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EXMO(a). SR(a). DR(a).

JUIZ(a) DA ______ VARA DO TRABALHO DA JURISDIÇÃO FEDERAL

DA CIDADE DE TRÊS LAGOAS-MS

RECLAMANTE (CTPS, PIS, nome da mãe), por meio de seu advogado e


procurador que esta subscreve, vem à presença de V. Excelência com fulcro no art.
840 da CLT propor a presente RECLAMAÇÃO TRABALHISTA contra
RECLAMADA, pelos argumentos que seguem abaixo.
DA JUSTIÇA GRATUITA
A reclamante não possui condições financeiras de arcar com as custas processuais
sem prejuízo do próprio sustento como se infere dos documentos em anexo que
comprovam a situação de desemprego (CTPS) e saldo negativo em conta bancária,
extrato em anexo (§4º do art. 790, CLT).
Ademais, percebia remuneração mensal inferior a 40% do teto da previdência
social, preenchendo, portanto, os requisitos para concessão do referido benefício.
Assim sendo, requer a concessão das benesses da gratuidade judiciária
prevista no art. 790, §3º da CLT.
DO CONTRATO DE TRABALHO
A reclamante foi admitida pela reclamada em 01.08.2012 na função de
Auxiliar de Serviços de Higiene, com salário inicial de R$ 710,00 mensais. Sua
jornada se dava de segunda à sexta feira das 07:00hs as 16:00hs com 1 hora e 30
minutos de intervalo para descanso e refeição, bem como dois sábados no mês das
07:00hs as 11:00hs entre 01.08.2012 a 20.06.2016.
Posteriormente, passou a laborar de segunda à sexta feira das 06:00hs as
13:00hs e aos sábados (dois por mês) das 07:00hs as 13:00hs até a sua dispensa.
Teve o contrato rescindido por iniciativa do empregador sem motivo em
01.11.2016 cumprindo aviso prévio até 30.11.2016 com último salário de R$
1.493,92.
Em suma a reclamante vem à juízo deduzir verbas que não foram pagas
durante o contrato de trabalho, assim, após explanados os motivos de fato e de
direito, requer seja a presente reclamação, julgada procedente.
DA DOENÇA OCUPACIONAL E ESTABILIDADE ACIDENTÁRIA
A função da obreira era de Auxiliar de Serviços de Higiene nas dependências
da reclamada que consiste em uma clínica de análises e especialidades com
atendimento diário através de diversos profissionais em áreas específicas como
pediatria, reumatologia, neurologia, ginecologia, etc.
Atendia em torno de 53 médicos que ali atuavam, cada um em salas
reservadas destinadas ao atendimento aos pacientes, sendo responsável pela
limpeza do local e dos banheiros após os atendimentos.
Iniciava a jornada com a limpeza de todas as salas e os banheiros, fazia o
café, repunha o material que faltava nas salas, sendo que a limpeza era feita com
rodo, vassoura, pano e produtos de limpezas diversos. Ocorre que após o ingresso
na reclamada, a obreira passou a sentir fortes dores na coluna e nos joelhos, pois
trabalhava com movimentos repetitivos e esforço físico desmoderado para sua
idade, já que durante duas vezes na jornada, era responsável pelo abastecimento
dos bebedouros carregando um galão de 18 litros do primeiro para o segundo andar
e vice e versa, isso durante todo o contrato de trabalho.
Por não suportar mais as dores, procurou um médico especialista em coluna
e joelhos ocasião em que constatou as seguintes lesões:
a) Joelho Direito: Sinais de osteoartrose fêmoro-tibial e fêmoropatelar; Lesão
osteocondral na tróclea do fêmur na faceta lateral; Cisto cortical na borda posterior
do platô tibial lateral; Condropatia patelar; Alterações degenerativas nos cornos
anteriores e posteriores de ambos os meniscos; Derrame articular; Corpo livre
intraarticular; Edema subcutâneo. (exame realizado em 18.06.2014).
b) Coluna Lombar: Anterolistese grau I entre L4-L5 com redução dos espaços
discais L4 a S1. Pequenos osteófitos marginais anteriores.(exame realizado em
18.08.2015).
c) Coluna Lombar: Espondilólise de L4; Espondilolistese grau I de L4 sobre
L5; Sinais de espondiloartrose; Discopatias degenerativas; Abaulamentos discais
nos níveis supracitados. (exame realizado em 08.11.2016).
d) Joelho Direito: Edema subcutâneo; Derrame articular; Sinais de
osteoartrose fêmoro-tibial e fêmoro-patelar; Alterações degenerativas nos cornos
anteriores e posteriores de ambos meniscos; Condropatia patelar grau IV. (exame
realizado em 08.11.2016).
Pois bem. É evidente que a obreira sofre das patologias ora apontadas como
demonstra os laudos e que tais doenças não lhes acometiam antes de ingressar na
reclamada. Trata-se de acidente de trabalho típico em que as condições de labor,
contribuíram diretamente para a lesão sofrida pela obreira durante o pacto laboral.
Vejamos o disposto no art. 19 da lei 8.213/91: “Art. 19. Acidente de trabalho
é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do
trabalho dos segurados referidos no inciso VII do art. 11 desta Lei, provocando lesão
corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução,
permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho”.
Ainda, extrai-se do art. 20 da referida Lei de Benefícios: “Art. 20. Considera-
se acidente do trabalho, nos termos do artigo anterior, as seguintes entidades
mórbidas: (...) II – doença do trabalho, assim entendida a adquirida ou
desencadeada em função das condições especiais em que o trabalho é realizado e
com ele se relacione diretamente, constante da relação mencionada no inciso I. Com
efeito, estamos diante de acidente de trabalho consubstanciado em doença do
trabalho/ ocupacional desencadeada durante o pacto laboral entre a obreira e a
reclamada.
Ao tomar conhecimento das patologias e diante da intensidade das dores, a
reclamante informou a empresa de que não poderia mais exercer aquelas atividades
e que precisava se afastar perante o INSS para percepção do auxílio doença.
A reclamada por sua vez, quedou-se inerte, quando deveria emitir a CAT nos
termos da Lei de Benefícios. Ora Excelência, é clara a atitude da reclamada em
obstar o direito do reclamante a estabilidade acidentária prevista no art. 118 da lei
8.213/91, para que não fosse preenchido os requisitos da súmula 378 do C. TST,
quais são, o afastamento do trabalho superior a 15 dias e percepção do auxílio
doença acidentário perante o INSS.
Além do desrespeito a norma cogente de ordem pública, ou seja, a
Constituição Federal que elenca como direito fundamental o direito à saúde e meio
ambiente equilibrado, a atitude da reclamada fere de morte o art. 22 da lei 8.213/91,
que versa: “Art. 22.
A empresa deverá comunicar o acidente de trabalho à Previdência Social até
o 1º (primeiro) dia útil seguinte da ocorrência e, em caso de morte, imediato, à
autoridade competente, sob pena de multa variável entre o limite mínimo e o limite
máximo do salário de contribuição, sucessivamente aumentada nas reincidências,
aplicada e cobrada pela Previdência Social.”
Pois bem, a jurisprudência tem decidido no sentido de que mesmo que
ausentes os requisitos para percepção da estabilidade acidentária, se o motivo da
ausência foi por impedimento malicioso do empregador, considera-se implementada
tais condições por aplicação do art. 129 do CC/2002.
Assim é o que dispõe o Relator Juiz Convocado Altino Pedrozo dos Santos,
ao julgar Recurso de Revista nº 512927/1998.6 pela 1ª Turma do C. TST, vejamos:
"EMENTA: RECURSO DE REVISTA. ESTABILIDADE ACIDENTÁRIA.
REQUISITOS. ARTIGO 118 DA LEI N.º 8.213/1991.
AUSÊNCIA DE COMUNICAÇÃO DO ACIDENTE PELA EMPRESA.
O afastamento do serviço por período superior a 15 dias e a conseqüente
percepção do auxíliodoença acidentário constituem pressupostos para a aquisição
do direito à estabilidade provisória prevista no artigo 118 da Lei n.º8.213/1991. No
entanto, se tais exigências não foram atendidas pelo trabalhador por culpa exclusiva
do empregador, que deixa de cumprir a obrigação de comunicar o acidente de
trabalho à Previdência Social (art. 22, caput, da Lei Nº 8.213/1991), é lícito
considerá-las implementadas, à luz da regra contida no artigo 129 do CC/2002 (grifo
nosso). Nessa toada decide o Ministro Barros Levenhagen no mesmo Recurso de
Revista, vejamos: ESTABILIDADE ACIDENTÁRIA. LEI Nº 8.213/91.
NÃO-EMISSÃO DA CAT PELA EMPRESA.
É certo que a jurisprudência desta Corte, consubstanciada na Orientação
Jurisprudencial nº 230 da SBDI-1, é de que o afastamento do trabalho por prazo
superior a 15 dias e a conseqüente percepção do auxílio-doença-acidentário
constituem pressupostos para o direito à estabilidade prevista no art. 118 da Lei
nº8213/1991, assegurada por período de 12 meses, após a cessação do auxílio-
doença. Ocorre que o afastamento da incidência do precedente em apreço deve-se
ao fato de o Regional ter consignado que a empresa, não obstante tivesse plena
ciência do acidente de trabalho, obstou ao empregado o direito de adquirir o
afastamento formal pelo INSS com a percepção do auxílio-doença acidentário,
requisito previsto no art. 118 da Lei nº 8.214/91, e com o conseqüente reflexo na
aquisição da estabilidade provisória, quando furtou-se à entregar a CAT na época
própria, apesar das várias licenças médicas oriundas do acidente, encontrando-se
subjacente à decisão recorrida a aplicação do art. 9º da CLT.
Não compartilho, ainda, com a tese de que a não-comunicação pelo
empregado à entidade sindical do acidente ocorrido implicaria o afastamento do
direito à indenização relativa ao período estabilitário, uma vez que a ilação que se
extrai do art. 22, § 2º, da Lei nº 8.213/91 é de que a obrigação de comunicar o
acidente é da empresa, tendo o legislador atribuído ao trabalhador apenas a
faculdade de fazê-lo. Recurso conhecido e desprovido. (RR-787.253/2001, Rel. Min.
Barros Levenhagen, DJ 16/4/2004); Mister se faz a aplicação do art. 9º da CLT no
caso em tela, considerando que ao furtar-se da emissão da CAT a reclamada buscou
impedir a garantia de emprego do reclamante.
Não há o que se falar também que o empregado ou entidade sindical poderia
emitir a CAT na ocasião, o que na prática aplicaria a percepção do auxílio doença
B31 ao invés do auxílio doença acidentário, B91, requisito para estabilidade.
Portanto, deve ser considerada a implantação dos requisitos para percepção da
estabilidade acidentária nos termos da fundamentação, condenando a reclamada à
imediata reintegração da reclamante bem como pagamento dos salários e demais
verbas pelo período afastado até a reintegração.
Caso V. Excelência entenda de forma diversa pela reintegração da
reclamante, requer a condenação da reclamada ao pagamento de indenização
substitutiva considerando o período estável previsto na lei 8.213/91.
DA INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS
Em decorrência das patologias ora apontadas, a reclamante teve
considerável redução da capacidade laborativa, o que será comprovado através da
perícia médica. Havendo a redução da capacidade laborativa em decorrência de ato
omissivo ou comissivo do empregador, nasce para a reclamante o direito a
reparação com supedâneo nos arts. 7º inciso XXVIII da CF/88 e 186 e 927 do Código
Civil de 2002.
Nesse liame, a responsabilidade civil da reclamada é extracontratual, uma
vez que ocorreu infração a deveres previstos em normas gerais de direito à proteção
do trabalhador, norma não prevista no contrato de trabalho.
Ainda, a responsabilidade é subjetiva, que demanda comprovação da culpa
além do nexo causal e o dano sofrido pelo reclamante.
No presente caso o dano emerge das patologias que acometem a obreira, a
culpa é demonstrada pela omissão da reclamada em não tomar medidas para
redução dos riscos a acidentes de trabalho cujo direito é consagrado no art. 7º, inciso
XII da Carta Maior.
Por fim, o nexo causal deve ser considerado como causalidade direta, ou
seja, aquela em que há vinculação imediata entre a prestação de serviço e
consequente doença do trabalho, o que será comprovado através da perícia médica.
Por derradeiro, configurada a responsabilidade civil da reclamada, deve esta
indenizar a reclamante por danos materiais decorrente da redução da capacidade
laborativa, seja emergentes ou lucros cessantes. Nesse liame, o Código Civil prevê
que em caso de a “a ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não possa exercer
o seu ofício ou profissão ou se lhe diminua a capacidade de trabalho, a indenização,
além das despesas do tratamento e lucros cessantes até o fim da convalescença,
incluirá pensão correspondente à importância do trabalho para que se inabilitou, ou
da depreciação que ele sofreu”, consoante art. 950 do referido diploma.
Ainda no diploma civil no art. 950, parágrafo único, faculta ao prejudicado o
direito de receber a indenização arbitrada de uma só vez.
Cumpre salientar que o reclamante não poderá realizar qualquer atividade
laboral, sendo assim, deve ser considerado que a lesão sofrida acarreta a redução
da capacidade de trabalho, o que lhe enseja o direito ao pagamento de indenização
por danos materiais cujo o quantum indenizatório deve corresponder a extensão do
dano segundo o art. 944 do CC.
Neste compasso dispõe a jurisprudência, vejamos: RECURSO DE REVISTA.
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. DOENÇA OCUPACIONAL.
CARTEIRO. AGRAVAMENTO DE HÉRNIA DE DISCO . CONCAUSA.
Presentes os requisitos necessários à configuração da responsabilidade civil: dano,
nexo causal e a culpa do empregador, diante da conclusão do laudo pericial de que
as atividades de carteiro desempenhadas pelo autor contribuíram para o
agravamento da doença degenerativa da coluna lombar do autor, tem o empregador
o dever de indenizar (grifo nosso). Recurso de revista não conhecido.
INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS.
A indenização por danos materiais foi deferida com base no laudo pericial ,
que concluiu pela perda parcial da capacidade laborativa do autor em decorrência
do agravamento de sua doença degenerativa na coluna vertebral ocasionada pelas
atividades desenvolvidas, tendo o valor sido majorado em face dos critérios de idade
e data do acidente de trabalho bem como a expectativa de vida do autor, o que não
viola os arts. 186 e 884 do Código Civil (grifo nosso).
Recurso de revista não conhecido.
HONORÁRIOS PERICIAIS.
Infere-se do v. acórdão regional que o reclamado foi sucumbente no objeto
da perícia. Decisão em consonância com o disposto no art. 790-B da CLT e na
Súmula 236 do TST. Recurso de revista não conhecido.
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. AUSÊNCIA DE ASSISTÊNCIA SINDICAL.
Os honorários advocatícios são devidos tão somente nos termos da Lei nº 5.584/70,
quando existente, concomitantemente, a assistência do sindicato e a percepção de
salário inferior ao dobro do mínimo legal ou a impossibilidade de se pleitear em juízo
sem comprometimento do próprio sustento ou da família.
Súmulas 219 e 329 do C. TST. Recurso de revista conhecido e provido. (TST
- RR: 956005320085040512 95600- 53.2008.5.04.0512, Relator: Aloysio Corrêa da
Veiga, Data de Julgamento: 20/10/2011, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT
04/11/2011) DOENÇA OCUPACIONAL.
HÉRNIA DE DISCO. CONCAUSA. INDENIZAÇAO POR DANOS MATERIAL
E MORAL. CABIMENTO. Havendo prova da ocorrência do dano alegado, bem assim
do nexo de causalidade entre a moléstia e o trabalho, excluída a hipótese de culpa
exclusiva do empregado, ao empregador incumbe a obrigação de indenizar, prevista
no art. 927 do CC, por danos causados ao empregado (grifo nosso). A existência de
causa concorrente à doença ocupacional não afasta a responsabilidade civil do
empregador, para a qual é desnecessário nexo etiológico exclusivo. (...)(TRT-4 - RO:
990003720065040030 RS 0099000- 37.2006.5.04.0030, Relator: MILTON VARELA
DUTRA, Data de Julgamento: 10/02/2010, 30ª Vara do Trabalho de Porto Alegre).
Para fins de liquidação do pedido, a reclamante se socorre da tabela da
Superintendência de Seguros Privados (SUSEP) utilizada para cálculo de
indenização em casos de invalidez permanente, que, para o caso em tela, prevê o
percentual de 25% de redução da capacidade laboral, pela “imobilidade do
segmento tóraco-lombo-sacro da coluna vertebral”. Neste mesmo sentido, prevê a
tabela em caso de repercussão em partes de membros superiores e inferiores, como
a perda completa da mobilidade do joelho com percentual de redução em 25% da
capacidade laboral, v.g. tabela em anexo. Pelo, requer a reclamante a condenação
da reclamada ao pagamento de indenização por danos materiais, correspondente a
25% ou outro percentual que for apurado em perícia, aplicado sobre o último salário
da obreira e pagos, levando em conta sua estimativa de vida até os 74 (setenta e
quatro anos), sob a forma do art. 950, § único do Código Civil, ou seja, de uma só
vez.
DA INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS
Em consequência das doenças adquiridas durante o pacto laboral e por
intermédio deste, a reclamante teve redução significativa da sua capacidade laboral,
o que lhe causa sérios danos de ordem íntima, bem como intranquilidade e
sofrimento. Nos dias atuais, muito se fala em “indústria do dano moral” decorrente
do crescente número de ações aventureiras, acreditando o autor que o mero
aborrecimento significa lesão aos direitos imateriais.
Esta situação muitas vezes atrapalha o cidadão que realmente foi lesado, que
busca no judiciário a reparação do dano sofrido, porquanto os magistrados tendem
repelir as aventuras judiciais, acabam por julgar o quantum indenizatório de forma
ínfima prejudicando aquele que teria direito real de reparação. Daí porque,
importante se faz a obrigação do advogado fundamentar o pedido, esclarecer e
apontar o dano sofrido, para que não seja entendido pelo magistrado que a ação em
debate é mais uma das aventuras judiciais em busca do enriquecimento fácil pela
“indústria do dano moral”.
Primeiramente, cabe trazer à baila o conceito de dano moral, nos dizeres do
professor Yussef Said Cahali (O Dano Moral – ed. Revista dos Tribunais), vejamos:
“O dano moral é a privação ou diminuição daqueles bens que têm um valor precípuo
na vida do homem e que são a paz, a tranqüilidade de espírito, a liberdade individual,
a integridade individual, a integridade física, a honra e os demais sagrados afetos,
classificando-se desse modo, em dano que afeta a parte social do patrimônio moral
(honra, reputação, etc) e dano que molesta a parte afetiva do patrimônio moral (dor,
tristeza, saudade, etc), dano moral que provoca direta ou indiretamente dano
patrimonial (cicatriz deformante etc.) e dano moral puro (dor, tristeza, etc.)”.(grifo
nosso).
Na legislação atual o dano moral está previsto no art. 5º inciso V e X da
Constituição Federal, vejamos: “art. 5º... V – é assegurado o direito de resposta,
proporcional ao agravo, além de indenização por dano material, moral ou à imagem;
X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,
assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua
violação;” Acrescentando, o Código Civil prevê que aquele que comete ato ilícito
causando dano a alguém, tem o dever de repará-lo, inteligência dos artigos 186 e
927. Nessa toada, a jurisprudência vem decidindo que a doença ocupacional
adquirida em decorrência do pacto laboral, enseja a indenização por danos morais,
vejamos: HÉRNIA DE DISCO.
NEXO CAUSAL. DEVER DE INDENIZAR DANO MORAL E MATERIAL.
Esforço excessivo ao erguer objeto, com resultado danoso (Hérnia de Disco) que
comprometeu a saúde do reclamante, invalidando-o para as atividades anteriores e
reduzindo parcialmente sua capacidade para o trabalho em geral, de tudo acarreta
o dever da empresa de indenizar os manifestos prejuízos materiais e morais daí
decorrentes,inclusive sob a forma de pensionamento (grifo nosso) (incidência dos
artigos 186 e 927 do Código Civil).
Recurso do reclamante ao qual se dá parcial provimento para acrescentar à
condenação indenização por dano moral, além do dano material já deferido pela
origem. (TRT-2 - RECORD: 395200708202005 SP 00395-2007-082-02-00-5,
Relator: RICARDO ARTUR COSTA E TRIGUEIROS, Data de Julgamento:
02/03/2010, 4ª TURMA, Data de Publicação: 12/03/2010). DOENÇA
OCUPACIONAL. HÉRNIA DE DISCO. CONCAUSA.
INDENIZAÇAO POR DANOS MATERIAL E MORAL. CABIMENTO.
Havendo prova da ocorrência do dano alegado, bem assim do nexo de causalidade
entre a moléstia e o trabalho, excluída a hipótese de culpa exclusiva do empregado,
ao empregador incumbe a obrigação de indenizar, prevista no art. 927 do CC, por
danos causados ao empregado. A existência de causa concorrente à doença
ocupacional não afasta a responsabilidade civil do empregador, para a qual é
desnecessário nexo etiológico exclusivo. (...)(TRT-4 - RO: 990003720065040030
RS 0099000-37.2006.5.04.0030, Relator: MILTON VARELA DUTRA, Data de
Julgamento: 10/02/2010, 30ª Vara do Trabalho de Porto Alegre). Pois bem,
consoante narrado os dizeres do professor Yussef Said Cahali, a privação ou
diminuição de bens que tem valor precípuo a vida do homem, incluindo a integridade
física, ocorre o dano moral, nascendo o direito a reparação do dano para o ofendido.
No caso em tela, a reclamante teve sua integridade física comprometida, reduzida
consideravelmente, algo que levará para o resto da vida, lhe causando sérios
constrangimentos e sofrimento de ordem íntima. Através da lei 13.467/17 a CLT fora
alterada para inclusão dos critérios de fixação da indenização por danos morais a
depender da gravidade do dano. Dispõe o art. 223-A da CLT que à reparação de
danos de extrapatrimoniais decorrentes da relação de emprego, aplica-se o texto
consolidado, o qual define a responsabilidade do empregador em caso de omissão
ou ação que resulte ofensa na esfera moral do empregado. Com efeito, a CLT no
art. 223-G, prevê o valor a ser arbitrado pela gravidade da lesão, sendo: I - ofensa
de natureza leve, até três vezes o último salário contratual do ofendido; II - ofensa
de natureza média, até cinco vezes o último salário contratual do ofendido; III -
ofensa de natureza grave, até vinte vezes o último salário contratual do ofendido; IV
- ofensa de natureza gravíssima, até cinquenta vezes o último salário contratual do
ofendido.
É certo que, diante da lesão à saúde do empregado e sua integridade física,
sendo permanente a redução da capacidade laboral, a ofensa é de natureza
gravíssima, devendo a reclamada ser condenada nos termos do inciso IV
supracitado. Por estas razões, requer de V. Excelência, a condenação da reclamada
ao pagamento de indenização por danos morais no montante de 50 vezes o último
salário contratual da reclamante.
DAS HORAS EXTRAS NÃO PAGAS
No mês de Janeiro/2016, a obreira cobriu férias da empregada Maria, quando
sua jornada passou a ser de segunda à sexta feira das 07:00hs as 19:00hs com 1
hora e 30 minutos de intervalo intrajornada.
Extrai-se da jornada narrada que a reclamante extrapolava o limite diário
previsto no art. 7º inciso XIII da CF de 8 horas e semanal de 44 horas, cujo excesso
resultava em 15 horas extras semanais, porém não foram pagas com o acréscimo
previsto na cláusula 10ª da CCT em anexo (2015/2016) no importe de 100% para
após 2 horas extras diárias. Portanto, requer a condenação da reclamada no
pagamento de 15 horas extras semanais com acréscimo de 100% no período em
que a obreira cobriu férias da empregada Maria, além dos reflexos em DSR e com
este, aviso prévio, férias acrescidas de 1/3, 13º salário e FGTS acrescido de multa
de 40%.
DO ADICIONAL DE INSALUBRIDADE
Muito embora a obreira recebesse adicional de insalubridade, o grau apurado
estava em dissonância com a realidade do seu local de trabalho. Percebia o
percentual de 20% (grau médio). No Perfil Profissiográfico, verifica-se que o risco
em que a obreira estava exposta é de grau médio pela exposição a agentes
biológicos “microorganismos”. Ademais não há acordo com convenção coletiva nos
termos do art. 611-A, XII da CLT quanto ao enquadramento do grau de insalubridade
diverso do que consta na NR 15 do M.T.E. Importante destacar que a reclamante
realizava limpeza da clínica, exposta a resíduos biológicos de procedimentos
cirúrgicos realizados nas salas dos médicos em que a obreira era responsável pela
limpeza e recolhimento desse material.
Ficava exposta a sangue, seringas usadas, curativos, gesso dos pacientes.
Ademais, os pacientes atendidos na clínica portavam câncer, AIDS, dentre outras
doenças transmissíveis. Ressalta-se que a obreira laborava utilizandose de
máscaras e luva látex para evitar o contato físico com os agentes biológicos. Muito
embora recebesse o adicional de 20% previsto no art. 192 da CLT, as condições de
trabalho da reclamante se assemelham aos empregados que trabalham em contato
permanente com objetos de uso de pacientes com doenças infecto contagiosas,
bem como a coleta de lixo urbano, dada a rotatividade de uso dos banheiros de cada
sala onde os pacientes eram atendidos, cujo grau de nocividade é considerado
máximo segundo o anexo 14 da NR 15 do M. T. E, fazendo jus ao percentual de
40%. Assim sendo, requer a condenação da reclamada no pagamento do adicional
de insalubridade no importe de 40% sobre o salário mínimo com reflexos em aviso
prévio, férias acrescidas de 1/3, 13º salário e FGTS acrescido de multa de 40%.
A fim de evitar o enriquecimento ilícito da obreira, requer desde já, o
abatimento dos valores pagos a mesmo título durante o pacto laboral.
DO DESCONTO INDEVIDO NO TRCT
Prática muito rotineira que vem sendo adotada pelas empresas em imputar
ao empregado o pagamento da complementação de 10% sobre a multa do Fundo
de Garantia, utilizando-se o Termo Rescisório para mascarar a fraude trabalhista.
Vejamos no item 95.5 do TRCT da obreira o crédito de R$ 2.631,60 a título de 50%
sobre o FGTS. Já nos descontos, infere-se do campo 115.5 o desconto de R$
2.866,27 cuja diferença, segundo as empresas é o pagamento do FGTS do mês da
rescisão como se vê no campo 95.4 no valor de R$ 234,67.
Entretanto, ao verificar o extrato analítico, vemos que a multa de 40% sobre
o FGTS da obreira totaliza o valor de R$ 2.105,28, sendo que se somada a multa
com o valor depositado do FGTS do mês da rescisão, totaliza o valor de R$ 2.339,95,
sendo este o valor que deveria ser creditado (campo 95.5 + 95.4) e logo após
descontado na mesma proporção.
Ocorre que a reclamada, imputou a obreira o pagamento dos 10% que lhe
cabia pagar, sendo a diferença de R$ 526,32 que se trata da contribuição social nos
termos do demonstrativo em anexo.
Em suma, a reclamada lançou como crédito no TRCT da obreira, a multa do
FGTS de 40% acrescido dos 10% a título de contribuição que lhe cabia. Em outras
linhas, se consignou no TRCT o crédito da multa do FGTS de 40% acrescido do
FGTS do mês da rescisão, não poderia proceder o desconto considerando os 10%
da contribuição que lhe era obrigação pagar.
É manifesta a fraude que a reclamada comete no caso dos autos. Assim
sendo, requer a sua condenação no ressarcimento à obreira ao desconto indevido
de R$ 526,32 nos termos da fundamentação.
Requer ainda seja expedido ofício ao Ministério do Trabalho e Emprego para
que fiscalize a reclamada se esta vem cometendo algum ilícito na prática aqui
denunciada.
DA MENSALIDADE SINDICAL
Sem ser sindicalizada ou vinculada ao sindicato de classe, a obreira sofria
descontos reiterados no seu salário no valor de R$ 25,50 a título de mensalidade
sindical, o que fere de morte o disposto na súmula 666 do TST e no PN 119 do TST.
Logo, requer a condenação da reclamada no pagamento de R$ 25,50 descontados
mensalmente durante todo o pacto laboral.
DAS DIFERENÇAS DAS VERBAS RESCISÓRIAS
O campo 23 do TRCT informa a remuneração da obreira que deve ser
considerada para fins de cálculo das verbas rescisórias, vez que percebia parcelas
habituais de natureza salarial como o adicional de insalubridade. Ocorre que a
reclamada realizou o pagamento das verbas rescisórias considerando o salário base
da obreira sem o adicional de insalubridade pago habitualmente, o que contraria a
súmula 139 do C. TST.
Vejamos o campo 50 (saldo salarial) cujo valor resultou R$ 1.101,50 (30 dias)
quando deveria ser a remuneração considerando as verbas de natureza salarial
pagas habitualmente que resultou no mês da rescisão o valor de R$ 1.493,92.
Assim, requer a condenação da reclamada no pagamento das diferenças das verbas
rescisórias pagas sobre a remuneração da reclamante e não sobre o salário base,
a saber, o aviso prévio, férias acrescidas de 1/3, 13º salario, FGTS acrescido de
multa de 40%.
MULTAS DOS ARTIGOS 467 E 477 DA CLT
Requer a condenação da reclamada ao pagamento da multa prevista no art.
467 da CLT em caso de não adimplemento das verbas incontroversas em audiência.
Outrossim, requer a condenação ao pagamento da multa prevista no § 8º do art. 477
da CTL pelo atraso no pagamento das verbas rescisórias.
DOS PEDIDOS:
Ante todo o exposto requer:
1 – A concessão dos benefícios da justiça gratuita nos termos do art. 790, §3º
e 4º da CLT.
2 – A citação da reclamada para que, querendo, apresente defesa no
momento oportuno sob pena de incorrer em revelia e seus efeitos jurídicos.
3 – A condenação da reclamada à imediata reintegração da reclamante bem
como pagamento dos salários e demais verbas pelo período afastado até a
reintegração OU caso V. Excelência entenda de forma diversa pela reintegração da
reclamante, requer a condenação da reclamada ao pagamento de indenização
substitutiva considerando o período estável previsto na lei 8.213/91 correspondentes
aos salários e reflexos em aviso prévio, férias acrescidas de 1/3, 13º salário e FGTS
acrescido de multa de 40%.........................R$ 18.356,22 (dezoito mil trezentos e
cinquenta e seis reais e vinte e dois centavos).
4 - A condenação da reclamada ao pagamento de indenização por danos
materiais, correspondente a 25% ou outro percentual apurado em perícia, aplicado
sobre o último salário da obreira e pagos, levando em conta sua estimativa de vida
até os 74 (setenta e quatro anos), sob a forma do art. 950, § único do Código Civil,
ou seja, de uma só vez.......................................................................................R$
58.227,00 (cinquenta e oito mil duzentos e vinte e sete reais).
5 - A condenação da reclamada ao pagamento de indenização por danos
morais...................................................R$ 74.650,00 (setenta e quatro mil
seiscentos e cinquenta reais).
6 - A condenação da reclamada no pagamento de 15 horas extras semanais
com acréscimo de 100% no período em que a obreira cobriu férias da empregada
Maria, além dos reflexos em DSR e com este, aviso prévio, férias acrescidas de 1/3,
13º salário e FGTS acrescido de multa de
40%....................................................................................R$ 8.234,65 (oito mil
duzentos e trinta e quatro reais e sessenta e cinco centavos).
7 - A condenação da reclamada no pagamento do adicional de insalubridade
no importe de 40% sobre o salário mínimo com reflexos em aviso prévio, férias
acrescidas de 1/3, 13º salário e FGTS acrescido de multa de
40%..................................................................R$ 30.358,80 (trinta mil trezentos e
cinquenta e oito reais e oitenta centavos).
8 – A condenação da reclamada no ressarcimento à obreira ao desconto
indevido.........................................................R$ 526,32 (quinhentos e vinte e seis
reais e trinta e dois centavos).
9 - A condenação da reclamada no pagamento de R$ 25,50 descontados
mensalmente durante todo o pacto laboral........R$ 1.530,00 (um mil quinhentos e
trinta reais)
10 – A condenação da reclamada no pagamento das diferenças das verbas
rescisórias pagas sobre a remuneração da reclamante e não sobre o salário base,
a saber, o aviso prévio, férias acrescidas de 1/3, 13º salario, FGTS acrescido de
multa de 40%...........................................R$ 3.567,09 (três mil quinhentos e
sessenta e sete reais e nove centavos).
11 – Multas dos artigos 467 e 477 da
CLT........................................................................................R$ 4.356,80 (quatro mil
trezentos e cinquenta e seis reais e oitenta centavos).
Protesta provar o alegado por todos os meios de prova admitidos em direito,
em especial provas documental e testemunhal sem prejuízo de outra que se fizer
necessária durante a instrução processual.
Requer em caso de condenação, seja os valores corrigidos e atualizados
segundo o art. 883 da CLT e súmulas 200 e 381 do TST, aplicável o índice da TR
nos termos do art. 879, §7º da CLT.
Sendo julgada procedente esta reclamação, requer seja a reclamada
condenada no pagamento de honorários sucumbenciais no percentual de 15% nos
termos do art. 791-A da CLT.
Outrossim, em caso de sucumbência no objeto da perícia, requer a isenção
dos honorários periciais, uma vez que a reclamante comprova a insuficiência de
recursos financeiros para tal encargo agravado pelos parcos créditos trabalhistas
aqui deferidos, ou, caso V. Excelência entenda de forma diversa, requer sejam os
honorários arbitrados no mínimo previsto pelo CSJT, disposição do art. 790-B, §1º
da CLT.
Por derradeiro requer seja a reclamada compelida a trazer nos autos todo e
qualquer documento relativo a relação de emprego sob pena de confissão nos
termos do art. 400 do NCPC. Dá-se a causa o valor de R$ 199.806,88 (cento e
noventa e nove mil oitocentos e seis reais e oitenta e oito centavos).

Termos em que

Pede deferimento

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