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As duas grandes sistemáticas jurídicas mais comuns nas ordens legais ocidentais
possuem relações diferenciadas entre a norma escrita e os precedentes judiciais. Em
mudança significativa, a sistemática dos precedentes obrigatórios foi inaugurada de
forma mais clara a partir da outorga do Código de Processo Civil do ano de 2015, que
no seu art. 926 destacou a importância da estabilidade, integridade e coerência da
jurisprudência e no artigo seguinte – art. 927 – elencou as decisões que devem ser
observadas por juízes e tribunais.
Na common law, o julgamento só se tornam precedentes no momento em que passam a
concretamente servir como fundamento de decisão de outros julgamentos. No Brasil o
CPC de 2015 adotou técnica diversa, o sistema do civil law, prevendo expressamente
quais são os julgamentos que serão considerados precedentes. A essa técnica
convencionou-se chamar de “precedente doloso”, nomenclatura dada por Alexandre
Freitas Câmara aos julgamentos já predestinados a ser precedente.
O momento correto para apresentar padrões decisórios contidos no artigo 927 do CPC,
é petição inicial, podendo também ser aplicada à reconvenção.
Na apresentação da petição inicial, o juiz julgar improcedente o pedido ou deixar de
aplicar o precedente, pode o autor pedir explicação ao juiz sobre o entendimento
inadequado que está julgando, demonstrando a distinção dos casos (distinguishing),
mostrando que a hipótese fática em julgamento difere daquela que gerou o precedente.
Ou, diante de eventual superação do precedente, o julgador deve fundamentadamente
demonstrar que o mesmo está superado e não deve ser aplicado. São as chamadas
técnicas de superação do precedente (overruling) ou diferenciação fática
(distinguishing), que permitem a evolução da jurisprudência, que não fica
indefinidamente estática.
4) A contestação pode ser momento para demonstração de distinção com um dos
padrões decisórios do art. 927 do CPC? Caso positivo, explique em qual contexto.
5) Quando o autor não dispuser das informações de que trata o art. 319, II, e
solicitar, nos termos do §1º do art. 319, a cooperação do juízo para a obtê-las, pode
o juiz indeferir tal pedido ao argumento de que a providência cabe à parte? Qual
o recurso cabível contra a decisão que indeferir tal pedido?
Os parágrafos do art. 319 se referem ao inciso II para deixar claro que, caso o autor não
disponha de todas as informações previstas, poderá requerer ao juiz as diligências
necessárias para a sua obtenção, considerando que a petição inicial não deverá ser
indeferida se a obtenção das informações tornar impossível ou excessivamente oneroso
o acesso à justiça ou se, a despeito da falta de informações exigidas no inciso II, for
possível a citação do réu. Como visto, priorizou-se o acesso à justiça em detrimento do
excesso de formalismo.
Caso o juiz indefira o pedido de providência solicitado pela parte, o autor pode recorrer
a decisão judicial caso a exordial seja indeferida, pode interpor recurso de apelação (Art.
1009, CPC). De modo inverso, não interpondo o recurso o processo irá transitar julgado.
Interposto o recurso de apelação, o juiz pode retratar ou não em até 5 dias, prosseguindo
a ação com a citação do réu para contestar, apresentar respostas contra as alegações do
autor (Art. 331, CPC).
Para ocorrer o juízo de retratação é necessário interpor recurso, pois não é facultado ser
de oficio. Se houver a retratação por parte do juiz reformando a sentença, então a ação
prossegue (Art. 331 § 2º). E não decorrendo a retratação, ou seja, o juiz não aceitar o
recurso e manter a decisão que está disposto no § 1º, e não se retratar, desta forma chama
o réu para impugnar a retratação, isto é, o réu será citado para o recurso. E o recurso será
enviado ao tribunal competente para seu julgamento. E não interposta a apelação, o réu
será intimado do trânsito em julgado da sentença.
O inciso VII foi acrescido para determinar que a petição inicial indique a opção do autor
pela realização ou não da audiência de conciliação ou mediação. Essa mudança está em
consonância com a designação obrigatória de conciliação ou mediação, a ser realizada
antes da abertura do prazo para contestação, a menos que o conflito não admita
composição ou quando ambas as partes manifestem, expressamente, desinteresse na
composição consensual, razão pela qual o autor precisará se posicionar sobre esse tema
já na inicial.
De acordo com o disposto no art. 334, § 5º, do CPC/2015, o autor deverá indicar, na
petição inicial, seu desinteresse na autocomposição, e o réu deverá fazê-lo, por petição,
apresentada com 10 dias de antecedência, contados da data da audiência. Isso significa
que, se o autor nada falar na petição inicial sobre o tema, presume-se seu consentimento
com a audiência de mediação ou conciliação, que será realizada na forma prevista no
art. 334.
A audiência não será realizada se ambas as partes, autor e réu, manifestarem
expressamente desinteresse na composição consensual (ou seja, se apenas uma das
partes exarar seu desinteresse, a audiência será realizada mesmo assim devido ao
silêncio da outra parte) e no caso de que o direito discutido não permita à auto
composição.
Tamanha importância e relevância, estabeleceu a realização da audiência como regra a
encontrar apenas duas exceções: se os direitos envolvidos não admitirem composição
ou se, tendo o autor já manifestado desinteresse na inicial, o réu, até dez dias antes da
audiência, igualmente expressar que não pretende conciliar, é o que dispõe os incisos I
e II do §4º do artigo 334, do CPC.
Diante disso, premissa a merecer atenção é o fato de que o estímulo à autocomposição
pelo CPC/2015 tem no desafogamento da Justiça ou na celeridade jurisdicional mera
consequência. O que se visa, mais, é a que as partes — auxiliadas por seus advogados,
que devem se fazer presentes — assumam a tarefa de resolver seus entreveros,
participando ativamente da solução que, por isso mesmo, tenderá a ser "mais legítima".
Dito de outro modo, o investimento que se pretende fazer na conciliação — e é este um
dos projetos políticos do CPC/2015 — mira, sobretudo, seu potencial replicador:
logrando êxito em determinada composição, as partes envolvidas na solução, dali pra
frente, tendem a absorver a cultura conciliadora incutida pelo ordenamento, criando-se
terreno fértil para que, a médio e longo prazo, o Judiciário vá sendo gradativamente
abandonado como único meio para apaziguar conflitos.
Nas hipóteses em que realizada a audiência de conciliação ou de mediação, atingida a
composição em seu bojo, o juiz a homologa por sentença que põe fim ao processo,
resolvendo o mérito (artigo 487, III, CPC/2015); inocorrendo audiência, ou sendo essa
realizada, mas não se atingindo a composição, prossegue o processo para as respostas
do réu, a etapa seguinte da fase postulatória.