fio
(figura 5A);
 O cabo superior deve cruzar o cabo inferior por cima, de modo que o dedo 2 fique do
lado esquerdo do cabo inferior (direito para canhotos) e os demais dedos fiquem do lado
direito do cabo inferior (esquerdo para canhotos). Repare que os cabos assumiram uma
forma semelhante a do número 4 (figura 5B);
 O dedo 2 da mão superior deve dobrar-se, passando por baixo do cabo inferior e logo
em seguida por cima do cabo superior. Neste momento, o dedo 2 estará apontando na
direção do cirurgião (figura 5C);
 O dedo 2, que antes apontava para o cirurgião, agora deverá ser extendido passando por
dentro do “círculo” formado pelos fios de forma a apontar para o sentido contrário ao que
se encontrava antes (figura 5D);
 Neste momento a ponta do cabo pode ser solta pelos dedos 1 e 3. Tradicionalmente, o
dedo 3 será usado para apreender o cabo superior sobre o dedo 2, mas algumas pessoas
preferem utilizar o dedo 1 (figuras 5E1 e 5E2, respectivamente);
 Para completar o seminó basta seguir as instruções dadas para o “L”: as mãos trocam de
posição – a que estava em cima vai para baixo e a que estava em baixo vai para cima
(figura 5F).

Como em ambas as técnicas as mãos trocam de posição ao final da execução dos


seminós, uma pessoa que tenha começado com o movimento “L” com a mão direita, caso
deseje continuar usando a mão direita, deverá executar em seguida um “4”. Se preferir revezar
as mãos, deverá fazer um “L” com a direita seguido de um “L” com a esquerda. O que
determina qual movimento deverá ser executado é a posição da mão com que se deseja iniciar
o seminó. Já o que determina a sequência de movimentos que será usada afim de completar os
3 seminós é a habilidade do cirurgião. Portanto, uma vez que os movimentos foram
assimilados com a mão dominante, recomenda-se o treinamento com a mão contralateral até
que ambas executem os movimentos com igual destreza.

Figura 5

B C

D E1

E2 F
Nó Duplo ou “Nó do Cirurgião”

O nó do cirurgião na verdade é um seminó. Ele tem a particularidade de dificultar o


escorregamento do fio cirúrgico sobre si mesmo, tornando o ponto mais firme e facilitando a
realização dos demais seminós. Assim, quando for utilizado, ele será sempre o primeiro dos 3
seminós que irá compor o nó.
Existem pelo menos 4 formas de realizar o nó do cirurgião, mas o enfoque
utilizado aqui é o que parece ser de maior compreensão em nossas aulas práticas. Trata-se na
realidade de uma “fusão das técnicas do L e do 4”. Aqui iniciaremos pelo “L”.
 Com o cabo inferior devidamente seguro entre o primeiro e o segundo dedo, os 3 dedos
restantes deve ficar esticados de forma que a mão assuma uma posição de “OK” (figura
6A);
 Os 3 dedos esticados deverão apoiar-se sobre o mesmo cabo que está fixo entre os dedos
1 e 2, que exercerão uma leve tensão no cabo de forma que o mesmo assuma o formato de
um “L” (figura 6B);
 Em seguida, o cabo superior deverá ser aproximado do cabo inferior podendo até tocá-
lo, cruzando-o entre os dedos 2 e 3 (figura 6C);
 O Dedo 3 da mão inferior (a que está fazendo o “L”) deve dobrar-se por cima do cabo
superior e por baixo do cabo inferior (figura 6D);
 Neste momento, o cabo inferior deverá ser apreendido entre os dedos 3 e 4 da mão
inferior, permitindo aos dedos 1 e 2 soltarem o cabo (figura 6E);
 O dedo 2 da mão que segura o cabo superior deve ser introduzido através do “anel”
formado pelo fio com as manobras anteriores (figura 6F);
 O mesmo dedo deverá dobrar-se de modo a passar sobre o cabo superior, “buscando-o”.
Repare que este movimento assemelha-se ao realizado no “4” (figura 6G);
 De modo semelhante ao “4”, o dedo 3 soltará a ponta do cabo superior e o apreenderá
junto com o dedo 2 (figura 6H);
 Agora basta completar o ponto, lembrando de completar o movimento do “L” levando o
cabo para cima e o movimento do “4” levando o cabo para baixo. Repare que os fios se
entrelaçam 2 vezes ao invés de uma – daí o nome de nó duplo (figura 6I).
Figura 6

B C

D E

F G

H I
Nó com Instrumental

É sem dúvida de muito mais fácil realização do que as técnicas manuais. É também o
mais utilizado no dia-a-dia do fechamento de feridas, mas não substitui a qualidade e a
versatilidade das técnicas manuais, principalmente em se tratando de cirurgias onde a técnica
com instrumental pode oferecer perigo às estruturas adjacentes ou o espaço reduzido impeça
sua utilização. Por fim, é uma técnica que economiza fio, sendo muito útil na realização de
pontos contínuos. Para realizá-lo, é necessário manipular o porta-agulha com a mão
dominante.
 Por questão de economia de fio, após transfixar as duas bordas da lesão, deixa-se apenas
uma ponta de 0,5-1,0cm de fio para o cabo superior (figura 7A);
 Posiciona-se o porta-agulha apontado para o sentido de fechamento da ferida, entre os
cabos superior e inferior (figura 7B);
 Enrola-se o cabo inferior ao redor do porta-agulha uma vez (para “simular” o nó do
cirurgião, enrola-se duas vezes) (figura 7C);
 Com o porta-agulha prende-se a ponta do cabo superior (figura 7D);
 Desliza-se o cabo inferior sobre o porta-agulha, enquanto o mesmo é tracionado para
baixo, reproduzindo o movimento cruzado do “L”, do “4” e do nó de cirurgião (figura
7E);
 Ajusta-se o ponto e repete-se a manobra, mas de maneira invertida: agora o cabo
superior deverá ser enrolado no porta-agulha, que deverá prender-se à ponta do cabo
inferior (figura 7F);

Figura 7

A B C

D E F
Suturas

Pessoas destras sempre iniciarão a sutura da direita para a esquerda e pessoas canhotas
sempre iniciarão a sutura da esquerda para a direita. Dessa forma, a mão do cirurgião sempre
passará sobre uma superfície fechada e não uma ferida aberta, o que diminui o risco de
contaminação.
A transfixação dos bordos da ferida pela agulha deve ser individualizada, isto é, não
devemos transfixar as duas bordas simultaneamente. Isso impede que ocorra a transfixação de
estruturas nobres (nervos, artérias, tendões, etc) que ocasionalmente estejam no trajeto da
agulha. Com a aquisição de experiência pode-se transfixar as bordas superior e inferior
simultaneamente, mas com cautela.
O manuseio dos bordos deve ser feito sempre com a pinça e a mesma só deverá soltar
a borda pinçada após a transfixação completa da agulha.

Preparo do Material:

O porta-agulha deve ser manuseado com os dedos 1 e 4 da mão dominante. A agulha


deve ser apreendida bem próximo da ponta do porta-agulha. O local mais adequado para
segurar a agulha é na junção de seu terço médio com seu terço distal e a agulha deve estar
sempre com a concavidade voltada para o cirurgião. Pessoas destras, que farão a sutura da
direita para a esquerda, devem posicionar a agulha no porta-agulha com a ponta voltada para a
esquerda; pessoas canhotas devem posicionar a agulha com a ponta voltada para a direita
(figura 8). Com exceção do momento em que a agulha está transfixando a borda da lesão
(quando deverá ser sempre manuseada pelo porta-agulha), a agulha deve ser manipulada com
a mão não-dominante para sua colocação no porta-agulha.

C
D
A
E
N
S
H
T
O
R
T
O
O

Figura 8
Caso a agulha escolhida seja do tipo atraumática, após seu posicionamento no porta-
agulha pode-se iniciar a sutura. No caso de uma agulha traumática, o fio cirúrgico deverá ser
corretamente colocado no encastoamento da agulha antes do início da sutura. Isso é feito
passando o porta-agulha para a palma da mão não-dominante. Em seguida o fio cirúrgico é
apreendido entre os dedos 2 e 3 para produzir tensão no fio afim de facilitar a manobra. A
ponta do fio passará por trás do porta-agulha e contornará a extremidade do conjunto agulha-
porta-agulha. O fio então é pressionado contra o encastoamento num ponto a cerca de 3 cm de
distância da extremidade do fio até que se sinta um “click”, que indica que o fio está
devidamente preso (figura 9).

Figura 9

Após a conclusão de um ponto serão dados sempre um mínimo de 3 seminós (na


prática geralmente dá-se 2 seminós a mais que o número de “zeros” do fio, lembrando que
quanto maior o número de zeros, mais fino é o fio).
Pontos Separados

Pontos separados, como o próprio nome diz, são pontos em que não há um espaço
entre um ponto e outro. São eles: ponto simples, ponto Donatti, ponto em “X”, ponto em “U”,
ponto captonado e ponto cavilha.

Ponto Simples:

É, sem dúvida, o ponto mais utilizado em cirurgias. É também um dos poucos pontos
utilizados para a sutura da pele, pois permite o nivelamento adequado dos planos anatômicos -
necessário para uma cicatrização adequada. No entanto, não é um ponto que suporte tensões
muito grandes.
 Pinça-se a borda superior da lesão de maneira que permita a transfixação da agulha de
cima para baixo a uma distância de 0,5-1cm tanto da borda superior quanto do ângulo da
ferida (figura 10A);
 Somente após a transfixação completa da borda superior pela agulha é que a pinça
deverá soltar a borda superior e pinçar a borda inferior (figura 10B);
 A borda inferior deve ser pinçada e transfixada de modo semelhante a borda superior: de
cima para baixo e a 0,5-1cm da borda inferior e do ângulo da ferida, de modo que o fio
cirúrgico assuma um trajeto perpendicular a lesão (figura 10C);
 Novamente, somente após a transfixação completa da agulha é que a pinça poderá soltar
a borda (figura 10C);
 O ponto simples foi concluído. Agora é necessário dar pelo menos 3 seminós (um nó)
para fixá-lo, utilizando qualquer uma das técnicas já descritas. Os seminós não devem
ficar nem apertados nem frouxos demais, devem apenas permitir a justaposição dos planos
anatômicos (figura 10D);
 Com os seminós terminados, é interessante “lateralizar” o ponto, isto é, posicionar o nó
superior ou inferiormente ao trajeto da lesão. Isso permite uma cicatrização mais adequada
uma vez que o nó não ficará posicionado exatamente sobre a lesão, além de facilitar a
retirada do ponto quando necessário (figura 10E);
Figura 10

B C

D E

Ponto Donatti

Assim como o ponto simples, é um dos poucos utilizados na pele, pois também
permite a justaposição dos planos anatômicos. Seu diferencial é suportar tensões maiores que
as suportadas pelo ponto simples, tornando-o ideal para suturas em que há pequenas perdas
teciduais que afastam as bordas das feridas.
 O ponto Donatti começa exatamente igual ao ponto simples – repita as etapas descritas
para o ponto simples até o momento imediatamente anterior a execução dos seminós
(figuras 10A-C);
 Neste momento, a agulha deverá ser posicionada apontando para a direção contrária a
tradicional (apontando para a direita no caso de destros e para a esquerda no caso de
canhotos), sempre com a concavidade voltada para o cirurgião. A melhor maneira de se
segurar o porta-agulha para executar os próximos passos é retirando o dedo 1 de sua oliva
e posicioná-lo do outro lado da mesma oliva, o que permitirá a execução de movimentos
“de empurrar” ao mesmo tempo que impede que o porta-agulha se abra durante o
movimento (figura 11A);
 A borda inferior deve ser pinçada novamente e a agulha deverá ser transfixada de baixo
para cima a aproximadamente 2mm da borda da lesão, de maneira alinhada a primeira
transfixação da borda inferior (figura 11B);
 Pinça-se a borda superior e a transfixamos a 2mm de distância da borda, também de
modo alinhado com o trajeto da primeira transfixação (figura 11C);
 O ponto Donatti foi concluído, restando apenas a necessidade de execução dos seminós
com qualquer uma das técnicas já apresentadas. Repare que não é necessário fazer a
lateralização do ponto Donatti (figura 11D).

A B

C D
Figura 11
Ponto em “X”

O ponto em “X” não é utilizado na pele, pois é um ponto que provoca a inversão das
bordas da ferida. É mais utilizado em pontos profundos que necessitam de inversão das
bordas, como por exemplo, em músculos.
 O ponto em “X” começa exatamente igual ao ponto simples – repita as etapas descritas
para o ponto simples até o momento imediatamente anterior a execução dos seminós
(figuras 10A-C);
 A agulha deve ser apreendida pelo porta-agulha na posição habitual e a borda superior
da lesão deve ser pinçada e transfixada a uma distância de 0,5-1cm do primeiro ponto de
transfixação. O fio cirúrgico cruzará por sobre a extensão da lesão (figura 12A);
 Agora a borda inferior deverá ser pinçada e transfixada a cerca de 0,5-1cm do primeiro
ponto de transfixação na borda inferior. Repare que, até este momento, é como se 2 pontos
simples seqüenciais tivessem sido dados (figura 12B);
 Isso conclui o ponto em “X”, sendo necessário agora dar os seminós. Repare que ao dar
os seminós, o fio cruzou novamente por cima da extensão da lesão e o ponto tomou a
forma de um “X” (figura 12C).

Figura 12

B C
Ponto em “U”

O ponto em “U” não é utilizado na pele, pois é um ponto que provoca a eversão das bordas da
ferida. É mais utilizado em pontos profundos que necessitam de eversão das bordas.
 O ponto em “U” começa exatamente igual ao ponto simples – repita as etapas descritas
para o ponto simples até o momento imediatamente anterior a execução dos seminós
(figuras 10A-C);
 A agulha deve ser apreendida pelo porta-agulha rodada 180º (como se fôssemos
executar um Donatti) e a borda inferior da lesão deve ser pinçada e transfixada a uma
distância de 0,5-1cm do primeiro ponto de transfixação (figura 13A);
 Agora a borda superior deverá ser pinçada e transfixada a cerca de 0,5-1cm do primeiro
ponto de transfixação na borda superior (figura 13B);
 Isso conclui o ponto em “U”, sendo necessário agora dar os seminós (figura 13C).

Figura 13

B C
Ponto Captonado

O captonado, assim como o Cavilha são exceções. Ambos são utilizados na pele, mas em
situações específicas, mais comumente na parede abdominal. Quando um paciente é
submetido a sucessivas laparotomias e sua pele está “friável”, um ponto simples ou um
Donatti poderiam levar facilmente à deiscência da sutura. Nesses casos lança-se mão do
captonado – quando ainda há a possibilidade de novas aberturas da parede abdominal – ou do
cavilha – quando provavelmente não haverá necessidade de nova abertura. Para realizar tais
pontos, utilizamos um anteparo de borracha, que distribui a área de compressão do fio sobre
uma área maior. Para o ponto captonado, os anteparos possuem dimensão de 0,5-1,0cm.
 O Captonado é feito de forma idêntica ao Donatti, com a diferença de que, ao retornar
para a borda superior, deixa-se uma alça na borda inferior, onde o anteparo será inserido
(figura 14A);
 Após a inserção do anteparo, ajusta-se o ponto e coloca-se outro anteparo entre os 2
cabos da borda superior (figura 14B);
 Para finalizar, os seminós são feitos sobre o anteparo da borda superior (figura 14C);

Figura 14

B C
Ponto Cavilha

O cavilha é praticamente idêntico ao captonado, a diferença é no tamanho/colocação do


anteparo. No cavilha o anteparo tem o comprimento da ferida.
 São feitos vários Donatti em sequencia, mas em todos deixa-se uma alça na borda
inferior e dá-se apenas o primeiro seminó, sem apertá-lo, de forma a formar outra alça na
borda superior (figura 15A);
 A seguir os anteparos são inseridos nas bordas inferior e superior, os pontos são
ajustados e os nós concluídos (figura 15B);

A B
Figura 15

Pontos Contínuos

São suturas realizadas de forma contínua, sem a necessidade de cortar os cabos ao final de
cada transfixação da pele. Todos eles, com exceção do intradérmico, não são utilizados na
pele. E todos eles, também com exceção do intradérmico, começam e terminam da mesma
maneira. São eles: chuleio simples, chuleio festonado, barra grega, intradérmico.

Chuleio Simples

O chuleio simples é o protótipo das suturas contínuas. É muito utilizado em cirurgia vascular,
na realização de anastomoses.
 O chuleio simples começa como um ponto simples, mas por questão de economia de fio,
geralmente o finalizamos com um nó com instrumental (figura 16A);
 O que é feito a seguir é uma sequência de pontos simples inacabados, semelhante ao que
fazemos no ponto em “X”, mas de forma repetida e sem dar nó algum até que a ferida
tenha sido totalmente fechada (figura 16B);
 Tendo percorrido a ferida por completo, ao transfixarmos a borda superior pela última
vez, deixa-se uma “alça” de fio que fará as vezes do cabo superior (figura 16C);
 Utilizando o cabo inferior e a alça superior, dá-se os 3 seminós (figura 16D).

Figura
16
A

B C

Chuleio Festonado

O chuleio festonado é talvez o ponto contínuo mais “estável”. Sua firmeza dá-se ao
ancoramento do fio na borda inferior, o que o torna adequado para suturas internas submetidas
a grande tração.
 O chuleio festonado começa exatamente como o chuleio simples (figura 16A);
 A seguir, fazemos um “C” com o fio, com a lesão cortando o “C” através de sua
abertura (figura 17A);
 As bordas são transfixadas “dentro do C”, o que fará com que, ao ajustar o ponto, o fio
fique ancorado na borda inferior (figuras 17B);
 O procedimento repete-se até o fim da ferida, quando então o ponto é finalizado da
mesma forma que o chuleio simples (figura 17C).

Figura
17
A

B C

Barra Grega

A barra grega é provavelmente o ponto contínuo menos utilizado.


 A barra grega começa exatamente como o chuleio simples (figura 16A);
 Ao invés de transfixar as bordas sempre no mesmo sentido, o barra grega alterna o
sentido de transfixação, assemelhando-se a uma sequencia de pontos em “U”, sendo um
“U” na posição tradicional seguido de um “U” invertido. É finalizado como o chuleio
simples (figuras 18A e 18B);

Figura 18
Ponto Intradérmico

O ponto intradérmico é o ponto mais complexo para quem está iniciando o aprendizado de
suturas. É muito utilizado em cirurgia plástica devido a seu excelente resultado estético. É
quase sempre utilizado em suturas de feridas cirúrgicas, preferencialmente retilíneas, sendo
raramente usado em feridas traumáticas, mesmo que tenham formato retilíneo.
 O ponto intradérmico é iniciado de maneira diferente dos demais pontos contínuos.
Geralmente começamos pela roseta: tranfixamos a pele à direita do ângulo da ferida a
cerca de 0,5-1,0cm e saímos com a agulha dentro da ferida (figura 19A);
 A seguir enrolamos o cabo que está para fora da lesão sobre ele mesmo e fazemos uma
adaptação do nó com instrumental para formar o que chamamos de roseta. Lembrar de
correr o fio sobre o porta-agulha (use o dedo se necessário) e de dar 3 seminós (figura
19B1 e 19B2);
 No ponto intradérmico não transfixremos as bordas por fora da lesão. Transfixaremos a
derme exposta na própria borda. Dessa forma, o trajeto da agulha não será perpendicular à
lesão e sim tangente à borda (figura 19C);
 Faremos isso revezando as bordas superior e inferior, sempre respeitando a distância de
05,-1,0cm, até o fim da lesão (figura 19D);
 Repete-se o que foi feito no início, mas de forma contrária: entramos com a agulha
dentro da lesão, para sair com ela a 0,5-1,0cm do ângulo esquerdo da mesma e realizamos
nova roseta. Pegue o cabo o mais próximo possível da pele para que o ponto fique justo
(figura 19E1 e 19E2).
Figura 19

B1 B2

C D

E1 E2

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