Beruflich Dokumente
Kultur Dokumente
Jorge Luján
Linda Wolfsgruber
Ilustrações
Tradução Marcos Bagno
Temas abordados Sagas nórdicas e germânicas • Amor x poder • Traição e incesto
GUIA DE LEITURA
PARA O PROFESSOR
,o
B R ü N hI L d E E A sA gA do ANEL
B R ü N hI L d E E A s Ag A d o AN E L
sas
ão,
m,
Jorge Luján
clo
, o tradução
são Marcos Bagno
os.
afia
s e
os,
va.
Jorge Luján & Linda Wolfsgruber
ilustrações
Linda Wolfsgruber
96 páginas
1/11/12 1:10 PM
2
Brünhilde e a saga do anel Jorge Luján
FORMAS E TEMAS
Em Brünhilde e a saga do anel, Jorge Luján revela a atualidade do
ciclo d’O anel do nibelungo – conjunto de quatro óperas composto
pelo alemão Richard Wagner. Condensado por Luján em versos
polimétricos, o enredo aborda temas como sexualidade, relações
familiares e regras sociais, questões caras à adolescência.
No centro da trama está a disputa pelo anel mágico de Alberich,
feito com o ouro roubado às ninfas do Reno. A joia, que atiça o
desejo dos que não a possuem e amaldiçoa os que a guardam, é
reclamada por Wotan, chefe dos deuses.
Na versão de Luján, a personagem Brünhilde, filha favorita de
Wotan, assume posição de destaque. A função da valquíria é levar ao
Valhalla, morada dos deuses, a alma dos guerreiros mortos.
Divindade rebelde, Brünhilde
desobedece ao pai por impedir
a morte de Siegmund, corajo-
so cavaleiro – igualmente filho
de Wotan – que, em determina-
do momento da trama, esposa a
própria irmã, Sieglinde. Como
castigo, Brünhilde será conde-
nada a adormecer no alto de um
penhasco, cercada por um círcu-
lo de fogo, até que a desperte o
beijo de um indômito herói, ca-
paz de atravessar as chamas.
Esse jovem será Siegfried, filho
da relação incestuosa de Siegmund
e Sieglinde, por quem Brünhilde se
apaixonará intensamente. Por ele,
a deusa, tornada mortal, perderá
a castidade renunciando de vez ao
mundo dos deuses. Diante da mor-
te de Siegfried, causada pela cobiça
dos que buscam o anel, Brünhilde,
por fim, dará cabo da própria vida.
Antes, no entanto, ela incendiará o
Valhalla, inaugurando uma nova
era, de homens livres em relação
aos divinos desígnios.
3
Brünhilde e a saga do anel Jorge Luján
MAIS DE PERTO
Linguagem e poiesis em Brünhilde
Para condensar o intrincado enredo da saga, Luján vale-se de
uma linguagem contemporânea, mas que guarda elementos da
eloquência épica. O rigor construtivo de seus versos não decorre
da aplicação de um esquema de rimas e métrica fixos, e sim do
rico trabalho de sonoridades internas, perceptível logo nas pri-
meiras estrofes do volume, em versos aliterados como “A eSpu-
ma inoCente roÇa-lhe os SeioS” ou “Subitamente, uma SombRa
se ERgue/ por uma gREta na pEdRa. Raio nEgRo coRta a água”.
O jogo fônico também se faz presente nas fórmulas mágicas
recorrentes, caras ao universo mítico representado. Por meio de-
las as palavras tornam-se coisas: basta dizê-las do modo correto
para que a enunciação se transforme em ação (como nos mo-
mentos em que Alberich amaldiçoa o amor ou em que Wotan
impõe o castigo à filha).
Trata-se, portanto, de um universo em que a palavra não de-
sempenha apenas função comunicativa: a poesia é criadora de rea-
lidades, chave para que as vontades dos deuses e dos homens se
realizem no mundo. Ao nomear, invocar e pedir, as personagens
de Brünhilde determinam factualmente situações e destinos.
4
Brünhilde e a saga do anel Jorge Luján
5
Brünhilde e a saga do anel Jorge Luján
6
Brünhilde e a saga do anel Jorge Luján
Música e poesia
No ciclo de óperas, o texto poético que narra a saga do anel en-
contra-se indissociavelmente ligado à música, um dos elementos
constitutivos da obra de arte total almejada por Wagner. Na ópe-
ra, os temas e variações musicais também desempenham função
narrativa, isto é, também ajudam a contar a história para além do
plano verbal. Na adaptação de Luján, contudo, a poesia torna-
-se elemento autônomo, podendo expressar-se de maneira mais
livre (percebe-se que o sistema de métrica e rimas não é fixo,
conforme apontamos), fato que permite certa atualização da lin-
guagem épica. Limitando-se à musicalidade das palavras, o autor
elabora jogos fônicos brincando com aliterações, rimas internas
e variações no ritmo, perceptíveis, sobretudo, nas fórmulas má-
gicas (vale lembrar um dos encantamentos entoados por Al-
berich: “Névoa e noite, noite e névoa,/ Se não vês, algo perdeste”).
7
Brünhilde e a saga do anel Jorge Luján
8
Brünhilde e a saga do anel Jorge Luján
VERSO E REVERSO
O professor pode desenvolver diversas atividades em sala de
aula com o intuito de ressaltar os elementos poéticos presentes
na adaptação de Luján, bem como discutir os complexos temas
abordados no livro. Apresentam-se a seguir algumas sugestões
de trabalho.
Ilustrações alternativas
Em Brünhilde, as ilustrações de Linda Wolfsgruber desempe-
nham importante papel: às vezes, condensam momentos centrais
do enredo; outras, antecipam fatos ainda não contados pelos ver-
sos. Novamente com a ajuda do professor de artes, propõe-se aos
alunos a elaboração de ilustrações alternativas às de Wolfsgruber,
contemplando momentos da trama que lhes pareçam relevantes.
Tal trabalho pode ser iniciado em sala de aula e concluído em
casa. Depois, as ilustrações são apresentadas em grupo, eventual-
mente acompanhadas de explicações sobre as ra-
zões que levaram à escolha da cena, comentários
sobre a(s) técnica(s) empregada(s) e a estratégia
compositiva (cores, jogo de luz e sombra, textura,
posição das personagens etc.). Perguntas como
“Por que determinada personagem aparece no
centro do desenho?”, “De que maneira ela é re-
presentada visualmente?” constituem bom aque-
cimento para a discussão, apresentando a ilustra-
ção como um meio de interpretar a história.
9
Brünhilde e a saga do anel Jorge Luján
OUTRAS VIAGENS
(Sugestões de livros e vídeos)
LIVROS
Para o professor
• GUINSBURG, J. (org.). O romantismo. São Paulo: Perspecti-
va, 2005.
Volume em que diversos autores, entre os quais Alfredo Bosi e
Benedito Nunes, expõem suas visões sobre o movimento ro-
mântico em contexto internacional e brasileiro. Interessante
para que se possa discutir a complexidade de temas ligados ao
romantismo em Brünhilde e a saga do anel.
10
Brünhilde e a saga do anel Jorge Luján
Para o aluno
• ANÔNIMO. A canção dos nibelungos. 2. ed. São Paulo: Mar-
tins Fontes, 2001. Coleção Gandhara.
Texto em prosa fruto da longa elaboração de lendas em tor-
no do grande mito do paganismo germânico e que serviu de
base para as óperas de Wagner.
• COELHO, Lauro Machado. Uma análise do anel do nibelun-
go. 2. ed. São Paulo: Universidade Falada, 2007.
Audiolivro com informações sobre construção da tetralogia
wagneriana e análises das personagens, da trama e das me-
lodias.
VÍDEOS
• Ludwig. Itália, 1972. Direção: Luchino Visconti. Elenco: Helmut
Berger e Romy Schneider. DVD (247 min.), colorido.
O filme aborda a história do rei da Baviera, Ludwig Otto,
conhecido por sua admiração apaixonada pela obra de Ri-
chard Wagner, do qual era mecenas, e que se empenha na
tentativa de viver como nas óperas do compositor.
• Também é possível encontrar no YouTube diversos trechos
das óperas que compõem o Ciclo do anel. Destaca-se a mon-
tagem que o Metropolitan Opera de Nova York fez de A val-
quíria, em 2011, com regência de James Levine, direção de
Robert Lepage e intérpretes como Deborah Voigt (Brünhilde),
Bryn Terfel (Wotan), Eva-Maria Westbroek (Sieglinde) e Jo-
nas Kaufmann (Siegmund). Trechos da montagem podem
ser vistos nos seguintes links:
http://youtu.be/vaBuZ42lTss
http://youtu.be/wFpoHcXtLJA
http://youtu.be/W-ORjaxWYkE
11