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MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

PROCURADORIA REGIONAL DA REPÚBLICA DA 4ª REGIÃO

COLENDA 5ª TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4ª REGIÃO

Remessa Necessária Cível nº. 5011133-84.2015.4.04.7208


Parte Autora: Marilene Bernardo Hermes
Parte Ré: União – Advocacia Geral da União
Relator: Des. Paulo Afonso Brum Vaz

PA R E C E R

Trata-se de remessa necessária de sentença que, em


mandado de segurança impetrado por Marilene Bernardo Hermes contra ato do
Superintendente Regional do Trabalho em Florianópolis/SC, concedeu a ordem
para: "a) declarar a ilegalidade do ato de suspensão/cancelamento do pagamento
em favor da impetrante das parcelas de benefício de seguro-desemprego
efetivado sob a justificativa de percepção de renda própria (contribuinte
individual), e b) determinar à autoridade impetrada que disponibilize à
impetrante as parcelas do seguro-desemprego que lhe são devidas, que foram
suspensas/canceladas (requerimento nº 7722760144), extinguindo o feito com a
resolução do mérito, com base no art. 487, I, do CPC” (evento 26 – processo

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originário).

Sem recursos, foram os autos remetidos a esta Procuradoria


Regional da República por força da remessa necessária (evento 02).

É o relatório. Passa-se à manifestação.

Não exige modificações a sentença. Vejamos.

Consta nos autos que a autora foi demitida da empresa


Airton Hermes – ME, em 22/06/2015, tendo sido indeferido o requerimento de
seguro-desemprego sob a justificativa de que possuiria renda própria, por haver
recolhimento de contribuição previdenciária na qualidade de contribuinte
individual na competência 07/2015.

O benefício, então, foi suspenso em razão da presunção de


existência de renda própria, uma vez que teria ocorrido o recolhimento de
contribuição previdenciária na qualidade de contribuinte individual.

As hipóteses de suspensão e cancelamento do benefício de


seguro-desemprego estão previstas na lei nº 7.998/1990, em seus artigos 7º e 8º,
nos seguintes termos:

Art. 7º O pagamento do benefício do seguro-desemprego


será suspenso nas seguintes situações:

I - admissão do trabalhador em novo emprego;

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II - início de percepção de benefício de prestação continuada da


Previdência Social, exceto oauxílio-acidente, o auxílio suplementar e
o abono de permanência em serviço;
III - início de percepção de auxílio-desemprego.
IV - recusa injustificada por parte do trabalhador desempregado em
participar de ações de recolocação de emprego, conforme
regulamentação do Codefat.
Art. 8o O benefício do seguro-desemprego será cancelado:
I - pela recusa por parte do trabalhador desempregado de outro
emprego condizente com sua qualificação registrada ou declarada e
com sua remuneração anterior;
II - por comprovação de falsidade na prestação das informações
necessárias à habilitação;
III - por comprovação de fraude visando à percepção indevida do
benefício do seguro-desemprego; ou
IV - por morte do segurado.
§ 1o Nos casos previstos nos incisos I a III deste artigo, será suspenso
por um período de 2 (dois) anos, ressalvado o prazo de carência, o
direito do trabalhador à percepção do seguro-desemprego, dobrando-
se este período em caso de reincidência.
§ 2o O benefício poderá ser cancelado na hipótese de o beneficiário
deixar de cumprir a condicionalidade de que trata o § 1o do art.
3o desta Lei, na forma do regulamento.

Da análise dos dispositivos supra, verifica-se que o


recolhimento de contribuição previdenciária como contribuinte individual não
está entre as hipóteses que ensejam a suspensão e/ou cancelamento do seguro-
desemprego, sendo ilegal, portanto, o ato da autoridade impetrada.

Nesse sentido, é a jurisprudência do Egrégio Tribunal


Regional da 4ª Região, senão vejamos:

DIREITO ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA.


SEGURO-DESEMPREGO. LEI 7.998/1990. IMPOSSIBILIDADE
DE CANCELAMENTO DO BENEFÍCIO EM VIRTUDE DO
RECOLHIMENTO DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA NA
QUALIDADE DE CONTRIBUINTE INDIVIDUAL. 1. No caso

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concreto, a controvérsia cinge-se à legalidade da motivação do


cancelamento do benefício de seguro-desemprego, bem como à
presença de direito líquido e certo da impetrante quando ao
recebimento do benefício buscado. 2. As hipóteses de suspensão e
cancelamento do benefício de seguro-desemprego estão elencados nos
artigos 7º e 8º da Lei 7.998/1990, de forma que o art. 3º, V, da Lei
7.998/1990, trata dos requisitos para a concessão do benefício, dos
quais se pode extrair que a hipótese de recolhimento de contribuição
previdenciária como contribuinte individual não está elencada nas
hipóteses de cancelamento ou suspensão do seguro-desemprego, de
forma que não é possível inferir que a impetrante percebe renda
própria suficiente a sua manutenção e de sua família a partir deste
recolhimento. 3. Conforme depreende-se das peças processuais,
verifica-se que a impetrante preencheu os requisitos necessários ao
recebimento do seguro-desemprego, sendo assim, o cancelamento do
benefício mostra-se ilegal. 4. Provimento da apelação. (TRF4, AC
5006593-73.2013.404.7204, Terceira Turma, Relator p/ Acórdão
Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz, juntado aos autos em
30/01/2014)

ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA. CEF.


LEGITIMIDADE PASSIVA. SEGURO-DESEMPREGO.
LIBERAÇÃO. 1. A CEF detém legitimidade passiva para a ação na
qual a parte questiona a liberação de valores a título de seguro-
desemprego, uma vez que é a responsável pela administração e gestão
do referido benefício. 2. O fato de a impetrante ter feito uma
contribuição à Previdência Social na qualidade de contribuinte
individual, por equívoco, passando depois a contribuir como segurado
facultativo, não significa que a impetrante possua renda própria de
qualquer natureza suficiente à sua manutenção e de sua família.
Ilegal, portanto, a suspensão do pagamento do seguro-desemprego
antes deferido com base apenas nesse fundamento. 3. Apelação e
remessa oficial improvidas. (TRF4, APELREEX 5017400-
86.2012.404.7108, Terceira Turma, Relatora p/ Acórdão Marga Inge
Barth Tessler, juntado aos autos em 20/11/2013)

Destarte, deve permanecer hígida a decisão.

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Ante o exposto, o Ministério Público Federal, por seu


agente signatário, manifesta-se pelo desprovimento da remessa necessária, com
a manutenção da sentença nos seus termos.

Porto Alegre, 21 de julho de 2016.

CLAUDIO DUTRA FONTELLA


Procurador Regional da República

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