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os híbridos glocais
Enraizados: os híbridos glocais
Dudu de Morro Agudo
D897e
Dudu, de Morro Agudo, 1979-
Enraizados, os híbridos locais / Dudu de Morro Agudo. - Rio de Janeiro :
Aeroplano, 2010. il. -(Tramas urbanas)
Apêndice
ISBN 978-85-7820-053-4
1. Dudu, de Morro Agudo, 1979-. 2. Movimento Enraizados (Projeto
cultural). 3. Músicos de rap - Brasil - Biografia. 3. Hip-hop (Cultura
popular) - Rio de Janeiro (RJ). 4. Rap (Música) - Rio de Janeiro (RJ).
I. Programa Petrobras Cultural. II. Título. II. Série.
aeroplano@aeroplanoeditora.com.br
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A ideia de falar sobre cultura da periferia quase sem-
pre esteve associada ao trabalho de avalizar, qualificar
ou autorizar a produção cultural dos artistas que se
encontram na periferia por critérios sociais, econômi-
cos e culturais. Faz parte da percepção de que a cul-
tura da periferia sempre existiu, mas não tinha oportu-
nidade de ter sua voz.
No entanto, nas últimas décadas, uma série de traba-
lhos vem mostrar que não se trata apenas de artistas
procurando inserção cultural, mas de fenômenos orgâ-
nicos, profundamente conectados com experiências
sociais específicas. Não raro, boa parte dessas histórias
assume contornos biográficos de um sujeito ou de um
grupo mobilizados em torno da sua periferia, das suas
condições socioeconômicas e da afirmação cultural de
suas comunidades.
Essas mesmas periferias têm gerado soluções originais,
criativas, sustentáveis e autônomas, como são exem-
plos a Cooperifa, o Tecnobrega, o Viva Favela e outros
tantos casos que estão entre os títulos da primeira fase
desta coleção.
Viabilizado por meio do patrocínio da Petrobras, a con-
tinuidade do projeto Tramas Urbanas trata de procurar
não apenas dar voz à periferia, mas investigar nessas
experiências novas formas de responder a questões
culturais, sociais e políticas emergentes. Afinal, como
diz a curadora do projeto, “mais do que a internet,
a periferia é a grande novidade do século XXI”.
12 Introdução
14 Apresentação
16 Prefácio – por Luiz Carlos Dumontt
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Sua profissão não é aquilo que traz para casa o seu salário.
Sua profissão é aquilo que foi colocado
na Terra para você fazer com tal paixão e tal intensidade
que se torna chamamento espiritual.
— Vincent Van Gogh
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Não estrague aquilo que você tem, desejando o que não tem;
lembre-se de que o que você agora possui
um dia já esteve entre as coisas com relação
às quais você só tinha esperança.
— Epicuro
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A praça é nossa
Praça é uma coisa que não tem perto da minha casa
Aqui em Morro Agudo não se vê nem com
telescópio da Nasa
Se procurar na Baixada talvez encontre alguma
Mas se juntar todas elas, acho que não dá uma
Na Zona Sul vi gangorra e escorrega
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Os visitantes perguntavam:
— Você conhece os Enraizados?
— Sim, conheço.
— Onde é a sede deles?
— Ah! Isso eu não sei, senta ali na praça que daqui a
pouco passa um deles por aqui, com uma camisa que
tem um desenho igual ao daquela pintura que tem lá na
praça, é só você prestar atenção.
— Tudo bem, obrigado.
— De nada.
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O hip-hop sobrevive
Do Alto do Pascoal para o Morro Agudo. É ali, no maior
bairro de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, Rio de
Janeiro, que outra rede articulada em torno do hip-hop
mostra sinais de vigor econômico. Flávio Eduardo da
Silva Assis, o Dudu de Morro Agudo, é uma das lideran-
ças do Movimento Enraizados, cujo chamariz é o portal
www.enraizados.com.br, com uma loja virtual e 600 mil
acessos por mês.
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Terça-feira
Mistureba: sarau de poesias num misto de músicos
populares, rappers e poetas.
Quarta-feira
Samba de mesa: samba de mesa que começou com
o grupo Reflexo do Batuque e depois abriu para outros
grupos de samba da comunidade.
Quinta-feira
Cineclube Enraizados: exibição de documentários
de curta e longa-metragens.
Sexta-feira
Charm soul black: o melhor do hip-hop internacional,
do charm e do soul.
Sábado
Raiz do hip-hop: o melhor do hip-hop nacional.
Domingo
Futebol no telão: a partir das 16h, final do Cariocão.
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dia foi um furo atrás do outro, até que numa noite o grupo
que se apresentou cantava músicas pornográficas. Foi a
gota d’ água. Terminamos o evento na hora e as últimas
moedas do Enraizados se foram.
O Bruno Thomassin, cineasta francês, e sua esposa,
Jane Thomassin, amigos de muitos anos, são pessoas
envolvidas na minha vida, tanto pessoal quanto pro-
fissional, se é que conseguimos separar uma da outra.
Quando os conheci, não lembro bem o ano, estávamos
num bar em São Gonçalo, o Bruno fazia uma filmagem
para uns camaradas dele que eu também conhecia, e
nesse dia tive um embate ideológico com a Jane, mas
logo depois já éramos grandes amigos.
Dia 8 de agosto foi a minha apresentação no evento “Hip-
hop (+)”. Muitas pessoas estiveram presentes, foi ines-
quecível. O Bruno fez um vídeo com depoimentos dos
meus amigos e família. Fico emocionado toda vez que
vejo. Neste dia até mesmo a primeira-dama, Maria Antô-
nia, esteve presente com sua mãe e filho, e num rápido
bate-papo ela me informou que o edital para o Projovem
Adolescente seria aberto em breve, e ela achava que a
gente tinha o perfil para executar o projeto. Como essa
área não era minha especialidade, disse que falaria com
o Dumontt. O Dumontt achou legal e começou a tra-
balhar no projeto do Projovem Adolescente, dentre as
dezenas de outros que estávamos escrevendo.
Fomos convidados a participar de uma reunião que acon-
teceria em Brasília no dia 11 de setembro, em que se dis-
cutiria como seria a execução do Prêmio Cultura Hip-Hop
– Edição Preto Ghóez, uma espécie de consultoria do
governo com instituições nacionais e de referência den-
tro do hip-hop. O governo daria apenas uma passagem e
diária, mas era necessário que o Dumontt também esti-
vesse presente. Começamos uma busca louca por outra
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Foi nesse dia que ouvi falar do país Burkina Faso. Senti-
me um grande ignorante por não conhecer a história do
país. Fiquei mais surpreso ainda com a história de vida
do líder Koudbi Koala. Assisti ao documentário “Sete
dias em Burkina”, de Carlinhos Antunes e Marcio Wer-
neck, em que contam parte da história de Koudbi.
Quando saí da sede do Itaú Cultural fui abordado por uma
menina, estudante da UFRJ, que conhecia a mim e a his-
tória do Movimento Enraizados. Sua professora estava
fazendo um estudo sobre nós, inclusive já havia nos feito
algumas visitas. Começamos a conversar e falei do meu
interesse pelo documentário que acabara de ver, ela
disse que conhecia o Carlinhos Antunes e que poderia
me apresentar a ele. Concordei na hora e fomos até ele.
Eu e Carlinhos trocamos algumas ideias. Contei um
pouco sobre o Movimento Enraizados e ele me disse que
estaria no Rio de Janeiro na semana seguinte. Se qui-
séssemos, poderíamos articular uma sessão do filme
em Morro Agudo. Achei o máximo, na mesma hora liguei
para o Dumontt, que adorou a ideia.
Quando cheguei ao Rio, fui rapidamente convidando
alguns amigos para estarem presentes no dia da exibi-
ção do filme. Ainda teriam a oportunidade de conversar
com o próprio Koudbi Koala, Carlinhos Antunes e Marcio
Werneck. Foi um dia realmente construtivo. Participa-
ram do encontro eu, Dumontt, Bruno Thomassin, Cacau
Amaral, Átomo, Re.Fem e Lisa Castro.
Nossas conversas passaram pelo festival de cinema
de Burkina Faso, o Fespaco, por técnicas de gravação,
equipamentos, curiosidades sobre o país, entre outras
coisas. Quando Koudbi e os outros que o acompanha-
vam foram embora, ficamos conversando eu, a Re.Fem,
o Bruno Thomassim, o Cacau e o Dumontt e eu falei com
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E eu disse:
— Essa parte você deixa comigo.
Respeito
Léo da XIII
Pras Pretas
Léo da XIII
Hallima e Amel
La femme de sa vie
Cette flamme qui n’fait que d’agrandir
Fonder une famille
Finir ensemble réunies
« Saodadje » ma promise x 2
Carinho, Carinho
Notre enfant sera mon cado
Reencontro
Dudu de Morro Agudo
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J3 (Vitória-ES)
O Enraizados é mais uma iniciativa louvável que surgiu
para fortalecer o hip-hop no Brasil, divulgando a grande
variedade de talentos da cena nacional e facilitando o
nosso intercâmbio.
Gil BV (Teresina-PI)
A frase “Nunca deixe de sonhar” foi seguida pelo
Enraizados ao pé da letra. Acompanhei toda a luta na
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Anexo 293
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Imagens: índice
e créditos
P.115 Def Yuri, Dudu de Morro Agudo e Fábio ACM dentro do avião
rumo a Porto Alegre
foto: Acervo Movimento Enraizados
P.272-273 Luiz Carlos Dumontt, Hyogi, Dudu de Morro Agudo, Léo da XIII
e DJ Soneca, em Nancy, na França
foto: Acervo Movimento Enraizados