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Professor Alexandre Freire

Questões da aula 6 do módulo 2


Aulas 26 e 27 de Outubro de 2018.

1) As regras procedimentais são obrigatórias (cogentes)? É possível a


flexibilização? Em quais hipóteses?

Não, as normas de processo civil integram o direito público e são predominantemente


cogentes, isto é, são normas de ordem pública, que não podem ser derrogadas pela
vontade do particular, vez que são editadas com a finalidade de resguardar os interesses
da sociedade.
Entretanto, embora menos comum, existem normas processuais civis não cogentes
(também chamadas de dispositivas), que são aquelas que não contém um comando
absoluto, inderrogável e podem ser divididas em: permissivas: quando autoriza o
interessado a derrogá-la, dispondo da matéria da forma como lhe convier e supletiva:
aplicável na falta de disposição em contrário das partes.
Ressalta-se que, com o Novo CPC, essa flexibilização foi ampliada com as hipóteses de
revogação parcial, pelas partes, das normas processuais, permitindo, de forma aberta,
que elas convencionem alterações nos procedimentos com a fiscalização e a supervisão
do juiz para adaptar a luz as especificidades da causa, conforme dispõe o art. 190.
Além de entabular negociação processual nas causas que permitam autocomposição (art.
190, caput, NCPC), podem, ainda, as partes estabelecer um cronograma dos atos do
processo, nos termos do art. 191 do CPC/15.
No entanto, isso não afasta o caráter predominantemente público das normas de
processo, que se evidencia na atribuição de poder ao juiz para controlar as convenções,
recusando-se a aplicá-las quando nulas ou abusivas.
Portanto, em que pese a maioria das normas processuais civis sejam cogentes
(obrigatórias, pois de ordem pública), há - principalmente após o Novo CPC - diversas
normas dispositivas, a exemplo das normas que tratam da possibilidade de inversão
convencional do ônus da prova, prevista no art. 373, parágrafo 3o, do NCPC.

2) De que forma o princípio da cooperação influi no comportamento do juiz e das


partes no curso do processo? A questão se refere a aspectos procedimentais.
O princípio da cooperação no Direito Processual Civil tem sua origem na união dos
princípios da boa-fé e do contraditório, pois, sempre deve ser respeitada na lide uma
visão à luz da boa-fé. A obrigação de cooperar não é apenas das partes, no mesmo nível
de importância, aplica-se ao Juiz.
O dever de cooperação do juiz e das partes no processo, especialmente, acerca dos seus
deveres de consulta, de proteção, e de auxílio para garantia da efetivação do interesse
público e da segurança jurídica, bem como da importância da atuação das partes na
resolução da demanda buscando a decisão justa em tempo razoável, ambos colaborando
na busca da solução do conflito.
A influência no comportamento alcança a segurança jurídica e o interesse público,
destacando o entendimento do princípio-dever de cooperação nos seus diversos
aspectos: dever de esclarecimento, dever de consulta, dever de proteção ou de prevenção
e dever de auxílio.
A questão está diretamente ligado aos aspectos procedimentais, tendo como exemplo o
artigo 190 do CPC de 2015 traz uma inovação que é a busca de conciliar, ou equilibrar
o principio do dispositivo e inquisitivo, aceitando que as partes acordem sobre o
procedimento, mostrando as partes, a possibilidade de pactuarem quanto a convencionar
sobre o ônus, faculdades, poderes, deveres processuais, prazos, perícias, observadas as
peculiaridades de cada caso, antes ou durante o processo.
Esta importante inserção da vontade das partes é de suma relevância, entretanto só
adianta com a concordância do juiz, o que faz com que exista uma relação de
colaboração processual.
O CPC/2015 conferiu grande força às partes nos atos do processo, destacando-se a
possibilidade do negócio processual previsto no artigo 190, “versando o processo sobre
direitos que admitam auto composição, é lícito às partes plenamente capazes estipular
mudanças no procedimento para ajustá-lo às especificidades da causa e convencionar
sobre os seus ônus, poderes, faculdades e deveres processuais, antes ou durante o
processo”.
Assim as partes conflitantes podem criar procedimentos para ouvir testemunhas,
suprimir recursos e efeito suspensivo na apelação e divisão de despesas. No Fórum
Permanente de Processualistas Civis (FPPC) ficou constituído entre os membros
presentes que também são admissíveis os seguintes negócios processuais, dentre outros:
pacto de impenhorabilidade, acordo para ampliação de prazos das partes de qualquer
natureza, dispensa consensual de assistente técnico, acordo para não promover execução
provisória.
As ressalvas foram discutidas e pontuadas no enunciado 37 do Enfam também descreve
que “são nulas, por ilicitude do objeto, as convenções processuais que violem as
garantias constitucionais do processo, tais como as que: a) autorizem o uso de prova
ilícita; b) limitem a publicidade do processo para além das hipóteses expressamente
previstas em lei; c) modifiquem o regime de competência absoluta; e d) dispensem o
dever de motivação”.

3) A apresentação da petição inicial pode ser momento para demonstração de


distinção com um dos padrões decisórios do art. 927 do CPC? Caso positivo,
explique em qual contexto.

As duas grandes sistemáticas jurídicas mais comuns nas ordens legais ocidentais
possuem relações diferenciadas entre a norma escrita e os precedentes judiciais. Em
mudança significativa, a sistemática dos precedentes obrigatórios foi inaugurada de
forma mais clara a partir da outorga do Código de Processo Civil do ano de 2015, que
no seu art. 926 destacou a importância da estabilidade, integridade e coerência da
jurisprudência e no artigo seguinte – art. 927 – elencou as decisões que devem ser
observadas por juízes e tribunais.
Na common law, o julgamento só se tornam precedentes no momento em que passam a
concretamente servir como fundamento de decisão de outros julgamentos. No Brasil o
CPC de 2015 adotou técnica diversa, o sistema do civil law, prevendo expressamente
quais são os julgamentos que serão considerados precedentes. A essa técnica
convencionou-se chamar de “precedente doloso”, nomenclatura dada por Alexandre
Freitas Câmara aos julgamentos já predestinados a ser precedente.
O momento correto para apresentar padrões decisórios contidos no artigo 927 do CPC,
é petição inicial, podendo também ser aplicada à reconvenção.
Na apresentação da petição inicial, o juiz julgar improcedente o pedido ou deixar de
aplicar o precedente, pode o autor pedir explicação ao juiz sobre o entendimento
inadequado que está julgando, demonstrando a distinção dos casos (distinguishing),
mostrando que a hipótese fática em julgamento difere daquela que gerou o precedente.
Ou, diante de eventual superação do precedente, o julgador deve fundamentadamente
demonstrar que o mesmo está superado e não deve ser aplicado. São as chamadas
técnicas de superação do precedente (overruling) ou diferenciação fática
(distinguishing), que permitem a evolução da jurisprudência, que não fica
indefinidamente estática.
4) A contestação pode ser momento para demonstração de distinção com um dos
padrões decisórios do art. 927 do CPC? Caso positivo, explique em qual contexto.

Na contestação, cabem os mesmos fundamentos para alegação na demonstração dos


padrões decisórios do art. 927 do CPC. Há uma série de situações diferentes, com
requisitos também diversos, em que é adequada a realização da superação. É importante
estabelecer que sempre haverá uma pressão normativa pela manutenção do precedente,
sendo a superação a última opção a ser feita pela corte, justamente pela possibilidade de
gerar instabilidade no ordenamento jurídico. Esse ônus argumentativo para a superação
do precedente gera um dever de fundamentação adequada específico para o magistrado,
destacado pelo distinguishing ou overruling, na resposta quanto alegações apresetadas
na contestação para superação de precedentes.

5) Quando o autor não dispuser das informações de que trata o art. 319, II, e
solicitar, nos termos do §1º do art. 319, a cooperação do juízo para a obtê-las, pode
o juiz indeferir tal pedido ao argumento de que a providência cabe à parte? Qual
o recurso cabível contra a decisão que indeferir tal pedido?

Os parágrafos do art. 319 se referem ao inciso II para deixar claro que, caso o autor não
disponha de todas as informações previstas, poderá requerer ao juiz as diligências
necessárias para a sua obtenção, considerando que a petição inicial não deverá ser
indeferida se a obtenção das informações tornar impossível ou excessivamente oneroso
o acesso à justiça ou se, a despeito da falta de informações exigidas no inciso II, for
possível a citação do réu. Como visto, priorizou-se o acesso à justiça em detrimento do
excesso de formalismo.
Caso o juiz indefira o pedido de providência solicitado pela parte, o autor pode recorrer
a decisão judicial caso a exordial seja indeferida, pode interpor recurso de apelação (Art.
1009, CPC). De modo inverso, não interpondo o recurso o processo irá transitar julgado.
Interposto o recurso de apelação, o juiz pode retratar ou não em até 5 dias, prosseguindo
a ação com a citação do réu para contestar, apresentar respostas contra as alegações do
autor (Art. 331, CPC).
Para ocorrer o juízo de retratação é necessário interpor recurso, pois não é facultado ser
de oficio. Se houver a retratação por parte do juiz reformando a sentença, então a ação
prossegue (Art. 331 § 2º). E não decorrendo a retratação, ou seja, o juiz não aceitar o
recurso e manter a decisão que está disposto no § 1º, e não se retratar, desta forma chama
o réu para impugnar a retratação, isto é, o réu será citado para o recurso. E o recurso será
enviado ao tribunal competente para seu julgamento. E não interposta a apelação, o réu
será intimado do trânsito em julgado da sentença.

6) Se o autor não manifestar, na petição inicial, a opção pela realização ou não da


audiência de conciliação na forma exigida pelo art. 319, VII, deve o juiz interpretar
o silêncio como aceitação à realização da audiência ou determinar a emenda da
petição inicial? Qual a relevância desta manifestação do autor pela realização ou
não da audiência?

O inciso VII foi acrescido para determinar que a petição inicial indique a opção do autor
pela realização ou não da audiência de conciliação ou mediação. Essa mudança está em
consonância com a designação obrigatória de conciliação ou mediação, a ser realizada
antes da abertura do prazo para contestação, a menos que o conflito não admita
composição ou quando ambas as partes manifestem, expressamente, desinteresse na
composição consensual, razão pela qual o autor precisará se posicionar sobre esse tema
já na inicial.
De acordo com o disposto no art. 334, § 5º, do CPC/2015, o autor deverá indicar, na
petição inicial, seu desinteresse na autocomposição, e o réu deverá fazê-lo, por petição,
apresentada com 10 dias de antecedência, contados da data da audiência. Isso significa
que, se o autor nada falar na petição inicial sobre o tema, presume-se seu consentimento
com a audiência de mediação ou conciliação, que será realizada na forma prevista no
art. 334.
A audiência não será realizada se ambas as partes, autor e réu, manifestarem
expressamente desinteresse na composição consensual (ou seja, se apenas uma das
partes exarar seu desinteresse, a audiência será realizada mesmo assim devido ao
silêncio da outra parte) e no caso de que o direito discutido não permita à auto
composição.
Tamanha importância e relevância, estabeleceu a realização da audiência como regra a
encontrar apenas duas exceções: se os direitos envolvidos não admitirem composição
ou se, tendo o autor já manifestado desinteresse na inicial, o réu, até dez dias antes da
audiência, igualmente expressar que não pretende conciliar, é o que dispõe os incisos I
e II do §4º do artigo 334, do CPC.
Diante disso, premissa a merecer atenção é o fato de que o estímulo à autocomposição
pelo CPC/2015 tem no desafogamento da Justiça ou na celeridade jurisdicional mera
consequência. O que se visa, mais, é a que as partes — auxiliadas por seus advogados,
que devem se fazer presentes — assumam a tarefa de resolver seus entreveros,
participando ativamente da solução que, por isso mesmo, tenderá a ser "mais legítima".
Dito de outro modo, o investimento que se pretende fazer na conciliação — e é este um
dos projetos políticos do CPC/2015 — mira, sobretudo, seu potencial replicador:
logrando êxito em determinada composição, as partes envolvidas na solução, dali pra
frente, tendem a absorver a cultura conciliadora incutida pelo ordenamento, criando-se
terreno fértil para que, a médio e longo prazo, o Judiciário vá sendo gradativamente
abandonado como único meio para apaziguar conflitos.
Nas hipóteses em que realizada a audiência de conciliação ou de mediação, atingida a
composição em seu bojo, o juiz a homologa por sentença que põe fim ao processo,
resolvendo o mérito (artigo 487, III, CPC/2015); inocorrendo audiência, ou sendo essa
realizada, mas não se atingindo a composição, prossegue o processo para as respostas
do réu, a etapa seguinte da fase postulatória.

7) Antônio ajuíza ação buscando a condenação do Banco XXX na devolução de


valores cobrados a maior em contrato de financiamento para compra de
determinado bem, fundamentando seu pleito na irregularidade decorrente da
imposição de juros compostos. Pleiteia ainda condenação em danos morais em
razão da inscrição de seu nome em cadastro de inadimplentes, promovida pelo
Banco em razão da não identificação do pagamento das três últimas parcelas que,
no entanto, foram efetivamente quitadas. Na petição inicial, Antônio fixa o valor
do primeiro pedido em 30 mil reais – valor histórico, nada dizendo sobre a
imposição de juros ou correção monetária. Quanto aos danos morais, pugna pela
condenação em montante que o juiz entender devido. Sabe-se que a tese da
ilegalidade dos juros compostos em contratos do tipo do assinado por Antônio vem
sendo aceita pelo TJ-MS, ainda que tenha sido rechaçada pelo STJ no julgamento
de Recurso Especial Repetitivo. Com base no caso em tela responda as seguintes
questões à luz do Novo Código de Processo Civil.

a) Tendo em vista o posicionamento do STJ sobre a tese da ilegalidade da cobrança


de juros compostos, é possível o julgamento liminar de improcedência de apenas
um dos pedidos, prosseguindo o processo para julgamento dos demais?
Sim, a improcedência liminar do pedido é a decisão jurisprudencial que, antes da citação
do réu, julga improcedente o pedido formulado pelo autor, tornando-se uma decisão de
mérito. Torna-se ela apta a coisa julgada, sendo possível ação rescisória. O caso acima
citou exemplo de ação julgada em 2º grau, sendo que é permitido a improcedência
liminar em qualquer grau de jurisdição, além de ser a improcedência parcial, tornando-
se uma decisão interlocutória.
Veja que o caso citado se encaixa numa das hipóteses de improcedência de liminar. A
tese de ilegalidade de juros compostos em contratos de financiamento, já possui
entendimento em recurso especial repetitivo, podendo essa fração do pedido ser
liminarmente de improcedência de acordo com acordão proferido pelo STF ou STJ em
recursos repetitivos.

b) Em caso de resposta afirmativa na primeira questão, qual seria a natureza dessa


decisão bem como o recurso cabível?
Observe que o pedido sobre a ilegalidade de juros compostos, já possui entendimento
em acordão pelo STJ em recursos repetitivos, tornando-se tal decisão de improvimento
liminar uma decisão interlocutória. É permitido a improcedência liminar parcial, isso
quando um ou alguns pedidos cumulados são liminarmente julgados improcedentes.
Como essa decisão é de mérito, cabe agravo de instrumento nos termos do artigo 1.015,
II, do CPC.

c) Em eventual julgamento de procedência do primeiro pedido, pode o juiz incluir


na condenação a correção monetária e os juros de mora? Não o fazendo na
sentença, essas verbas poderiam, mesmo assim, ser executadas?

Sim, conforme o que estabelece o artigo 322 em seu parágrafo 1º e 2º do CPC. A


interpretação do pedido deve levar em conta o conjunto da postulação e observar o
princípio da boa-fé, como parâmetro interpretativo. Não há mais no CPC/2015 a
previsão de que os pedidos devam ser interpretados restritamente como estipulado no
art. 293 do CPC de 73, devendo a sua interpretação se pautar em parâmetros mais
amplos.
Isso não quer dizer que a regra da correlação da sentença ao pedido e o princípio
dispositivo não devam ser observados, dado que eles refletem a garantia do
contraditório.
d) Em caso de procedência da condenação do Banco no pagamento de danos
morais, no montante de 5 mil reais, pode Antônio recorrer alegando a insuficiência
do montante da condenação?

Tocante a essa questão, a modificação determinada pelo art. 292 do CPC/2015, a


indicação expressa acerca das ações com indenização por danos morais, deve ser exigida
pelo autor sua quantificação.
Assim, evidentemente sem a pretensão de esgotar um assunto tão polêmico e com
implicações práticas tão relevantes, entendo que o art. 292, inc. V, do CPC/2015 deve
ser lido da seguinte forma: havendo a formulação de pedido determinado pelo autor em
relação aos danos morais por ele pretendidos, esse deve ser o valor da causa, o que não
exclui a formulação de pedido genérico, no qual inexiste um “valor pretendido”
determinado em relação aos danos morais. Em que pese umbilicalmente ligados,
entendo que o valor atribuído à causa e o pedido são momentos diferentes da petição
inicial, e com consequências processuais igualmente distintas.
Assim, como regra em entendimento jurisprudencial, pode no caso citado, Antônio
recorrer da sentença do montante da condenação de danos morais, afim de resguardar a
sucumbência recíproca.

e) Comparecendo o réu para a audiência inicial de autocomposição, qual seria a


técnica mais adequada para solucionar o conflito: a mediação ou a conciliação?

No caso citado, comparecendo o réu em audiência de autocomposição, a técnica mais


adequada e sendo muito usada pelas empresas de grande porte como bancos, empresas
aéreas, entre outras, é a mediação. Portanto hoje em dia, com a implementação do portal
do conselho nacional de justiça, pode as empresas incluir tais discussões no sistema de
mediação digital, que permite qualquer consumidor busque solução consensual de
conflitos, principalmente com as instituições financeiras, além de ser um sistema público
e gratuito.

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