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Técnicas e Instrumentos de

Recolha de Dados na
Investigação em Educação
"Medos e incertezas espelham, entre um vértice e outro,a intrínseca relação entre o sujeito que
conhece e o fenômeno que procura compreender, investigar".

Maria Lucia Rodrigues (2000)

A investigação já é um processo assustador para o investigador mais


inexperiente e as informações por vezes contraditórias presentes na
literatura aumentam a confusão. Perante o turbilhão de informação, esta
página sobre Técnicas e Instrumentos de Recolha de Dados em
Investigação em Educação visa discutir conceitos e definições, apresentar
algumas técnicas que consideramos mais proeminentes e estabelecer
interligações entre as Técnicas e os Instrumentos passíveis de serem
utilizados na Recolha de Dados.

Dilemas na investigação: técnica, método ou


instrumento?

"Todo ponto de vista é a vista de um ponto. Para entender como alguém lê, é necessário saber
como são seus olhos e qual é a sua visão do mundo".

(Boff, 2002: 9)

Ao recorrer à literatura sobre investigação, verificámos uma crescente


confusão dado que os autores usam termos diferentes para discutir as
mesmas ideias. Por exemplo, constatámos existir um grande número de
textos que simplesmente não definem os conceitos que referem, outros

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utilizam os termos de forma intercambiável, enquanto que alguns acabam
mesmo por usá-los como tendo significados diferentes. Desta forma,
optámos por apresentar, de forma resumida, algumas das definições dos
termos em questão de forma a evitar, no âmbito deste trabalho,
ambiguidades.

Segundo o dicionário de língua portuguesa, técnica significa um “conjunto


de processos baseados em conhecimentos científicos, e não empíricos,
utilizados para obter certo resultado” (Infopédia). A palavra tem origem
grega (tékhne) cuja tradução é arte. A técnica, portanto, confundia-se com
a arte, tendo sido separada desta ao longo dos tempos (Wikipedia).

Pardal & Correia (1995: 48) consideram a técnica como “um instrumento
de trabalho que viabiliza a realização de uma pesquisa” que, através da
execução do conjunto de operações de um método, permite confrontar o
corpo de hipóteses com a informação colhida na amostra (verificação
empírica). Neste sentido os autores classificam as técnicas de recolha de
dados na “investigação social” como observação, questionário, entrevista,
escalas de atitudes e opiniões, análise de conteúdo, análise documental e
semântica diferencial.

Lessard-Hérbert, Goyette & Boutin (1990) indicam que o “pólo técnico” de


uma investigação é representado pelo processo de recolha de dados
sobre o “mundo real”, sendo este susceptível de ser observado,
considerando a sua subjectividade.

Relativamente ao termo método, o dicionário de língua portuguesa,


define-o como um "programa que antecipadamente regulará uma
sequência de operações a executar, com vista a atingir certo resultado"
(Infopédia).

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Turato (2003: 153) considera método como sendo um conjunto de regras
que elegemos num determinado contexto para se obter dados que nos
auxiliem na explicação ou na compreensão dos constituintes do mundo.

Para Hegenberg (1976:111-115), método é o "caminho pelo qual se chega


a determinado resultado, ainda que esse caminho não tenha sido fixado
de antemão de modo refletido e deliberado". Leopardi (1999) corrobora a
afirmação de Hegenberg, acrescentando no entanto que "exige a
organização do conhecimento e experiências prévias".

No que se refere a instrumento, o dicionário da língua portuguesa


classifica como sendo "tudo o que serve para executar algum trabalho ou
fazer alguma observação" (Infopédia).

Quivy & Campenhoudt (1992: 188) utilizam o termo método como um


“dispositivo específico de recolha ou de análise das informações,
destinado a testes hipóteses de investigação”. Neste caso, percebe-se
uma “confusão” na tradução do termo em inglês methods, que é possível
identificar através da sua conceituação. O conceito de método é passível
de gerar confusão, uma vez que remete também ao conceito de
instrumento. Já, o termo “técnica” é referido como “procedimentos
especializados que não têm uma finalidade em si mesmos”, utilizados no
âmbito da aplicação prática de um método (Quivy & Campenhoudt, 1992:
189). Apesar de haver informação relevante sobre os diferentes “métodos”
de recolha de dados, a classificação adoptada por estes autores não foi
seguida no presente estudo por considerarmos haver uma “confusão”
entre os conceitos de método, técnica e instrumento.

Etimologicamente, método (méthodos) e técnica (tékhne) são dois


termos de origem grega, que se apresentam indissociáveis. Se méthodos
quer dizer caminho, via, rota, tékhne significa arte. Então, se método é o
caminho de se chegar a um resultado, a técnica é a arte de caminhar até
esse resultado. Por outras palavras e segundo Galego & Gomes
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(2005:176), método pode ser definido como “processo racional através do
qual se atinge um fim previamente determinado, o que pressupõe um
conhecimento prévio dos objectivos que se pretendem atingir, bem como
das situações a enfrentar, recursos e tempo disponível. Trata-se pois de
uma acção planeada baseada num quadro de procedimentos
sistematizados e previamente conhecidos, podendo comportar um
conjunto diversificado de técnicas”. A técnica, por sua vez, define-se “pela
minuciosidade de cada um desses procedimentos que permitem
operacionalizar o método segundo normas padronizadas”. Estabelecem
um paralelismo entre estratégia de recolha de informação e método
enquanto se referem a instrumento recorrendo ao termo técnica.

Mergulhando na área da investigação, Moresi (2003) define técnica de


recolha de dados como "o conjunto de processos e instrumentos
elaborados para garantir o registro das informações, o controle e a análise
dos dados" salientando, desta forma, a ambiguidade e inconsistência na
distinção entre técnicas e instrumentos. Ambiguidade esta que, no nosso
parecer advém das várias traduções e adaptações feitas dos conceitos
Ingleses de methods, strategies, techniques, instruments, e até
mesmo design.

No contexto desta wiki, utilizamos o termo técnica no sentido de um


conjunto de procedimentos para a recolha de dados. Recorreremos ao
termo instrumento enquanto objecto palpável utilizado nas diversas
técnicas para obter os dados. Com base nesta percepção, escolhemos
algumas técnicas e instrumentosque nos parecem interessantes de
serem utilizados na recolha de dados na Investigação em Educação,
cientes de que a nossa perspectiva pode ser redutora num contexto tão
vasto como este.

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um olhar sobre as interligações

A imagem ilustra as interligações existentes entre as três naturezas de


investigação, quantitativa, qualitativa e mista, com as técnicas e
instrumentos de recolha de dados na investigação em educação. Cada
técnica, representada por um triângulo, apresenta uma cor distinta e está
relacionada com um conjunto de instrumentos, representados por
quadrados, que geralmente são utilizados pela respectiva técnica.
Ressalta-se que estas relações estabelecidas reflectem as situações mais
frequentes, o que não impede que outras associações sejam
estabelecidas de acordo com a natureza, objectivo e contexto de uma
investigação. O posicionamento das técnicas e instrumentos nas esferas
quantitativo, misto e qualitativa, representa igualmente a relação mais
frequente na investigação em educação.

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Dada a complexidade do tema, uma vez que quer técnicas, quer
instrumentos aparecem interligadas, pensamos que a imagem acima
proposta consegue representar a nossa visão, numa perspectiva de
interligação de Paradigmas de Investigação, técnicas e instrumentos.

A selecção das técnicas e dos instrumentos não só dependem das


questões de investigação, mas também da situação de investigação
concreta, i.e., do contexto, pois só a visão global permite determinar o que
será mais adequado e o que será capaz de fornecer os dados pretendidos.
Segundo Turato (2003: 143), para que um método de pesquisa seja
considerado adequado, é preciso sabermos se ele responderá aos
objectivos da investigação que queremos levar a cabo. Assim, a escolha
da técnica e do instrumento de recolha de dados dependerá dos objectivos
que se pretende alcançar com a investigação e do universo a ser
investigado. Portanto, antes de se proceder à recolha de dados, deve-se
seleccionar, elaborar e testar cuidadosamente os instrumentos, sempre de
acordo com a tarefa a cumprir.

Para Pardal & Correia (1995) a escolha e articulação das técnicas


dependem directamente do método, onde as decisões são influenciadas
pelo modelo de análise pré-estabelecido e pela definição da amostra.
Estas, por sua vez, estão relacionadas com as questões de investigação.

Podemos então argumentar que as decisões sobre as técnicas e


instrumentos de recolha de dados não são decisões autónomas e
independentes. Dependem da forma como se concebe a própria
investigação e das características que essa apresenta, considerando as
circunstâncias e as perspectivas de análise. Variam, igualmente, em
função da natureza do problema em questão.

A literatura sugere que o paradigma e a questão da investigação devem


determinar as técnicas e os instrumentos de recolha de dados de
investigação que serão mais apropriados para o estudo. Em forma de
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conclusão e segundo Mertens (2005: 3-4) a "researcher's theoretical
orientation has implications for every decision made in the research
process, including the choice of method". Gorard (2004: 7) argumenta que
as técnicas mistas requerem “a greater level of skill", "can lead to less
waste of potentially useful information", "creates researchers with an
increased ability to make appropriate criticisms of all types of research" e
frequentemente "has greater impact, because figures can be very
persuasive to policy-makers whereas stories are more easily remembered
and repeated by them for illustrative purposes”.

Outro aspecto influente, ou até mesmo o mais relevante, sobre a escolha


das técnicas e instrumentos de recolha de dados trata-se das questões
conjunturais que dirigem qualquer investigação. A disponibilidade temporal
e financeira é decisiva sobre o desenho metodológico de uma
investigação, assim como o próprio interesse pessoal do investigador.
Estas são questões que precisam de ser ponderadas para que a
investigação seja levada a bom porto.

Técnicas na recolha de dados

Observação

Análise Documental

Inquérito

Focus Group

Photovoice

Delphi Method

Testing

Portefólios

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Instrumentos aplicáveis às várias técnicas

Questionário

Entrevista

Diário do Investigador

Análise Estatística

Análise de Conteúdo

Ficha de Leitura

Checklists

Uma necessidade: a triangulação

O conceito de triangulação foi apresentado, já nos anos 50 e 60, como


uma forma de aumentar a validade ou para reforçar a credibilidade dos
resultados da investigação, cruzando os resultados de diferentes
abordagens. Dexter (1970) argumenta que nenhuma investigação deve
partir de dados recolhidos de uma só fonte. O autor defende o princípio
denominado como triangulação, que implica a recolha de informação “from
a diverse range of individuals and settings, using a variety of methods”,
reduzindo desta forma o risco das conclusões transparecerem as
limitações da técnica utilizada.

Na investigação qualitativa, os pesquisadores tendem a recorrer à


triangulação como uma estratégia que permite identificar, explorar e
compreender as diferentes dimensões do estudo, reforçando assim as
suas descobertas e enriquecendo as suas interpretações (Yin, 1994). No
entanto, existem diferenças entre os investigadores no que concerne a
natureza, grau e utilidade deste cruzamento de informações obtido através
de diferentes abordagens.Este conceito tem sido largamente criticado,

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alegando-se que diferentes abordagens podem medir diferentes aspectos
de um problema de pesquisa, mas podem igualmente produzir diferentes
tipos de dados.

Norman K. Denzin, amplamente citado pela sua concepção de


triangulação como uma combinação de métodos utilizados para estudar
os fenómenos interligados e de vários ângulos ou perspectivas diferentes,
adverte:

Triangulation is not a tool or a strategy of validation, but an alternative to


validation. The combination of multiple methods, empirical materials,
perspectives and observers in a single study is best understood, then, as
a strategy that adds rigor, breadth, and depth to any investigation" (Denzin
and Lincoln, 1998:4).

Segundo o mesmo autor (Denzin, 1970), a triangulação pode ser


considerada segundo quatro perspectivas básicas:

— triangulação das fontes de dados;

— triangulação do investigador;

— triangulação da teoria;

— triangulação metodológica.

Entendemos triangulação, numa perspectiva qualitativa, como a uma


abordagem multidimensional na recolha e análise de dados. A ideia básica
subjacente ao conceito de triangulação é que o fenómeno em estudo pode
ser melhor compreendido se abordado de múltiplas formas. Triangulação
é normalmente utilizada quando nos referimos às múltiplas fontes de
dados, aos instrumentos de recolha e à sua análise, no entanto também
se aplica à equipa de investigação, i.e, vários investigadores a trabalharem
em grupo.

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Bibliografia

Boff, L. (2002). Saber Cuidar. Ética do humano: compaixão pela terra. 8


ed. São Paulo: Vozes.

Denkin, N. (1970). The Research Act: A Theoretical Introduction to


Sociological Methods. Chicago: Aldine.

Denzin and Lincoln, (1998). The landscape of qualitative research:


Theories and issues. Thousand Oaks, CA: Sage Publications.

Dexter, L. A. (1970). Elite and specialized interviewing. Evanston, IL:


Northwestern University Press.

Galego, C.; Gomes, A. (2005). Emancipação, ruptura e inovação: o “focus


group” como instrumento de investigação. Revista Lusófona de Educação,
(5).

Gorard, S.; Taylor, C. (2004). Combining methods in educational and


social research. London: Open University Press

Hegenberg, L. (1976). Etapas da investigação científica. São Paulo: EPU-


EDUSP.

Lessard-Hérbert, M., Goyette, G. & Boutin, G. (1990). Investigação


Qualitativa: Fundamentos e Práticas.Lisboa: Instituto Piaget.

Mertens, D. (1998). Research methods in education and psychology:


Integrating diversity with quantitative and qualitative
approaches. Thousand Oaks, CA: Sage.

Moresi, E. (2003). Metodologia de Pesquisa. Programa de Pós-graduação


stricto sensu em gestão do conhecimento e da tecnologia da informação
da Universidade Católica: Brasília.

Pardal, L.; Correia, E. (1995). Métodos e Técnicas de Investigação Social.


Porto: Areal.
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Quivy, R.; Campenhoudt, L. (1992). Manual de Investigação em Ciências
Sociais. Lisboa: Gradiva.

Turato, E. (2003). Tratado da metodologia da pesquisa clínico-qualitativa:


construção teórico-epistemológica, discussão comparada e aplicação nas
áreas da saúde e humanas. Petrópolis: Vozes.

Yin, R. (1994). Case Study Research: Design and Methods. Applied Social
Research Methods Series, Vol. 5, Sage, USA.

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