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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) FEDERAL DA __ VARA

DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DE GOIÁS.

AMAURY ANTONIO PEREIRA DO COUTO, brasileiro, casado, contador,


portador da CI RG nº (xxx) e do CPF nº (xxx), residente e domiciliado na
Avenida (xxx), Goiânia-GO, ALDO CARDOSO, brasileiro, viúvo, contador,
portador da CI RG nº (xxx) e do CPF nº (xxx, residente e domiciliado na Rua
(xxx), nesta Capital, e PABLO VASCONCELOS DA SILVA, brasileiro, solteiro,
contador, portador da CI RG nº (xxx) e CPF (xxx), residente e domiciliado na
Rua (xxx), nesta Capital, por seu advogado que esta subscreve (procurações
anexas), com escritório no endereço sito à BR-153, Km 3, Chácara Retiro,
Goiânia-GO, fone (062) 202-2727, vêm à ínclita presença de vossa
excelência, com lastro no art. 5º, inciso LXIX, da Constituição Federal e na
Lei nº 1533/51, para impetrar o presente Mandado de Segurança com
Pedido de Liminar - inaudita altera pars - contra ato do Sr. Presidente do
CONSELHO REGIONAL DE CONTABILIDADE DE GOIÁS, pessoa jurídica de
direito privado, com sede na Rua 87, nº 491, Setor Sul, nesta Capital, o que
faz com base nos fatos, provas e fundamentos que passa a aduzir.

Dos Fatos
1. Em setembro de 1999, após cumpridas todas as exigências
curriculares, os impetrantes colaram grau em Ciências Contábeis junto à
Faculdade Anhanguera de Ciências Humanas - FACH, curso reconhecido
pelo Decreto nº 80.180, publicado no Diário Oficial da União em 17/08/77,
pág. nº 10.846 (docs. nºs. 3/6).

2. De posse de todos os documentos necessários, os bacharéis


ingressaram no Conselho Regional de Contabilidade objetivando efetuar o
registro profissional de direito (docs. nºs. 9/11).

3. Todavia a autoridade inquinada coatora INDEFERIU o pedido dos


impetrantes, sustentando a obrigatoriedade de sujeição ao "Exame de
Suficiência Profissional" (docs. nºs. 6/7).

4. Esse inusitado requisito foi instituído pela RESOLUÇÃO nº 853/99 do


Conselho Federal de Contabilidade (vide livrete anexo, págs. 83/84), e
consiste na aplicação de uma prova com cinqüenta questões objetivas
extraídas da grade da curricular do curso de Ciências Contáveis.

5. Insta salientar, ainda, que a Certidão de Aprovação no Exame de


Suficiência tornou-se exigível pelo CRC por força do artigo 6º, IV, da
RESOLUÇÃO nº 867, de 9 de dezembro de 1999.

Do Ato Coator

6. Jamais se viu tamanha absurdidade, arbitrariedade e abuso de poder


juntos. É a própria inversão ao princípio constitucional do LIVRE EXERCÍCIO
PROFISSIONAL.

7. A imposição do mencionado Exame de Suficiência Profissional pelo


Conselho Regional de Contabilidade de Goiás (CRC/GO) - cuja prova se faz
através dos ofícios anexos (docs. nºs. 9/10) - sem previsão de lei (strictu
sensu), constitui o ato ora combatido.

8. Convém frisar que a presente cizânia não se confunde com a questão


vivida pelos advogados acerca do exame de ordem, posto que este ampara-
se em lei ordinária. Já o indigitado ato coator existe apenas por força de
uma resolução (ato administrativo), totalmente desprovido de respaldo
legal.

9. Meritíssimo(a) Juiz(a), o que vem ocorrendo é que o IMPETRADO


impossibilita o trabalho de quem está legalmente habilitado para o exercício
de sua profissão, por força da delegação concedida pelo Poder Público às
universidades (CF/88 e Lei 9.394/96), com base em mera decisão
administrativa (Resolução nº 853/99 do CFC), engrossando, desta forma, a
legião de desempregados existentes em nosso país.

Do Direito

10. Como se sabe, nosso sistema jurídico é constituído por um conjunto


de normas, hierárquicas e harmônicas entre si, tendo como base a
supremacia da Constituição, de tal forma que todas as situações jurídicas
devem se conformar com os princípios e preceitos da Constituição Federal.

11. No caso vertente, a guerreada resolução - na qual se ampara o ato


coator - excedeu os limites legais e constitucionais aos quais todo ato
administrativo está adstrito. Tais limitações são fundamentais para a
garantia do princípio da segurança jurídica, sem o que, estabelecer-se-ia o
caos com a invasão dos diversos agentes na esfera de competência uns dos
outros.

12. Não se pode perder de vista que RESOLUÇÃO é um ato administrativo


normativo inferior à lei e, nessa qualidade, não pode inová-la ou contrariá-
la, muito menos ir além do que ela permite, mas unicamente completá-la e
explicá-la. No que o ato administrativo infringir ou extravasar a lei, nos
ensina a doutrina e jurisprudência, é irrito e nulo, por caracterizar situação
de ilegalidade.

13. Pois bem. O punctum saliens da questão posta em testilha é o fato


de que a lei que regulamente a prática da contabilidade não faculta a
imposição do famigerado "Exame de Suficiência" para a concessão de
registro profissional (vide livrete anexo, págs. 38/48). Portanto, nenhuma
validade tem a mencionada resolução que foi tecida além de seus limites.

DO LIVRE EXERCÍCIO PROFISSIONAL

14. Principalmente maculado, no caso em tela, foram os princípios


constitucionais insculpidos no dispositivo abaixo transcrito:

"Art.5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:

(...)

XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas


as qualificações profissionais que a lei estabelecer."

15. Resta indene de dúvidas que o real significado dado pelo Legislador
Constituinte à expressão "qualificações profissionais que a lei estabelecer",
só poderá ser obtido de FORMA RESTRITIVA, como vem fazendo o Supremo
Tribunal Federal, na interpretação dos dispositivos constitucionais vigentes.
Assim, constitui uma verdadeira heresia jurídica estatuir exame condicional
ao exercício de qualquer profissão por ato administrativo, que, repita-se, é
inferior à lei.

16. Portanto, verifica-se que a liberdade profissional, QUANDO MUITO,


estaria condicionada às "qualificações profissionais estabelecidas em lei" ,
jamais em "atos administrativos normativos".
17. Estabelece a Carta Magna, em seu art. 1º, incisos III e IV, verba legis:

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel


dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado
democrático de direito e tem como fundamentos: (...) III - a dignidade da
pessoa humana; IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa.

18. "Nos dizeres de J. Cretella Jr., in Comentários à Constituição de 1988,


encontramos o binômio trabalho-dignidade como algo que jamais poderá
ser alijado um do outro, senão vejamos: o ser humano, o homem, seja de
qual origem for, sem discriminação de raça, sexo, religião, convicção
política ou filosófica, tem direito a ser tratado pelos semelhantes como
`pessoa humana`, fundando-se o atual Estado de direito, em vários
atributos, entre os quais se inclui a `dignidade` do homem, repelido, assim,
como aviltante e merecedor de combate qualquer tipo de comportamento
que atente contra esse apanágio do homem. Sob dois ângulos, pelo menos,
o trabalho pode ser apreciado: pelo individual (`o trabalho dignifica o
homem`) e pelo social, afirmando-se, em ambos os casos, como valor que
na escalonação axiológica se situa em lugar privilegiado. Dignificando a
pessoa humana, o trabalho tem valor social dos mais relevantes, pelo que a
atual Constituição o coloca como um dos pilares da democracia" (Obra
citada, Forense Universitária, Rio de Janeiro, 3a. ed., 1992, p.139/140).

19. Como se não bastasse, a Constituição traz em seu bojo norma que
atribui à EDUCAÇÃO a competência para promover a qualificação
profissional. Então vejamos:

Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será


promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e
sua qualificação para o trabalho.

20. Por oportuno, como orientação teleológica da norma, insta gizar a


distinção entre "qualificação profissional", cabedal de conhecimentos, e
"exame de suficiência", mero auferidor de conhecimentos e não qualificador
do exercício profissional.
21. Deflui-se da combinação dos dispositivos aqui invocados, que a
Constituição mostra, clara e taxativamente, a educação como fonte única e
geradora da qualificação para o trabalho.

22. A qualificação profissional para o exercício da contabilidade é


outorgada na forma da legislação vigente, pelo Magnífico Reitor de cada
universidade (CF/88, art. 207 e Lei 9.394/96). Acontece que os requisitos
para o exercício de uma profissão completam-se pelo aprendizado
ministrado em cursos específicos, e não através de um "Exame de
Suficiência" que nem sequer foi criado por LEI.

DA COMPETÊNCIA PARA LEGISLAR

23. Ainda que se admita restrições à liberdade da prática de ofícios ou


profissões, não se pode olvidar que qualquer condição depende de
legiferação da UNIÃO face a competência privativa estabelecida na
Constituição Federal, através do dispositivo in verbis:

"Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:

(...)

XVI - organização do sistema nacional de emprego e condições para o


exercício de profissões".

24. É fato notório que os graduados em direito necessitam de aprovação


no EXAME DE ORDEM para registrarem-se na OAB e, como isso, ficarem
autorizados ao desempenho das atividades inerentes à advocacia. Contudo,
tal exigência está expressamente contida na Lei Ordinária nº 8.906/94
(Estatuto da Advocacia). Coube à OAB apenas decidir sobre a forma de
aplicação da provas, regulamentando os detalhes não explicados pela lei,
como, v.g., data, local, conteúdo programático, banca examinadora,
taxação, etc.

25. Jamais, repita-se à exaustão, poderia o CRC estabelecer limitações ao


direito constitucional do livre exercício profissional. Compete aos Conselhos
Regionais e Federais tão somente, por força das leis, controlar a categoria
que representa, principalmente no que se refere à questão da ética e dos
conseqüentes prejuízos causáveis à sociedade em decorrência de mau
procedimento no exercício da profissão.
DIREITO ADQUIRIDO

26. Na cerebrina hipótese de considerar-se legal a resolução em tela, o


que se admite apenas ad argumentandum tantum, mesmo assim seria
inaplicável aos impetrantes o guerreado exame de suficiência.

27. Com efeito, a prova passou a ser exigida a partir de janeiro/2000


(Resolução nº 867, de 9 de dezembro de 1999, do CFC) ao passo que os
impetrantes colaram grau em setembro/1999. Têm-se pois que o direito ao
registro já havia integrado ao patrimônio dos bacharéis, consoante dispõe
os artigos 5º, inciso XXXVI, da Constituição Federal e 6º da LICC.

OFENSA À LEI 9.394/96

28. Dispõe a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei 9.394/96), que


compete às universidades capacitar e qualificar seu corpo discente para o
exercício de sua atividade laboral (art. 20, do mencionado diploma legal -
extraída do art. 205 da CF/88- e arts.43,II e 53,VI da mesma lei ). Em
momento algum esta lei atribui tal delegação a qualquer outro órgão, que
não as escolas de nível superior, muito menos aos Conselhos Regionais.

Risco de dano.

29. Expostas as razões de fato e de direito, na forma dos itens acima,


cumpre aos impetrantes demonstrar a necessidade de obter, liminarmente
e inaudita altera pars, o deferimento da segurança, a fim de evitar a
ocorrência de danos irreparáveis.

30. O cerceio da profissão conquistada à duras penas, per se, acarreta


um prejuízo incalculável, posto que, como se sabe, os recém-formados
estão no mercado de trabalho em busca de oportunidades, distribuindo
currículos, fazendo entrevistas, enfim, submetendo-se ao que for necessário
para conseguir um emprego a fim de arcar com suas próprias mantenças
(crédito educativo, alimentação, sustento familiar, etc.). No entanto, sem o
registro no CRC, todo esforço terá sido INÚTIL.

31. Além do mais, conforme comprovam as cartas anexas (docs. nºs.


12/13), no caso específico dos impetrantes o perigo é clamoroso, uma vez
que eles trabalham numa função onde é indispensável a regularidade com o
CRC. Caso não consigam, só resta aos seus empregadores, para não ficarem
sujeitos a autuações fiscais, DISPENSÁ-LOS.

Do Pedido

32. Ante o exposto, com base no artigo 7o, II, da Lei n. 1.533/51,
presentes os requisitos do fumus boni júris e do periculum in mora, requer
digne-se vossa excelência em determinar ao Presidente do Conselho
Regional de Contabilidade que isente os impetrantes do referido Exame de
Suficiência, concedendo-lhes, liminarmente e inaudita altera pars, o registro
de direito.

33. Requer a notificação da autoridade coatora para que, no prazo de dez


(10) dias, preste as informações que achar necessárias.

34. Requer seja citada a União Federal, na pessoa de um dos


procuradores da república neste Estado, a fim de integrar o presente
mandado de segurança, caso queira (art. 7o e 19 da Lei 1.533/51).

35. Requer, por fim, seja confirmada a liminar, com a concessão definitiva
da segurança pleiteada, ratificando a inscrição dos impetrantes, tudo de
conformidade com o objeto deste mandamus.
36. Assim, atribuindo à causa o valor de R$ 1.000,00 (um mil reais),
meramente para efeitos fiscais,

"Justitia ita sperat"

Pede deferimento.

Goiânia, 15 de junho de 2000.

Kleber Moreira da Silva

OAB/GO nº 14.700

ADMINSTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA. INSCRIÇÃO NO CONSELHO REGIONAL DE CONTABILIDADE. EXAME


DE SUFICIÊNCIA. RESOLUÇÃO CFC Nº 853/99. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE. PRELIMINARES DE INCOMPETÊNCIA DA
JUSTIÇA FEDERAL, DE AUSÊNCIA DE ATO COATOR, DE ABUSO DE PODER , E DE DECADÊNCIA REJEITADAS.
1. A Justiça Federal é competente para julgar as controvérsias sobre os registros de profissionais perante os
conselhos fiscalizadores das profissões regulamentadas, por serem tais registros atos praticados por entidades
autárquicas federais.
2. O art. 58 da Lei nº 9.649/98 e seus parágrafos, com exceção do § 3º, que, em tese, poderia gerar
controvérsias sobre a natureza jurídica dos conselhos de fiscalização de profissões regulamentadas, foram
declarados inconstitucionais pelo STF na ADIN nº 1717-6, por acórdão publicado no DJ de 28.03.2003.
3. Tratando-se de mandado de segurança de caráter preventivo, não há como exigir prova da existência de ato
coator, bastando a demonstração da probabilidade de sua ocorrência.
4. A retificação da autuação determinada, de ofício, pelo juiz, na sentença, não caracteriza, in casu, abuso de
poder, mas providência destinada a adequar a autuação ao que consta da inicial.
5. O prazo decadencial para impetração do mandado de segurança, estipulado no art. 18 da Lei nº 1.533/51,
não se aplica ao writ preventivo, que visa a afastar exigência prevista em ato normativo, eis que o ato coator
ainda não se concretizou.
6. A exigência de aprovação em exame de suficiência, como condição para que o profissional possa se inscrever
no Conselho Regional de Contabilidade, interposta por Resolução do Conselho Federal de Contabilidade, e não
por lei ordinária, ofende o princípio da legalidade e viola o princípio constitucional do livre exercício profissional.
7. Apelação do Conselho Regional de Contabilidade e remessa oficial improvidas.

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