Beruflich Dokumente
Kultur Dokumente
16
Processo Civl – Procedimentos Especiais
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir
da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em
livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.
Sumário
Bibliografia ..................................................................................................................2
1. Teoria Geral dos Procedimentos Especiais .............................................3
1.1 Processo e Procedimento ........................................................................................ 3
1.2 Aplicação das Regras do Procedimento Comum...................................... 6
1.3 Princípio da Adequação Procedimental ..................................................... 6
1.4 Procedimentos Especiais Fungíveis e Infungíveis do Processo de
Conhecimento ................................................................................................................................... 9
1.5 Tipicidade dos Procedimentos, déficit procedimental e
flexibilização procedimental .....................................................................................................10
2. Ação de Exigir Contas ................................................................................... 12
2.1 Aspectos Gerais ..................................................................................................13
2.2 Dever de Prestar Contas .................................................................................13
2.3 Natureza da Ação de Exigir Contas .............................................................16
2.4 Legitimidade Ativa............................................................................................17
2.5 Legitimidade Passiva .......................................................................................20
2.6 Competência .......................................................................................................20
2.7 Procedimento .....................................................................................................21
2.7.1. Primeira fase...............................................................................................................21
2.7.2. Segunda Fase ..............................................................................................................22
3. Ações Possessórias ou Interditos Possesórios .................................... 23
3.1 Distinções Iniciais .............................................................................................23
3.2 Ações Possessórias de Rito Especial ..........................................................27
3.2.1 Quadro Geral...............................................................................................................27
3.2.2 Fungibilidade Entre as Ações Possessórias ...................................................28
3.2.3 Exemplos de Ação Dúplice? ..................................................................................28
3.2.4 Objeto das Ações Possessórias ............................................................................29
3.2.5 Competência ...............................................................................................................30
3.2.6 Legitimidade ...............................................................................................................30
3.2.7 Exceção de Domínio.................................................................................................33
3.2.8 Posse Nova e Posse Velha......................................................................................33
3.2.9 Cumulação de Pedidos na Inicial ........................................................................35
3.2.10 Medida Liminar Satisfativa .................................................................................35
1
www.cursoenfase.com.br
600.16
Processo Civl – Procedimentos Especiais
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir
da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em
livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.
2
www.cursoenfase.com.br
600.16
Processo Civl – Procedimentos Especiais
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir
da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em
livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.
3
www.cursoenfase.com.br
600.16
Processo Civl – Procedimentos Especiais
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir
da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em
livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.
4
www.cursoenfase.com.br
600.16
Processo Civl – Procedimentos Especiais
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir
da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em
livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.
7
www.cursoenfase.com.br
600.16
Processo Civl – Procedimentos Especiais
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir
da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em
livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.
Percebam que não apenas o legislador, mas também o juiz poderá fazer a
adequação processual. Quando o juiz faz, isso tem recebido o nome de princípio da
adaptabilidade, é uma dimensão jurisdicional do princípio da adequação.
Por fim, e essa é uma grande novidade do CPC/15 – o CPC/73 permitia, mas de
uma maneira mais tímida – existe uma dimensão negocial do principio da adequação,
chamado também para a doutrina de princípio da adaptabilidade (este princípio se
refere a atuação do magistrado ou atuação das partes). A dimensão negocial permite
que as partes alterem o procedimento de acordo com as particularidades do caso
concreto, já que elas são as verdadeiras destinatárias da atividade jurisdicional e são as
mais interessadas e quem mais têm conhecimento do caso concreto. Assim sendo,
deve ser concedido a elas a possibilidade de flexibilização procedimental.
Como as partes podem fazer isso? Primeiramente, o Código, até mesmo o
CPC/73 previa a possibilidade de negócios jurídicos processuais. As partes poderiam
inverter o ônus da prova de maneira negocial, estabelecer cláusula de eleição de foro
de maneira negocial. O CPC/15 foi além e passou a prever no art. 190 uma cláusula
geral de negócios processuais, cláusula geral de negócios atípicos.
Art. 190. Versando o processo sobre direitos que admitam autocomposição, é
lícito às partes plenamente capazes estipular mudanças no procedimento para
ajustá-lo às especificidades da causa e convencionar sobre os seus ônus, poderes,
faculdades e deveres processuais, antes ou durante o processo.
8
www.cursoenfase.com.br
600.16
Processo Civl – Procedimentos Especiais
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir
da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em
livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.
9
www.cursoenfase.com.br
600.16
Processo Civl – Procedimentos Especiais
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir
da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em
livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.
Vale ressaltar que o CPC/15 prevê a possibilidade de uma pessoa que tenha um
titulo executivo extrajudicial - e que pode, portanto, partir para a execução – parta
para o procedimento de conhecimento de forma a transformar o título executivo
extrajudicial em judicial. Da mesma forma, pode ter um documento escrito e escolher
entre procedimento comum ou ação monitória.
11
www.cursoenfase.com.br
600.16
Processo Civl – Procedimentos Especiais
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir
da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em
livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.
infantilização do litigante, que foi tornado praticamente um incapaz, o que pode gerar
um inconveniente quanto à celeridade.
O que pode ser feito é a ideia de contempt of court, o microssistema punitivo
do Poder Judiciário. Isso é uma importação do direito americano e deveria crescer no
processo civil, que é o Judiciário começar a aplicar um microssistema punitivo mais
rigoroso ao litigante de má-fé. Se o litigante está cheio de benefícios, sendo eles cada
vez mais alargados e cada vez menos responsabilidades, o pouco que lhe resta deve
ser interpretado de maneira muito forte. Se for irresponsável, deve ser
processualmente punido, ao menos no processo civil, no qual a punição não é
violadora do sistema acusatório, por exemplo, do processo penal.
Terminada a questão introdutória, passamos a falar dos procedimentos
especiais em espécie.
12
www.cursoenfase.com.br
600.16
Processo Civl – Procedimentos Especiais
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir
da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em
livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.
O dever de prestar contas legal é aquele que surge por imposição da lei, como
é exemplo a tutela, a curatela – o tutor tem o dever de prestar contas dos bens do
tutelado que administra, o curador do curatelado. Nas falências, aquele que
administra tem o dever de prestar contas; o administrador de bens da massa tem
dever de apresentar relatório.
A tutela está prevista no art. 1755 do CC/02
Art. 1.755. Os tutores, embora o contrário tivessem disposto os pais dos tutelados,
são obrigados a prestar contas da sua administração.
Mas, é possível também que esse dever de prestar contas surja de um contrato,
como no contrato de mandato, no qual alguém representa a outrem em razão de uma
manifestação de vontades (art. 668 do CC/02).
Art. 668. O mandatário é obrigado a dar contas de sua gerência ao mandante,
transferindo-lhe as vantagens provenientes do mandato, por qualquer título que
seja.
Também nas relações entre condomínio e síndico, quem deve prestar contas.
Teoricamente existe um conselho fiscal para isso.
Há também o contrato de depósito. Você deposita algo no banco, o qual estará
administrando seus bens. Geralmente, o contrato de depósito é mais tranquilo porque
não há muitas dificuldades em se chegar ao valor do que efetivamente está na conta,
mas pode ser que haja umas particularidades.
Há diversos precedentes judiciais e esse tema costuma cair bastante em
concurso por causa dessas análises do STJ. Devemos passar a algumas observações:
Enunciado 259 da Súmula do STJ.
14
www.cursoenfase.com.br
600.16
Processo Civl – Procedimentos Especiais
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir
da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em
livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.
16
www.cursoenfase.com.br
600.16
Processo Civl – Procedimentos Especiais
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir
da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em
livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.
17
www.cursoenfase.com.br
600.16
Processo Civl – Procedimentos Especiais
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir
da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em
livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.
Se o autor não trouxer esses dois elementos, não há interesse de agir. Aliás, é
sabido que há uma discussão em relação às condições da ação no CPC/15 porque foi
extinta a possibilidade jurídica do pedido e não se fala mais em condições da ação.
Para o professor, interesse de agir deixou de ser condição da ação e passou a ser
pressuposto processual, como boa parte da doutrina entende.
Em alguns casos, a lei presume o interesse de agir e isso ocorre quando a
pessoa tem o dever de prestar contas judicialmente, como o tutor e o curador que
devem prestar contas no bojo da ação de tutela/curatela. Nesses casos, o autor não
precisa demonstrar que o réu se negou a prestar contas porque a prestação de contas
já é feita judicialmente e o interesse de agir é presumido.
A segunda observação é que o STJ já decidiu no AgRg no Ag 731687/RS que os
sócios que não administram a sociedade têm legitimidade para propor ação de exigir
contas contra o sócio gerente. Contudo, se as contas foram aprovadas pelo órgão
interno da sociedade, se existir um conselho fiscal que aprovou as contas, a ação não
pode ser admitida.
AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. ARTIGO 535, DO
CPC.VIOLAÇÃO. INOVAÇÃO. INADMISSIBILIDADE. PREQUESTIONAMENTO.
AUSÊNCIA.SÚMULAS N. 211-STJ E 282-STF. PRESTAÇÃO DE CONTAS. SÓCIO
GERENTE.NÃO PROVIMENTO.
1. Não se admite a adição de teses não expostas no recurso especial em sede
agravo regimental, por importar em inadmissível inovação recursal. Precedentes.
2. As questões federais não decididas pelo Tribunal a quo atraem os óbices de que
tratam os enunciados n. 282, 356, da Súmula do STF, e211, desta Corte.
3. "O acesso à via excepcional, nos casos em que o Tribunal de origem, a despeito
da oposição de embargos de declaração, não supre a omissão apontada, depende
da demonstração, nas razões do recurso especial, de ofensa ao art. 535 do CPC."
(AgRg no Ag 1169633/RJ, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, QUARTA
TURMA, julgado em21/06/2011, DJe 01/07/2011) 4. "O sócio gerente tem o dever
legal de dar contas justificadas de sua administração aos demais sócios." (REsp
474.596/SP, Rel. Ministro BARROS MONTEIRO, QUARTA TURMA, julgado em
28/09/2004, DJ13/12/2004, p. 365) 5. Agravo regimental a que se nega
provimento.
AgRg no Ag 731687 RS 2005/0212002-6, Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI,
25/10/2011, T4 - QUARTA TURMA, DJe 08/11/2011.
18
www.cursoenfase.com.br
600.16
Processo Civl – Procedimentos Especiais
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir
da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em
livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.
Então, o sócio que não for administrador pode exigir contas do sócio
administrador, mas se as contas já foram aprovadas pelo órgão interno da sociedade,
não há interesse de agir. O mesmo se aplica às cooperativas, segundo o STJ.
19
www.cursoenfase.com.br
600.16
Processo Civl – Procedimentos Especiais
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir
da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em
livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.
2.7 Procedimento
É procedimento interessante porque é bifásico, são duas fases com duas
sentenças. No inicio, o juiz verificará se há ou não o dever de prestar contas e profere
uma sentença; depois, verifica se há saldo residual a pagar e profere outra sentença.
O autor apresenta a petição inicial e o réu é citado para responder em 15 dias.
Daí, se abrem duas fases com duas sentenças:
2.1.1. Primeira fase
Nela se discute o dever de prestar contas e o réu pode tomar algumas medidas:
a) Ele pode prestar as contas e não contestar, conforme art. 551 do CPC/15.
Art. 550. Aquele que afirmar ser titular do direito de exigir contas requererá a
citação do réu para que as preste ou ofereça contestação no prazo de 15 (quinze)
dias.
Art. 551. As contas do réu serão apresentadas na forma adequada, especificando-
se as receitas, a aplicação das despesas e os investimentos, se houver.
21
www.cursoenfase.com.br
600.16
Processo Civl – Procedimentos Especiais
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir
da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em
livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.
c) O réu pode negar a prestação e contestar. Isso está previsto no art. 487,
inciso I do CPC/15.
Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz:
I - acolher ou rejeitar o pedido formulado na ação ou na reconvenção;
Se ele nega, ele diz que não tem o dever de prestar contas e será discutido
se ele tem ou não o dever de prestar contas. Neste caso, o juiz proferirá a
primeira sentença (sentença1).
d) O réu não faz nada, nem contesta nem presta contas. Da mesma forma,
se passará pelo dever ou não de prestar contas (sentença 1).
22
www.cursoenfase.com.br
600.16
Processo Civl – Procedimentos Especiais
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir
da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em
livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.
Sabemos que o CDC prevê prazo a depender da natureza do bem. Não se aplica
a decadência ao direito de prestação de contas, até porque tem natureza de direito
potestativo e o prazo seria prescricional.
23
www.cursoenfase.com.br
600.16
Processo Civl – Procedimentos Especiais
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir
da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em
livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.
25
www.cursoenfase.com.br
600.16
Processo Civl – Procedimentos Especiais
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir
da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em
livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.
A lei, por vezes, prevê a transferência da posse por imperativo direto, cogente,
legal. Além disso, é possível também o constituto possessório, a cláusula constituti que
existe em contratos; a posse é transferida por força contratual. Tenham cuidado
porque se houver transferência da posse, não será causa de imissão de posse, mas de
reintegração de posse, por exemplo.
26
www.cursoenfase.com.br
600.16
Processo Civl – Procedimentos Especiais
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir
da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em
livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.
Diferente das ações petitórias são as formas de defesa da posse. A posse pode
ser defendida, basicamente, de duas formas: a autotutela, prevista no art. 1210, § 1º
do CC/02 ou pelas ações possessórias (ou interditos possessórios, que, em sentido
amplo, são todas as ações possessórias).
Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação,
restituído no de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de
ser molestado.
§ 1º O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua
própria força, contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não
podem ir além do indispensável à manutenção, ou restituição da posse.
Turbação Não é a perda da posse, mas Esse incômodo pode ser objeto de manutenção de
o incômodo. Exemplo: existe posse.
um problema nas fronteiras,
27
www.cursoenfase.com.br
600.16
Processo Civl – Procedimentos Especiais
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir
da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em
livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.
Ameaça Há uma ameaça, um fato A ação será o interdito proibitório, é uma ação
ainda não consumado. inibitória, possuindo caráter preventivo.
Gradação da
gravidade
Percebam que se ajuizar uma ação possessória quando deveria ter ajuizado
outra ou a circunstância de fato mudou, é possível a fungibilidade. Isso ocorre por três
fundamentos principais:
1) Primeiro porque, dependendo a ação que se ajuíza, a função é sempre a
mesma, a proteção da posse.
2) A segunda é porque a situação de fato costuma ser bastante dinâmica: o
que era uma ameaça vira uma turbação, o que era uma turbação vira
um esbulho e aí quem começou com um interdito proibitório pode
terminar com uma reintegração de posse.
3) O terceiro motivo é que os conceitos são meio difíceis de saber, o que de
fato configura o que (p. ex., o que é uma turbação? Quais são seus
limites?).
A doutrina majoritária entende que não há fungibilidade entre ação possessória
e ação petitória, só entre ações possessórias.
3.2.3 Exemplos de Ação Dúplice?
As ações possessórias são exemplos de ação dúplice? A doutrina diz em peso
que sim. O art. 556 do CPC/15 dispõe que:
28
www.cursoenfase.com.br
600.16
Processo Civl – Procedimentos Especiais
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir
da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em
livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.
Art. 556. É lícito ao réu, na contestação, alegando que foi o ofendido em sua
posse, demandar a proteção possessória e a indenização pelos prejuízos
resultantes da turbação ou do esbulho cometido pelo autor.
O direito autoral é direito imaterial. Como não é material, não cabe. Vale
ressaltar que a servidão, na esteira da Súmula 415 do STF é objeto material.
SÚMULA 415 - Servidão de trânsito não titulada, mas tornada permanente,
sobretudo pela natureza das obras realizadas, considera-se aparente, conferindo
direito à proteção possessória.
A servidão aparente é um direito real que gera um ônus imposto por um prédio
dominante sob o prédio dominado. Se for aparente, ela é visível, se é visível, é
29
www.cursoenfase.com.br
600.16
Processo Civl – Procedimentos Especiais
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir
da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em
livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.
material. Sendo material, pode dar aso à uma ação possessória. Pode-se usucapir uma
servidão de tanto ela existir.
3.2.5 Competência
Art. 47 do CPC/15.
Art. 47. Para as ações fundadas em direito real sobre imóveis é competente o foro
de situação da coisa.
§ 1o O autor pode optar pelo foro de domicílio do réu ou pelo foro de eleição se o
litígio não recair sobre direito de propriedade, vizinhança, servidão, divisão e
demarcação de terras e de nunciação de obra nova.
§ 2o A ação possessória imobiliária será proposta no foro de situação da coisa,
cujo juízo tem competência absoluta.
A posse não é um direito real e aí o art. 47, § 2º, dispõe que a ação possessória
imobiliária será proposta no foro de situação da coisa, cujo juízo tem competência
absoluta.
Então, a competência depende da natureza do bem. Em se tratando de bem
móvel, segue o regramento geral do art. 46 do CPC/15 e, se bem imóvel, art. 47, § 2º
do CPC/15. Se o juiz que outro que não o do foro de situação da coisa (bens imóveis)
julgar o caso, a sentença é nula.
3.2.6 Legitimidade
Quem pode ajuizar ações possessórias?
Legitimidade ativa:
a) Possuidor direito, que é aquele que tem apreensão física da coisa. Ele
pode ser o proprietário ou não, pode ser um mero locatário.
b) Possuidor indireto, que é o proprietário não possuidor, como é o exemplo
do locador.
Um detalhe é que o possuidor indireto pode ajuizar a ação contra qualquer
pessoa, menos o possuidor direto. Isso está no art. 557 do CPC/15, que
veda a ação de reconhecimento de domínio, não sendo possível misturar
posse com propriedade.
Art. 557. Na pendência de ação possessória é vedado, tanto ao autor quanto ao
réu, propor ação de reconhecimento do domínio, exceto se a pretensão for
deduzida em face de terceira pessoa.
Parágrafo único. Não obsta à manutenção ou à reintegração de posse a alegação
de propriedade ou de outro direito sobre a coisa.
30
www.cursoenfase.com.br
600.16
Processo Civl – Procedimentos Especiais
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir
da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em
livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.
Perceba que pela interpretação que se tem é que a posse tem proteção
diferente da propriedade. A posse é um direito legítimo e que pode ser
invocado, inclusive, contra o dono da coisa. O locador não pode ajuizar ação
contra o locatário porque, a rigor, a posse do locatário é legítima – se quer
defender uma posse, mas a posse é legítima. E se estiver devendo? Pode
ajuizar outras ações, como ação de despejo ou juízos petitórios. Porém, o
que se entende na doutrina é que o possuidor indireto não pode ajuizar
uma ação contra o possuidor direto.
Há essa vedação de se discutir o domínio porque ambos são possuidores e a
posse física está com o possuidor direto.
c) Compossuidor – uma coisa às vezes é objeto de posse de várias pessoas
ao mesmo tempo e isso está no art. 1.314 do CC/02.
Art. 1.314. Cada condômino pode usar da coisa conforme sua destinação, sobre
ela exercer todos os direitos compatíveis com a indivisão, reivindicá-la de terceiro,
defender a sua posse e alhear a respectiva parte ideal, ou gravá-la.
Parágrafo único. Nenhum dos condôminos pode alterar a destinação da coisa
comum, nem dar posse, uso ou gozo dela a estranhos, sem o consenso dos outros.
Legitimidade passiva:
A legitimidade passiva será:
31
www.cursoenfase.com.br
600.16
Processo Civl – Procedimentos Especiais
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir
da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em
livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.
a) Invasor/esbulhador/autor da ameaça.
b) Possuidor indireto – por exemplo, uma pessoa locatária de um imóvel e o
dono fica entrando no local ou quer que ele saia imotivadamente. Por isso,
o possuidor direto pode ajuizar uma ação para tutelar a sua posse.
c) Compossuidor – já falamos da posse pro-diviso.
Observação 1: Citação pessoal dos ocupantes e a citação por edital dos demais
que não se conheça. Percebam que essa é uma situação de coletividade ré.
Observação 2: Se houver cônjuge envolvido, dispõe o art. 73, § 2º do CPC/15.
Art. 73. O cônjuge necessitará do consentimento do outro para propor ação que
verse sobre direito real imobiliário, salvo quando casados sob o regime de
separação absoluta de bens.
§ 2o Nas ações possessórias, a participação do cônjuge do autor ou do réu
somente é indispensável nas hipóteses de composse ou de ato por ambos
praticado.
32
www.cursoenfase.com.br
600.16
Processo Civl – Procedimentos Especiais
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir
da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em
livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.
Essas normas também se aplicam ao interdito proibitório por conta dos artigos
seguintes.
Se ajuizar a ação possessória dentro de um ano e um dia da turbação ou do
esbulho, pode-se valer do procedimento especial. A ação de força nova é a ação
possessória ajuizada dentro do prazo de um ano e um dia da moléstia, do problema
33
www.cursoenfase.com.br
600.16
Processo Civl – Procedimentos Especiais
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir
da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em
livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.
34
www.cursoenfase.com.br
600.16
Processo Civl – Procedimentos Especiais
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir
da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em
livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.
O art. 555 do CPC/15 traz hipóteses nas quais a cumulação de pedidos não
prejudica o rito especial.
Art. 555. É lícito ao autor cumular ao pedido possessório o de:
I - condenação em perdas e danos;
II - indenização dos frutos.
Parágrafo único. Pode o autor requerer, ainda, imposição de medida necessária e
adequada para:
I - evitar nova turbação ou esbulho;
II - cumprir-se a tutela provisória ou final.
35
www.cursoenfase.com.br
600.16
Processo Civl – Procedimentos Especiais
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir
da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em
livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.
Parágrafo único. Contra as pessoas jurídicas de direito público não será deferida a
manutenção ou a reintegração liminar sem prévia audiência dos respectivos
representantes judiciais.
A inicial deve ser feita com base em prova documental, é prova pré-constituída.
Porém, se o juiz entende que esta não é suficiente, pode marcar audiência de
justificação com o objetivo de colher a prova oral do autor, conforme art. 562, caput,
do CPC/15. O juiz pode também determinar que o autor preste caução e isso está no
art. 559 do CPC/15.
Art. 559. Se o réu provar, em qualquer tempo, que o autor provisoriamente
mantido ou reintegrado na posse carece de idoneidade financeira para, no caso de
sucumbência, responder por perdas e danos, o juiz designar-lhe-á o prazo de 5
(cinco) dias para requerer caução, real ou fidejussória, sob pena de ser depositada
a coisa litigiosa, ressalvada a impossibilidade da parte economicamente
hipossuficiente.
36
www.cursoenfase.com.br