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BISTURI
"O Grande Chefe" de Lars Von Trier.
No entanto, quem formalizou os operadores deste jogo foi Viola Spolin: Já é um membro? Fazer login
divisão-de-foco e instrução. Se, em cena, há "problemas a resolver",
"duplos-problemas técnicos" - diz Spolin - tanto melhor. Isto divide o
foco. É com a divisão-de-foco que "o espontâneo acontece". De
A R Q UI V O DO B LO G
maneira que as instruções tornam-se elementos intrusos bem vindos.
► 201 3 (1 07 )
► Nov embro (1 7 )
O filme começa com o ator Kristoffer (Jens Albinus) contratado para ▼ Outubro (1 9)
representar o chefe Svend, inventado por Ravn, verdadeiro dono de
Pra pensar...
uma firma de informática (Peter Gantzler). Ravn manteve Svend virtual
A Estrela inv ertida -
durante dez anos e responsabilizou-o por todas as escolhas
Baphomet - Aquele que se
desagradáveis, enquanto preservava a sua imagem de bonzinho. Só
sup...
que agora ele decidiu vender a firma e o comprador exige a presença
do "grande chefe". Ravn, então, contrata Kristoffer para representá-lo Esmir Filho
na reunião de venda. Só que as coisas tomam um rumo inesperado. EU CURTO
Antonio Grassi
Na primeira reunião com os funcionários da "sua" firma, Kristoffer
Div ulgação
precisa revelar o nome do "grande chefe". No entanto, não o sabe.
"Vocês podem me chamar de Kristoffer" - diz. "E por que nós lhe CURTA PASSIONAL
chamaríamos de Kristoffer?" - diz um dos funcionários. "O seu nome é Matheus Trunk
Svend E." - diz um outro que recebeu emails do grande chefe. "Isso
Div ulgação
mesmo, meu nome é Svend". "E o que significa o E" - perguntam.
André Klotzel
No passo a passo das sílabas, ele inventa, então, o seu sobrenome. O Div ulgação
processo de construção é assumido: "Posso dizer um nome por qual ESCURIDÃO
tenho predileção". Esta "borda" entre personagem e ator, entre
Leonardo Medeiros
primeira e segunda instalação, ganha contorno no filme de Lars -
justamente por explicitar algo que é geralmente velado. Além disso, BISTURI
escolhas instantâneas, estas que parecem emprestar à performance Div ulgação
do ator o espírito do "não-cálculo", da apropriação no aqui e agora,
Rev ista Cinema Caipira de
parecem estar presentes no percurso de Kristoffer. Outubro
Carlos Ebert
Se os atores têm informações diferentes para jogar, se há coisas que
um ator sabe e o outro não, em cena, quando a informação irrompe, a Same old shit is dead
reação é no próprio contexto. Flagrada, esta evoca a ação do Div ulgação
personagem. E já que este "real" (relações sociais onde de fato está
inserido aquele sujeito) surge, a atuação torna-se "natural" (tomando o ► Setembro (1 6)
termo como problemático, já que se trata da construção de um jogo). ► Agosto (1 8)
► Julho (24)
Na primeira cena com o possível comprador da firma, o brilho se deve
► Junho (23)
(em grande parte) ao mau humor de Kristoffer - instalado a partir da
surpresa diante do outro que acaba de dizer a sua frase decorada: "Eu ► Maio (7 )
sou o presidente da empresa". O desacerto cede lugar à contrariedade ► Abril (4)
(rubaram a minha fala). Se a surpresa foi induzida a partir do
► Março (5)
desconhecimento do ator Jens Albinus ou se este joga, por exemplo,
► Fev ereiro (4)
com "roubaram a minha fala" (elemento que produz sensação), isto
implica duas possíveis modalidades de jogo. De qualquer maneira, se ► Janeiro (6)
ele se surpreende, para o comprador da firma (que nada sabe da farsa)
► 201 0 (54)
aquela é a reação de Svend (o grande chefe, personagem inventado).
► 2009 (49)
Lars Von Trier parece potencializar "o não saber". Na reunião técnica ► 2008 (53)
com a equipe, é preciso falar de informática, assunto do qual Kristoffer
nada sabe. Ele está sentado. Um corte e aparece de pé; outro e está
novamente sentado; outro corte e o plano está aberto. Na mesma Q UEM S O U EU
posição ele observa a reação dos funcionários; balança a cabeça, RA F A E L SP A CA
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25/07/13 CURTA-METRAGEM: BISTURI
respira, pára, pensa, espera; espera. Vemos uma semântica do tempo Radialista e
entre as falas. Um tempo com ações que significam a partir da Produtor Cultural.
situação-dada (elemento em jogo). Os arroubos de pseudo-irritação da Sou autor do blog
performance de Kristoffer se apresentam como uma estratégia para Os Curtos Filmes, no
disfarçar o "não-saber". Alcançam a dimensão do cômico com "ar" desde agosto de 2008.
adjetivos como: "Estão horríveis, estão um xixi, estão uma lavagem de Colaboração em tex tos e artigos
porco" - ele desfia a série falando dos números da empresa. para ‘Bigorna.net’; ‘Rev ista de
Cinema Caipira’; ‘Jornal do Cinema
Mais uma reunição e é como se estivessem cansados. Há a preguiça – Cineclube Cauim’ e; ‘Punctum’.
(bem vinda) de atuar, propícia ao cinema. Da boca de um dos V I S UA LI Z A R M EU P ER FI L C O M P LET O
funcionários, aparece uma frase musicada. Um outro continua a
canção, até que todos cantam. Sem ênfase, no entanto, sem
sublinhar o sentido daquilo (apesar deste estar presente). É esta
espécie de defasagem entre sentido e falta de ênfase que parece dar
poesia à ação; a ausência de ênfase em algo que está evidente.
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rejane.arruda@usp.br
http://www.youtube.com/user/rejanearrudaatriz?
feature=grec#p/u/15/4lbDzBav_jU
P O S T A DO P O R R A FA EL S P A C A À S 18: 09
NE NH U M C O M E NT Á RI O :
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