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Bíblia, educação e pedagogia

Certa vez acompanhei uma cena familiar que me fez refletir bastante. Um casal
tentou de todas as formas mostrar um filme para um amigo visitante, mas não tiveram
sucesso porque o filho de quatro anos não permitiu. Não porque o menino queria ver
outra coisa na televisão naquele momento, mas porque estava chateado com os pais e
daí resolveu que ninguém iria a ligar a TV. E não ligaram. Lógico, pais e visitante sem
graça diante de uma criança de quatro anos que naquele momento se fez o imperador da
casa.

Comecei então a minha reflexão: a cena que eu estava presenciando acontecia


num ambiente cristão, casal católico, boa formação cultural, criança saudável e
inteligente, mas tinha alguma coisa estranha. Como a questão toda aconteceu num lar
católico e com gente de boa formação religiosa e cultural fui procurar nas páginas da
Bíblia uma luz que me ajudasse e que iluminasse o ocorrido. Lembrei-me primeiro da
família modelo, a Sagrada Família de Nazaré. Como era a relação de Jesus com seus
pais? São Lucas me disse: “Jesus desceu com seus pais para Nazaré, e permaneceu
obediente a eles” (Lc 2,51a). Em seguida lembrei-me do Apóstolo Paulo, o que um
homem tão culto e santo teria para nos ensinar em relação aos nossos pais? A resposta
veio cristalina: “Filhos, obedeçam em tudo a seus pais, porque isso agrada ao Senhor”
(Cl 3,20). Continuei ainda minhas indagações bíblicas: e o Antigo Testamento,
especialmente os dez mandamentos da Lei de Deus, o que nos diz? E lá estava a
resposta: “Honre seu pai e sua mãe: desse modo, você prolongará sua vida, na terra
que o Senhor seu Deus dá a você” (Ex 20, 12; Dt 5, 16). Ocorreu-me então que uma
criança de quatro anos não consegue ler a Bíblia e consequentemente não poderia seguir
tais orientações. O que fazer? Abri de novo a Bíblia e lá estava a resposta: “Quem
corrige o próprio filho, depois terá satisfação, e ficará orgulhoso dele na frente dos
conhecidos. Quem educa o próprio filho faz inveja ao inimigo, e fica alegre diante dos
amigos” (Eclo 30, 2-3). Em seguida o mesmo autor sagrado afirma: “Quem mima o
próprio filho, depois terá que lhe curar as feridas, e, a cada grito dele, suas entranhas
estremecerão” (Eclo 30, 7).

Mesmo sendo uma pequena reflexão uma coisa ficou clara: a Palavra de Deus
tem uma proposta no que diz respeito à educação dos filhos e sua respectiva relação
com os pais. Os pais tem o dever de educar, corrigir, de colocar limites. Os filhos tem o
dever de obedecer aos pais, de honrá-los como ordena o 4º mandamento. Mas assim que
fechei a Bíblia outra questão me veio à mente: e os pais que não acreditam na Bíblia,
que preferem outras “pedagogias”? Pedagogia? Quem sabe esta palavra, pedagogia, tem
alguma coisa a nos oferecer, independente de se crer ou não na Bíblia?

Fui então fazer minhas interrogações não mais nas páginas bíblicas, mas, num
dicionário etimológico. Lá encontrei o seguinte: pedagogia vem de pedagogo, palavra
de origem grega, que por sua vez está ligada ao vocábulo paidia, que significa criança
ou adolescente. Pedagogo, portanto, era a pessoa responsável de levar a criança para ser
educada. O pedagogo na verdade não ensinava, não era professor. Literalmente,
paidagogos, como se diz em grego (paidós = criança ou jovem, agogé = condução),
significa “condutor de jovens”1. O pedagogo era muitas vezes um escravo responsável
de conduzir o jovem até seu mestre, e se necessário tinha o direito de obrigar até pela
força que o educando chegasse até seu professor.

Com o passar do tempo o sentido original de pedagogia ganhou nova roupagem,


virou sinônimo de educador, que de acordo com cada época e cultura apresenta
metodologias diversas para o processo educacional. Entretanto, o que chamou a minha
atenção é que tanto nas páginas bíblicas como também na etimologia da palavra
pedagogia, a criança deve ser conduzida, orientada e educada não segundo seus
caprichos ou “vontades”, mas, segundo uma realidade concreta e necessária para o seu
crescimento. Como fazer isto? Não existe uma receita, até porque cada ser humano é
único, o que significa dizer que cada criança tem uma história que precisa ser
respeitada. Contudo, o que ficou claro é que uma criança precisa ser orientada, educada,
mesmo que isto gere conflitos. Fugir desta responsabilidade para evitar dificuldades e
conflitos na educação dos filhos pode gerar problemas muito maiores e, neste caso, a
Bíblia tem toda razão: “Quem mima o próprio filho, depois terá que lhe curar as
feridas, e, a cada grito dele, suas entranhas estremecerão”.

1
Cfr. G. Schneider, παιδαγωγός, in H. Balz – G. Schneider, ed., Dizionario Esegetico del Nuovo
Testamento, Brescia 2004.

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