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CONSERVAÇÃO PREVENTIVA
E PROCEDIMENTOS EM
EXPOSIÇÕES TEMPORÁRIAS

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CONSERVAÇÃO PREVENTIVA
E PROCEDIMENTOS EM
EXPOSIÇÕES TEMPORÁRIAS
Organização
Grupo Espanhol do IIC - International Institute for
Conservation of Historic and Artistic Works

1a. edição, Brodowski, 2012

COLEÇÃO MUSEU ABERTO

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Conservação preventiva e procedimentos em exposições
temporárias. Grupo Espanhol do IIC - International Institute for Conservation
of Historic and Artistic Works (Organizador). Brodowski (S.P) : ACAM Portinari ;
Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo.
São Paulo, 2012. (Coleção Museu Aberto).
324 p. : IL.

Texto em Português.
Título original: Conservación preventiva y procedimientos en exposiciones
temporales.
ISBN 978-85-63566-10-2

1. Associação Cultural de Amigos do Museu Casa de Portinari. 2.


Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo. 3. Grupo Espanhol do
IIC - International Institute for Conservation of Historic and Artistic Works.
4. Arte – Exposição e Conservação. I. Título. II. Série.
CDU: 069.4
CDD: 069

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Apresentação

Uma das principais missões da Secretaria de Estado da Cultura


é desenvolver políticas públicas que contribuam para a
preservação e a divulgação do patrimônio cultural de São Paulo.
A Coleção Museu Aberto, realizada pela Unidade de Preservação
do Patrimônio Museológico (UPPM), é uma das ações que
buscam esse objetivo. Com ênfase na realidade paulista,
especialistas tratam de questões de preservação, documentação,
pesquisa, educação, comunicação e gestão de museus.

A iniciativa faz parte das atividades do Sistema Estadual de


Museus (SISEM-SP), programa da Secretaria que atende cerca
de quatrocentos museus do estado, desenvolvendo publicações,
itinerância de exposições, oficinas de capacitação, assessoria
técnica e outras atividades que colaboram para a articulação e
o fortalecimento da área museológica.

A Secretaria também mantém 18 museus no estado, investindo


por ano mais de 84 milhões de reais em estrutura, acervo e
exposições. O resultado é o sucesso dessas instituições que, em
2011, receberam quase dois milhões e meio de visitas.

A Coleção Museu Aberto é mais uma ação importante, ao


contribuir para o debate acadêmico, para a capacitação de
profissionais e para o intercâmbio de experiências entre os que
se dedicam aos museus paulistas e brasileiros.

Meus agradecimentos a toda a equipe da UPPM pelo trabalho


desenvolvido e ao governador Geraldo Alckmin, pelo apoio que
nos tem dado em todas as áreas da Cultura.

Marcelo Mattos Araujo


Secretário de Estado da Cultura

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Apresentação

A Coleção Museu Aberto é uma iniciativa da Secretaria de


Estado da Cultura de São Paulo e do Sistema Estadual de
Museus (SISEM-SP), em parceria com a ACAM Portinari, que
objetiva integrar-se ao esforço da área museológica paulista
e brasileira para divulgação e ampliação dos debates acerca
dos principais temas e questões que afetam esses importantes
centros de preservação e difusão do patrimônio cultural.

Este terceiro número da Coleção apresenta um manual prático


e metodológico para a elaboração de exposições temporárias.
Trata-se do resultado de um trabalho coletivo, coordenado
pela rede de Centros Culturais da Agência Espanhola de
Cooperação Internacional para o Desenvolvimento (AECID),
que reuniu profissionais de museus espanhóis, mexicanos,
argentinos e brasileiros em uma série de encontros dedicados
a essa importante frente de trabalho dos museus que são as
exposições temporárias.

O debate museológico no Brasil e no exterior tem se


intensificado extraordinariamente, acompanhando a grande
afluência de público aos acervos permanentes e às exposições
temporárias. No entanto, apesar da importância e do número
crescente de exposições temporárias que têm sido realizadas,
há ainda poucas publicações sobre o tema e carência de
profissionais especializados.

Agradecemos a todos que estiveram envolvidos nesse


significativo processo, que culminou nesta publicação. Os
esforços dos diversos profissionais foram somando-se nos
debates, na produção dos textos, na tradução para o português
e, finalmente, na compatibilização dos diferentes contextos
profissionais dos países envolvidos. Nesse sentido, destacamos
a participação de Alessandra Labate Rosso, Eugenia Gorini
Esmeraldo e Isis Baldini Elias na revisão técnica da tradução,
e de Elisabeth Zolcsak na contextualização do papel do

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museólogo no Brasil. Cabe, ainda, destacarmos a participação
ativa da AECID, que tem proporcionado o estabelecimento de
parcerias em diferentes ações da Unidade de Preservação do
Patrimônio Museológico.

Claudinéli Moreira Ramos


Coordenadora da Unidade de Preservação do Patrimônio Museológico
Secretaria de Estado da Cultura

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Apresentação – AECID

Dentre as várias linhas de atuação da Agência Espanhola de Coopera-


ção Internacional para o Desenvolvimento (AECID), podemos destacar
o investimento em programas de formação de capital humano para o
setor cultural. Com esse objetivo, a Agência procura estimular iniciati-
vas que apoiem a troca de experiências entre profissionais da cultura,
facilitem a formação de redes de trabalho e impulsionem a capacita-
ção de recursos humanos, de forma a contribuir com o desenvolvimen-
to e o bem-estar coletivo. Assim, quando um grupo de profissionais de
conservação espanhóis e mexicanos apresentou uma proposta para a
elaboração coletiva de um manual de trabalho, a Agência mostrou-se
plenamente interessada em colocá-la em prática, pois trazia conteúdo
e metodologia pioneiros no marco das exposições temporárias.

O processo junto à rede de Centros Culturais da AECID iniciou-se com


a acolhida do “I Encontro sobre Tratamento de Bens Culturais em
Exposições Temporárias”, pelo CCE do México, em 2006. Dois anos
depois, o Centro Cultural da Espanha em São Paulo (CCE_SP), então
dirigido por Ana Tomé, solicitou a realização da terceira edição do
evento em território brasileiro, após constatar que, apesar do número
crescente de instituições dispostas a abrigar exposições temporárias
no país, continuavam faltando profissionais especializados.

O CCE de São Paulo tem uma atuação capilar, que o leva a desenvolver
a maior parte de seus programas nas sedes de instituições parceiras.
Em sintonia com o trabalho a ser realizado, a Pinacoteca do Estado
de São Paulo foi responsável pela indicação da Fundação Nemirovsky
para abrigar o evento, que inovou não apenas ao incorporar na pauta
de discussões o debate de leis patrimoniais e incluir na discussão, além
dos profissionais de museus (curadores, conservadores, restauradores,
museógrafos etc.), todos os demais envolvidos no processo de monta-
gem e produção de uma exposição (produtores, empresas de transpor-
te, manipuladores etc.), mas também em sua metodologia, que, longe
de ser hierárquica, se organizou em mesas de trabalho intensivo.

O resultado desse esforço conjunto pode ser conferido nas próximas


páginas, que compilam todos os assuntos abordados durante o “III

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Encontro sobre Tratamento de Bens Culturais em Exposições Temporá-
rias”, procurando auxiliar o profissional da área na busca pela norma-
tização de seu trabalho. Esta publicação traz grande satisfação para
a rede espanhola de cooperação cultural na medida em que nivela
no mais alto grau as perspectivas latino-americanas e europeias. Ou
seja, leva a sério a intenção da AECID de proporcionar a articulação
de profissionais ibero-americanos, colocando-os em pé de igualdade e
evitando a simples e ineficiente importação de práticas estrangeiras.

Acreditamos que a estrutura da própria rede de centros foi decisiva


no sucesso desta empreitada, uma vez que a articulação entre seus
diversos centros culturais possibilitou o aproveitamento de sinergias,
facilitando a identificação de profissionais da área nos países onde
atua para participação no seminário. Tais interações podem ser a
chave para, quem sabe num futuro próximo, a criação de uma rede de
profissionais em âmbito ibero-americano, autossuficiente e determina-
da a suprir as lacunas existentes no setor.

Por fim, é necessário agradecer a todos aqueles que se envolveram na


concretização deste projeto, a começar pelas especialistas Alessandra
Labate Rosso, Eugenia Gorini Esmeraldo e Isis Baldini Elias, que se res-
ponsabilizaram não só pela tarefa de adaptar o texto espanhol, mas
principalmente por levantar o glossário de termos técnicos e os pro-
cedimentos específicos das exposições temporárias no Brasil. Também
agradecemos a Charo Fernández, coordenadora de todo o processo,
que se manteve em diálogo contínuo com os profissionais brasileiros,
e muito especialmente a Ana Tomé, atual diretora do Centro Cultural
da Espanha no México, impulsionadora enquanto responsável pelo
CCE_SP e pela gênese e gestão deste projeto. E, finalmente, agrade-
cemos à Secretaria Estadual de Cultura e, em especial, à Unidade de
Preservação do Patrimônio Museológico (UPPM), que deu continuida-
de à parceria iniciada por meio da Pinacoteca, consolidando-se como
parceira indispensável na viabilização desta publicação.

Pedro Molina Temboury


Diretor do Centro Cultural da Espanha em São Paulo – AECID

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Apresentação – GEIIC

O Grupo Espanhol de Conservação do International Institute for Con-


servation of Historic and Artistic Works (GEIIC) congratula-se, nestas
linhas, pela edição em língua portuguesa de Conservação preventiva
e procedimentos em exposições temporárias, e parabeniza vivamente
todos aqueles que a tornaram possível.

Temos aqui não só uma tradução do livro publicado em castelhano,


mas também os frutos do “III Encontro sobre Tratamento de Bens
Culturais em Exposições Temporárias”, realizado em São Paulo em
2008, reunindo ainda documentos inéditos específicos do Brasil e a
tradução dos termos técnicos ao português.

Além disso, foram revisados os textos publicados anteriormente, con-


cebidos como instrumentos prévios de trabalho, suscetíveis de serem
corrigidos e ampliados posteriormente. Esse rico trabalho se inscreve
dentro da ampla atividade que o “Grupo de Trabalho em Conservação
Preventiva” do GEIIC vem desenvolvendo nestes últimos anos, cujos
melhores resultados estão agora reunidos nesta nova edição.

Trata-se de uma tentativa de sistematizar os procedimentos no


âmbito das exposições temporárias. Neste trabalho colaboraram
inúmeros profissionais de vários países de língua castelhana e por-
tuguesa, e ele foi possível graças ao empenho e à iniciativa de uma
equipe que abraçou o projeto desde que nos reunimos pela primeira
vez. É justo, portanto, ressaltar o esforço da motivadora do traba-
lho, Charo Fernández (restauradora do ROA Estudio S.C.), ao lado de
Paloma Muñoz-Campos (conservadora do Museu Nacional de Artes
Decorativas) e Benoit de Tapol (químico, restaurador e assessor de
conservação preventiva do Museu Nacional de Arte da Catalunha),
assim como de Fernando Arechavala (museólogo e coordenador do
projeto no México).

Deve-se agradecer também a participação das instituições que torna-


ram possíveis tanto os encontros efetuados com esse objetivo como
as publicações resultantes. Nesse sentido, queremos expressar nossa
gratidão à Direção Geral de Cooperação Cultural e à Subdireção Geral

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O Grupo Espanhol do IIC (In- de Museus Estatais do Ministério da Cultura, à Fundação Duques de
ternational Institute for Conser- Soria, ao Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofía, ao Centro Cultu-
vation of Historic and Artistic
Works) é uma associação sem ral da Espanha no México, ao Museu Franz Mayer e ao Icom-Espanha.
fins lucrativos de profissionais
do mundo da conservação e Além disso, nesta ocasião deve-se fazer uma menção especial ao
restauração de bens culturais,
criada em 1996 e declarada de Centro Cultural da Espanha (AECID) em São Paulo, à sua diretora Ana
utilidade pública por ordem do Tomé e à Secretaria de Estado da Cultura. Não podemos deixar de ci-
Ministério do Interior da Espanha tar também o trabalho realizado por três das participantes brasileiras
3404/2009 (BOE 18-12-2009).
www.ge-iic.org no encontro de São Paulo, Isis Baldini Elias, Eugenia Gorini Esmeraldo
e Alessandra Labate Rosso, que efetuaram a revisão da tradução dos
Tradução de Silvia Massimini Felix textos, buscando a precisão na terminologia técnica utilizada.

É importante insistir em um dos aspectos mais relevantes deste


trabalho: seu caráter internacional. A Espanha, o México, o Brasil, a
Argentina e, mais recentemente, também Portugal, participaram com
grande interesse neste projeto que contempla a revisão de procedi-
mentos que afetam a conservação das coleções. Já que o movimento
de exposições temporárias se universalizou tanto, eram necessários
metodologias e critérios comuns. Este livro pode ser considerado um
estímulo globalizador que vai permitir uma melhoria das garantias de
conservação dos bens culturais que são transportados.

O Grupo Espanhol do IIC intensificou nos últimos anos seu trabalho


editorial com a finalidade de difundir o conhecimento em matéria de
conservação. Os resultados ficam evidentes nesta valiosa publicação,
assim como na revista digital de livre acesso Ge-conservación, nas atas
dos congressos e jornadas realizados periodicamente, e nos documen-
tos de trabalho que se propagam através de nossa página na internet.

Esperamos, pois, que com a boa acolhida dispensada a este livro,


possamos responder às expectativas depositadas pelos profissionais
brasileiros. A todos, muito obrigada.

Ana Calvo
Presidente do GEIIC

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Prólogo

… a diversidade de nossas opiniões não provém do fato de serem uns


mais racionais do que outros, mas somente de conduzirmos nossos
pensamentos por vias diversas e não considerarmos as mesmas coisas.
Descartes, “O discurso do método”

As exposições temporárias de bens culturais aglutinam, geralmente,


um numeroso e variado grupo de profissionais de distintas especiali-
dades. Na maioria das vezes o trabalho se realiza de forma individual
e sob uma pressão que impossibilita determinar o tempo e a prática
em condições razoáveis. Tornou-se algo demasiadamente comum
trabalhar com prazos extremamente apertados e, frequentemente, com
informações deficitárias e pouco fluidas. Tudo isso leva esses especia-
listas a se verem obrigados a atuar com uma porcentagem elevada de
‘suposições’ que têm como resultado a improvisação em momentos
chaves da exposição, o que submete os bens culturais a maiores riscos.
As longas jornadas de trabalho, o estresse causado pela tomada de
decisões de último minuto e as modificações significativas do projeto
nas suas etapas avançadas nem sempre se justificam pelo fato de se
tratar de um trabalho que exige a coordenação de múltiplos fatores.

Especialistas de diferentes áreas relacionados com esses aconteci-


mentos culturais – como gestores, profissionais de museus, cura-
dores, conservadores, restauradores, museógrafos, manipuladores,
empresas de transporte etc. – concordam em que a normatização
de critérios e métodos de trabalho é o único meio de promover um
resultado seguro e sensato.

Atualmente os museus não são as únicas instituições encarrega-


das de organizar exposições temporárias; o grande esforço feito
por fundações e entidades privadas nessa área tem modificado de
maneira substancial esse panorama. Além disso, a especialização
profissional nesse campo, fora da prática nos museus, não tem sido
regulamentada por titulações acadêmicas que homologuem as di-
versas profissões que se foram criando, e, ainda que se caminhe em

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direção a ela, muitas dessas facetas de especialização abrangem
desde a iniciativa pessoal até a práxis cotidiana.

Nem sempre se está consciente de que a conservação preventiva ofe-


rece um conjunto de prescrições e de técnicas a serviço da longevi-
dade do patrimônio que convém conhecer e aplicar. É uma disciplina
emergente, que ainda não está totalmente implantada; no entanto
se constrói sobre uma metodologia que representa uma ferramenta
fundamental para o tratamento correto dos bens culturais na guar-
da, na exibição e no traslado.

Diversos encontros, conferências e congressos internacionais relacio-


nados com a mobilidade de coleções e a gestão do patrimônio cultu-
ral aglutinam técnicos e profissionais das administrações culturais,
instituições museais e outros grupos, e concluem pela necessidade
de aumentar a confiança entre os profissionais e de compartilhar
práticas comuns através da padronização de documentos técnicos,
administrativos e jurídicos.

Todos esses precedentes estimularam a publicação deste trabalho,


que surgiu de um grupo de profissionais preocupados em minimizar o
risco para as obras em trânsito, conscientes do constante movimento
dos bens culturais móveis.

É o resultado de um longo processo de discussão e comparação de


opiniões entre profissionais espanhóis, mexicanos e brasileiros, os
quais expuseram suas experiências e conhecimentos. Sua generosi-
dade e interesse, proporcionando informação sobre os procedimentos
que eles seguem, apontando as falhas ou as deficiências comparadas
na prática, permitiu obtermos uma visão abrangente da situação em
numerosas instituições espanholas, mexicanas e brasileiras.

A direção do Grupo Espanhol do International Institute for Conserva-


tion (GEIIC) aprovou, em 2006, o projeto de elaboração de um texto em
forma de manual de boas práticas para o tratamento de bens culturais

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nas exposições temporárias. A iniciativa vai ao encontro da linha desta
associação de profissionais da conservação, de âmbito nacional, que
pretende estender suas atividades ao território ibero-americano. A in-
tenção integradora do trabalho encorajou a assinatura de um convênio
de colaboração com outra associação de profissionais de museus, de
âmbito nacional e de reconhecido prestígio, como é o Icom-Espanha.

Formou-se um grupo de redação, com um coordenador na Espanha e


outro no México, encarregado da elaboração de um primeiro esboço.
Esse projeto foi o documento de trabalho do “I Encontro sobre Trata-
mento de Bens Culturais em Exposições Temporárias”, que se realizou
na cidade do México em outubro de 2006. Para isso foram convocados
17 especialistas de distintas procedências profissionais e instituições
mexicanas que, ao lado de quatro profissionais espanhóis, integrantes
do grupo de trabalho do GEIIC, mantiveram reuniões técnicas durante
três dias. Esse encontro foi promovido com o apoio do Ministério da
Cultura espanhol e do Centro Cultural da Espanha no México.

A etapa seguinte do projeto consistiu na reelaboração do rascunho,


tendo em conta as contribuições recolhidas naquela jornada e a
convocação de um “II Encontro sobre Tratamento de Bens Culturais
em Exposições Temporárias”, que se realizou em Madri em dezem-
bro de 2007, com a participação de 140 especialistas de um amplo
espectro profissional. Como resultado dessa convocação formou-se
um grupo de trabalho que, somado à equipe de profissionais mexica-
nos, revisou os documentos que definem procedimentos, formulários
e protocolos específicos. Essa revisão foi concluída em junho de
2008, e a publicação em espanhol surgiu em outubro do mesmo ano.
O Encontro em Madri contou com o apoio do Ministério da Cultura
espanhol, assim como a publicação do livro, o qual foi editado pelo
GEIIC e pela Fundação Duque de Soria.

A redação deste livro é de responsabilidade de um comitê integrado por


quatro pessoas, três profissionais de conservação e restauro espanhóis,
sócios do GEIIC, e um profissional de museus do México. Trata-se de

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um texto produzido com base no intercâmbio de opiniões e critérios de
um variado grupo de especialistas, por isso pode não refletir todos os
pressupostos que uns e outros, em suas respectivas posições, chegaram
a expressar. Dessa expectativa, esta publicação se tornou intencional-
mente aberta à revisão das propostas que nela se fazem, sem pretender
ser um fim, mas o início de outros trabalhos que a ampliem e melhorem.

Seguindo essa linha convocou-se um “III Encontro sobre Tratamen-


to de Bens Culturais em Exposições Temporárias”, realizado em São
Paulo, Brasil, em novembro de 2008, com a participação de 24 profis-
sionais brasileiros e dois argentinos. Integrando uma representação
das equipes de trabalho mexicana e espanhola, pudemos fazer uma
revisão crítica das propostas contidas na publicação. Além disso, esse
III Encontro nos permitiu adequar alguns procedimentos à realidade
e à legislação brasileiras, assim como incorporar termos de uso de
exposições temporárias no idioma português do Brasil. Esse encontro
profissional recebeu o apoio da Agência Espanhola de Cooperação
Cultural para o Desenvolvimento, dentro de seu programa ACERCA.

Graças à Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo se faz possível


esta edição em português dos anexos técnicos que integram a publica-
ção original, onde se mantiveram integrados os avanços obtidos e as
revisões realizadas no Encontro de São Paulo. Esperamos assim atingir
o objetivo fundamental que inspirou este trabalho desde o início, ou
seja, difundir, entre os profissionais do setor, propostas comuns para
melhorar os procedimentos que afetam os traslados das coleções no
âmbito das exposições temporárias.

Queremos agradecer, com a oportunidade proporcionada por esta


nova edição, o trabalho e o interesse contínuo de muitos profis-
sionais que participaram desde o início do projeto oferecendo suas
ideias, suas reflexões e suas experiências, tão valiosas para todos
aqueles que se aproximam deste campo apaixonante.

Charo Fernández

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Prólogo

A área museológica tem passado por grandes e significativas


mudanças nas últimas décadas não só no Brasil, mas em todo o
mundo. Para nós, que acompanhamos essas modificações de perto
e que, algumas vezes, ajudamos para que elas ocorressem – es-
tando sempre abertas a mudar nossos procedimentos de forma a
adequá-los às recomendações internacionais para a conservação
das obras quando em exposição ou em situação de traslados –, é
muito gratificante poder participar da elaboração deste ‘manual’
normativo, em português, por reconhecermos a importância da
consolidação de alguns procedimentos para a efetiva salvaguarda
do patrimônio quando em situação de traslados e exibição.

Embora faça parte das atribuições de uma instituição museal a


extroversão de suas coleções através das exposições, até a déca-
da de 1990, no Brasil, estas ocorriam quase que em sua totali-
dade dentro das instituições detentoras das obras. Foi somente
a partir de então que se intensificou a extroversão entre insti-
tuições regionais, estaduais ou internacionais, em exposições
itinerantes ou pontuais, e os empréstimos começaram a ocorrer
de forma mais acentuada.

Para a área de conservação, a década de 1990 significa também


um importante marco em seu desenvolvimento. Com a abertura de
mercado e a consequente liberação de cartões de crédito interna-
cionais, além do avanço impressionante da internet, facilitou-se no
país o acesso às informações, as aquisições de materiais importa-
dos fabricados exclusivamente com o objetivo de manter a estabili-
dade intrínseca dos bens culturais e, consequentemente, o aprimo-
ramento dessa área e sua adequação aos critérios internacionais.

Ainda que essa facilidade tenha sido fundamental para o desen-


volvimento de algumas instituições, ela não ocorreu de forma
igualitária, sobretudo em razão da dificuldade ocasionada pela
grande dimensão territorial do país e pela carência de profissio-
nais especializados em vários estados da Federação. Foi somente

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a partir do ano 2000, com a realização de uma série de exposições
planejadas para comemorar os 500 anos do descobrimento do
país, que a área teve esses critérios e procedimentos difundidos e
utilizados de forma relativamente homogênea. Começa então um
processo de profissionalização das equipes, uma fase que pode ser
agora considerada concluída e consolidada a partir desta normati-
zação de procedimentos.

Assim, esta publicação vem colaborar de forma propositiva uma


vez que reúne procedimentos de várias áreas. Embora tenham sido
pensados inicialmente por três profissionais espanhóis da con-
servação, membros do GEIIC, e por um museólogo mexicano, são
totalmente aplicáveis à realidade brasileira pois, com a globalização
que proporciona constantes intercâmbios de obras de arte, esses
procedimentos são universais e as normas têm de ser iguais para
todos. É importante enfatizar que embora os procedimentos sejam
semelhantes, as legislações vigentes nos diversos países que partici-
param das atualizações deste ‘manual’ não o são. Por isso, tivemos
o cuidado de fazer uma inserção das leis brasileiras sem, obviamen-
te, remover as espanholas e mexicanas.

Foi assim, com muito entusiasmo, que participamos do “III Encontro


sobre Tratamento de Bens Culturais em Exposições Temporárias”,
promovido pelo Centro Cultural da Espanha em novembro de 2008,
na Estação Pinacoteca, em São Paulo, que contou com a partici-
pação de 24 profissionais brasileiros, provenientes das diversas
regiões do país, e 2 argentinos. Na ocasião, o grupo de profissio-
nais da Espanha e do México apresentou os anexos que compõem
esta publicação, e todos, divididos em grupos de trabalho, fizeram
uma primeira revisão e adaptação do conjunto. Dentre os diversos
tópicos que a publicação abrange, o desenvolvimento do glossário
é fundamental para que todos ‘falem a mesma língua’ ou para que,
pelo menos, possamos entender a língua de nosso colega de tra-
balho sem ter essa compreensão comprometida pela interpretação
errônea das mímicas ou metáforas utilizadas.

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Esta publicação é dividida basicamente em três partes: a primeira
reúne textos autorais de profissionais que atuam diretamente na
área ou que a pensam, como gestores; a segunda procura descrever
sucintamente todas as etapas, fases e processos que envolvem a
realização de uma exposição temporária; e a terceira procura, atra-
vés de anexos direcionados para assuntos específicos, aprofundar
cada uma das fases mencionadas na segunda parte. É importante
salientar que a primeira parte, exatamente por ser escrita por vários
autores de realidades profissionais distintas, apresenta visões tam-
bém diferenciadas, embora extremamente similares em sua base.

Essa diferença, para nós, também se evidencia no modelo das


estruturas gerenciais museais e na denominação e especificação de
alguns profissionais, uma vez que a Espanha segue um modelo eu-
ropeu e o Brasil, a partir de meados do século XX, opta pelo modelo
americano de gestão museológica. Dessa forma, figuras como a do
‘conservador’, descrita no texto de Sofía Rodrigues Bernis, não é o
mesmo profissional entendido por conservador no Brasil. É abso-
lutamente obrigatória, para a área de conservação e restauro, a
leitura prévia dos textos de Paloma Muñoz-Campos, “Conservação
e Restauração”, e de Fernando Arechavala Lascurain, “Desenho e
Montagem Museográfica”, antes da leitura dos anexos, pois aque-
les complementam as informações técnicas contidas nestes.

No Brasil temos ainda problemas no que se refere a exposições


temporárias. Nos museus de pequeno porte, por uma questão de
limitação de verba, existe deficiência de funcionários especiali-
zados, ficando normalmente o desenvolvimento de toda a expo-
sição sob a responsabilidade de poucas pessoas. Nos museus de
grande porte, com equipes especializadas, é comum percebermos
que os profissionais das várias áreas não discutem nem planejam
com antecedência as diversas etapas de uma exposição antes de
concretizá-la. As decisões são tomadas de forma unilateral, por
áreas que nem sempre conhecem as exigências museológicas das
distintas tipologias das coleções.

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A falta de comunicação, normalmente observada em profissio-
nais acostumados a agir de forma individual, é um procedimen-
to obsoleto e perigoso, pois pode impactar o andamento dos
trabalhos e colocar o acervo em situação de risco. Essas atitudes
ainda ocorrem, apesar de todas as transformações destes últimos
anos, em virtude da falta de profissionalização – cursos técnicos
ou acadêmicos direcionados para esta área de competência –
que finaliza por produzir funcionários que fazem ‘um pouco de
tudo’, que desconhecem os limites de sua atuação e, portanto,
não compreendem os aspectos positivos do trabalho coletivo e
interdisciplinar de profissionais com especialidades distintas. É
importante registrar que mesmo quando essa compreensão existe,
percebe-se um problema relativo ao fluxo das atividades e um
descompasso no cronograma, também consequência da pouca
experiência no desenvolvimento de ações interdisciplinares em
trabalhos de equipe. Muitos desses problemas seriam minimiza-
dos se tivéssemos, como esta publicação esclarece e evidencia, a
figura do coordenador de exposições, profissional que não apenas
se encarrega do processo intermediário e final da montagem, mas
que está presente desde o início do processo e sob o qual giram
todos os demais atores. Ele é o elo entre as diversas equipes, faz
os trabalhos se desenvolverem de forma sincronizada e comple-
mentar. Esse profissional deveria possuir profundo conhecimento
das peculiaridades do trabalho das diversas áreas, dos trâmites
administrativos da instituição e das legislações às quais ela
está submetida. A falta desse profissional leva as montagens de
exposições muitas vezes a se tornarem sinônimo de desavença
entre os envolvidos e a produzirem resultados negativos, mesmo
quando estes não são perceptíveis para o público.

Outra diferença que deveríamos levar em consideração é a


questão do museógrafo. Segundo os textos autorais, na Espanha
existem dois profissionais: aquele que faz o desenho da exposi-
ção e o museógrafo, este último com conhecimento em conser-

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* No Brasil, Museólogo é o pro- vação preventiva e em manuseio de obras de arte, que elabora
fissional responsável pela mu- o desenho com base em componentes conceituais, estéticos e
seografia, pela comunicação
museológica, pela elaboração museológicos. No Brasil normalmente denominamos ‘museó-
do discurso expositivo e pela grafo’ aquele profissional que faz o desenho de uma exposição
coordenação ou supervisão museológica, e ‘expógrafo’ aquele que faz desenho de exposições
do processo de montagem das
exposições; Museografia é o de cunhos diversos. Teoricamente, o primeiro deveria ter conhe-
conjunto de técnicas e prá- cimento museológico e inseri-lo em suas preocupações quando
ticas aplicadas nos museus, está planejando o percurso de uma exposição; o segundo, não.*
tais como, desenho e mon-
tagem de exposições, gestão, Na prática, infelizmente, salvo poucas e pontuais exceções, o
conservação, documentação museógrafo desconhece as peculiaridades e necessidades das
e comunicação museológica; diversas tipologias de objetos sob sua responsabilidade para que
e Expografia é o resultado da
aplicação das técnicas e práti- sejam expostos com segurança, e normalmente – não necessaria-
cas da Museologia. mente – essa deficiência é minimizada pelo fato de esses traba-
lhos serem acompanhados por conservadores-restauradores da
instituição ou terceirizados.

Embora seja de conhecimento de todos, é sempre bom relembrar


que os trabalhos do conservador-restaurador não terminam com
a inauguração da exposição, mas continuam durante toda sua
duração, em verificações regulares das condições ambientais e do
estado de conservação dos acervos expostos, terminando apenas
quando cada obra se encontrar em seu local de guarda original.
A manutenção das exposições deve observar as necessidades de
cada objeto, e, apesar de todas as instruções fornecidas pelos
diversos ‘manuais’, nunca se deve deixar de lado o olhar específico
que cada objeto requer.

Enfatizamos também que, no Brasil, o gerenciamento do pa-


trimônio cultural móvel encontra-se em fase de modificações.
Assim sendo, muitas das normas descritas em leis e decretos aqui
apresentados são passíveis de alterações. Sugerimos que sempre
se procurem informações nos sites governamentais, sobretudo
no que se refere ao empréstimo internacional. Além disso, não
podemos pretender que este manual seja definitivo, pois novas

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pesquisas, novos materiais e procedimentos surgirão sem dúvida;
mas este é um importante ponto de partida.

Esperamos que esta publicação possibilite orientação e esclare-


cimento sobre as questões que envolvem as exposições temporá-
rias, pois somente o conhecimento nos permite aplicar as ações
que garantam a sobrevida de nosso patrimônio cultural.

Alessandra Labate Rosso


Gerente de Gestão de Patrimônio. Expomus – Exposições, Museus,
Projetos Culturais

Eugenia Gorini Esmeraldo


Museóloga. Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand – Masp

Isis Baldini Elias


Conservadora-restauradora. Professora do curso de preservação da Escola
SENAI Theobaldo de Nigris

22 23

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O museólogo no Brasil

A publicação Conservação preventiva e procedimentos em exposições


temporárias, do Grupo Espanhol do IIC (International Institute for
Conservation of Historic and Artistic Works), redigida por um comitê
coordenado por Charo Fernández (Espanha) e Fernando Arechavala
Lascurain (México), traduzida e adaptada para português por Ales-
sandra Labate Rosso, Eugenia Gorini Esmeraldo e Isis Baldini Elias, é
fruto do III Encontro sobre Tratamento de Bens Culturais em Expo-
sições Temporárias realizado, em 2008, pela Agência Espanhola de
Cooperação Internacional para o Desenvolvimento – Centro Cultural
da Espanha em São Paulo. Agora editada pela Secretaria de Cultura
do Estado de São Paulo, vem acrescer o conjunto de publicações em
língua portuguesa para museus e atividades museológicas.

Contudo, o texto desta publicação, desenvolvido em torno de áreas de


competência, isto é, de grupos de especialidades para Gestão/Organi-
zação, Curadoria/Área Científica, Comunicação/Educação, Conserva-
ção/Restauro e Design/Montagem Museográfica de exposições tempo-
rárias, deve ser compreendido dentro da realidade dos especialistas
de Espanha e México, autores dos vários capítulos, e requer algumas
informações para sua leitura nas condições profissionais do Brasil.

As principais dificuldades de transposição do texto para a realida-


de brasileira residem na ausência do termo ‘museólogo’, profissão
existente no Brasil, e no uso dos termos ‘curador’ e ‘museógrafo’ para
atribuições que, aqui, são dessa profissão.

No Brasil, o cenário profissional em museus deve acolher a Lei nº


7.287, de 18/12/1984, que dispõe sobre a profissão de museólogo, e o
Decreto nº 91.775, de 15/10/1985, que a regulamenta. Nesse Decreto,
destaca-se o Artigo 3º que relaciona as atribuições do museólogo,
sendo mais relevantes, para a questão da publicação, os incisos:

II – planejar, organizar, administrar, dirigir e supervisionar os museus,


as exposições de caráter educativo e cultural, os serviços educativos
e atividades culturais dos museus e de instituições afins;

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III – executar todas as atividades concernentes ao funcionamento
dos museus;
V – coletar, conservar, preservar e divulgar o acervo museológico;
VII – promover estudos e pesquisas sobre acervos museológicos;
VIII – definir o espaço museológico adequado à apresentação e
guarda das coleções;
X – dirigir, chefiar e administrar os setores técnicos de museologia
nas instituições governamentais da administração pública direta e
indireta, bem assim em órgãos particulares de idêntica finalidade.

O texto da publicação, como produzido nas realidades de Espanha e


México, utiliza o termo ‘curador’ para o responsável pela elaboração
de discurso expositivo, produção das informações da exposição e
coordenação do processo de montagem. E o termo ‘museógrafo’ é
utilizado para o profissional designer ou arquiteto.

Nas condições brasileiras, baseadas em conceitos da museologia


(área das ciências sociais aplicadas), o museólogo, empregando seus
conhecimentos teóricos em fazeres ou técnicas (as chamadas, em
seu conjunto, de museografia), é, na atividade de comunicação mu-
seológica, o responsável pela elaboração de discurso expositivo (com
seleção de objetos, informações, definição de percursos e elementos
auxiliares) e pela coordenação ou supervisão do processo de monta-
gem de exposições.

O termo ‘museografia’, como mais disseminado no Brasil, não se


refere apenas ao desenho e montagem de exposições, mas a um
conjunto de técnicas museológicas, de gestão, conservação, docu-
mentação e comunicação. Distingue-se, como ramo, de museologia e
permite a derivação de expografia como subdivisão, como a museo-
grafia de exposição.

Não se trata, portanto, de simples equivalências a serem feitas pelo


leitor, substituindo curador por museólogo e museógrafo/designer/
arquiteto por museólogo especializado em comunicação museológica,

24 25

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pois, no corpo conceitual da museologia e no âmbito dos profissionais
de museu, como seguidos nas condições brasileiras, há espaço valori-
zado para a cooperação multidisciplinar, incluindo curador e arquiteto.

Em nossos processos, há a figura do curador, colaborando, como


especialista em sua área de conhecimento, tanto em conteúdos
expositivos como nas políticas de aquisição e nas atividades de
documentação e pesquisa de acervos. Também há, em museus, a
cooperação de arquitetos, em suas atividades específicas para a
construção ou ordenação dos bens imóveis e móveis, assim como de
inúmeros outros profissionais.

No entanto, perante a legislação profissional brasileira, não são estes


– curador e arquiteto – os profissionais responsáveis por planejar,
organizar e supervisionar as atividades de preservação e de divulga-
ção de acervos museológicos, as definições de espaço, as exposições
e os serviços educativos dos museus. Estas são atribuições e respon-
sabilidades de museólogo.

Como correlação, é também importante considerar que a cooperação


multidisciplinar não é exclusiva da museologia. Ocorre em várias
outras áreas, como, por exemplo, a área médica, da nutrição, da
engenharia, sem perda da responsabilidade central do profissional
legalmente habilitado.

Estes comentários pretendem ser informações sobre a área pro-


fissional museológica no Brasil, que hoje tem 14 cursos de gra-
duação em museologia, um curso de pós-graduação e inúmeros
profissionais em atividade, mas, em nada diminuem o interesse da
publicação que, em seu texto central e anexos, esclarece e auxilia
a realização da complexa série de procedimentos entre instituições
para a difusão de bens culturais através de exposições temporárias.

Elisabeth Zolcsak
Museóloga

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Sumário

28 32 96
1. INTRODUÇÃO 2. ÁREAS DE COMPETÊNCIA 3. ETAPAS, FASES E PROCESSOS

33 97
2.1 Diagrama das áreas 3.1 Etapas

36 99
2.2 Descrição de cada área 3.2 Fases e processos

36 99
Gestão e Organização – Museus I. Etapa de Gestação
Sofía Rodríguez Bernis
99
46 Fase A: Proposta expositiva
Gestão e Organização –
Entidade Organizadora não 102
Museal II. Etapa de Organização
Carlota Álvarez Basso
102
58 Fase B: Gestão de empréstimos
Curadoria e Científica
Rafael López Guzmán 106
III. Etapa de Desenvolvimento
65
Comunicação e Educação 106
Ângela García Blanco Fase C: Programação e produção

77 115
Conservação e Restauro Face D: Montagem e instalação
Paloma Munõz-Campos
122
84 Fase E: Período expositivo
Design e Montagem
Museográfica 124
Fernando Arechavala Lascurain Fase F: Desmontagem e dispersão

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130 182 234 289
4. ANEXOS: DOCUMENTOS DE 10. Parecer interno de avaliação 17. Conteúdos de um convênio 25. Recomendações técnicas
APOIO E FORMULÁRIOS DE USO para o empréstimo de uma obra ou apólice de seguro – Garantia básicas para empréstimo
do Estado e emolduramento de bens
131 189 culturais sobre papel
4.1 Introdução aos anexos 11. Arquivo digital para a 243
coordenação de uma exposição 18. Laudo técnico de conservação 298
134 de obras em trânsito 26. Arquivo da documentação de
4.2 Relação dos anexos 192 uma exposição e conteúdos
12. Documento de apoio 251 do relatório final
134 para redigir um contrato de 19. Roteiro para redigir o
1. Roteiro para um projeto de empréstimo documento de normas técnicas
exposição para a edição e produção do
196 catálogo 303
136 13. Protocolo para exportação Anexo:
2. Documento de apoio para temporária de bens Culturais – 257 Equivalência de termos
orçar uma exposição Espanha 20. Perfil e funções do courier relacionados com exposições:
castelhano (Espanha e México),
145 202 262 português (Brasil), inglês,
3. Roteiro de conteúdos do book 13.1 Protocolo para exportação 21. Recibo de entrega das obras francês e italiano
de apresentação da exposição temporária de bens Culturais – embaladas
México
147 265
4. Documento de apoio para 206 22. Recomendações técnicas 319
a elaboração do cronograma 13.2 Protocolo para exportação básicas para estabelecer as Encontros Profissionais –
da exposição temporária de bens Culturais – condições específicas de relação dos participantes
Brasil embalagem dos bens culturais
153
5. Proposta de Facility Report 212 272
14. Roteiro para redigir o 23. Recomendações técnicas
162 documento de normas técnicas básicas para estabelecer
6. Documento de apoio para para museografia, produção e as condições específicas
avaliar um Facility Report montagem de exposição de climatização para os
empréstimos
167 220
7. Carta de solicitação de 15. Roteiro para redigir o 280
empréstimo documento de orientações 24. Recomendações técnicas
técnicas de embalagem e básicas sobre os materiais
169 transporte de bens culturais compatíveis com os bens
8. Formulário de empréstimo culturais durante sua exposição
230
173 16. Roteiro para licitação de
9. Condições de empréstimo, embalagem e transporte
gerais e específicas, por obra

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Manter, expandir e difundir o conhecimento:
garantindo a conservação e a proteção do le-
gado mundial de livros, obras de arte e monu-
mentos de história e de ciência, recomendan-
do as convenções internacionais necessárias
às nações envolvidas ...

Artigo I.2.c da Constituição da Unesco.

Introdução

28 29

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Uma exposição temporária de bens culturais que orientam as decisões para conceder ou
pode se originar de diversas fontes: pode negar o empréstimo de bens culturais.
derivar de acordos de Estado e intercâmbios
ministeriais, pode ser gerada nos próprios Podemos resumir nesta lista alguns dos crité-
espaços expositivos sob responsabilidade de rios que costumam pesar na decisão favorável
especialistas ou, cada vez com maior frequên- ao empréstimo:
cia, pode ser proposta por entidades privadas e • Contribuir para uma exposição importante.
empresas culturais. • Contribuir com um maior conhecimento
sobre o objeto emprestado.
Uma exposição parte de uma ideia e de um • Possibilitar o conhecimento de um objeto
propósito que conhecemos como formulação por seu interesse pedagógico.
conceitual. Os motivos para converter uma • Possibilitar o contato do objeto com novos
ideia em exposição podem ser de natureza públicos.
artística, histórica, científica, comemorativa • Reunir temporariamente peças de um con-
etc., em suma, tudo o que hoje suscita interes- junto desmembrado.
se. Para concretizar essa ideia em determinado • Mostrar e estudar objetos que não saem dos
espaço e tempo, faz-se necessário um local depósitos.
e alguns objetos representativos da arte, da • Introduzir ou interpretar outra cultura.
ciência ou da tecnologia, cujos valores apelem • Aproveitar a oportunidade para que o objeto
ao conhecimento e às emoções. seja restaurado e atualizar suas condições de
conservação.
Abordar o planejamento e a organização das • Criar parcerias para empréstimos entre os
exposições temporárias requer uma visão museus.
que englobe o universo de obras, objetos, • Compartilhar e melhorar as práticas dos
costumes, entornos e contextos do homem e profissionais envolvidos.
da natureza, isto é, os bens culturais, como
os verdadeiros protagonistas desses eventos. Da mesma forma pode-se apresentar uma lista
Muitos dos bens culturais que integram uma de critérios que pesam desfavoravelmente ao
exposição temporária provêm de diversos pro- empréstimo:
prietários que têm de ceder temporariamente • Restrições legais do proprietário.
obras de suas coleções. • O objeto tem um valor simbólico, religioso
ou histórico para a comunidade e a insti-
No âmbito da programação de uma exposição tuição que o custodia, razão pela qual só se
temporária, é interessante conhecer os critérios empresta em ocasiões excepcionais.

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• O tema da exposição é muito limitado ou te do evento expositivo com a conservação dos
muito comercial. bens patrimoniais que serão exibidos.
• A presença do objeto na exposição não está
suficientemente justificada. Para atingir esses compromissos é preciso
• A fadiga do objeto, causada por suas muitas chegar a uma convenção que permita delimi-
viagens. tar e definir as diferentes áreas profissionais
• O esforço que terá de ser feito para a res- envolvidas, descrever de maneira ordenada os
tauração ou os meios de conservação que processos que se desenvolverão e sistematizar
terão de ser aplicados não são proporcionais os formulários, protocolos e documentos em
à qualidade do objeto. que se apoiam tais processos.
• O objeto não está disponível por causa de
sua participação em outra exposição. Com esse panorama, a figura do conservador-
• O objeto foi solicitado sem a suficiente -restaurador deve, por princípio, integrar-se
antecedência. desde a gênese do projeto expositivo como um
• A instituição que faz a petição não reúne agente criativo e disposto a enriquecer a ideia
os critérios de prevenção relacionados com e sua finalidade; auxiliar como um profissional
a segurança, o controle climático, o pessoal que agrega inteligência à ideia fundamental,
especializado etc. como um ator que sugere alternativas. Nem
• A petição provém de um país que se encon- mais nem menos que qualquer uma entre as
tra em situação política instável. atividades implícitas: gestores culturais, espe-
• Os envolvidos não possuem idoneidade que cialistas em comunicação, curadores, museó-
garanta as condições do empréstimo. grafos, transportadores, manipuladores de bens
culturais etc., um elenco de especialistas empe-
Embora os critérios para aceitar ou recusar o nhados em compreender a ideia que originou o
empréstimo de uma obra estejam especificados projeto e em participar, envolvidos em assegurar
no documento Lending to Europe, é visível a a correta conservação do patrimônio exposto.
necessidade de que cada instituição coleciona-
dora, e potencial emprestadora, faça o esforço A realização de uma exposição demanda a
de redigir um documento que explique sua po- intervenção de numerosos especialistas traba-
lítica de empréstimo. Isso agilizaria os trâmites lhando em equipe, um conjunto de profissio-
e facilitaria o intercâmbio entre instituições. Do nais de diversas especialidades que aplicam seus
mesmo modo, aqueles que se responsabilizam conhecimentos e experiências de maneira arti-
pela organização de uma exposição temporária culada, desenvolvendo assim o projeto expositi-
devem conciliar o estudo, a difusão e o desfru- vo num contexto de eficiência e economia.

30 31

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O Ministério da Cultura da Espanha, em seu 1
Hernando, Helena. Exposicio-
livro Exposiciones temporales: organización, nes temporales: organización,
gestión y coordinación. Ma-
gestión y coordinación,1 oferece um docu- drid: Subdirección General de
mento indispensável para os profissionais Promoción de las Bellas Artes,
encarregados de administrar uma exposição Ministério de Cultura, 2006.

temporária na Espanha. No entanto, não existe


ainda na literatura especializada em castelha-
no um documento igualmente sintético que
identifique claramente as áreas de competên-
cias e que defina tanto as funções e respon-
sabilidades dos atores, como as etapas, fases e
processos de desenvolvimento de uma exposi-
ção. O objetivo desta publicação é preencher,
na medida do possível, esse vácuo.

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2. Áreas de competência

32 33

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2.1 Diagrama das áreas

* O coordenador de uma ex- Qualquer que seja o cenário para a realização Em uma exposição temporária existem cinco
posição pode ser – mas não de uma exposição temporária, requer a parti- áreas de competência: Gestão/Organização,
necessariamente – um muse-
ólogo. No entanto, no Brasil, cipação de profissionais de diversas disciplinas Curadoria/Científica, Comunicação/Educação,
o projeto museológico de uma que apliquem seus conhecimentos e experiên- Conservação/Restauro e Design/Montagem
exposição é atribuição legal cias de forma coordenada. museográfica. Cada uma delas deve estar
do museólogo. Confira o pró-
logo “O museólogo no Brasil”, Quanto mais definidas estejam suas funções constituída por um grupo de profissionais e
de Elisabeth Zolcsak. e instruções de trabalho, maior será a eficácia responsáveis, com obrigações e funções espe-
atingida e, consequentemente, o resultado cíficas, de forma que seja factível orquestrar o
será mais confiável. resultado final, ou seja, a exposição, de forma
Denominamos área de competência cada coordenada e eficaz.
grupo de especialidades envolvido em uma
exposição, dotado de responsabilidade e ca- Às vezes, em uma pequena instituição, um nú-
pacitação profissional para realizar uma série mero reduzido de pessoas assume todas essas
de ações delimitadas e coordenadas em um áreas. Portanto é fundamental saber que ação
tempo determinado. cada um deve realizar, e em que momento; por
isso é importante conhecer as funções assu-
midas, a ordem de atuação e a documentação
necessária para realizá-las.

Ainda que tenhamos colocado essas cinco


áreas de competência em um mesmo plano,
a Área de Gestão e Organização tem papel
principal. Está diretamente ligada à entida-
de organizadora, que pode ter caráter pú-
blico (ministérios, museus, prefeituras etc.)
ou privado (fundações, empresas de gestão
cultural, igrejas etc.). Normalmente costuma
ter o responsável, o chefe de exposições, e
contar com uma assessoria jurídica, financeira
e administrativa. Dentro dessa área trabalha
o profissional em torno do qual giram as múlti-
plas gestões implicadas na organização de uma
exposição: o coordenador.* É ele que centraliza
as informações, realiza os trâmites para as con-

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** No Brasil, a atividade de ela-
boração do discurso expositi- tratações externas necessárias, coordena todos própria exposição, compondo o que se deno-
vo deve incluir o museólogo. os profissionais envolvidos e é o interlocutor mina programa cultural, que pode conter desde
entre os diversos atores, das diversas especiali- ciclos de conferências e congressos até atua-
dades, que trabalham em uma exposição. ções de diversas naturezas, como concertos.

A Área de Curadoria e Científica é representada A Área de Conservação e Restauro é formada


pelo curador ** ou curadores e pode ser apoiada por profissionais em conservação preventiva
por um comitê científico. Essa área desenvolve e em restauração de bens culturais. Apresenta
a ideia original da exposição, o discurso expo- uma dupla vertente: por um lado, os técnicos
sitivo, que costuma estar fundamentado em das instituições comodantes; por outro, aque-
um trabalho de pesquisa e documentação. Seus les da entidade organizadora da exposição.
integrantes normalmente são personalidades Uns e outros são responsáveis pela assessoria
relevantes do mundo acadêmico – universi- e avaliação, em matéria de conservação, de
dades ou museus, por exemplo –, mas podem todos os aspectos circunstanciais que afetam
provir de outros âmbitos – especialistas ou diretamente a integridade dos bens culturais
estudiosos do tema. Entre suas funções, além envolvidos na exposição.
da concepção do projeto expositivo, está a
redação dos textos do catálogo. A Área de Design e Montagem museográfica
aglutina um número importante de profissio-
A Área de Comunicação e Educação pode ser nais de diferentes especialidades. Todos eles
formada por profissionais da entidade organi- dependem do museógrafo que, muitas vezes,
zadora (departamento de difusão, assessoria possui formação em arquitetura. É ele que pro-
de imprensa) ou profissionais contratados. Em põe como mostrar as peças no espaço disponí-
qualquer dos casos deve contar com especialis- vel, ou seja, propõe a cenografia, cria espaços
tas em comunicação e educação que desenhem para recontar uma história, suscita sensações
as diretrizes adequadas em função do próprio a partir de temas e protagonistas, interpreta
tema da exposição, da repercussão que se pre- de forma visual e com técnicas específicas o
tende e do público ao qual se dirige a mostra. roteiro científico. A materialização do desenho
Para tanto recorre a vários recursos como, por fica a cargo de designers, de especialistas em
exemplo, organização das visitas, folhetos, montagem de exposições e em manipulação de
oficinas educativas, seleção de textos etc. Além bens culturais. Essa área agrupa especialidades
da divulgação, em alguns projetos especialmen- díspares, como técnicos em climatização e em
te ambiciosos, de grandes eventos, essa área se iluminação, desenhistas gráficos, carpinteiros,
encarrega também das atividades paralelas à pintores, vidraceiros, tapeceiros, eletricistas etc.

34 35

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Para descrever as funções desenvolvidas em
cada uma dessas áreas de competência, demos
a palavra a especialistas, que expressaram seus
respectivos pontos de vista.

A diversidade de perspectiva e de matizes na


interpretação de suas funções coloca em evi-
dência a multiplicidade de formas de aproxi-
mação ao campo das exposições temporárias.
Não deixa de ser interessante e esclarecedor
comprovar como especialistas que costumam
ostentar a responsabilidade nessas cinco áreas
possuem um mesmo objetivo, apesar de poucas
vezes o terem expressado de forma coletiva.

Considera-se, portanto, intencionalmente


aberto este módulo inicial destinado à refle-
xão das diversas áreas, que tem como objetivo
converter-se em uma forma de aproximação
das distintas especialidades através do conhe-
cimento mais detalhado de cada uma delas.

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2.2 Descrição de cada área

Área de Gestão e Organização da qual se nutre a exposição, uma clara supe-


rioridade sobre o produtor, que se encarrega
da parte prática, e que raras vezes pode con-
tribuir com algo mais. Normalmente, muitos
MUSEUS. de nós, que hoje trabalhamos em museus,
A GESTÃO DE EXPOSIÇÕES NOS tivemos nossas primeiras – ou segundas –
MUSEUS ESPANHÓIS experiências coordenando exposições quando
éramos jovens, já que o conhecimento que se
Sofía Rodríguez Bernis adquire nesses trabalhos é muito variado e
Vice-diretora, Museo Nacional de Artes Decorativas, Espanha envolve ou toca, se bem que superficialmente,
muitas das disciplinas específicas do cam-
po da Museologia. Superficialidade de que
A princípio parece existir consenso sobre o que as exposições frequentemente sofrem, pois
significa fazer a gestão de uma exposição, ou deixam de lado aspectos importantes, agora
seja, realizar de forma ordenada as ações que abordados em publicações como esta, que o
conduzem à sua inauguração segundo a prá- leitor tem em mãos.
tica e de acordo com uma série de protocolos
de trabalho internacionalmente aceitos. Existe O que significa coordenar uma exposição,
consenso, também, sobre o perfil profissional hoje, no contexto do museu? Em que ele pode
do gestor de exposições, identificado como o contribuir – com suas infraestruturas materiais
seu pobre coordenador, um indivíduo que é e humanas – para a melhoria da organização
considerado intelectualmente inferior ao cura- de uma exposição e, portanto, para a melhora
dor mas que deve, entretanto, possuir muitas do produto final?
habilidades, entre as quais se encontra não
somente o domínio – ou pelo menos noções
– de saberes específicos como documentação, Exposições de gestão
conservação, segurança, legislação, seguros,
sistemas de transporte e idiomas, mas tam- Talvez seja necessário recorrer à história para
bém paciência, rapidez, resistência e serenida- melhor compreendermos o surgimento de um
de diante das crises que podem ocorrer. tipo de trabalho cuja conformação envolve
muitos agentes de características díspares. Com
Esse modelo de distribuição de trabalho pro- o advento da democracia, as exposições tem-
vém, ainda, de certa concepção que outorga porárias se converteram em instrumento-chave
ao curador, conhecedor da matéria científica para abrir novos horizontes culturais, e logo

36 37

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se tornou evidente a necessidade de contar seguindo modelos e pautas de trabalho que 1
Elorza, 2000, p.275.
com pessoal especializado, que se encarregasse Carlota Álvarez Basso detalha em outro texto
deste livro.
2
Ollé, 2002, p.137.
das complexas e trabalhosas operações que as
tornaram possíveis. Alguns museus dotados
de um bom quadro de funcionários foram As entidades privadas, sobretudo os grupos
capazes não apenas de realizar as curadorias financeiros, imediatamente surgiram no setor
como também de encarregar-se, em algumas criando, para essa finalidade, fundações volta-
ocasiões, de sua gestão – como, por exemplo, o das para a organização de atividades culturais.
Museo Español de Arte Contemporáneo –, mas Estas geralmente abriram seus próprios espaços
o fato é que os serviços centrais das diversas expositivos, mas algumas, como a Fundación
administrações públicas, com o Centro Nacio- La Caixa, fizeram parcerias com determinados
nal de Exposiciones do Ministério da Cultura à museus para a realização de exposições tem-
frente, foram os que puderam articular depar- porárias: a fundação articula e coordena tais
tamentos específicos dedicados exclusivamente exposições, enquanto os museus contribuem
a essa tarefa, seja para desenhar mostras des- com seus espaços expositivos, cobrem os custos
tinadas aos centros de exposições próprios – de manutenção e, quase sempre, organizam as
como os Palácios de Velázquez e de Cristal, no atividades de comunicação e difusão.2
Retiro, em Madri – seja para suprir os museus.
Começaram, então, a contratar, para coordená- Essas exposições, que também são organizadas
-las, profissionais interessados em algo mais pelos museus, sobretudo pelos de grande porte
que a ciência pura, tanto nos casos de ‘paco- e que envolvem verbas vultosas, poderiam ser
tes fechados’ (em que bastava transportar e denominadas de ‘exposições de gestão’, uma
montar), como nos casos de projetos encomen- vez que esse é o principal condutor e o que
dados a um curador ou propostos por este, em determina quais aspectos são considerados
que o processo se iniciava com a solicitação de prioritários – e quais ficam apagados ou fora
empréstimo das obras selecionadas. de foco –, a ordem das tarefas e o tipo de
resultados pretendido. São atividades autos-
Na década de 1990 aparecem nesse panora- suficientes, com fim e objetivos que começam
ma as sociedades estatais, concebidas para e acabam nelas mesmas, nas quais se con-
promover conjuntos de mostras relacionadas sidera prioritário o papel da administração
com um artista, um tema ou uma época, as das verbas e que se gerenciam graças a um
quais perpetuaram o sistema de gestão citado conjunto de procedimentos que conduzem
aqui.1 Com liberdade para gerenciar orçamen- à inauguração, sem continuidade além dela.
tos demasiadamente vultosos, organizaram-se Pesquisa, documentação, conservação, design

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3
Hernando, 2006. museográfico e editorial, difusão e comunica- 3. Gerenciamento dos empréstimos: Solici-
ção são instrumentos auxiliares que ajudam tação – e envio desta e dos anexos perti-
* No Brasil, as atividades de ela- na obtenção dos empréstimos, na montagem nentes –, formalização dos contratos de
boração do discurso expositi-
vo, coordenação, museografia das salas e na publicação do catálogo. Existem empréstimo, gestão de seguros e trans-
e produção de exposições de- textos que detalham as fases e a ordem das portes e atendimento das exigências dos
vem incluir um museólogo. tarefas da produção de uma atividade desse comodantes. É nesse ponto que entram as
tipo, dos quais o mais completo é o publicado ações destinadas a garantir a conservação
4
Armenteros, 2005, e Hernan-
do, 2006. pela Subdirección General de Promoción de las das peças cedidas e as restaurações reque-
Bellas Artes (SGPBA), do Ministério da Cultu- ridas pelos proprietários, de forma que as
5
Armenteros, 2005. ra,3 e que é claro a esse respeito: no momento intervenções aconteçam uma a uma e com
de analisar as competências dos profissionais caráter instrumental, não como um progra-
ou dos grupos de profissionais que integram ma geral que atenda a finalidades gerais.
a equipe organizadora, apresentam-se como 4. Desenho e produção da montagem e das
protagonistas o curador, o coordenador técnico publicações. Incluem aspectos como a
e o museógrafo,* os quais coordenam os ‘ou- redação de textos por parte de especia-
tros profissionais’ do âmbito de comunicação, listas no tema selecionado, a obtenção de
restauração, manipulação e transporte de obras permissão para reprodução de imagens etc.
de arte, na realização de elementos de apoio O trabalho de documentação se incorpora
para a apresentação das peças e da edição, nesse processo.
todos estes satélites dos primeiros. 5. Montagem da mostra e inauguração. As
tarefas de difusão e comunicação são reali-
A sequência cronológica das atuações neces- zadas objetivando esta finalidade.
sárias para finalizar esse modelo de exposição
pode ser ordenada desta maneira: 4
Os empréstimos de acervos museológicos.
1. Aprovação do projeto a partir da avaliação Os registros de obras de arte e os
de seu interesse cultural e de sua viabilida- departamentos de exposições temporárias
de econômica.
2. Gerenciamento financeiro: elaboração do Os grandes museus, diante do aumento de suas
orçamento e realização dos contratos. Nes- atividades expositivas de caráter temporá-
se sentido, toda a exposição é o resultado rio, revisaram seus organogramas e incluíram
de “uma tarefa árdua de documentação, as seções destinadas a gerenciar os grandes
programada com o orçamento do qual movimentos de peças, próprios desse gênero
parte o projeto”.5 de exposição. E como se tratava de controlar

38 39

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coleções, atribuíram-se a essas seções todas as que, após ter recebido várias exposições orga- 6
Dudley, 1979, p.VII.
tarefas relativas a documentação e elas foram nizadas pelo Centro Nacional de Exposiciones,
dotadas de gerenciamento próprio. Surgiram transformou-se em museu em 1988, criando Vela, 1984, p.239.
7

assim os departamentos de registros de obras um departamento de registro que absorvia 8


Ruiz Bremón, 2002, p.274.
de arte, que importaram um modelo anglo- múltiplas atribuições, entre as quais manter o
-saxão desenvolvido pela American Association vertiginoso ritmo de exposições temporárias e
of Museums, surgida após a Segunda Guerra organizar e supervisionar o traslado dos acervos
Mundial, quando alguns dos grandes museus do extinto Museo Español de Arte Contempo-
europeus, que haviam sofrido danos durante o ráneo (Meac) para sua nova sede, o que incluía
conflito, realizaram empréstimos significativos a criação de novos instrumentos de inventá-
a notórias instituições americanas enquanto rio e catalogação, além da organização das
seus edifícios eram reconstruídos.6 Concha Vela reservas técnicas e da coleção permanente. Os
foi a primeira autora a publicar na Espanha um trabalhos com obras emprestadas e da própria
texto que detalhava as atribuições do departa- coleção compartilhavam ainda muitos aspectos
mento de registro, baseando-se na estrutura do da gestão, mas, quando a organização interna
MoMA (Nova York), explicado desta maneira: se consolidou, tornou-se evidente a necessida-
“desenvolve o trabalho de arquivo, catalogação de de redistribuir as funções. Assim, a partir de
e registro de todas as obras ou objetos artís- 1991, o departamento de registro centrou-se
ticos que entram no museu ou dele saem por nas coleções e criou-se o de exposições tempo-
diferentes razões, mesmo que seja de sua pró- rárias, que acabaria contando com um registro
pria coleção, como aquelas obras que entram próprio, exclusivamente direcionado às peças
no museu na qualidade de aquisição, como- recebidas em forma de empréstimo.8
dato ou empréstimo para alguma exposição”.7
O então ainda denominado Centro de Arte O Museo del Prado também instituiu um servi-
Reina Sofía, primeiramente, e depois o Museo ço de registro de obras de arte, de categoria ad-
Thyssen-Bornemisza, além de vários outros, ministrativa inferior ao do Reina Sofía, embora
têm seguido esses modelos que, se algumas mais direcionado ao controle documental das
vezes se revelaram adequados aos seus fins, em coleções, ao acompanhamento de sua história
outras ocasiões tiveram de sofrer ajustes, já que e aos movimentos internos e externos – estes
as funções acumuladas eram tão díspares que últimos muito numerosos. Quando, em 1996,
era preciso requisitar funcionários dedicados criou-se o Conselho Técnico abrangendo todos
exclusivamente a uma ou a outra, porém não os aspectos da gestão de coleções, o serviço de
a ambas concomitantemente. Esse é o caso do registro passou a fazer parte dele; depois da
Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía última reforma do Prado, criou-se uma Subdi-

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9
Ara, 2006, p.273. rección de Conservación, cuja “responsabilidade 3. Efetivação dos empréstimos: embalagem,
abrange a gestão da coleção permanente, as realização dos processos documentais
10
Ara, 2006, p.274. exposições temporárias e o denominado Prado referentes à saída das obras, coordenação
itinerante”,9 na qual se integraram duas áreas com outros departamentos do museu que
11
Pérez Outeiriño, 2002, p.120.
diferentes: a de documentação e registro e a de possuem alguma relação com as coleções e
exposições, esta última focada nas temporárias com sua difusão.
e dotada com um programa (Siget) que “permi-
te o gerenciamento informatizado das diversas
seções envolvidas na exposição (empréstimos, A organização de exposições temporárias
preparação das obras, condições, transportes, nos museus pequenos e médios (Pymus)
seguros, couriers, catálogos etc.) e a obtenção
de relatórios e listagens, cuja informação será Utilizo a expressão Pymus (museus pequenos e
utilizada na elaboração da memória final da médios), empregada por Luis Grau, porque de-
exposição”.10 O Registro, por sua vez, continua fine expressivamente a realidade das institui-
tratando dos movimentos internos e externos ções museais que, ainda que cheguem a contar
dos diversos fundos da coleção permanente. com grandes coleções, não gozam de orça-
Suas funções, assim como as dos outros museus mentos tão generosos nem possuem quadro de
que adotaram essa estrutura, se podem resumir pessoal tão amplo que possibilitem diversificar
desta maneira: sua estrutura de áreas ou de departamentos
em tantas especificidades como as tratadas no
1. Recebimento das solicitações de emprés- parágrafo anterior. Nas palavras do diretor do
timo, redação do laudo de conservação Museo de las Peregrinaciones, “para ser franco,
que aconselha ou desaconselha a saída das e não querendo ser demasiado presunçoso,
obras por parte do departamento de res- nem nós mesmos compreendemos como foram
tauração, o qual condiciona sua concessão projetadas e desenvolvidas 12 exposições
aos órgãos que têm poder para isso. temporárias nos últimos quatro anos contan-
2. Início dos trâmites por parte do Registro: do exclusivamente com um quadro de dois
solicitação das autorizações necessárias (or- funcionários de nível superior e dois técnicos
dem ministerial e permissão de exportação de museus de nível médio e, somente a partir
temporária), formalização dos empréstimos, do último ano, com duas pessoas encarregadas
acompanhamento dos seguros e do cumpri- das funções de manutenção”.11
mento das condições especiais requeridas
pelo comodante para as saídas das peças, Esses museus também acolheram exposições
organização dos transportes. produzidas por outras entidades, mas o sistema

40 41

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de gestão é diferente quando se trata de traba- do. Assim, a finalidade das mostras transcende 12
Veladés, 2002, p.82.
lhar com a própria coleção, geralmente com o sua mera celebração, o que determina mudan-
objetivo de expor conjuntos que não tiveram ças substanciais no estilo do gerenciamento,
13
Grau, 2002, p.109.

espaço na exposição permanente. Há, além um enriquecimento das funções e uma ordem
disso, duas situações nas quais as exposições diferente em sua execução. Obviamente não se
temporárias se convertem em um recurso es- desdenham os aspectos econômicos e orga-
pecialmente interessante para contribuir com o nizativos, mas estes deixam de ser o motor
desenvolvimento do museu: quando se tornam principal, o que implica ser mais fácil adaptar o
um recurso para preparar ‘argumentos’ parciais projeto à escassez de verbas – como geralmen-
para transformar a instalação dos acervos mu- te acontece – sem desvirtuar sua essência.
seológicos em salas permanentes,12 e quando
se trata de mostrar o potencial de centros que Os museus cujo funcionamento se sustenta
necessitam transformar-se ou crescer, com o sobre planos museológicos têm gerado progra-
propósito de estimular a administração da qual mas de pesquisa, documentação, conservação,
dependem a investir em seu desenvolvimento. e difusão e comunicação de longo prazo. As
É o caso do Museo de León, que apresentou atividades temporárias são o resultado de seus
sucessivamente “fragmentos de um discurso” 13 entrelaçamentos para a obtenção de um fim
em espaços pequenos antes da sua instalação comum, de maneira que concepção, pesqui-
definitiva no novo edifício; e também o do sa – a de cada departamento com relação a
Museo Nacional de Artes Decorativas, que com suas competências peculiares –, organização e
seu programa de ‘exposições experimentais’, gestão não são mais que aspectos desenvolvidos
anunciado e já a ponto de se iniciar, pretende simultaneamente, os quais se estimulam e se
contar histórias novas a partir de sua coleção retroalimentam para a obtenção de um pro-
permanente, graças a leituras transversais duto unitário. Além disso, os resultados finais
que revelem, em toda a sua complexidade, transcendem a apresentação ao público de uma
os diversos níveis de interpretação e análise atividade concreta, para enriquecer o trabalho
possíveis: produção e comercialização, objetos subsequente da instituição: uma exposição é
formais e estilísticos, simbólicos e de uso... O uma etapa na melhoria da prestação geral de
objetivo é preparar discursos que constituam serviços. No campo da documentação e da pes-
as chaves dos conteúdos e a apresentação de quisa, enriquecem a quantidade de dados sobre
uma futura exposição permanente, reforçan- as coleções e afinam as relações entre eles,
do os programas de documentação, pesquisa, permitindo obter conclusões transversais que
conservação e comunicação enunciados no produzem um salto qualitativo na interpretação
Plano Museológico, já parcialmente implanta- do patrimônio. No terreno da conservação, a

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14
García Blanco, 2005. exposição não somente encoraja a execução ideia – pessoal de qualquer uma das áreas
de um programa mais amplo de intervenções do museu ou mesmo externo –, é função
conforme critérios unificados e racionalizados, do departamento de pesquisa a gestão
mas também se apresenta como um campo de dos conteúdos científicos de um projeto
testes para as estratégias de prevenção e para a enquanto trabalho de adaptação dos fins
melhora da infraestrutura dos espaços expo- intelectuais do museu. O departamento
sitivos. No tocante à comunicação, a difusão de documentação atua nesse ponto como
adquire um sentido marcadamente pedagógico instrumento de enriquecimento da massa
por incorporar o significado e os valores das co- de dados que contribuem para constituir o
leções,14 e para isso contribui o fato de que cada projeto e selecionar as peças.
mostra seja uma peça de um programa trans- 2. Planejamento dos objetivos e das estraté-
versal de maiores voos – aquele das exposições gias de comunicação e difusão, e dos es-
temporárias, que tem objetivos globais próprios. tudos de público que contribuirão, desde a
primeira fase, para configurar a exposição.
A avaliação prévia que se realiza nesse mo-
A gestão interdisciplinar mento permite não só examinar os conteú-
dos da mostra, mas também estabelecer os
O tipo de gestão a que nos referimos se inicia de níveis de comunicação adequados para sua
forma paralela à concepção da exposição e faz transmissão (adaptados ao público objetivo
parte dela. O que ocorre, quase sempre, é que ao qual se dirige a exposição).
cada um dos departamentos do museu se torna 3. Redação do projeto de conservação preven-
pesquisador em seu território, elaborador e tiva a partir do programa geral de conser-
gestor de programas e de projetos. Assim, o ato vação – incluindo as funções de manuten-
de gerir se aproxima mais estreitamente da de- ção e segurança – e definição dos critérios
finição que esse verbo tem no dicionário da Real de restauração para as peças que dela
Academia Española: “fazer diligências que levem necessitem, sistematizados por materiais,
ao êxito de um negócio ou desejo qualquer”. tipos de objetos etc. Desse ponto de vista,
o departamento de conservação também
As etapas de trabalho se organizam em uma contribui para o processo de seleção das
ordem diferente, que pode ser esta: peças a serem expostas.
4. Definição das necessidades orçamentárias.
A. Projeto
1. Concepção da exposição. Independente- Estes trabalhos requerem a formação de uma
mente de quem seja(m) o(s) autor(es) da equipe, na qual todos os departamentos este-

42 43

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jam representados por igual e atuem no mes- mento de administração ou a qualquer dos
mo nível. Essa equipe vai redigir o projeto final técnicos de museus. Tradicionalmente são
e o submeterá à aprovação da direção; esta o funções realizadas pelo departamento de
apresentará, posteriormente, aos órgãos cujas difusão ou por profissional externo, mas as
autorizações sejam necessárias para colocá-lo características do trabalho não exigem que
em prática. assim seja desde que o museu conte com
pessoal suficiente.
B. Execução 7. Organização do transporte e da movimen-
1. Busca de financiamento, caso necessário. tação interna das obras, pelo departamento
2. Início da execução do orçamento que, a de conservação.
partir desse momento, passa a ser gerencia- 8. Realização da montagem pelos profissionais
do pelo departamento administrativo. habituais, sob a supervisão dos departa-
3. Avaliação de formação, que serve de base mentos de difusão – no que diz respeito às
para definir o estilo da apresentação, de informações que acompanham a mostra – e
modo que esta se torne adequada à trans- de conservação, os quais asseguram que
missão dos conteúdos. as medidas de conservação sejam correta-
4. Desenho da montagem. O profissional que mente implantadas, atendem aos couriers
recebe essa função não somente tem de e se responsabilizam pela manipulação das
trabalhar com base em um discurso – por peças da coleção e das emprestadas.
mais completo que este seja – e em uma
lista de peças; tem de considerar as con- A figura do coordenador técnico como o único
clusões da avaliação de formação e assumir responsável pela execução dos trabalhos se ate-
os critérios de conservação que ajudarão a nua quando se escolhe esse sistema de funciona-
definir desde a distribuição espacial até a mento. Mesmo que a equipe interdepartamental
construção de vitrines e suportes para as continue sendo a responsável final por todas as
peças. O desenho gráfico se pautará nos atuações, é necessário nomear um coordenador
níveis e no tipo de informação, a cargo do que sirva como elo entre os participantes.
departamento de difusão.
5. Planejamento e desenvolvimento das atua- C. Recapitulação e retroalimentação
ções de comunicação destinadas a divulgar 1. Avaliação geral, para corrigir os planeja-
a exposição, responsabilidade do departa- mentos de sucessivas atividades: melhora
mento de difusão. da exposição permanente e reorientação
6. Negociação dos empréstimos e seguros, ta- dos conteúdos e da forma de apresentação
refas que podem corresponder ao departa- das atividades importantes ao público.

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2. Incorporação dos conhecimentos gerados Bibliografia
pelos suportes documentais de qualquer
natureza. ARMENTEROS, Josefina Blanca. Gestión y coordinación de
3. Extensão das medidas de conservação tes- exposiciones. Curso sobre exposição temporária e con-
tadas à coleção permanente ou às reservas servação do Patrimônio (Madri, abr. 2005), UCM/GE-IIC.
técnicas. Disponível em CD e em: ge-iic.com/files/Exposiciones.

ARA, Judith. La gestión de exposiciones en el Museo Na-


Conclusão cional del Prado. In: CURSO MONOGRÁFICO SOBRE
PATRIMONIO HISTÓRICO, XVI (Reinosa, jul. 2005).
A forma de focar a gestão de uma exposição Actas..., 2006. p.269-282.
no museu pode contribuir para enriquecer a
organização das exposições temporárias de DUDLEY, Dorothy; BEZOLD, Irma. Museum registration
outros organismos, sobretudo quando estes methods. 3.ed. rev. Washington (DC): AAM, 1979
as realizam nos espaços expositivos de uma (1.ed. 1958).
instituição museal e se encaixam na finalidade
dos seus programas. O fato de que a SGPBA, do ELORZA, Juan Carlos. Las exposiciones de los centenários
Ministério da Cultura espanhol, tenha incluído de Felipe II e Carlos V: una forma de gestión. CURSO
em seu quadro um técnico especializado em MONOGRÁFICO SOBRE PATRIMONIO HISTÓRICO, X
difusão e museus, especialista na avaliação dos (Reinosa, jul. 1999). Actas..., 2000. p.275-290.
visitantes, indica o interesse do setor por uma
disciplina que deve acompanhar a exposição GARCÍA BLANCO, Ángela et al. Área de difusión y comuni-
desde o início de seu percurso e não somente cación. Documento interno redigido a partir das reu-
a partir do momento em que abre suas portas, niões periódicas dos responsáveis dos departamentos
para medir o sucesso em retrospecto. Agora, é de difusão e comunicação da SGME para propor uma
necessário ampliar a equipe dando espaço para alternativa para a redação do novo Regulamento dos
a conservação preventiva. Museus Estatais. s.d. (Mimeogr.).

GRAU, Luis. El museo demediado: muestras transitorias


para la construcción de un museo permanente en
León. Museos, 2002, p.105-111.

GRAU, Luis. La organización y gestión de los recursos en


los pequeños e medianos museos. In: FUNDACIÓN

44 45

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SIERRA PAMBLEY. Gestión museística en el ámbito
rural. León, conferência nas jornadas sob esse título
realizadas em 2007. (No prelo).

HERNANDO, Elena (Dir.). Exposiciones temporales: organi-


zación, gestión, coordinación. Madrid: Ministerio de
Cultura, 2006.

OLLÉ, Josep. La relación entre la Fundación La Caixa como


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mentos de gestión. Madrid: Ministerio de Cultura, 2003.

PÉREZ OUTEIRIÑO, Benito. El programa expositivo de un


museo local de proyección internacional: el caso del
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Nueva York. Boletín de ANABAD, v.34, p.239-262, 1984.

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Área de Gestão e Organização mente. Sem dúvida alguma, um programa de
exposições coerente e bem cuidado dá brilho a
uma instituição e é a ferramenta mais valiosa
para criar hábitos de consumo cultural nos
ENTIDADE ORGANIZADORA NÃO MUSEAL. cidadãos, além de ser o melhor veículo para
A GESTÃO DE EXPOSIÇÕES TEMPORÁRIAS favorecer a aproximação, a formação e o apro-
NA SOCIEDADE ESTATAL DE fundamento na arte. Definitivamente, se os
COMEMORAÇÕES CULTURAIS centros não possuem uma coleção de renome
que justifique a visita regular do público, as
Carlota Álvarez Basso exposições temporárias costumam converter-
Diretora de Projetos da Sociedad Estatal de Conmemora- -se na chave do êxito das instituições.
ciones Culturales, Espanha
No caso das exposições temporárias de arte
contemporânea, o recente desaparecimento
Não devemos abordar o estudo da gestão das das fronteiras entre gêneros artísticos (cada
exposições temporárias sem fazer uma breve vez mais tênues), o desvanecimento da noção
reflexão sobre uma série de circunstâncias que de ‘marca do artista’ (as obras de arte atuais
modificaram os modelos de instituição e de tendem a converter-se em peças de autoria co-
exposição existentes até esta data. A produ- letiva) e a natureza efêmera de algumas obras
ção de exposições temporárias aumentou em contemporâneas têm sido fator determinante
complexidade, crescendo em ‘espetacularidade’ que modificou o modus operandi do artista:
e em orçamentos. Por isso, em muitos casos, hoje em dia sua forma de trabalho se aproxima
passou a ser a pedra angular em torno da qual daquela de um autor teatral, da criação de
se molda a programação cultural das institui- um libreto ou de uma partitura, e suas obras
ções, atingindo o protagonismo das próprias assemelham-se a uma montagem cenográfica
coleções e até mesmo substituindo-as, como ou a uma produção cinematográfica. Nas artes
vem acontecendo nos centros de arte. Torna- plásticas contemporâneas, é difícil estabelecer
ram-se o principal motivo de afluência dos categorias como ‘pintura’, ‘escultura’ ou ‘foto-
visitantes às instituições (se estas não pos- grafia’, já que em muitas ocasiões esses supor-
suem uma excelente coleção própria) e são as tes se mesclam em uma só obra; além disso, o
atividades mais amplamente divulgadas pelos surgimento de suportes artísticos novos leva os
meios de comunicação. Por isso, as exposições gêneros a um permanente estado de renova-
temporárias passaram a ser a melhor atração ção ou questionamento (como a instalação, a
para que o público repita sua visita periodica- videoarte, a net-art, o cinema expandido etc.).

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A quantidade de instituições culturais e de mu- na formação acadêmica, o amplo espectro
seus, não somente de arte, experimentou um e as diversas problemáticas específicas que
crescimento excepcional durante os últimos surgem na hora de colocar em prática um
trinta anos, e essa é uma tendência interna- projeto expositivo. Na Espanha, e em mui-
cional, já que em muitos países da Europa e da tos países da América Latina, há deficiências
América Latina se multiplicaram os museus, nesse âmbito profissional, as quais poderiam
tanto os de caráter geral como os temáticos ser solucionadas investindo na formação e na
(museus do barro, museu das crianças, museus especialização técnica. A frágil profissiona-
provinciais etc.). lização, devida em grande parte às escassas
oportunidades de aprender em um local de
Essas novas instituições assumiram diferentes trabalho adequado, faz existirem poucas pes-
funções, dependendo de fatores relacionados soas para criar e produzir projetos: curadores;
com suas próprias circunstâncias: existência coordenadores; especialistas em desenhos de
prévia de infraestrutura dedicada à arte; histó- exposições; pessoal técnico qualificado em
ria da região na qual se instalou; vontade polí- montagem, que domine a manipulação de
tica e capacidade de administração responsável; obras de arte ou que tenha conhecimentos
e, sem dúvida, idoneidade e pessoal disponível. para realizar instalações complexas; especia-
Os museus e centros de exposições cumprem listas em desenhos gráficos de catálogos e
assim um papel básico de preencher uma coordenadores editoriais; empresas especia-
lacuna historicamente debilitada – a responsa- lizadas em transporte, confecção de embala-
bilidade das Administrações Públicas em criar gens e seguros de obras de arte.
hábitos de consumo cultural nos cidadãos – e,
acima de tudo, colocam ao alcance da popula- Além disso, a programação das instituições
ção a oportunidade de entrar em contato com e museus costuma recair, em muitas ocasi-
a arte, a história, o cinema, a literatura etc. ões, sob a responsabilidade de profissionais
terceirizados que, na Espanha, seguindo a
terminologia francófona, foram nomeados
Apresentação como comisarios. Esse modelo nos distancia do
que se aplica em outros países – Grã-Bretanha,
A gestão de exposições temporárias requer Alemanha e Estados Unidos –, cujos museus
conhecimentos especializados cujo aprendiza- buscam favorecer sua própria infraestrutura de
do está, inevitavelmente, vinculado à prática pesquisa e a criação de exposições de produção
profissional. Daí a dificuldade em seu estudo própria. Dessa forma, deixam de ser espa-
regulamentado. Dificilmente se pode explicar, ços capazes de acolher propostas artísticas e

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convertem-se em referenciais para todos aque- ensaio sobre um tema) e coletiva (na qual
les que trabalham no setor: críticos, teóricos, participam vários artistas). Normalmente essas
artistas e pedagogos. mostras têm produção mais complicada que as
mostras individuais (dedicadas a somente um
Na Espanha, existe um amplo espectro de insti- artista), já que nelas normalmente encontramos
tuições culturais não museais que, sem possu- problemáticas diversas: diferentes suportes
írem sede, têm como função a organização de artísticos, muitos comodantes tanto públicos
exposições temporárias de produção própria. Em como privados, múltiplas procedências das
particular no âmbito cultural, existem três enti- obras e variáveis nas exigências de montagens.
dades relevantes desse tipo: a Sociedad Estatal
de Conmemoraciones Culturales (Secc), cuja
função é organizar atividades culturais (exposi- Preparação da exposição temporária: pré-
ções, congressos, óperas, ciclo musicais etc.) em -produção
torno a efemérides, personalidades ou marcos
históricos que mereçam um reconhecimento por Quando uma entidade com essas característi-
parte do Estado; a Sociedad Estatal de Acción cas decide realizar uma exposição temporária
Cultural en el Exterior (Seacex), que, como seu temática, ou seja, projeto de pesquisa espe-
nome indica, dedica-se à divulgação da arte cializado em um período histórico, o mais fre-
espanhola para além de nossas fronteiras, e a quente é que a direção da instituição solicite
Sociedad Estatal de Exposiciones Internacio- a um acadêmico especializado na matéria que
nales (Seei), que organiza os pavilhões estatais assuma as funções de um curador. Obviamente
das grandes exibições e as feiras internacionais a figura do presidente da instituição é fun-
como as Exposições Universais ou as mostras te- damental, pois ele deve determinar a linha
máticas universais (como o Fórum de Barcelona programática da entidade e tomar a decisão
ou a Exposição Universal de Zaragoza, dedicada sobre quais projetos serão realizados.
à Água, realizada durante o verão de 2008).
Uma vez que se aceitou uma proposta ex-
Por isso neste texto vamos apresentar, como positiva, é preciso tomar múltiplas decisões
exemplo, uma exposição de bens culturais prévias. Uma mostra temporária pode ser uma
produzida por uma organização que não dispõe ‘produção própria’, ou seja, produzida pela
de espaço expositivo próprio (portanto deve equipe da entidade gestora; pode se tratar de
negociar os espaços em função dos projetos), uma ‘coprodução’, ou seja, proveniente de um
com uma dotação orçamentária adequada, de acordo de colaboração entre duas ou mais ins-
tamanho mediana, de caráter temático (um tituições, de maneira que as decisões relativas

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ao seu conteúdo devem ser consensuais, e as sem interferir no processo de produção nem
responsabilidades, as obrigações e os gastos em seu conteúdo. No primeiro caso se firmaria
são repartidos entre elas. O projeto também um convênio de coprodução entre as institui-
pode ser desenvolvido com uma ‘produção ex- ções, e no segundo (cede-se apenas o espaço
terna’, mediante a qual a instituição promotora e o pessoal de sala) haveria um convênio de
contrata uma empresa privada para que esta colaboração. Em ambos os casos é possível
execute todo o projeto, desde o princípio até negociar a entrada de uma entidade privada
o fim, desde as solicitações de empréstimo das que patrocine o projeto (costumam ser bancos,
obras (em nome da instituição) passando pela financeiras ou empresas importantes). Estes
museografia até sua divulgação. Essa formula devem sempre constar separadamente das ins-
também é denominada de ‘pacote fechado’. tituições públicas que promoveram o projeto,
de maneira que sua presença nos créditos se
No caso da Secc, a instituição conta com um ajuste à porcentagem de sua participação em
diretor de projetos que é uma espécie de ‘maes- relação ao preço total do projeto.
tro’, que dirige toda uma equipe de profissionais
especializados na gestão de projetos culturais: A instituição organizadora solicitará ao curador
coordenadores de exposições, de congressos, de estas tarefas: apresentar o memorial descriti-
festivais de músicas, de produções teatrais etc. vo do projeto expositivo; realizar a pesquisa;
elaborar a listagem de obras e apresentar uma
Nessa fase prévia, de tomada de decisões sobre proposta de publicação.
o tema e o tipo de homenagem que se deve
fazer, costuma intervir fundamentalmente O diretor de projetos da instituição produtora
o corpo diretivo da instituição (presidente, estabelecerá um calendário de trabalho, em
diretor de projetos, gerente e curador). Uma função das datas de inauguração e encer-
vez definido o projeto contrata-se o curador e ramento da exposição, assim como outras
inicia-se a busca por uma sede. Isso é de res- atividades geradas por ela, tais como palestras,
ponsabilidade do presidente ou do diretor de seminários ou conferências. Com essa finali-
projetos, e é costume escolher em função das dade será redigido um cronograma compre-
linhas programáticas dos espaços expositivos. endendo todas as fases e prazos da mostra até
Normalmente os projetos são oferecidos em sua conclusão.
regime de coprodução (a instituição receptora
assume 50% dos gastos e opina sobre o con- Uma vez que se chegou a um acordo com o
teúdo) ou de ‘colaboração’ – neste último caso curador sobre o conteúdo da mostra, o discurso
a instituição simplesmente recebe a mostra, expositivo que se quer estabelecer e a listagem

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das obras de arte envolvidas, estamos prepara- esses dados devem estar inseridos na base de
dos para iniciar sua produção. dados das obras.

No momento em que os agentes que interfe- Ainda que a responsabilidade pela produção
rem na exposição (o presidente, o diretor de da exposição recaia no diretor de projetos,
projetos, o curador, as entidades patrocina- durante todo o desenvolvimento ele, o curador
doras, os comodantes e as entidades colabo- e o coordenador devem estar em permanente
radoras) tenham concordado com os pontos contato, sobretudo no processo de solicita-
enunciados anteriormente, a instituição deve ção de obras e durante o período em que elas
designar o coordenador da exposição. permanecerem expostas, já que eles devem ser
localizados em caso de qualquer incidente ou
imprevisto que requeira sua intervenção.
Produção e início da exposição
O coordenador normalmente é uma pessoa
A função do coordenador é fundamental para formada em história da arte e deve ter experi-
o desenvolvimento da mostra, já que ele deve ência prévia em gestão de exposições (experi-
ter conhecimento, o tempo todo, do ponto ência que só se adquire na prática), já que as
exato em que se encontra o desenvolvimento. suas funções são múltiplas e variadas:
É, portanto, um trabalho muito absorvente
e detalhado, e é complexo coordenar duas Elaborar o “Dossiê da exposição” com base no
exposições de grande porte simultaneamen- projeto expositivo entregue pelo curador. Esse
te. O coordenador deve estar consciente de material deve servir como documento base para
seu trabalho como catalisador de diversos que todos os interlocutores possam ter uma no-
interesses e, por isso, deve saber trabalhar em ção básica do conteúdo da exposição. Em alguns
equipe. Deve conhecer, por intermédio das casos ele é anexado à carta de solicitação de
correspondências com os comodantes, o bom empréstimo, para que a instituição comodante
estado das obras e os problemas eventualmen- compreenda o sentido e o alcance da mostra.
te relacionados à sua exibição. Deve fornecer
um documento detalhado de suas dimensões, Transformar em “Base de dados das obras”
materiais e cores, assim como especificar as a listagem original de obras que o curador
que necessitam ser emolduradas ou colocadas entregou. A diferença entre elas está no fato
em bastidores; as que requerem pedestais ou de que a primeira deve conter e atualizar todos
outros instrumentos anexos e qualquer outra os detalhes específicos da obra que o coor-
característica referente à sua instalação. Todos denador vai recebendo nos “Formulários de

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empréstimos” preenchidos pelos comodantes. O coordenador deverá redigir as cartas de soli-
Este último documento é fundamental para a citação de empréstimo de obras, incluindo a so-
exposição, já que é um ‘contrato formal’ entre licitação de imagem para o catálogo. Nela deve
as duas instituições ou pessoas e deve, portan- anexar o “Formulário de empréstimo” de cada
to, ser conservado com especial precaução: em uma das obras em duplicata (um ficará com o
caso de sinistro ou problemas legais, servirá comodante, o outro será devolvido à instituição
como documento legal. Não se deve considerar solicitante). Também deve anexar o Facility
como concedido o empréstimo enquanto não Report da instituição sede da exposição e das
chegarem os “Formulários de empréstimos” as- salas onde serão expostas as obras, já que, como
sinados. Atualmente, muitas instituições e co- mencionamos ao analisar o caso das exposições
leções possuem além da “Folha de empréstimo” produzidas pelas Sociedades Estatales, estas soli-
seu próprio contrato, com todas as exigências citam os empréstimos, porém instalam as obras
que a entidade solicitante deve cumprir. em salas fora da instituição organizadora.

Em alguns casos é preciso, também, preencher Geralmente, a “Listagem de obras” original (a


ordens ministeriais para que as obras possam primeira listagem onde figuram as obras que o
ser emprestadas. Para tanto, a “Base de dados curador desejaria incluir na exposição) não se
das obras” deve ser atualizada à medida que parece muito com a “Base de dados das obras”
chegam as respostas dos possíveis comodantes, definitiva, ou seja, a lista de obras que real-
e é preciso compilar o máximo de dados possí- mente serão expostas, melhor dizendo, aquelas
veis a respeito de cada uma das peças: a ficha cujo empréstimo foi aprovado. Os motivos são
técnica completa da obra; o valor de seguro; o variados e podem ser de índole particular (com
tipo de suporte e moldura; o estado de conser- relação à obra) ou institucional.
vação (caso a obra precise ser restaurada, isso
deverá ser notificado com certa antecedência Os motivos de recusa mais comuns são: que a
aos conservadores-restauradores, para que peça solicitada está comprometida para outra
sua restauração se realize antes da retirada da mostra; que está em processo de restauração;
obra); se possui embalagem; o local de coleta e que está em um estado de conservação muito
de devolução; se há fotografias disponíveis da delicado e os conservadores desaconselham seu
obra (em caso de não existirem, elas deverão deslocamento; que a instituição que a acolheria
ser feitas por um fotógrafo profissional); as não cumpre com as condições ambientais e
informações de como o comodante deseja técnicas que a obra requer etc. Também pode
figurar no catálogo da mostra (muitos desejam haver razões de aspecto mais genérico: a obra
permanecer no anonimato) etc. em questão faz parte da exposição permanente

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da instituição comodante, de maneira que o de três tipos: econômicos (o orçamento mais
fato de deslocá-la temporariamente afetaria o favorável para a administração), qualidade do
discurso da visitação; que não se está de acordo serviço (profissionalismo) e prestígio das em-
com o conceito da exposição; que a instituição presas que se apresentaram para a concorrência
tem tido falhas de segurança em exposições (garantia de respostas diante de um proble-
anteriores e que, portanto, há dúvidas sobre seu ma). Normalmente todas elas são empresas de
sistema de segurança; por motivos políticos etc. prestígio reconhecido e se busca, na medida do
possível, variar periodicamente aquelas às quais
As razões para aceitar as possíveis condições se pedem orçamentos, da mesma forma que se
de empréstimos (é cada vez mais frequente alternam as adjudicatárias. Determina-se o con-
que se ‘aluguem’ as obras de arte) dependerão trato em favor da oferta que melhor se adapte
da importância da obra em questão, já que aos critérios de contratação especificados.
em alguns casos sua ausência pode afetar o
discurso expositivo e também porque o custo No caso da Secc, se o gasto é inferior a 18.000 €
de trasladar tal obra é exequível. é preciso pedir três orçamentos a empresas espe-
cializadas. Se o gasto se encontra entre 18.000 €
Após alguns meses de produção constante, e 50.000 €, deve-se elaborar um caderno com as
supõe-se que o coordenador terá dados sufi- condições e características básicas do contrato,
cientes sobre as obras para formar (e fechar) a pedir três orçamentos e fazer um contrato. Se o
listagem definitiva de obras. Nesse momento gasto se situa entre 50.000 € e 206.000 €, deve-
deve-se elaborar o “Caderno de especificações -se convocar uma concorrência pública entre
técnicas para o seguro”, o “Caderno de especifi- as empresas do setor. Nesse sentido se elabora o
cações técnicas para o transporte” e o “Caderno mesmo tipo de caderno – onde também figuram
de especificações técnicas para a montagem” da os prazos para receber as propostas –, disponi-
exposição (em muitos casos, este último deve bilizado na página web da instituição. Uma vez
ser redigido pelo museógrafo da exposição). recebidos os orçamentos, eles são analisados por
um comitê previamente estabelecido, geralmen-
Em função do conteúdo do projeto, o diretor te composto pelo coordenador da exposição, o
de projetos, de comum acordo com o curador e diretor de projetos e um representante da área
o arquiteto, deve tomar a decisão sobre as em- administrativa da instituição, e se adjudica a
presas especializadas que poderiam participar. melhor proposta. Se o gasto supera os 210.000 €,
Geralmente os critérios de seleção (e adjudica- além de tudo o que já foi descrito anteriormente
ção) das empresas participantes, que devem ser é necessário publicar a concorrência no Diário
previamente estabelecidos pela instituição, são Oficial da União Europeia (Doue).

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Com relação às empresas especializadas em se- normalmente provêm de localizações diversas. No Brasil não temos a função
15

guros de obras, será necessário um orçamento Estará sob responsabilidade do coordenador de ‘registrador’; muitas vezes
essa função é definida como
em função dos valores de seguro previamente da exposição coordenar a retirada (e posterior ‘catalogador’ (ver Glossário),
estabelecidos pelos comodantes e que devem devolução) de todas as obras de arte a partir e o acompanhamento da obra
figurar na base de dados elaborada pelo coor- de seus pontos de origem e até seu destino, durante os traslados ou a mon-
tagem é atribuição do courier e
denador. Pede uma Apólice de seguro ‘prego uma vez finalizada a mostra. O transporte de de um conservador. (N.T.)
a prego’, para todas e cada uma das obras da devolução é chamado de ‘dispersão’. Seguindo
exposição, em função da soma de todos os va- as condições de empréstimo de cada país e as
lores de seguro das obras da mostra. Uma vez instruções das instituições comodantes, a enti-
assinada a apólice, a companhia enviará ao co- dade organizadora deve ocupar-se de realizar
ordenador um certificado de seguro em nome as ordens ministeriais de autorização do em-
de cada comodante (como beneficiário da dita préstimo das obras, os trâmites alfandegários
apólice) e este, por sua vez, deverá reenviá-lo e as permissões para a importação temporária
para cada um dos proprietários, antes da data das obras (caso necessário). Para essas ativida-
de retirada das obras. des conta-se com a colaboração das empresas
especializadas em transporte de obras de arte.
Simultaneamente se solicitará o orçamento
do transporte a pelo menos três empresas Como as Sociedades Estatales não possuem
especializadas em transporte e manipulação de sede própria, devem solicitar também três
obras de arte. A solicitação se fará em função orçamentos para empresas especializadas no
das especificações do caderno e da “Base de registro e na conservação das obras de arte. Os
dados”, com a listagem dos comodantes e de ‘registradores’ devem estar presentes durante
obras que o coordenador deve ter complemen- toda a montagem e desmontagem da exposi-
tado previamente. Esse caderno deve conter ção e, em particular, em todos os momentos
o máximo de informações possível sobre os nos quais se manipulem as obras de arte.15
comodantes e as obras: detalhe do local de
coleta e de devolução das obras, horários de
retirada, localização da obra, tipo de emba- Materiais de difusão e comunicação
lagem, cronograma de entrega das obras nas
salas expositivas etc. Esse primeiro transporte O programa editorial é algo inerente às expo-
se denomina de ‘concentração’ (ainda que se sições temporárias, já que normalmente elas
coletem todas as obras em um mesmo local), geram diversas publicações: catálogo, folders,
já que implica que se agrupem em um mesmo convites, release para a imprensa e plano de
ponto (a sala de exposições) todas as obras que comunicação. Com base nisso é possível criar

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uma infinidade de produtos de merchandising Uma vez que a instituição organizadora
com a imagem da exposição: audiovisual, cam- aprovou o conteúdo, cabe ao departamento
panha publicitária em via pública, camisetas, de publicação da entidade – ou, quando este
chaveiros, lapiseiras etc. não existe, ao coordenador da exposição –
enviar cartas solicitando os textos para o
A publicação mais importante é o catálogo, já catálogo e compilar as imagens que se deseja
que reúne o conteúdo da mostra e se con- incluir nele. Uma vez que se reuniu toda essa
verte em uma ferramenta fundamental para documentação, será designado um editor /
que não se perca a pesquisa realizada para a revisor de texto e um designer gráfico que
exposição nem os seus resultados. Nele deveria deverá desenhar os elementos de divulgação
incluir-se, no mínimo, um texto explicativo e interpretação da exposição, os quais foram
da curadoria, que justifique o conceito da previamente elaborados pelo curador com o
exposição, uma parte onde figure uma ficha assessoramento do departamento de comuni-
técnica o mais completa possível das obras cação, já que este deverá respeitar os critérios
de arte que compõem a mostra (com menção de acessibilidade e interpretação estabeleci-
aos direitos autorais), acompanhada de uma dos pela instituição.
ou mais reproduções de cada uma das obras e,
quando for o caso, uma biografia e bibliogra- O curador também deverá entregar um texto
fia dos artistas que participam da mostra. Em geral que sirva para a apresentação da mostra
muitos casos se faz uma ficha catalográfica de no folder e no seu painel de abertura, deve
cada obra, na qual se explica detalhadamente estar presente na entrevista coletiva da inau-
sua história particular. guração e deve colaborar em todos os eventos
vinculados ou relacionados com a exposição.
Como mencionamos anteriormente, o curador
deve propor à instituição os nomes dos autores
que ele considera que devam participar do Desenho da montagem e da programação
catálogo, em função dos seus conhecimentos visual das salas
sobre o tema ou o artista e dos assuntos espe-
cíficos relacionados a cada um deles. Também A equipe que irá desenhar a exposição deverá
é de sua responsabilidade supervisionar os trabalhar com a listagem definitiva de obras,
trabalhos de publicação e elaborar um texto que, como mencionamos, é muito diferente da
que incluirá a informação relativa ao conteúdo original. Esse trabalho deve ser realizado em
da mostra e as demais informações necessárias parceria com o diretor de projetos, o coorde-
para a publicação. nador e o curador. Para isso é preciso contratar

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16
No Brasil, as instituições de
um arquiteto ou um designer especializado em Uma vez aprovado o desenho da exposição, a grande porte, com conserva-
desenho e montagens de exposições tempo- instituição promotora deve solicitar no mínimo dores-restauradores em seu
quadro funcional, normal-
rárias, também denominada de ‘arquitetura três orçamentos de montagem a empresas
mente incluem esse profissio-
efêmera’ (pois normalmente a montagem se especializadas na instalação, montagem e nal nas discussões que ante-
constrói e se destrói em função do projeto colocação de obras de arte, em função de cedem a exposição pelo fato
de o museógrafo, profissional
expositivo e das necessidades espaciais da um caderno de montagem que deve ter sido
que desenha a exposição, o
instituição que acolhe a mostra).16 elaborado previamente pelo desenhista (ou, curador e/ou o coordenador
na sua falta, pelo coordenador), em função da não possuírem conhecimentos
suficientes em relação às ne-
O curador, de comum acordo com o diretor listagem definitiva de obras e das necessidades
cessidades de preservação e de
de projetos, deverá determinar o discurso e o de montagem de cada uma delas. conservação das obras. (N.T.)
percurso da montagem tendo em vista as salas
destinadas para a mostra, e deverá apresentá- O arquiteto, ou melhor, o design gráfico que 17
No Brasil são duas funções
distintas. (N.T.)
-los ao arquiteto/desenhista para que ele o colabore com ele, deverá se encarregar do
coloque no desenho da montagem e na comu- desenho gráfico da exposição: etiquetas das 18
Na Espanha chama-se de mon-
nicação da exposição. obras, texto de apresentação para a entrada taje sucio [montagem suja].
das salas, painel de créditos da exposição onde Optamos por traduzir o texto
para evitar equívocos. (N.T.)
O coordenador deverá entregar ao arquiteto devem aparecer as instituições e pessoas que
e aos registradores (conservadores-restau- dela participaram, etiquetas e textos que expli-
radores)17 que vão trabalhar na exposição a quem os módulos do percurso (caso existam),
listagem detalhada, com todas as especifici- banners para os acessos ao edifício, ‘legendas
dades de montagem recebidas (condições de comentadas’ (caso existam) etc.
temperatura, umidade, iluminação, instruções
de colocação e montagem, vitrine indepen-
dente para segurança etc.) e todas as exigên- Montagem da exposição (montagem grossa) 18
cias feitas pelo proprietário. O trabalho dos
registradores, que se explicará mais adiante, é Uma vez que houve consenso e se aprovou o
fundamental já que eles são uma espécie de cronograma de montagem com todos os agen-
‘escrivães’ da montagem. O diretor de proje- tes, deve iniciar-se a preparação das condições
tos, de comum acordo com todos os agentes arquitetônicas das salas: carpintaria efêmera
participantes, deverá elaborar um cronograma (que se desmonta ao término da mostra); insta-
(calendário de montagem) no qual devem estar lação do mobiliário expositivo (vitrines, bases,
assinalados todos os momentos importantes da painéis etc.); pintura das salas etc. Esta parte da
montagem: início, data de chegada das obras, montagem é comumente denominada de ‘mon-
desembalagem etc. tagem grossa’, já que nela participam muitos

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Na Espanha chama-se de mon- profissionais simultaneamente em trabalhos que organizadoras, mas também os profissionais
taje limpio [montagem limpa]. normalmente provocam muita sujeira. Quando e os políticos envolvidos. Consequentemente,
Optamos por traduzir o texto
para evitar equívocos. (N.T.) finalizada, é necessária uma limpeza geral e pro- próximo à data de inauguração deve-se ter
funda das salas para que as obras possam entrar. uma ideia muito clara de quem participará da
entrevista coletiva ou assistirá a ela.

Recepção, registro e montagem da A assessoria de imprensa da instituição deverá


exposição (montagem fina) 19 emitir uma nota em função da listagem de
obras que definitivamente participarão da
A ‘montagem fina’ se inicia depois que as em- mostra. Esta deve ser o mais exaustiva pos-
balagens das obras entraram nas salas e foram sível e destacar os dados relevantes: as obras
cuidadosamente limpas. Inicia-se a desemba- inéditas, as que foram restauradas, as que são
lagem por parte dos técnicos especializados provenientes de uma coleção importante etc.
na manipulação e no manejo de obras de arte. É preciso fornecer aos meios de comunicação
Esse trabalho deve ser feito na presença dos reproduções fotográficas das imagens mais
registradores ou dos conservadores de obras de significativas da exposição.
arte da exposição. Eles deverão estar presentes
em todos os momentos, desde o descarrega- A mesma assessoria deverá realizar a con-
mento das obras até o término da instalação, e vocação para a entrevista coletiva, ou seja,
sua função principal é elaborar um “Laudo téc- emitir uma nota muito sucinta na qual
nico de conservação” de cada uma das obras. convida os jornalistas para comparecerem em
Estas obras não devem ser penduradas nem co- determinada hora a tal lugar. Essas coleti-
locadas no local definitivo até que tenha sido vas costumam acontecer no próprio dia da
finalizada a redação dos “Relatórios de registro inauguração, pela manhã, e delas participam
de entrada”, de forma que a montagem gire representantes da instituição organizadora,
em torno desse trabalhoso processo. das instituições colaboradoras, das entidades
patrocinadoras e o curador. Entregam-se aos
meios de comunicação a nota de imprensa e
Entrevista coletiva e inauguração da exposição as imagens selecionadas.

Alguns meses antes da inauguração deve-se Uma vez finalizada a entrevista coletiva, o
convidar para a cerimônia aquelas pessoas curador realiza uma visita guiada à expo-
que estiveram vinculadas à mostra, não só os sição dirigida aos meios de comunicação, e
comodantes ou representantes das instituições em seguida estará disponível para conce-

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der entrevistas a eles. Uma vez finalizada a Os coordenadores e/ou conservadores deverão
apresentação profissional, a assessoria de visitar as salas ao menos uma vez por semana,
imprensa poderá enviar uma nota de impren- para checar se tudo está correto.
sa completa aos meios de comunicação que
não tenham podido comparecer, favorecendo Uma vez finalizada a exposição, realiza-se o
assim a divulgação da mostra. Normalmente, processo inverso ao da montagem.
antes ou após a inauguração a instituição
organizadora costuma promover um almoço Geralmente está a cargo dos mesmos pro-
ou um entretenimento para todos os profis- fissionais que trabalharam na montagem:
sionais e comodantes que colaboraram com o redigem-se os “Laudos técnicos de conservação
projeto. O curador também costuma realizar de saída”. Uma vez retiradas todas as obras das
uma visita especial para instruir o pessoal que salas expositivas, inicia-se a desmontagem da
fará as visitas guiadas à exposição. museografia efêmera da mostra.

A inauguração propriamente dita é uma espé- Ao finalizar a mostra deve-se fazer um balanço
cie de sessão com ‘portas abertas’ para todos com a finalidade de redigir um relatório que
os convidados da instituição. inclua o número de visitantes, a repercussão
nos meios de comunicação e análises do resul-
Os programas didáticos e as atividades pe- tado das atividades complementares.
dagógicas são fundamentais para aproximar
o público das instituições. Felizmente, essas
atividades têm cada vez mais presença e rele-
vância e costumam adotar múltiplos formatos:
conferências, palestras, seminários, congressos,
oficinas infantis, oficinas com artistas, encena-
ção em torno das obras, aulas de formação e
práticas para adultos, visitas guiadas etc.

Manutenção e desmontagem da exposição

Durante a exposição a instituição deverá


realizar regularmente uma revisão das condi-
ções das obras e uma manutenção da mostra.

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* No Brasil, as atividades de ela-
boração de conceito expositi- Área de Curadoria e Científica É preciso começar assinalando que o compro-
vo e produção de exposições misso e as funções do curador não acabam
devem incluir um museólogo.
com a apresentação do projeto expositivo, ele
tem de acompanhar cada uma das diversas
Rafael López Guzmán
etapas na realização da exposição, já que todas
Catedrático de História da Arte. Diretor do Mestrado em
estão imbricadas, relacionadas, condicionadas,
Gestão Cultural da Universidad de Granada, Espanha
e, em muitos momentos do cronograma de
montagem, tem de redefinir pontualmente ou
Esta área reúne as competências necessárias radicalmente o desenho, sobretudo quando os
ao curador * e à sua equipe de pesquisa, desde objetos selecionados a priori não são factíveis
a gênese da exposição até sua concretização. de empréstimo ou os espaços propostos não
obedecem às condições de exposição requeri-
Refletir sobre a figura do curador exige, a priori, das teoricamente no projeto inicial.
a necessidade de definir-se um modelo especí-
fico de exposição. Sem dúvida o auge da cria- O trabalho do curador se inicia com a apresen-
tividade em comunicação cultural nos coloca tação de uma ideia expositiva. Esta pode surgir
ante a diversidade de exposições que se podem diretamente de seus interesses científicos, caso
realizar, e as tantas outras suscetíveis de serem em que deverá apresentá-la a uma instituição
imaginadas e desenhadas. Tomar, portanto, com capacidade de financiamento e realização,
um modelo único seria o caminho mais fácil, mas pode também atender a uma proposta
porém, o menos sujeito à generalização. inversa. Neste último caso, o curador terá de
analisar a proposta e a viabilidade da ideia
Dessa diversidade de situações deriva a impos- sugerida. Razões comemorativas, de oportu-
sibilidade de desenhar um perfil exato de um nidade cultural ou de trajetória institucional,
bom curador. Entretanto, existem uns elemen- ou simplesmente a atração do tema proposto
tos básicos: sua experiência em montagens mu- podem estar na base da decisão inicial sobre
seográficas ou expositivas, seu currículo como sua possível realização.
gestor cultural e seu nível científico em relação
à temática escolhida. Ainda que esses elemen- Uma vez determinada a ideia inicial – que não
tos restrinjam em boa parte as titulações aca- é o título da exposição, já que este terá de
dêmicas cabíveis e as atividades profissionais provocar impacto nos meios de comunicação
dos curadores, a função não está homologada, e na sociedade à qual se dirige –, a mostra de
por isso não serei eu quem especificará com forma genérica, inicia-se a definição dos seus
mais detalhes, inicialmente, o curador ideal. objetivos conceituais e específicos.

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Toda exposição deve abranger valores didáti- ção à compartimentação de salas ou áreas que
cos, de ensinamento para a coletividade à qual permitam uma leitura fracionada da exposição.
está dirigida. Mesmo aquelas exposições que Esquematicamente, estamos diante do projeto
unicamente mantêm como objetivo vanglo- expositivo, que tem de se adequar muito bem
riar a instituição organizadora devem mostrar ao cronograma – a desconsideração deste últi-
esses aspectos didáticos para que se tornem mo costuma ser um dos aspectos mais sensíveis,
compreensíveis. Os objetivos educativos, que que compromete boa parte dos objetivos.
deveriam desenvolver-se em parceria com a
equipe especializada em comunicação educa- Em relação à materialização da mostra pode-
tiva, são, no meu ponto de vista, os mais in- mos dizer, como premissa básica, que todos os
teressantes para o curador. As demais funções objetivos selecionados para a exposição têm
do curador deverão caminhar de acordo com de estar amplamente justificados no discurso.
o definido originalmente. Trasladar bens móveis de caráter cultural de
seus locais habituais significa sempre um risco
Esses objetivos podem estar matizados pelo que se deve evitar. A proliferação, nos últi-
que significa a integração da exposição em mos anos, de grandes exposições que levam e
um programa cultural mais amplo. Nesse caso trazem um enorme número de obras de arte
devem-se considerar as concessões ao projeto por todo o planeta não é um modelo que deva
conjunto e a especificidade do produto que se continuar. Somente quando a temática e os
está criando para que tenha validade isola- objetivos de determinado projeto requeiram
damente e em relação ao todo. Um tema que uma obra original é que esta deve ser solici-
aqui poderia apresentar-se como fundamental tada, assegurando, logicamente, até o míni-
é a própria programação das salas ou museus mo detalhe para sua conservação. Não basta
onde se organize a mostra, que não sejam ape- fazer seguros com valores altos, as peças são
nas recipientes assépticos, mas que os objetivos insubstituíveis; tampouco bastam as condições
da exposição proposta estejam relacionados ambientais das salas (temperatura, umidade,
com sua própria programação ou com suas iluminação), de caráter provisório e genérico.
coleções permanentes.
Trabalhamos com um patrimônio que não é
Aprovados ou acordados os objetivos básicos, é exclusivo da exposição que montamos e do
o momento de buscar visualizá-los da perspec- qual somos responsáveis eticamente. Lamen-
tiva dos objetos (originais ou reproduções), pai- tar, a posteriori, um transporte inadequado,
néis (gráficos, fotográficos, linha cronológica) e uma péssima montagem ou a diminuição
informações complementares, prestando aten- das medidas de conservação como causas

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de diversos acidentes menores não é motivo te; por outro, define a realização do catálogo
para nos desculparmos em primeira instância. ou livro da exposição. Nem sempre existe esse
É preciso insistir em que a solidez científica objeto que se substitui com bastante fre-
de um projeto é a única razão que justifica o quência, sobretudo nos projetos precariamente
traslado de bens culturais. subvencionados, por um simples folder.

Voltemos à atividade do curador quando este O catálogo é peça fundamental da exposi-


já realizou a primeira listagem dos objetos. ção que coloca entre aspas o qualitativo de
Supondo-se que estejamos diante da neces- ‘temporária’, uma vez que ela se mantém no
sidade de visualizar nossa ideia com obras tempo graças a ele. Tradicionalmente o catá-
de valor cultural, conservadas em coleções logo é composto de artigos científicos sobre a
públicas ou privadas, requer-se novamente a temática e de fichas dos objetos expostos. Sua
revisão para comparar a idoneidade do pro- edição tem de correr paralelamente ao proces-
jeto com a instituição que o financia, assim so de desenho e montagem da mostra, estando
como sua viabilidade. Será necessário ter uma necessariamente à disposição do público no dia
primeira ideia de custo e, também, conhecer da inauguração.
as características das salas propostas e suas
condições técnicas e de conservação. Os textos do catálogo, redigidos por especialis-
tas na matéria, têm de ser dirigidos ao público
Superada essa primeira revisão e recebida a visitante, o qual, com sua leitura, reflete sobre
aprovação para continuar, começa o trabalho a exposição. Não devem ser textos de pesquisa,
de organização com a gestão de empréstimos. mas de alta divulgação. Um catálogo não é o
Embora essa atividade não seja função do espaço para atualizar os conhecimentos sobre
curador, ele deve estar atento às respostas, um artista, uma época ou uma temática con-
condições, negativas e alternativas em relação creta, para isso existem congressos, simpósios e
aos comodantes. Em algumas ocasiões a recusa revistas especializadas.
de um bom número de peças inicialmente
previstas obriga a um replanejamento da ideia, A qualidade comunicativa desses textos, a
das seções e do discurso expositivo em geral. claridade conceitual das fichas catalográficas
e sua estruturação, que deve ser a mesma da
O curador segue seu trabalho centrando-se própria exposição, significa a possibilidade de
agora nos aspectos da concretização científica uma continuidade no tempo, algo fundamental
do discurso. Por um lado dedica-se à exposição para incrementar os valores socioculturais que
em sua visita direta, de que falarei mais adian- devem primar em qualquer mostra.

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Talvez pareça que o trabalho do curador impli- desejável que a comunicação pessoal com o
ca somente decisões. Certamente a responsabi- curador seja fluida, pois dela dependerá, em boa
lidade que assume é alta e, em muitas ocasi- parte, a consecução dos objetivos da exposição.
ões, se dilui ao estruturar-se uma curadoria
adjunta, procedimento, em meu ponto de vista, A escolha desses técnicos, muitas vezes apon-
pouco recomendado, excetuando-se pessoas tados diretamente pelas instituições organi-
com clara capacidade de trabalho em equipe. zadoras, é uma das decisões mais importantes
para um final bem-sucedido da proposta.
A opção mais positiva é a busca por um bom
comitê de pesquisa que deve figurar em toda Essa “Secretaria Técnica” – em letras maiús-
exposição. Esse comitê é figura de grande culas – terá também papel fundamental na
interesse, com funções que complementam de elaboração do dossiê da exposição, já que deste
forma vital e positiva aquelas do curador. Trata- dependerá a primeira imagem pública da mos-
-se de pessoas com um currículo importante tra. Também deverá conhecer as questões jurí-
em relação ao argumento da mostra, podendo dicas relacionadas com a gestão de exposição,
não ter experiência em exposições, mas que o seguro, os traslados, a conservação das obras
conheçam bem o tema. O assessoramento e o e a montagem. Facetas múltiplas, nas quais de-
conselho constante desse grupo, bem escolhi- verão assessorar o curador ante a diversidade e
do e nunca excessivamente numeroso (5 ou especificidade de cada obra.
6 pessoas no máximo), asseguram as corretas
decisões do curador, o qual jamais deve delegar A parte técnica da gestão de obras corre pa-
suas responsabilidades para os membros dos ralelamente à produção da exposição, na qual
possíveis comitês. Também na primeira fase esse o museógrafo selecionado terá de apresentar
comitê opinará sobre a viabilidade do projeto, uma proposta de adaptação da sala escolhida
antes de se tomar a decisão de sua elaboração. de acordo com os objetivos do curador e os
objetos a serem expostos.
Junto a esse comitê é importante situar a cadeia
de técnicos que participam da exposição, cujo De novo nos encontramos diante da neces-
trabalho se imbrica com o do curador. A gestão sidade de uma comunicação fluida entre os
de empréstimos e a coordenação do catálogo atores. A rigidez do curador em impor critérios
correm muito paralelas. É importante que as científicos sem levar em conta as limitações
pessoas sobre as quais recaiam essas funções dos espaços e das montagens e os aumentos
técnicas tenham experiência em montagem de dos gastos representa momentos de grande
exposições e em edições de livros. É também tensão, com resultados sempre negativos para

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os objetivos desejados. Da mesma maneira, a manutenção durante o período de exposição.
presença de museógrafos que não compreen- O curador atua supervisionando as situações e
dem a finalidade da exposição e que transfor- deixando que cada técnico cumpra com suas
mam seu trabalho no ponto mais chamativo funções específicas.
da mostra arruína na maior parte das vezes
o trabalho do restante das equipes. É preciso A isso se soma o esforço nas relações huma-
enfatizar que a arquitetura efêmera, que dá nas para atender aos couriers que costumam
suporte a uma exposição, não é mais que uma acompanhar peças de visível categoria cultu-
moldura necessária para a correta exibição da ral. Ainda que a correspondência prévia com as
obra, que aclara e potencializa a perfeita leitu- instituições comodantes tenha deixado claro
ra do discurso que se quer comunicar. como se integra sua peça no discurso exposi-
tivo, assim como as condições de conservação,
No momento da montagem a equipe técnica nem sempre a comunicação foi suficiente; em
desempenha papel fundamental. A função certas ocasiões surgem dúvidas e receios por
do curador é meramente de assessoria, mas parte dos responsáveis diretos pelas peças. É
sua presença é necessária para esclarecer as um bom momento para que o curador faça
dúvidas e os erros que possam ter ocorrido na compreender o discurso desejado e a validez
gestão das peças: suportes não adequados, de sua proposta.
vitrines sem a proporção adequada, objetos em
mau estado de conservação... Pensemos que é o Durante o período expositivo é importante
momento em que muitas peças serão contem- que se ofereçam aos visitantes fórmulas de
pladas pela primeira vez, e que a informação compreensão da mostra que vão além do sim-
por parte dos comodantes pode estar errada. O ples folder ou das informações nos painéis ou
curador deverá decidir em função dos impre- das legendas dos objetos. Essa preocupação,
vistos, sem se condicionar ao discurso expo- aliás, relacionada a diversos níveis de compre-
sitivo, resolvendo de acordo com a realidade ensão em virtude de faixa etária, nível cul-
técnica do momento. tural ou diversidade de grupos, motiva, cada
vez mais, a configuração de visitas específi-
Aqui a equipe de conservadores-restaura- cas e atividades complementares de caráter
dores, sobretudo quando estamos diante de didático. Nesse caso o curador deve intervir
obras de arte, é necessária e fundamental na formação dos encarregados de realizá-las,
para diagnosticar possíveis problemas de con- para controlar a qualidade e a certeza do dis-
servação e resolver, com as possibilidades do curso expositivo. Cada vez mais fica evidente
momento, a correta exibição das peças e sua a necessidade de contar com pessoal espe-

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cializado que configure uma autêntica área Uma avaliação final de todos os atores setoriais
educativa com as particularidades próprias de e do curador com as instituições que organiza-
uma exposição (tempo de visita, conteúdos ram a mostra supõe o final do percurso.
específicos, cronograma da exposição).
O trabalho em equipe é a regra de ouro que
De forma específica, é preciso supervisio- assegura os objetivos iniciais com clara deli-
nar os textos dos cada vez mais frequentes mitação de responsabilidades. A presença do
audioguias, utilizados para visitas explicadas curador na medida justa, em todas as áreas e
individualmente. Também se pode recorrer seções que participam da organização de uma
a programas de atividades como ciclos de exposição, permite uma avaliação continuada
conferências, reuniões científicas e publicações da realidade das fases e um diagnóstico por
complementares. Esse é um bom momento etapas que irá apontando para a realização dos
para que o comitê de pesquisa mostre suas objetivos e fins predeterminados no projeto
qualidades e propostas. Da mesma maneira, expositivo inicial.
se existe a área educativa, será necessário
coordenar suas atividades e seus conteúdos,
assim como a elaboração de recursos didáticos
específicos para os possíveis visitantes.

Sobre o controle dos visitantes e a manuten-


ção correta das condições das peças na sala
expositiva, mesmo não sendo tarefa específica
do curador, este deve estar informado para o
caso de ter de modificar alguma abordagem
durante o tempo de exposição.

No momento da desmontagem seu trabalho é


muito menor, mas as peças mantêm integral-
mente seu valor cultural, e ele tem de dispen-
sar a elas e aos seus responsáveis o mesmo
excelente tratamento. Além disso, é um bom
momento para valorizar a integração que exis-
tiu entre a equipe técnica e o curador, da qual
dependeu boa parte do êxito da exposição.

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Bibliografia

ALONSO, Fernández; GARCIA, Isabel. Diseño de exposicio-


nes: concepto, instalación y montaje. Madrid: Alianza,
2005.

BARCHANDO, Juan Ramón. El trabajo del comisario de ex-


posiciones. Periférica – revista para el análisis de la
cultura y el territorio, n.6, p.150-160, 2005.

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su relación con el museo. Gijón: Trea, 1994.

RICO, Juan Carlos. Montaje de exposiciones: museos, ar-


quitectura, arte. Madrid: Sílex, 1996.

RICO, Juan Carlos. Manual práctico de museologia, mu-


seografia y técnicas expositivas. Madrid: Sílex, 2006.

V V . AA. Exposiciones temporales: organización, gestión,


coordinación. Madrid: Ministerio de Cultura, 2006.

64 65

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Área de Comunicação e Educação lado, a composição da equipe de produção; 20
Autora de: Didáctica del Mu-
por outro, as estratégias expositivas que, seo: el descubrimiento de los
objetos (Madrid: Ed. la Torre,
aplicadas pela equipe, favorecem o processo 1988) e La exposición, un mé-
de comunicação. dio de comunicación (Madrid:
Angela García Blanco Akal, 1999), entre outras pu-
Doutora em História e Geografia pela Universidad Ca- blicações. Docência em vários
A composição e a atuação da equipe re- cursos universitários de Mu-
tólica de Madrid. Conservadora do Corpo Facultativo de
Museus e Chefe do Departamento de Difusão do Museo percutem de tal modo nos resultados que é seologia.

Arqueológico Nacional 20 possível perceber diversos tipos de exposições


do ponto de vista da comunicação. Segundo
21
Neste caso a autora refere-se
ao antigo diretor de museus.
Davallon e Carrier as exposições podem ser (N.T.)
Seja ela permanente ou temporária, a ex- ‘estéticas’, ‘pedagógicas’ ou ‘comunicativas’
posição é um meio de comunicação idôneo e ‘lúdicas’; para M. Hall, ‘estéticas’, ‘didáti-
para expor os significados e valores dos cas’ e ‘evocativas’; por último, M. Belcher
objetos que fazem parte do patrimônio. Para as classifica em ‘emotivas’, ‘didáticas’ e ‘de
facilitar essa transmissão é necessário não entretenimento’. Estes exemplos valem para
apenas selecionar e estruturar esses objetos fundamentar o que se disse.
de modo que corroborem tais significados,
mas também explicá-los de modo que seja
fácil a sua compreensão para os visitantes Equipe emissora: sua composição
não especializados. Desse modo, a exposição
pode satisfazer o desejo dos visitantes e, o Já está muito distante a figura do conserva-
que a própria exposição provoca, dar sentido dor 21 de museus que montava sozinho uma
aos objetos. exposição permanente, porque hoje é neces-
sária a participação de diversos profissionais
Em resumo, a exposição concebida como especializados. No entanto, do conjunto de
meio de comunicação ‘traduz’ os significados especialistas que intervêm na produção de
científicos e os converte em uma mensagem uma exposição, vou me ocupar apenas daque-
atrativa, interessante, inteligível e compre- les que estão mais diretamente ligados aos
ensível para os diversos tipos de visitantes, aspectos da sua comunicação, isto é, de uma
sem que sejam necessárias outras ajudas equipe emissora, criadora consciente do dis-
mediadoras além daquelas próprias e consti- curso expositivo e do meio de comunicação.
tutivas da exposição. Duas são as condições,
que aqui vou expor, para que a exposição Como se sabe, o início de uma exposição
funcione como meio de comunicação: por um requer a iniciativa de alguém que teve a ideia

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* No Brasil, a atividade de co- por considerar que a exposição é o melhor sagem por parte dos visitantes respondendo
municação museológica deve meio para contar determinadas coisas a um à questão ‘para quem se conta’.
incluir um museólogo.
grande número de pessoas e obter certos resul- • O desenho da exposição e a montagem:
tados. Se essa pessoa ou grupo de pessoas não especialistas a quem compete responder à
tem capacidade de decisão, terá de apresentar questão ‘como se conta’ e desenvolver o
a ideia a pessoas competentes e convencê-las a projeto museográfico.
aceitar e financiar tal iniciativa. É evidente que
a aceitação por parte dos financiadores pressu- Essa diferenciação não significa uma divisão de
põe que compartilhem o interesse em perseguir competências porque o produto é único e deve,
os objetivos propostos e, consequentemente, portanto, ter um tratamento unitário e coeren-
em realizar o projeto. te, o qual implica haver um entendimento, por
parte de todos, das necessidades de cada um.
O profissional que toma a iniciativa ou recebe
o encargo é geralmente o especialista no con- Além disso, a complexidade atual das expo-
teúdo da exposição e, por essa mesma razão, sições requer a assistência de diversos espe-
é o que também deve adotar, na Espanha, o cialistas em cada campo. Assim, por exemplo,
papel de curador,* por mais que o duplo papel Screven (1993) considera que a equipe de
de pesquisador e curador não garanta a equa- comunicação deve ser formada pelo comu-
nimidade exigida para o correto desempenho nicador, pelo educador e pelo avaliador. As
da necessária coordenação da equipe emissora. fórmulas para integrar e organizar esses profis-
Como estamos já distantes da realização quase sionais são variadas, mas vejamos primeiro seus
unipessoal das exposições, existe praticamen- perfis profissionais.
te um consenso em que a produção requer
a assistência integrada, sob a direção de um
coordenador, de três campos de conhecimentos O pesquisador
especializados relativos a:
• O conteúdo da exposição: a esse especialis- É aquele que sabe o que se tem para contar e,
ta ou grupo de especialistas corresponde a portanto, é o que tem a iniciativa na elabo-
elaboração do roteiro conceitual e a seleção ração de um discurso conceitual, o roteiro de
das peças em função da adequação ao dis- pesquisa. Essa figura tem sido tradicionalmente
curso científico. Em resumo, ocupam-se do a de conservador de museus, entendendo-se
‘que se conta’. como tal o pesquisador, conhecedor da coleção
• A comunicação: esses especialistas resolvem e de seu significado científico. Mas essas
os problemas referentes à recepção da men- condições podem ser cumpridas por outros

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especialistas, como os pesquisadores e os pro- seja, interessante e acessível para os visitantes ** Os termos comunicação e edu-
fessores universitários. não especializados que, além disso, desejam cação, no contexto brasileiro,
devem ser entendidos como
satisfazer suas necessidades cognitivas sem divulgação e ação educativa.
É possível que – como dizem Henrich e Pollak muito esforço. Por essas razões, o comunica-
– existam diferenças notáveis entre os espe- dor tem de ser capaz de entender e apreciar
cialistas de museus e os de outras instituições o discurso científico e o significado das peças
de pesquisa. Eles supõem que a pesquisa no com ele relacionadas; além disso, tem de
museu inclua os objetos cujo significado se in- conhecer as características e necessidades dos
vestiga e a partir dos quais se elabora o corpo diferentes tipos de visitantes, as peculiarida-
do conhecimento, ao passo que fora do museu des da exposição como meio de comunicação
a pesquisa se coloca problemas em um nível e as possíveis dificuldades dos visitantes na
de abstração superior. Daqui resultaria que utilização desse ‘meio’.
o conservador é mais especialista na análise
e no estudo dos objetos, e que ao pesquisa- A característica específica do comunicador
dor científico cabe o discurso disciplinar, em é sua capacidade de ver a exposição com a
relação com o qual os objetos são ‘ilustrações’ mentalidade dos visitantes. Ele é, portanto,
ou demonstrações. Em qualquer dos casos, o um conhecedor dos processos de aprendiza-
fundamental é que os pesquisadores aportem gem informal e do comportamento próprio
um discurso conceitual bem estruturado e que dos diversos visitantes, motivo pelo qual deve
selecionem as peças em função dos conteúdos ter certo domínio de psicologia. Em virtude
conceituais a serem transmitidos com elas, desses conhecimentos, o comunicador é tam-
para que haja coerência entre os conjuntos de bém um ‘corredator’ do discurso expositivo
objetos e as ideias que representam. em seus diversos suportes, e sua colabora-
ção é útil em todas as fases de concepção e
construção do discurso expositivo, como vou
O comunicador expor mais adiante.

Além dos conhecimentos científicos, a equipe Em suma, segundo Screven e outros auto-
necessita dispor de conhecimentos precisos res – como Bringer e Martini, Hall etc. – os
para comunicá-los. Isto é, necessita um comu- especialistas em comunicação traduzem as
nicador, mediador ou educador** que aporte mensagens contidas nos diversos suportes e
os conhecimentos necessários para converter meios utilizados na exposição e configuram
os conceitos e termos próprios do discurso seus formatos de apresentação para torná-los
científico em um discurso de comunicação, ou atrativos. Para Davallon e Jacobi, a mensagem

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global da exposição resulta da articulação des- necessidades: há que garantir uma gestão que
sas mensagens particulares e de sua adequação torne possível a consideração desses públicos.
aos interesses e necessidades do público alvo.

Porém, o comunicador baseia parte de seu O designer da mostra


conhecimento sobre os visitantes na pesquisa e
na avaliação das exposições, e essa é uma das Também chamado de museógrafo, desenha
razões pelas quais é importante incrementar a em primeiro lugar o espaço em que se vão
equipe com os avaliadores que, a pedido do co- implantar as unidades expositivas, compostas
municador, podem aplicar a avaliação no trans- por peças, elementos museográficos e supor-
curso de produção para comprovar a eficácia tes informativos. O espaço forma parte da
de determinadas estratégias expositivas antes exposição como elemento essencial, posto que
que sejam definitivas, ou então ao seu final, é o suporte de mensagem que se ‘escreve’. O
para comprovar a qualidade da experiência. espaço é também mensagem, uma vez que as
inter-relações dos elementos expositivos se vi-
Não se pode ignorar que entre o pesquisador sualizam mediante relações espaciais e, em vir-
e o comunicador pode surgir certo conflito tude dessas relações, cada objeto ou elemento
de interesses porque, sob a aparência de um adquire seu sentido na exposição. As relações
interesse compartilhado pelo público, sobres- espaciais na exposição significam, e por essa
sai no pesquisador um desejo de introduzir razão o espaço informa de uma maneira mais
seus colegas como referentes, seja para evitar ou menos oculta, porém não menos eficaz que
críticas, para não desapontar suas expectativas, a informação explícita. Por último, o espaço
para introduzir suas teorias científicas, para expositivo é também o lugar de recepção da
merecer seu reconhecimento etc., de modo que mensagem da mostra por parte do visitante,
o público é instrumentalizado para controlar o em função do percurso que realiza interagindo
conteúdo da exposição e assim poder satisfazer com a exposição.
os interesses científicos pessoais. A maneira pela
qual se leva a cabo essa estratégia é estudada Portanto, e em relação ao espaço expositivo,
por Triquet e Davallon mediante a análise das o museógrafo deve atender, por um lado,
conversas preparatórias de uma exposição entre a organização do espaço propriamente da
o pesquisador e os comunicadores. Segundo exposição de objetos, o ‘espaço do significado’,
esse estudo, não é suficiente definir e conhecer como o chama Davallon, em que as peças se
os diversos públicos, nem permitir que o comu- inter-relacionam espacialmente e são expostas
nicador pretenda representar seus interesses e nos suportes especialmente desenhados para

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elas junto à informação complementar; por capacidade de gestão e de liderança, porque
outro lado, ao espaço de percurso destinado corresponde a conduzir a equipe e executar
ao visitante, onde tem lugar a apropriação da o projeto de acordo com um cronograma que
mensagem por parte deste. Não são dois espa- garanta a inauguração na data prevista e a
ços independentes, porque não se pode definir obtenção de resultados.
um espaço sem levar em conta o outro e não
existe um sem o outro, da mesma maneira que O coordenador deve ser uma figura diferen-
não há exposição se não houver visitantes. ciada, e não um profissional de uma das áreas
citadas que assuma, além das tarefas próprias,
Por último, a equipe de museógrafos também a de coordenar, porque neste caso seria muito
se ocupa de garantir as condições de conser- provável que direcionasse a exposição para seu
vação-climatização que as peças requerem; próprio campo.
as de segurança, desde o desenho das vitrines
até a instalação de dispositivos; os aspectos de
conforto ambiental etc. M. Hall divide e ordena O financiador
as tarefas do museógrafo em sete etapas, que
dão uma ideia da quantidade e variedade Pode ser uma entidade pública ou privada,
de responsabilidades que competem a esse dependendo da característica do museu (pro-
profissional. O trabalho do museógrafo requer priedade pública ou privada) e da proveniência
também a assistência de outros especialistas, da iniciativa de se fazer a exposição (entidade
técnicos na realização das diversas mídias, tais pública ou privada). De qualquer maneira, é a
como os designers gráficos e os responsáveis ele que corresponde a aprovação do projeto. A
por audiovisuais multimídia, suportes interati- importância da parte financiadora pode ser tal
vos, cenográficos etc. que na realidade seja ela o verdadeiro emissor
– aquele que decide a mensagem a se trans-
mitir, a quem se deva transmitir e a finalidade
O coordenador que se pretenda obter com a exposição.

A equipe de produção da exposição requer


um coordenador que dirija os trabalhos, que Funcionamento da equipe
se responsabilize pela finalização no tempo
previsto e nas condições acordadas e que con- Com relação ao funcionamento da equipe, não
trole para que a mensagem não se desvirtue. existe apenas uma maneira de se produzir uma
O desempenho desse trabalho requer grande exposição. De fato, Alberto Angela realizou um

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estudo sobre quem decidia e quem realizava Uma visão de conjunto sobre essa diversidade
a exposição em cinco museus representativos nos permite distinguir três etapas evolutivas:
da Europa e dos Estados Unidos, e resultou na primeira, o conservador é o único respon-
que em cada um deles se resolvia a questão de sável; na segunda, predomina o trabalho em
maneira diferente. equipe, e na terceira, a colaboração se estabe-
lece entre os grupos de profissionais.
Assim, no Smithsoniam Institution Museum of
Natural History a exposição era realizada por
uma equipe de cinco pessoas: o coordenador As competências da equipe emissora. As
– curador – que decidia o argumento, selecio- estratégias expositivas
nava os objetos e contatava o especialista no
tema; o conservador no sentido estrito, que Em termos gerais, a competência da equipe
se responsabilizava pelo estado da coleção; emissora é garantir que o resultado da visita,
o museógrafo, que realizava a apresentação para os diversos tipos de visitantes, seja o de ha-
da exposição, e o educador, que se ocupava ver desfrutado de uma experiência gratificante e
dos textos, das ilustrações etc. Quem dirigia o satisfatória porque a informação transmitida foi
trabalho era o coordenador. interessante e compreensível. O desafio que os
membros da equipe têm de vencer em conjunto,
No American Museum of Natural History a como já dissemos, é o de traduzir o conhecimen-
equipe era de três pessoas: o coordenador, to científico, com sua linguagem e lógica pró-
que decidia o tema e selecionava os objetos, prias, em uma mensagem atrativa, interessante,
o museógrafo, e o coordenador da exposição, inteligível e compreensível para as pessoas que
que se ocupava dos aspectos de comunicação, não são especialistas. A utilização conveniente
correção de textos etc. das estratégias expositivas pode ajudar a fazer
da exposição um meio de comunicação autossu-
No British Museum of Natural History, de Lon- ficiente para atingir esse objetivo.
dres, existia uma equipe composta por vários
subgrupos: a equipe de especialistas em conte- Para conseguir esse propósito, é conveniente
údos, a equipe de museógrafos, que definia as que a equipe resolva algumas questões básicas
linhas das apresentações, e a equipe de comu- e depois aplique as estratégias expositivas
nicadores, que recolhia as propostas dos demais levando-as em conta.
e realizava a exposição. Nesse caso, quem
decidia o que seria exposto era o Departamento As questões básicas em que os membros da
de Serviços Públicos, os comunicadores. equipe devem estar de acordo são estas:

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• Concretizar a finalidade e os objetivos da sição e dos visitantes segue em paralelo: a
exposição de maneira que se convertam em exposição terá os visitantes que consciente ou
uma referência para a tomada de decisões. inconscientemente a equipe levou em conta no
Aconselha-se que a finalidade contemple planejamento e na elaboração da exposição.
aspectos cognitivos, emocionais e comporta-
mentais no âmbito de uma situação educati- Os visitantes e os objetivos que pretendemos
va informal, ou seja, aquela que corresponde atingir em relação a eles serão os referenciais
a uma atividade realizada em período de que a equipe terá de seguir para resolver acer-
ócio, que é voluntária e que, portanto, o tadamente estas estratégias expositivas:
visitante pode interromper quando não se • Concretizar e estruturar o tema da expo-
sentir satisfeito. Nessa situação ele deseja, sição. Nessas questões aparentemente têm
mais que aprender, conseguir que os objetos mais peso os conhecimentos do pesquisador
expostos tenham algum sentido em sua e do comunicador, mas também o museó-
vida. Cabe sobretudo ao curador não perder grafo terá de conhecer a fundo o tema antes
de vista os objetivos e recordá-los à equipe de desenhar o espaço expositivo. Se levar-
quando necessário. mos em conta que a condição fundamental
• Definir as características dos diversos tipos para que a exposição tenha êxito é que o
de público a que se dirige a exposição tema desperte a curiosidade dos visitantes e
(adultos individuais, adultos em grupos, mantenha seu interesse ao longo da visita,
famílias, escolares, jovens etc.) e suas carac- é importante nos assegurarmos de que além
terísticas sociodemográficas (idade, estudos, de ser relevante cientificamente, o tema seja
procedência, língua etc.), as expectativas significativo para os visitantes que deseja-
e motivações que cada um deles possa ter mos atrair. Por essa razão, há que se estabe-
para com a exposição, assim como as dificul- lecer quais conhecimentos e atitudes dizem
dades de percepção, inteligibilidade, leitura, respeito ao tema selecionado, quais erros
mobilidade, compreensão etc. Quanto mais espontâneos podem surgir, o que mais pode
soubermos sobre os diversos tipos de visi- ser interessante sobre ele, como pode ser útil
tantes que desejamos atrair para a exposição para o público etc. Está demonstrado que os
e quanto mais os levarmos em conta, mais visitantes se interessam pela informação que
acertaremos em satisfazer suas expectativas. lhes é familiar, em que reconhecem aspectos
de seu mundo, de sua vida familiar ou social,
Cabe à equipe de comunicação apontar esses sobre os quais desejam saber mais. A seleção
conhecimentos sobre os visitantes porque, do tema da exposição deve levar em conta
como disse Schiele, a configuração da expo- essa necessidade de proximidade, e o co-

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municador é quem deve facilitar a chegada sendo necessário dar sentido aos objetos ex-
dessa informação ao pesquisador. postos. Desse modo, cada conjunto significa
a ideia ou conceito referencial comparti-
Por último, convém relembrar que uma infor- lhado pelos objetos que o formam; por isso,
mação bem estruturada é mais compreensível, está na exposição com um único significado
ainda mais se essa estrutura receber destaque. preestabelecido, preferencialmente rela-
Aplicando essa norma à exposição, será ne- cionado ao seu contexto original, em que
cessário desmembrar os conteúdos temáticos teve uso e função determinados. Ao expor
– compostos de tema e comentário – em uma os conjuntos funcionais que compartilham
série de campos temáticos, e estes, por sua espaço, tempo e função social, visualizam-se
vez, em outros conceitos de nível inferior. A as relações entre as partes e o todo, o que
relação hierárquica dos conceitos vai orga- dá sentido ao conjunto e aos elementos
nizar desse modo toda a exposição, porque que o constituem. Outra chave associativa
dela deriva a hierarquização dos objetos em interessante do ponto de vista comunicacio-
grupos e subgrupos; do espaço em plantas, nal é a que relaciona os objetos em função
salas, vitrines etc.; e da informação em níveis dos processos e transformações pelos quais
de leitura que se devam marcar ou sinalizar passaram, por exemplo os processos técnicos
como tais. A estruturação dos conceitos re- de produção, nos quais desempenharam
quer ainda organizá-los em uma função lógi- a função de instrumento ou produto, e os
ca discursiva ou superestrutura que relacione evolutivos, em que o desenho geralmente se
entre si os campos temáticos e os distribua transforma para se adaptar a novas neces-
em determinada ordem de leitura – esta sidades. Quanto mais rica em conteúdos
vai definir o circuito expositivo proposto ao for a chave associativa usada, mais terá de
visitante, tendo em conta suas necessidades ser explicada para que se entenda, e isso
intelectuais e emocionais. depende, em grande parte, da informação
• Selecionar e relacionar os objetos para que complementar que veremos a seguir.
comuniquem o que se deseja, levando em • Elaborar a informação complementar. A
conta que as características físicas das peças informação complementar tem o papel
sejam compatíveis com as condições espa- comunicacional de explicitar com rigor
ciais da sala de exposição. Para isso deve ser científico e de maneira compreensível o
selecionados e associados intencionalmente significado dos objetos na exposição, isto é,
em função do conceito que se deseja trans- explicar o sentido não somente em relação
mitir (chamado de chave associativa), ainda ao discurso expositivo, mas também em re-
que às vezes se proceda de forma inversa, lação à experiência pessoal do visitante, para

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que se tornem significativos para ele. Essa que o visitante-leitor possa reconhecer a
informação é absolutamente necessária para organização textual etc.
que a exposição seja um meio de comuni- – A informação gráfica (gravuras, desenhos,
cação autossuficiente. Pode ser apresentada fotografias, mapas, esquemas e diagramas)
em diversos suportes: é uma linguagem icônica que ajuda a
– O texto escrito é o meio mais tradicional e visualizar conceitos, termos ou situações
usual de oferecer informação nas exposi- mencionados nos textos com a intenção
ções. É também o preferido, possivelmen- de ajudar em sua representação mental e
te, porque a leitura se acomoda à veloci- na reconstrução das cenas. Com relação às
dade e à capacidade de compreensão do imagens, o comunicador tem de consi-
visitante. É, portanto, o mais eficaz em derar se elas ajudam a explicar o objeto
termos de aprendizagem e linguagem, é ou se elas mesmas devem ser explicadas,
o único codificado e, portanto, autossu- porque a imagem isolada, e não relaciona-
ficiente, porque os outros meios reque- da com um texto, pode se tornar ambígua.
rem ajuda. É, além disso, o meio idôneo Também é preciso evitar o uso de imagens
para explicitar as chaves associativas em elaboradas no processo de pesquisa, por
títulos sugestivos e explicar os conjuntos não serem adequadas à capacidade de
de objetos hierarquizados em textos que, reconstrução do visitante.
consequentemente, oferecem diversos – Os meios audiovisuais são todos os que
níveis de leitura. Para que esses textos utilizam um desses sentidos ou os dois
sejam rigorosos, têm de ser redigidos e para transmitir a informação. Compreen-
revisados por um especialista; para que dem desde os audioguias e audiovisuais
sejam atrativos, têm de ser legíveis e ter mais simples (como os diaporamas) até os
um bom desenho gráfico; por último, para mais sofisticados sistemas multimídia. São
que respondam à curiosidade do visitante meios cada vez mais utilizados nas expo-
e sejam breves, precisos e compreensí- sições por serem atrativos e eficazes para
veis, devem ser tratados pelo comunica- visualizar com realismo os cenários e as
dor, o qual irá estruturar também essa atividades ali realizadas, embora tenham
informação, de maneira que cada título uma desvantagem em relação aos textos:
ofereça o sentido global do texto. Evite o relato segue a uma velocidade determi-
o abuso de termos especializados; cuide nada e o receptor deve se acomodar a ela,
da composição sintática das frases e de motivo pelo qual convém levar em conta
seus nexos; procure que a apresentação da seus ritmos de atenção e fadiga. Como são
informação atualize esquemas prévios e elaborados por técnicos muito especia-

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lizados, é preciso revisar tanto seu rigor medida que o percorre, no qual deve haver
científico como a compreensão do texto uma perfeita adequação entre a estrutura
explicativo e das imagens. conceitual do discurso expositivo, a estrutura
– A eficácia comunicativa dos meios tridi- espacial da exposição e a lógica espacial do
mensionais reais ou virtuais se baseia no visitante que o comunicador deve facilitar
princípio da analogia. Seu uso se justifica (tendência a iniciar a visita pela direita,
pelo desejo de facilitar a compreensão das tendência em direção à saída e a transpor
relações significativas entre os elemen- as portas etc.). O espaço expositivo é o lugar
tos de um contexto. Modelos, maquetes, de interação entre o visitante e a mensagem
dioramas, ambientes ou reproduções expositiva: do percurso existente dependerá
de interiores, de paisagens urbanas, de a mensagem a ser construída, motivo pelo
ecossistemas e jazidas arqueológicas são qual Véron e Levasseur (1989) afirmam que
recursos que podemos empregar para a exposição propõe e o visitante compõe
demonstrações, quando se apresenta um através de suas próprias estratégias de visita.
processo técnico, por exemplo: para re- Mas nessa liberdade de escolha e construção
constituir ou reproduzir contextos origi- reside parte do desfrute da visita.
nais que o visitante contempla através de
uma janela imaginária, ou para integrar Além disso, o desenho do percurso tem de
o visitante no próprio espaço imaginário possibilitar não só a visita individual mas tam-
onde ele pode se mover e do qual pode bém a visita de um pequeno grupo familiar e a
supor que faça parte. São meios muito dos grupos maiores. Nesse sentido, a exposição
atrativos, mas sabe-se pouco sobre sua pode se converter em uma experiência social,
eficácia no campo do conhecimento. e parte de seu desfrute consiste precisamente
Sua elaboração requer especialistas que em compartilhá-la.
dominem os aspectos técnicos e que
compreendam bem os conceitos e valores No ‘espaço de significados’ já mencionado o
a serem transmitidos. museógrafo deve, por um lado, enfatizar o
aspecto simbólico dos objetos e, por outro,
• Desenhar o espaço expositivo. A considera- relacioná-los entre si e com a informação
ção fundamental que a equipe deve levar em complementar que se refere a eles. A estrutu-
conta para que o desenho da exposição aju- ra conceitual da exposição e a consideração
de e não interrompa a comunicação é, como dos comportamentos habituais dos visitantes
já disse, que a exposição é uma mensagem é que devem decidir a distribuição e a orde-
no espaço do qual o visitante se apropria à nação dos objetos no espaço e sua eventual

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sinalização com os meios técnicos pertinen-
tes: iluminação, cores, pedestais, texturas etc.

A situação de cada objeto no conjunto da


exposição depende de seu significado, e as leis
da percepção visual devem ser aplicadas in-
tencionalmente para que esse significado seja
entendido pelo visitante. Da mesma maneira,
os recursos museográficos devem enfatizar a
intencionalidade simbólica que se quer dar
aos objetos e atuar como ponteiros que mar-
quem, sinalizem, ordenem, hierarquizem etc.
o que interessa em cada um deles, em função
do discurso. Esses efeitos têm de ser compa-
tíveis com as coisas vistas, criando contrastes
entre os objetos e seu entorno para que não
haja efeitos de deslumbramento (excesso de
luz) e reflexos, nem cansaço provocado pela
contínua adaptação a diversas densidades de
luz etc. Também convém levar em conta que
a iluminação deve ser suficiente para a leitura
de textos, imagens etc., deve criar espaços
confortáveis e facilitar o percurso.

Finalmente, a exposição não acaba com a


inauguração. Na realidade, ela começa aí, e
é preciso acompanhar seu funcionamento
corrigindo o que não funciona e melhorando
aquilo que seja apontado pelos visitantes.
Recomenda-se avaliar os resultados para
aprender com a experiência.

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Bibliografia

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exposition. Paris: Centre Georges Pompidou, 1989.

76 77

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Área de Conservação e Restauro atitude que inspira o planejamento, constitui
a base de uma gestão de riscos eficaz.

A Área de Conservação e Restauro deve


Paloma Muñoz-Campos
trabalhar com o objetivo de conseguir um
Restauradora. Conservadora do Corpo Facultativo de Museus
compromisso consensual entre desfrute e
Museo Nacional de Artes Decorativas, Espanha
preservação. Não deve ser vista, portanto,
como geradora de obstáculos para a inter-
Esta área abrange as competências relaciona- pretação e a exposição das coleções, mas sim
das com a integridade física dos bens cul- como articuladora de soluções que permitam
turais durante todo o processo da exposição o uso dos bens culturais ao menor custo de
temporária. deterioração possível, de forma que ao final
da mostra se possa responder sempre “Sim” à
A integridade física dos objetos se vê cons- pergunta “Valeu a pena correr o risco?”. Nesse
tantemente ameaçada em virtude da con- sentido, é fundamental a criação de hábitos
solidação das exposições temporárias como de prevenção e sua transmissão adequada às
pontes culturais muito frequentes em nossos demais áreas de competência.
dias. Na realidade, os bens culturais são frá-
geis e respondem com alterações quando são
retirados de sua localização habitual e con- O cenário
vertidos em objetos em movimento. O equilí-
brio que haviam alcançado com o ambiente O uso descontrolado (ou o abuso, que não é
durante um lento processo de adaptação se mais que o ‘uso sem reflexão’) daquilo que
rompe de maneira brusca, com consequências nos produz desfrute pode conduzir à sua
que em geral comprometem gravemente sua destruição. No caso do uso de bens culturais
preservação no futuro. com fins expositivos, a reflexão prévia sobre a
viabilidade e o custo econômico do traslado e
O enfoque da Área de Conservação e Restauro montagem de cada objeto é uma das primei-
deve recair sobre a gestão dos riscos a que os ras tarefas da Área de Conservação e Restauro
bens são submetidos, com a finalidade de de- durante a gestação de um projeto de exposi-
tetar situações evitáveis e aplicar mecanismos ção temporária.
para preveni-las. É, portanto, sua principal
competência levantar os problemas para Essa é a razão pela qual é imprescindível a pre-
neutralizar seus efeitos. A prevenção, como sença de um conservador-restaurador desde o

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início do projeto. Não basta que o restaurador nos avisa que os maiores riscos se produzem
seja contratado para a montagem, é necessário durante a manipulação, motivo pelo qual a
que muito antes desse momento os especialis- qualidade dos materiais é fundamental, bem
tas em conservação tenham ditado uma série como a excelência das técnicas e a qualifi-
de pautas, as quais condicionarão divisões cação dos funcionários, aspectos que não
orçamentárias importantes no conjunto do deveriam ser esquecidos.
investimento expositivo.
Assim como a Área de Gestão e Organização é
A Área de Conservação e Restauro deve responsável pela chegada da informação e das
se encarregar de examinar os objetos e de instruções à pessoa adequada e no momento
relatar as condições às quais cada um deles preciso, a Área de Conservação e Restauro é
está adaptado. Paralelamente, estudará responsável por toda a informação que incide
com detalhes as características da(s) sede(s) direta e indiretamente no bem-estar físico dos
proposta(s). Em que medida e (a que custo objetos, a qual deve estar bem relatada e com-
econômico) a sede pode ser preparada para pleta. Isso se refere a aspectos como o levan-
cumprir as condições requeridas, será um as- tamento das dimensões, do peso e do histórico
pecto chave para determinar a viabilidade do termo-higrométrico e de iluminação, tanto da
projeto inicial e/ou as modificações necessá- peça como dos detalhes relevantes presentes
rias para levá-lo adiante. no Facility Report (Informe de Instalaciones,
na Espanha), as instruções para um manuseio
A experiência demonstra que é precisamente seguro, as necessidades de transporte e emba-
nesse ponto que as exposições temporárias lagem, os detalhes dos suportes museográficos
apresentam hoje em dia um de seus pontos e as instruções para a montagem.
mais frágeis. É comum esperar até estágios
avançados do projeto para comprovar se a De maneira geral, três elementos do fenômeno
ideia inicial do curador, interpretada pelo atual sem precedentes das ‘exposições tempo-
museógrafo, é factível na prática, sem um rárias’ podem ser qualificados como inimigos
custo desproporcional em termos econômi- da conservação: a proliferação concentrada das
cos ou de conservação. Em muitas ocasiões o mostras, a crescente tendência para a multipli-
orçamento inicial para a montagem é ultra- cidade de sedes (locais) e a pressa com a qual
passado, mas não o custo total da exposição, se levam adiante muitos desses projetos.
por isso cortam-se os orçamentos para a
embalagem e o transporte, o que implica uma A proliferação de exposições em torno de
falsa economia. A experiência, mais uma vez, uma efeméride histórica (centenários, cele-

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brações, “O Ano de...” etc.) ou uma conjuntura A pressa impede o planejamento adequado
política (etapa pré-eleitoral, nomeação para e favorece o desentendimento. Quando o
cargos etc.) conduz à inflação em determina- tempo é escasso e é preciso respeitar a data de
dos momentos. A concentração cronológica inauguração, os canais de comunicação entram
de exposições pode implicar diversos fatos em colapso e os conteúdos não chegam a seus
que redundam diretamente na qualidade dos destinatários com a atenção suficiente. Às
procedimentos de conservação: menor dispo- vezes também as instruções para a montagem
nibilidade de pessoal qualificado e de frotas ou os parâmetros de umidade permitidos para
de transporte de alta qualidade, cronogramas um objeto não chegam – embora tenham sido
alterados ou comprimidos, sobrecarga de tra- fornecidos – ao responsável por verificar até
balho para os profissionais nos museus, tensão que o courier chegue à sala.
adicional em todos os âmbitos etc.
Assim, costuma surgir um ambiente de
A multiplicidade de sedes em torno a um proje- confusão na cena de montagem: vitrines sem
to expositivo, tendência crescente no intuito de terminar, ferramentas espalhadas, couriers
tornar esses eventos mais rentáveis, aumenta que se amontoam descontentes esperando sua
geometricamente os riscos. Se os responsáveis vez, cabos, escadas por toda parte, jornadas
pela manipulação estão bem formados, bem de trabalho intermináveis e coordenadores em
equipados, acostumados a trabalhar em equipe, ‘estado de choque’, fatos estes que convertem
recebem as instruções adequadas, estão bem os espaços de trabalho em terrenos perigo-
dirigidos e conhecem a metodologia de mon- sos para a manipulação segura, um campo
tagem e as características da sede, os riscos são minado para os bens culturais e para a saúde
baixos. Mas o emprego de diferentes equipes, dos profissionais.
com experiência muito variável e desconhecen-
do rotas e acessos no lugar de destino, significa Sem se mostrar catastrófica, a Área de
um risco consideravelmente mais elevado. Do Conservação e Restauro deve alertar sobre
mesmo modo, em cada sede as novas vitrines a confluência de riscos em determinados está-
recém-pintadas elevam o risco de poluição gios do projeto e velar pelo cumprimento dos
interna e os danos causados pela liberação de padrões de qualidade em aspectos tais como
compostos orgânicos voláteis. os materiais empregados, a qualificação e
capacitação dos profissionais que têm contato
Muitas vezes como consequência dos dois direto com as obras, ou o cumprimento das
itens anteriores aparece o terceiro inimigo, a condições de temperatura e umidade exigidas
precipitação no desenvolvimento dos projetos. pelo comodante.

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Profissionais envolvidos As atuações da Área de Conservação e Res-
tauro podem ser vistas de dois ângulos: o
• Conservador-restaurador da instituição comodante e o da instituição
• Técnico em iluminação organizadora da mostra.
• Especialista em suportes museográficos
• Especialista em manuseio de obras de arte A. No primeiro caso trata-se dos profissionais
• Técnico em transporte em conservação e restauro pertencentes
à instituição comodante ou contratados
Quase todos os profissionais que integram essa por ela.
área são os que se apresentam mais claramen- B. No segundo caso trata-se dos profissionais
te conscientes da fragilidade do patrimônio em conservação e restauro pertencentes
e dos riscos, porque trabalham dia a dia em à entidade organizadora da mostra ou con-
estreito contato com as obras. Devem esfor- tratados por ela.
çar-se para favorecer o diálogo fluido com
o restante das áreas de competência. Devem
estar preparados para tomar decisões volta- A. Conservadores-restauradores da
das à manutenção da integridade dos bens instituição comodante
culturais, diante dos imprevistos (uma conexão
de voo perdida, um caminhão quebrado, uma Uma vez aprovada a listagem de obras, o
tempestade inesperada). conservador-restaurador examinará o estado de
conservação de cada um dos objetos solicitados,
Suas tarefas não podem ser realizadas sem em relação aos riscos aos quais serão subme-
o trabalho em equipe. Além disso, em vários tidos, em função da sede e das características
momentos do desenvolvimento do projeto do itinerário previsto. Revisará com atenção os
eles estão trabalhando no mesmo espaço detalhes do Facility Report que sejam relevantes
físico, compartilhando problemas e propondo para a conservação dos bens (nem todos os da-
soluções viáveis. dos que normalmente constam desse documen-
to incidem na conservação dos objetos). Com
É sobre esses profissionais que recai a respon- esses dados, informará sobre a conveniência
sabilidade de determinar os limites de risco do empréstimo e redigirá as recomendações
aceitáveis em cada caso, aquele risco que se ou condições que devem ser cumpridas para
encontra a meio caminho entre o risco baixo – garantir a conservação durante todo o processo,
o ‘risco zero’ não existe nas exposições tempo- assinando esse documento e fazendo-se respon-
rárias – e a perda total de um bem cultural. sável pela avaliação realizada.

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Para cada objeto esse profissional determi- • Exigência e determinação de sistemas passi-
nará as necessidades específicas de embala- vos de controle no âmbito da vitrine.
gem (tipo, dimensões e materiais) e redigirá • Determinação de necessidades de aclima-
as instruções para a confecção do suporte tação especial, tanto durante o transporte
da exposição. Determinará as condições de como na chegada e durante a mostra.
iluminação, umidade relativa, temperatu- • Redação das instruções para embalagem e
ra e – se for o caso – as necessidades de transporte: elaboração de croquis e fotogra-
restauração e os respectivos orçamentos. Essa fias, se necessário.
informação deverá chegar com antecedência • Redação das indicações para a montagem.
suficiente à área de gestão, à empresa de • Redação dos laudos de restauração, se
transporte, aos encarregados da museografia necessário.
e ao técnico em iluminação, para que se re- • Supervisão de embalagem/desembalagem/
servem as verbas necessárias para o cumpri- reembalagem.
mento de todas as exigências. • Acompanhamento das obras como courier.
• Registro e documentação – escrita e gráfica –
Ações/Funções de incidentes durante o manuseio, o transpor-
• Parecer sobre a conservação: avaliação do es- te, a desembalagem/reembalagem, a monta-
tado do objeto e da viabilidade de seu traslado. gem, a desmontagem e/ou a coleta da obra.
• Análise do Facility Report: avaliação das • Conferência da documentação complemen-
condições e proposta de modificação, caso tar e assinatura de atas ou de laudos de
necessário. conservação.
• Redação das necessidades de restauração, tem- • Manuseio dos objetos com materiais e ferra-
po estimado e levantamento orçamentário. mentas adequadas.
• Redação de relatório de conservação em • Manuseio das embalagens com instrumentos
trânsito para cada uma das obras. e ferramentas pertinentes.
• Definição de parâmetros de conservação
preventiva para cada uma das obras: ilumi-
nação – de acordo com histórico de ilumina- B. Conservadores-restauradores da
ção –, parâmetros de umidade relativa e de instituição organizadora
temperatura, se necessário.
• Exigência e determinação de sistemas Conforme as razões já expostas, a assistência
auxiliares de medição, registro e controle de da Área de Conservação em uma exposição
parâmetros durante o transporte, o manu- temporária não deve limitar-se ao momento
seio e a exposição. da montagem em si. A instituição organiza-

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dora da mostra deve contar com a assistência O coordenador da mostra deve assegurar que
desse tipo de profissional desde as primeiras a informação seja transmitida a toda a equipe,
fases do projeto expositivo. Sua colabora- de modo que se façam as retificações opor-
ção desde o início permitirá que a entidade tunas antes que seja tarde demais ou que a
organizadora disponha de uma interpretação intervenção se torne muito cara. Por isso os
técnica de determinados conceitos relativos à especialistas em conservação preventiva é que
conservação das obras, incluídos em documen- devem supervisionar as especificações técnicas
tos como o Facility Report ou nos documentos que serão exigidas de determinados servi-
que acompanham o empréstimo. Assim, já nos ços contratados pela entidade organizadora
primeiros momentos da gestão da exposição (como o desenho e a produção museográfica,
será possível dispor de relatórios que atestem a montagem, a embalagem e o transporte),
a idoneidade ou não das condições oferecidas se estão bem especificadas nos cadernos e se
pelas salas da sede expositiva em matéria de correspondem às necessidades que é preciso
conservação das obras, assim como a viabilida- contratar. Nesse sentido, esses mesmos espe-
de ou inviabilidade em cumprir determinadas cialistas também deverão avaliar as propostas
exigências do comodante. apresentadas, para comprovar que se ajustam
às necessidades em termos de qualidade, mate-
Neste ponto é necessário destacar que o riais e técnicas a empregar.
conservador-restaurador deve comprovar que
a informação fornecida pelo museu comodante No caso dos empréstimos de coleções priva-
é completa no que se refere aos dados sobre o das que não disponham de serviços próprios
estado do objeto, suas dimensões detalhadas de conservação, a equipe contratada pela
(medidas completas, medidas de suas partes ou entidade organizadora revisará o estado da
elementos, medidas dos suportes ou fixadores), obra solicitada e suas necessidades. Assim se
as indicações para confeccionar o suporte de evitarão situações desagradáveis, como o fato
montagem e qualquer instrução relevante de não se permitir a exposição de uma obra em
com relação ao seu manuseio. Se os dados determinada sala em razão do seu estado pre-
não forem completos, o coordenador deverá cário de conservação, com os custos adicionais
exigi-los. É importante que se disponha dessas relacionados a essa eventualidade (intervenção
informações nesse momento, dependendo não orçada, gastos para a devolução antecipa-
da relevância do objeto e da maior ou menor da, modificações no catálogo etc.).
complexidade de exigências de manuseio e
montagem, já que esses dados podem condi- Finalmente, é de sua responsabilidade o
cionar a viabilidade econômica do projeto. acompanhamento de todo o processo de re-

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cepção das obras e a supervisão da montagem • Realização de análises de conservação das
e da instalação, bem como a análise do seu obras desde a desmontagem até a reembala-
estado de conservação e a comparação com gem para devolução.
o laudo de conservação trazido pelo courier, • Registro e documentação – escrita e gráfica
se necessário. A equipe de conservação, em – de incidentes durante a manipulação, o
parceria com o pessoal de manutenção da sala transporte, a desembalagem e a montagem
expositiva, deve garantir que se cumpram as da obra.
condições de conservação uma vez inaugurada • Conferência da documentação complemen-
a mostra. Ao seu término, fará a supervisão da tar e assinatura de atas ou de laudos de
desmontagem e reembalagem, bem como uma conservação.
nova análise do estado de conservação das
obras antes de sua devolução.
Os desafios
Ações/Funções
• Supervisão e interpretação dos dados conti- Podemos afirmar que já é uma prática habitu-
dos no registro de cada obra. al, amplamente aceitável, investir em inter-
• Interpretação e relatório das condições em venções de restauração nos objetos escolhidos
matéria de conservação das salas. para fazer parte das mostras temporárias.
• Supervisão de embalagem/desembalagem
das obras em sua recepção e coleta. Diálogo fluido e trabalho em equipe são dois
• Supervisão do cumprimento dos parâmetros elementos chaves para que a conservação
de conservação preventiva para cada uma preventiva seja considerada um elemento
das obras. fundamental, e não um obstáculo no proje-
• Supervisão dos sistemas auxiliares de medi- to e no desenvolvimento de uma exposição
ção, registro e controle de parâmetros. temporária de bens culturais, de modo que os
• Supervisão das condições de manuseio e investimentos nesse sentido sejam vistos como
instalação das obras. necessários para levar a bom termo a realiza-
• Supervisão e instalação de sistemas passivos ção do trabalho.
de controle no âmbito da vitrine.
• Realização de análises de conservação desde A busca pela excelência no trabalho dos profis-
o momento de sua recepção na sala até seu sionais que intervêm na Área de Conservação
local expositivo. e Restauro e a conscientização dos outros
• Acompanhamento das obras durante o perí- profissionais sobre a importância de colaborar
odo expositivo. com a prevenção dos riscos inerentes aos bens

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* No Brasil, a definição de Mu- culturais fazem parte do caminho que ainda Área de Design e Montagem
seografia refere-se ao conjun- nos cabe percorrer. Só assim conseguiremos Museográfica
to de técnicas e práticas apli-
cadas no museu, tais como, fazer desses eventos privilegiados para o inter-
desenho e montagem de ex- câmbio cultural lugares mais dignos e seguros
posição, gestão e preservação. para acolher e valorizar o patrimônio cultural
que foi colocado sob a nossa guarda. A MUSEOGRAFIA

Não foram incluídas referências bibliográficas Fernando Arechavala Lascurain


neste texto por tratar-se de uma mera reflexão Museógrafo. México
sobre o que, no meu entender, é a área de
competência de conservação e restauro em
seu longo e complexo caminho numa exposi- Em 1970 o Conselho Internacional de
ção temporária. Minhas reflexões se baseiam, Museus (Icom) definiu a museografia como
sobretudo, na experiência, na observação “a técnica que expressa os conhecimentos
dos contextos e no estudo de publicações de museológicos no museu. Trata especialmente
conservação preventiva. Aquelas que consultei da arquitetura e organização das instalações
para a elaboração deste texto já se encontram científicas nos museus”. Uma década mais
na bibliografia indicada nos anexos. tarde apurou-se o conceito, agora expresso
como “um conjunto de técnicas e práticas
aplicadas ao museu”.

Seja como for, a museografia* demonstrou


ser uma disciplina que ultrapassa em muito a
ideia de ser um conjunto de técnicas e práti-
cas. É, entre outros aspectos, uma atividade
que além dos componentes técnicos e práti-
cos, considera essencialmente a ciência, a es-
tética e a tecnologia como matérias inerentes,
e é justamente sua natureza interdisciplinar
que impulsiona sua constante redefinição.

A museografia é uma espécie de alfabeto cuja


finalidade central é criar, através do equilíbrio
entre ordem e valores estéticos, um discurso

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legível em um espaço expositivo para trans- conceitos que atualmente vibram na definição
mitir, com a maior clareza possível, o conceito internacional de patrimônio cultural, definido
da exposição. Trata-se de uma especialidade na Carta Italiana del Restauro 1987 como
que busca inter-relacionar a estrutura do
planejamento científico ou curatorial com os todos os objetos de qualquer período ou
objetos museais e estes, por sua vez, com os área geográfica que apresentam de maneira
elementos ou suportes museográficos em um significativa interesse artístico, histórico e
espaço determinado. cultural geral. Formam parte desse universo
de objetos obras de arquitetura e de conjun-
Quando exercida sem nenhuma pretensão de tos urbanos, ambientes naturais de especial
destacar-se como protagonista, a museografia interesse antropológico, relacionado à fauna
mostra sua criatividade resolvendo com genero- e à geologia, ambientes ‘construídos’, como
sidade a problemática enfrentada pela museo- parques, jardins e paisagens agrárias, instru-
logia contemporânea em matéria de conserva- mentos técnicos, científicos e de trabalho,
ção, segurança e exibição dos bens culturais. livros e documentos, testemunhos de usos e
costumes de interesse antropológico, obras
Os profissionais que exercem essa atividade de figuração tridimensional, obras de figu-
deverão ser capazes de interpretar um tema ou ração plana sobre qualquer tipo de suporte
conceito e concretizá-lo ordenadamente no es- (mural, papel, têxtil, madeira, pedra, metal,
paço expositivo, inter-relacionando o discurso cerâmica, vidro etc.). Tal universo de objetos,
científico ou artístico com a seleção de objetos em grande parte, se apresenta paleológica e
que ilustram o tema. paleontologicamente isolado ou inserido em
contextos mais amplos, também fragmenta-
damente, na forma de peça arqueológica.
Esfera de ação da museografia
Com esse amplo espectro de ação, é lógico es-
O universo de competência da museografia perar que os atores do campo da museografia
contemporânea compartilha sua matéria com a provenham de múltiplas especialidades, trazen-
conservação do patrimônio artístico e cultural. do cada um suas particulares perspectivas e
São profissões em cujo espectro de influência propostas e conduzindo, com essa pluralidade,
se abordam, simultaneamente, as expressões seu caráter experimental. Dessa qualidade
humanas e as manifestações da natureza. Nesse plural dão conta os numerosos textos teóricos
sentido, a museografia figura seu caráter mul- e práticos que vêm sendo publicados a respeito
tidisciplinar em ressonância harmônica com os da museografia.

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No entanto convém destacar que, indepen- estéticas e conceituais da especialidade, uma
dentemente da especialidade de quem exerce aproximação a suas competências práticas. Em
a museografia, o profissional terá de enfrentar outras palavras, apresentamos uma visão sobre
e resolver aspectos essenciais, entre os quais o sua relação e interação com outras disciplinas
conhecimento do projeto cultural que motiva e atividades no desenvolvimento ou no ‘dia a
a exposição (‘para que’ e ‘para quem’ se faz), a dia’ de um projeto expositivo.
apropriação do discurso científico, a análise do
espaço, a distribuição temática e sua relação
com o objeto, a criação de percursos, a propos- Desenho, produção e montagem
ta cromática, o projeto luminotécnico, a con-
cepção e o desenho de recursos audiovisuais, o Parecer sobre a viabilidade
desenho de gráficos e o desenho de mobiliário,
dispositivos, suportes e demais elementos que A partir do conhecimento geral do projeto
materializem a essência da exposição no espa- expositivo, isto é, da apreciação daquilo que a
ço expositivo. exposição pretende alcançar, passa-se a reali-
zar sua avaliação técnica com base na análise
Deverão ser incorporadas, também, as con- das características e condicionantes, tanto dos
dições e especificações implicadas no trio objetos museais que potencialmente integrarão
Conservação-Segurança-Exposição, ou seja, a exposição, como das prováveis sedes que par-
é preciso aplicar ao projeto museográfico os ticiparão do projeto.
avanços científicos e tecnológicos que garan-
tam a construção do espaço expositivo como Em função das condicionantes implícitas em
um continente academicamente consistente, matéria de conservação e segurança das obras
livre e sugestivo na sua forma, garantindo a ou objetos museais que integram o acervo da
integridade do objeto museal e congruente exposição, essa avaliação preliminar explora
com seu contexto ou projeto cultural. os requerimentos básicos para sua adequada
exposição e, simultaneamente, valoriza as
Em consequência se desenvolve uma pano- qualidades dos prováveis espaços expositivos
râmica das atividades da museografia como interessados no projeto.
disciplina museológica, isto é, como uma ativi-
dade vinculada às especialidades que confluem Com os resultados dessa exploração preli-
nas tarefas expositivas. Este esboço dos proces- minar o museógrafo formula o parecer de
sos sob a competência da área museográfica viabilidade, emitindo uma opinião sobre as
é, sem menosprezar os valores e qualidades condições, adequações e capacidade das

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instituições interessadas em participar no finindo as possibilidades e condições que cada
projeto (Facility Report). Com base na análise um demandará do projeto expositivo. Essa
dos requerimentos de exibição, calcula ainda espécie de histórico clínico denomina-se ‘ficha
o orçamento do desenho, da produção e da técnica’ e recolhe a imagem do objeto, dados
montagem museográfica. sobre sua procedência, autoria ou cultura,
época, técnica, valor, materiais constitutivos,
características gerais, estado de conservação,
Facility Report condições e recomendações técnicas, de se-
gurança e exposição, medidas, peso, avaliação
É possível obter uma abordagem mais precisa e instruções sobre sua conservação, obser-
dos custos do projeto uma vez definida a lista vações sobre seu deslocamento e manuseio,
de obras, aprovadas as solicitações de emprés- embalagem e transporte, especificações sobre
timo e interpretado o conceito acadêmico ou seus créditos no espaço expositivo etc. Após
roteiro científico da exposição. Nesse momento a autorização de empréstimo da obra, a ficha
o museógrafo analisará com o conservador técnica adquire um caráter fundamental e se
as condições de conservação e exposição converte em referência substantiva para a rea-
estabelecidas pelos comodantes, assim como lização do projeto expositivo. Somente após
a avaliação técnica e operativa das sedes parti- a formulação desse documento a exposição
cipantes, indicadas no documento denominado passa de um exercício de imaginação a um
Facility Report. Com esse exercício se definem processo concreto de realização.
os requisitos de conservação e exposição e se
estabelece a aprovação qualificada do progra-
ma de itinerância da exibição. Ou seja, nesse Anteprojeto de roteiro museográfico
momento é necessário conhecer o conceito da
exposição, as obras e os espaços para projetar Em paralelo à documentação do acervo, a
um acontecimento museográfico. área da museografia vem desenvolvendo as
apreciações para a conceituação e o estabe-
lecimento dos critérios gerais do programa
A ficha técnica museográfico. Isto é, vem identificando os
requerimentos e necessidades do projeto, ana-
Simultaneamente, a área de gestão do projeto, lisando os espaços e desenhando esquemas de
através de sua seção de documentação, pes- distribuição que permitam o desenvolvimento
quisou e solicitou informação técnica e acadê- de circuitos para estender, simultânea e coe-
mica sobre as obras e objetos patrimoniais, de- rentemente, a proposta conceitual e o discurso

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museográfico no âmbito da segurança, da Uma vez aprovado o anteprojeto do roteiro
conservação e da exposição das obras ou obje- museográfico e integradas as observações e
tos visuais. Com esse exercício se concretiza o considerações das especialidades mencionadas
anteprojeto do roteiro museográfico. no parágrafo anterior, define-se o roteiro mu-
seográfico partindo, como vimos, do seguinte:
Com o anteprojeto do roteiro museográfico • Textos conceituais
finalizado se reúne o comitê organizador • Roteiro científico ou temático
da exposição – integrado pelas áreas aca- • Programa educativo
dêmica e científica e pelas áreas de gestão, • Lista geral de obras
conservação e restauro, comunicação educa- • Lista de obras por módulo (relação de obras
tiva, projeto cultural, recursos financeiros e ou objetos museais por área temática, se-
administração, como também pelos departa- gundo o roteiro científico)
mentos operativos de segurança, manutenção • Fichas técnicas (incluindo imagens da obra
e limpeza –, para em conjunto dimensionar ou objeto museal, observações e recomenda-
os compromissos e os alcances da realização ções de montagem e exposição)
e operação da exposição e realizar as obser- • Facility Report
vações, ajustes e considerações convenientes. • Planos arquitetônicos do espaço expositivo
Ou seja, verifica-se que se definam os perí- (plantas, elevações, cortes e instalações)
odos da exposição, que os conceitos acadê- • Disponibilidade financeira
micos se expressem com propriedade, que se
cumpram os condicionantes requeridos pelos Essa é basicamente a matéria com a qual,
comodantes para todas as obras ou objetos através do processo criativo, cria-se o cenário
que integram a exposição, que se garanta a para o acontecimento museográfico. A partir
conservação e segurança dos bens patrimo- desse momento só existem duas limitações
niais, que se tenham interpretado os estu- para concretizar – em espaço e tempo – a ideia
dos prévios de público, que a comunicação de uma exposição: o talento e a verba disponí-
educativa se possa desenvolver de acordo com vel. Assim, considerando a substância acadê-
o programa cultural, que a área de vigilân- mica, os objetivos de comunicação educativa,
cia tenha pessoal e os recursos tecnológicos as necessidades de conservação patrimonial,
apropriados e suficientes para responder às os recursos humanos e materiais da sede, as
exigências da segurança, que a manutenção qualidades e limitações do espaço expositivo e
do espaço seja apropriada e que se conte com as cotas financeiras, procede-se à elaboração
os recursos para que a exposição se realize em do projeto museográfico.
condições de limpeza.

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Projeto museográfico Outro fator de suma importância é o projeto
luminotécnico, especialidade cujas qualidades
Com a interpretação do espaço expositivo e estéticas, associadas ao espaço arquitetônico,
seus correspondentes planos arquitetônicos pro- aos elementos museográficos e ao projeto
cura-se a distribuição ordenada do acervo para gráfico, aportam valores plásticos, acentuam
gerar o que poderíamos chamar de ‘território de ou emitem mensagens e sugerem estados de
exposição’, traçando circuitos que relacionem ânimo. A iluminação museográfica é essência
os objetos museais com o discurso científico ou fundamental da proposta cromática e recurso
curatorial que sustenta a exposição. axiomático da museografia.

Essa etapa exige outras capacidades, como o Na museografia contemporânea convergem,


domínio do desenho de objetos, mobiliário, além das anteriores, outras especialidades que,
dispositivos, mecanismos, sustentáculos e segundo o projeto de comunicação educativa,
elementos diversos que, em conjunto, cons- contribuem para expressar, dinamizar ou, em
tituirão o suporte da exposição. Com isso se geral, enriquecer formal ou conceitualmente
atende simultaneamente às inter-relações a exposição. Um exemplo disso é a integração
entre o discurso científico, o objeto museal, os aos aspectos expositivos dos meios eletrônicos,
sustentáculos ou elementos museográficos e o do vídeo, das recreações, das ambientações, das
espaço arquitetônico. ações cênicas etc. Na atualidade, para a anima-
ção do âmbito expositivo é possível recorrer a
É também fundamental nesse momento o papel qualquer forma de expressão que ajude a gerar
do design gráfico. Essa disciplina de comuni- o encontro dialético entre o acontecimento
cação joga e compartilha com a interpretação museográfico e o observador, liberando simul-
espacial e os elementos museográficos um rol taneamente seus potenciais para propiciar uma
fundamental, atuando como ‘identificador experiência significativa.
visual’ dos conteúdos teóricos da exposição me-
diante textos explicativos ou propostas visuais É por meio da interação criativa dessas
sugeridas (fichas ou cartelas, imagens etc.) e especialidades que se alcançam as caracterís-
como agente gerador de estados ou climas ticas formais e conceituais que vão formular
anímicos que se decida oferecer ao observador, o continente expositivo. Essa diversidade de
facilitando a assimilação da mensagem da mos- especialidades evidencia que, na atualidade,
tra e permitindo ou suscitando que o visitante parte fundamental das funções do museógrafo
possa relacionar-se com o acontecimento consiste em atrair para o âmbito expositivo
museográfico desde sua própria perspectiva. profissionais da ciência, da arte e da tecnolo-

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22
Concorrência aberta e pública gia, buscando enriquecê-lo ou experimentar detalhada as especificações sobre os aspectos
aos fornecedores e prestadores novas formas de comunicação. qualitativos e quantitativos de cada elemento
de serviços interessados em
participar. ou serviço para produzir uma museografia
Simultaneamente à inter-relação das especia- que, no âmbito de seu alcance financeiro,
23
Convite: convite seletivo a lidades substantivas do projeto museográfico, privilegie os requisitos de segurança, conser-
fornecedores ou prestadores as obras ou objetos museais se entrelaçam ou vação, exposição e comunicação que caracte-
de serviços.
se distribuem no espaço expositivo através dos rizam a museologia contemporânea.
24
Atribuição direta: adjudicação fluxos ou circuitos que projetam e dão coerên-
fora de concurso ou convite a cia à linha ou às linhas de leitura conceitual Com essa análise rigorosa e com a elaboração
um fornecedor ou prestador propostas pelo roteiro científico. dos anexos técnicos ou cadernos de especi-
de serviços.
ficações geram-se os processos financeiros
Tudo isso se insere no cronograma do projeto ou verbas orçamentárias para concentrá-los
museográfico, o qual considera a elaboração ordenadamente no que se denomina catá-
pormenorizada de cada uma das partes que logo de conceitos do projeto museográfico,
integraram a proposta. documento que deverá constituir a matéria
essencial para a realização e convocação da
participação dos fornecedores nas licitações,
Catálogo de conceitos ou caderno de concorrências,22 convites,23 e/ou atribuições,24
especificações técnicas de acordo com a legislação e as normas de
cada país. Essa etapa se desenvolve, como
Como dissemos, uma vez definido o projeto dissemos, de acordo com as políticas da insti-
museográfico, analisa-se de forma pormeno- tuição que as gera, mas basicamente realiza-se
rizada cada parte do projeto, para proceder um procedimento consistente na designação
ao estudo de mercado. Em outras palavras, de um comitê integrado por especialistas que,
trata-se de uma anatomia exaustiva que pro- somando seus conhecimentos, alcancem os
duz um inventário detalhado do equipamento, critérios suficientes para formular as bases das
dos materiais, componentes, acabamentos, concorrências, analisar as propostas orça-
acessórios e serviços para a produção e reali- mentárias dos fornecedores e prestadores de
zação dos elementos que formarão a proposta serviços, dar um parecer sobre os aspectos
museográfica. Essa tarefa é conhecida como qualitativos dos aspirantes e determinar, em
a elaboração dos anexos técnicos ou cader- função da qualidade, seriedade e custos, o
nos de especificações. A eles se integram as fornecedor ou prestador de serviços que mais
plantas construtivas de cada elemento e/ou a convenha para a produção de cada compo-
descrição dos serviços, anotando-se de forma nente do projeto museográfico.

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A produção do projeto museográfico otimiza a operação e diminui os imprevistos.
Nesse sentido, a preparação do espaço expo-
Esta fase do processo expositivo formula obri- sitivo e a integração sequencial dos diversos
gatoriamente seu próprio cronograma. Impli- elementos e dispositivos, combinados com
ca integrar aos prazos do projeto no conjunto o desenvolvimento organizado das ações e
a participação dos agentes externos (fornece- serviços, permitirá a construção de um âmbito
dores e prestadores de serviços) e estabelecer museográfico atento aos fundamentos da
as sequências em que deverão desenvolver-se museologia de nossos dias.
os diferentes aspectos do processo, isto é,
o que se deve fazer antes e quando, como Para tanto, essa etapa está destinada à rea-
ocorre tal ou qual ação, o que deve ocorrer lização dos trabalhos museográficos maiores
antes de, o que não pode ser feito depois de, ou daqueles que por sua natureza afetem ou
etc. Esse cronograma é uma ferramenta que comprometam a segurança ou conservação
permitirá desenhar uma logística que não só dos bens patrimoniais. É um momento dedi-
contemple os prazos, as formas e as qualida- cado aos trabalhos de carpintaria, alvenaria e
des da produção, mas também harmonize es- serralheria, à realização de instalações elétri-
ses aspectos com os fatores condicionantes de cas, de segurança, climatização e iluminação
segurança, conservação e exposição dos bens e, em geral, àquelas ações que por sua enver-
culturais. Para esse fim é indispensável a su- gadura ou efeitos colaterais podem significar
pervisão dos processos de produção por parte riscos potenciais dos objetos patrimoniais. É,
do museógrafo, estabelecendo e coordenando portanto, a etapa de preparação, construção,
as ordens de execução, verificando os proces- adequação e instalação dos elementos museo-
sos, materiais e acabamentos específicos de gráficos no espaço expositivo.
cada parte e analisando e resolvendo as ações
para cumprir, em sequência e em sincronia
com o programa de trabalho. Montagem ou instalação das coleções (obras
ou objetos que integram a exposição)

Construção e instalação dos elementos Quando se alcança esta fase no processo


museográficos museográfico é que se percebe, com maior
contundência, a eficácia da comunica-
O planejamento adequado de um projeto mu- ção entre as áreas de um museu ou de um
seográfico contribui para a conservação dos espaço expositivo. É nesse ponto que se vê
bens patrimoniais, reduz custos de produção, implacavelmente se o projeto fluiu como

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um acontecimento museológico articulado e A chegada das coleções e seu deslocamento e
integral ou se ele se concretizou como fatos instalação no território da exposição de-
isolados desenvolvidos a partir de e até os penderão, como dissemos, das possibilidades
limites das especialidades. museológicas da sede, já que algumas deverão
ter espaços específicos para armazenamento,
Concluída a construção, adequação e instala- aclimatação e embalagem/desembalagem de
ção de elementos museográficos nas salas de coleções, e outras não. Em todo caso, é neces-
exposição, a Área de Conservação verifica se sário planejamento para poder cumprir com os
as condições de climatização são apropriadas, procedimentos de conservação e segurança.
se a iluminação cumpre os parâmetros esta-
belecidos e, em geral, se o espaço expositivo Assim, iniciaremos essa sequência a partir do
oferece as mais amplas possibilidades para a momento em que se determinou a seleção
salvaguarda das obras ou objetos patrimo- das obras e a área de gestão confirmou os
niais. Da mesma maneira, a área de segurança empréstimos.
implantou procedimentos para o desenvol-
vimento dos trabalhos durante a montagem,
comprovou que sua equipe de segurança Embalagem, manuseio, movimentação e
está a postos, que o pessoal de vigilância transporte de obra
conhece os acordos e procedimentos a serem
observados durante a instalação das coleções A autorização do empréstimo das obras dá
e que se tenha definido tanto a relação das início aos trabalhos de análise para o plane-
pessoas que participarão dessa etapa como jamento relacionado com a embalagem, a
as funções que elas vão desenvolver, identi- movimentação e o transporte das obras e ob-
ficando especialmente os responsáveis que jetos da exposição. Tais ações e procedimentos
coordenarão essa etapa do processo. Uma obrigam a integração de três especialidades: a
montagem planejada implica conhecer e pro- conservação e restauro, o desenho das embala-
ceder de acordo com o universo de processos gens e o perito no movimento e transporte dos
do projeto geral e requer o cumprimento de bens patrimoniais. Essa equipe de profissionais
cada ação para diminuir os contratempos e analisará cada obra ou objeto para formular as
a criação de prazos de reserva que permitam melhores condições de manuseio das coleções,
enfrentar os imprevistos. Estes últimos são estabelecer ações de coordenação e logística,
inerentes a qualquer projeto, e a boa orga- determinar o desenho e os materiais constitu-
nização é a ferramenta fundamental para tivos das embalagens, assim como selecionar
resolvê-los adequadamente. equipes e ferramentas necessárias para a mo-

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vimentação e o transporte da obra. Com isso se na presença do courier e com a participação O termo ‘aclimatar’ refere-se,
25

buscará criar, mais que uma simples caixa, um dos técnicos de manuseio e movimentação aqui, ao tempo que as embala-
gens devem permanecer fecha-
‘traje sob medida’ de cada objeto, com as ca- de obras. Observa-se no documento deno- das; encontra-se, atualmente,
racterísticas que garantam sua integridade na minado ‘Listagem de obras por embalagem’ em franca discussão por con-
travessia de seu local de origem até seu destino ou ‘Lista de obras por caixa’ a sequência de siderar-se que uma boa emba-
lagem deve manter, durante o
expositivo e vice-versa. abertura que convém ao programa de mon- trânsito dos bens culturais, a
tagem museográfica. estabilidade climática.
Essa atividade conjunta fornece a informação
fundamental ao projeto na medida em que
estuda as condições de cada obra, analisa Courier
os movimentos e ações para seu trânsito e
constrói cápsulas de segurança (embalagens) O courier é um representante institucional, pú-
para os bens culturais. Ao mesmo tempo, essa blico ou privado, com responsabilidades, atri-
análise antecipa ao museógrafo informação buições e poderes para cumprir e fazer cumprir
técnica fundamental para o desenho e a acordos, normas, procedimentos e mecanismos
produção dos dispositivos de exposição e os relacionados a manuseio, acondicionamento,
requerimentos técnicos e humanos que terão embalagem, transporte, exposição, conservação
de ser considerados para a instalação de cada e, em geral, todo ato ou ação que envolva os
obra no espaço museográfico. bens patrimoniais sob sua responsabilidade.
Esse delegado ou representante deverá orientar
as tarefas de desembalagem, manuseio e insta-
Registro de embalagens lação das obras e verificar o cumprimento dos
acordos e condições do empréstimo, forma-
A entrada de embalagens na sede da exposição lizando e documentando as ações realizadas
fica registrada normalmente mediante uma para esta finalidade.
numeração na guarita de controle da área de
registro ou da segurança. Continua seu fluxo
até o armazém de obras em trânsito ou ao Parecer sobre a obra
espaço destinado aos efeitos de ‘aclimatação’ 25
das obras e, posteriormente, à área de embala- A realização do parecer cabe ao courier e ao
gem-desembalagem. conservador-restaurador da exposição. Essa
tarefa se desenvolve sobre as imagens das
A desembalagem das coleções se efetua sob obras: marcam-se sobre elas, como num mapa
a supervisão do conservador-restaurador, visual, as características, particularidades e

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anotações que sejam convenientes em matéria dos acordos estabelecidos entre o comodante
de conservação. e o comodatário.

O processo compreendido entre o registro das


Montagem das obras embalagens e a emissão dos recibos de entrega
deverá ser repetido tantas vezes quantas forem
Com o laudo de conservação elaborado e tendo as instituições, os organismos e os particulares
o courier verificado que as condições gerais que participem da organização da mostra for-
do espaço expositivo são as estabelecidas no necendo as obras que a integram na qualidade
Facility Report, e que as ações de montagem de empréstimo temporário.
não representam riscos para os bens cultu-
rais, procede-se à montagem e fixação da ou A montagem e a instalação das obras permi-
das obras no espaço museográfico. Essa ação tem que passemos às atividades do evento
consiste em colocar cada obra de acordo com o inaugural. É o ponto final para uns e o ponto
roteiro em seu suporte (parede, nicho, vitrine, de partida para outros, mas para as áreas de
base etc.) e, posteriormente, instalar as legen- conservação, museografia, gestão, adminis-
das, afinar a iluminação, a climatização e a tração, comunicação educativa e difusão o
segurança, realizar a limpeza especializada, os processo expositivo simplesmente continua; ele
ajustes e qualquer outra ação necessária, sem- terminará somente quando se tenha realizado
pre na presença do courier. A participação do a última ação, se tenha finalizado o último
museógrafo, nesse momento, é obrigatória, já documento e quando a última obra tenha
que a ele cabe determinar os ajustes e ângulos voltado ao seu local de origem. É o período
visuais ou ópticos de cada uma das obras. de operação da exposição e a oportunidade
para produzir e alcançar os efeitos e objetivos
propostos no projeto. É, portanto, prioritário
Recibo de entrega de obras manter adequadamente o espaço.

Este documento faz referência à informação


formulada durante o laudo de conservação Manutenção e limpeza museográfica
de obras, detalha a ou as obras que o courier
acompanha e relata, se for o caso, os inci- Quanto às tarefas de manutenção do espaço
dentes verificados durante o processo. É um expositivo, é importante que a intervenção do
ato jurídico que, além disso, relata o cumpri- pessoal técnico se faça observando as medidas
mento ou não cumprimento das condições e preventivas estabelecidas pelo conservador-

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-restaurador e pelo museógrafo da exposição, museográfico; passou-se da ideia à concretiza-
em concordância com as normas estabelecidas ção, e essa transmutação recebeu contribuições
no manual de operação da sede. e agregação de valores dos diferentes profissio-
nais que participaram do projeto. Preparou-se
As tarefas de limpeza se estabelecerão em uma encenação para que os visitantes deter-
duas categorias. A primeira delas se denomina minem a qualidade da mensagem. Em suma,
‘limpeza e manutenção museográfica’ e cabe a trata-se de um ato de comunicação que, se é
pessoal com noções de conservação e conhe- generoso, transmite a ideia e, simultaneamen-
cimento de processos, materiais e técnicas de te, estimula e provoca nos visitantes emoções
limpeza de bens patrimoniais e experiência e inquietudes que superam ou transcendem as
na limpeza e manutenção dos elementos e do fronteiras do território expositivo.
mobiliário museográfico. Essas atividades se
realizarão de acordo com o programa de traba-
lho elaborado conjuntamente pelo conservador
e pelo museógrafo da exposição.

Limpeza geral

A segunda tarefa se refere à limpeza geral,


e é indispensável que o pessoal nela envol-
vido seja capacitado em limpeza de espaços
expositivos e se sujeite às normas de segurança
e conservação patrimonial. Nesse sentido, a
área de segurança supervisionará a realização
dessas tarefas em qualquer momento ou local,
observando pontualmente que utensílios, pro-
visões, ferramentas, materiais, equipamentos
e procedimentos sejam os autorizados pelos
responsáveis por conservação e restauro.

É, grosso modo, com as considerações anterio-


res – e sob a orquestração do esforço multidis-
ciplinar – que se concretiza um acontecimento

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3. Etapas, Fases e Processos

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3.1 Etapas

* No Brasil, a atividade de ela- Uma exposição temporária de bens culturais bens etnológicos, científicos ou de qualquer
boração e estudo de uma pro-
posta expositiva deve incluir
deve cobrir uma série de etapas que englobam outro tipo.
um museólogo. ações concretas. Essas etapas estão subdivi-
didas em fases, e estas, por sua vez, em um A denominação dada a cada uma das três
conjunto de processos ordenados. etapas em que dividimos uma exposição tem
relação com as ações que se produzirão nesse
A conclusão correta de processos em cada período. Cada uma dessas etapas se subdi-
etapa permitirá atender à seguinte, servindo vidiu em fases para tornar mais explícitas as
para avaliar, de maneira contínua, a viabilida- ações. Com esta proposta se pretende apre-
de do projeto expositivo. Na prática, é possível sentar um panorama completo dos processos
que a primeira etapa estabeleça a inviabilida- sequenciais que convém seguir, de maneira
de do projeto, poupando custos e energia se que possa servir de orientação ainda que
isso for comprovado. Também é possível que, cada instituição aplique suas normas internas
como resultante dessa avaliação, o projeto e seus recursos humanos.
expositivo seja adaptado ou sofra modifica-
ções importantes. A seguir apresentamos um diagrama de etapas
e as fases contidas em cada uma delas:
Esse ordenamento é necessário para qualquer
exposição, quer se trate de obras de arte ou de

Compreende o período em que são feitas avaliações gerais sobre


a proposta expositiva recebida ou encomendada e sobre os obje-
tivos da exposição, o público que se pretende atingir, os recursos
financeiros disponíveis e a infraestrutura organizativa necessária
I. Gestação para a realização da exposição.
Nesta etapa tem papel fundamental o pessoal especializado na
Área de Gestão e Organização, o curador, o comitê de pesquisa e
Fase A: Proposta expositiva *
os especialistas na Área de Comunicação e Educação e na Área
de Conservação e Restauro.
Como consequência do exercício de avaliação, os especialistas da
instituição organizadora preparam uma série de informações e
dados comparativos que permitem definir a viabilidade do projeto.

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É a etapa destinada ao intercâmbio de informações e docu-
mentação entre organizadores e comodantes. Estas gestões e o
conjunto de informações referentes às condições específicas e
gerais dos empréstimos permitirão fazer uma segunda avaliação
II. Organização
do projeto expositivo.
Neste período devem ser consideradas as previsões de atuação
Fase B: Gestão de na sede já definida, bem como possíveis intervenções de restau-
Empréstimos
ro nas obras aceitas para empréstimo, obtendo-se assim uma
avaliação econômica mais aproximada do projeto expositivo e
fazendo-se as adaptações pertinentes, tanto no aspecto finan-
ceiro como no cronograma.

Nesta etapa se faz o desenvolvimento prático da exposição, uma


vez confirmada a lista de obras, fechados os acordos com os co-
III. Desenvolvimento
modantes e com a sede que acolherá a exposição. Durante esta
etapa definem-se as prescrições técnicas dos vários serviços a
Fase C: Programação e produção contratar: embalagem e transporte, design e montagem museo-
gráficos, seguros, catálogo etc.
Fase D: Montagem e Instalação Todas as ações realizadas nesta fase requerem uma orquestração
que adapte cada processo ao seguinte. Recorrer a improvisações
Fase E: Período Expositivo neste momento do projeto expositivo elevará os custos financei-
ros e submeterá as obras a riscos desnecessários.
Fase F: Desmontagem Para tanto, é preciso aumentar o controle de qualidade nos proces-
e dispersão sos, uma vez que nesta etapa as obras estarão submetidas a movi-
mentos e manuseios relacionados ao seu traslado e instalação.

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3.2 Fases e Processos

Como todo sistema de trabalho, a organiza- das múltiplas versões em uso, buscando-se
ção de uma exposição temporária de bens enriquecimento e melhoria nos resultados
culturais pretende obter como resultado uma obtidos. Alguns são propostas inovadoras e
qualidade comprovada e objetiva. Um parâ- deverão passar pela prova de sua utilização
metro imprescindível para medir a qualidade prática, adequando-se portanto ao sistema
desse acontecimento cultural é o tratamento operacional de cada entidade.
correto das obras patrimoniais nele incluí-
das. Para alcançar esse objetivo é necessária Buscando explicá-los, em todos eles foram
uma ordenação expressa dos processos que incluídas considerações prévias e respostas a
serão realizados. perguntas sobre quem faz, a quem estão desti-
nados e quais são seus conteúdos.
Estes processos descrevem instruções de
trabalho ou procedimentos e definem a área
que os realiza. Alguns desses processos são
implementados por meio de documentos ou I. Etapa de gestação
formulários utilizados para garantir o con-
junto correto de informações e favorecer uma FASE A: PROPOSTA EXPOSITIVA
gestão eficaz.
Documentos de uso:
A metodologia desenvolvida nos próximos • Projeto de exposição
capítulos apresenta a definição de cada uma • Orçamento
das fases contidas nas três etapas enunciadas, • Dossiê promocional
uma descrição dos processos que as integram, • Cronograma
uma relação dos documentos de uso precisos • Facility Report
e das áreas de competência com responsabili- • Avaliação do Facility Report
dade em cada fase.
Área de competência:
Finalmente, quando necessário acrescentamos • Gestão/Organização
aos processos anexos com os formulários e • Curadoria/Científica
documentos de apoio necessários para reali- • Comunicação/Educação
zá-los. Esses anexos resultam de uma revisão • Conservação/Restauro

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Relação de processos: técnico financeiro, curador, conservador-restau-
rador, especialista em comunicação e coordena-
Elaboração conceitual da exposição dor de exposições. Em museus de menor porte
e apresentação do projeto expositivo ou entidades organizadoras de exposições essas
Anexo 1: Roteiro para um projeto de exposição tarefas podem ser realizadas por um número re-
duzido de pessoas; no entanto, elas deverão es-
O projeto expositivo pode ser gerado por tar capacitadas nas competências profissionais
duas vias: pela solicitação de uma entidade necessárias para a organização da exposição.
organizadora a especialistas na temática da Equipe: Gestão/Organização, Curadoria/Científica,
exposição, ou pela iniciativa de um curador Comunicação/Educação, Conservação/Restauro
e/ou comitê científico que o propõe e apre-
senta a instituições ou áreas interessadas
em seu desenvolvimento e materialização. Avaliação da viabilidade do projeto
Anexo 2: Documento de apoio para orçar
O curador e/ou o comitê de pesquisa elabora e uma exposição
apresenta um breve resumo geral do conceito
e dos objetivos da exposição, enunciando os Mediante a avaliação dos conteúdos e alcances
conteúdos, propondo o seu alcance e anexando do projeto expositivo realiza-se um parecer de
uma primeira lista dos bens culturais que se viabilidade, considerando a pertinência da pro-
pretende integrar, assim como as instituições e posta, a afinidade dos objetivos entre a exposi-
sedes passíveis de participação. ção e a sede organizadora, o interesse potencial
Equipe: Gestão/Organização, Curadoria/Científica de participação de outras sedes, as necessidades
e exigências técnicas em matéria de segurança,
conservação e exposição dos bens que inte-
Constituição da equipe organizadora grarão o projeto expositivo, o planejamento
e logística previstos, os programas educativos
Essa equipe é formada por pessoas que consti- editoriais e de difusão, as ações de gestão, as
tuem o núcleo organizador do projeto expositivo. estimativas financeiras, a busca de patrocínios,
Essa equipe detém conhecimento sobre o projeto os aspectos mercadológicos etc. É preciso, para
e está familiarizada com seu conteúdo e evolu- tanto, o aporte de informações específicas por
ção para resolver e executar tarefas específicas. parte dos integrantes da equipe organizadora.

Deve ser formada, ao menos, por estes espe- É importante que nesse processo estejam
cialistas: chefe de exposições, técnico jurídico, relacionados todos os conceitos a consi-

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derar e orçar, com o fim de poder realizar Elaboração do cronograma
uma avaliação correta do projeto ainda em Anexo 4: Documento de apoio para a
construção. A elaboração de uma planilha elaboração do cronograma da exposição
de orçamentos é fundamental para que se
tenha uma visão prática e realista da exposi- Tendo em conta as datas estimadas de inaugu-
ção avaliada. ração da exposição, estabelece-se um calen-
Equipe: Curadoria/Científica, Gestão/Organi- dário geral, determinando os prazos concretos
zação, Comunicação/Educação, Conservação/ para a execução dos processos e negociações
Restauro que cada uma das áreas envolvidas no projeto
deverá desenvolver, de maneira sincronizada e
coordenada. As diferentes áreas deverão esta-
Elaboração do dossiê promocional da exposição belecer calendários próprios que se integrarão
Anexo 3: Roteiro de conteúdos do book no cronograma geral, cujo seguimento estará a
de apresentação da exposição cargo do coordenador da exposição.

A equipe organizadora elabora um documento Esse esforço conjunto se fará de acordo com
promocional onde se expressam as diretrizes os organogramas e metodologias da institui-
conceituais formuladas pelo curador e pelo ção com a qual se trata, adequando a equipe
comitê de pesquisa do projeto. Esse documento de trabalho para o correto cumprimento do
apresenta uma síntese dos conteúdos e funda- calendário previsto.
mentos da exposição, com imagens representa- Equipe: Gestão/Organização
tivas dos bens culturais que ilustrarão o projeto,
resumindo e ressaltando as contribuições que
resultarão da mostra. Solicitação de Facility Report
Anexo 5: Proposta de Facility Report
Esse documento será utilizado para a execução
das contribuições institucionais ou privadas, A solicitação tem início com as informações
negociações com outras sedes, para a formula- oficiais que proporcionem os dados necessários
ção, neste caso, da itinerância da exposição e sobre as instalações da sede onde se pretende
também como informação anexa à solicitação apresentar a exposição. Essa solicitação se realiza
de empréstimos de obras. através de um questionário no qual a sede ense-
Equipe: Curadoria/Científica, Gestão/Organiza- jada ou proposta para participar de um projeto
ção, Comunicação/Educação de exposição indica as características de sua
organização. Nesse documento se apresentam

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os perfis profissionais de sua equipe de trabalho, ções necessárias nas salas de exposição, particu-
detalhando as dependências que integram o larmente no que se refere a segurança, conser-
edifício, sua estrutura e distribuição, os equipa- vação, exposição e disponibilidade dos espaços,
mentos de que dispõe, os programas, controles sem omitir as adaptações e modificações que o
e procedimentos em matéria de segurança, imóvel tiver de sofrer em seu conjunto (como,
conservação e utilização do espaço expositivo e por exemplo, modificações em seus acessos).
do imóvel em seu conjunto, bem como sua loca-
lização, acessibilidade e descrição do entorno. É importante considerar que essa análise não se
limita exclusivamente às adequações físicas do
A solicitação desses informes pode proceder da espaço expositivo e do edifício, mas se aplica
instituição organizadora que pretende realizar também aos aspectos operacionais de diferentes
a exposição em uma sede que não seja a sua, áreas da sede. Seria esse o caso de determinada
mas eles também podem ser solicitados por um sede que não conte com pessoal especializado
comodante que deseja conhecer as instalações em manuseio de bens culturais, ou com pessoal
onde se instalará sua obra, antes de decidir se de vigilância suficiente, ou ainda que careça de
concorda com o empréstimo. procedimentos de controle adequados etc.

Convém saber que muitas sedes expositivas A avaliação do Facility Report deve estar
têm pronto para esta finalidade o seu próprio registrada por escrito e devidamente assinada
Facility Report, a ser enviado, quando solicita- pelo responsável, que assim assume as decisões
do, nos casos já descritos. derivadas de seu laudo: concordância ou não
Equipe: Gestão/Organização com a sede, verbas orçamentarias destinadas a
estabelecer adaptações nos espaços etc.
Equipe: Gestão/Organização, Conservação/
Avaliação do Facility Report, plano de ação Restauro
nas salas
Anexo 6: Documento de apoio para avaliar
um Facility Report II. Etapa de Organização

Mediante a análise do Facility Report da sede FASE B: GESTÃO DE EMPRÉSTIMOS


participante, comparam-se as condições e os
requisitos presentes no projeto expositivo com a Documentos de uso:
capacidade técnica do espaço para, se for o caso, • Projeto de exposição
definir as mudanças, complementações e adapta- • Orçamento

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• Dossiê promocional nadores públicos e privados. O primeiro con-
• Cronograma tato com os potenciais comodantes costuma
• Facility Report se realizar mediante uma carta de solicitação
• Avaliação do Facility Report à qual se anexam os dados gerais do projeto
• Carta de solicitação de empréstimo (o Book promocional da exposição), onde
• Formulário de condições específicas de estão detalhados os objetivos, o alcance, as
empréstimo características da sede (Facility Report), a
• Condições gerais de empréstimo itinerância se for o caso, e as garantias do
• Relatórios internos de avaliação para o em- projeto expositivo.
préstimo de uma obra
• Pasta informativa de dados para a coordena- Com o objetivo de tornar mais ágil esse proces-
ção da exposição so, é possível anexar também um documento
• Convênio de empréstimo denominado Formulário de empréstimo, a ser
• Protocolo para exportação temporária de preenchido pelo comodante.
bens culturais
Muitas instituições e colecionadores costu-
Áreas de competência: mam elaborar – e quase sempre ter disponí-
• Gestão/Organização vel em sua página web – um documento com
• Curadoria/Científica as Condições gerais de empréstimo para as
• Conservação/Restauro obras de sua coleção, onde se estabelecem
os mecanismos, prazos, exclusões e procedi-
Relação de processos: mentos para a solicitação de empréstimo.
O fato de a entidade organizadora conhecer,
Solicitação de empréstimo temporário de de antemão, essa informação agilizará
obras selecionadas sobremaneira os trâmites de solicitação
Anexo 7: Carta de solicitação de empréstimo de empréstimos.
Anexo 8: Formulário de empréstimo
Anexo 9: Condições de empréstimo, gerais e Em resposta à carta de solicitação da entidade
específicas, por obra organizadora, é habitual o comodante remeter
suas condições gerais de empréstimo, se não o
Como consequência da aprovação, na etapa fizer publicamente em sua página web.
anterior, do projeto expositivo e da lista de Equipe: Gestão/Organização
obras preliminar, inicia-se a solicitação de
empréstimos de obras a instituições e colecio-

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Elaboração, por parte do comodante, de o seu próprio documento de condições
laudos técnicos das obras solicitadas específicas. Em ambos estarão expressas as
Anexo 10: Parecer interno de avaliação para conclusões e os dados coletados nos relató-
o empréstimo de uma obra rios internos de avaliação.
Anexo 23: Recomendações técnicas básicas
para estabelecer as condições específicas de Frequentemente algum dos colecionadores
climatização para os empréstimos comodante não tem serviço de assistência
Anexo 25: Recomendações técnicas básicas em conservação-restauro (por exemplo: co-
para empréstimo e emolduramento de bens lecionadores particulares, conventos, museus
culturais sobre papel de pequeno porte). Nesse caso, é necessário
que a entidade organizadora possa suprir
Este é um processo que a entidade comodante a carência, proporcionando tal serviço de
realiza em resposta à solicitação de emprésti- assessoria e parecer.
mo de obra. Equipe: Gestão/Organização, Conservação/
Restauro
Nele, o comodante considera e estabelece as
condições de empréstimo temporário das obras
que lhe pedem. Nesse sentido, é imprescindível Segunda Avaliação do projeto
iniciar o processo interno de avaliação para de-
cidir se será recusado ou aceito o empréstimo e, A compilação de dados e informações sobre
neste caso, as condições em que ele se realiza. as obras solicitadas, os prazos das atividades
e os custos derivados das condições exigidas
Trata-se de informações que o comodante bus- pelos comodantes – tais como intervenções
ca em seus serviços de registro, junto aos res- nas obras, especificações sobre conservação
ponsáveis pela coleção a que pertence a obra preventiva em traslados, exposição etc. –
solicitada e aos responsáveis pela restauração torna necessária uma segunda avaliação do
e conservação preventiva. A reunião dessas projeto, que adapte, da maneira mais precisa
informações constitui uma primeira definição possível, o cronograma e os orçamentos
das condições específicas de empréstimo. da exposição.

A entidade comodante pode optar por pre- Diante da possibilidade de recusa do emprés-
encher o Formulário de empréstimo reme- timo de algumas obras, ou de sua substitui-
tido pelos organizadores, ou pode elaborar ção por outras, a lista de obras poderá sofrer

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modificações. Cabe ao curador e/ou ao comitê Realização de convênios com as instituições
de pesquisa avaliar essas consequências para a comodantes
gestão dos empréstimos, adaptando seu discur- Anexo 12: Documento de apoio para redigir
so expositivo a essa eventualidade. um contrato de empréstimo
Equipe: Gestão/Organização, Curadoria/Científica
Feitos os acordos sobre o empréstimo de
obras, o comodante e o organizador assinam
Elaboração do arquivo de dados de obras um documento que tem caráter jurídico: o
em empréstimo Acordo de Empréstimo, onde se concretiza
Anexo 11: Arquivo digital para a a cessão temporária da obra do comodante
coordenação de uma exposição ao solicitante e se detalham as condições do
referido empréstimo anteriormente combina-
Esta modalidade de arquivo reúne sistematica- das nas diversas informações trocadas entre
mente a informação substancial sobre as obras os organizadores e os comodantes: avaliação
e representa uma referência primordial para a econômica da obra, tempo de empréstimo,
organização da exposição. itinerâncias (se for o caso) etc.
Equipe: Gestão/Organização
O arquivo de dados informatizado permitirá
que os participantes do projeto expositivo
– ou seja, os vários profissionais envolvi- Gestões de exportação/Importação
dos – tenham acesso à informação correta Anexo 13: Protocolo para exportação
sobre aspectos gerais e particulares de cada temporária de bens culturais – Espanha
obra referentes à sua especialidade. Também Anexo 13.1: Protocolo para exportação
permitirá conhecer, de maneira rápida e visual, temporária de bens culturais – México
as carências de informação: é possível fazer Anexo 13.2: Protocolo para exportação
correções, solicitar novamente dados faltantes, temporária de bens culturais – Brasil
checar comprovações etc.
Em muitas ocasiões são aprovados emprésti-
O coordenador da exposição se encarregará mos de obras para exposições que acontecem
de elaborar e completar corretamente esse fora do lugar de origem. Isso implica uma
arquivo, com a informação obtida dos diversos série de trâmites administrativos e legais
documentos que recebe e tramita. necessários para possibilitar a exportação
Equipe: Gestão/Organização temporária de bens culturais.

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Esse processo obedece a protocolos estabeleci- • Especificações técnicas para embalagem e
dos pela legislação de cada país através de uma transporte
série de ofícios, atas e documentos que assegu- • Convênio ou apólice de seguro
ram as permissões para a saída e a entrada de • Especificações técnicas para edição e produ-
obras catalogadas, quando cedidas temporaria- ção do catálogo
mente para exposição em países diferentes ao • Laudo técnico de conservação da obra em
de sua localização habitual. trânsito

É interessante notar que as legislações vigentes, Áreas de competência:


em muitas ocasiões, limitam-se a aplicar proto- • Gestão/Organização
colos que não contemplam a realidade a que se- • Curadoria/Científica
rão submetidas as obras em sua itinerância. Seria • Comunicação/Educação
desejável uma revisão desses protocolos que leve • Conservação/Restauro
em conta a prática do processo. Os incidentes • Design/Montagem museográfica
que podem se gerados pelas diferentes legisla-
ções aduaneiras tornam necessário contemplar Relação de processos:
as diversas transformações que as obras sofrem
nos traslados entre países e assim regularizar tais Definição do roteiro museográfico
imprevistos, mediante a aplicação das leis.
Equipe: Gestão/Organização A etapa de desenvolvimento do projeto da
exposição começa com a definição do roteiro
museográfico.
III. Etapa de Desenvolvimento
Conceber e desenhar um projeto museográfico
FASE C: PROGRAMAÇÃO E PRODUÇÃO sem uma atribuição econômica resultaria, no
melhor dos casos, num ato de criação. Fazê-
Documentos de uso: -lo dentro dos parâmetros de uma soma de
• Projeto de exposição recursos determinada e com o conhecimento
• Orçamento do espaço expositivo em que se realizará a
• Dossiê promocional exposição orienta os esforços para o exercício
• Cronograma do possível. Por isso esses dois parâmetros –
• Facility Report espaço expositivo e definição orçamentária
• Especificações técnicas para design, produ- – serão fundamentais na busca de uma melhor
ção e montagem museográfica solução museográfica.

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A definição do roteiro museográfico da mostra, explicita os significados no aspecto não visível
que concretiza uma ideia de exposição num dos objetos e das ideias que intencionalmente os
determinado espaço e com meios técnicos espe- inter-relacionam. A forma mais comum de ofe-
cíficos, deveria ser a resultante do consenso e da recer informação continua sendo o texto escrito.
interação de diversos especialistas (organizador, A organização e posterior redação dos textos são
curador, assessor de imprensa, especialista em tarefas que o curador e/ou comitê científico e o
conservação preventiva e designer/museógrafo) comunicador devem realizar conjuntamente.
respondendo a abordagens sobre ‘o que’, ‘como’,
‘quando’, ‘onde’ e ‘para quê’. A organização da informação equivale a estrutu-
rar os textos hierarquicamente em níveis de lei-
A incorporação de um designer/museógrafo a tura referidos aos vários conjuntos de peças (de
esse grupo de trabalho pode ocorrer por duas área, sala, vitrina etc.), ordenando-os de acordo
vias: pela contratação direta de um profissional com a argumentação do discurso expositivo.
ou por meio de concurso restrito ou aberto.
Quanto à elaboração dos textos, é necessária a
Seja qual for o método permitido pelas diversas intervenção do comunicador/educador sobre
legislações relacionadas ou pelos organogramas o texto original, redigido pelo curador e/ou
institucionais, ressaltamos a necessidade de comitê de pesquisa, para facilitar ao visitante a
que o roteiro museográfico a partir do qual se leitura e compreensão. Por vezes os textos são
desenvolverá a museografia da exposição seja demasiado técnicos ou extensos, ou podem não
a resultante da integração de diversas pers- apresentar continuidade nem coerência entre o
pectivas profissionais. Enfim, que se concilie a significado global e cada uma das partes. Outras
criação com limites orçamentários, comunica- vezes, pressupõem conhecimentos que o visitan-
ção e conservação dos bens culturais. te não tem, incapacitando-o para responder às
Equipe: Curadoria/Científica, Gestão/Organiza- questões propostas pelas obras, ou simplesmen-
ção, Comunicação/Educação, Conservação/Res- te não se consegue despertar seu interesse.
tauro, Design/Montagem museográfica
A supervisão final por parte do comitê de
pesquisa garante que os textos definitivos
Elaboração da informação complementar sejam rigorosos, além de concisos, precisos,
amenos e atraentes.
O planejamento dos meios de informação faz Equipe: Curadoria/Científica, Gestão/Organiza-
parte do projeto da exposição. A informação com- ção, Comunicação/Educação, Design/Montagem
plementar é imprescindível na exposição porque museográfica

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Elaboração do programa de atividades Chamada de concorrência para adjudicação
educativas do design, produção e montagem
Anexo 14: Roteiro para redigir o documento
As atividades educativas são propostas de normas técnicas para museografia,
complementares à exposição e se definem no produção e montagem de exposição
âmbito de um programa educativo que leva Anexo 24: Recomendações técnicas básicas
em conta: o público a que se destina (gru- sobre os materiais compatíveis com os bens
pos escolares e de adultos, grupos especiais, culturais durante a exposição
famílias etc.); os objetivos em função do
caráter educativo formal ou informal da Em função dos procedimentos legais e adminis-
visita; o método a ser seguido; as atividades a trativos da entidade organizadora, iniciam-se as
realizar, os materiais específicos necessários; ações para a contratação dos serviços de design,
os espaços e dias em que se vão desenvolver, produção e montagem museográficas. Essas
assim como as condições de assistência e, ações geram uma série de trâmites prévios que
finalmente, quem vai dirigir sua realização. A consistem na redação das prescrições técnicas,
combinação dessas variáveis dá lugar a dife- as quais servirão como base na convocação da
rentes tipos de atividades ou propostas: visita concorrência para a contratação desses serviços.
guiada ou comentada, visita-ateliê, represen-
tações teatrais etc. A informação reunida na pasta informativa
de dados para a coordenação da exposição
A finalidade genérica das atividades é adaptar possibilita redigir as condições e os requisi-
o discurso expositivo e a utilização da expo- tos técnicos para o design, a produção e a
sição às necessidades dos diferentes tipos de montagem museográfica, permitindo precisar
público. Por essa razão é preciso evitar que as exigências estipuladas pelos comodantes em
tais atividades sejam programadas, elaboradas, matéria de segurança e conservação preventiva
realizadas e avaliadas à margem do fenômeno dos bens patrimoniais.
da exposição; ao contrário, convém que refor-
cem seus objetivos ao oferecer a oportunidade As bases das concorrências ou licitações para
de aprofundar o conhecimento de objetos execução e produção do projeto museográfico
determinados, abrir novas vias de acesso aos serão formuladas de acordo com a legislação
significados, procurar uma experiência gratifi- de cada país.
cante etc. Equipe: Curadoria/Científica, Gestão/Organiza-
Equipe: Curadoria/Científica, Gestão/Organiza- ção, Comunicação/Educação, Conservação/Res-
ção, Comunicação/Educação tauro, Design/Montagem museográfica

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Aprovação do Projeto museográfico ações nem sempre se limitam à instalação de
elementos, painéis ou divisórias para defi-
Decididas as prescrições ou requisitos técnicos, nir seções museográficas; elas podem ser de
serão realizadas a adjudicação da concorrência maior porte, afetando a instalação de infraes-
e a contratação do serviço de design, produção trutura, sistemas elétricos e de climatização,
e montagem museográficos. exigindo novas cargas de energia, mudanças
nos acessos físicos etc.
O projeto museográfico selecionado deverá
garantir, em sua proposta, que tanto a orga- É preciso ter previsto esse plano de ações em
nização espacial da exposição como a orde- prazos compatíveis com a instalação museo-
nação das peças e a instalação dos elementos gráfica. O plano provém do conhecimento e
informativos levarão em conta as exigências de da avaliação do Facility Report da sede e da
comunicação do discurso expositivo. necessidade de tornar compatíveis as carac-
terísticas desta com o projeto museográfico a
Além disso, o design dos elementos museográ- ser executado.
ficos, seus materiais constitutivos, o equipa-
mento técnico e os procedimentos operacionais Essas ações podem ser realizadas pela equipe
do espaço onde será apresentada a exposição de produção e montagem museográfica e
dos bens patrimoniais deverão corresponder coordenadas pelo museógrafo.
aos parâmetros e recomendações estabelecidos Equipe: Gestão/Organização, Design/Montagem
pelos especialistas em segurança e conservação, museográfica
assinalando: materiais e substâncias utilizados,
elementos, quantidades, tempo de produção,
indicações de fornecedores e instalação etc. Produção e instalação de elementos
Equipe: Curadoria/Científica, Gestão/Organiza- museográficos
ção, Comunicação/Educação, Conservação/Res-
tauro, Design/Montagem museográfica Após as contratações para a produção e a
montagem museográfica, tem início a pro-
dução dos elementos museográficos e sua
Plano de ações nas salas de exposição instalação nas salas, de acordo com os prazos
estabelecidos no cronograma.
A execução do projeto museográfico traz
consigo muitas vezes um plano de ações nas Esse processo contará com a supervisão dos es-
salas destinadas a acolher a exposição. Essas pecialistas nas áreas de design e de conservação

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preventiva, que deverão comprovar que os mate- embalagem e do transporte dos bens culturais
riais e a produção dos elementos museográficos se faça por meio de concurso: para proceder
e expositores e dos elementos de instalação das à sua chamada é preciso definir as especifica-
obras correspondem aos especificados no docu- ções técnicas requeridas das empresas espe-
mento de normas técnicas. É possível estabelecer cializadas.
as correções pertinentes em função do exame
físico dos protótipos de tais elementos, e assim O caderno de especificações técnicas para
chegar ao momento da montagem da exposição embalagem e transporte deve descrever,
sem imprevistos que atrasem a sua execução. novamente com o apoio do Banco de dados
Equipe: Gestão/Organização, Conservação/Res- para a coordenação da exposição, os detalhes
tauro, Design/Montagem museográfica da localização e instalação habitual das obras,
as recomendações, manobras e, em geral, a
mais detalhada informação possível sobre
Chamada de concorrência para adjudicação cada uma delas, incluindo exigências impres-
de embalagem e transporte cindíveis, que podem vir a ser recursos técni-
Anexo 15: Roteiro para redigir o documento cos e humanos extraordinários para proceder
de orientações técnicas de embalagem e ao movimento das obras.
transporte de bens culturais
Anexo 22: Recomendações técnicas básicas Mediante esse documento se definem os
para estabelecer as condições específicas de materiais de embalagem necessários pela na-
embalagem de bens culturais tureza constitutiva de cada obra, apontando
quantidade, qualidade e especificações cons-
O traslado de obras patrimoniais implica, ne- trutivas. Será solicitado que o traslado das
cessariamente, uma série de prevenções e ações obras seja realizado pelo meio de transporte
que, em conjunto, determinarão que as obras mais adequado e pelas rotas mais idôneas,
em trânsito contem com as melhores condições dentro das possibilidades consideradas.
possíveis. Nesse sentido, é fundamental que
os organizadores concordem com uma análise O comodante pode exigir em suas condições
especializada dessas condições para organizar de empréstimo uma escolta para o transpor-
racionalmente as necessidades e exigências da te das obras, o que deverá ser providencia-
embalagem e dos meios de transporte. do em tempo hábil e gerido pela empresa
de transporte.
O custo econômico associado a essa questão Equipe: Gestão/Organização, Conservação/Res-
obriga que normalmente a contratação da tauro

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Avaliação das propostas de embalagem e Documento de condições da seguradora da
transporte exposição
Anexo 16: Roteiro para licitação de Anexo 17: Conteúdos de um convênio ou
embalagem e transporte apólice de seguro – Garantia do Estado

A avaliação das diferentes propostas apre- Neste momento, antes da coleta das obras,
sentadas por concorrência para este trabalho deve-se realizar o processo de contratação
concreto é um processo que requer atenção e ativação das apólices de seguro que darão
especial. Trata-se de um item orçamentário cobertura às obras.
normalmente muito importante em relação
ao orçamento geral da exposição, e deverá ser Os dados correspondentes ao valor estabele-
objeto de análise cuidadosa. cido pelo comodante para seu seguro estarão
refletidos no Banco de dados da exposição,
Além disso, o transporte de obras, sua ma- do mesmo modo que a descrição da cobertura
nipulação para embalagem e transporte e as exigida, se esta for especial.
condições e meios com que se realizam todas
essas ações comportam fatores de risco que Com esses fundamentos e um panorama das
precisam estar cobertos com todos os mecanis- condições de risco se procede à chamada das
mos de prevenção possíveis. companhias seguradoras e ao contrato da
apólice de seguro para as obras, amparada
Um conhecimento especializado desse proces- em condições de seguro conhecidas como ‘de
so, nas instituições organizadoras e nas ins- prego a prego’, ‘todo tempo e todo lugar’ ou
tituições que emprestam obras, permitirá ter all risks, sempre incluindo as cláusulas exigidas
critérios fundamentais para selecionar uma pelo comodante.
ou outra oferta. Depende, fundamentalmen- Equipe: Gestão/Organização
te, de uma correta avaliação a consideração
de todos os inúmeros imprevistos que esse
processo requer, bem como a conscientização
plena sobre a capacitação e os meios que a
empresa escolhida designará para a realização
desse trabalho.
Equipe: Gestão/Organização, Conservação/Res-
tauro

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Coleta e transporte das obras É um documento que acompanhará a obra
Anexo 18: Laudo técnico de conservação de durante todo o trajeto, nas diversas revisões
obras em trânsito de que será objeto, na saída de seu local de
Anexo 22: Recomendações técnicas básicas origem, na chegada à exposição, em sua saída
para estabelecer as condições específicas de desta e em seu regresso ao local de origem.
embalagem dos bens culturais Equipe: Gestão/Organização, Conservação/Res-
tauro
A empresa contratada para a embalagem e o
transporte inicia a coleta das obras em emprés-
timo em cada um dos locais, segundo o crono- Documento de condições para definir o
grama elaborado pelo coordenador da exposi- catálogo
ção, com o acordo prévio dos comodantes. Anexo 19: Roteiro para redigir o documento
de normas técnicas para a edição e
Durante a embalagem das obras o comodante produção do catálogo
ou seu representante estará presente, com
o restaurador-conservador designado pela O catálogo de uma exposição é um elemento
entidade comodante, a quem cumpre fazer de difusão que reflete o desenvolvimento con-
um laudo com as condições de conservação ceitual do projeto, constituindo-se na memória
da obra, que passam a estar depositadas sob a e testemunho de um acontecimento cultural.
custódia dos organizadores da exposição. É o instrumento de memória que sobreviverá
à condição efêmera representada pela expo-
Esse processo também deve estar fundamen- sição temporária. É a resultante do trabalho
tado no conhecimento especializado de quem de amplo espectro de especialistas que uniram
supervisiona que essas ações se realizem cor- esforços para, a partir da tese ou roteiro cien-
retamente, que as condições das embalagens tífico, criar um espaço de convivência entre o
e dos meios de transporte sejam os acordados discurso e as obras.
e estejam em consonância com o tratamento
correto da obra. Além da proposta conceitual, uma exposi-
ção se associa à divulgação e à recuperação
Nesse documento estão refletidas todas as de bens patrimoniais, e aqui valeria a pena
observações que descrevem o estado de notar que tradicionalmente, na organização
conservação e as condições específicas refe- de exposições, pouco ou nada se diz sobre a
rentes a como se deve embalar, manusear e conservação-restauro dos bens culturais que
expor a obra. personificam o discurso das exposições.

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Sem dúvida, deveria ser essa a ocasião perfeita ações museográficas, a chegada dos couriers e
para ficar evidente a ‘valorização’ de muitos a sequência de desembalagem e instalação das
bens culturais esquecidos que, em consequência obras, sempre com vistas à data de inaugura-
de sua incorporação à exposição, são restaura- ção, que nesse momento já estará definida de
dos, estabilizando sua deterioração, ou são sim- modo praticamente imutável.
plesmente salvos do abandono e da destruição. Equipe: Gestão/Organização

No processo destinado à elaboração de textos


e sua publicação, é função do comitê de pes- Coordenação das equipes
quisa, do curador ou mesmo do comunicador Anexo 20: Perfil e funções do courier
a elaboração de um folder a ser entregue a
cada visitante, assim como de todas as demais Realizar os processos descritos no cronograma
publicações de caráter didático que se realizam de montagem e instalação das obras de uma
em paralelo à exposição. exposição requer, como em muitos processos
Equipe: Gestão/Organização, Curadoria/Científi- nela envolvidos, um trabalho coordenado das
ca, Comunicação/Educação equipes profissionais. Neste momento atuam
fundamentalmente o transporte, a museogra-
fia e a conservação preventiva, além daqueles
Elaboração do cronograma de montagem e departamentos da sede da exposição que
instalação das obras coordenam ações sob sua responsabilidade:
vigilância, limpeza, manutenção etc.
No cronograma geral, este processo concreti-
za um cronograma específico para o período Cabe ao coordenador da exposição orquestrar
que se destina à montagem e à instalação das essa multiplicidade de funções e manter infor-
obras nas salas. mados os diferentes profissionais envolvidos
em cada momento, sujeitos todos eles a prazos
Nele serão incluídos todos os momentos em que costumam ser em geral muito curtos e
ordem cronológica, desde a saída das obras admitem, portanto, poucos imprevistos.
de seus locais de origem até o momento da
inauguração. Nesse grupo de atores desempenha um
papel primordial o courier que acompanha
Esse cronograma deverá ser elaborado pelo as obras. Esse profissional se converte, a
coordenador da exposição, tendo considerado partir de sua designação, em testemunha e
os prazos de entrega e chegada das obras, as guardião das obras sob sua responsabilidade,

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tanto durante o processo de traslado como Início da divulgação do projeto expositivo
em sua chegada à sede e durante o processo
de embalagem e instalação. Paralelamente ao fechamento dos prazos
estabelecidos tem início a divulgação publici-
Algumas exposições registram uma afluência tária da exposição. Nesse momento confirma-
significativa de couriers como consequência -se a data da exposição, assim como todas
do número de comodantes que pedem que as atividades complementares ou paralelas
suas obras sejam acompanhadas por esses programadas. Além disso, são estabelecidos os
profissionais. É importante que suas funções protocolos em relação aos atos de inaugura-
estejam muito bem definidas, assim como a ção, entrevista coletiva, convites etc.
capacitação profissional que se espera deles
para a realização de um trabalho que exige Para esse processo é necessário ter prepara-
enorme responsabilidade. do um dossiê de imprensa que traga toda a
informação para a campanha de divulgação
Compete ao coordenador compilar infor- nos diversos meios de comunicação. Esse dossiê
mações fundamentais a esse respeito – se o é elaborado pelo pessoal de divulgação da
courier acompanha a obra em todo o trajeto entidade organizadora a partir do Book promo-
do traslado, se viaja em meio de transporte cional da exposição.
diferente daquele da obra, se estará presente
ou não no carregamento e descarregamento Também é esse o momento em que se inicia
de suas obras –, assim como assinalar as datas a produção de outros sistemas de divulgação
de instalação das obras sob sua responsabili- que, segundo a entidade do projeto e a seleção
dade. Muitas vezes e em função de vários in- dos recursos aplicados para esse fim, tenham
teresses, alguns comodantes estabelecem em sido previstos: banners, cartazes, publicidade
suas condições uma data exata de chegada em transporte urbano etc.
de suas obras e do courier, condicionando o Equipe: Gestão/Organização, Curadoria/Cien-
cronograma. Por isso é preciso coordenar com tífica, Comunicação/Educação
extremo cuidado as ações dos demais espe-
cialistas, os quais dependerão dessa ordem
estabelecida para exercer de maneira eficiente
o seu trabalho.
Equipe: Gestão/Organização, Curadoria/Cientí-
fica, Conservação/Restauro, Design/Montagem
museográfica

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III. Etapa de Desenvolvimento obras embaladas e seus couriers, ainda que,
como já se disse, o courier às vezes não viaje
FASE D: MONTAGEM E INSTALAÇÃO no mesmo veículo ou meio de transporte que
as obras sob sua responsabilidade.
Documentos de uso:
• Projeto de exposição A chegada do total de obras embaladas, ou
• Orçamento ‘concentração’, pode ocorrer em um ou vários
• Dossiê promocional dias, de modo que o coordenador de exposições
• Cronograma terá de gerenciar detalhadamente todo esse
• Facility Report processo. A empresa de transporte terá enviado,
• Especificações técnicas para design, produ- com antecipação, a lista de embalagens (pack-
ção e montagem museográfica ing list), as datas e horários de chegada das
• Especificações técnicas para embalagem e peças e dos respectivos couriers. O coordenador
transporte estabelecerá seu cronograma levando em conta
• Convênio ou apólice de seguro esses dados e gerenciando as equipes de mon-
• Especificações técnicas para edição e produ- tagem e instalação e os couriers, em função da
ção do catálogo ordem de chegada das obras.
• Laudo técnico de condições de conservação
da obra em trânsito Merecem especial atenção as itinerâncias
• Recibo de entrega/recepção de obras embaladas internacionais. Nesse caso será necessária
a presença do coordenador e do courier (se
Áreas de competência: estiver estabelecido o acompanhamento deste)
• Gestão/Organização nas dependências alfandegárias do país de
• Curadoria/Científica destino para que, em coordenação com os
• Comunicação/Educação agentes da companhia de transporte, todo o
• Conservação/Restauro protocolo seja supervisionado sem risco para
• Design/Montagem museográfica as obras. Para tanto é preciso verificar que
as embalagens não sejam abertas em locais
Relação de processos: que não reúnam as condições apropriadas de
conservação e segurança para os bens culturais
Chegada de obras – Concentração ali contidos, e que as ações de paletização,
despaletização e os movimentos da carga se
Este processo tem início com a definição exata realizem corretamente, evitando situações de
das datas e horários de chegada à sede das perigo para as obras.

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Esse é um processo que implica muitas dificul- lho, e será necessário coordenar o protocolo
dades de ordem operacional já que, normal- mediante a informação detalhada de datas,
mente, as instalações alfandegárias são locais horários, listas de caixas etc. aos responsáveis
restritos ao acesso de pessoas estranhas a elas, da recepção na sede – responsável pela segu-
e torna-se uma tarefa difícil supervisionar e rança e responsável pelo registro, se houver –,
garantir que os movimentos das obras e sua para que supervisionem o descarregamento e a
guarda nesses espaços se realizem correta- colocação das embalagens nas dependências já
mente. Além disso, nem sempre o pessoal definidas para tal, e garantam que as equipes
encarregado de realizar os movimentos de de trabalho atuantes nesse momento estejam
carga no interior das instalações – em geral preparadas: equipe de manuseio das embala-
com meios mecânicos – tem consciência do gens, vigilantes etc.
conteúdo das caixas que movimenta e dos
riscos envolvidos na manipulação brusca e sem Os espaços destinados ao descarregamento e
os cuidados necessários. à armazenagem das obras embaladas devem
Equipe: Gestão/Organização, Conservação/ cumprir os requisitos acordados no Facility
Restauro Report: acesso fácil e sem obstáculos, zona de
depósito que cumpra as condições de segurança
e conservação especificadas antecipadamente.
Entrega e recepção das obras embaladas
Anexo 21: Recibo de entrega das obras O protocolo consiste na comprovação rigorosa
embaladas de que todas as caixas registradas na lista de
embalagens (packing list) estejam na sede e
Por este processo a empresa de transportes faz corretamente depositadas. Essa comprovação
a entrega das obras, dentro de suas emba- (habitualmente por meio da checagem da lista)
lagens fechadas, aos responsáveis na sede. é de responsabilidade do coordenador, do res-
Assina-se um recibo de entrega, procedimento ponsável pela segurança e do responsável pelo
administrativo com valor legal, no qual se registro, se houver.
certifica que as embalagens foram recebidas na
sede, sem verificação de conteúdo. Durante esse controle são verificadas as em-
balagens, comprovando-se que não chegaram
Esse processo implica a supervisão desde o mo- danificadas, com sinais de terem sofrido golpes
mento de chegada das cargas à sede onde fica- ou tentativas de abertura, que os lacres de
rão depositadas. Frequentemente essa entrega segurança estão intactos e que as manobras de
é feita em horários fora da jornada de traba- descarregamento e localização das embalagens

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na área de armazenagem se realizaram corre- tos. É também o momento de comprovar que
tamente. Se as obras vêm acompanhadas de se dispõe daqueles elementos necessários para
courier, este deve estar presente e supervisionar o controle ambiental passivo das obras que o
todo o processo de descarregamento e localiza- exigirem: sondas especiais, materiais-tampão,
ção das embalagens que contêm suas obras. data-logger etc.
Equipe: Gestão/Organização, Conservação/
Restauro Com relação às condições de iluminação, seria
desejável poder seguir o mesmo protocolo, no
entanto a definição de iluminação – entendida
Supervisão das salas, da climatização e da como o ajuste dos níveis de lux a que serão
segurança submetidas as peças – costuma ser finalizada
Anexo 23: Recomendações técnicas básicas nos últimos dias de montagem e instalação das
para estabelecer as condições específicas de obras, dada a necessidade de direcionar focos e
climatização para os empréstimos enfatizar, mediante esse efeito, características
próprias do design museográfico; no entanto, é
A supervisão do funcionamento correto dos possível realizar, nesse momento, uma com-
sistemas de controle ambiental nas salas é provação de que se dispõe – ou de que estarão
um processo que, idealmente, deveria ser disponíveis em tempo – filtros, dimmers e
realizado na fase anterior, paralelamente ao outros elementos de controle de iluminação.
processo de montagem e instalação da mu-
seografia. No entanto, as salas destinadas à O protocolo a ser seguido para eliminar riscos
exposição costumam ser modificadas em sua ocasionados pela indefinição no controle
distribuição espacial em consequência desses dos índices de iluminação durante o perío-
trabalhos, e que essas mudanças tenham feito do de montagem da exposição consiste em
variar ou tenham desestabilizado os sistemas estabelecer um nível de iluminação baixo em
de controle ambiental. todas as salas, limitado, se possível, aos níveis
máximos exigidos para as obras mais sensí-
É preciso, portanto, que nesse momento se veis à luz, e realizar os processos de exame e
comprove a calibragem dos equipamentos de instalação das obras com focos especiais que
climatização, para que os ajustes necessários iluminem suficientemente os trabalhos. Outra
sejam feitos antes da abertura das embalagens medida preventiva, até o ajuste definitivo da
e da instalação das obras em seus locais de luz, é proteger as obras mais sensíveis a níveis
exposição, assegurando que os parâmetros de altos de iluminação, cobrindo-as em seus
umidade relativa e temperatura estejam corre- locais definitivos.

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Quanto à segurança, deve-se estabelecer uma Desembalagem e controle do estado de
comprovação rigorosa de que a sala e todas conservação das obras
as dependências a ela anexas, que acolherão Anexo 18: Laudo técnico de conservação de
tarefas complementares à montagem, estejam obras em trânsito
dotadas dos sistemas de segurança aprova-
dos na avaliação do Facility Report. Desde o As obras são desembaladas seguindo o cro-
momento de chegada das obras embaladas os nograma estabelecido pelo coordenador da
sistemas de segurança combinados devem estar exposição, na presença do courier, se a obra
ativos: alarmes, câmaras, sistema de controle vem acompanhada por ele, do pessoal de con-
de entradas e saídas, vigilantes etc. servação-restauro da instituição organizadora
e do pessoal de conservação-restauro próprio
Será preciso acrescentar a esses protocolos da sede, se houver. Participa desse processo o
algumas medidas especiais de segurança em pessoal destinado à desembalagem e manu-
virtude da afluência do numeroso pessoal que, seio das obras, assim como os especialistas em
por razões de produção e instalação, transita montagem de elementos museográficos.
nas salas nos dias de montagem, e diante do
fato inevitável de que as obras permanecerão O courier e os especialistas em conservação-
expostas a riscos novos nos períodos que vão -restauro supervisionarão todos os momentos
desde sua desembalagem até sua colocação desse processo. Sem sua presença não se pode-
definitiva na exposição. rá fazer nenhuma manipulação da obra, tanto
em sua embalagem como fora dela.
O controle das condições ambientais, de
iluminação e de segurança é de responsabili- É fundamental que as equipes ali presentes
dade dos especialistas em conservação- tenham em mãos o laudo de conservação
-restauro, como também dos serviços da obra, para seguir escrupulosamente as
próprios da entidade organizadora, e dos indicações ali expressas. Esse é um documen-
couriers que acompanham as obras em to imprescindível, sobretudo se não houver a
empréstimo, sempre com o conhecimento do presença do courier, para realizar a compro-
coordenador da exposição. vação do estado da obra, de sua embalagem,
Equipe: Conservação/Restauro, Gestão/Organiza- suas condições de exposição. A supervisão
ção, Design/Montagem museográfica desse processo está a cargo dos especialis-
tas em conservação-restauro da entidade
organizadora.

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Tendo sido examinada a obra, são anotadas Instalação das obras na sala de exposição
no laudo de conservação ou em um anexo Anexo 24: Recomendações técnicas básicas
as observações pertinentes a essa revisão, sobre os materiais compatíveis com os bens
incluindo o exame da embalagem, o correto culturais durante sua exposição
funcionamento dos sistemas de fixação e
imobilização da peça, a não existência de da- Toda a responsabilidade referente à conserva-
nos causados pelos materiais de contato etc. ção das obras durante este processo recai sobre
a equipe de conservação-restauro que definirá,
Deve-se destacar a importância da super- na posição de conhecedor de sua materia-
visão na desembalagem e nesse delicado lidade, como elas devem ser manipuladas e
processo, que pode parecer mecânico. Muitas instaladas, supervisionando não só as ações
obras são compostas de elementos anexos, intermediárias que ocorrem desde sua desem-
móveis ou de pequeno porte. Se essa opera- balagem até a localização final, mas também o
ção não se realiza com cuidado, estes podem pessoal envolvido nessas atividades.
ser extraviados durante a manipulação que
se realiza ao retirar o material envoltório Esse processo inclui a verificação prévia dos sis-
e, assim, podem ser retirados da sua caixa. temas de fixação das obras, fazendo as oportu-
Convém, portanto, aumentar as precauções nas sugestões de mudança se eles não demons-
nesse processo. trarem a segurança exigida; a supervisão do
material de contato com a obra em seu local de
A incorporação da fotografia digital nesse exposição, comprovando sua compatibilidade
processo é inestimável como ‘levantamento com os materiais constitutivos dela; a super-
visual’ do estado da obra desde o mo- visão dos métodos de manuseio da obra em
mento de sua desembalagem até sua ins- função dos seus pontos frágeis ou vulneráveis;
talação no local de exposição. O uso desse o controle dos espaços de circulação próximos
sistema torna necessário um computador à obra durante o processo de montagem da
na sala, pois, além de arquivar as fotos, é exposição, e todos aqueles detalhes que assegu-
preciso visualizá-las, se preciso. rem que sua instalação é definitiva e segura.
Equipe: Gestão/Organização, Curadoria/Cientí-
fica, Conservação/Restauro, Design/Montagem Mesmo que muitas dessas comprovações
museográfica tenham se realizado na avaliação do projeto
museográfico, é necessário agora ter certeza
de que foram cumpridos todos os requisitos
aprovados naquele momento.

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Uma vez comprovado que a museografia está aprovação, presença e assistência da equipe
de acordo com os requerimentos, procede-se à de conservação-restauro. Essa equipe com-
instalação das peças. É também nesse momen- preende tanto a da entidade organizadora, a
to que se colocam, nas obras que o exigirem, pertencente à sede, se houver, e o courier que
os meios de controle ambiental passivo, como acompanhe a obra.
sondas, dispositivos individuais de alarme etc. Equipe: Gestão/Organização, Curadoria/Cientí-
Essa operação está a cargo de especialistas em fica, Comunicação/Educação, Conservação/Res-
montagem e instalação de bens culturais, sob tauro, Design/Montagem museográfica
a supervisão dos técnicos de conservação-
-restauro e do courier, se houver.
Colocação de textos, meios audiovisuais
Nesse processo tem grande importância a interativos e ajustes de iluminação
presença do curador da exposição, o qual
deverá tomar decisões chave sobre a posição Esse processo não se dá, necessariamente, no
definitiva das obras em seus locais (nichos, final desta fase. De fato, pode ocorrer simul-
bases, vitrines, paredes etc.). Mesmo que tenha taneamente aos processos anteriores. Também
mantido contato contínuo com o designer e aqui, cabe ao curador, ao assessor de comuni-
tenha um conhecimento amplo das obras e de cação e ao designer supervisionar a instalação
sua localização espacial, é nesse momento que correta dos textos gráficos, cartazes, textos de
ele visualiza a instalação definitiva e a relação apoio, audiovisuais interativos e outros recursos
de cada peça com seu entorno expositivo. comunicativos, sem erros, na forma prevista e
com os conteúdos previamente combinados.
Esse é um momento em que inevitavelmente
ocorrerão algumas modificações na instalação São feitos então os ajustes de iluminação que
museográfica. No entanto, é preciso levar em finalizarão a museografia, e são testadas e
conta que um bom trabalho de colaboração e comprovadas as medições dos índices de ilu-
intercâmbio anterior entre o curador, o comu- minação a que estarão submetidas as obras no
nicador e o designer simplificará as mudanças período da exposição.
na instalação museográfica prevista, sabedores
todos eles dos prazos limitados de que dispõem Como consequência de toda essa atividade vai
nessa altura da exposição. surgir uma série de ações coincidentes com
a instalação das obras, que inevitavelmente
Qualquer modificação da localização da se concentrarão no mesmo espaço. Às ações de
obra, uma vez instalada, deve contar com a colocação de textos e outros recursos museo-

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gráficos, instalação e ajuste de audiovisuais abertura ao público. As funções desse coorde-
interativos, ajustes nos sistemas de iluminação nador de sala devem ser muito precisas e con-
etc., é necessário somar as visitas institucionais tar com um procedimento claro, que garanta a
anteriores à inauguração, bem como a presen- qualidade desse importante processo.
ça de meios de comunicação (televisão etc.)
para divulgação e publicidade do evento. É um profissional normalmente contratado
para isso ou pertencente ao quadro de funcio-
É tarefa do coordenador de exposição contro- nários da sede, que terá sob sua responsabili-
lar para que todas essas atividades não inter- dade comprovar diariamente que as condições
rompam o desenvolvimento do cronograma de expositivas se mantêm conforme foram fixa-
montagem preestabelecido, nem ponham em das ao concluir-se a instalação e a montagem
perigo a integridade das obras, em consonân- das obras. Ele será o encarregado de informar
cia com os critérios da equipe de conservação- sobre os eventuais incidentes. Deverá ter sido
-restauro. O coordenador da exposição detém integrado ao projeto da exposição pelo menos
essa responsabilidade e autoridade para esta- no momento em que se inicia sua montagem,
belecer mudanças em seu cronograma, regular para ter durante esse período toda a infor-
as visitas especiais à montagem e outras ações mação necessária para que se familiarize com
paralelas à instalação das obras. a exposição, dispondo assim de um conheci-
Equipe: Gestão/Organização, Curadoria/Cientí- mento suficiente das obras e das característi-
fica, Comunicação/Educação, Conservação/Res- cas da instalação.
tauro, Design/Montagem museográfica
Será ele o encarregado de permanecer nas
salas durante o horário de abertura ao público
Designação do coordenador de salas para o e o responsável de comunicar ao coordenador
período expositivo os incidentes observados ou que venham a
ocorrer. Nunca poderá tomar decisões sobre
Terminada a montagem e a instalação, e inau- um possível acidente relacionado com nenhu-
gurada a exposição, tem início o período que é ma das obras expostas sem o conhecimento e
objeto da fase seguinte. Durante esse perío- a autorização do coordenador da exposição, o
do, as obras permanecerão sob o cuidado e a qual acionará e coordenará a equipe apropria-
custódia da sede onde são expostas. Esta, ou a da para a contingência: conservação-restauro,
própria entidade organizadora, destinará uma técnicos de manutenção, instaladores de mon-
pessoa denominada coordenador de sala, que tagem museográfica etc.
ficará responsável por ela durante o horário de Equipe: Gestão/Organização

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III. Etapa de desenvolvimento correspondem aos que foram registrados pelos
equipamentos fixos das salas.
FASE E: PERÍODO EXPOSITIVO
Do mesmo modo, durante essas revisões verifi-
Documentos de uso: ca-se a ocorrência de problemas nos sistemas
• Facility Report de iluminação (fusão ou ruptura de elementos),
• Especificações técnicas para design, produ- e se realizam medições com luxímetros portá-
ção e montagem museográfica teis para comprovar que os índices de ilumina-
• Convênio ou apólice de seguro ção se mantêm dentro dos fixados no final da
• Laudo técnico da obra em trânsito montagem. O acompanhamento desses parâ-
metros ambientais e de iluminação permitirá
Áreas de competência: estabelecer as modificações pertinentes nos
• Gestão/Organização sistemas, caso tenham sofrido alguma variação
• Curadoria/Científica com relação aos já estabelecidos.
• Comunicação/Educação
• Conservação/Restauro Ao mesmo tempo se comprova que os meios
• Design/Montagem museográfica museográficos não apresentam deterioração ou
que sua instalação não foi alterada, colocando
Relação de processos: em risco a estabilidade e segurança das obras.
Essas revisões são realizadas pela equipe de
Controle e acompanhamento das condições conservação-restauro da entidade organizado-
expositivas das obras ra, com a participação de membros da equipe
de manutenção da montagem museográfica e
É um processo que estabelece uma visita da equipe de manutenção das salas.
periódica à exposição, geralmente uma vez por
semana e em geral no dia em que a exposição Quando se verifica um problema e é necessário
está fechada ao público. atuar sobre alguma das obras – abrir vitrinas,
retirar a obra da parede ou mudar seu local de ex-
Um dos objetivos dessa visita é realizar a análi- posição –, comunica-se a ocorrência previamente
se dos gráficos diários, feitos pelos equipamen- ao coordenador da exposição, o qual providencia-
tos de controle ambiental das salas, e avaliar as rá as autorizações pertinentes do comodante para
flutuações registradas. Comprova-se, com apa- poder agir adequadamente e solucionar a questão.
relhos de medição portáteis, que os parâmetros Equipes: Gestão/Organização, Conservação/Res-
ambientais de umidade relativa e temperatura tauro, Design/Montagem museográfica

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Acompanhamento do estado das obras mais do que a estabilização da obra, interrom-
pendo sua deterioração.
Este processo se realiza como o anterior e con-
siste no exame das obras uma a uma, dispondo Em ambos os casos, ou em qualquer outro
das informações e das observações descritas no que implique manipulação da obra exposta,
Laudo técnico da obra em trânsito. deve-se informar imediatamente o coorde-
nador da exposição para que este administre
Para tais revisões estará à disposição uma cópia com o comodante as providências adequadas e
desses laudos, bem como a documentação obtenha as permissões correspondentes para a
fotográfica das obras, realizada durante seu intervenção na obra.
exame na montagem.
Dependendo da deterioração detectada e das
Durante a revisão do estado das obras, talvez suas causas, o coordenador inicia os protocolos
se detectem alterações que podem ter sido destinados a acionar a cobertura das indeniza-
causadas por várias circunstâncias, como a ções por parte do seguro contratado.
própria fragilidade material da obra exposta, Equipes: Gestão/Organização, Conservação/Res-
que, independentemente do parecer afirmativo tauro, Design/Montagem museográfica
para seu empréstimo, às vezes responde ao
estresse causado por seu traslado e manipula-
ção com sinais de alteração e apresentação de Avaliação da exposição
danos materiais.
Inaugurada a exposição, vem o momento de
Detectadas as causas das alterações pela realizar a avaliação total ou geral que deve
equipe de conservação-restauro, o protoco- ter sido planejada desde o início, da mesma
lo nesses casos vem definido pelo alcance forma que a avaliação prévia já mencionada, e
(dimensão) dos danos. Se as alterações são feita em colaboração com um especialista em
graves e colocam em risco a integridade da estudos de público.
obra, será necessário avaliar a conveniência de
sua retirada da exposição para estabilização e A avaliação geral tem como objetivo medir
intervenção em um ateliê de restauro dotado o impacto da exposição sobre os visitantes.
dos meios adequados. Se os danos forem leves Pode centrar-se na comprovação dos objeti-
e contornáveis, a intervenção se faz na própria vos alcançados e na verificação das mudanças
sala de exposições, ficando bem entendido que que se produziram no comportamento ou nos
com essa intervenção não se pretende nada conhecimentos dos visitantes. Pode também

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se interessar por conhecer os resultados da Áreas de competência:
experiência global da visita e sua incidência • Gestão/Organização
em função dos interesses e necessidades dos • Comunicação/Educação
diferentes tipos de visitantes. • Conservação/Restauro
• Design/Montagem museográfica
Em qualquer caso, a avaliação é uma pesquisa
que aumenta nosso conhecimento sobre o Relação de processos:
funcionamento das exposições como meio de
transmissão de informação e sobre os proble- Elaboração do cronograma de desmontagem
mas do visitante para assimilar essa infor- da exposição
mação. Por essa razão, as avaliações tornam
possível a melhoria contínua da capacidade Dentro do cronograma geral, este processo
comunicativa das exposições. requer um cronograma específico destinado à
Equipes: Gestão/Organização, Curadoria/Cientí- desmontagem da exposição, reembalagem das
fica, Comunicação/Educação obras e devolução aos diversos comodantes.
Se houver uma nova itinerância, iniciam-se os
processos descritos na Fase D (Desenvolvimen-
III. Etapa de desenvolvimento to do projeto).

FASE F: DESMONTAGEM E DISPERSÃO Nesse cronograma se incluirão todos os proces-


sos ordenados, desde a data de encerramento
Documentos de uso: da exposição até a chegada das obras a seus
• Orçamento locais de origem. Termina-se com as ações
• Cronograma destinadas ao arquivo de documentação e a
• Especificações técnicas para embalagem e realização da memória final da exposição.
transporte
• Convênio ou apólice de seguro Deverá ser elaborado pelo coordenador de ex-
• Laudo técnico de conservação da obra em posições, considerando a data de encerramento,
trânsito a data fixada para a entrega das salas livres de
• Declaração de entrega/recepção de obras elementos museográficos e as datas de entrega
embaladas das obras a seus respectivos comodantes.
• Memória final da exposição Equipes: Gestão/Organização

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Coordenação das equipes carregamento e com as datas e horários de
saída correspondentes.
O coordenador de exposições obrigatoriamen-
te estabeleceu com antecipação suficiente Além disso, é preciso coordenar essa ordem
os contatos necessários com os comodantes, com a data de chegada do courier que acom-
a empresa de transportes e embalagem e a panhará cada obra novamente, cumprindo
empresa de montagem museográfica, para todo o protocolo de desmontagem, exame e
determinar as diversas ações relacionadas à reembalagem de suas obras.
desmontagem da exposição. Equipes: Gestão/Organização, Conservação/Res-
tauro, Design/Montagem museográfica
Novamente, do mesmo modo que no processo
de montagem e instalação, requer-se uma
coordenação rigorosa que estabeleça a se- Controle do estado de conservação e
quência de desmontagem e reembalagem das embalagem das obras
obras e sincronize recursos técnicos e huma- Anexo 17: Laudo técnico de conservação da
nos para realizar as operações com todas as obra em trânsito
garantias de segurança.
Aqui se repete o protocolo seguido na re-
Participam desse processo os especialistas em cepção das peças, realizando o processo ao
conservação-restauro da entidade organizadora, inverso, isto é, supervisão da desmontagem
o courier (se houver), os técnicos em manuseio das obras, abertura de vitrinas, retirada de fi-
e os especialistas em transporte. O cronograma xadores e prendedores e comprovação de que
de desmontagem implica uma coordenação o estado de conservação está de acordo com o
similar à da montagem, ou seja, nesse processo registrado em sua recepção. Novamente, nesse
é necessário ter perfeitamente definidas as processo é necessária a presença do courier e
datas dos diversos carregamentos das obras dos especialistas em conservação-restauro da
embaladas em coordenação com a empresa de entidade organizadora, assim como os técni-
transporte, para estabelecer a ordem em que se cos encarregados da montagem museográfica
desmontarão e embalarão as obras. e da embalagem.

A empresa de transporte providenciará com Uma vez retirada a obra, e antes de sua emba-
antecipação a listagem de embarques com os lagem, é examinado seu estado de conservação
números das embalagens incluídas em cada e são feitas as observações correspondentes no

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Laudo técnico de conservação da obra. Desse Não devemos esquecer que nesse momento,
modo, tal documento reflete todos os inci- como no período da montagem, são realiza-
dentes que possam ter envolvido a obra desde dos processos que comportam riscos impor-
a saída de seu lugar de origem até aquele tantes derivados da desmontagem, manuseio
momento. A documentação fotográfica das e embalagem da obra, e que podem causar
obras obtida durante a montagem é de ajuda diversos acidentes.
inestimável nesse processo, podendo dirimir
dúvidas sobre possíveis incidentes, mostrar Por esse motivo é necessário ter presente o
modificações etc. protocolo, o qual se repete diante de qualquer
eventualidade relacionada à obra durante a ex-
Se durante a desembalagem foram anota- posição, e a obrigatória autorização do courier
dos nesse laudo incidentes envolvendo a para realizar qualquer intervenção.
embalagem que continha a obra – danos
no exterior ou no interior da caixa, defeitos Na ausência do courier, o coordenador deverá
na sua fabricação etc. que recomendassem informar o ocorrido ao comodante e obter
modificações ou a construção de uma nova as permissões necessárias, fazendo chegar a
embalagem –, é nesse momento que se deve ele o diagnóstico da situação e o tratamento
verificar se tudo foi feito corretamente, antes de urgência proposto pelos especialistas em
de proceder à embalagem. conservação-restauro. Esse protocolo requer um
Equipes: Gestão/Organização, Conservação/ trâmite rápido, tendo em vista os curtos prazos
Restauro, Design/Montagem museográfica disponíveis para estabilizar a obra, se preciso, e
para proceder à sua embalagem e devolução.
Equipes: Gestão/Organização, Conservação/
Ações diante de possíveis incidências: Restauro
intervenções de urgência com vistas ao
traslado/devolução
Controle do carregamento das embalagens
O exame das obras no período da desmonta- Anexo 21: Recibo de entrega das obras
gem pode detectar danos ou variações em sua embaladas
estabilidade, relacionados a diferentes motivos
– como reações adversas no comportamento O carregamento das embalagens contendo
dos materiais ou acidentes durante a sua ma- as obras se realiza seguindo o cronograma
nipulação –, os quais tornem aconselhável uma estabelecido pelo coordenador, de acordo com a
intervenção antes de seu transporte. empresa de transporte. A lista de caixas (packing

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list) providenciada pela empresa de transporte é devolução de todas as obras que integraram a
fundamental para realizar um controle rigoroso exposição se denomina ‘dispersão’ e culmina
– habitualmente checando a lista de embala- com a recepção de cada obra em seu lugar de
gens – de que estão sendo embarcadas todas as origem, onde se realizará um novo exame de seu
obras nos veículos de transporte. estado, o qual implica a anotação de obser-
vações no Laudo técnico de conservação da
O controle exaustivo desse processo contempla obra em trânsito. Nesse momento devem estar
a supervisão de que as manobras de carrega- presentes o comodante ou o responsável por ele
mento de realizem corretamente, sem riscos designado, o courier que acompanhou a obra (se
para as obras, e que a localização das embala- houver) e o pessoal da empresa de transporte.
gens dentro dos veículos seja correta quanto à
posição e fixação. O coordenador estará em contato com o
comodante para saber se houve incidentes na
Participam desse processo o coordenador, o cou- entrega da obra. Neste caso, vai acionar as
rier (se houver), o responsável pela segurança da ações correspondentes de seguro e tramitar
sede e os especialistas da empresa de transporte. as indenizações necessárias no caso de danos
Outorga-se, como no momento de recepção das ocorridos no traslado.
obras, um documento no qual os responsáveis Equipes: Gestão/Organização, Conservação/
da sede fazem a entrega das obras embaladas à Restauro
empresa de transporte. A partir desse momento
a sede delega toda a responsabilidade à empresa
de transporte e à entidade organizadora. Elaboração da memória final da exposição
Equipes: Gestão/Organização, Conservação/ Anexo 26: Arquivo da documentação de uma
Restauro exposição e conteúdos do relatório final

O encerramento da exposição não ocorre na


Dispersão das obras e recepção em seu lugar entrega das obras. Durante todas as etapas já
de origem descritas foi feito um trabalho que acumula
Anexo 18: Laudo técnico de conservação de um importante número de gestões e documen-
obras em trânsito tação que é preciso arquivar e ordenar.

A empresa de transporte é a responsável pela O coordenador da exposição é quem desenvol-


devolução das obras a cada comodante na veu a maioria dos trâmites e compilou infor-
data e horário preestabelecidos. O processo de mações, correspondências, acordos, formulá-

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rios, especificações etc., e a ele corresponde
arquivar toda essa documentação de modo
ordenado e de acordo com o sistema e critério
da instituição organizadora. Esse arquivo
constitui uma valiosa fonte de informação
para futuros projetos e deve ser realizado com
metodologia que torne factível sua consulta
por outros especialistas da instituição.

Ainda que não seja habitual, muitas institui-


ções organizadoras têm estabelecido entre seus
protocolos realizar também uma ‘memória
final’. A diferença com relação ao arquivo men-
cionado antes é que nela se documentam con-
clusões dos distintos processos realizados. Pode
parecer um trabalho desnecessário, uma vez
que a exposição está terminada, mas, se reali-
zado sob um procedimento sensato e regulado
pela instituição, pode constituir uma medida
de referência da qualidade dos processos se-
guidos e, portanto, uma ferramenta corretora
dos defeitos observados por quem controla a
maioria dos processos, o coordenador.

Além disso, nessa ‘memória’ devem ser incor-


porados os estudos de avaliação da exposição,
que vão desde a avaliação dos orçamentos até
outros estudos – de público, de acompanha-
mento de atividades paralelas etc.
Equipes: Gestão/Organização, Comunicação/
Educação

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4. Anexos
Documentos de apoio
e formulários de uso

130 131

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4.1 Introdução aos anexos

1
Saunders, D. Technical Report. Muitos dos documentos oficiais que descrevem condições gerais de empréstimo frases como
London: National Gallery, Mar. as condições de conservação para os bens cul- “As recomendações climáticas exigidas são:
2004.
turais em exposições temporárias frequente- 50%-60% e 18ºC-22ºC”?
mente apresentam imprecisões, ou são carentes • Se já está estabelecido desde 20041 que
de informações para a avaliação real dos riscos o sentido de direção (flight direction) das
a que os objetos estão sujeitos. A ausência de pinturas nos compartimentos de cargas dos
critérios claros, as redações simplificadas, am- aviões não tem impacto sobre as obras, por
bíguas e às vezes contraditórias entre diferen- que se insiste em escrever “As obras têm que
tes documentos complicam o trabalho de coor- viajar na vertical e na direção do voo…”?
denadores, empresas de transporte, designers,
montadores e conservadores-restauradores. Estes são alguns dos exemplos que evidenciam
a falta de rigor na elaboração dos documentos
A título ilustrativo podemos citar algumas trocados pelas instituições nos trâmites de
frases feitas que se repetem invariavelmente: solicitação de um empréstimo.
• Se já no congresso Art in Transit, realizado
há 15 anos, recomendava-se que os obje- Os 26 anexos que se apresentam a seguir
tos de pequeno porte viajassem em caixa abordam diferentes documentos: protocolos,
compartilhada, objetivando reduzir a altura informes, formulários, roteiros de conteúdos,
de queda em caso de impacto, por que se documentos de orientações técnicas, arquivos
mantêm nas condições gerais de empréstimo de dados, modelos, documentos de apoio e
frases como “cada objeto deverá ser embala- recomendações básicas, que pretendem servir
do em caixas individuais…”? de suporte técnico aos profissionais que parti-
• Se já se confirmou que é a qualidade do cipam das exposições temporárias.
isolamento interno de uma caixa ao vapor
d’água que evita um possível efeito tampão A redação de cada um deles é fruto da leitura
negativo da madeira, por que se insiste nas comparada dos documentos atualmente em
orientações técnicas para a embalagem com uso em instituições espanholas, mexicanas e
frases como “recomenda-se um isolamento brasileiras. Neles foram integradas normas eu-
externo da caixa ao vapor d’água com uma ropeias (como a ISO 780:1997, sobre marcação
pintura ou um verniz…”? gráfica relativa à manipulação de mercadorias),
• Se, para os materiais orgânicos, são as os avanços dos grupos de trabalho CEN (Comi-
condições climáticas da obra em seu lugar tê Europeu de Normalização) sobre o transpor-
de origem as que devem ser respeitadas te de obras de arte e a avaliação de numerosos
na exposição, por que encontramos nas documentos publicados até 2008.

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Os anexos recolhem também a experiên- de empréstimo desempenha o duplo papel de
cia prática, compartilhada com numerosos condições gerais de empréstimo e condições
profissionais que trabalham atualmente em específicas por obra.
museus, assim como profissionais privados que
colaboram com instituições organizadoras de O segundo caso é o do Anexo 18, Laudo técnico
exposições temporárias. de conservação de obra em trânsito. Tradicio-
nalmente o documento se chama Laudo técnico
Por esse motivo os documentos apresentados e não menciona as condições de conservação
nestes 26 anexos representam uma proposta, durante a viagem e os locais fora de seu lugar
em alguns casos considerada por consenso de origem. Está confirmado que o monitora-
como inovadora, a qual tende à padronização mento das condições de umidade, temperatura,
para facilitar a comunicação entre especialis- vibrações, choques e poluição é necessário para
tas e instituições. a correta conservação das obras. Por esse moti-
vo decidiu-se contemplar no mesmo documen-
Alguns desses documentos podem parecer to, além do estado de conservação do objeto, a
um pouco distantes dos habitualmente revisão das características do veículo, da caixa,
empregados, sobretudo aos profissionais com da montagem e das condições ambientais.
experiência, e por isso requerem uma expli-
cação preliminar: O terceiro caso é o do Anexo 13, Protocolo para
exportação temporária dos bens culturais.
O primeiro caso é o do Anexo 8, Formulário de Tendo em vista a disparidade de critérios para
empréstimo. Entende-se que, se uma institui- realizar essa operação na Espanha, no México e
ção organizadora solicita a outra instituição no Brasil, decidiu-se separar os documentos em
– por exemplo, um museu – uma obra de arte Anexo 13, Anexo 13.1 e Anexo 13.2.
em empréstimo, a recepção das condições
gerais de empréstimo e das condições especí- O quarto caso é o do Anexo 15, Roteiro para
ficas por obra solicitada devem ser suficiente- redigir o documento de orientações técnicas
mente completas para evitar que seja enviado de embalagem e transporte de bens culturais.
um formulário de empréstimo. O envio desse Nesse anexo propõe-se seguir um formato
formulário se reserva às instituições privadas bastante rigoroso de apresentação das licita-
ou particulares que não estabeleceram condi- ções por parte das companhias de transporte.
ções gerais de empréstimo e que dificilmente Trata-se de uma proposta que está diretamente
prepararam anteriormente suas condições relacionada com o Anexo 16, Roteiro para
específicas por obra. Nesses casos, o Formulário licitação de embalagem e transporte.

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O quinto caso é o do Anexo 23, Recomen-
dações técnicas básicas para estabelecer as
condições específicas de climatização para
os empréstimos. Com esse anexo pretende-se
trazer fundamentos que evitem simplificações
absurdas e a exigência de condições que quase
ninguém pode oferecer em seu próprio espaço
expositivo, e ainda chamar a atenção para a
importância do curriculum vitae climático dos
objetos orgânicos rígidos ou semirrígidos.

Procuramos identificar, com os 26 anexos arro-


lados a seguir, os documentos de apoio, tanto
administrativos como técnicos, que permitem
assegurar a integridade física do objeto ao
longo de seus deslocamentos e instalações
temporárias.

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4.2 Relação dos anexos

Anexo 1 A quem está destinado?

Roteiro para um projeto de À entidade organizadora.


exposição

A apresentação de um projeto expositivo não O que contém?


segue, na prática, um formato predeterminado.
O curador, especialista no tema abordado na 1. Apresentação da ideia expositiva e discurso
exposição, costuma apresentar sua proposta científico que a sustente.
através de um texto, em geral não muito ex- 2. Relação dos colaboradores e especialistas
tenso, que sintetiza a ideia e sua concepção. nas diversas áreas temáticas do projeto: co-
mitê científico, comitê de redação de textos
Para permitir a avaliação preliminar do projeto, para catálogo etc.
é desejável que a proposta esteja suficien- 3. Justificativa da proposta expositiva funda-
temente elaborada, descrevendo os alcances mentada e argumentada em concordância
científicos nos quais ela está fundamentada aos objetivos vocacionais da instituição
e anexando uma primeira listagem dos bens organizadora, destacando as contribuições
culturais a serem expostos, com sua procedên- ao tema que abordará e a importância de
cia e localização, bem como a especificação da sua realização.
sede ou sedes onde seria desejável a exposição 4. Uma análise crítica de outras mostras e
e todos os demais dados que permitam um pa- exposições de temática semelhante ou que
norama o mais completo possível da proposta. tenham incluído obras coincidentes ou
similares com aquelas propostas na lista de
Por tudo isso, num projeto de exposição devem obras do projeto expositivo.
ser considerados ao menos estes conceitos: 5. Descrição dos objetivos de comunicação
e educação contidos no projeto, âmbitos
sociais e culturais aos quais está dirigida
Quem o redige? a exposição e expectativas de potencial
interesse.
O curador da exposição e/ou o comitê de 6. Roteiro científico, descrição e conteúdos
pesquisa. dos núcleos temáticos.

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7. Lista de obras que podem ser integradas Bibliografia
em cada um dos núcleos. Justificativa da
seleção de cada obra por sua contribuição RICO, J. C. Manual práctico de museología, museografía y
científica, temática, estética ou de outra técnicas expositivas. Madrid: Silex, 2006.
natureza. A lista de obras deve incluir
informações suficientes para poder dar
procedimento ao trâmite de solicitação
de empréstimo: autor; nome ou título;
atribuição cronológica; material/técnica;
instituição a que pertence, localização da
obra e imagens.
8. Condições gerais dos espaços expositivos
para a mostra, metros quadrados requeri-
dos, sistemas audiovisuais.
9. Proposta e características gerais do ca-
tálogo. Conteúdos, autores participantes,
número de textos, idiomas etc.
10. Conhecimentos das possibilidades de reali-
zação: prováveis comodantes, patrocinado-
res, instituições públicas ou privadas com
potencial apoio para o desenvolvimento do
projeto.
11. Formulação do programa educativo, de
comunicação e cultural: roteiro para visitas
guiadas, monitoria da exposição, atividades
complementares como oficinas, conferên-
cias, cursos, seminários, concertos etc.
12. Indicações e informações de potenciais
patrocinadores.

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2
Icee/Icom. International Com-
mittee for Exhibition Exchan- Anexo 2 A definição desses blocos possibilitará fixar
ge, 1997. os lançamentos de gastos que constituirão a
Documento de apoio para orçar uma tabela orçamentária.
exposição
Como não existe uma norma para realizar esse
A realização de um projeto expositivo deixou processo, comumente as tabelas orçamentá-
de ser algo que se realiza sem parâmetros rias possuem formas distintas. Essas tabelas
orçamentários. Abordar sua produção é um devem estar concebidas para que sejam ágeis
exercício complexo e detalhado para o qual em sua consulta e possibilitem o controle
“não existe uma fórmula mágica”, como afirma atualizado das variações entre as estimativas e
François Tremblay em sua conhecida publica- os custos reais, para reagir com eficácia diante
ção Orçar uma exposição.2 de imprevistos.

A particularidade de cada exposição vem definida A realização da tabela de orçamentos de


por fatores que a tornam única. Especificar, na uma exposição deve ser da responsabilidade
medida do possível, os fatores que intervêm de uma equipe de trabalho com experiência
numa exposição possibilita determinar a mag- e conhecimentos nas diferentes áreas (por
nitude do projeto a ser desenvolvido. Em termos exemplo, o catálogo, a divulgação e a conser-
gerais esses fatores podem estar enquadrados em: vação preventiva, entre outras), o que evitará
• A tipologia das obras, seu caráter emblemá- a omissão de itens que requerem conhecimen-
tico, a quantidade e a procedência, aspectos tos especializados.
que condicionarão os custos de seguros,
transporte e conservação preventiva. Em suma, embora a elaboração de uma tabela
• A museografia, que definirá os gastos desti- orçamentária dependa de cada instituição, é
nados a design, produção e montagem. preciso partir de considerações que, por seu ca-
• A envergadura da campanha de difusão e ráter básico, sejam aplicáveis em todo projeto:
comunicação em função do tipo de público • Manter a separação detalhada dos itens com
que se quer atrair, que determinará os gas- a finalidade de fazer um acompanhamento
tos destinados à publicidade em televisão, eficaz de lançamentos e pré-lançamentos.
imprensa etc. • Proporcionar uma avaliação global da situa-
• Os serviços internos com os quais conta a ção orçamentária do projeto em cada etapa.
entidade organizadora e as necessidades de • Permitir decisões rápidas em relação aos
contratações externas, de acordo com o pro- imprevistos que possam ocorrer durante os
posto no projeto: catálogo, montagem etc. trabalhos.

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• Ser compatível com o sistema contábil da O que contém?
entidade organizadora.
Apresenta-se a seguir um modelo de tabela de
É importante levar em conta, para os inex- gastos separados por itens, como orientação
perientes na tarefa de orçar uma exposição, dos lançamentos que, entre outros, devem ser
que aqueles itens que têm uma manifestação contemplados:
‘visível’, como o design museográfico, a divul-
gação, o catálogo etc., nem sempre constituem 1. Curadoria
os lançamentos mais elevados do orçamento 2. Coordenação
geral, e que itens ‘não visíveis’ como a segu- 3. Seguros
rança, os prêmios dos seguros ou as atuações 4. Design, produção e montagem
derivadas da conservação preventiva das obras museográficos
podem constituir um gasto considerável. 5. Conservação e restauro
6. Embalagem e transporte. Couriers.
7. Catálogo
Quem o redige? 8. Difusão e publicidade
9. Inauguração
O departamento ou os responsáveis por 10. Manutenção e controles durante a exposição
exposições, em conjunto com os responsáveis 11. Segurança durante a exposição
da área econômico-administrativa da entida- 12. Programa educativo e atividades culturais
de organizadora.
Lançamentos Itens Orçamento Custos

A quem está destinado? Honorários do curador e


do comitê de pesquisa
1. Curadoria
Se a produção é própria, este documento está Pesquisa e documen-
destinado ao departamento de gestão econômi- tação
co-administrativa da instituição organizadora.
Os honorários de um curador e os gastos impli-
Se a produção é compartilhada, este do- cados por um comitê que cubra estas funções
cumento terá como destinatário todas estão sujeitos a variáveis determinadas pelo
as partes compreendidas na produção da prestígio dos profissionais, pela pesquisa que
exposição, os patrocinadores e as instâncias desenvolverão, pela magnitude e complexidade
administrativas superiores. da exposição e pelo número de obras.

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Lançamentos Itens Orçamento Custos anos a cobertura contra riscos como o terro-
rismo ou cláusulas especiais de guerra levou
Coordenador
esse item a se elevar de maneira exorbitante.
Gastos de pessoal,
gastos de escritório, cor-
2. Coordenação A modalidade “Garantia do Estado” servirá
reio, serviço de entregas,
telefone, relatório da como recurso, onde for aceita, para reduzir
exposição, gestões de maneira importante o orçamento geral
administrativas etc. da exposição, levando-se em consideração
que na Espanha costuma-se utilizar só para
As entidades museológicas costumam contar projetos nos quais participam obras cuja
com pessoal interno para desenvolver as fun- avaliação é muito elevada (algo mais habitual
ções do coordenador da exposição, embora quando intervêm obras pictóricas de gran-
haja situações mistas nas quais se contratam des pinacotecas ou fundos procedentes de
especialistas externos. Neste último caso, os grandes museus). Nestes casos, será preciso
gastos mais importantes desse lançamento reservar de qualquer forma um lançamento
são os honorários do próprio coordenador, do valor para a franquia do montante inicial
que serão definidos pela entidade organiza- que não cobre a Garantia do Estado. No Brasil
dora do projeto, com base na magnitude e não existe a modalidade “Garantia do Estado”,
complexidade dos trabalhos a serem realiza- o seguro deve ser contratado especificamente
dos e dos prazos para sua realização. para cada exposição, incluindo as cláusulas
adequadas ao momento ou situação.
Lançamentos Itens Orçamento Custos
Lançamentos Itens Orçamento Custos
Contratações de seguro
3. Seguros
“prego a prego” Design museográfico

Este lançamento em geral constitui um dos Produção de mobiliário


e elementos museográ-
gastos mais elevados, com variáveis importan- ficos, incluindo a gráfica
tes a considerar, como, por exemplo, os pon- 4. Design,
produção e Montagem de elemen-
tos de destino e as características das rotas, montagem tos museográficos e grá-
elementos determinantes na hora de avaliar a museográficos ficos, instalação elétrica
cobertura selecionada e, portanto, os gastos e luminárias, instalação
correspondentes. (Um referente é o custo de dos bens culturais
0,5/1.000 a 1,6/1.000 da avaliação de cada Audiovisuais, interativos
obra, dependendo do convênio.) Nos últimos e outros

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Este lançamento tem sido recentemente sujeito A moldura de desenhos, gravuras e cartazes re-
a grandes incrementos por consequência da presenta um gasto fixo ao qual é preciso somar
tendência, cada vez mais generalizada, de a intervenção sobre as obras ou a desmonta-
contratar como designer da exposição figuras gem in situ, sempre a cargo dos organizadores.
relevantes da cena nacional e internacional, Em alguns museus está-se experimentando o
fato que não considera necessariamente a pagamento de uma cota simbólica por obra
experiência e a trajetória desses profissionais pedida em empréstimo, para cobrir os gastos
no campo da museografia. de gestão. Essa cota corresponde às horas de
trabalho necessárias para a realização dos
Essa modalidade, somada ao desejo constante laudos, cerca de 4 horas por obra.
de inovação museográfica e de incorporação
de tecnologia de última geração, faz que, em É importante ter consciência de que alguns
certas ocasiões, se privilegie este critério sobre critérios de espetaculosidade e luxo nos ele-
a qualidade das obras expostas ou o próprio mentos museográficos não podem prevalecer
conteúdo da exposição. em detrimento do investimento nas infraestru-
turas que afetam diretamente a conservação
A produção museográfica pode ser contratada dos bens culturais (climatização e iluminação
de maneira individualizada por ofícios (pintores, adequadas, estruturas de montagens, suportes
marceneiros, vidraceiros etc.), itens ou fornece- adaptados aos objetos, seguranças etc.).
dores especializados. Essa possibilidade, apesar
de ser uma fórmula mais complexa de coorde- Por isso, é nesse lançamento que se formulará
nar, pode representar economias importantes. a necessidade de contratar uma assessoria em
conservação-restauro que assegure a pre-
Lançamentos Itens Orçamento Custos venção de riscos em todos os momentos do
projeto, assim como na seleção dos materiais,
5. Conservação Conservação preventiva
infraestruturas e acabamentos que sejam com-
e restauro Intervenções de restauro patíveis com os objetos.

Um dos benefícios das exposições temporárias Essa consideração orçamentária pode repercu-
é o resgate e a revalorização de bens patrimo- tir em economia de gastos derivados dos danos
niais através das intervenções curatoriais e/ou potenciais que possam sofrer as obras durante
de restauro. É, portanto, um lançamento que sua manipulação, trânsito e exibição.
será fundamental levar em conta desde o início
da previsão orçamentária.

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Lançamentos Itens Orçamento Custos O planejamento antecipado das rotas e re-

Produção de embalagens
    servas aéreas para o transporte constitui uma
economia considerável neste item.
Transporte nacional e
internacional
Quanto aos per diems e ao alojamento exis-
6. Embalagem Coleta e devolução tem, em geral, tarifas oficiais estabelecidas e
e transporte.
Couriers Custos alfandegários publicadas. No entanto, isso pode variar em
cada país e estar sujeito a negociação, dada a
Couriers – viagens, per
diem, hospedagem
diferença de câmbio.

Escolta privada
A necessidade de contratar escoltas privadas
será um custo a considerar, já que, por exem-
O custo da fabricação de embalagens varia plo, é grande a diferença das tarifas desses
muito em função do país onde são fabrica- serviços mesmo entre a Espanha e os demais
das, da sofisticação da caixa, do tamanho e países da União Europeia, podendo custar até
do peso das obras. (Em 2008, uma caixa de dez vezes mais nestes.
determinadas características custava cinco
vezes mais nos Estados Unidos que na Espa-
Lançamentos Itens Orçamento Custos
nha.) Outro item derivado da fabricação de
embalagens que supõe custo elevado consiste Elaboração de textos e
fichas
em dotar as obras extremamente frágeis de
molduras-vitrine para seu traslado e exibi- Revisão de texto
ção, daí a necessidade de avaliar, de maneira Traduções
fundamentada, essa opção e não fazer dela
algo sistemático. Nem sempre o mais sofisti- Revisões de traduções

cado é o que convém. (Na Espanha, em 2008, Fotografias e ilustrações


7. Catálogo
o custo de uma moldura-vitrine era por volta
Direitos de autor ou uso
de 5.000 €.) de imagens

Quanto aos gastos de transporte, será preciso Projeto gráfico / projeto


editorial
considerar o aumento dos custos em função
das rotas a cobrir ou da necessidade de fazer Impressão e encaderna-
uso de aeroportos de carga especializada em ção (especificar o nº de
exemplares)
razão das dimensões das embalagens.

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Os pagamentos destinados à realização do mais ou menos autores, o prestígio destes,
catálogo apresentam variáveis que incidem em as qualidades e os materiais da edição. Para
seu custo: as traduções dos textos para dois ou decidir sobre o número de exemplares da ti-
três idiomas, a qualidade das tomadas fotográ- ragem é útil elaborar a lista das pessoas que
ficas, os direitos de autor, a incorporação de devem receber o catálogo gratuitamente.

Lançamentos Itens Orçamento Custos

Elementos de divulgação
Design e produção: cartazes, sinalização

Folders, guia de programação, design e produção

Anúncios: design de anúncios, elaboração de spots. Contratação


de mídia: imprensa, revistas e outras publicações, rádio, televisão

Design e produção de publicidade urbana: banners, cartazes,


adesivos
8. Divulgação
e publicidade
 
Entrevista coletiva: dossiê de imprensa e atenção à mídia

Divulgação de programa educativo, design e contratação de mídia

Anúncios em televisão, rádio

Distribuição de catálogo

Direitos autorais

Web design

As expectativas da campanha de difusão de- folders, elementos de divulgação fora da ins-


terminarão o investimento desse lançamento, tituição (banners, cartazes em lojas, adesivos
portanto é importante avaliar com precisão etc.). Se a campanha requer a contratação de
os alcances pretendidos. Alguns desses itens meios de difusão de massa como TV, rádio e
são quase obrigatórios: design e produção de anúncios urbanos, o investimento será elevado
elementos de divulgação na instituição realiza- e, portanto, torna-se obrigatória a análise
dora da exposição (cartazes, adesivos, banners), cuidadosa deste item.

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Lançamentos Itens Orçamento Custos conservação preventiva que realizem as inspe-
Ambientação do espaço
    ções de controle dos objetos expostos durante
9. Inauguração o período de exposição.
Convites

Coquetel / catering Lançamentos Itens Orçamento Custos

Atividade especial 11. Seguran- Vigilância de salas


Pessoal de atenção ao ça durante a Controle de segurança
público exposição por circuito
Pessoal de limpeza

Pessoal de manutenção Para estabelecer os valores desses itens é


e segurança necessário conhecer a quantidade de pessoal
Vídeo e/ou cobertura de segurança que se requererá e o período de
fotográfica do evento contratação, habitualmente desde a chegada
das caixas até sua saída, e não só desde a data
O tipo de inauguração planejado e seu pro- de inauguração até a de fechamento.
tocolo determinarão o montante dos gastos
e a inclusão ou não de alguns dos itens aqui Lançamentos Itens Orçamento Custos
relacionados.
Atenção ao públi-
co. Pessoal de salas.
Lançamentos Itens Orçamento Custos Orientadores de fluxo.
Monitores
Pessoal de limpeza
   
10. Manuten- Atividades para escola e
12. Programa
ção e controles outros coletivos
Pessoal de manutenção educativo e
durante a
atividades Atividades como confe-
exposição Conservação preventiva culturais rências, cursos, oficinas,
concertos, master
classes
Trata-se de um lançamento frequentemen-
te esquecido, mas constitui um gasto que Audioguias, gravação de
textos, equipamento
deverá ser levado em conta para a contratação
de pessoal de limpeza e da manutenção da
exposição, tanto de infraestruturas como da Dependendo do projeto educativo será neces-
museografia. Outro lançamento obrigatório é sário um número concreto de pessoal especia-
o destinado a contratações de especialistas em lizado para visitas guiadas, atividades, oficinas

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e assistência ao público em geral, assim como administram espaços culturais e organizam exposições
equipamento e meios auxiliares. Quanto às temporárias se valem desses indicadores diários para
atividades complementares, será preciso avaliar dinamizar com atividades complementares as entradas,
os honorários de conferencistas, pessoal para em caso de baixa brusca do número de visitantes.
o desenvolvimento de oficinas e cursos etc.
Muitos desses serviços tendem a ser contrata- Período Datas: Dias de abertura:
dos ‘por fora’, parcial ou totalmente.
nº visitantes: nº visitantes/dia:
Visitantes
nº usuários: A nº usuários/dia:
Indicadores de resultados
Vendas por ingressos: D
Entradas totais imputáveis: B
Habitualmente não se procura obter benefí- Entradas Entradas por atividades educativas: E
B=D+E+F
cios econômicos com a organização de uma Vendas em loja (catálogo, merchandising): F
exposição temporária, em muitos casos a visita
Curadoria
é gratuita. No entanto, desenvolver exposições
• Coordenação
com orçamentos abertos está deixando de
• Seguros
ser algo admissível, sejam elas realizadas com
• Design, produção e montagem museográfica
fundos públicos ou privados. Se as entidades
privadas passam o tempo incorporando indica- • Conservação e restauro
dores de resultados, as entidades públicas, de • Embalagem e transporte. Couriers
maneira crescente, seguem essa linha de análi- Gastos Custos totais: C • Catálogo
se de dados e de obtenção de referências para • Divulgação e publicidade
conseguir maior eficácia na gestão de seus • Inauguração
recursos e, ao mesmo tempo, obter avaliações • Manutenção e controles durante
comparativas entre exposições. a exposição
• Segurança durante a exposição
Por esse motivo, como exercício suplementar, • Programa educativo e atividades culturais
pareceu-nos interessante trazer um sistema
Arrecadação da exposição / Arrecadação total da entidade no mesmo período:
de medição de contabilidade analítica que Indicadores 1
Arrecadação diária / Dias de abertura: (em %)
relaciona visitantes, gastos e entradas. Desse
modo, é possível obter indicadores de êxito Ingresso/Custos: B/C
econômico da atividade, por dias e períodos, Indicadores 2 Custos/Usuários: C/A
através de indicadores de gastos e arrecada-
Ingressos/Usuários: B/A
ções por visitantes. As empresas privadas que

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Glossário:
Bibliografia
• Visitante: pessoa que compra o ingresso combina-
do (ao museu e à exposição temporária), visite ou
não a exposição temporária. TREMBLAY, F.; WRIGHT, A.; ALLEGRA, H. Exhibition bud-
• Usuário: visitante que compra o ingresso exclusi- geting / Budgéter une exposition. S.l.: International
vo à exposição temporária. Committee for Exhibition Exchange (Icee), Iicom-
• Entradas por atividades educativas: vendas do Icee, 1997.
catálogo e do material de promoção da exposição
(postais, posters, lápis etc.).
• Vendas em loja: vendas de material de promoção
da exposição: objetos, catálogo etc.
• Custos totais: todos os ocasionados para realiza-
ção da exposição.

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Anexo 3 base para elaborar tal documento destinado
aos meios de comunicação.
Roteiro de conteúdos do book de
apresentação da exposição
O que contém?
O book da exposição é uma ferramenta para
divulgar de forma sintética um projeto exposi- 1. Título da exposição.
tivo, trazendo informações básicas sobre seus 2. Datas e sedes estimadas para a exposição.
diversos aspectos. É um documento gráfico 3. Ficha técnica da exposição: organizadores,
e/ou digital, ilustrado com uma seleção de curador, comitê de pesquisa, colaboradores
imagens e breves textos representativos do e patrocinadores.
projeto. Permite apresentar de maneira concisa 4. Conceito da exibição: ideia e conteúdo a
os conteúdos, as coleções e os alcances da desenvolver. Seções temáticas da exposição.
exibição, com o fim de captar patrocinadores, 5. Objetivos e contribuições da exposição.
colaboradores, comodantes de bens culturais, 6. Obras ou objetos significativos que integrarão
instituições-sedes etc. a exposição com indicação de artistas e/ou
culturas aos quais pertencem e a ordem no
discurso expositivo formulada pelo curador.
Quem o redige? 7. Lista dos comodantes: instituições, colecio-
nadores.
O departamento de divulgação e/ou comu- 8. Contribuições em matéria de resgate,
nicação, em colaboração com o curador e recuperação e revalorização, conservação
o departamento de exposições da entidade e difusão de determinados bens culturais
organizadora. integrados na exposição.
9. Aspectos gerais da museografia.
10. Projeto educativo, enfatizando as publica-
A quem está destinado? ções, materiais e atividades didáticas em
sala e on line.
Aos colecionadores comodantes, patrocinado- 11. Concepção do catálogo e publicações da
res, sedes da exposição e instituições públicas exibição, destacando os teóricos e especia-
ou privadas, os quais se quer incluir no projeto. listas participantes e os temas abordados
pelos textos em sala e on line.
Não se deve confundir este documento com o 12. Campanha de divulgação: contatos com a
Dossiê de imprensa, embora este vá servir de imprensa e meios de comunicação.

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No book não se costuma fazer menção ex- Bibliografia
pressa aos orçamentos por lançamentos; no
entanto, neste momento é necessário ter uma CANNON-BROOKES, Peter. El transporte de las exposicio-
ideia muito aproximada dos custos globais e nes artísticas: en busca de nuevas estrategias. Mu-
por lançamentos gerais da exposição, a fim seum internacional, n.186, p.55-59, 1995.
de argumentá-los durante as negociações de
patrocínio ou participação. Da mesma maneira MARTÍN ARIAS, B. La organización de exposiciones, coor-
ocorre com os benefícios obtidos pelas possí- dinación y difusión. In: RICO, J. C. Los conocimientos
veis instituições patrocinadoras da exposição: técnicos. Museos. Arquitectura. Madrid: Sílex, 1999.
inclusão do logotipo em catálogo, materiais de
divulgação, convite, presença em campanha de
imprensa, incentivo fiscal e outros benefícios
derivados da exposição.

146 147

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Anexo 4 gerando cada uma seu calendário específico.
Esses calendários se concentram e sincronizam,
Documento de apoio para formando o cronograma geral da exposição.
a elaboração do cronograma
da exposição
A quem está destinado?
O planejamento e a organização de um projeto
expositivo implicam analisar, priorizar e orde- É um recurso de planejamento que oferece
nar sincronicamente o conjunto de ações que uma visão pontual por etapas e áreas de com-
concretizam uma exposição. Trata-se de um petência, sobre os avanços, ações e interações,
trabalho exaustivo e rigoroso no qual reside durante o desenvolvimento geral do projeto
em grande parte o conceito da boa prática. expositivo. Portanto, é uma referência fun-
Sob esta perspectiva propõem-se os seguintes damental para a equipe de trabalho em seu
modelos esquemáticos de cronogramas: conjunto e um instrumento metodológico para
• Um modelo de cronograma geral que esta- o responsável pela coordenação do projeto.
belece e ordena os períodos de execução das
etapas e processos de uma exposição.
• Uma lista de blocos de atividades cujos O que contém?
calendários de trabalho deverão ser elabora-
dos e desenvolvidos em consonância com o O calendário é desdobrado por etapas, proces-
cronograma geral. sos, ações e tarefas a serem desenvolvidos em
Evidentemente, cada instituição desenvolverá um projeto expositivo.
seus próprios modelos em função de seu orga-
nograma, ambição do projeto e metodologia.
Modelo de cronograma de planejamento geral

Quem o redige? Para o desenvolvimento do calendário geral de


trabalho é preciso estabelecer os objetivos e os
A formulação do cronograma é efetuada, ge- prazos estimados para seu cumprimento. Da
ralmente, pela equipe de exposições, e especifi- mesma maneira, é indispensável determinar a
camente pelo coordenador da exposição. data de abertura ou inauguração da exposição
para, com esta data como limite, estabelecer
É um documento no qual intervêm as diversas em retrospectiva os tempos em que deverá
áreas que participarão no projeto expositivo, ser cumprido o conjunto dos processos. Esse

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cronograma deverá ser projetado de forma a A seguir, apresenta-se um modelo de cro-
propiciar uma consulta ágil e clara que permi- nograma no qual se estabelece uma lista de
ta, a qualquer momento, uma visão panorâmi- atuações a serem relacionadas com um período
ca sobre o desenvolvimento do projeto. concreto.

Título da Exposição

Entidade organizadora

Sede

Datas

Data de Data de
Cronograma Geral
início término

Constituição da equipe organizadora

Apresentação do projeto expositivo

Definição do contexto jurídico da exibição

Definição do contexto financeiro e avaliação econômica


do projeto
Proposta
Campanha de arrecadação, patrocínios e geração de fundos

Negociações nacionais e internacionais para empréstimos


dos bens culturais a exibir

Avaliação e diagnóstico dos espaços expositivos – sede(s)


participante(s)

Avaliação e planejamento geral

Lista preliminar de obras

Agenda de reuniões do comitê de pesquisa. Introdução ao con-


ceito do projeto. Estabelecimento de objetivos e conteúdos
Programação
Agenda de reuniões técnicas. Análise dos requerimentos téc-
nicos das obras. Elaboração do programa de adaptação técnica
das instalações

148 149

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Elaboração, revisão e assinatura dos termos de empréstimo
temporário dos bens culturais

Elaboração, revisão e assinatura dos convênios de participação


da(s) sede(s) da exibição
Programação
Documentação: base de dados de bens culturais

Lista de obras confirmadas

Programação do estudo de público: avaliação prévia

Pesquisa e documentação: levantamento de material documen-


tal e bibliográfico

Pesquisa e documentação: textos e seleção de imagens para


catálogo, cartazes, textos ilustrativos para a exposição etc.

Apresentação do roteiro museográfico: proposta geral

Avaliação, modificações e aprovação definitiva do roteiro


museográfico

Apresentação do projeto museográfico executivo: planos,


especificações etc.

Apresentação do projeto comunicativo e educativo


Desenvolvimento
Avaliação, modificações e aprovação definitiva do projeto
educativo e cultural

Apresentação do projeto de difusão e comunicação

Avaliação do projeto de difusão e comunicação, modificações


e aprovação

Programa de conservação: restauração, segurança, conservação


preventiva, transporte e montagem dos bens patrimoniais

Desenvolvimento dos documentos de orientações técnicas para


os processos de licitação de: design, montagem, embalagem e
transporte, segurança e catálogo

Redação das bases para os processos de licitação

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Processos de licitação

Outorga das licitações para design, montagem, embalagem


Desenvolvimento
e transporte, segurança e catálogo

Ativação da apólice de seguro de bens patrimoniais

Produção museográfica em oficinas

Design do catálogo e tomadas fotográficas

Elaboração dos conteúdos do catálogo da exposição

Edição do catálogo da exibição

Embalagem e transporte das obras


Produção
Instalação e produção de elementos museográficos em salas

Coleta e descarregamento das caixas de bens culturais

Coordenação de couriers

Desembalagem e montagem dos bens culturais


Treinamento (segurança e equipe de limpeza)

Entrevista coletiva

Inauguração

Programação do estudo de público: avaliação formativa

Projeto educativo e cultural: calendário de atividades culturais


e educativas: conferências, visitas guiadas, oficinas etc.

Atividades de comunicação e difusão no espaço expositivo:


Período entrevistas, visitas especiais, gravações e filmagens etc.
Expositivo
Supervisão do estado de conservação e controle de conserva-
ção das obras em exposição

Supervisão da manutenção das instalações e da museografia

Fechamento

150 151

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Coordenação de couriers

Desmontagem e reembalagem dos bens culturais

Devolução aos comodantes ou envio à sede seguinte (em caso


Encerramento de itinerância)
da exposição
Elaboração do relatório da exposição
Arquivo da documentação gerada pela exposição

Avaliação da exposição

Atividades que devem desenvolver seu


próprio cronograma
cronograma de etapas e fases, será indispensá-
Para a gestão e o desenvolvimento de uma ex- vel desenvolver cronogramas pormenorizados
posição, além do planejamento, através de um por área de especialidade.

Tipos de atividades Data de início Data de conclusão

Planejamento geral / Gestão

Assuntos jurídicos, consultoria e assessoria

Documentação e pesquisa

Design museográfico

Produção e montagem

Conservação / Restauro

Embalagem e transporte

Segurança

Produção editorial

Programa educativo e cultural

Programa de difusão e comunicação

 
 

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Bibliografia

ASSOCIATION DES MUSEES CANADIENS. Les échanges


d’expositions au Canada: analyser les obstacles et
trouver des solutions, rapport du Symposium de no-
vembre 1998 sur les échanges d’expositions au Cana-
da. Ottawa, Patrimoine Canadien, 1998.

HERNANDO, H. Exposiciones temporales: organización,


gestión y coordinación, Madrid: Ed. Ministerio de Cul-
tura, 2006.

152 153

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Anexo 5 de suas instalações. Foi idealizado para uso nos 3
Seu uso requer pagar direitos
Estados Unidos com os objetivos particulares ao Registrars Committee da
American Association of Mu-
Proposta de Facility Report descritos, e foi redigido numa época e contexto seums.
determinados, razão pela qual se faz necessária
Um dos primeiros modelos padronizados sobre uma atualização de seu enfoque. Na Europa o 4
Nemo (Network of European
as instalações, criado nos Estados Unidos há grupo de trabalho Nemo 4 propõe o uso, como Museums Organizations) –
Rede Europeia de Organiza-
pouco mais de 20 anos pelo American Asso- documento padrão, do Facility Report da UKRG ções de Museus.
ciation of Museums – Register Committee (UK Registars Group).
(AAM-RC), apresenta-se como um questionário 5
Na Espanha a Subdirección
destinado a conhecer as instalações da institui- Diante da falta de um Facility Report de General de Promoción de las
BB.AA do Ministério da Cul-
ção sede de uma exposição. consenso e padronizado, tanto nacional 5 tura, em sua publicação Expo-
como internacionalmente, e com o objetivo siciones temporales: organi-
Esse questionário, no início, tinha estes obje- de informar as condições de conservação zación, gestión, coordinación,
2006, propõe um modelo de
tivos: oferecidas por suas instalações, muitas insti- Facility Report.
• Fixar um padrão de recursos e instalações. tuições criaram seu próprio modelo. Assim, a
• Conseguir uma melhora das instalações e informação sobre as instalações expositivas
das condições de conservação nas salas de pode vir apresentada em algumas ocasiões
exposição com a finalidade de reduzir ao contendo as inclusões que a instituição sede
máximo os riscos inerentes aos processos da exposição considere fundamentais.
expositivos.
• Funcionar como um documento dissuasivo, Em todo caso, o exame desses Facility Re-
com a finalidade de reduzir os empréstimos ports, em geral muito extensos, transforma
a instituições, fundações ou associações com o trâmite para obter informação precisa e
recursos insuficientes para tais operações. O facilmente interpretável numa tarefa com-
questionário é tão detalhado e exaustivo nas plicada. Apresentando-se com formato de
perguntas que figura como dissuasivo para questionário ou de informes, a maior parte
algum centro com intenção de solicitar um desses documentos acumula dados desneces-
empréstimo temporário de obra e que conte sários e esquece outros que seria importante
com infraestrutura insuficiente. conhecer, em função da exposição que esteja
sendo programada.
Sua implantação, tanto na América como na
Europa, levou alguns museus a comprarem esse Nesse sentido, procuramos um Facility Report
documento3 e passarem a utilizá-lo como ins- com formato de questionário, conciso e ágil,
trumento para informar sobre as características cujo objetivo se centre em conseguir infor-

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mação, que seja relevante para a conservação lações e especialistas em conservação preventi-
dos bens culturais, sobre as instalações dos va, segurança e gestão de exposições.
espaços expositivos, os movimentos internos
das obras, a segurança e as competências do
pessoal envolvido. Trata-se com isso de otimi- A quem está destinado?
zar o diálogo entre instituições para adequar
as condições oferecidas com as condições de É um documento confidencial de uso restrito,
conservação exigidas, a fim de prevenir riscos destinado ao comodante público ou privado,
sobre os bens culturais. ao courier e aos organizadores.

Quem o preenche? O que contém?

O preenchimento do Facility Report deve ser A informação necessária e suficiente sobre a


feito por pessoal com conhecimento das insta- sede expositiva.

 
Instituição organizadora
 
Título da exposição
 
Datas da exposição
 
Curador da exposição

Titularidade / caráter da instituição (pública ou privada)


Representante legal
1 Pessoa de contato na instituição
Instituição Cargo
A. Contatos
organizadora Endereço
Telefone
Fax
e-mail

154 155

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Titularidade / caráter da instituição (pública ou privada)
Pessoa de contato na instituição
Cargo
Endereço
Telefone
2 Fax
A. Contatos Sede da e-mail
exposição Pessoa de contato para a informação técnica das instalações
Cargo
Endereço
Telefone
Fax
e-mail

A instituição dispõe de um conservador-


-restaurador para supervisionar o estado de Sim Não
conservação das obras emprestadas?
3
Em caso negativo, contratará um conservador-
Sim Não
restaurador?

A instituição dispõe de pessoal de manutenção


da exposição (suporte expográfico, infraestru- Sim Não
tura etc.)?

É pessoal do quadro de funcionários? Sim Não


4
B. Pessoal
A instituição dispõe de pessoal para manuten-
Sim Não
ção dos objetos em exposição?

É pessoal do quadro de funcionários? Sim Não

A instituição dispõe de pessoal de limpeza desti-


Sim Não
nado para a sala de exposição?

5 É pessoal do quadro de funcionários? Sim Não

O pessoal de limpeza recebeu uma capacitação


Sim Não
especial?

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Nome e dado das empresas de transporte e/ou embalagem que
6
colaboram normalmente com a instituição nestes eventos

A instituição dispõe de uma equipe especializa-


Sim Não
da em montagem de exposições?
B. Pessoal

7 Em caso negativo, contratará uma equipe espe-


cializada em montagem de exposições?
Sim Não
Nome e dados:

A sala de exposição está integrada no edifício


Sim Não
principal?
8
Em uma dependência anexa? Sim Não

Existem restrições de acesso para um caminhão


Sim Não
de 12 m x 2,7 m na área de carga e descarga?

Proporcionar dados sobre a resistência dos solos.


9
Detalhar características da área de manobras
(largura da rua, altura etc.)
Detalhar os horários, autorizações, licenças de
circulação viária nos arredores

Indicar os andares ocupados pelas salas desta exposição:


C. Acessos
Subsolo Andar térreo Primeiro andar Segundo andar
10
Detalhar o andar onde estará(ão) exposta(s) a(s) obra(s)
emprestada(s):

Subsolo Andar térreo Primeiro andar Segundo andar

As embalagens poderão realizar o percurso da


área de descarga até a sala de exposição em
Sim Não
carrinho sem obstáculos e protegidos de intem-
péries por todo o trajeto?
11
Em caso negativo, detalhar os obstáculos (escadas, limitações de
pesos, solos irregulares etc.)
Detalhar as dimensões mínimas no trajeto (altura e largura)

156 157

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Utiliza-se a sala de exposição como área de
Sim Não
embalagem / desembalagem?

Em caso negativo, as obras podem realizar o


12
percurso até a sala de exposição num carrinho Sim Não
sem obstáculos?
C. Acessos

O espaço de desembalagem é climatizado? Sim Não

As caixas vazias serão armazenadas em um


13 espaço que possua condições adequadas de con- Sim Não
servação (climatização, controle de pragas etc.)?

Data da última reforma / modificação do espaço expositivo


14 Detalhar:

Está prevista a reforma da sala no período


Sim Não
solicitado?
15
Em caso afirmativo, detalhar

Detalhar os materiais construtivos da área de exposição (pavimen-


to, paredes, teto)
16
D. Características da Indicar se a porta de entrada e as janelas na sala
Sim Não
sala de montagem abrem diretamente para a rua

Pode-se assegurar que todos os trabalhos de pre-


paração do espaço expositivo (pintura, carpin-
17 Sim Não
taria etc.) bem como a limpeza pesada estarão
finalizados antes da chegada das embalagens?

Qual é a carga máxima (em kg/m2) sobre o piso?


18
Existe alguma restrição para o depósito das obras?

Há algum lugar, dentro do espaço expositivo,


Sim Não
onde esteja previsto organizar atos nos quais se
19 permita beber, comer e/ou fumar, colocar plantas?
Existe alguma recepção e/ou sala-vestiário onde Sim Não
os visitantes possam deixar os seus pertences?

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6
Para a Espanha, o Real Decre- Data da última inspeção da área de exposições que certifique a
20
to 227/2006. ausência de pragas, roedores, insetos e fungos:

7
Valor programado. Aplicam-se as normas em vigor 6 sobre o uso Sim Não
D. Características da de pinturas e vernizes de baixo conteúdo em
sala de montagem compostos voláteis orgânicos, tanto na sala
21 como em vitrines?
Em caso de não dispor de normas, privilegiam- Sim Não
-se as pinturas à base de água sem dissolventes?

Marcar com uma cruz o sistema de controle ambiental utilizado:

Calefação central

Calefação com radiadores

Calefação por fio radiante

Unidades de sistema frio / calor

Climatizador de sala com valores programáveis


22
de temperatura e umidade

Sistema central de climatização

Umidificadores
E. Condições
ambientais Desumidificadores

Outros (especificar)

Funciona 24h, incluídos os feriados?

Com que equipamentos contam para medir e registrar a Umidade


Relativa?

E a temperatura?

23 Quais são os valores máximos e mínimos de umidade relativa e


temperatura da sala durante o último ano?

Quem atribui os valores de condições ambientais? 7

158 159

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Detalhar sistemas de iluminação: Para a Espanha: Real Decreto
8

314/2006. Para o México: Ley


Estão dotadas General de Protección Civil
Fontes de (Última reforma publicada no
Sim Não de filtros contra Sim Não
luz natural DOF: 24 abr. 2006) e Norma
24 radiações UV?
Oficial Mexicana NOM-003-
Fontes Estão dotadas SEGOB/2002. Señales y Avisos
de luz Sim Não de filtros contra Sim Não para Protección Civil. Colores,
artificial radiações UV? formas y simbolos a utilizar.

E. Condições Com que equipamentos contam para medir os lux?


ambientais

O sistema permite obter entre 50 e 200 lux sobre os objetos?

25
Com que equipamentos contam para medir os UVs?

Quantas horas de exibição diária estão previstas?

Dentro do plano de segurança da instituição,


existem procedimentos em caso de emergência
Sim Não
(incêndio, intrusão, agressão, inundação, abalos
sísmicos etc.)?
26
Nome e cargo da pessoa responsável por sua ativação durante as
24 horas do dia:

F. Segurança

A sala cumpre as normas 8 vigentes sobre pre-


Sim Não
venção / proteção contra incêndios?

27 Em caso negativo, indicar a norma aplicável

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9
Para a Espanha, pelo Ministé- Descrever brevemente as medidas operativas e humanas de prote-
rio do Interior. ção contra roubo

A instituição dispõe de vigilantes de sala duran-


Sim Não
te as horas de abertura ao público?

Quantos?

Para quantas salas?

A instituição dispõe de vigilância de segurança


durante as 24 horas do dia desde a chegada das Sim Não
obras até o dia de sua saída?
28
Só vigilância em horário de abertura ao público? Sim Não

Fora do horário de serviço ao público dispõe-se


de alarme conectado a uma central receptora Sim Não
de alarmes?

Em caso de empresas externas de segurança:


F. Segurança
Nome da empresa

Está homologada? 9 Sim Não

De quantas pessoas é composto o serviço atri-


buído para a sala?

Descrever brevemente os dispositivos mecânicos e/ou eletrônicos


de proteção contra roubo do imóvel

Nas obras

Nas portas e/ou janelas

29 No espaço expositivo

Nas vitrines

Utilizam barreiras entre o visitante e a obra? Sim Não

Descrever os tipos de barreiras de proteção

160 161

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Enviar por fax ou e-mail o plano do espaço expositivo, indicando o
equipamento com o seguinte código de símbolos:

Orientação: indicar o norte

Posição de portas e janelas

Posição das luzes fixas e/ou do trilho fixo


Posição das tomadas de energia
Posição das conexões de internet

Posição das saídas e entradas de ar


condicionado fixas A
G. Planos das salas
30
de exposição
Posição das bocas de ventilação fixas

Posição dos radiadores fixos

Posição dos extintores EX


Posição das bocas de incêndio BIE's
Posição dos painéis expositivos

Posição das vitrines e outros elementos


museográficos

Dimensões de cada sala, com a altura incluída

Nome  
Cargo (especificar responsabilidade)  
Data  
Assinatura e carimbo  

Bibliografia

AAMRC. Standard facilities report, “United States”, 1998.

UKRG. Standard facilities report, spring 2004.

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Anexo 6 expostas as obras em empréstimo estão em
condições de oferecer as garantias de seguran-
Documento de apoio para avaliar ça, conservação e exibição.
um Facility Report
Esta responsabilidade implica realizar uma ava-
O Facility Report deve trazer uma informação liação dos dados constantes no Facility Report
precisa das características do imóvel, suas áreas do local de exposição. Deve ser obrigatório que
expositivas, equipamentos e as competências tal avaliação emita as resoluções por escrito e
de sua equipe de trabalho. assinadas pelo responsável.

É importante realizar uma análise detalhada O resultado dessa avaliação permitirá ao


dos dados contidos no informe, o que permitirá departamento de exposições da instituição
ao comodante detectar as deficiências sanáveis comodante comunicar as melhoras neces-
e formular as exigências, adequações e solu- sárias sobre as condições das instalações, os
ções específicas, que garantam a segurança, critérios de segurança, capacitação do pessoal
conservação e exibição de suas obras. e condições de conservação. Por exemplo, tra-
tará de modificações tais como: instalar um
Permite à instituição organizadora, se não é termo-higrógrafo ou um data-logger, desligar
a proprietária das salas, ter uma visão geral a calefação, instalar barreiras etc. Vale a pena
das condições sob as quais se pretende exibir insistir em que a avaliação e suas consequen-
os bens culturais e avaliar os orçamentos das tes resoluções devem estar assinadas por
adequações. quem as realizou.

O objetivo da avaliação de um Facility Report é


procurar e oferecer soluções para fazer cumprir Quem o redige?
os requerimentos de empréstimo de obras com
o fim de aproximar-se ao risco zero. Por tratar-se de um documento concebido
essencialmente para garantir a conservação
dos bens culturais, a responsabilidade pela
Por que é necessária uma avaliação do avaliação do Facility Report deve caber ao
Facility Report, por escrito e assinada? especialista em conservação preventiva, que
poderá fazer-se assessorar por outras espe-
Porque é responsabilidade da instituição como- cialidades como: especialistas em segurança,
dante comprovar se as instalações onde serão engenharia de sistemas de climatização etc.,

162 163

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para estabelecer, em conselho e sob sua como constatar as modificações e especifica-
coordenação, as resoluções que garantam as ções derivadas da avaliação.
melhores condições para a exibição das obras
nas instalações propostas. Além disso, essa avaliação pode estar destinada
ao departamento de exposições da instituição
No caso de o comodante ser um colecionador organizadora, quando esta não é a proprietária
privado ou não dispor de um especialista, é das salas; ela poderá, assim, tomar decisões tais
preciso que essa avaliação se faça com o asses- como custear as modificações propostas ou
soramento de um conservador-restaurador e negar a sede.
que se comuniquem os eventuais custos dessa
consultoria à instituição organizadora.
O que contém?

A quem está destinada a avaliação? A avaliação do Facility Report contém a infor-


mação analisada de, pelo menos, estes itens:
Se o comodante é um museu, a avaliação está contatos, pessoal, acessos, características das
destinada ao departamento de exposições de salas (espaço expositivo) e da montagem, con-
tal museu. Se o comodante é um particular, dições ambientais e segurança que integra.
este receberá diretamente a avaliação devida-
mente assinada pelo conservador-restaurador Essa avaliação fundamentará tanto o parecer
contratado para esse propósito. de viabilidade para a realização da exposição
na(s) sede(s) da exibição, como as condições
Em ambos os casos – e baseando-se nos resul- específicas para empréstimo temporário dos
tados da avaliação do Facility Report – serão bens culturais solicitados.
exigidas as condições necessárias e se argu-
mentarão os requerimentos e modificações
pertinentes à entidade organizadora.

Em virtude do fato de que o Facility Report e


sua avaliação têm ‘valor de compromisso’, o
courier deverá levá-los consigo no acompa-
nhamento e durante a entrega das obras sob
sua responsabilidade, para verificar o cum-
primento do estipulado no documento, assim

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Serão relacionadas as datas da exposição, o título e o nome da entidade organizadora.
Serão detalhados o nome, o endereço, o e-mail e o telefone da pessoa que realmen-
te conhece as instalações. (Nem sempre o dirigente conhece as infraestruturas da
instituição onde se realiza a exposição).
1. Contato
Desta maneira o responsável pela conservação preventiva por parte do comodante
ou organizador poderá contatar diretamente a pessoa adequada para obter infor-
mação técnica relacionada com as instalações do imóvel, o equipamento e o pessoal
especializado de cada sede.

Será preciso saber se a sede dispõe de:


• Especialistas em conservação-restauro para avaliar o estado de conservação das
obras e as condições de conservação preventiva.
• Técnicos capacitados para a manipulação e movimento dos bens culturais.
2. Pessoal • Técnicos especializados em montagem museográfica.
• Pessoal de manutenção técnica.
• Pessoal de limpeza com experiência em limpeza de espaços expositivos.
Relação de empresas de transporte e embalagem normalmente contratadas pela
instituição organizadora.

Algumas sedes estão localizadas em centros históricos e zonas urbanas com ruas
para pedestres estreitas, horários específicos de manobra e limitações para os cami-
nhões de dois eixos etc., razão pela qual, como medida de precaução, deve-se obter a
informação relacionada com essas particularidades.
O transportador e o courier devem conhecer estas informações para que possam
3. Acessos urbanos
selecionar o meio de transporte, a rota e o horário adequados. As baldeações de bens
culturais de um veículo a outro representam um fator de risco adicional, que deverá
ser contemplado.
Por tudo isso, o conhecimento das rotas de acesso e os dados acerca dos horários,
autorizações, autorização de fechamento de rua etc. são de suma importância.

164 165

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Serão estudadas as características arquitetônicas do imóvel para considerar os trajetos
que os bens culturais percorrerão, em suas embalagens, desde o local de descarga até o
espaço expositivo, considerando desníveis, dimensão mínimas de circulação, carga de piso
por metro quadrado e qualquer outro tipo de obstáculo arquitetônico ou de instalações.
Isto torna indispensável analisar os planos atualizados de plantas e instalações, as
últimas intervenções e os projetos de melhora. Essas informações permitirão avaliar
os pontos fortes e os pontos fracos da sala.
É importante ter uma declaração dos compromissos da instituição organizadora sobre
as condições do espaço expositivo para o momento de chegada das obras: finalização
dos trabalhos de construção e instalação museográfica tais como pintura, carpintaria,
4. Características do serralheria, limpeza e qualquer outro que possa significar um risco para os bens cultu-
espaço expositivo rais, vigilância e registro de acesso 24 horas por dia, proibição de alimentos, bebidas,
substâncias ou objetos que comprometam a integridade dos bens culturais.
Tais compromissos incluem a redução, até níveis aceitáveis, dos compostos orgânicos
voláteis (COV ou VOC), constitutivos das pinturas, vernizes, lacas e outras substân-
cias, assim como os produtos utilizados nos controles biológicos.
Considera-se também a comprovação da estabilidade e resistência de paredes, muros,
elementos e suportes museográficos.
O exame das plantas das salas permitirá identificar se a localização dos bens culturais
no espaço expositivo oferece as condições de segurança e conservação requeridas pelo
comodante evitando zonas de risco tais como: proximidade dos acessos, circulações
inadequadas, proximidade de saídas de ar acondicionado, proximidade de radiadores etc.

Serão analisadas as informações detalhadas sobre os equipamentos de climatização de


que se dispõe nas salas, assim como sobre a versatilidade do sistema para manter estáveis
os níveis necessários de temperatura e umidade 24 horas por dia, de modo que se possa
avaliar se poderão ser mantidas as condições estipuladas para as obras em empréstimo.
Por tudo o que já foi mencionado, contar com informação sobre as características e
capacidades do sistema de controle climático é indispensável para o comodante já que,
mediante análise prévia, estará em condições de emitir recomendações ou, se necessá-
5. Condições rio, solicitar adequações, tais como complementação do sistema de medição do clima
ambientais ou da luz, instalação de unidades independentes de climatização, controle de ambien-
tes ou seções mediante fechamentos, portas duplas, climatização de vitrines etc.
Da mesma maneira, como parte dos efeitos da relação luz-clima é indispensável que
o espaço expositivo conte com filtros para luz natural e artificial que atuem a favor
da conservação, neutralizando as radiações ultravioleta ou infravermelha.
É de grande importância saber há equipamentos indispensáveis para a medição de
parâmetros ambientais (UR, T, lux, IV, UV), para garantir 24 horas por dia a estabili-
dade em matéria de clima.

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Será verificado se a sede da exposição possui um plano vigente de segurança e pro-
cedimentos em caso de emergência (incêndio, intrusão, roubo, vandalismo, inunda-
ção etc.) e se cumpre com as normas contra incêndios.
Do mesmo modo, é imprescindível verificar o cumprimento tanto das rotinas e pro-
6. Segurança
cedimentos de controle e vigilância, como os riscos por toques e batidas derivados
de uma inadequada circulação, aglomerações etc.
Em geral, comprovar se as medidas humanas, físicas e/ou eletrônicas contra roubo,
inundações, incêndios e vandalismo funcionam devidamente.

Com a avaliação dos seis itens anteriores, será possível determinar se as condições
de segurança, conservação e exibição são apropriadas ou não para conceder o
empréstimo dos bens culturais solicitados, e emitir com fundamento uma resolução
7. Resolução que aponte as insuficiências operativas, de equipamento e instalações, propondo as
adequações que se julguem necessárias para a resolução favorável do empréstimo.
Serão especificadas nessa resolução as verificações que terão de ser realizadas antes
da chegada das obras.

Nome e cargo do avaliador: Assinatura:

Data:
 

Bibliografia

NEHER, A., Can it go? V&A conservation journal, n.26,


1998.

166 167

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Anexo 7 O que contém?

Carta de solicitação de empréstimo 1. Título da exposição.


2. Breve descrição dos conteúdos que a expo-
Este documento tem o objetivo de transmitir sição quer abordar.
uma solicitação concreta relacionada com o 3. Dados do solicitante / instituição organiza-
empréstimo temporário de bens culturais. Não dora, representante legal, (nome, endereço,
existe um modelo padrão para este documen- telefone, fax).
to, razão pela qual cada instituição estabelece 4. Nome do curador.
seu formato. 5. Nome do coordenador (dados de contato:
telefone, fax e e-mail).
Algumas instituições organizadoras aproveitam 6. Detalhamentos sobre publicações e catálogo.
este documento para expor uma breve história 7. Informação sobre a(s) sede(s).
do projeto, com informações sobre a equipe de 8. Informação sobre datas de exibição.
pesquisa e técnica que os respalda e as carac- 9. Informação sobre instituições participantes
terísticas gerais de sua organização. do projeto, se houver.
10. Tipo e número aproximado de obras conside-
A proposta que apresentamos a seguir procu- radas para a exposição e relação de institui-
ra oferecer uma orientação sobre os pontos ções às quais se solicitaram bens culturais.
principais do documento. 11. Lista de obras solicitadas.
12. Compromissos assumidos pelo solicitante:
– Adotar as medidas convenientes para ga-
Quem a redige? rantir o estado de conservação das obras
em empréstimo.
A redação da carta de solicitação está a cargo – Contratar a correspondente apólice de
da instituição organizadora, e ela é assinada seguro com cobertura “contra todos os
normalmente pelo diretor de tal instituição. riscos” (prego a prego).
– Contratar uma companhia especializada
em transporte de obras de arte.
A quem está destinada? – Formalizar acordos mediante documentos
no contexto legal correspondente.
À instituição ou colecionador público ou priva- – Assumir os gastos originários do emprésti-
do, possuidor ou proprietário jurídico da obra. mo da obra.

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– Estudar e, quando for o caso, aceitar as
condições particulares que o comodante
especificar com antecedência para forma-
lizar o empréstimo.
– Devolver as obras ao comodante dentro
do prazo de vigência do empréstimo.

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Anexo 8 Quem o emite e quem o preenche?

Formulário de empréstimo O documento é emitido pela instituição organi-


zadora por meio do coordenador da exposição,
Quando se envia a solicitação de emprés- e quem o preenche é o comodante, através dos
timo a uma coleção particular ou a uma serviços de um conservador-restaurador espe-
instituição que não tem suas condições de cializado em conservação preventiva. Caso não
empréstimo elaboradas, o organizador remete exista esse profissional na instituição cedente,
também um questionário a ser preenchido, outro profissional que tenha conhecimentos de
chamado Formulário de empréstimo. Cons- conservação preventiva poderá preenchê-lo.
tam desse formulário informações como:
dados completos do proprietário, da obra, do
valor para efeito de seguro e outros, como A quem está destinado?
sobre as condições específicas de conser-
vação, transporte, montagem, condições Está destinado ao comodante e será remetido
ambientais e estado de conservação. depois de seu preenchimento ao coordenador
de exposição da instituição organizadora, que
O comodante que não contar com servi- assim obtém dados precisos para a realização
ços profissionais de conservação preventiva da exposição. Estes se integrarão no Arquivo
poderá solicitar à entidade organizadora que digital da exposição, como fonte de informa-
lhe forneça esses especialistas para cumprir ção para os diferentes envolvidos: transporta-
as condições específicas de conservação, ou dores, designers, editores do catálogo etc.
então contratar diretamente um conservador-
-restaurador com essa especialidade, transmi-
tindo os custos ao organizador. De igual modo, O que contém?
o comodante pode atuar como courier ou
transmitir essa responsabilidade a quem con- O formulário de empréstimo costuma integrar
siderar conveniente, por exemplo: o courier de pelo menos estes itens: dados do comodante,
uma instituição, um conservador-restaurador obra, seguro, transporte, catálogo, montagem,
de sua confiança etc. condições ambientais e estado de conservação.

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Formulário de Empréstimo

Título da exposição
Entidade organizadora
Local
Datas da exposição

Dados do comodante (cedente)

Nome instituição/coleção

Endereço

Local da obra

Telefone

Fax

Pessoa para contato e cargo

Telefone contato

Fax contato

e-mail

Dados da obra

Autor / cultura

Nome / Título

Atribuição cronológica / data

Nº inventário / registro

Assinatura / inscrições

Técnica / material

Número de peças (em caso de fazer


parte de um conjunto)

Elementos complementares (moldu-


ra, estojo, base, pedestal etc.)

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Dimensões da obra (em cm) Altura Largura Profundidade Diâmetro

Dimensões totais (em cm)


Altura Largura Profundidade Diâmetro
(incluindo moldura, pedestal etc.)

Peso
(procede-se por material ou medidas)

Dados para o seguro

Valor em cifras

Valor por extenso

Beneficiário do seguro

Cláusulas especiais

Dados para o catálogo e gráfica da exposição

Forma de informar os créditos no


catálogo

Digital alta
Material fotográfico disponível Sim Não Ektachrome outro
resolução

Autorização de reprodução da(s) obra(s) objeto do presente empréstimo no material de


difusão da exposição (publicações, relatório anual, página web, publicidade em meios de Sim Não
comunicação etc.)

Indicações de transporte

Ponto de coleta da obra Horário

Ponto de devolução da obra Horário

Pessoa e dados de contato Tel Fax e-mail

Condições e equipamentos neces-


sários para o acesso, manipulação e
movimento da obra

Indicações especiais de manipulação

Indicações especiais de embalagem e


transporte

Indicações sobre o courier

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Indicações de montagem

Indicações especiais de exibição e


montagem (vitrines, suporte, base etc.)

Outros sistemas de exibição

Indicações de segurança

Condições ambientais requeridas

Umidade Relativa (%) Temperatura (ºC)

Iluminação (lux.hora) e (UV)

Estado de conservação da obra e elementos complementares

Necessidade de intervenção na obra Sim Não

Necessidade de intervenção nos


Sim Não
elementos complementares

Breve descrição do estado de conser-


vação da obra

Breve descrição do estado de conser-


vação de elementos complementares

Precisa de restaurador para a inter-


Sim Não
venção?

Breve descrição da proposta de


intervenção

Orçamento

Prazo da intervenção

Nome do restaurador

Cedente Solicitante

Autorizo o empréstimo da obra, nos locais e datas referidos.

Data, assinatura e carimbo Data, assinatura e carimbo

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Anexo 9 mesmo ocorre com a quantidade e ordem dos
enunciados, o nível de detalhe etc. Em todo
Condições de empréstimo, gerais e caso, trata-se de documentação com valor
específicas, por obra legal, razão pela qual é indispensável sua
formalização assinada pelas partes.
As condições gerais de empréstimo são aque-
las que as instituições públicas ou privadas
consideram como os requisitos indispensáveis Quem o redige?
que, a priori, qualquer solicitante deverá
cumprir para iniciar formalmente a solici- A redação das condições gerais de empréstimo
tação de empréstimo temporário de bens está a cargo da instituição comodante. É um
culturais. Atualmente, é cada vez mais fre- documento resultante da análise e consenso
quente encontrar essas condições na página entre as diferentes áreas: museólogos, respon-
web das instituições. sáveis pelo acervo, catalogadores, curadores e
especialistas em conservação-restauro.
Este documento é utilizado por algumas
instituições como acordo ou convênio de
empréstimo temporário, ao que se soma a A quem está destinado?
lista dos bens culturais solicitados, anexando
as Condições específicas para cada um deles, À instituição organizadora solicitante.
extraídas dos relatórios internos de avalia-
ção de empréstimo (ver Anexo 10. Relatórios
internos de avaliação do empréstimo). Outras O que contém?
instituições apresentam como condições
gerais uma lista de requisitos facultativos As Condições gerais sob as quais se realiza-
que, se aceitos, são integrados à redação de rá o empréstimo da obra e o anexo com as
um convênio ou contrato de empréstimo de Condições específicas para cada uma das
acordo com cada caso. obras solicitadas.

Como se pode deduzir, cada instituição ela- Segue a relação dos aspectos que comumente
bora esse documento segundo seus critérios integram, com maior ou menor detalhe, esses
e normas específicas, razão pela qual podem documentos, e um modelo das condições
ser encontrados diferentes modelos e deno- específicas de empréstimo por obra.
minações (normas, condições, requisitos). O

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Condições gerais de empréstimo já que os parâmetros que correspondem às
necessidades das obras deverão estar definidos,
0. NOME E RAZÃO SOCIAL DA INSTITUIÇÃO para cada uma delas, em função dos padrões
COMODANTE apropriados a seus materiais constitutivos
e suas condições habituais de conservação.
O documento deverá ser redigido em papel Portanto, não é necessário estabelecer valores
timbrado da instituição, contendo titularidade desses parâmetros de forma generalizada.
pública ou privada, logomarca, endereço e
dados para contato. O solicitante será responsável pelo atendi-
mento e comprovação das condições ambien-
tais especificadas para cada obra, mediante
1. ACEITAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE EMPRÉSTIMO leituras diárias de temperatura e umidade.
Esses gráficos poderão ser enviados periodica-
Este item pode ser localizado no princípio ou mente ao cedente.
no final do documento e tem como objetivo
confirmar que o potencial solicitante leu as Não existem também condições gerais de
condições sob as quais se efetuará o emprésti- iluminação para todo tipo de obras. Os reque-
mo e se compromete a cumpri-las. Para tanto rimentos habituais de 200 lux para as pinturas
o solicitante deverá devolvê-lo assinado a e de no máximo 50 lux para os documentos
instituição comodante. sobre papel são fruto de uma enorme simplifi-
cação, mas é necessário incorporar nas condi-
ções específicas o resultado do cálculo de lux x
2. DADOS DA EXPOSIÇÃO horas máximo para o período expositivo.

Incluem-se os dados básicos da exposição: A iluminação em vitrines, nichos ou outro tipo


título, nome da instituição organizadora, dados de mobiliário museográfico fechado deverá ser,
do responsável, objetivo e conteúdo da mostra, em todos os casos, autorizada pelo comodante,
local, datas e período do empréstimo. razão pela qual o solicitante se comprome-
te a enviar com antecedência, à montagem
museográfica, as propostas e especificações
3. CONDIÇÕES AMBIENTAIS técnicas contempladas para esses casos e não
dar continuidade ao processo até ter recebido
Apesar de ser uma prática comum, não se a resposta por escrito do cedente. Exceto em
devem exigir condições gerais ambientais, casos excepcionais as obras nunca deverão

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ser expostas à luz natural direta. Para obras ência comprovada e apresentação de seu port-
expostas em vitrines, nichos ou mobiliário mu- folio e a descrição técnica dos equipamentos,
seográfico fechado, estes deverão ser prepara- dos procedimentos e das medidas de segurança
dos com materiais adequados à conservação e para o transporte das obras, assumindo ainda a
compatíveis às suas especificidades. obrigação de atender as indicações e recomen-
dações que, para esses efeitos, o cedente julgar
Deve ser requerida a aclimatação das embala- conveniente, sob os padrões internacionais tais
gens antes de sua abertura. Na eventualidade como a Norma ISO 9001: 2000.
de que as obras viajem a lugares com grandes
diferenças climáticas em relação às de seu Outros aspectos a incluir no item de emba-
lugar de origem, devem ser detalhadas as con- lagem e transporte são estes: certificação de
dições para a guarda das embalagens vazias, capacitação do pessoal no manejo de bens
para prevenir condensações no seu interior. culturais, cumprimento de padrões interna-
cionais em materiais e produção de embala-
gens, lacres, código de identificação, destino,
4. MANIPULAÇÃO marcação gráfica e símbolos relativos à sua
manipulação (setas de posição, fragilidade,
Enfatiza-se que tanto a manipulação das proteção de intempérie, dentre outros), exceto
obras, como qualquer intervenção relacio- referências ao proprietário e conteúdo. Além
nada com elas ou seu entorno, será efetuada disso, o documento deve conter a descrição
sempre em presença do courier, assistido por dos requerimentos para veículos de transporte
pessoal local especializado. Na ausência do terrestre (tipo, capacidade em correspondência
courier, comunicar-se-á de maneira imedia- com as dimensões e pesos da obra, suspensão
ta a instituição comodante sobre qualquer pneumática, compartimento de carga clima-
incidente relacionado com a obra, pois esta tizado, plataforma hidráulica e sistema de
determinará as ações necessárias, mediante rastreamento via satélite, entre outros).
instruções expressas por escrito.
Quanto à segurança, poderão ser exigidos os
serviços profissionais de escolta, a apresenta-
5. EMBALAGEM E TRANSPORTE ção de procedimentos em caso de pernoite,
trajetos, alfândegas etc.
Neste item deve-se especificar a obrigação do
solicitante em contratar uma transportadora Em relação ao transporte aéreo é imprescindí-
especializada em bens culturais, com experi- vel que a empresa transportadora e/ou a insti-

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tuição cedente efetue a solicitação para que o Atribui-se ao solicitante a obrigação de
courier possa acompanhar as ações de carga, atender as medidas adicionais, que se
paletização e despaletização, manipulação e fizerem necessárias, indicadas pelo courier
trabalhos em pistas e recintos alfandegários. É designado pelo comodante. O courier está
requerida, para conhecimento e aprovação do autorizado a solicitar, in situ, medidas adi-
cedente, a apresentação do plano de viagem cionais de precaução, de segurança, de con-
– itinerário do courier e conhecimento aéreo servação e de exposição; além disso, poderá
(air waybill) das embalagens. retirar as obras quando, por razões evidentes
de risco, julgar necessário.
Anota-se que é direito do comodante a apro-
vação ou impugnação da empresa de embala- Da mesma forma, esclarece-se que o solici-
gem e transporte por motivos de insuficiência tante se incumbirá dos gastos ocasionados
técnica ou garantias deficientes. pelo fato de que as obras, depois de terem
sido instaladas, requeiram algum movimento
Indica-se que o organizador ou solicitante se ou sofram danos. É também obrigação do so-
obriga a financiar o transporte terrestre e/ licitante notificar, por escrito, ao cedente que
ou aéreo das obras, desde o lugar em que se deverá descrever e autorizar os procedimentos
encontram até aqueles nos quais serão exibi- que considerar adequados.
das, e desde a última sede de exibição até o
retorno ao seu lugar de origem. Serão detalhados os acordos estabelecidos
para o transporte, alojamento e diárias (per
diem) do courier (categoria da passagem aérea,
6. CONDIÇÕES DE VIAGEM DO COURIER categoria do hotel, quantia das diárias, apólice
de seguro pessoal etc.).
Neste item o comodante indicará, em função
do número e complexidade das obras em Indica-se que, caso o courier transporte a
empréstimo, a quantidade de couriers que as obra em mão, seja solicitado bilhete aé-
acompanharão, anotando que o courier per- reo especial (eventual assento extra para a
manecerá no local o tempo necessário para obra) e a presença de um representante ou
a verificação do estado de conservação das correspondente da empresa transportadora
obras, sua instalação nas áreas de exibição e nos aeroportos de origem, escala e destino,
a confirmação de que as condições respon- a fim de resolver possíveis incidentes e rea-
dem com precisão às condições estabelecidas lizar os trâmites alfandegários que, por lei,
para o empréstimo. corresponderem.

176 177

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7. CONDIÇÕES PARA A MONTAGEM cedente, o prazo de entrega do certificado 10
Ver Anexo 17.
de seguro.
Indica-se que os trabalhos museográficos
(carpintaria, pintura, iluminação e qualquer O solicitante cobrirá os custos da apólice de
outra atividade que implique risco poten- seguro, e ao comodante reserva-se o direito
cial para as obras) deverão ser finalizados da aceitação ou não da empresa seguradora
48 horas antes da chegada das embalagens indicada, bem como das cláusulas contratuais.
ao espaço expositivo, momento em que este
deverá encontrar-se limpo e em ordem.
9. RESTRIÇÕES À DURAÇÃO DO EMPRÉSTIMO
Especifica-se que o courier verificará as
condições ambientais gerais, o equipamento Especificam-se as restrições do empréstimo.
e funcionamento de segurança, os elementos Determina-se a limitação do numero de itine-
museográficos, a iluminação. O espaço expo- rância. Fixa-se um tempo máximo de exposição
sitivo deverá apresentar as condições adequa- para determinadas obras (por sua natureza
das para o desenvolvimento das atividades de e conservação). Especificam-se as causas de
montagem e de trabalho do courier. finalização antecipada do empréstimo: quando
as obras sofrerem dano ou exista risco, quando
se destinarem a um uso diverso do acordado
8. DOCUMENTAÇÃO E SEGUROS (sem autorização prévia e por escrito do como-
dante), quando se descumprirem quaisquer das
Define-se a documentação obrigatória para a obrigações acordadas no empréstimo ou por
tramitação do empréstimo: autorização dos motivos outros.
órgãos competentes, autorização de expor-
tação temporária, tramitação alfandegária,
documentação pertinente aos traslados das 10. REPRODUÇÃO DE DOCUMENTOS E IMAGENS
obras, certificado de seguro etc.
Especificam-se os acordos e procedimentos em
Detalha-se o tipo de apólice de seguro matéria de reprodução de imagens da obra:
(contra todos os riscos, ou ‘prego a pre- autorizações, restrições, proibições, direitos
go’), indicando o beneficiário, quem será o autorais, copyright, custos e legislações.
contratante, assim como a lista de cláusu-
las obrigatórias,10 o período de cobertura Se for o caso, expressa-se a autorização do co-
de acordo com as normas ou critérios do modante para o uso de imagens da obra para

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os fins de reprodução no catálogo da exposição Da mesma forma, o comodante se reserva o
e demais produtos gráficos relacionados com direito de retirá-las antes do prazo estabeleci-
a mostra, tais como convites, folders, cadernos do por descumprimento das condições aqui ex-
educativos, museografia e divulgação, de acor- pressas, em cujo caso todos os gastos derivados
do com os créditos obrigatórios informados estarão a cargo do organizador.
pelo cedente.
Precisa-se a instância legal (geralmente é do
Da mesma maneira, especifica-se que qual- comodante) indicando o país, estado, cidade,
quer outro uso das imagens – como cartazes, tribunais e legislação sob a qual se resolverão
postais, objetos promocionais ou divulgação as controvérsias.
via internet – ficará sujeito à autorização por
escrito do cedente e sob as condições que ele Cedente Solicitante
julgar convenientes. Nome / Cargo / Nome / Cargo /
Local e Data Local e Data

11. CATÁLOGOS E OUTRAS PUBLICAÇÕES

Determina-se o número de exemplares gratui-


tamente destinados ao comodante assim como
o número de exemplares dos demais produtos
gráficos (convites, folders, cartazes etc.).
Condições específicas de empréstimo por obra
Determina-se a forma do crédito do cedente
nas publicações da exposição. Os dados a serem preenchidos no formulário a
seguir serão extraídos dos Relatórios de avalia-
ção interna para o empréstimo de obra. Estes
12. DEVOLUÇÃO DAS OBRAS refletem as condições específicas sob as quais
se dará o empréstimo.
Determina-se o prazo máximo para a resti-
tuição da obra e se detalham as obrigações
estabelecidas para a devolução.

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Dados da Obra

Autor / cultura  
Nome / Título  
Atribuição cronológica / data  
Nº inventário / registro  
Assinatura / inscrições

Técnica / material

Valor de seguro

Número de peças
(em caso de fazer parte de um
conjunto)

Elementos complementares (moldura,


estojo, base, pedestal etc.)

Dimensões das obras (em cm) Altura: Largura: Profundidade: Diâmetro:

Dimensões totais (em cm)


Altura: Largura: Profundidade: Diâmetro:
(incluindo moldura, pedestal etc.)

Peso (em kg)


(procede-se por material ou medidas)

Ponto de coleta e devolução da obra

Anexam-se fotografias
(13 x 18 cm, de frente e verso, outros
ângulos)

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11
Essas propostas devem cor- Condições ambientais específicas
responder aos valores anuais
permitidos para objetos ex- Parâmetros de Umidade Relativa: máximo e mínimo durante o período de exposição
tremamente sensíveis: 12.500
lux.hora/ano; para objetos Não precisa 45-55 % 50-60 % ≤ 70 % ≤ 40% outros
muito fortemente sensíveis:
42.000 lux.hora/ano; forte-
Em outros casos, especificar:
mente sensíveis: 84.000 lux.
hora/ano; muito sensíveis:
Parâmetros de Temperatura máxima e mínima durante o período de exposição
150.000 lux.hora/ano; e sen-
síveis: 300.000 lux.hora/ano, Não precisa 18-22 Cº 20-24 Cº outros
aplicado a três meses de expo-
sição, recomendados pela nor- Em outros casos, especificar:
ma ISP NF Z 40-010 de junho
de 2002 sobre as orientações
de conservação dos documen- 11
Parâmetros de lux e UV limites durante o período de exposição
tos gráficos e fotográficos no
âmbito de uma exposição. Es- Não precisa 150-200 lux ≤ 70 lux
tas recomendações foram re- 0 µW/L 12
Evitar focos a menos de ____ (cm) outros
visadas pelo grupo de trabalho
Lido. Para as sobras extrema- Em outros casos, especificar:
mente sensíveis (que não po-
dem suportar 12.500 lux.hora
anuais) deverão ser realizados
Indicações de embalagem e transporte
cálculos específicos.
Tipo de embalagem
12
µW/L: microwatts por lúmen.
abertura abertura late- abertura de guias ou
individual compartilhada
lateral ral e superior 5 faces trilhos

pacote bastidor de barras de distribuidor


maleta engradado
(softpacking) movimento imobilização de peso

Requer sensor próprio

tiltwatch shockwatch UR/Tª outros

Materiais de embalagem envolvente (de primeiro contato)

Recomendações de manipulação e embalagem-desembalagem

Requerimentos de pessoal especializado em manipulação e movimento de obra

Requerimentos de equipamentos e ferramentas para manipulação e movimento

180 181

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Indicações de montagem 13
Sílica gel, Sílica gel com in-
dicadores, art sorb em folhas,
Vitrine Sim Não Tipo: em grãos, em caixas etc.

Material tampão (material pata redução ou aumento de umidade) 13

Pré-aclimatado a
Sim Não Tipo Quantidade (kg/m³):
____% de UR

Material absorvente
Sim Não Tipo:
de gases

Requer sensor próprio Sim Não Tipo:

Requer barreiras,
faixas, alarmes, outros Sim Não Tipo:
sistemas de segurança

Nome
Cargo
Assinatura e Data

Bibliografia

ASHLEY-SMITH, J.; UMNEY, N.; FORD, D. Let’s be honest


– Realistic Environmental Parameters for Loaned Ob-
jects. In: PREVENTIVE CONSERVATION PRACTICE, THE-
ORY AND RESEARCH. Preprints of the Contributions
to the Ottawa Congress, 12-16 Sept. 1994. London:
The International Institute for Conservation of Histo-
ric and Artistic Works (IIC), 1994. p.28-31.

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Anexo 10 buições do enfoque temático, afinidade
vocacional com a instituição solicitante,
Parecer interno de avaliação para o características do catálogo etc.
empréstimo de uma obra • Disponibilidade da obra para empréstimo:
compromissos com outros projetos no
A avaliação para o empréstimo de uma obra, mesmo período, importância da obra na ex-
em instituições que disponham de pessoal posição permanente, localização da obra em
especializado em conservação-restauro, deve depósito ou empréstimo a outras instituições
ser efetuada considerando três etapas de e análise de riscos.
controle interno: • Fadiga da obra, em função de empréstimos
anteriores.
• Existência de reproduções ou fac-símiles para
1. Pela direção da entidade comodante/ avaliar se cabe a substituição do original por
cedente essas reproduções, ou então a sugestão de
outras obras da coleção similares à solicitada.
Avalia, em função de suas normas e política de • Avaliação sobre as condições dos locais ex-
empréstimo, a idoneidade da solicitação. Em positivos e características da itinerância.
caso de improcedência, comunica-se a respos- • Avaliação da obra para os efeitos da apólice
ta ao solicitante, sem tramitar o expediente de seguro.
dentro da instituição. Se a direção o considera
procedente, inicia-se o estudo pormenorizado
da solicitação de empréstimo por parte dos 3. Pelo conservador-restaurador
responsáveis pelas coleções e por conserva-
ção-restauro. Redige o parecer de avaliação técnica obser-
vando no mínimo estes aspectos:
• Análise da avaliação do Facility Report.
2. Pelo responsável da coleção à qual pertence • Mobilidade da obra por tamanho, peso,
e/ou pela gerência de empréstimo ou por complexidade da desmontagem e
montagem.
Redige um parecer de avaliação considerando, • Análise do estado de conservação.
entre outros, estes critérios: • Intervenções de restauração.
• Valor científico da exposição: prestígio do • Restauração e/ou acomodação dos acessórios
curador e/ou proposta conceitual, seleção de complementares da obra (molduras, base,
obras que integrarão a exposição, contri- pedestal, suportes, ferragens especiais etc.).

182 183

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• Ações, equipamentos e materiais requeridos o responsável pelo acervo e o conservador-
para os preparativos do empréstimo da obra. -restaurador. No caso de colecionadores parti-
• Tempo e custos estimados para realizar as culares o proprietário da obra e o conservador-
intervenções. -restaurador, contratado para este propósito,
• Indicações sobre manipulação, embalagem e efetuarão as avaliações.
transporte.
• Indicações de montagem.
• Condições de conservação preventiva. A quem estão destinados?

Com base nesses informes, a direção da insti- À direção da instituição comodante e/ou cole-
tuição comodante poderá emitir uma resolu- cionador. A resolução derivada desses informes
ção sobre a viabilidade do empréstimo da obra. será transmitida ao solicitante.
Se for favorável, iniciam-se por intermédio do
responsável os procedimentos internos e exter-
nos para concretizar o empréstimo da obra. O que contêm?

Não existe um formato padronizado para este


Quem os redige? documento, pois cada instituição utiliza seus
próprios modelos.
Como mencionado anteriormente, são três os
profissionais envolvidos na realização deste Oferecemos a seguir um modelo que apresenta
processo: a direção da instituição comodante, os conceitos mínimos a serem considerados.

Formulário a ser preenchido pelos responsáveis pelo acervo e/ou gerência de empréstimo

Dados da exposição

Instituição organizadora:
Título da exposição:
Locais:
Datas:
Relação de obras solicitadas:

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Dados da obra

Autor / Cultura  
Nome / Título  
Atribuição cronológica / data  
Nº inventário / registro  
Assinatura / inscrições  
Técnica / matéria

Valor de seguro

Número de obras
(em caso de fazer parte de
um conjunto)

Elementos complementares (moldura,


estojo, base, pedestal etc.)

Dimensões das obras (em cm) Altura Largura Profundidade Diâmetro

Dimensões totais (em cm)


Altura Largura Profundidade Diâmetro
(incluindo moldura, pedestal etc.)

Peso
(procede-se por material ou por
medidas)

Ponto de coleta e devolução da obra

Anexam-se fotografias
(13 x 18 cm, de frente e verso, outros
ângulos)

Quantas vezes a obra saiu nos últimos


3 anos?
Quando ocorreu sua última saída?

184 185

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Formulário a ser preenchido pelo conservador-restaurador

Avaliação do Facility Report

Resultados da análise do Facility Report Não disponível Favorável Desfavorável

Considerações e/ou propostas das melhorias e adequações:

Laudo do estado de conservação da obra

Verificação dos materiais constitutivos, técnica, dimensões, peso

Descrição do estado de conservação atual

Proposta de intervenção

Período ou tempo estimado para a intervenção

Orçamento da intervenção

Laudo do estado de conservação dos elementos complementares (molduras, pedestais, estojo etc.)

Breve descrição do estado de conservação atual

Proposta de intervenção

Período estimado para a intervenção

Orçamento da intervenção

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14
Essas propostas devem cor-
responder aos valores anuais Requerimentos e preparativos prévios
permitidos para os objetos ex-
tremamente sensíveis: 12.500 Descrição
lux.hora/ano; os objetos (de acordo com a tipologia anotam-se as ações para preparar a obra)
muito fortemente sensíveis:
42.000 lux.hora/ano; forte-
mente sensíveis: 84.000 lux. Orçamento dos preparativos
hora/ano; muito sensíveis:
150.000 lux.hora/ano, e sen-
síveis: 300.000 lux.hora/ano,
Condições ambientais específicas
aplicado a três meses de expo-
sição, recomendados pela nor-
ma ISO NF Z 40-010 de junho Parâmetros de Umidade Relativa: máximo e mínimo durante o período de exposição
de 2002 sobre as orientações
Não precisa 45-55 % 50-60 % ≤ 70 % ≤ 40% outros
de conservação dos documen-
tos gráficos e fotográficos no Em outros casos, especificar:
âmbito de uma exposição.
Essas recomendações foram
revisadas pelo grupo de traba-
lho Lido. Para as obras extre- Parâmetros de Temperatura máxima e mínima durante o período de exposição
mamente sensíveis (que não
podem suportar as 12.500 lux. Não precisa 18-22 Cº 20-24 Cº outros
hora anuais) deverão ser reali-
zados cálculos específicos. Em outros casos, especificar:

15
µW/L: microwatts por lúmen.
14
Parâmetros de lux e UV limites durante o período de exposição

Não precisa 150-200 lux ≤ 70 lux


0 µW/L 15
Evitar focos a menos de __ (cm) outros

Em outros casos, especificar:

Indicações de embalagem e transporte

Tipo de embalagem

abertura abertura late- abertura de comparti- guias ou


individual
lateral ral e superior 5 faces lhada trilhos

pacote bastidor de barras de distribuidor


maleta engradado
(Softpacking) movimento imobilização de peso

186 187

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Requer sensor próprio 16
Sílica gel, Sílica gel com in-
dicadores, art sorb em folhas,
tiltwatch shockwatch UR/Tª outros em grãos, em caixas etc.

Materiais de embalagem envolvente (de primeiro contato)

Recomendações de manipulação e embalagem-desembalagem

Requerimentos de pessoal especializado em manipulação e movimento de obra

Requerimentos de equipamentos e ferramentas para manipulação e movimento:

Indicações de montagem

Vitrine Sim Não Tipo:

Material tampão (material redutor de umidade) 16

Pré-aclimatado a Quantidade
Sim Não Tipo:
(% de UR): (kg/m³):

Material absorvente de gases Sim Não Tipo:

Requer sensor próprio Sim Não Tipo:

Requer barreiras, faixas, alarmes, outros sistemas


Sim Não Tipo:
de segurança

Resultado da análise

Aconselha-se o empréstimo Sim Não

Observações. Indicar se há limitações

Orçamento total:

Nome
Cargo

Assinatura e Data

AECID_113_sd.indd 187 25/05/12 16:25


Bibliografia

ASHLEY SMITH, J. Risk Assessment for Object Conserva-


tion. Oxford: Butterworth Heinemann, 1999.

BOLÍVAR, E. El Guernica y los problemas éticos y técnicos


de la manipulación de las obras de arte. Madrid: Mu-
seo Nacional Centro de Arte Reina Sofía, 1998.

DE TAPOL, B. Préstamos, transportes, condiciones de las


instalaciones y exposiciones: don’t imitate, don’t in-
novate, just educate. In: CONGRESO DEL GEIIC, Va-
lencia, 2003.

188 189

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Anexo 11 imprescindível para a execução dos diferen-
tes processos da exposição. Muitos desses
Arquivo digital para a coordenação dados serão obtidos através das gestões e
de uma exposição tramitações durante o desenvolvimento do
trabalho (cartas, documentos, formulários,
Coordenar uma exposição é uma função informes, convênios etc.), e deverão ser
muito mais complexa que o estabelecimento localizados ordenadamente nesse arquivo no
de um cronograma ou a tramitação adminis- campo correspondente.
trativa de documentos, cartas, formulários ou
convênios, embora esses processos também A ferramenta mais prática e útil para a
sejam de grande importância. A qualidade do realização dessa tarefa consiste num arquivo
resultado final dependerá em grande medida informático para o qual existem diferen-
da adequada capacitação do coordenador da tes aplicativos (Excel, Access, FileMakerPro
exposição, profissional inserido na área de etc.). Cada instituição, mais especificamen-
gestão e organização. te o coordenador, escolherá o sistema que
lhe proporcione maior comodidade para o
Dispor da informação que se vai obtendo desenvolvimento de seu trabalho. Em todo
desde o início do projeto, de maneira organi- caso, deve ser um sistema de arquivo cujas
zada, comparada e fácil de consultar, permi- características permitam ao coordenador,
tirá avançar tendo em cada momento uma a cada momento do desenvolvimento da
visão global e particular do grau de infor- exposição, selecionar os campos adequados
mação disponível, e exercer ações corretivas e extrair deles, de maneira seletiva, os dados
ante a falta de dados importantes. Por isso precisos para cada setor profissional envolvi-
o coordenador da exposição deve aplicar do: comodantes, companhias de transporte,
um sistema de trabalho que permita tornar empresas de design e montagem, editora,
estas premissas realidade: informação precisa companhia de seguros etc. Além disso, o
e factível de ser transmitida no momento arquivo lhe permitirá o acesso, em qualquer
adequado à pessoa certa. momento, a dados fundamentais para outros
processos da gestão: nomes de pessoas de
Uma metodologia eficaz, para esse fim, é a contato, endereços, telefones etc.
criação de um arquivo composto por cam-
pos dispostos em blocos de informação. O Em suma, trata-se de uma ferramenta de traba-
objetivo é constituir um banco de dados que lho fundamental para a coordenação da exposi-
permita a rápida recuperação da informação ção desde seus inícios até sua culminação.

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Quem o elabora? Dados da Instituição Comodante / Cedente

O coordenador da exposição, que deverá con- Campos Dados


tar com conhecimentos especializados no uso
• Nome
dessa ferramenta de informática.
• Endereço
• Telefone / Fax / e-mail
Instituição comodante
/ cedente • Pessoa encarregada de decidir o emprés-
A quem está destinado?
timo (presidente, diretor)
• Pessoas de contato (cargo e meios de
Ao pessoal de exposições da entidade orga- contato)
nizadora. Esse é o arquivo ao qual se recor-
rerá para elaborar os anexos específicos e • Convênio de colaboração: SIM/NÃO

as orientações técnicas para contratação de • Condições de empréstimo


serviços de museografia/expografia e monta- • Restrições temporárias do empréstimo
gem, de transporte e embalagem, de edição • Condições especiais
de catálogo e contratação de seguro, e ainda Gestão do empréstimo • Courier da instituição (dados e condições
para proporcionar informação a outras áreas de viagem)
de trabalho: conservação preventiva, vigilân- • Número de catálogos
cia e segurança. • Número de convites
• Outros

O que contém?
Dados das obras

Os campos necessários onde buscar e arquivar Campos Dados


os dados correspondentes para a correta coor-
denação de uma exposição. • Número de identificação
• Número para museografia / expografia
Propõe-se a seguir uma relação de campos com • Seção / localização na exposição
os respectivos dados para a correta coordena- Dados gerais • Autorizações ministeriais
ção de uma exposição. À medida que o projeto • Autorizações de exportação temporária
avança, poderão ser inseridos novos campos e • Emprestam para cada uma das sedes:
dados em função das características específicas. SIM/NÃO

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• Autor Transporte • Caixa compartilhada / individual
• Título • Incidentes
• Classificação genérica   • Observações
• Cronologia • Imagem disponível: SIM/NÃO
Dados da obra
• Técnica/Material Documentação • Anexa-se: SIM/NÃO
• Nº de peças que a compõem fotográfica
• Requer realizar fotografias
• Dimensões parciais e totais
  • Tipo e número de tomadas fotográficas
• Peso • Autorização de reprodução: SIM/NÃO

• Necessidades de moldura • Restauração: SIM/NÃO


• Vitrine / barreira • Breve estado de conservação
• Indicações de manipulação e montagem • Breve proposta de intervenção
• Instruções para instalação • Orçamento da intervenção
Intervenções reque- • Prazo previsto para a intervenção
• Indicações para exibição ridas na obra
• Necessidades especiais de controle • Nome do conservador-restaurador

Montagem e
ambiental passivo (sílica gel / art sorb /   • Lugar da intervenção
sondas / outros) • Outras intervenções: moldura,
exibição
• Condições ambientais e de iluminação • Desinfestação etc.
  • Período de aclimatação prévio à desem- • Inclui laudo do estado de conservação:
balagem SIM/NÃO
• Segurança: sensores de alarme individual
e/ou outros • Valor em cifras / por extenso
• Protocolo em caso de acidentes • Companhia seguradora (geral ou própria)
• Requerimento de relatórios periódicos • Beneficiário e segurado
durante a exibição Seguro • Período de cobertura
• Observações • Âmbito de cobertura
 
• Cláusulas especiais
• Indicações de transporte e embalagem
• Incidentes
• Equipes
• Observações
• Ponto de coleta (acesso, horários, auto-
rizações etc.) • Número atribuído
• Ponto de devolução • Tipo de imagem
Transporte • Pessoa de contato (tel / fax / e-mail) • Direitos de autor: SIM/NÃO
• Companhias de transporte Catálogo • Pagamento por direitos de autor
• Trâmites alfandegários • Créditos fotográficos
• Escolta • Créditos do cedente/comodante
• Número de caixas • Observações

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17
No México: ver a “Ley de Mo-
numentos y zonas arqueoló- Anexo 12 cação Pública é a instância que, através do
gicos, artísticos e históricos”, Instituto Nacional de Antropologia e História
Diario Oficial de la Federación,
1972, assim como a “Ley Or-
Documento de apoio para redigir (Inah) e do Instituto Nacional de Belas Artes e
gánica del Instituto Nacional um contrato de empréstimo Literatura (Inbal), emite pareceres e autoriza
de Antropología e Historia” e a as exportações temporárias das obras decla-
Lei criada pelo Instituto Nacio-
O empréstimo temporário de bens culturais se radas monumento nacional, assim como as
nal de Belas Artes e Literatura.
efetua de acordo com a legislação e com nor- coleções de bens patrimoniais que integram
18
Na Espanha: ver a Lei 16/1985 mas institucionais do país solicitante. Quanto o acervo nacional. No Brasil, a autorização
do Patrimônio Histórico Espa- aos colecionadores privados cujos bens não de exportação temporária é concedida pelo
nhol, o Real Decreto 111/1986,
estejam catalogados como patrimônio na- Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico
de desenvolvimento parcial
Estatal, a Lei 16/1985 e o Real cional, os empréstimos poderão ser realiza- Nacional (Iphan) após análise dos documen-
Decreto 620/1987, pelo qual dos, segundo os acordos particulares que se tos exigidos e disponíveis no site do Instituto,
se aprova o Regulamento de
estabelecerem, levando-se em conta que, se o com exceção dos bens culturais pertencentes
Museus de Titularidade Estatal
e do Sistema Espanhol de Mu- empréstimo implica a exportação temporária a museus que, neste caso, deverão ter tam-
seus. dos bens culturais, é obrigatório cumprir com bém a autorização do Instituto Brasileiro de
legislação, normas e procedimentos previstos Museus (Ibram). São esses institutos os que,
19
A Subdireção Geral de Promo-
em cada país para esses fins. de acordo com a sua lei orgânica, estabe-
ção das Belas Artes coleta di-
ferentes modelos de convênio lecem o contexto e as condições para um
(de contexto, de colaboração, No caso de um comodante ou colecionador empréstimo temporário, mediante a assina-
de colaboração para a orga-
privado, o convênio costuma ser redigido a tura de um contrato de empréstimo de bens
nização de uma exposição, de
cessão temporária etc.) em sua partir do cumprimento do Formulário de con- culturais em comodato.17
publicação de 2006 Exposi- dições específicas de empréstimo. Tratando-
ciones temporárias: organiza-
-se de organizações institucionais, o convênio Na Espanha, a Subdireção Geral de Museus
ción, gestión y coordinación.
Ed. Secretaría General Técni- pode ser substituído pelas Condições gerais Estatais do Ministério da Cultura tramita a
ca. Subdirección General de de empréstimo acompanhadas das Condições preceptiva Ordem ministerial (pela qual se
Publicaciones, Información y
específicas de empréstimo para cada obra, ou concede a autorização expressa e prévia do
Documentación, p.33.
então, de acordo com os critérios ou normati- Ministério da Cultura) para a saída de bens
va do comodante, integra-se essa informação de interesse cultural (BIC).18 A Subdireção
na redação de um convênio. Geral de Promoção das Belas Artes propõe a
regulamentação das condições do empréstimo
Na América Latina é comum a assinatura de através da assinatura de um convênio.19 Nas
um convênio ou contrato de empréstimo, Comunidades Autônomas com competências
prática que está sendo estendida também à nessa matéria, são seus órgãos de governo
Espanha. No México, a Secretaria de Edu- que autorizam o empréstimo e estabelecem as

192 193

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condições gerais para ele. Neste último caso, 1. Apresentação das partes
a autorização para a exportação temporária
tem de ser visada também pelo Ministério da Entidade organizadora e entidade comodante,
Cultura. Os trâmites de exportação temporá- assim como seus representantes legais, que
ria de bens culturais na Espanha, no México e assinam o convênio / contrato.
no Brasil estão detalhados no Anexo 13.

A redação de um documento para o emprés- 2. Expõem / Declaram


timo temporário de bens culturais dependerá
de cada instituição e terá, em qualquer de Definição das entidades organizadora e como-
suas variantes, valor jurídico. A seguir se dante.
apresentam alguns conceitos que integram um
contrato ou comodato de empréstimo de obra. Conteúdo da exposição: título, sede(s) e perío-
do expositivo.

Quem o redige? Declaração de intenções para realizar o projeto.

A instituição comodante, de acordo com as


normas jurídicas de seu país. 3. Cláusulas

Objeto do convênio/contrato: descreve o fim


A quem está destinado? para o qual se subscreve o convênio do em-
préstimo dos bens culturais que se detalharão
Às instituições que o subscrevem como garan- no documento Anexo I. Precisa-se o período
tia de cumprimento das obrigações expressas. de vigência (a partir da assinatura e até que a
obra tenha retornado a seu lugar de origem e o
comodante expresse seu de acordo).
O que contém?
Conservação/restauro: estabelecem-se con-
A descrição detalhada do objeto da solicitação, dições e requerimentos específicos e gerais de
as condições, acordos e procedimentos para conservação e exibição, destacam-se as neces-
efetuar o empréstimo temporário de obra. sidades de intervenção prévias ao empréstimo e
as atuações em caso de deterioração das obras.

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Organização da exposição: expõem-se as funções te obtenha as imagens da obra e defina os meios
e responsabilidades da entidade organizadora. nos quais as utilizarão (catálogo, folhetos, cartaz,
audiovisuais etc.). Especificam-se as restrições.
Financiamento: identifica-se a entidade que
assume os gastos derivados da exposição (nor- Créditos: especificam-se a forma, os lugares
malmente, a entidade organizadora). Deta- e os meios de comunicação em que se credi-
lham-se os compromissos de financiamento. tará a instituição comodante ou colecionador
(espaço expositivo, meios impressos e audiovi-
Obrigações da entidade organizadora: suais, cartaz, folhetos, convite etc.).
estabelecem-se os compromissos da entida-
de organizadora em matéria de conservação, Resolução de nulidade antecipada: rela-
segurança, pessoal técnico especializado em cionam-se as hipóteses que implicariam a
manipulação, embalagem e transporte de bens revogação do contrato (uso indevido das obras,
culturais, seguros, programa editorial, de difu- exposição de risco, descumprimento etc.).
são, comunicação educativa etc.
Resolução de controvérsias: estabelecem-se
Faz-se referência neste item ao Anexo II, com os procedimentos para solucionar possíveis
as Condições gerais de empréstimo, e ao Ane- controvérsias derivadas da interpretação ou
xo III, com as Funções e direitos dos couriers. descumprimento dos compromissos estabele-
cidos no contrato, indicando a jurisdição e os
Assistência recíproca: expressa-se o acordo tribunais competentes, o lugar para dirimir as
de colaboração entre comodante e solicitante controvérsias, a lei aplicável e o idioma.
para facilitar e realizar o empréstimo.
Assinaturas: nome e cargo dos representantes
Seguro: certificado ou apólice de seguro (auto- legais (assinam-se todas as folhas e os anexos).
rizada pelo comodante) descrevendo o âmbito
e período de cobertura, especificando que tal
certificado se entregará ao comodante antes 4. Anexos
que se efetue o primeiro movimento dos bens
culturais e não caducará até que a última obra - Anexo I: lista e imagem de obras com suas
tenha voltado a seu lugar de origem. Condições específicas por obra.
- Anexo II: anexam-se as Condições gerais de
Catálogo. Reprodução de imagens: expressa-se a empréstimo da entidade comodante.
autorização do comodante para que o solicitan- - Anexo III: funções e direitos dos couriers.

194 195

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Bibliografia

ACTION PLAN for the EU Promotion of Museum Collec-


tions’ Mobility and Loan Standards. Disponível em:
www.museumcollectionsonthemove.org

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Anexo 13 Trata-se de uma exportação temporária de
obras solicitadas por uma entidade organizadora
Protocolo para exportação temporária de outro país, é o comodante que deve realizar
de bens culturais – Espanha esse trâmite para poder efetivar o empréstimo.

Os modelos que oferecemos a seguir são repre-


sentativos dos protocolos estabelecidos para o Que protocolos contempla?
empréstimo temporário de bens culturais pelo
Ministério da Cultura da Espanha. Espanha – Ministério da Cultura

Algumas Comunidades Autônomas – por exem- Para a exportação de bens culturais que
plo, a Catalunha – têm implantado um proto- integram o Patrimônio Histórico Espanhol é
colo próprio para a saída temporária de bens necessário tramitar uma autorização expressa
culturais de sua Comunidade. Esse protocolo do Ministério da Cultura e a documentação
é prévio ao que terá de ser realizado perante alfandegária exigida pelo Ministério da Econo-
instâncias do Ministério da Cultura espanhol, mia e Fazenda. Dependendo das características
se as obras saírem do âmbito do Estado. de cada bem e do destino da exposição, os
bens culturais, segundo o estabelecido pela Lei
do Patrimônio Histórico Espanhol, terão de tra-
Quem o estabelece? mitar através de um ou outro processo, cujas
especificações expomos a seguir:
As instituições oficiais com competência na
salvaguarda dos bens patrimoniais a serem
exportados de maneira temporária. Exportação de bens culturais dentro da União
Europeia

A quem está destinado? Necessitarão autorização de exportação


definitiva, temporária com possibilidade de
Trata-se de exportar obras do território venda ou temporária para sua saída do terri-
nacional por parte de uma entidade organi- tório espanhol:
zadora também nacional. Compete à direção • Os bens culturais que tenham mais de cem
de exposições e ao coordenador da entidade anos de antiguidade.
organizadora elaborar as cartas e preencher a • Os incluídos no Inventário Geral de Bens
documentação precisa para esse trâmite. Móveis do Patrimônio Histórico.

196 197

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Somente poderão solicitar autorização de • Requerem autorização de exportação aque-
exportação temporária, nunca definitiva nem les bens que tenham entre cinquenta e cem
temporária com possibilidade de venda: anos de antiguidade, sempre e quando seu
• Os bens de interesse cultural ou aqueles que valor superar as seguintes cifras:
tenham iniciado expediente para sua decla-
ração como Bem de Interesse Cultural (BIC). Tipo de bem Avaliação em euros
• Os bens que tenham sido declarados inex-
Desenhos, gravuras
portáveis como medida cautelar. 15.000
e fotografias
• Os bens de titularidade pública.
Aquarelas, aguadas e pastéis 30.000
Não necessitarão autorização de exportação Esculturas 50.000
(embora o solicitante da exposição deva apre-
Quadros 150.000
sentar na alfândega uma declaração jurada ou
algum outro evento que comprove a antigui-
dade das obras): Aqueles bens entre cinquenta e cem anos que
• Os bens que tenham menos de cem anos de ficam abaixo desses valores deverão solicitar a
antiguidade. autorização de exportação, mas lhes será en-
tregue um certificado do Ministério da Cultura
que comprove perante as autoridades alfande-
Exportação de bens culturais a outros países gárias que tal obra não precisa de autorização
para exportação.
Como no caso anterior, necessitarão autoriza-
ção de exportação definitiva, temporária com Só poderão solicitar autorização de exportação
possibilidade de venda ou temporária para sua temporária, nunca definitiva, nem temporária
saída do território espanhol: com possibilidade de venda:
• Os bens culturais que tenham mais de cem • Os bens de interesse cultural ou aqueles que
anos de antiguidade. tenham iniciado expediente para sua decla-
• Os incluídos no Inventário Geral de Bens ração como Bem de Interesse Cultural (BIC).
Móveis do Patrimônio Histórico. • Os bens que tenham sido declarados inex-
portáveis como medida cautelar.
Para aqueles bens que tenham menos de • Os bens de titularidade pública.
cem anos se aplica o Regulamento (CEE) • Não necessitam autorização de exportação
3911/92 do Conselho, relativo à exportação (embora o solicitante da exportação deva
de bens culturais: apresentar na alfândega uma declaração

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20
www.minhac.es. jurada ou algum outro documento que com- Visto o parecer da Junta de Qualificação,
prove a atualidade das obras): Avaliação e Exportação, o Diretor Geral de
– Os bens que tenham entre cinquenta e Belas Artes e Bens Culturais decide a solicita-
cem anos de antiguidade cujo valor fique ção de exportação.
abaixo das cifras acima indicadas.
– Os bens que tenham menos de cinquenta Em caso de ser aceita, a autorização é entregue
anos de antiguidade, tanto de autores ao interessado e este deve:
vivos como dos já falecidos. • Apresentá-la na alfândega correspondente
(para os traslados fora dos limites da União
Europeia).
Procedimento para a exportação de bens • Incluí-la no conhecimento do transporte
culturais (para os traslados dentro da União Europeia).

A solicitação de exportação deve ser apresen- É a Direção Geral de Bens Culturais que con-
tada por: cede ou nega a autorização, uma vez visto o
• O proprietário do bem. informe da Junta de Qualificação, Avaliação
• A pessoa com capacidade de dispor ou devi- e Exportação de Bens do Patrimônio Histórico
damente autorizada para tal efeito. Espanhol, organismo consultivo colegiado do
Ministério da Cultura, pertencente à Direção
Deve apresentar-se perante: Geral de Belas Artes. Em sua composição a
• As Comunidades Autônomas que contam Secretaria é exercida por uma pessoa da Subdi-
com comissões qualificadoras próprias para reção Geral de Proteção do Patrimônio, para a
os bens que se encontrarem em seu território. qual se apresenta a solicitação de exportação.
• Em outro caso, diretamente ante a Junta
de Qualificação, Avaliação e Exportação de Além da solicitação de exportação tempo-
Bens do Patrimônio Histórico Espanhol do rária para aqueles bens que o requeiram, a
Ministério da Cultura. documentação alfandegária é imprescindível
para a saída e regresso dos bens culturais. O
As solicitações de exportação passam a conhe- documento geral de cumprimento obrigató-
cimento da Junta de Qualificação, Avaliação rio é o Documento Único Aduaneiro (DUA),
e Exportação de Bens do Patrimônio Histórico cuja tramitação pode ser administrada atra-
Espanhol, que emite parecer a respeito. vés da página web do Ministério da Economia
e Fazenda.20

198 199

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21
www.mcu.es/patrimonio/CE/
De maneira particular, submetem-se à inspeção B. Documentação GERAL que qualquer como- ExpImp/Exportacion/Impre-
alfandegária os objetos fabricados a partir de dante deve apresentar sosExportacion.html.
materiais protegidos pelo Cites (Convention
of Internacional Trade in Endangered Species • Cumprimento do formulário de exportação.
of Wild Fauna and Flora), tais como marfim, Existem dois modelos, dependendo de a
couros, plumas, madrepérola etc. de alguns exportação ser a um país da Comunidade
animais protegidos. Europeia ou a outros países:
– Formulário de exportação da União Europeia
– Formulário de exportação fora da União
Expediente geral para apresentar à Junta de Europeia 21
Exportação • Carta para trâmite de Junta de Exportação,
solicitando a exportação temporária e espe-
A. Prazos de apresentação e de resolução cificando a documentação que se apresenta.
• Itinerário que a empresa de transporte vai
A Junta de Qualificação, Avaliação e Exporta- realizar para transportar as obras.
ção de Bens do Patrimônio Histórico Espanhol • Modelo de apólice do seguro e o certificado
tem entre suas funções a de analisar e emitir de cada uma das instituições.
propostas sobre as solicitações de exportação • Lista com os valores de seguro de cada um
de bens culturais protegidos. dos bens e o valor total.
• Informe de Instalações da sala de exposições
Costuma reunir-se uma vez ao mês para esse (Facility Report).
fim, razão pela qual é interessante conhecer as
datas aproximadas das reuniões para apresentar C. Documentação a apresentar de modo
a documentação a tempo em relação com os INDIVIDUAL, para cada comodante:
prazos da exposição de referência. Para exposi-
ções integradas por bens que repousam em ter- • Comodantes privados (colecionadores, ban-
ritório nacional, aconselha-se que as solicitações cos, igrejas etc.);
comecem a tramitação com antecedência de seis – Carta de aceitação do empréstimo e
meses com relação à data prevista de inaugura- compromisso de que o bem está em con-
ção. É o Secretário da Junta –pessoa pertencen- dições de conservação adequadas para a
te à Subdireção Geral de Proteção do Patrimônio exportação.
Histórico – quem comunica as resoluções sobre – Descrição técnica do bem, incluindo valor
as autorizações de exportação solicitadas. de seguro.

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22
www.gencat.cat/cultura/ex- – Imagem da obra (2 cópias), tamanho míni- Se a solicitação é informada favoravelmente, a
portacions / www.gencat.cat/ mo de 8 x 12 cm, frente e verso. Generalitat a tramita ao Ministério da Cultura
cultura/juntadequalificacio.
• Comodantes públicos (museus estatais de espanhol para obter a autorização definitiva.
gestão direta ou transferida) A autorização final para exportação de bens
– Parecer ou carta por parte do diretor da culturais móveis é competência exclusiva da
instituição comodante manifestando que Administração Geral do Estado Espanhol.
está de acordo com o empréstimo.
– Parecer de conservação do bem a exportar,
incluindo croquis de danos. Expediente geral para apresentar à Junta de
– Contrato de empréstimo, ou convênio (se Exportação
houver), com a instituição.
– Imagem da obra (2 cópias), tamanho míni- A. Prazos de apresentação e de resolução
mo de 8 x 12 cm, frente e verso.
A solicitação de exportação dos bens cultu-
rais móveis localizados na Catalunha deve ser
Consejeria de Cultura de la Generalitat apresentada à Junta de Qualificação, Avaliação
e Exportação de Bens do Patrimônio Cultural
Para os trâmites de expedientes de exportação da Catalunha na Direção Geral do Patrimônio
de bens culturais do Patrimônio Cultural da Cultural do Departamento de Cultura e Meios
Catalunha, o órgão competente é a Direção de Comunicação da Generalitat da Catalunha.
Geral do Patrimônio Cultural da Generalitat
da Catalunha.22 O plenário da Junta e a Seção de Exportações
se reúnem no mínimo uma vez ao mês. O
O expediente de exportação deve ser infor- calendário de reuniões da Junta da Catalunha
mado pela Junta de Qualificação, Avaliação se estabelece de maneira coordenada com
e Exportação de Bens do Patrimônio Cultural o da Junta do Estado. Recomenda-se apre-
da Catalunha. sentar os documentos com antecedência sufi-
ciente, levando-se em conta que a solicitação
A Junta informa sobre o expediente de expor- deve se resolver no prazo de três meses,
tação aos órgãos de governo da Generalitat incluindo-se a administração autônoma e a
da Catalunha, que em caso de negação da administração estatal.
solicitação porá fim ao expediente.

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B. Solicitação de exportação pelo comodante e aceitas pelo solicitante
de empréstimo.
Podem-se obter os formulários online, ou de – Características técnicas do(s) edifício(s)
forma presencial na Secretaria da Junta de e da(s) sala(s) onde serão expostos o(s)
Qualificação, Avaliação e Exportação de Bens bem(ns) objetos do empréstimo: planta
do Patrimônio Cultural da Catalunha. de localização, segurança e vigilância,
condições climáticas e pessoal (Informe de
Os exemplares tramitam em três vias, com o Instalações. Facility Report).
carimbo da instituição, assinado pela direção – Seguro: tipo de apólice, cláusulas de co-
do museu ou pela pessoa autorizada pelo bertura, entidade seguradora.
órgão de gestão com assinatura incluída. – Transporte: empresa ou empresas cor-
respondentes no exterior, condições de
• Comodantes Privados segurança, escoltas, itinerário/via, nome
– Solicitação, preenchendo obrigatoriamen- de expedições, meio(s) de transporte.
te todos os dados do formulário. – Convênio de colaboração, se estabelecido,
– Relação. Documento anexo à solicitação, entre o cedente/comodante e o solicitante
quando o empréstimo envolve mais de de empréstimo.
um bem.  
– Fotografia individualizada para cada bem.
 
• Comodantes de instituições patrimoniais da
administração pública
As petições procedentes de museus e de
outras instituições patrimoniais da adminis-
tração pública devem incluir também esta
documentação:
– Parecer fundamentado da Direção da Ins-
tituição, acompanhado do acordo favorá-
vel do órgão de gestão ou da propriedade
dos bens, se for procedente.
– Laudo individual do estado de conserva-
ção e das medidas preventivas acordadas,
para cada bem em empréstimo.
– Condições gerais do empréstimo exigidas

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23
Para consultar as definições Anexo 13.1 tais solicitações. No caso do Inba, são direta-
de monumento arqueológico, mente os museus incluídos nesse instituto que
artístico e histórico, consulte-
-se a Ley Federal sobre Monu- Protocolo para exportação temporária emitem a autorização escrita para os emprés-
mentos y Zonas Arqueológi- de bens culturais – México timos de obra e realizam o acompanhamento
cos, Artísticos e Históricos e o dos trâmites, do acordo prévio e da autoriza-
Reglamento de la Ley Federal
sobre Monumentos y Zonas No México, o patrimônio cultural é tutelado ção da Direção Geral.
Arqueológicos, Artísticos e por duas instituições pertencentes à Secretaria
Históricos, para o qual se re- de Educação Pública: o Instituto Nacional de São também essas as instituições competentes
comenda a página virtual da
Cámara de Diputados del Ho- Antropologia e História (Inah) e o Instituto para emitir um parecer sobre a procedência
norable Congreso de la Unión, Nacional de Belas Artes (Inba), com base na Ley ou não de uma solicitação de exportação
onde se encontram as versões Federal sobre Monumentos y Zonas Arqueoló- temporária de bens culturais, particularmente
atualizadas das leis mexica-
nas: www.cddhcu.gob.mx. gicos, Artísticos e Históricos, promulgada em sobre aqueles que foram declarados ‘monu-
1972, e seu regulamento, publicado em 1975. mentos’. Cabe destacar que todo o patrimônio
24
De acordo com a lei, “son arqueológico, móvel e imóvel, conta com essa
monumentos artísticos los Essa lei define três conceitos fundamentais condição e é propriedade da nação, de modo
bienes muebles e inmuebles
que revistan valor estético com relação ao patrimônio cultural nacio- que sempre se requer a autorização expressa
relevante” (Ley Federal de nal: as noções de ‘monumento arqueológico’, do Inah para realizar a exportação temporária.
Monumentos…, Art. 33). As- ‘monumento artístico’ e ‘monumento histórico’.
sim, por decreto presidencial é
catalogada como ‘monumento Tal contexto legal concede aos bens culturais O parecer e, se for o caso, o visto de apro-
artístico’ a obra dos seguintes assim catalogados, sejam ele móveis ou imó- vação para a exportação temporária de bens
criadores: Saturnino Herrán veis, uma condição jurídica especial que obriga culturais, particularmente de monumentos ar-
(decreto de 29 nov. 1988),
José María Velasco (decreto a sua proteção, conservação e preservação e, queológicos, artísticos e históricos, sejam eles
de 8 jan. 1943), Gerardo Mu- entre outras medidas, proíbe sua exportação de museus públicos ou privados, ou de cole-
rillo Dr. Atl (decreto de 8 ago. definitiva. Os monumentos arqueológicos e ções particulares, sempre deverá ser emitido
1964), José Clemente Orozco e
Diego Rivera (decreto de 8 dez. históricos são de competência do Inah, e os pelo Inah e/ou o Inba, conforme estipula a lei.
1959), David Alfaro Siqueiros artísticos, do Inba.23 No caso do Inah será a Coordenação Nacional
(decreto de 9 jun. 1980), Frida de Assuntos Jurídicos que emitirá o parecer e,
Kahlo (decreto de 11 jul. 1984)
e María Izquierdo (acordo As solicitações de empréstimo temporário de nesse caso, a aprovação de uma exportação
n.317 de 24 out. 2002). Já no bens culturais pertencentes aos museus públi- temporária de monumentos históricos e/ou
acordo número 307, emitido cos do México realizam-se através de ambas arqueológicos. No caso do Inba, será a Direção
em 19 dez. 2001, 38 obras da
autoria de Remedios Varo ad- as instituições, dependendo do acervo ao qual de Assuntos Jurídicos que determinará se
quiriram essa condição. pertençam os bens culturais. No caso do Inah procede ou não a exportação temporária do
será a Coordenação Nacional de Museus e Ex- monumento ou dos monumentos artísticos,
posições a área encarregada da tramitação de e emitirá o documento correspondente.24 No

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caso de o acervo a exportar não estar Etapas para exportação e/ou importação de 25
Adicionalmente o Inba, cujos
catalogado como monumento artístico, bens culturais objetivos incluem a promoção
das diversas manifestações
será a Coordenação Nacional de Artes Plás- das belas-artes, entre as quais
ticas a instância encarregada de emitir o A seguir são descritas, de maneira geral, as as artes plásticas, pode – por
parecer técnico.25 etapas da exportação e importação de bens solicitação do exportador ou
do importador – emitir uma
culturais, citando somente as relações entre opinião exclusivamente para
Adicionalmente ao trâmite de autorização o exportador ou o importador, o despachante efeito dos trâmites de comér-
de empréstimo e exportação temporária ante aduaneiro como seu representante legal, os cio exterior sobre a condição
de ‘não monumento’ daquelas
o Inah, qualquer exportação temporária de bens culturais em trânsito e a autoridade da manifestações plásticas do
bens culturais catalogados como monumento alfândega, de acordo com a legislação aplicável século XX que não tenham
arqueológico e histórico requer a autorização em comércio exterior e em matéria de cultura. sido declaradas. Desse modo,
a Coordenação Nacional de
da Secretaria de Educação Pública, instância Artes Plásticas do Inba emite
que emite um acordo secretarial assinado Cabe destacar que, na prática, o exportador ou o denominado Dictamen para
por seu titular. Essa autorização é tramita- importador contrata uma empresa de transpor- la Exportación de Obras de
Arte No Declaradas Monu-
da pela Coordenação Nacional de Assuntos te especializada no manejo de bens culturais, mento Artístico, documento
Jurídicos do Inah. delegando à mencionada empresa a respon- dirigido exclusivamente à au-
sabilidade por algumas ou todas as etapas toridade alfandegária no qual
se especifica que tais obras
Outras instituições com acervos próprios, do processo: empacotamento e embalagem, não são monumento artístico.
como é o caso da Universidade Nacional transporte local e internacional e os correspon- Cabe destacar que tal parecer
Autônoma do México, podem dispor de seu dentes trâmites alfandegários de importação não constitui uma autentifi-
cação de obra.
patrimônio sob a reserva de que as autori- ou exportação temporária. Desse modo, são as
zações para exportação temporária daqueles empresas transportadoras que regularmente
bens que estejam catalogados como ‘monu- contratam, mediante prévio credenciamento e
mento’ – sejam arqueológicos, históricos ou autorização do exportador ou do importador
artísticos – são expedidas exclusivamente pelo dos bens culturais, os serviços do despachante
Inah e pelo Inba. aduaneiro. Contudo, é preciso frisar que para
essas gestões o governo mexicano reconhece
Uma vez autorizada a exportação temporá- como único representante legal do exportador
ria do bem ou dos bens culturais por parte ou importador o despachante aduaneiro – e
das instituições competentes, tem início não a transportadora, como normalmente se
o processo de tramitação e de exportação acredita –, que cumprirá o processo e respon-
temporária. derá às obrigações, sanções, direitos e impre-
vistos que derivarem da gestão.

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Além da Constituição Política dos
26

Estados Unidos Mexicanos, reco- De igual modo, e pela diversidade das leis impli- Documentação Requerida para Importar ou
menda-se consultar estas normas: cadas em matéria de comércio exterior de bens Exportar Bens Culturais
lei que cria o Instituto Nacional culturais no México, assim como pela comple-
de Bellas Artes y Literatura; lei
que cria o Instituto Nacional de xidade dos trâmites derivados, recomenda-se Para que o despachante aduaneiro possa
Antropología e Historia; Ley de consultar o âmbito normativo aplicável.26 realizar – em nome da instituição – a ex-
Comercio Exterior; Ley Aduanera; portação ou importação dos bens culturais,
Ley de los Impuestos Generales de
Importación y de Exportación; Ley deve apresentar à alfândega o formato oficial
del Impuesto al Valor Agregado; A. Designação do agente aduaneiro denominado Petição aduaneira, e acompanhar
Ley Federal sobre Monumentos y tal petição com estes documentos:
Zonas Arqueológicos, Artísticos e
Históricos y su Reglamento; Ma- Na primeira etapa do processo de importação
nual de Procedimientos para la ou exportação dos bens culturais designa-se I. Para a importação de bens culturais: 28
Autorización de Exportación Tem- o despachante aduaneiro como representante • Relação dos bens culturais a importar.
poral de Monumentos Artísticos
del Instituto Nacional de Bellas legal do importador ou exportador perante a • Fatura pró-forma de tais bens culturais.
Artes; Solicitud INAH-00-005 autoridade da alfândega. Para isso, a insti- • Manifestação do valor dos bens culturais.
para Permiso de Exportación Tem- tuição exportadora ou importadora deverá • Em caso de transporte aéreo, a denominada
poral o Definitiva de Monumento
o Bienes Muebles Históricos. Tam- providenciar para o despachante aduaneiro guía aérea (air waybill), ou o conocimiento de
bém se recomenda consultar a pá- selecionado estes documentos:27 embarque (B/L, ou conhecimento de embar-
gina do Serviço de Administração • Cópia da Ata Constitutiva da instituição ex- que) nos casos de transporte por via marítima.
Tributária, na qual se encontra
incluída a Alfândega do México: portadora ou importadora onde conste que • Registro Federal de Contribuintes da insti-
www.aduanas.sat.gob.mx. a pessoa que assinará todos os documentos tuição importadora.
é o representante legal de tal instituição. Quando os bens a importar estiverem entre os
27
Cf. Artigo 52 da Ley Aduanera.
• Cópia do Registro Federal de Contribuintes catalogados como ‘monumento’, recomenda-
28
Cf. Artigo 36, fração I da Ley da instituição exportadora ou importadora. -se registrar sua entrada legal no país ante as
Aduanera.
• Cópia de uma identificação oficial do repre- instituições culturais correspondentes (o Inba
29
Cf. Artigo 36, fração II da Ley sentante legal. no caso dos monumentos artísticos e o Inah
Aduanera. • Formulário de responsabilidade conferida e/ para os monumentos históricos). Tal registro se
O lugar específico da Alfândega
30 ou procuração assinada pelo representante realiza para evitar qualquer diferendo em seu
onde comparecerá o despachante legal da instituição exportadora ou impor- posterior retorno ao estrangeiro.
aduaneiro é o chamado “Módulo tadora, onde esta informa seu nome oficial,
de Selección Automatizada”; lá se
ativará um sistema eletrônico que, domicílio fiscal, dados do representante II. Para a exportação de bens culturais: 29
de maneira aleatória, determinará legal, dados do despachante aduaneiro • Relação dos bens culturais a exportar.
se deve ser realizado o reconhe- designado e período do credenciamento do • Fatura ou, quando for o caso, qualquer do-
cimento alfandegário dos bens
culturais. Em caso afirmativo, a representante ou número de trâmites que cumento que expresse o valor comercial dos
autoridade da alfândega procede- se credenciam. bens culturais.

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rá à abertura da embalagem para
• Manifestação de valor dos bens culturais. governo mexicano para credenciar a importa- confirmar visualmente se a infor-
• Registro Federal de Contribuintes do expor- ção ou exportação legal dos bens culturais. mação documental corresponde
às peças ali contidas. Como vimos,
tador.
e para os fins de conservação dos
• Documentos que comprovem o cumpri- Durante o Despacho Aduanero deve-se provar bens culturais, no caso de sua im-
mento de Regulaciones y Restricciones no que se cumpriram as regulações e restrições portação recomenda-se anexar,
adicionalmente à documentação
Arancelarias (regulações e restrições não não tarifárias,31 assim como as regulações
solicitada pelo despachante adu-
tarifárias) à exportação temporária, isto é, quanto a materiais de embalagem e condições aneiro, uma carta da instituição
os documentos emitidos pela instituição fitossanitárias de acordo com as normas inter- importadora solicitando à autori-
dade da alfândega que, em caso
competente na matéria, como os pareceres nacionais. É também nessa etapa que o expor-
de o embarque ser selecionado
e/ou autorizações do Inah e do Inba. tador ou importador de qualquer mercadoria, para revista física, tal operação
através do agente aduaneiro que o representa seja realizada dentro das instala-
ções da instituição importadora
legalmente, deverá pagar os impostos e direitos
(por exemplo, o museu ou a sala
B. Despacho aduaneiro de bens culturais da exportação ou importação. Cabe destacar de exibição), onde possam ser ga-
que todas as exportações ou importações rantidas as condições ambientais
adequadas para a segurança e o
Uma vez credenciado o agente aduaneiro como implicam o pagamento do Direito de Trâmite
manejo dos bens.
representante legal do exportador ou importa- Aduaneiro. De igual modo, as importações
As importações ou exportações
31

dor, e que conta com todos os documentos de definitivas de bens culturais, realizadas regu- de bens culturais, de caráter tem-
seu representado e dos bens culturais a exportar larmente por particulares, pagam o Imposto ao porário ou definitivo, não pagam
ou importar, elabora o documento denominado Valor Agregado. Reitera-se que usualmente a impostos ao comércio exterior (ta-
rifa). Deve-se contemplar o modo
Pedimento Aduanal, onde registra toda a infor- empresa que transporta os bens culturais faci- como se credenciam tais bens cul-
mação do embarque, do exportador e do impor- lita os trâmites e estabelece a vinculação entre turais, pois, em certos casos, po-
dem ser importados ou exportados
tador, além da informação dos bens culturais. o exportador ou importador, realiza os trâmites
sob outra classificação ou concei-
de autorizações nas instituições do governo e to com valor tarifário e não como
É nesse momento que o agente aduaneiro pode cobrir os pagamentos correspondentes. bens culturais. Tal seria o caso dos
livros que podem, dependendo das
realiza o Despacho Aduanero (despacho adua-
finalidades de sua importação-ex-
neiro/alfandegário), procedimento que consiste O que se disse aqui é um esboço esquemático portação, ser classificados como
basicamente em apresentar nas instalações da que tenta oferecer uma aproximação às tarefas bens culturais ou como bens co-
merciais. Particularidades como
alfândega o Pedimento Aduanal, os documen- de importação e exportação de bens culturais no
esta justificam a contratação de
tos anexos e os bens culturais.30 México, enfatizando que para o desenvolvimento um despachante aduaneiro espe-
dessas atividades é o despachante aduaneiro32 cializado em bens culturais.
O exportador ou importador dos bens culturais a única autoridade reconhecida pelo governo 32
Recomendamos consultar a pá-
deverá receber sempre uma cópia com assina- mexicano. Razão pela qual se recomenda nesses gina eletrônica da Confederación
de Asociaciones de Agentes Adu-
tura autenticada do Pedimento Aduanal, já que casos solicitar orientação às instituições respon- anales da República Mexicana:
este é o único documento reconhecido pelo sáveis pelo patrimônio nacional, Inah e Inba. www.caaarem.org.mx.

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33
Mais informações em: Anexo 13.2 também esclareceu melhor as regras tanto para
portal.iphan.gov.br/portal/ os processos de importação quanto para os de
baixaFcdAnexo.do?id=338.
Protocolo para exportação temporária de exportação, já que a Instrução Normativa SRF
34
Disponível no site: bens culturais – Brasil 40/99 enfatizava muito mais os processos de
www.receita.fazenda.gov. admissão temporária.
br/Legislacao/Ins/2006/ No Brasil, a Receita Federal (RFB) controla os
in6112006.htm.
processos de admissão e exportação tempo-
rária de bens de caráter cultural que estão Veja-se o texto da IN RFB 874/2008:
regulamentados pela Instrução Normativa RFB
874/2008. Essa Instrução Normativa revogou DO DESPACHO ADUANEIRO DE ADMISSÃO
a Instrução Normativa SRF 40/99 e, com isso, DOS BENS
revogou-se também o Ato Declaratório Execu-
tivo que autorizava a dispensa de conferência Art. 2º O despacho aduaneiro de admissão
física nas importações e exportações de bens temporária dos bens de caráter cultural será
de caráter cultural. É importante registrar que processado com base na Declaração Simplifi-
obras tombadas pelo Instituto do Patrimônio cada de Importação (DSI), a que se refere o art.
Histórico e Artístico Nacional (Iphan), do Minis- 4º da Instrução Normativa SRF nº 611, de 18 de
tério da Cultura, necessitam de autorização de janeiro de 2006,34 apresentada por pessoa física
saída por parte deste, conforme disposto pela ou jurídica responsável pela entrada no País e o
Portaria nº 262, de 14 de agosto de 1992.33 retorno dos bens ao exterior.
§ 1º No caso de bens trazidos por viajante não
Essa dispensa de conferência física era ante- residente, a concessão do regime será for-
riormente obtida através de requerimento a malizada na própria Declaração de Bagagem
Coordenação Geral de Administração Adua- Acompanhada (DBA).
neira (Coana) em Brasília. Atualmente deve ser § 2º O registro da DSI poderá ser realizado
solicitada, caso a caso, diretamente ao Chefe da antes da chegada dos bens no País.
unidade da RFB de despacho aduaneiro (Inspe-
tor da Receita Federal) nos portos e aeroportos. Art. 3º Fica dispensado o preenchimento dos
campos da DSI relativos aos valores dos tribu-
A Instrução Normativa RFB 874/2008, prevê tos incidentes na importação e ao respectivo
a possibilidade de o agente fiscal conferir as demonstrativo de cálculos, bem como ao peso
obras por amostragem, o que pode facilitar bruto de cada um dos bens importados.
nos casos em que o importador não possua Parágrafo único. O interessado deverá espe-
dispensa de conferência física. A instrução cificar a finalidade da admissão temporária

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como “bens de caráter cultural” detalhando, no b) entidade promotora de evento apoiado pelo
campo informações complementares da DSI, poder público;
nome, local e período de realização de cada c) entidade promotora de evento notoriamente
evento no País. reconhecido; ou
d) missão diplomática ou repartição consular
Art. 4º A DSI ou a DBA deverá ser instruída de caráter permanente.
com Termo de Responsabilidade (TR), quan- § 1º A autorização a que se refere o caput
do cabível, conforme disposto em legislação somente será concedida, a pedido do interessa-
específica. do, pelo chefe da unidade da RFB de despacho
§ 1º Na composição do valor do TR não será aduaneiro à instituição que:
exigida a indicação das quantias relativas ao I - esteja inscrita no Cadastro Nacional de Pes-
crédito tributário suspenso. soa Jurídica (CNPJ) há mais de três anos; e
§ 2º No caso de viajante não residente, o TR será: II - cumpra os requisitos de regularidade fiscal
I - exigido somente quando se tratar de bens perante a Fazenda Nacional, para o forne-
de valor superior a R$ 3.000,00; cimento de certidão conjunta, negativa ou
II - assinado pelo responsável pelo evento positiva com efeitos de negativa, com informa-
no País. ções da situação quanto aos tributos adminis-
trados pela Secretaria da Receita Federal do
Art. 5º Descumpridas as condições da aplicação Brasil (RFB) e quanto à Dívida Ativa da União
do regime, o crédito tributário será apurado (DAU), administrada pela Procuradoria-Geral
pela autoridade aduaneira, à vista dos elemen- da Fazenda Nacional (PGFN).
tos contidos na declaração e nos respectivos § 2º O despacho será instruído com imagens,
documentos de instrução, e consubstanciado projetos, plantas, ou outros recursos que
no campo próprio do TR. permitam a perfeita identificação das obras
Parágrafo único. Na hipótese de inexistência constante do caput.
de documentação comprobatória do valor dos
bens, poderá ser utilizado, para efeitos da de- Art. 7º Os bens de caráter cultural não inclu-
claração e formalização do TR, aquele constan- ídos no art. 6º deste ato normativo poderão
te de apólice de seguro. ter sua conferência física dispensada por
meio de Ato Declaratório Executivo expe-
Art. 6º Poderão ser dispensadas de conferência dido pelo Superintendente Regional da RFB
física as obras de arte e históricas submetidas a com jurisdição sobre o local de realização do
despacho por: evento, aplicando-se especialmente aos bens
a) museu, teatro, biblioteca ou cinemateca; que, pela natureza, antiguidade, raridade ou

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fragilidade, exijam condições especiais de Art. 10. Aplica-se aos bens de que trata esta
manuseio ou de conservação. Instrução Normativa, o disposto na legislação
Parágrafo único. Na hipótese de realização específica que dispõe sobre o regime aduaneiro
do evento em locais distintos, jurisdicionados especial de admissão temporária, relativamente:
por mais de uma Região Fiscal, o Ato De- I - aos requisitos para a concessão do regime;
claratório Executivo deve ser expedido pela II - ao prazo de permanência no País;
Coordenação-Geral de Administração Adua- III - à execução do TR;
neira (Coana). IV - à extinção do regime; e
V - ao direito de recurso.
Art. 8º Os bens de caráter cultural poderão, no
interesse do importador, ser submetidos à con- Art. 11. Na hipótese de permanência definiti-
ferência física no local de realização do evento. va dos bens no País, deverá o beneficiário, na
§ 1º Para efeito do disposto no caput, o inte- vigência do regime de admissão temporária,
ressado deverá formalizar o processo de admis- providenciar o despacho de importação defini-
são temporária junto à unidade com jurisdição tiva, de acordo com legislação pertinente.
sobre o local do evento ou, no caso de evento Parágrafo único. Tratando-se de objetos de
itinerante, no local do evento inicial. arte constantes das posições 9701, 9702, 9703
§ 2º Os bens serão removidos até o local do ou 9706 do Capítulo 97 da Nomenclatura
evento sob o regime de trânsito aduaneiro Comum do Mercosul (NCM) e recebidos em
autorizado mediante procedimento sumário, doação por museu instituído ou mantido pelo
instruído com cópia do despacho que conceder poder público ou por outra entidade cultural
o regime. reconhecida como de utilidade pública, será
§ 3º Os elementos de segurança poderão ser aplicada a isenção do imposto de importação,
apostos sobre os volumes ou unidades de car- de acordo com a Lei nº 8.961, de 23 de dezem-
ga, para que estes possam ser imediatamente bro de 1994.
armazenados em local adequado, no local do
evento, aguardando a presença da fiscalização.
§ 4º A conclusão do trânsito aduaneiro dar-se- CAPÍTULO II
-á com o desembaraço da DSI. DO DESPACHO ADUANEIRO PARA
EXPORTAÇÃO DOS BENS
Art. 9º A conferência física para admissão
temporária de bens, quando não dispensada ou Art. 12. O despacho aduaneiro para exportação
realizada no local do evento, poderá ser efetu- temporária dos bens de caráter cultural será
ada por amostragem na unidade de despacho. processado com base na Declaração Simplifica-

208 209

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da de Exportação (DSE), a que se refere o art. Art. 14. Aplica-se o disposto nos arts. 6º, 7º
31 da Instrução Normativa SRF nº 611, de 2006, e 8º na exportação temporária dos bens de
apresentada por pessoa física ou jurídica res- caráter cultural de que trata esta Instrução
ponsável pela saída e retorno dos bens ao País. Normativa.
§ 1º Na hipótese dos bens serem levados para o
exterior, sob a forma de bagagem acompanha-
da, por viajante: CAPÍTULO III
I - o interessado poderá apresentar a DSE para DO DESPACHO ADUANEIRO PARA RETORNO
registro, contendo a correspondente anotação DOS BENS
no campo destinado a informações comple-
mentares, acompanhada do bilhete de passa- Art. 15. O despacho aduaneiro para reexporta-
gem do viajante, da documentação dos órgãos ção dos bens de caráter cultural será proces-
anuentes, quando for o caso, antecipadamente sado com base em DSE ou DRE-E, apresentada
ao embarque, em horário de funcionamento por pessoa física ou jurídica responsável pelo
normal da unidade da RFB de saída do País; ou retorno dos bens ao exterior.
II - o viajante deverá relacionar os bens na § 1º O beneficiário do regime aduaneiro espe-
Declaração de Saída Temporária de Bens (DST) cial de admissão temporária de que trata esta
e apresentá-la, antes do embarque, à fiscaliza- Instrução Normativa deverá informar, na DSE
ção aduaneira, para o devido controle da saída ou na DRE-E, o número e espécie da declara-
dos bens do País. ção correspondente ao despacho de admissão
§ 2º No caso do inciso I do § 1º, ao embarcar, o dos bens no País e, na hipótese de eventual
viajante deverá estar de posse de cópia da DSE, despacho para consumo de parte dos bens, nos
devidamente desembaraçada. termos do art. 11, o número da declaração que
serviu de base para o respectivo despacho de
Art. 13. Fica dispensado o preenchimento dos importação definitiva.
campos da DSE relativos aos valores dos tribu- § 2º Quando o retorno dos bens ao exterior
tos incidentes na exportação e ao respectivo ocorrer de forma parcelada, o interessado deve-
demonstrativo de cálculos, bem como ao peso rá indicar, no campo informações complemen-
bruto de cada um dos bens importados. tares da DSE, que se trata de retorno parcial.
Parágrafo único. O interessado deverá especi- § 3º No caso de bem que retorne ao exterior
ficar a finalidade da exportação temporária, na condição de bagagem acompanhada, o
informando o nome, o local e período de rea- viajante deverá apresentar à autoridade adu-
lização de cada evento no exterior, no campo aneira do local de saída cópia da DSI ou DBA
informações complementares da DSE. utilizada para a concessão do regime, para as

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anotações necessárias à formalização da saída que serviu de base para o despacho de expor-
e o encaminhamento à autoridade aduaneira tação temporária.
do local de entrada para a baixa do respectivo § 2º Os bens exportados temporariamente com
TR, quando a saída se proceder em unidade dispensa de verificação aduaneira poderão ser
distinta daquela que concedeu o regime. dispensados da conferência física por ocasião
§ 4º Os bens admitidos temporariamente com de seu retorno, se efetuado dentro do prazo de
dispensa de conferência física, nos termos dos vigência do regime.
artigos 6º e 7º, ficam dispensados desta formali- § 3º Os bens exportados, mediante verificação
dade aduaneira por ocasião de sua reexporta- aduaneira no local do evento, nos termos do
ção, podendo, inclusive, ter o seu retorno ao artigo 16, poderão ser submetidos à conferên-
exterior efetuado por meio de remessa expres- cia física em local não alfandegado por ocasião
sa, hipótese em que o interessado deverá com- de seu retorno, neste caso, a DSI deverá ser re-
provar, documentalmente, a reexportação dos gistrada junto à unidade com jurisdição sobre
bens junto à unidade que concedeu o regime. o local de destino dos bens.
§ 5º Os bens admitidos nos termos do artigo 8º § 4º Para a remoção dos bens de caráter cultu-
poderão ser submetidos à conferência física no ral que retornem ao País ou a serem reexporta-
local de realização do evento, devendo, neste dos, aplicam-se os dispositivos contidos no art.
caso, a DSE ser registrada na unidade com 8º desta Instrução Normativa.
jurisdição sobre o local onde se encontrem os § 5º Fica dispensado o preenchimento dos
bens, que seguirão em trânsito aduaneiro de campos destinados aos cálculos dos tributos
exportação para a unidade de saída. incidentes na importação quando o retorno
§ 6º A conferência física para a reimporta- dos bens ao País ocorrer na vigência do regime
ção ou reexportação dos bens exportados ou de exportação temporária, bem como aquele
admitidos temporariamente, respectivamente, relativo à indicação do peso bruto de cada um
quando não dispensada ou realizada no local desses bens.
do evento, poderá ser efetuada por amostra-
gem na unidade de despacho.
CAPÍTULO IV
Art. 16. O despacho aduaneiro de retorno ao DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
País dos bens exportados temporariamente será
processado com base em DSI ou em Declaração Art. 17. Nos casos de festivais internacionais
de Remessas Expressas de Importação (DRE-I). de cinema será facultada ao beneficiário do
§ 1º O interessado deverá informar, na DSI ou regime a formalização de um único processo
na DRE-I, o número e espécie da declaração por unidade de despacho e evento.

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Art. 18. O despacho aduaneiro de retor- Art. 23. Fica aprovado o modelo de formulário 35
Disponível no site:
no dos bens ao País ou ao exterior poderá Solicitação para Conferência Física de Bens de www.receita.fazenda.gov.br/
publico/Legislacao/Ins/2008/
ser realizado em unidade diversa daquela Caráter Cultural em Local não Alfandegado, AnexoUnicoIN874.doc.
que concedeu o regime de admissão ou de conforme o Anexo Único 35 a esta Instrução
exportação temporária, devendo a unidade Normativa. 36
Disponível no site:
de extinção do regime comunicar o fato à § 1º A solicitação será apresentada em três www.receita.fazenda.gov.br/
Legislacao/Ins/Ant2001/1998/
unidade de concessão do regime, para efeito vias, que terão a seguinte destinação: in02998.htm.
de baixa do TR. I - a 1ª, à unidade local da RFB;
II - a 2ª, ao interessado; e 37
www.receita.fazenda.gov.br/
Art. 19. Os despachos aduaneiros de admissão III - a 3ª, ao transportador. Legislacao/Ins/Ant2001/1999/
in04099.htm.
temporária, trânsito aduaneiro e exportação
temporária de que trata esta Instrução Norma- Art. 24. O disposto nesta Instrução Normativa
tiva serão realizados em caráter prioritário. pode ser aplicado a bens de caráter cultural
procedentes ou destinados a países do Merco-
Art. 20. Os impressos, folhetos, catálogos e sul, desde que não seja aplicado o procedimen-
outros materiais promocionais alusivos ao to previsto na Instrução Normativa SRF nº 29,
evento serão desembaraçados sem quaisquer de 6 de março de 1998.36
formalidades.
Art. 25. Fica revogada a Instrução Normativa
Art. 21. Nos despachos aduaneiros de que trata SRF nº 40, de 9 de abril de 1999.37
esta Instrução Normativa não será exigida
fatura comercial ou pro forma, devendo, Art. 26. Esta Instrução Normativa entra em
em substituição, ser apresentada declaração vigor na data de sua publicação.
contendo relação dos bens, datada e assinada,
emitida pela pessoa ou entidade que detenha a Lina Maria Vieira
sua posse ou propriedade.
* Republicada por ter saído, no DOU de 9-9-2008,
Art. 22. O regime de admissão ou de ex- Seção 1, p.48 e 49, com incorreção no original.
portação temporária dos bens em questão
somente será concedido pela autoridade Anexo Único
aduaneira da unidade da RFB de registro da
declaração e após a comprovação do atendi- Solicitação para Conferência Aduaneira de Bens
mento de eventuais controles específicos dos de Caráter Cultural em Local não Alfandegado
órgãos anuentes.

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* No Brasil, a atividade de ela- Anexo 14 que a contratação do museógrafo deva ocorrer
boração do conceito expositi- cada vez com maior frequência, por meio de
vo deve incluir um museólogo.
Roteiro para redigir o documento de convite ou adjudicação direta, mais que pelos
normas técnicas para museografia, processos de licitação. É claro que os diferentes
produção e montagem de exposição sistemas organizativos das instituições podem
optar por incluí-lo também na concorrência
Para o desenvolvimento de uma área como a destinada à contratação da produção e monta-
museográfica, que abordará o design dos espa- gem museográficas.
ços e elementos através dos quais mostraremos
os bens culturais, são requeridos profissionais Apresentamos a seguir um modelo de concor-
que, embora provenham de diferentes especia- rência pública utilizado na Espanha, consi-
lidades como arquitetos, designers industriais, derando o designer museográfico integrado
designers gráficos etc., tenham desenvolvido à equipe de trabalho que gera a proposta
seus conhecimentos nesta área. expositiva. Selecionado o design museográfico,
procede-se à concorrência unicamente dos
O design museográfico está condicionado à serviços de produção e montagem.
compreensão do conceito da exposição, do
qual é responsável o curador,* em coordenação Para esse fim consideram-se basicamente estas
com o produtor. Além disso, o design dos premissas:
espaços, do mobiliário e dos elementos museo- • Documentação administrativa obrigatória.
gráficos deve privilegiar a conservação dos • Redação clara das bases e requerimentos da
bens culturais que serão exibidos. Deste modo concorrência.
o design de uma exposição exige conciliar • Disposição numérica dos conceitos e serviços
três aspectos fundamentais: a interpretação solicitados.
do conceito expositivo, a capacidade para • Formato ou modelo de apresentação que
comunicá-lo visualmente por meio de recursos facilite o seu estudo comparativo.
técnicos e o respeito escrupuloso aos requisitos • Critérios de pontuação e avaliação para
de conservação das obras. adjudicação.

A participação do designer desde os inícios A formulação do documento de normas técni-


do planejamento da exposição permitirá sua cas para a produção e montagem museográficas
compreensão conceitual, através de uma implica que os requerimentos sejam definidos
comunicação fluida com o curador. Dessa in- levando-se em conta as especialidades que
teração cada vez mais generalizada, conclui-se concorrem em cada caso, desenvolvidos em um

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contexto financeiro determinado e conside- Com que prazo se deve apresentar a
rando as características do espaço expositivo, licitação?
o pessoal, a infraestrutura e o equipamento de
que dispõe a sede da exposição. Levando-se em conta que as legislações em
matéria de licitações estabelecem prazos
No Brasil as formalidades aqui descritas nem específicos para sua realização e que estes
sempre são seguidas; a contratação dos servi- variam em função do tipo de convocatória, é
ços museográficos e de produção é realizada necessário conhecer as normas para planejar
de acordo com as normas de cada instituição oportunamente a redação do documento e
e as leis a que são subordinadas. Existem basi- a execução da concorrência, cumprindo em
camente dois tipos de concorrência: a simples termos gerais estas etapas:
e a pública; a segunda é feita através de uma • Redação do edital.
licitação solicitada por edital. • Convocatória.
• Recepção e revisão da documentação admi-
nistrativa (fiscal, legal etc.) dos concorrentes.
Quem o redige? • Avaliação das propostas.
• Período de esclarecimentos.
Trata-se de um documento que integra infor- • Sentença e adjudicação da concorrência.
mações para diferentes especialidades; portanto,
essa responsabilidade incide, segundo a estrutura
organizativa da instituição, no departamento de O que contém?
exposições, ou num responsável ou coordenador,
que concentra, analisa e verifica as informações 1. Objeto da concorrência
dos diferentes profissionais (museógrafo, cura-
dor, especialista em conservação preventiva, arte 1.1 Descrição
educador etc.) para especificá-las no edital.
• Descrição do projeto expositivo.
• Conceito da proposta museográfica.
A quem está destinado? • Características técnicas da exposição.
• Fatos expositivos (obras chave): qualidades
Às empresas e aos profissionais especiali- representativas dos bens culturais da expo-
zados nos serviços museográficos e demais sição e indicações especiais de exibição de
serviços necessários para a elaboração do determinadas obras nos diferentes âmbitos.
projeto expositivo. • Sedes e programa de itinerância, se existirem.

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• Calendário: período de preparação do sição e indicadores especiais de exibição de
espaço expositivo, previsão de chegada das determinadas obras nos diferentes âmbitos.
obras, período de montagem museográfi-
ca, inauguração e fechamento, período de Anexo III
desmontagem, de reembalagem, de entrega • Informe de Instalações (Facility Report):
das salas etc. seleção de informação (características téc-
nicas das instalações, resistência estrutural
1.2 Características que a convocatória aborda dos trajetos e do espaço expositivo, capa-
cidade de carga e dimensões de elevadores
• Descrição da concorrência. ou monta-cargas, materiais construtivos de
• Conceitos compreendidos na concorrência. paredes e pisos etc.).
Neste ponto detalha-se o alcance dos servi- • Seleção dos projetos arquitetônicos das sedes
ços solicitados aos concorrentes. (plantas, elevações, trajetos desde a chegada
• Bases e metodologia da concorrência. à instituição até o espaço expositivo).
• Projetos das instalações de segurança, clima-
1.3 Anexos incluídos tização, iluminação, comunicação (transmis-
são e recepção).
Anexo I • Regulamento ou normas de intervenção
• Lista e imagens dos bens culturais que nos espaços expositivos (relativos a pisos,
integram a mostra, incluindo: número de in- paredes, tetos, telhados, sistemas e mate-
ventário, número de identificação no espaço riais autorizados para a divisão do espaço
expositivo de cada bem cultural, posição expositivo etc.).
hierárquica e aspectos a destacar, como  
a posição em que se deverá contemplar o
bem cultural, se faz parte de um grupo ou 2. Orientações técnicas
sequência expositiva etc.
• Ficha técnica de cada bem cultural com ob- 2.1. Requerimentos ou relatório técnico:
servações e recomendações para sua mani-
pulação, segurança, conservação e exibição. • Descrevem-se por especialidade: o serviço
ou fornecimento para o qual se realiza a
Anexo II convocatória – estruturas, ambientações,
• Roteiro museográfico. dispositivos, equipamentos, sistema ou
• Fatos expositivos (obras chave): qualidades recurso museográfico.
representativas dos bens culturais da expo- • Detalham-se: forma, dimensão total, dimen-

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são de cada parte, materiais, acabamentos, ções, sinalização, plotagem, legendas, banners,
condições e procedimentos de instalação, materiais educativos, logotipos etc.
designs ou modelos de gráfica, sistemas e
modelos para a iluminação, sistemas e mo- Informação a ser entregue
delos de recursos multimídia etc. Apresentam-se: os modelos em arquivo
• Integram-se: planos construtivos e de insta- digital de cada elemento gráfico detalhando
lação do design museográfico. materiais, dimensões, cores, processos, tipo
• Proporcionam-se: os formatos descritivos de impressão e acabamentos, apresentando
e a metodologia de seu desenvolvimento e projetos dos suportes, sistema de montagem,
apresentação, as considerações e os esclare- sequência, iluminação e instalação.
cimentos necessários.
2.1.3. Iluminação
A seguir, como exemplo, relacionam-se os itens
objeto de convocatória da concorrência: Serviço requerido
Sistemas de iluminação, fontes de luz, tipos de
2.1.1. Elementos expositivos luminárias, lâmpadas, difusores, filtros etc.

Serviço requerido Informação a ser entregue


Mobiliário museográfico: paredes, nichos, Descrevem-se: projeto museográfico, paleta
vitrines, bases ou pedestais, prateleiras, passa- ou gama cromática (superfícies, mobiliário,
relas, suportes, cordão de segurança, delimi- gráfica etc.), características das obras, requi-
tadores etc. sitos de conservação, detalhe de vitrines e
outros elementos que incorporem ou requei-
Informação a ser entregue ram iluminação especial.
Especificam-se: design, dimensões, materiais Entregam-se: características técnicas da
constitutivos, acabamentos, procedimentos e infraestrutura de iluminação com que conta
requerimentos de instalação e demais aspectos o espaço expositivo (projeto de planta com
inerentes, como iluminação. distribuição de trilho eletrificado, loca-
Entregam-se: projetos construtivos. lização de quadro de luz, interruptores e
tomadas nas salas, lista de projetores e suas
2.1.2. Gráfica e sinalização características técnicas, altura das salas (pé-
-direito), se existem torres e/ou andaimes ou
Serviço requerido escadas etc.
Textos, cartazes, etiquetas, decorações, aplica-

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2.1.4. Audiovisuais / meios eletrônicos 2.3. Programa de manutenção

Serviço requerido • Indicam-se os requerimentos de manuten-


Produção de audiovisuais. ção nos espaços expositivos e definem-se os
alcances do serviço: limpeza de elementos e
Informação a ser entregue recursos museográficos (paredes, iluminação,
Descrevem-se: os audiovisuais e especificações equipamentos multimídia etc.), higieniza-
técnicas dos equipamentos de reprodução ção dos bens culturais. Estabelecem-se as
(vídeo monitor, vídeo com projetor, para tela condições em que se entregarão os espaços
ou parede, vídeo para touchscreen, animação expositivos ao término da exposição.
interativa), os formatos de entrega (DVD, CD, • Requerem-se os serviços especializados para
cartão compact flash etc.), ou formato dos a supervisão dos sistemas de segurança e
master ou apoios. conservação dos bens culturais, assim como
Entrega-se: uma seleção das imagens represen- os procedimentos de apresentação de relató-
tativas de cada produção e os roteiros. Projeto rios sobre eles e de ação perante a possibili-
de instalação e localização de cada produção dade de variações das condições estipuladas
no espaço expositivo (sala ou seção). por eventuais riscos ou incidentes.

2.2. Conservação dos bens culturais 2.4. Materiais e equipamentos

• Expõem-se os requerimentos gerais quanto à • Solicita-se preencher as normativas vigen-


conservação e segurança dos bens culturais tes com respeito a utilização dos materiais
no espaço expositivo e aquelas particulari- e equipamentos usados nas diferentes fases
dades que parecer necessário fornecer aos do projeto.
concorrentes. • Exige-se fornecer as fichas técnicas dos mate-
• Faz-se referência à lista de obras com ima- riais empregados para a construção do mobi-
gens (ver item de anexos que se incluem), liário museográfico e dos sistemas de fixação:
com informação técnica de cada bem cultu- aglomerados, pinturas, vernizes e secantes.
ral, as exigências de manipulação, procedi-
mento de instalação, condições ambientais, 2.5. Calendários de trabalho
características materiais e acabamentos de
sua instalação (base ou pedestal, vitrine, • Entrega-se o cronograma geral de traba-
nicho etc.), materiais de suporte, sistema e lho ao qual deverão sujeitar-se em tempo
materiais de segurança. e forma todos os serviços solicitados. Esse

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cronograma deverá considerar o período sistemas, e garantir durante todo o perío-
disponível do espaço expositivo para a reali- do operativo o uso desses materiais e seu
zação ordenada do trabalho, estabelecendo cumprimento.
uma sequência de atividades que considere, • Solicitam-se as permissões e licenças neces-
de maior a menor, os efeitos de risco para os sárias para a correta execução dos trabalhos
bens culturais: alvenaria, trabalhos estrutu- descritos sob a supervisão da instituição
rais, instalações elétricas, climáticas, ma- organizadora.
nutenção de pisos, forros, paredes, pintura, • Estabelecem-se os acordos para que o orga-
instalação dos elementos museográficos nizador efetue as visitas de supervisão que
maiores, limpeza geral, mobiliário museográ- considere necessárias nos espaços em que
fico etc., reservando para a chegada dos bens o adjudicatário realizará a produção, assim
culturais a menor atividade de risco possível. como durante o processo de preparação, ins-
• Solicita-se que o concorrente apresente seu talação e montagem no espaço expositivo.
programa de trabalho respeitando as datas
estabelecidas no cronograma geral, os perí- 2.8. Equipe de trabalho
odos de produção em oficina e as atividades
no espaço expositivo. • Solicita-se a relação do pessoal que parti-
cipará dos trabalhos no espaço expositivo,
2.6. Amostras, modelos e maquetes detalhando o equipamento e as ferramentas
a utilizar durante a instalação.
• Serão indicados os itens que no parecer do • Solicita-se o plano de segurança, autoprote-
organizador requeiram a apresentação de ção e higiene no trabalho, com a aprovação
amostras, modelos ou maquetes (mobiliário do departamento de segurança da institui-
museográfico, instalações ou recreações ção organizadora.
cenográficas, recursos audiovisuais, gráficos, • Solicita-se aos concorrentes que apresen-
equipamentos, materiais, acabamentos). tem o programa de entrega dos materiais
comprados e a programação de realização
2.7. Supervisão dos processos de produção e de seus serviços.
instalação  

• Solicita-se cumprir as diretrizes da nor- Considerações


mativa de prevenção de riscos trabalhistas
para a manipulação e instalação de todos É importante que os organizadores tenham
os elementos expositivos, equipamentos ou presente alguns fatores e circunstâncias

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inerentes aos projetos expositivos itinerantes, • Instruem-se os concorrentes sobre a forma
já que o projeto deve levar em conta que como devem apresentar a proposta, seguin-
se utilizará a produção museográfica nas do as especificações descritas no documen-
sucessivas sedes. Essa possibilidade demanda, to de normas técnicas, através da definição
em primeiro lugar, que a comunicação entre e estabelecimento de capítulos, lançamen-
o museógrafo e o curador seja tão ampla e tos, itens e as referências metodológicas
receptiva quanto possível para entender e que a instituição ou empresa contratante
aceitar que cada espaço expositivo é diferen- considerar. Trata-se com isso de favorecer
te. Portanto a solução museográfica requer uma confrontação objetiva das diferentes
flexibilidade para expressar-se em diferentes propostas, por parte das pessoas encarrega-
contextos expositivos, sendo responsabili- das de sua avaliação.
dade do museógrafo procurar, na medida do • Qualquer que seja o procedimento e
possível, a adequação do discurso acadêmico denominação das rubricas é preciso que
a espaços heterogêneos. as descrições (fornecimentos ou serviços)
sejam detalhadas exaustivamente, de modo
que dessa descrição se possa determinar
3. Forma de apresentar o orçamento da seu custo.
licitação, os serviços e os benefícios • Do mesmo modo, como parte dos custos
deve-se levar em conta que alguns elemen-
3.1. Orçamento de licitação e serviços tos museográficos necessitarão manutenção
ou substituição, por causa da deterioração.
Com o intuito de favorecer a objetividade na
avaliação das propostas orçamentárias: Exemplo:

Rubrica: chave Enunciado

Lançamento: Item Custo Quantidade Total do


chave e número unitário ou unidades lançamento

Descrição:

Descrição:

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3.2. Cronograma de pagamentos Bibliografia

• Apresenta-se o cronograma de pagamentos RAFAEL, T.; DAVIS, N.; BROOKS, K. Exhibit Conservation
considerando basicamente: adiantamento, Guideline: Incorporation Conservation into Exhibit
pagamentos parciais e quitação nas datas Planning, Design and Fabrication. (CD-ROM). USA:
e condições estabelecidas pelas normas do Nacional Park Service, 1999.
organizador ou contratante.
XP X 80-002: 2007. Recomendaciones para concebir, arre-
3.3. Benefícios glar, seleccionar y utilizar una vitrina de exposición de
bienes culturales. (Norma francesa).
• Especificam-se por parte do licitador
aqueles itens que melhoram a proposta, seja
trazendo algumas características de maior
qualidade no serviço, seja em algumas das
condições exigidas. Não serão contabilizados
como benefícios os descontos de preço de
serviços.

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38
O termo ‘embalagem’ inclui Anexo 15 Trata-se de um serviço diretamente relacionado
os conceitos de materiais de com a conservação preventiva, que requer dos
revestimento e caixa ou con-
têiner: empacotamento e em- Roteiro para redigir o documento de profissionais encarregados da redação das orien-
balagem. orientações técnicas para embalagem tações técnicas experiência e conhecimentos
e transporte de bens culturais nessa especialidade para estabelecer os critérios
39
Iata: Associação de Transpor- e métodos de trabalho. Da mesma forma, é obri-
te Internacional (em inglês;
Internacional Air Transport A contratação dos serviços de embalagem38 e gatório que as empresas de transporte concor-
Association). É o instrumento transporte para uma exposição costuma ser rentes sejam especializadas, com experiência
para a cooperação entre linhas efetuada por meio de licitação. A redação do comprovada. As companhias de transporte aéreo
aéreas, que promove a segu-
rança, a confiança e a econo- documento de normas técnicas para o edital propostas deverão ser membros da Iata.39
mia no transporte aéreo em é uma tarefa que requer ter presente a etapa
benefício dos consumidores seguinte, que consiste na avaliação das pro- Existem encontros internacionais de empresas
de todo o mundo. ROTAECHE
(2008), p.79. postas das empresas concorrentes e a adjudi- de transporte dedicados ao intercâmbio de
cação do contrato. experiências, desenvolvimento de procedimen-
tos, materiais e métodos de fabricação, e de
De sua formulação depende que as empresas maneira regular incorporam-se, a esse setor
concorrentes conheçam, com detalhe, a com- profissional, novas normas ISO que permitem
plexidade e as características qualitativas dos certificar a qualidade de um material, uma
serviços a eles solicitados, para conseguirem técnica ou um modo de gestão. Por isso, é con-
que as condições de conservação para os bens veniente pedir aos concorrentes nesta especia-
culturais sejam as adequadas. lidade certificações de qualidade reguladas por
essas normas internacionais.
Para esse fim, consideram-se básicas estas
premissas:
• Documentação administrativa de apresenta- Quem o redige?
ção obrigatória.
• Redação clara das bases e requerimentos da Por tratar-se de um documento que reúne in-
concorrência (edital). formações de várias especialidades e que se pro-
• Disposição numérica dos itens e serviços duz no contexto das normas e legislações que
solicitados. cada país contempla para esses procedimentos,
• Formato ou modelo de apresentação de pro- pode ser redigida pelo coordenador da expo-
postas que facilite seu estudo comparativo. sição, considerando sempre as recomendações
• Critérios de pontuação e avaliação para do responsável pela conservação preventiva, em
adjudicação. sincronia com o cronograma geral da exposição.

220 221

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A quem está destinado? 1.2 Características que a convocatória aborda 40
Na Espanha, no caso de de
uma concorrência pública de-
ve-se cobrir o trâmite de sua
Às empresas especializadas nesse tipo de servi- • Descrição da concorrência. publicação no Boletín Oficial
ço. Em um primeiro momento, o documento de • Conceitos relacionados à concorrência. del Estado (BOE), nos boletins
das comunidades autônomas
normas técnicas é entregue ao departamento Neste ponto se detalham os alcances dos
ou no Diario Oficial de la Co-
de contratação para formalizar a concorrência.40 serviços solicitados aos concorrentes. A pro- munidad Económica Europea
dução das embalagens, a coleta/devolução e (DOCE), dependendo da quan-
tia. Ver: www.boe.es; No Mé-
o transporte das obras.
xico, a publicação se realiza
Com que prazo deve-se apresentar a licitação? • Bases e metodologia da concorrência. através do Diario Oficial de la
Federación (DOF), disponível
em: www.compranet.gob.mx.
Levando-se em conta que as legislações a 1.3 Anexos incluídos 42
respeito estabelecem prazos 41 específicos, é Na Espanha: as concorrências
41

públicas têm de cumprir pra-


necessário conhecer essas normas para planejar São fornecidos às companhias de transporte os
zos para resoluções, outorgas
a redação do documento e a realização da dados sobre esses conceitos. e outras gestões administrati-
concorrência, cumprindo com: vas derivadas destas, as quais
variam segundo a particula-
• Redação das bases do edital. Anexo I
ridade da concorrência. Será
• Convocatória. • Lista dos bens culturais, com número de necessário consultar essas par-
• Recepção e revisão da documentação admi- inventário e código de identificação na ticularidades no Real Decreto
Legislativo 2/2000 (de 16 jun.),
nistrativa (fiscal, legal etc.) dos concorrentes. exposição.
que aprova o Texto Refundido
• Avaliação das propostas. • Ficha técnica de cada bem cultural: nome e da Lei de Contratos da Admi-
• Período de esclarecimentos. título, dimensões/peso, técnica (informação nistração Pública. No México,
a publicação se realiza através
• Sentença e adjudicação da concorrência. seletiva).43
do Diario Oficial de la Fede-
• Lista de contatos dos comodantes/cedentes ración (DOF), disponível em:
(nome do responsável, telefone, e-mail, ende- www.compranet.gob.mx.
O que contém? reços das instituições e colecionadores parti- 42
A informação que consta nes-
cipantes). No Brasil, por questão de seguran- ses anexos é confidencial e
por esse motivo só será entre-
1. Objeto do edital ça, nesta etapa é suficiente a informação da
gue em mãos aos possíveis lici-
quantidade de pontos de coleta por cidade. tantes; não será publicada nos
1.1 Descrição • Informação específica sobre a acessibilidade boletins e na imprensa oficiais.
dos bens culturais, comodantes e horários. 43
Aquela informação relacionada
• Breve descrição do projeto expositivo. com a ficha técnica da obra, ex-
• Sede(s). Anexo II cluindo dados como avaliação
para o seguro e outros concei-
• Datas de início de montagem, inauguração e • Informação específica sobre a acessibilidade tos que são de estrito conheci-
encerramento. e características da(s) sede(s) da exposição. mento de outras áreas.

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44
Segundo legislações nacionais Anexo III vedação etc. (necessidade de espuma para
e/ou internacionais. • Número de couriers. objetos leves).
• Procedência de cada um. • Estrutura interior de suporte para os bens
• Características e tipo de transporte (aéreo, culturais (bastidor de movimento, travas etc.).
terrestre). • Sistemas de fechamento (parafusos de
• Alojamento: categoria e localização do segurança, chapas, cadeados, ferragens
hotel. especiais etc.).
• Diárias, especificando o que incluem (ali- • Reforços exteriores especiais (saltos, pallet
mentação, gastos de transporte urbano etc.) etc.).
por dia e quantidade de dias por courier, • Requerimentos dos comodantes (sondas,
recepção no aeroporto e outras atenções. material tampão etc.).
Observação: no Brasil as questões relativas • Detalhamentos sobre aqueles bens culturais
aos couriers são de responsabilidade das que devam ou possam ser embalados juntos.
instituições organizadoras e/ou produtoras • Requerimentos de fumigação das caixas.44
culturais, não das transportadoras.
Serviços solicitados:
• Retirada in situ das medidas (dimensões)
2. Orientações técnicas reais das obras.
• Apresentação do design e dos materiais
2.1. Requerimentos ou relatório técnico constitutivos das embalagens para os bens
culturais da exposição.
2.1.1. Requerimentos para a realização das • Codificação das embalagens em relação à
embalagens numeração atribuída a cada bem cultural
(relação de embalagens) e aplicação da
Características construtivas das embalagens: sinalização nas embalagens.
A entidade organizadora redigirá os critérios • Relatório fotográfico durante as tarefas de
gerais e/ou particulares sobre as caracterís- coleta no caso de apresentar particularida-
ticas construtivas em função das coleções a des a considerar e documentar, na desmon-
embalar, que serão mais ou menos detalhados tagem ou na embalagem.
nestes itens: • Manutenção de embalagens: a empresa
• Materiais constitutivos e procedimentos de garantirá que a sede da exposição conta
construção. com um espaço adequado, com controle
• Materiais de revestimento interno, isola- de pragas e climatização para a conserva-
mento térmico, amortecimento de golpes, ção das embalagens; em caso contrário,

222 223

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proporcionará um espaço alternativo para • Dados sobre as rotas, as escalas e baldeações
sua guarda. Do mesmo modo, atenderá a dos embarques, que serão os mínimos possíveis.
reposição dos materiais (agregados inter- • Supervisão por parte da empresa ou seus cor-
nos) que sofram desgaste ou deterioração e respondentes nas ações de carga e descarga
efetuará as reparações ou substituições das em aeroportos, incluindo as possíveis escalas.
embalagens que no parecer do conservador- • Características técnicas dos veículos de trans-
-restaurador as requeiram. porte terrestre, indispensáveis em função das
• Obs.: No Brasil os trabalhos referentes à coleções a trasladar: suspensão pneumática,
retirada das medidas e ao relatório fo- climatização ou estabilização térmica, espaço
tográfico não são de competência da interno de carga reforçado, equipamento de
transportadora. As medidas normalmente segurança contra roubo e incêndio, disposi-
são fornecidas pelo setor de catalogação tivo de rastreamento por satélite, rampa ou
da instituição, ou, no caso de particula- plataforma hidráulica, equipamento de carga
res, pelos organizadores. A documentação complementar, cintas, carrinhos etc.
fotográfica é realizada pelos couriers e/ou • Condições e requerimentos para os casos de
responsáveis pelo acompanhamento das pernoites, resguardo e vigilância dos veículos
embalagens nas instituições. durante o transporte terrestre.
• Medidas de segurança requeridas pelos
2.1.2. Requerimentos para o traslado das obras comodantes para os trajetos.
• Ordem sequencial de entrada das embala-
Características dos meios de transporte, cargas, gens no espaço expositivo.
rotas e couriers: • Requerimentos gerais de pessoal necessá-
A entidade organizadora redigirá os critérios rio, horários de trabalho e disponibilidade.
gerais e/ou particulares sobre as características Detalha-se que essas ações deverão ser
dos meios de transporte, cargas, rotas e cou- efetuadas de acordo com o cronograma de
riers, para que a empresa transportadora faça montagem museográfica.
as propostas adaptadas à melhor opção que • Planejamento das viagens e permanên-
inclua os requerimentos que os comodantes cia dos couriers em coordenação com a
tenham expressado, que são: chegada das obras ao espaço expositivo e
• A empresa será informada dos locais e datas o cronograma de montagem museográ-
previstos de coleta. fica. Portanto, deverá ser sincronizada a
• Tipo e combinações de transporte (aéreo, permanência do courier, em cada sede, com
terrestre). o programa de montagem e, nos casos de
• Número de bens culturais por embarque. vitrines compartilhadas (que incluam obras

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de diferentes comodantes), deverá coincidir movimento de obras que por sua natureza,
com a presença dos couriers, para instala- localização, instalação, dimensões, peso etc.
ção dos bens culturais sob sua custódia. necessitarem de operações especiais.

Serviços solicitados: 2.3. Gastos extraordinários


• Calendário de coleta dos bens culturais.
• Local de concentração dos bens culturais. Indica-se que os gastos não previstos na
• Plano ou previsão de itinerância. produção e nos processos da embalagem e
• Realização da embalagem em cada uma transporte derivados de informação parcial
das sedes. ou errônea por parte do solicitante ou do
• Assistência para as tarefas de montagem comodante, como diferenças de peso ou
museográfica, caso se considere necessário. volume dos bens culturais ou suas partes,
• Transporte e/ou armazenagem das embala- serão assumidos pela empresa – desde que
gens no local que for determinado. os concorrentes comprovem a veracidade
• Comprovação dos agentes locais e corres- da informação.
pondentes (em escalas, baldeações, pernoi-
tes e destinos) que efetuarão as tarefas de
embalagem e transporte dos bens culturais 3. Forma de apresentar as propostas de
provenientes de outros países. licitação
• Realização de trâmites alfandegários.
• Detalhamentos e procedimentos de segu- Estabelece-se um modelo de apresentação
rança durante as manobras e transporte dos das propostas a ser seguido pelas empresas
bens culturais (escoltas, vigilância etc.). licitadoras, de maneira que seja factível realizar
• Designação do pessoal (não permutável) de uma confrontação objetiva por parte das
embalagem-desembalagem que efetuará pessoas encarregadas da avaliação. A seguir
essas ações desde a provisão, nos locais e na propomos o modelo:
restituição das obras aos comodantes.
3.1 Orçamento de licitação
2.2. Recursos humanos e meios técnicos extra-
ordinários Quando o serviço implica a coleta de obras
procedentes de diversos países, cidades e co-
São requeridos os recursos humanos, pro- modantes, antes da apresentação da proposta
cedimentos e equipamentos técnicos que aconselha-se apresentar uma tabela-resumo
as empresas de transporte utilizarão para o com os blocos de informação que expressem

224 225

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o conjunto de operações de embalagem e Item Orçamento Concentração: agrupamento de
45

transporte que serão realizadas nos diferentes todas as obras na sede onde se-
rão exibidas, provindo de seus
pontos de coleta/devolução e o número de • Fornecimento de caixas e respectivos lugares de origem.
couriers que serão coordenados. material de embalagem
• Coleta e transporte
46
Dispersão: devolução dos bens
É importante salientar que, no Brasil, normal- culturais desde a sede de ex-
• Total de couriers no início posição até seus respectivos
mente não cabem à transportadora os itens rela- da exposição lugares de origem.
cionados aos couriers; estes gastos são assumidos
• Descarregamento no local
pelas instituições solicitantes ou pelos produtores.
da exposição
• Desembalagem dos bens
País Cidades Quantidade Quantidade Número de
culturais
de de obras couriers • Armazenagem das embalagens
comodantes
vazias
• Reembalagem dos bens
culturais
• Coleta e transporte
• Devolução e desembalagem
nos pontos de origem
• Total de couriers no encerra-
mento da exposição

A proposta orçamentária se apresenta de for- • A proposta orçamentária deve ser des-


ma resumida e desmembrada: membrada por licitador, destacando-se os
• A proposta deve apresentar os orçamentos respectivos itens em três tabelas: Coleta,45
globais por estes itens: Desembalagem e Devolução.46

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47
Localização: é responsabilida- Coleta Orçamento Devolução Orçamento
de dos especialistas designa-
dos pela empresa de transporte • Programa de viagem   • Programa de viagem  
para o processo de extração do
bem cultural da embalagem e • Entrega de embalagens e opera- • Entrega de material de embala-
para depositá-lo no lugar que ções de embalagem gem e caixas vazias para opera-
lhe for indicado: mesa de exa- ções de reembalagem
me, vitrine, pedestal etc. De- • Gastos com meios técnicos e
nominamos esse processo de humanos, incluindo extras para • Gastos com meios técnicos e
‘localização’. casos de desmontagem complexa humanos extraordinários (em caso
de desmontagem complexa)
• Gestão alfandegária e obtenção
de autorizações • Gestão alfandegária, obtenção de
autorizações
• Taxas de alfândega de destino
(inclui o trânsito para transporte • Taxas de alfândega de destino
terrestre) • Gastos de gestão de alfândega
• Custos alfandegários de impor- (inclui o trânsito para transporte
tação terrestre)

• Transporte terrestre, carga e • Gastos de alfândegas de expor-


descarga tação

• Transporte aéreo, transporte local, • Transporte terrestre, carga e


carga e descarga descarga

• Frete aéreo ou marítimo e custo • Transporte aéreo e transporte


de armazenagem (indicar volume local, carga e descarga
e peso sobre os quais foi realizado • Frete aéreo/marítimo, custo de
o cálculo) armazenagem (indicar volume e
peso sobre os quais foi realizado
• Transporte local, carga e descarga
o cálculo)
• Escoltas
• Transporte local, carga e descarga

• Escoltas
Desembalagem Orçamento

• Colocação e manuseio47 dos bens  


Couriers Orçamento
culturais e armazenamento das
embalagens vazias Viagens, hotéis e per diem (diária)  

226 227

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3.2. Serviços 48
Agentes locais: refere-se às
companhias estrangeiras que
colaboram com a empresa
• Cronograma provisório de coleta e devolução: transportadora licitadora, para
Sugere-se seguir este modelo: realizar trâmites e atuações
relacionadas com as obras que
entrarão no território nacional
Data Data Total 1ª 2ª 3ª ou dele sairão.
Concentração
início final dias semana semana semana

Contatos com agentes locais 48 / correspondentes

Medição das obras / fabricação embalagens

Coleta nos locais de origem

Transporte

Chegadas terrestres

Chegadas aéreas

Desembalagem

Colocação e localização dos bens culturais

Retirada das embalagens vazias

Data Data Total 1ª 2ª 3ª


Dispersão
início final dias semana semana semana

Entrega das embalagens vazias na sede expositiva

Remoção e manuseio dos bens culturais

Reembalagem

Saídas aéreas

Saídas terrestres

Transporte

Devolução nos pontos de origens

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• Rotas e meios de transporte selecionados • Recursos humanos, técnicos e procedimen-
Incluem-se neste item todos os detalhes tos específicos
técnicos e estratégicos que não estão con- – Neste item se apresentam os recursos hu-
templados no orçamento, como a divisão manos e técnicos ordinários e extraordiná-
das caixas por rotas e os meios técnicos rios, assim como os procedimentos para a
propostos para sua realização. desmontagem e montagem dos bens.
– Relação de modelos, marcas e caracte- • Equipe de trabalho selecionada para a reali-
rísticas de equipamento dos veículos que zação deste serviço
a empresa utilizará para o transporte da Inclui-se neste item um breve curriculum
exposição. vitae da empresa, relacionando os trabalhos
– Programa de transporte terrestre, incluin- recentes de similar importância e lista de
do: roteiro de coleta e devolução dos bens pessoal com funções. É necessário indicar o
culturais por país, cidade ou região. número de pessoas para cada atividade.
– Programa de transporte aéreo, mencionan- Acrescentam-se os currículos abreviados de
do companhia aérea, rota, escalas e horários. cada membro da equipe com suas fotogra-
• Dados gerais e currículo dos agentes locais/ fias, destacando: anos de serviço na em-
correspondentes associados à empresa presa, experiência em exposições similares,
adjudicatária. cursos de capacitação (de seguros, de cargas,
– Material e sistemas selecionados para as de manipulações etc.) e capacitação no
embalagens e as caixas de transporte manejo de equipamentos especiais.
– Apresentam-se neste item os detalhes • Cronograma de pagamentos
técnicos relacionados com os materiais Apresenta-se o cronograma de pagamentos
selecionados para as embalagens, os considerando basicamente: adiantamento,
agrupamentos de bens culturais numa pagamentos parciais e quitação nas datas
mesma caixa e as indicações de manuseio e condições estabelecidas pelas normas do
nas embalagens das obras mais complexas, organizador ou contratante.
como sistemas de abertura, métodos para
introduzi-las ou extraí-las etc. 3.3 Benefícios
– Não se trata de apresentar todos os
tipos de embalagens e contêineres que a Especificam-se por parte do licitador os bene-
empresa licitadora possui ou é capaz de fícios da proposta, trazendo características de
produzir, mas de apresentar especifica- maior qualidade no serviço e/ou nos materiais.
mente a seleção proposta que se adapte a Não serão contabilizados como benefícios os
cada obra. descontos no preço de serviços.

228 229

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Bibliografia

ART IN TRANSIT: Studies in the Transport of Paintings (M.


Mecklendnburg, ed.). London (UK): International Con-
ference on the Packing and Transportation of Pain-
tings, 1991; Washington (DC): National Gallery of Art,
1991.

EN14182: 2002, Embalage – Terminologie – Termes de


base et Définitions. (Norma Europeia).

ROTAECHE GONZALEZ DE UBIETA, M. Transporte, depósito


y manipulación de obras de arte. Madrid: Patrimonio
Cultural; Ed. Síntesis, 2007.

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49
Na Espanha: quando se trata Anexo 16 uma licitação (tipo de concorrência onde só o
de concurso público, o desti- ‘critério preço’ é levado em consideração).
natário da avaliação é a co-
missão de orientação. Ver Real Roteiro para licitação de embalagem
Decreto Legislativo 2/2000 e transporte Faz-se esta observação porque costuma ocorrer
(16 jun.). Texto refundido da perda da qualidade em troca da economia e, por
Lei de Contratos das Adminis-
trações Públicas. No México: a A avaliação eficaz da concorrência de embala- consequência, potencializam-se os riscos de de-
Junta de Avaliação, tanto nas gem e transporte dos bens culturais dependerá terioração dos bens culturais ao serem transpor-
licitações por convite como da correta formulação das bases, da ordem e da tados em embalagens inadequadas, por equipes
nas públicas, determina sua
adjudicação de acordo com as forma em que se proporcionou aos licitadores a não especializadas ou com meios insuficientes.
propostas técnicas e financei- informação dos itens a avaliar. Realizando estas Com isso, também, desencorajam-se as empre-
ras (econômicas), sendo estas tarefas preliminares com uma metodologia ade- sas competentes a continuar com a pesquisa e o
baseadas nas normas e leis
aplicáveis em cada caso. quada, a avaliação das propostas apresentadas desenvolvimento na melhoria de seus serviços.
pelas empresas concorrentes ficará mais precisa.
Na Espanha, se a concorrência é pública, cria-
Os pontos chave de uma avaliação se centram -se uma comissão de orientação; no México,
fundamentalmente na avaliação qualitativa da denomina-se junta de avaliação. Em ambos os
resposta dos concorrentes aos itens que integram casos conta-se com profissionais que perten-
o relatório ou relação de serviços solicitados. cem aos setores técnicos e administrativos da
Esses incluem materiais, fornecimentos, equipa- instituição pública convocadora.49
mento, características do pessoal, cronograma e,
especialmente, a boa disposição da empresa para Normalmente o protocolo de avaliação da
entender que, independentemente do planeja- concorrência começa pela leitura da documen-
mento, podem surgir circunstâncias e imprevistos tação administrativa das empresas concorren-
que devem ser solucionados. Em todo caso, a tes, o que permite detectar falhas sanáveis ou
avaliação deve permitir a comparação equitativa a eliminação das empresas que não cumprem
dos itens e seus custos, por isso os critérios de os requisitos mínimos exigidos. A avaliação
avaliação devem aparecer nas bases do edital. da proposta orçamentária corresponde a uma
segunda etapa, e a última corresponde à ava-
Convém destacar que na produção de embala- liação da documentação técnica.
gens de bens culturais, os meios de transporte,
as rotas, a organização das tarefas e a quali- O resultado da concorrência, isto é, a adjudi-
dade dos equipamentos e dos serviços devem cação de determinada empresa, tem de estar
prevalecer sobre os aspectos orçamentários; justificado com argumentos sólidos, funda-
isto é, uma concorrência é sempre preferível a mentados e objetivos para evitar reclamações

230 231

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por parte das demais empresas. Em todo caso, O que contém? 50
O fato de contratar um núme-
a legislação relativa às concorrências estabe- ro de pessoas com deficiência
ou com capacidade reduzida
lece procedimentos que podem ser utilizados O sistema de avaliação que propomos a seguir melhora a pontuação final no
pelas empresas para apresentar alegações. destaca conceitos e critérios que convém con- caso de empate nos pontos
siderar. A atribuição da pontuação outorgada a obtidos pelos licitadores.

cada bloco de critérios pode variar dependen-


Quem realiza a avaliação? do da complexidade dos serviços solicitados. É
importante considerar que a pontuação máxi-
É a entidade organizadora, ou seja, a contra- ma atribuída ao orçamento de licitação nunca
tante dos serviços, que avaliará as concorrên- deveria ser superior à soma das pontuações
cias através de seus especialistas em conser- dadas ao restante dos itens.
vação preventiva e de seus especialistas em
temas jurídicos e administrativos. Embora não estejam contemplados em nossa
proposta de tabela de avaliação, podem ser
levados em consideração outros critérios:
A quem está destinada a avaliação? certificações de qualidade ISO, integração de
pessoal com deficiência,50 cuidados com o meio
Está destinada às áreas ou departamentos jurídi- ambiente e outros.
co e administrativo da instituição organizadora,
para redação do contrato e para conhecimento
das empresas licitadoras da concorrência.

Seguindo o protocolo estabelecido, o depar-


tamento responsável pela contratação da
instituição formalizará o contrato administra-
tivo correspondente, com solicitação prévia, à
empresa adjudicatária de toda a documentação
complementar necessária.

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51
Normalmente, os pontos de Avaliação Pontos Pontos Pontos
Lançamento da Critérios de avaliação para
avaliação para o preço do máxima em obtidos obtidos obtidos
proposta atribuição de pontuações
serviço, o relatório ou rela- pontos 51 Empresa A Empresa B Empresa C
ção de serviços ofertados e as
melhoras qualitativas e eco- 1. Orçamentos de
nômicas que os concorrentes
(*) 52
licitação
propõem são atribuídos com
antecedência.
2. Serviços
52
Na Espanha: a pontuação re-
ferida à oferta econômica se Adequação ao formato
realiza através desta fórmula proposto no documento
matemática: P = N x Min/Of,
onde P = pontuação da oferta; Cronograma
Viabilidade
N = pontuação máxima; Min
= pontuação mínima; Of =
Clareza de informação
oferta da empresa licitadora.

Quantidade de rotas: traje-


tos e agrupamentos

Detalhe de frota de cami-


nhões e tipos de voos sele-
Rotas e meios cionados para a exposição
de transporte
Identificação de agentes
locais/correspondentes

Programa de traslados dos


couriers

Detalhe de qualidade
de embalagens para a
exposição
Material de
embalagem Agrupamento de obras em
e caixas embalagens

Detalhe de desembalagem e
manuseio de bens culturais

232 233

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Detalhe de procedimentos
e maquinário para desmon-
       
Meios técnicos tagem dos bens culturais,
e humanos in situ
extraordinários
(para os casos de Detalhe de procedimentos
complexidade nas e maquinário extras, para
operações) desmontagem das obras in        
situ, por parte dos agentes
locais/correspondentes

Número de pessoas e distri-


buição de funções do pes-        
soal da equipe de trabalho

Currículo e capacitação do
       
pessoal selecionado

Experiência em exposições
Equipe de
similares
trabalho
Disponibilidade e flexibili-
dade de horários do pessoal        
da equipe

Identificação do pessoal que


fez os cursos sobre seguros        
e cargas

3. Benefícios do serviço

Acompanhamento dos
couriers;
Fotografias de montagem e
desmontagem de obras;  
Exemplos de
   
benefícios Empréstimo de equipamen-  
tos para registro de tem-
peratura, umidade relativa,
controle de impacto e/ou
materiais de embalagem

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Anexo 17 melhores forem as condições de proteção para
o cliente o custo será maior, mas é preciso lem-
Conteúdos de um convênio ou brar que o seguro se ajusta às necessidades e
apólice de seguro – Garantia do requerimentos do cliente.
Estado
Existe uma gama bem ampla de riscos a as-
A contratação de apólices de seguro para os segurar e, portanto, uma apólice de seguro é
bens culturais é, de maneira crescente, fonte um ‘traje feito sob medida’. A pessoa respon-
de questionamentos para os organizadores de sável por administrar a contratação de um
exposições temporárias e os comodantes de seguro deve ter claras as situações para as
bens culturais. Sendo um serviço de contra- quais deverá solicitar uma apólice de seguro,
tação obrigatória altamente complexo, seus para determinar com precisão os riscos co-
enunciados nem sempre são expressos com bertos e as exclusões existentes. Embora essas
a clareza necessária. Em muitas ocasiões, condições sejam similares em todo o mundo,
contêm um repertório de circunstâncias ou já que as políticas de segurança são inter-
exceções que acabam por gerar incerteza nacionais, existem ligeiras diferenças entre
para o contratante já que, potencialmente, seguradoras, as quais se refletem de maneira
a circunstância e a exceção podem operar particular nos custos.
contra. Daí que, enquanto não se fizer uma
análise profunda das condições e alcances Uma vez recebida a apólice, deve-se rever
de uma apólice de seguro, a recomendação se estão inclusas todas as coberturas que o
obrigatória para uma contratação desses contratante solicitou e se o bem assegurado
serviços é recorrer ao assessoramento de um está corretamente identificado. Deve-se ser
especialista independente. especialmente rigoroso nesse ponto, já que se
o contratante não proporciona a informação
A apólice de seguro é um contrato de não ade- adequada e completa dos bens a assegurar, a
são entre um assegurado e uma companhia de companhia seguradora pode se recusar a cobrir
seguros, que estabelece os direitos e obrigações um possível sinistro.
de ambos, em relação ao seguro contratado.
Isso significa que não é um contrato genérico A título de resumo, ao analisar uma apólice
ao qual o cliente adere independentemente de deve-se rever:
estar de acordo com suas cláusulas, mas sim • A correta identificação do bem assegu-
o cliente negocia com a companhia as condi- rado do tomador (ou contratante) e dos
ções nas quais ele quer ser assegurado. Quanto beneficiários.

234 235

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• A vigência do contrato (período de 1. As condições gerais 53
Na Espanha, a Direção Geral de
cobertura). Seguros: www.dgsfp.mineco.
es/direcciongeral/index.asp;
• As cláusulas de cobertura. Estabelecem o contexto de referência para o no México, a Comissão Nacio-
• As exclusões e riscos não cobertos. seguro contratado. Elas devem estar autori- nal de Seguros e Finanças.
• Que outros benefícios são oferecidos. zadas pelo Organismo Nacional, diferente em
• O montante máximo estabelecido para cada cada país, encarregado de regular a atuação
sinistro. das Companhias Seguradoras.53 Dessa forma,
• Os dedutíveis: parte do custo do sinistro que as condições gerais são padrão para o produto
o assegurado assume ou paga. contratado e, portanto, em certo tipo de segu-
• O preço e a forma de pagamento do prêmio. ro são iguais para todos os clientes.

Além disso, é preciso fazer uma interpretação Nas condições gerais incluem-se:
correta dos termos técnicos empregados nos • Definições de termos técnicos usados na
documentos, daí ser importante dispor de um apólice, como por exemplo, o que se deve
glossário de termos proporcionado pela com- entender por perda total, por valor comer-
panhia seguradora. cial, por valores conveniados etc.
• Detalhe de coberturas ou riscos incluídos
(roubo com violência, dano durante o trans-
Quem o redige? porte, danos provocados por incêndio ou
inundação etc.).
A companhia de seguros, de acordo com as • Detalhe de exclusões ou situações não
coberturas que os solicitantes – entidade orga- cobertas pelo seguro (por exemplo, de-
nizadora e comodante – decidiram assegurar. saparição misteriosa, guerra, danos por
explosão nuclear).
• Limites: são os montantes máximos a cobrir
A quem está destinado? por parte da companhia seguradora. Esses
limites devem necessariamente ser levados
À entidade organizadora e ao comodante. em conta num seguro de transporte de
obra de arte, já que o valor dos bens que se
trasladam num embarque não deve exceder
O que contém? esse montante. Se uma só peça tem va-
lor similar ao limite máximo, só essa peça
Uma apólice de seguro se compõe de duas deverá trasladar-se num embarque; isto
partes ou seções: tem a finalidade de dividir o risco de perda

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ou dano de objetos de grande valor, e é Nas condições particulares se incluem:
importante respeitá-lo, já que, do contrário, • Identificação do assegurador: indica nome
a companhia seguradora pode se negar a e endereço da companhia seguradora.
cobrir o dano. • Dados do contratante (ou tomador):
• Obrigações do assegurado: são as responsa- indica nome, endereço e dados fiscais do
bilidades que o assegurado contrai, como por contratante.
exemplo, respeitar as condições estipuladas na • Tipo de seguro ou plano: indica de que tipo
apólice para o transporte adequado de uma de seguro se trata. Para o caso focalizado
obra. Isto implica: que o pessoal encarregado nesta publicação, corresponderia a um segu-
de manipular, embalar, desembalar e trans- ro de traslado de bens culturais.
portar uma obra conte com a especialização • Bem a assegurar: é a identificação do objeto
adequada; que os bens estejam corretamente assegurado (de preferência algum código ou
embalados; que se transportem num veículo número de inventário que o identifique sem
adequado (contêiner de segurança, selagem, permitir dúvidas).
com suspensão pneumática etc.); que se no- • Beneficiários: são as pessoas ou instituições
tifique à companhia seguradora, assim que se que recebem a indenização em caso de sinistro.
‘conhecer’, o sinistro de uma peça etc. • Coberturas: são os riscos que a instituição
• Arbitragem: estabelece a forma de proce- contrata, como por exemplo, danos por in-
der quando houver diferenças de inter- cêndio, perda, roubo com violência etc., algu-
pretação da apólice, entre o contratante, mas delas são obrigatórias e outras, opcionais.
o assegurado e a companhia de seguros; • Exclusões: são os riscos que não estarão
regularmente se estabelece a atuação dos cobertos.
peritos de cada parte. • Montante assegurado: é o montante má-
ximo pelo qual responde a companhia de
seguros para cada cobertura. Deve indicar-se
2. Condições particulares e especiais o limite de responsabilidade da companhia
de seguros e os dedutíveis, que é a parte do
As condições particulares ou especiais cons- custo do sinistro que o assegurado assume
tituem a segunda seção de uma apólice de ou paga. Se possível, devem contratar-se
seguros, e nelas são indicadas as condições coberturas sem dedutíveis.
específicas de risco para o bem a assegurar. As • Prêmio: é o preço que o contratante vai pa-
condições particulares só podem ampliar ou gar. Corresponde ao custo do seguro. Além
esclarecer aspectos das condições gerais que se disso, indica-se a periodicidade e a forma de
incluem na primeira seção. pagamento do prêmio.

236 237

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• Vigência: é o período de duração do seguro. 2.1.3 Titularidade dos objetos assegurados Significa que os bens culturais
54

• Data do contrato: algumas vezes detalha que se trasladarão estarão pro-


tegidos desde o momento em
também a hora inicial de vigência da apólice. É obrigatório constar que os sinistros inde- que são retirados de seu lugar
nizáveis cobertos por esta apólice poderão habitual de guarda ou exibi-
Exemplo ser diretamente liquidados, em conformidade ção, durante todos os seus tra-
jetos e lugares de permanência
com o Assegurado, com qualquer pessoa ou temporal, e até o momento de
Apresenta-se a seguir um exemplo dos itens entidade que comprove sua propriedade. regressarem ao lugar onde se
que se incluem nas condições especiais de um encontravam. Para que a co-
bertura de seguro surta efeito
contrato de seguro de bens culturais. 2.1.4 Âmbito de cobertura deve-se notificar à seguradora
todos e cada um dos movi-
2.1. Condições especiais: seguros de bens A presente cobertura se entende em vigor mentos que a peça sofrerá, os
lugares onde estará tempora-
culturais desde o momento em que os bens culturais riamente, durante quanto tem-
assegurados deixem seu lugar de localiza- po etc.; do contrário, a cober-
2.1.1 Tomador ção no domicílio de seus proprietários e/ou tura não se efetivará.

comodantes, continua durante seu transpor-


Entidade contratante do seguro com domicílio te por via terrestre e/ou aérea até lugar de
em rua, número, CEP e cidade contrata com destino e estâncias prévias, durante e poste-
Companhia Seguradora, por conta própria e/ou riores à exposição que acontecerá em nome
de quem corresponder, a presente apólice nos da sede de tal cidade do dia, mês e ano ao
termos e condições que a seguir se indicam: dia, mês e ano e posterior retorno à origem
ou ao lugar indicado pelo proprietário e/ou
BENEFICIÁRIO. Dados do beneficiário, quando comodante (tipo de cobertura denominado
o tomador não é a entidade proprietária das ‘prego a prego’).54
obras e, portanto, não é a entidade que será
indenizada em caso de sinistro. 2.1.5 Período de cobertura

2.1.2 Interesse e valor assegurado Desde a zero hora do dia data aproximada
de saída dos bens até as 24 horas da data de
Bens culturais integrantes da Exposição nome devolução dos bens. (Normalmente, no Brasil,
da exposição cujas medidas, denominações, coloca-se um período maior de cobertura:
técnica, comodantes e valores unitários aproximadamente 30 dias antes da data do
etc. se indicam na lista que se encontra na início da exposição e 30 dias após o seu encer-
Companhia de Seguros e cujo valor total é o ramento, no caso de exposições internacionais,
‘valor estabelecido’. e cerca de 10 dias para exposições nacionais.)

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2.1.6 Riscos cobertos Em nenhum caso a depreciação e/ou demérito
artístico mais o custo de reparação excederão
Os bens culturais assegurados por este contra- o valor da obra assegurada.
to ficam garantidos contra todos os riscos de
perda, danos e/ou desgastes, de acordo com os 2.1.8 Cláusula de opção de recompra
termos e condições destas cláusulas:
No caso de a Companhia Seguradora recuperar
– INSTITUTE CARGO CLAUSES (A) (Cargo) (Ed. uma obra pela qual já tivesse indenizado o
1.1.82). Assegurado sob a presente apólice, este terá o
– INSTITUTE STRIKES CLAUSES (Cargo) (Ed. direito de recompra de tal obra à Companhia
1.1.82), incluídos atos terroristas durante os Seguradora.
transportes e nas estâncias.
Se a obra recuperada não está danificada, o
Quando a viagem internacional for realizada Assegurado pagará a mesma quantia que a
por via aérea, garantem-se os riscos de guerra Companhia Seguradora tiver indenizado, mais
de acordo com a seguinte cláusula: os gastos de peritagem, de recuperação (se
houver) e juros. Tais juros serão calculados
– INSTITUTE WAR CLAUSES (Cargo) (Ed. 1.1.82) sobre a base de juros de preferência entre a
data em que a Companhia Seguradora efetuou
Estabelece-se que ficam expressamente exclu- a indenização ao Assegurado e a data em que
ídas as perdas, os danos, a responsabilidade ou este último manifestar sua intenção de exercer
desgastes consequentes de contaminação ra- seu direito de recompra.
dioativa de acordo com os termos da cláusula
anexa INSTITUTE RADIOATIVE CONTAMINATION No caso de a Companhia Seguradora ter
EXCLUSION CLAUSE (Ed. 01.10.90). indenizado o Assegurado por uma obra que
posteriormente se recupera com danos, o
2.1.7 Cláusula de depreciação e/ou demérito direito de recompra da obra será exercido
artístico pelo Assegurado mediante o pagamento do
valor atual de mercado da obra danificada no
É obrigatório constar que dentro da presente momento da recompra.
cobertura está incluída a depreciação e/ou
demérito artístico que possam sofrer os bens as- A Companhia Seguradora se compromete a no-
segurados por consequência de um risco garan- tificar o Assegurado de seu direito de recompra
tido, independente do custo de sua reparação. sobre qualquer obra recuperada, dispondo o

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Assegurado de 60 dias desde tal notificação ao objeto assegurado quando forem causados
para exercer tal direito de recompra. diretamente ou por consequência da reparação,
restauração, limpeza ou processos similares aos
2.1.9 Cláusula de museu que forem submetidos os objetos assegurados.

Independentemente da natureza e do valor 2.1.13. Cláusula de pares e conjuntos


total dos danos, os bens culturais, pertencentes
a coleções de museus, continuarão pertencen- No caso de perda total que afete um objeto
do ao proprietário imediatamente anterior ao ou objetos que façam parte de um jogo ou
sinistro, não podendo em nenhum caso a inde- par, convém que a Companhia Seguradora
nização superar o valor assegurado acordado indenize ao Assegurado o valor total do objeto
entre as partes. ou objetos sinistrados e a depreciação que o
jogo ou par tiver sofrido em seu valor, levando
2.1.10 Cláusula de molduras em consideração a importância que o objeto
ou objetos sinistrados representam com rela-
Fica expressamente conveniado que ficam ção ao conjunto.
garantidos sob a presente cobertura molduras,
suportes, bases e objetos complementares dos 2.1.14. Franquia
bens assegurados, sempre e quando seu valor
tiver sido declarado de forma independente Faz-se constar em forma expressa que os
da obra no Formulário de empréstimo e este sinistros que ficarem indenizáveis com cargo à
constar como valor para o seguro. presente Apólice se liquidarão sem dedução de
franquia alguma.
2.1.11 Cláusula de vidros
2.1.15. Renúncia por sub-rogação de direitos
Fica expressamente conveniado que estão garan-
tidos sob a presente cobertura os danos produ- A Companhia Seguradora renuncia expressa-
zidos aos bens por consequência da quebra dos mente a todo recurso que tiver direito a exer-
vidros protetores, assim como a sua reposição. cer contra embaladores, carregadores, proprie-
tários de salas que albergam as exposições ou
2.1.12 Cláusula de processo qualquer outra pessoa ou entidade relacionada
com o manejo, transporte terrestre e insta-
É obrigatório constar que ficarão excluídas da lação dos bens assegurados, por sub-rogação
cobertura deste contrato as perdas ou danos dos direitos do assegurado por consequência

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da indenização de um sinistro, exceto quando a) o custo de restauração do bem cultural,
os danos indenizados tiverem sido causados estabelecido de mútuo acordo entre o
por negligência grave ou conduta dolosa de proprietário e/ou comodante e a compa-
qualquer dessas pessoas ou entidades. nhia seguradora. Não existindo acordo,
será determinado por um perito mutua-
2.1.16. Prêmio mente aceito por ambas as partes.
b) uma quantia igual a qualquer depreciação
Pela cobertura outorgada pela presente Apólice no valor justo de mercado do bem cultu-
se estabelece um Prêmio Líquido de quantia ral depois da restauração, estabelecendo-
conveniada, quantia que, incrementada com os -se tal quantia de mútuo acordo entre o
impostos e encargos correspondentes, totaliza proprietário e/ou comodante e a com-
o prêmio de quantia total conveniada, que a panhia seguradora ou, em caso de não
entidade contratante efetivará à vista. existir acordo, segundo o que determinar
um perito aceito por ambas as partes.
2.1.17. Responsabilidade máxima
2.1.19. Gastos periciais
A responsabilidade máxima da Companhia Se-
guradora para as garantias outorgadas por esta Os Asseguradores assumem os gastos em que o
apólice é o valor total dos objetos assegurados, assegurado incorre pela intervenção de perito,
especificado nestas Condições Especiais. curadores etc., para a justificativa de um
sinistro ocorrido aos bens assegurados por esta
2.1.18. Liquidação de sinistros de bens Apólice, mesmo quando o sinistro em questão
culturais não fique a seu cargo.

Em caso de ocorrência de um sinistro garantido 2.1.20. Administração do contrato


pela presente apólice, a indenização que puder
corresponder se efetuará como segue: Todos os avisos e notificações que derivarem
deste contrato deverão ser expedidos pela
1. em caso de perda total ou destruição da Entidade Contratante à Companhia de Seguros,
obra de arte assegurada se indenizará o por mediação de nome do corretor de seguro,
valor indicado nesta apólice, sendo esse o considerando-se por este único fato como
valor aceito pelas partes contratantes. expedidos à Companhia diretamente, devendo
2. em caso de perda ou dano ao bem assegu- seguir o mesmo procedimento na tramitação
rado, a indenização virá determinada por: de liquidação de avarias.

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Do mesmo modo, o pagamento dos prêmios Organismos Autônomos ou entidades assimi- 55
Na Espanha: de acordo com o
feito pelo Contratante a nome do corretor de ladas. Encontra-se regulada pelo Real Decreto estabelecido na Lei do Contra-
to de Seguro 9.10,80 (BOE de
seguro, mediante recibo expedido pela Compa- 1680/1991.56 17 out. 1980).
nhia Seguradora, será entendido para todos os
efeitos que forem consequência desta Apólice A Garantia do Estado protege essas obras 56
Real Decreto 1680/1991 (de 15
como se tivesse sido feitos à própria Compa- diante da possível destruição, perda, subtra- nov.), que desenvolve a Dispo-
sição Adicional Nona da Lei
nhia Seguradora. ção ou dano que possam sofrer no período 16/1985 (de 25 jun.), do Patri-
compreendido entre o empréstimo da obra mônio Histórico Espanhol.
2.1.21. Relação com as condições gerais e o momento de sua devolução ao titular, Informação detalhada disponí-
vel em: www.mcu.es/patrimonio/
mediante um seguro ‘prego a prego’. CE/GarantiaEstado/Definicion.
Ficam nulas, e sem valor nem efeito algum, html.
todas as estipulações e cláusulas incluídas nas A cobertura proporcionada pelo sistema de
Condições Gerais da Apólice que se opuserem Garantia do Estado opera de forma idêntica a
ou contradisserem estas especiais. uma apólice de seguros generalizada por uma
companhia seguradora, cobrindo todos os ris-
2.1.22. Lei e prática cos que as obras asseguradas possam sofrer.

Em revogação de quanto se indica nas Condi- Não obstante, uma vez que a Garantia do
ções Gerais da Apólice e nas cláusulas especiais Estado não cobrirá as indenizações até deter-
anexas, será juiz competente para o conheci- minados limites fixados no Real Decreto, será
mento das ações derivadas do contrato de se- necessária a contratação de uma apólice de
guro aquele do domicílio do Assegurado, sendo seguro privada pelas quantias complementares,
nulo qualquer acordo em contrário.55 em função da avaliação total dos objetos pelos
quais se solicita. O limite quantitativo máximo,
tanto para cada exposição como o limite global
Garantia do Estado de Garantia do Estado, fica fixado pela Lei de
Orçamentos Gerais do Estado de cada ano.
Na Espanha, a Garantia do Estado é um sistema
de seguro público pelo qual o Estado espanhol Esse sistema costuma ser empregado na Es-
assume o compromisso de assegurar bens de panha quando integram a exposição obras de
interesse que se cedem temporariamente para alto valor econômico, geralmente pertencentes
sua exibição pública em Museus, Bibliotecas às coleções dos grandes museus. O Brasil não
ou Arquivos de Titularidade Estatal e gestão possui esse tipo de garantia para bens culturais.
exclusiva do Ministério da Cultura e seus

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Bibliografia

HISCOX, R. Insuring works of art in transit. In: ART IN


TRANSIT: Studies in the Transport of Paintings. (Meck-
lendburg, M., ed.). London (UK): International Confe-
rence on the Packing and Transportation of Paintings,
1991; Washington (DC): National Gallery of Art, 1991.

LENDING TO EUROPE. Recommendation on Collection


Mobility for European Museums, 2005. Disponível em:
www.minocw.nl/cultureelerfgoed/publicaties.html

242 243

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Anexo 18 Com o fim de prevenir ao máximo os ris- 57
Elementos anexos, como base,
cos a que se vê submetida a obra durante o pedestais, molduras etc.

Laudo técnico de conservação de percurso, este laudo se torna um relatório


obras em trânsito documentado de todo o trânsito, registrando
os controles que se efetuarão de maneira
Este documento é uma proposta para con- obrigatória em quatro etapas:
figurar um único laudo que acompanhará a • Momento de sua embalagem na origem.
obra em todo o seu percurso, desde o local • Chegada à sala de exposição.
de origem até seu retorno. Trata-se de um • Momento de sua reembalagem.
documento que aborda informação não só • Chegada ao local de origem.
referente ao estado físico da obra, como
também a aspectos diretamente relacionados Procedimento que, em caso de exposições
com as condições requeridas de conservação itinerantes, deverá ser cumprido em cada uma
preventiva. Desse modo, ficarão registrados das sedes, utilizando o mesmo modelo de laudo
todos aqueles dados que identificam a obra, para folhas anexas.
descrevendo tanto seu estado de conservação
como o de seus elementos complementares 57 A primeira redação e as anotações de veri-
e constatando que as condições de conser- ficação devem ser realizadas na origem, por
vação na caixa, no veículo e na montagem especialistas em conservação e restauro da
são respeitadas seguindo o estabelecido nas instituição comodante, se possível a mesma
condições gerais e específicas de empréstimo. pessoa que atuará como courier, no caso em
que se decida acompanhar a obra.
Os tópicos deste laudo permitem realizar um
acompanhamento da obra, fazer as compro- O laudo é utilizado no acompanhamento
vações oportunas e documentar as eventuais das obras em trânsito por quem tem essa
ocorrências: responsabilidade: o courier e os conservado-
• Estado de conservação inicial da obra e dos res-restauradores da entidade organizadora,
elementos complementares. para registrarem verificações e incidentes,
• Embalagem: materiais, sistemas e contêineres. simplificando assim uma tarefa que, por
• Transporte: características e condições. vezes, se converte em interminável corres-
• Montagem: materiais, sistemas e manipulação. pondência de diferentes formatos, mas com
• Condições ambientais: clima, luz e qualidade conteúdos semelhantes.
do ar.

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58
Opções de imagens: 8 megapi- Quem o preenche? • Montagem.
xels e tamanho de imagem de • Condições ambientais.
15 x 20 cm.
O primeiro preenchimento é feito pelos espe-
cialistas em conservação-restauro da institui- Para os dois primeiros tópicos, propomos um
ção comodante/cedente, os quais realizarão as sistema de múltipla escolha. Isso permite
verificações no momento da saída da obra. Nas determinar facilmente se são cumpridos os
próximas etapas do trânsito da obra, seu preen- requisitos especificados nas condições de em-
chimento será feito pelo courier, se a obra estiver préstimo gerais e específicas acordadas.
acompanhada por ele, ou pelos especialistas em
conservação-restauro da entidade organizadora. Em relação ao tópico de verificação do estado
de conservação da obra e dos elementos
complementares, dado que uma apresentação
A quem está destinado? do mesmo tipo (por múltipla escolha) nunca
será suficientemente precisa para abranger
Ao courier da instituição comodante/cedente e toda a casuística, substituímos essa forma de
ao conservador-restaurador da instituição or- documentação de danos por um texto descri-
ganizadora. Ambos os profissionais mostram, ao tivo, acompanhado de imagens digitais de boa
assinarem o documento, seu acordo ao verificar resolução 58 dos diferentes ângulos do objeto
as condições de conservação da obra. Caso se (usualmente de duas a seis imagens).
registre algum dano, o laudo servirá como base
para o levantamento do correspondente relató- Em relação aos tópicos destinados à supervisão
rio de danos ou incidentes, os quais terão de ser dos sistemas expositivos (técnicos e humanos),
transmitidos à companhia de seguros. assim como às condições ambientais e sua cor-
respondência com as exigências expressadas no
convênio de empréstimo, o preenchimento será
O que contém? feito quando as obras chegarem à sede, e serão
anotadas todas as possíveis modificações que
A seguir se apresenta um modelo de laudo ocorrerem durante o período expositivo.
onde se relacionam cinco itens além do item
de identificação da obra: Esse método será mais eficaz e ágil se houver
• Meio de transporte/veículo. um computador para visualizar as fotografias na
• Embalagem. área de exposição. Trata-se de registrar de forma
• Estado de conservação da obra e dos ele- objetiva e detalhada o estado de conservação,
mentos complementares. reduzindo ao máximo qualquer imprecisão.

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Laudo técnico de conservação de obra em trânsito

Instituição comodante/cedente

Instituição solicitante

Coordenação/contato

Título da exposição

Local e endereço

Datas da exposição

Empresa de transporte
Pessoa de contato e telefone do veículo

Dados da obra

Autor / Cultura

Nome / Título

Atribuição cronológica / data

Número de inventário / registro

Número de identificação na exposição

Assinatura / inscrições

Técnica / material

Número de peças
(em caso de fazer parte de um conjunto)

Elementos complementares
(moldura, estojo, base, pedestal etc.)

Dimensões da obra (em cm) Altura Largura Profundidade Diâmetro

Dimensões totais (em cm)


Altura Largura Profundidade Diâmetro
(incluindo moldura, pedestal etc.)

Peso (kg)
(procede-se por material ou medidas)
 

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1ª Verificação – Local

Veículo

Climatizado Plataforma hidráulica


Sim Não Sim Não

Suspensão pneumática Limpeza interior


adequada inadequada adequado inadequado

Posição e imobilização da caixa Distribuição da carga e fixação da caixa:


adequado inadequado adequado inadequado

Velocidade controlada Dois motoristas habilitados


sim não sim não

Observações:

Propõe modificações para o retorno:

Embalagem

caixa nº: caixa compartilhada nº: maleta nº outros nº


lacre nº_______

Marcação / etiquetagem Identificação da caixa


adequado inadequado adequado inadequado

Fechamento da embalagem Saltos e alças


adequado inadequado adequado inadequado

Espessura das divisórias Encaixe das laterais


adequado inadequado adequado inadequado

Junta de neoprene / equivalente: Compartimentação


Sim Não adequada inadequada

Espuma de isolamento térmico Espuma de amortecimento de choques


Sim Não Sim Não

246 247

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Película de isolamento interno Integra instruções de embalagem / desembalagem:
Sim Não Sim Não

Distribuição de pesos Travas / travessas


Sim Não Sim Não

Moldura – vitrine / climatizado Bastidor de movimento


Sim Não Sim Não

Fita adesiva específica para vidro Detector de impacto, inclinação


Sim Não Sim Não

Sensor UR/Tª Material tampão (sílica gel, art sorb, outros)


Sim Não Sim Não

Material de primeiro contato (plástico, glassine, TNT etc.). Descrever

Propõe modificações para a volta

Observações

Softpacking. Descrever

Estado de conservação da obra

Descrever as alterações e localizá-las sobre fotografias digitais (datar para facilitar o registro)

Tópico a ser preenchido na chegada à sede

Estado de conservação dos elementos complementares

Descrever as alterações da moldura, do pedestal etc. e localizá-las sobre fotografias digitais (datar para
facilitar o registro)

Proposta de modificação

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Condições de montagem e manipulação

Descrever se a qualidade do sistema de apresentação e montagem (vitrine, suporte) e os sistemas técnico/


humanos para a manipulação são corretos ou incorretos.

Proposta de modificação

Condições ambientais

Descrever se as condições ambientais correspondem às condições de empréstimo.

Courier
Nome / Assinatura / Data

Instituição Organizadora
Nome / Assinatura / Data
 

2ª Verificação – Local

Estado de conservação da obra e elementos complementares

alterações
sem alterações

Observações

Courier
Nome / Assinatura / Data

Instituição Organizadora
Nome / Assinatura / Data

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3ª Verificação – Local

Estado de conservação da obra e elementos complementares

alterações
sem alterações

Observações

Courier
Nome / Assinatura / Data

Instituição Organizadora
Nome / Assinatura / Data
 

4ª Verificação – Local

Estado de conservação da obra e elementos complementares

alterações
sem alterações

Observações

Courier
Nome / Assinatura / Data

Instituição Organizadora
Nome / Assinatura / Data

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Bibliografia

GARCIA FERNANDEZ, I. La conservación y las exposiciones


itinerantes. In: SIMPOSIO INTERNACIONAL Y PRIMER
CONGRESO MUNDIAL SOBRE PRESERVACIÓN Y CON-
SERVACIÓN DE COLECCIONES DE HISTORIA NATURAL,
Madrid, 10-15 Mayo 1992. Libro del congreso... v.1 (F.
Palacios, C. Martinez, B. Thomas, ed.). Madrid: Minis-
tério de Cultura, 1993.

250 251

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Anexo 19 incluem ensaios acadêmicos, textos institu-
cionais, informação técnica, relação dos bens
Roteiro para redigir o documento culturais (fichas técnicas das obras), biblio-
de normas técnicas para a edição e grafia, créditos e agradecimentos. É também
produção do catálogo indispensável prefixar tanto a extensão dos
conteúdos como a quantidade e as dimensões
Como recomendações para a redação do das imagens que o ilustrarão.
documento de normas técnicas para a edição
do catálogo da exposição foram selecionados
alguns itens básicos sobre concepção, design e O design gráfico
edição de uma publicação dessa natureza. Não
se pretende a formulação de um índice exausti- A participação do designer gráfico desde a
vo dos itens que concorrem no âmbito edito- concepção do catálogo permitirá ao organi-
rial; destacamos simplesmente os enunciados zador estabelecer com clareza os alcances dos
suficientes para estabelecer um referencial geral serviços que irá solicitar ao editor e, simul-
para a edição de um catálogo de médio porte. taneamente, terá a garantia de que os con-
ceitos acadêmicos prefixados com o curador
É importante mencionar que as instituições e os protocolos institucionais se integraram
organizadoras de exposições podem efetuar, ao design. Essa informação, mais a descrição
em maior ou menor medida e de acordo com das características materiais (formato, papel,
seu quadro de profissionais, certas etapas do encadernação, qualidades da impressão etc.),
processo de edição do catálogo, razão pela permitirão ao designer gráfico desenvolver
qual se requer estabelecer previamente, com uma proposta que responda simultaneamente
precisão, os serviços que serão solicitados aos às necessidades do conteúdo, às expectativas
especialistas externos. Deve-se considerar a formais e aos parâmetros financeiros contem-
possibilidade, e em alguns casos a obrigação, plados pelo organizador.
de fazer uma licitação para a produção dos ca-
tálogos, de acordo com as normas e legislações Nessa perspectiva, a intervenção do designer
das instituições. gráfico, independentemente de sua proposta
criativa, auxilia na redação das orientações
Como parte fundamental do processo é técnicas destinadas à editora ou gráfica e
necessário que o organizador, com o curador participa do cuidado da edição, controlando
e o comitê de pesquisa, determine os conte- o desenvolvimento do processo. O designer
údos do catálogo, os quais tradicionalmente gráfico desenvolverá:

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• A elaboração do layout digital. específicos que convenham ao convocador.
• A seleção dos materiais e acabamentos da Dessa maneira, algumas instituições incluem
publicação. na concorrência os serviços de design, foto-
• A redação das orientações técnicas ou catá- grafia dos bens culturais e processos edito-
logo de referências para a editora ou gráfica. riais em seu conjunto, além do pagamento
• A supervisão da produção editorial. de honorários aos autores dos textos. Outras
procedem de modo similar, mas reservam para
si a atribuição do designer, do fotógrafo e dos
A fotografia honorários dos autores, tradutores etc. Nesse
horizonte de possibilidades o organizador
As tomadas fotográficas dos bens culturais poderá integrar, na medida de suas necessida-
que se incluirão no catálogo requerem um des, as orientações técnicas para a edição do
planejamento meticuloso. Intervêm nesse pro- catálogo da exposição.
cesso, entre outros fatores, a localização
dos comodantes, suas agendas e disposição. A seguir se apresenta um modelo de reda-
A obtenção de fotografias é abordada de ção do documento de normas técnicas para
acordo com os critérios dos organizadores de produção editorial do catálogo que servirá
duas maneiras: uma pode ser a designação para o edital de licitação, entendendo-se que o
de um fotógrafo para fazer todas as tomadas, organizador conta em sua equipe de trabalho
o que permite garantir uma qualidade homo- com os serviços profissionais do designer.
gênea, mas com os correspondentes efeitos
de custo e tempo; e outra fórmula é solicitar Para esse fim consideram-se basicamente estas
aos comodantes a contratação desses serviços premissas:
(com custos a cargo do organizador), com as • Documentação administrativa que é obriga-
desigualdades de qualidade que a participação tório apresentar.
de diferentes fotógrafos num mesmo projeto • Redação clara das bases e requerimentos da
implica para a ‘gestão da cor’. concorrência.
• Disposição numérica dos itens e serviços
Uma vez estabelecidos os processos a serem solicitados.
desenvolvidos pela equipe de trabalho do • Formato ou modelo de apresentação de pro-
organizador e determinado o tipo de concor- postas que facilite seu estudo comparativo.
rência (pública ou aberta, por convite, por • Critérios de pontuação e avaliação para
atribuição ou adjudicação direta) será redigi- adjudicação.
do o documento na forma e com os serviços

252 253

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Quem o redige? O que contém?

Geralmente é redigido pelo curador, pelo orga- O conteúdo do documento se desenvolve em


nizador da exposição, pelo comunicador e pelo função das variáveis já descritas, e inclui estas
designer gráfico. informações:

A quem está destinado? 1. Objeto da concorrência

É um documento dirigido às empresas edi- 1.1. Descrição


toriais.
• Descrição do projeto expositivo.
• Características da exposição.
Com que prazo deve-se apresentar a • Qualidades representativas dos bens culturais.
licitação? • Sedes e datas de inauguração (para as quais
se editará o catálogo).
Levando-se em conta que as legislações
a respeito estabelecem prazos específicos 1.2. Características que a convocatória aborda
e que estes variam em função do tipo de
convocatória, será necessário conhecer • Descrição da concorrência. Neste ponto se-
essas normas legais no sentido de elaborar a rão detalhados, conforme convém ao orga-
redação do documento para a concorrência nizador ou a quem os convocou, os alcances
com antecedência suficiente, cumprindo com dos serviços solicitados aos concorrentes.
estes processos: • Bases e metodologia da concorrência.
• Redação das bases da concorrência/edital.
• Convocatória. 1.3. Anexos incluídos
• Recepção e revisão da documentação
administrativa (fiscal, legal etc.) dos con- Anexo I: Conteúdos do catálogo
correntes. • Título da exposição.
• Avaliação das propostas. • Idiomas.
• Período de esclarecimentos. • Textos institucionais. Lista por ordem de
• Sentença e adjudicação da concorrência. sequência, especificando título, extensão,
autor e cargo.

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• Índice. • Créditos. Lista com as indicações e especifi-
• Textos introdutórios. Lista por ordem de cações de forma e ordem.
sequência, especificando título, extensão, • Agradecimentos. Lista com as indicações e
número de palavras, autor e cargo. Seleção especificações de forma e ordem.
de imagens e ilustrações de cada texto, • Arquivo digital com logotipos do organi-
anotando a dimensão de cada uma em % zador, sedes da exposição e instituições
da página. participantes com especificações de locali-
• Textos ou ensaios acadêmicos: lista por zação, tamanho e sequência de reprodução
ordem de sequência, especificando título, no catálogo.
extensão, número de palavras, autor e cargo.
Seleção de imagens e ilustrações de cada Anexo II: Características do catálogo
texto, anotando a localização e dimensão • Formato da publicação (altura x largura).
estimada de cada uma em % da página. • Número de páginas.
• Relação dos bens culturais (roteiro icono- • Relação de imagens dos bens culturais re-
gráfico) ordenados e/ou agrupados segundo produzidos em cor (4/4) em % de página.
as indicações do curador, destacando de • Relação de imagens dos bens culturais
acordo com a proposta conceitual quais reproduzidas em preto e branco (1/1) em %
bens e detalhes será necessário ressaltar, de página.
especificando a dimensão estimada de cada • Tipo de papel: capa e interior do catálogo
reprodução (% de página) assim como notas, (acetinado, fosco, semifosco, brilhante,
pé de página etc. envernizado).
• Catálogo de bens culturais (catálogo de • Gramatura do papel: capa e interior do
obra): lista dos bens culturais, com as indi- catálogo.
cações do curador sobre a forma e extensão • Tipo de encadernação e detalhes da capa
em que serão expostas as fichas técnicas: (fresada, costurada, colada, com ou sem
cultura ou autor, título, época ou data, orelhas, brochura, capa dura, impressa,
materiais, técnica, medidas, assinaturas ou gravura cega, gravura realçada, flexi cover,
inscrições, número de inventário, procedên- sobrecapa etc.).
cia e bibliografia, notas, pé de páginas etc. • Processo de impressão (offset).
• Especificações sobre os créditos dos bens • Código de barras (registro de ISBN).
culturais no catálogo. • Retratilado por unidade.
• Comentários catalográficos, glossário, • Detalhes da entrega: empacotado (núme-
notas etc. ro de exemplares por caixa) e distribuição
• Bibliografia. (lugares de entrega).

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2. Orientações técnicas • Provas de impressão.
• Revisão de tipos gráficos.
2.1 Requerimentos e relatório técnico • Acabamentos.

• Detalham-se os conteúdos e características 2.3. Supervisão e cuidado da edição


formais do catálogo, as especificações dos
processos e os serviços inerentes à produ- Detalha-se a participação da equipe de
ção editorial. trabalho do organizador para as tarefas de
• Indicam-se os procedimentos de atuação revisão e correção de textos (unificação,
entre o organizador, o designer, o fotógrafo coerência, estilo), provas de cor e cuidado
e o editor, e se determinam as responsabili- da edição. Detalham-se também os procedi-
dades e obrigações de cada um. mentos de interação com os responsáveis da
• Entregam-se os arquivos digitais do design empresa editorial.
do catálogo (maquete digital). Anexo I.
• Descrevem-se os serviços requeridos aos 2.4. Honorários de autores, tradução e edições
concorrentes. em outros idiomas
• Detalham-se o formato da publicação, os
materiais constitutivos, os processos e os Trata-se de um lançamento orçamentário que
acabamentos. Anexo II. deve estabelecer-se na origem entre o orga-
• Indica-se a tiragem (número de exemplares). nizador e o curador da exposição, determi-
nando, além da relação de colaboradores para
2.2. Cronograma geral para a edição e produ- a redação dos textos acadêmicos, as tradu-
ção do catálogo ções, correções e os valores correspondentes
dos honorários.
Entrega-se o cronograma geral e solicitam-se
aos concorrentes seus respectivos programas Da mesma forma, em caso de edições inde-
de trabalho, verificando que sejam respeitados pendentes, o organizador definirá à empresa
pontualmente os prazos estabelecidos para os editorial os aspectos referentes a coorde-
trabalhos editoriais, indicando em seus crono- nação, supervisão, conteúdos (acadêmicos e
gramas os períodos para a realização de cada institucionais), correção, edição e, em geral, as
processo e especificando a data de entrega do considerações que convenham a seu interesse.
catálogo finalizado, considerando:
• Ajuste e correção dos arquivos digitais. Detalham-se os honorários dos profissionais
• Provas de cor. antes referidos que o adjudicatário e o orga-

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nizador assumirão, detalhando os valores ou Exemplo:
tarifas pelos itens procedentes em cada caso,
tendo como referência estas especialidades: Rubrica: chave Enunciado
• Autores de textos ou ensaios.
• Tradução. Lançamento: Item Quanti- Total do
Custo
chave e dade ou lança-
• Fotografia. unitário
número unidades mento
• Gestão de direitos autorais.
Descrição:

3. Forma de apresentar o orçamento de


Descrição:
licitação, os serviços e os benefícios

3.1. Orçamento de licitação e serviços

Com o propósito de estabelecer as condições 3.2. Cronograma de pagamentos:


para uma clara avaliação das propostas orça-
mentárias, recomenda-se: • Apresenta-se o programa de pagamentos
• Instruir os concorrentes sobre a forma como considerando basicamente: antecipação,
devem apresentar suas propostas, seguindo pagamentos parciais e quitação nas datas
os itens descritos no documento de normas e condições estabelecidas pelas normas do
técnicas, através da definição e estabeleci- organizador ou contratante.
mento de capítulos, lançamentos, itens e as • Apresenta-se o programa de pagamen-
referências metodológicas consideradas pela tos dos honorários por item dos serviços
instituição ou empresa contratante. profissionais.
• Quaisquer que sejam os procedimentos e a
especificação de cada item, recomenda-se 3.3. Benefícios
integrar à planilha orçamentária campos
especiais para que os itens (fornecimentos • Especificam-se por parte do licitador
ou serviços) sejam descritos exaustiva- aqueles itens que melhoram a proposta,
mente, de maneira que, a partir da própria trazendo algumas características de maior
descrição de cada item, se possa determinar qualidade no serviço ou em algumas das
seu custo e, com o agrupamento por lan- condições exigidas. Não serão contabiliza-
çamentos destes, o valor dos conjuntos que dos como melhoras os descontos de preço
forem estabelecidos. de serviços.

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Anexo 20 • Conhecimento dos materiais constitutivos
do bem cultural e suas reações ante os
Perfil e funções do courier diversos processos aos quais será submetido
(manipulação, transporte, condições am-
bientais, condições de exibição etc.).
Definição • Aptidão para resolver controvérsias e capa-
cidade para propor soluções no desenvolvi-
Representante institucional com atribuições mento dos processos expositivos.
para cumprir e fazer cumprir acordos, normas • Aptidões para a tomada de decisões.
e procedimentos relacionados com a manipu- • Capacidade para realizar ou estabelecer
lação, embalagem, transporte, exibição e, em tratamentos de intervenção sobre os bens
geral, toda ação relacionada com a segurança, culturais, se estes o requererem, derivados
a restauração e a conservação dos bens cultu- de possíveis danos e deterioração.
rais sob sua responsabilidade.

Documentação que o acompanha


Perfil profissional
• Certificação pela entidade comodante como
As características profissionais do courier deve- courier que acompanha a(s) obra(s) sob sua
rão corresponder, em termos de especialização, responsabilidade.
aos requerimentos de conservação dos bens • Carta-convite da instituição organizadora.
culturais sob sua responsabilidade. O courier • Dados sobre a organização (curador, coorde-
deverá conhecer normas, processos e acordos nador, datas, locais, pessoas de contato etc.)
que se estabelecerem entre o solicitante e o em idioma original e/ou em inglês.
comodante com relação a conservação, segu- • Pasta de viagem (condições gerais e especí-
rança, exibição, transporte e manipulação dos ficas de empréstimo, Facility Report, Laudo
bens culturais que acompanha. técnico de conservação de obra em trânsito,
dados do transportador etc.).
Portanto, as funções de courier deverão • Documentação jurídica. Cópia do seguro,
ser realizadas por pessoal profissional de recibo de entrega, contrato de empréstimo
museus com especialidade em conservação- (cláusulas e acordos de sua competência).
-restauro e experiência na dinâmica museo- • Documentação relativa a: segurança, mani-
lógica. Seus conhecimentos e capacidades pulação do bem cultural, transporte, dire-
deverão abranger: tórios (com índice de autoridades, técnicos,

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empresas, dados da embaixada ou consulado Competências do courier
do país de origem), itinerários e métodos de
identificação de caixas. Supervisão da embalagem e elaboração das
instruções de embalagem e desembalagem
dos objetos na caixa
Obrigações me relação ao courier
O courier verificará a coerência entre as
As instituições participantes, públicas ou priva- condições estipuladas para a produção e mate-
das estão obrigadas a: riais empregados e a embalagem existente.
• Proporcionar ao courier a informação neces- Verificará também a disposição dos ícones ou
sária para o cumprimento de suas tarefas. simbologia preventiva, sistema de abertura-
• Credenciá-lo frente às equipes de trabalho -fechamento e de segurança.
e empresas que participarem do projeto
como a autoridade da instituição como- Destacará num croqui ou esquema (em caso
dante, responsável pelo patrimônio que de caixa compartilhada) a localização dos bens
representa e, portanto, a pessoa autoriza- culturais dentro das embalagens por nível ou
da para organizar, supervisionar e formu- estrato, anotando a ordem de introdução/ex-
lar os processos e mecanismos de trabalho tração de cada bem cultural na zona que lhe
que garantam a conservação dos bens corresponde e deixando por escrito os pontos
culturais sob sua custódia, sendo informa- (referências) para a instalação de travessas,
do a todo momento sobre os pormenores guilhotinas de imobilização ou estabilização.
dos processos.
• Administrar perante os departamentos Identificará também os pontos de apoio ou
correspondentes as autorizações necessá- sujeição para a adequada manipulação dos
rias para que o courier possa assistir, na bens culturais.
qualidade de supervisor, a cada ação que
implique movimento parcial ou total do
bem cultural. Dessa maneira as empresas Supervisão do transporte
transportadoras, alfandegárias, seguradoras
e demais fornecedores de serviços contra- O courier deverá conhecer, por intermédio do
tados para o projeto atenderão as indica- pessoal responsável pelo empréstimo de sua
ções do courier. instituição ou pela companhia de transporte
as rotas, baldeações, alfândegas e pontos de
provisão até o destino e vice-versa, com a fina-

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lidade de prever trâmites, ações, equipamentos de através de seu representante ou agência
e requerimentos necessários para efeito de correspondente, notificando ao courier os
segurança e conservação da obra. detalhes das gestões e os processos, desde a
origem, nas escalas e nas baldeações.
O courier será informado pelo pessoal respon-
sável pelo empréstimo de sua instituição se foi Quanto aos fluxos alfandegários, é de
solicitada a escolta de segurança para cada um primordial importância que a instituição
dos trajetos que se realizarem com as obras organizadora administre, ante as autoridades
que lhe cabe custodiar. correspondentes, que a carga seja liberada
das alfândegas sem que as embalagens sejam
Avaliará a capacidade e experiência do pes- abertas. Se for necessária a revisão da carga, a
soal designado pela companhia de transporte instituição organizadora negociará de manei-
para o movimento e estiva das embalagens, ra antecipada para que a abertura e a revisão
assim como da empresa de montagem, (da carga) se realizem na presença das autori-
ficando a seu critério, segundo a aptidão do dades correspondentes, em lugar adequado.
pessoal, se continua ou não com o movimento
das embalagens.
Supervisão do descarregamento
Verificará, antes de proceder à carga das
embalagens, se os transportes reúnem as É facultativo ao comodante estabelecer a
características técnicas adequadas, parti- assistência do courier durante esse processo.
cularmente no que se refere a: estado geral No entanto, seria desejável que ele estivesse
do veículo, suspensão, capacidade da caixa presente para supervisionar o descarregamento
de carga, elevador de carga e equipamento e a entrada, na instituição, das embalagens que
complementar, como: carros, transpallets, contêm as obras sob sua responsabilidade. Isso
dollies, cintas, espumas, materiais de fixação e lhe permitirá examinar o estado de cada obra
as ferramentas necessárias para o movimento e verificar as condições de seu transporte para,
das embalagens. finalmente, preencher o recibo de entrega.

Supervisionará, a cada instante, os movi-


mentos das embalagens. Assim, nos casos em Supervisão das instalações na sala de exposição
que não tenha acesso às salas de trânsito,
plataformas ou áreas de resguardo, a empresa O courier supervisionará a abertura das
transportadora assumirá a responsabilida- embalagens. Esta se realizará sempre em sua

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presença, tendo ele verificado previamente obra e de seus elementos complementa-
o cumprimento dos requisitos estabelecidos res, e preenchimento do Laudo técnico do
nas condições gerais e específicas de emprés- estado de conservação da obra em trânsito
timo, tais como: em presença do responsável designado pela
• Verificação de que nas áreas de desem- instituição organizadora. Realização das
balagem e na zona museográfica tenham fotografias pertinentes.
sido concluídos os trabalhos de produção, • Exposição dos procedimentos de trabalho
pintura, carpintaria, limpeza e outras ope- e da configuração das equipes que aten-
rações que representarem risco potencial derão as diferentes operações. Em caso de
para o patrimônio. controvérsia, o protocolo de cada institui-
• Verificação de que as instalações da sede ção detalhará o papel e a responsabilidade
reúnam as condições destacadas nas de cada um dos envolvidos (transportado-
condições de empréstimo e no Facility res, montadores, responsável pela preven-
Report: clima (umidade relativa e tem- ção, courier, restaurador, catalogadores,
peratura), iluminação, luz, circulações museólogos etc.).
do público, percurso entre os espaços de • Elaboração de relatórios e do registro
desembalagem e montagem e meios de fotográfico, nos casos de incidentes ou
transporte interno. danos que afetem os bens culturais sob sua
• Verificação dos requerimentos de segu- responsabilidade, para acionar o seguro.
rança e conservação dos elementos mu-
seográficos: bases ou pedestais, vitrines,
reservas ou cordões de segurança, supor- Coordenação e supervisão da reembalagem e
tes de exibição, sistemas e elementos devolução dos bens culturais
de fixação.
• Verificação do correto estado das em- • Supervisão da desmontagem dos bens cul-
balagens, da adequação dos materiais, turais, verificando que a manipulação seja
compartimentalização, sistemas de correta e realizada por pessoal capacitado.
imobilização e estabilização para propor, • Constatação do estado de conservação dos
se necessário, modificações, substituições bens culturais, na presença do responsável
ou reparos. Tais reparos, substituições ou designado pela instituição organizadora, e
adequações terão de ser realizados com preenchimento do Laudo técnico do estado
antecedência ao período de desmontagem de conservação da obra em trânsito. Reali-
da exibição. zação das fotografias pertinentes.
• Constatação do estado de conservação da • Supervisão da reembalagem dos bens

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culturais, verificando que a manipula- Bibliografia
ção seja correta e realizada por pessoal
capacitado. ART IN TRANSIT: Studies in the Transport of Paintings (M.
• Recepção, em seu lugar de origem, das Mecklendnburg, ed.). London (UK): International Con-
obras embaladas. Supervisão da desembala- ference on the Packing and Transportation of Pain-
gem, constatação do estado de conservação tings, 1991; Washington (DC): National Gallery of Art,
dos bens culturais e preenchimento do 1991.
Laudo técnico do estado de conservação
da obra em trânsito. SOFER, P. The travelling technician: role of a technician as
• Realização do relatório final. courier. V&A Conservation Journal, n.53, 2006.

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Anexo 21 fechadas e certifica unicamente que eles
são recebidos pela sede, sem verificar nesse
Recibo de entrega das obras momento seu conteúdo.
embaladas
O objetivo do recibo de entrega é múltiplo:
No Brasil ainda não estão formalizados os
procedimentos de transferência de cargas É um documento que dá fé da transmissão
da transportadora para a instituição, mas ao temporária do bem entre o comodante e a
longo dos diferentes processos que se reali- instituição organizadora, que, por sua vez,
zam durante a organização de uma exposição contratou um transportador para trasladar a
é fundamental dar continuidade pontual e obra. Essa transmissão implica responsabilida-
documentada de cada um dos processos e de jurídica e, por isso, deve estar assinada, ao
operações implícitos no traslado dos bens menos, por dois profissionais:
culturais, desde seu local de origem até o seu
retorno a ele. Tem particular importância o a. Esse documento é assinado pelo respon-
momento em que a empresa de transporte sável pelo registro, pelo transportador e
faz a entrega dos bens culturais em cada pelo courier. Caso não exista o responsável,
sede. Esse ato é documentado sob diferentes o coordenador da exposição e o courier o
denominações; para algumas instituições é assinarão. Em alguns casos, dependendo da
definido como recibo de entrega, recibo de instituição receptora, é o encarregado de
entrega-recepção, verbale di consegna na segurança que assina esse documento.
Itália ou loan receipt para as instituições b. Se os objetos não vão acompanhados de
norte-americanas. O recibo do transporta- courier, a assinaturas que aparecerão no
dor – também conhecido por ‘conhecimento recibo serão a do transportador e da pessoa
rodoviário’ – é um documento das compa- responsável pela exposição (o responsável de
nhias de transporte que não pode substituir o registro, o responsável pela segurança e/ou o
recibo de entrega. coordenador da exposição).

Trata-se de um procedimento administrativo, É um documento que dá fé da mudança de


com valor legal, efetuado entre a empresa status da obra, que passa de bem cultural em
de transporte e as sedes programadas pelo trânsito a estática, com as respectivas mudan-
organizador, no qual se concretiza a trans- ças de custos do prêmio da apólice de seguro.
missão dos bens culturais. Cabe destacar que Assim, a tarifa para o seguro de uma obra
esse ato se refere à entrega das embalagens durante o período de traslado é maior que du-

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rante o período de exibição; por esse motivo, o Quem o preenche?
recibo de entrega tem que fiscalizar o dia e a
hora de entrada da obra na sede, sendo reco- O responsável pela coordenação da exposição
mendado o mesmo procedimento no retorno com o encarregado da segurança da sede e o
ou final da exposição. representante da empresa de transporte; no
caso de os bens culturais serem transporta-
A chegada de um bem cultural a uma institui- dos em companhia do courier, este assinará o
ção deve ser informada ao departamento de recibo como testemunha.
segurança com a antecedência suficiente para
ativar os protocolos correspondentes. O mesmo trâmite se realiza ao término da ex-
posição e materializa o endosso das responsa-
O recibo de entrega se realiza com a cai- bilidades dos bens culturais da sede à empresa
xa fechada, na presença do responsável de transportes.
pela coordenação da exposição e de um
representante da empresa de transportes.
É recomendável a supervisão e verificação A quem está destinado?
do estado das embalagens, para detectar
possíveis danos por batidas ou manipulações À entidade organizadora, à entidade como-
inadequadas – incidentes que, produzidos, dante, à companhia de seguros com a qual se
deverão ser registrados no Laudo técnico do contratou a apólice e à companhia de trans-
estado de conservação da obra em trânsito. porte. Entrega-se uma cópia ao responsável
Para esse ato seria obrigatória a presença do pela segurança da sede.
courier ou, em sua ausência, dos especialistas
em conservação-restauro.
O que contém?
Para a saída da obra da sede onde este-
ve exposta realiza-se o mesmo protocolo, Os conteúdos do recibo de entrega podem
assinando-se outro recibo de entrega. Nesse variar segundo os modelos desenvolvidos pelas
caso são os responsáveis pela coordenação instituições. Ilustra-se a seguir uma versão
da exposição e pela segurança da sede que representativa.
fazem a entrega aos responsáveis da empresa
de transporte.

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Recibo de entrega

Na cidade de…………………………...., às .....(horas)... de ...(dia)... de …(mês)……. de dois mil ................., reunidos


nas instalações de .……………………(nome da sede)…………., srs./sras. …... (nomes e cargos dos representantes
da sede)…………........... com o representante da empresa de transportes .......(nome da empresa)…........., sr./
sra. .......... (nome e cargo do representante da empresa).......... e em representação do cedente/comodante
………………..…(nome do colecionador ou instituição)………................ e em seu caráter de courier o/a sr./sra.
.…………..(nome do courier)………. com o fim de efetuar a entrega de …………..(número de embalagens).......
embalagens fechadas, cujo conteúdo se anota no documento denominado Relação de embalagem, e que
faz parte do presente recibo como Anexo no 1, integrado por ……….....(número de páginas)………, e que
detalha os bens culturais solicitados em qualidade de empréstimo temporário por ….(nome da sede)………..
para fazer parte da exposição intitulada …………….….(nome da exposição)…………. pelo período compreendi-
do entre …….(data de início)…..… e ……(data da conclusão do empréstimo)…. e que se relacionam a seguir:

Anexo 1

• Número de Embalagem: Número anotado em conformidade com a relação de embalagem.

As embalagens estão lacradas:


• Mediante lacre de segurança com número anotado (para Espanha e Brasil).
• Selados e assinados, sobre papel adesivo disposto convenientemente sobre a união e estendendo-se
até a tampa e até uma face lateral da embalagem, de maneira que ao abri-la se obrigue a quebra do
selo (para México e Brasil).

Sem mais nada a agregar assinam em conformidade

Entrega Recebe

NOME E CARGO NOME E CARGO

Testemunhas

NOME E CARGO NOME E CARGO NOME E CARGO

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Anexo 22 para realizar seu traslado, apresentando uma Em muitos países latino-ame-
59

proposta específica. ricanos, por questões de segu-


rança, não se fornece à empre-
Recomendações técnicas básicas para sa transportadora a localização
estabelecer as condições específicas Por sua vez, o courier ou o especialista em da guarda das obras; esta só é
de embalagem dos bens culturais conservação/restauro designado pelo como- conhecida no momento preci-
so e com acompanhamento de
dante deve realizar a avaliação das embalagens um responsável da instituição
O coordenador da exposição e o especialis- propostas pela empresa de transporte, com o organizadora.
ta em conservação preventiva, os quais se objetivo de propor modificações factíveis, se
ocupam de redigir as normas técnicas para o necessário, antes de empreender o traslado das
transporte e a embalagem dos bens culturais, obras. Para isso, foi selecionada uma série de
devem transmitir às empresas transportadoras critérios, os quais serão apresentados a seguir
as características das obras e todos os dados e deverão ser levados em conta, pois servirão
que ilustrem perfeitamente as condições de de ajuda ao pessoal envolvido na embalagem
conservação exigíveis para o traslado ao qual e no transporte dos bens culturais, na hora de
serão submetidas. Esses dados, obtidos da realizar tal avaliação.
documentação fornecida pelos comodantes,
estarão descritos nas Condições Específicas Nosso foco recai sobre as recomendações para
para o Empréstimo de cada obra. caixas tradicionais de madeira chapada com
reforços de madeira maciça (atualmente, na
Do mesmo modo, será primordial que as em- Espanha, todas as companhias utilizam o oku-
presas de transporte disponham de informa- me, que é um chapado de madeiras proceden-
ções detalhadas sobre determinadas caracterís- tes de árvores africanas). No Brasil é bastante
ticas das instalações da instituição comodante, utilizada a virola para essa finalidade.
onde deverão realizar a coleta das obras, e da
sede, onde deverão entregá-las.59 Os contêineres especiais para viagens em
avião (flightcases), as embalagens de proteção
Necessitarão ter conhecimento expresso (softpacking) e as maletas levadas na cabine
sobre o entorno dos edifícios, os acessos, os (handcarry) não serão tratados neste anexo.
percursos e outros dados extraídos, no caso da
sede, do Facility Report, e, no caso do como-
dante, dos Formulários de empréstimo. Com Caixa individual ou caixa compartilhada
essa informação, as empresas de transporte
realizarão o desenho das embalagens para • Deve-se usar uma só caixa quando se deseja
as obras e estabelecerão a logística precisa transportar um conjunto de objetos peque-

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nos. Uma caixa de volume muito pequeno materiais procedentes de animais protegi-
e baixo peso (menos de 10 kg) apresenta dos. Essas caixas podem eventualmente ser
algumas desvantagens importantes para a submetidas a uma ordem de abertura pelos
segurança da obra: é mais difícil sua fixação serviços de alfândegas.
correta com cintas dentro do caminhão, tem • Recomenda-se separar em caixas diferentes
uma altura de queda superior a 120 cm e, em os objetos que, apesar de participarem da
razão de seu menor volume e peso, costuma mesma exposição, estão destinados a sedes
ser submetida a manipulações humanas com diferentes. Em caso de conjuntos peque-
mais frequência e menos controle que as nos, extremamente valiosos, recomenda-se
que se realizam com uma caixa de grandes separá-los para dividir o risco de acidentes,
dimensões, sendo esse um risco a mais. roubos, vandalismo etc.
• Em todos os casos, a introdução de mais de • Para os objetos que são emprestados com
um objeto dentro da mesma caixa obriga a seus elementos complementares (base,
uma compartimentalização equilibrada e ao pedestal etc.) ou com seus elementos de
uso de separações rígidas entre os objetos, montagem (garras de aço, escora, pino etc.)
sendo necessário dotar essas separações de recomenda-se reservar um espaço dentro da
materiais amortecedores de choques. caixa, sem que se reduzam as qualidades da
• Recomendam-se as caixas compartilhadas embalagem, ou então embalá-los de manei-
para obras gráficas emolduradas com forma- ra independente, num softpacking devida-
tos similares, com exceção daquelas de gran- mente identificado, acompanhando a caixa.
des formatos que representariam um peso • A noção de incompatibilidade entre objetos
maior e, portanto, maiores complicações para constituídos por materiais diferentes não
sua manipulação. Nesses casos, será respeita- nos parece suficientemente fundada para
da a orientação do sentido da montagem para obrigar a que tais objetos viajem em dife-
evitar esforços sobre as dobradiças de papel rentes caixas, pois o tempo de permanência
japonês e as dobradiças entre o passe-partout dos bens culturais no interior das embala-
e o papel-cartão de fundo, e para evitar o gens não costuma afetar a sua conservação.
deslocamento da obra dentro da moldura.
• Recomenda-se separar, em caixas indepen-
dentes, os objetos fabricados com materiais Estrutura da caixa
protegidos pela Convention of Internacio-
nal Trade in Endangered Species of Wild Os objetos pesados necessitam uma caixa
Fauna and Flora (Cites), tais como marfim, reforçada contra choques ou quedas e adap-
couros, plumas, madrepérola etc. e outros tada ao manuseio sem riscos para o objeto. Os

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elementos que contribuem para minimizar tais sejam estas retráteis ou não, sobretudo para
riscos podem ser resumidos nestes: embalagens de grandes dimensões.
• Sobre a qualidade do encaixe das divisórias • O sistema de abertura pode ser ‘lateral’,
constitutivas da caixa: continua em vigor ‘superior e lateral’, ou ‘totalmente desmon-
o critério descrito na publicação Art in tável’, com abertura pelas cinco faces.
Transit, de 1991.
• Quanto à espessura das divisórias constituti-
vas da caixa: passou-se de 8 mm, para a caixa Identificação e segurança do objeto na caixa
padrão, e 12 mm para a caixa reforçada (em
uso em 1991), a 15 mm e 20 mm de espessu- • A caixa tem de ser identificada com um nú-
ra, respectivamente (em uso em 2008). mero ou código único de referência, anônimo,
• Recomenda-se que os reforços laterais e os claramente visível, pintado em cada uma das
reforços dos encaixes sejam de pino maciço, laterais. A siglatura da caixa recém-construída
com uma espessura entre 20 mm e 30 mm. deve corresponder a um número de referên-
• Recomenda-se dotar as caixas de saltos cia, a seu peso e a suas dimensões externas.
deslizantes ou pallets incorporados, os Serão evitadas as etiquetas com pouca ade-
quais permitirão o movimento da caixa com rência ou as tintas que se podem apagar.
transpallet ou empilhadeira, se necessário. • Nunca se deve fazer menção ao nome da
É preciso levar em conta que, para algumas coleção, do artista, dos locais intermediários
caixas, não se recomenda o movimento com ou do destino.
transpallet, porque o uso de saltos aumenta • O sentido da manipulação, assim como os íco-
a altura da caixa (o que impede a proteção nes de precaução selecionados, como ‘frágil’,
em contêineres no porão dos aviões com ‘não molhar’, ‘não virar’ etc. (especificados na
alturas máximas de 110 cm ou 160 cm, norma ISO 780), têm de ficar bem visíveis.
conforme os aviões) ou porque o comodan- • A indicação específica sobre a forma de se
te não quer um movimento da caixa com abrir a caixa, na horizontal ou na vertical
transpallet e prefere um movimento mais (em inglês opening flatways e opening
suave, realizado por pessoal especializado. edgeways), deve estar visível sobre ela.
• Recomenda-se a colocação de alças, selecio- • Existem diferentes sistemas de fechamento,
nando o tipo, a quantidade e sua localização sendo os mais comuns os de parafusos de
de maneira inteligente, para dar segurança rosca-madeira, os de rosca e contrarrosca
aos movimentos. As alças grandes de madei- embutida na madeira, com e sem arruela,
ra são as mais práticas para a manipulação e os de clipes. Para retardar o tempo de
em comparação com as alças metálicas, abertura em caso de roubo em aeroportos,

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o sistema de fechamento de parafuso com onde pegar o objeto e de controle de seu
porca e arruela ou placa é preferível ao movimento fica claramente reduzida no caso
sistema de fechamento com clipes. Além de o material de primeiro contato ser opaco.
disso, as possíveis deformações da tampa de Por esse motivo, em caso de objetos pesados
madeira quando a caixa é grande, durante o ou de volumetria complexa sugere-se pres-
tempo de armazenamento, podem impedir o cindir de um invólucro de primeiro contato.
fechamento com clipes, o que não ocorre no • Não é oportuno o uso de embalagem de pri-
fechamento com parafusos. meiro contato no caso de obras que passaram
• No caso de caixa de grande formato, com por intervenção de restauração de última
abertura pelos cinco lados e itinerâncias em hora, como uma possível aplicação de verniz
várias sedes, recomenda-se envolver a caixa – fato desaconselhado, mas infelizmente
com cinta para reforçar a sua estabilidade e frequente. Se for o caso, deve-se utilizar um
prevenir de folgas. elemento distanciador que evite o contato
• Recomenda-se sempre o uso de lacres para direto do invólucro com a superfície tratada.
comprovar que a caixa não foi aberta du- • Para os objetos orgânicos, o emprego de um
rante o percurso, especialmente quando ela invólucro de plástico transparente de polie-
sair das fronteiras do país de origem. tileno selado com o mínimo de ar interior
tem a vantagem de conservar o equilíbrio de
troca de vapor de água entre o objeto e o ar
Embalagem prévia do objeto (material de da bolsa, oferecendo uma grande estabilidade
primeiro contato) antes de sua introdução climática ao objeto na ausência de flutuações
na caixa de temperatura externas. Por esse motivo,
essa proteção é cada vez mais recomendada.
Pode-se dispensar a embalagem de primeiro • Será redigido um protocolo de embalagem
contato para a maior parte dos objetos, por e desembalagem, com tradução em inglês
estes motivos: para os traslados internacionais, em caso
• O uso de luvas, adaptadas a cada tipo de de embalagens múltiplas, de objetos com
objeto, por parte dos manipuladores e a pro- volumetrias ou instalações complexas. Será
teção com materiais suaves, tanto dos ele- integrado na documentação do courier e
mentos de imobilização como das espumas poderá ser introduzida uma cópia aderida à
mais abrasivas nos pontos de contato com o face interna da tampa da caixa.
objeto, garantem normalmente a proteção • Para as obras emolduradas recomenda-se o
da superfície deste dentro da caixa. uso de proteção pela frente com metacri-
• A visualização dos pontos indicativos de lato, à exceção das obras de técnicas secas

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como pastéis ou carvão, que se danificam os materiais mais utilizados atualmente são 60
Uma pesquisa feita pela Tate
pela eletrostaticidade dos acrílicos. Nesses as espumas de poliestireno ou de poliureta- Gallery concluiu que os vidros
monores que 1 m2 e 3 mm de
casos, recomenda-se montagem com vidro, no de 5,0 cm. espessura não necessitam fita
com separação entre o vidro e o documento • Não se aceita o uso de chips de poliestireno adesiva de proteção.
de pelo menos 1,5 cm. nas caixas pela possibilidade de que o objeto
• Para os bens emoldurados com vidro se recor- se desloque dentro dela com as vibrações,
rerá ao uso de fita adesiva de proteção, que debilitando assim seu isolamento em relação
se aplicará sobre toda a superfície do vidro.60 a choques.
• Para os documentos gráficos de grandes
dimensões – cartazes, entre outros – serão
selecionados um tipo de moldura e uma pro- Isolamento da água e do vapor de água
teção pela frente e pelo verso que conser-
vem sua total rigidez durante a manipulação • Para as caixas que serão transportadas
e o transporte. em avião com escalas em aeroportos,
recomenda-se proteger a parte superior da
caixa para que não acumule água em caso
Isolamento térmico de chuva. Se as caixas se encontram fora de
contêineres, será necessária uma proteção
• Os materiais de constituição da caixa serão com invólucro de plástico ou uma cobertura
selecionados para não transmitir calor ao impermeável sobre sua parte superior.
interior. Por esse motivo, serão evitados nas • Para os objetos sensíveis às flutuações
caixas os recobrimentos metálicos externos, climáticas, à água ou à resina da madeira, a
sobretudo nos países quentes. caixa deverá estar provida de um filme que
• A caixa terá isolamento térmico interno para funcione como barreira ao vapor d’água,
os objetos sensíveis aos choques térmicos aderido diretamente à madeira e abaixo
e para evitar os riscos de condensação das espumas, de modo que estofe toda a
naqueles casos em que existir uma grande superfície interna. Atualmente se utilizam
diferença de temperatura entre o lugar de películas de plástico metalizado ou papéis
saída e o lugar de destino, ou então que es- impregnados de resinas impermeáveis ao
sas diferenças de temperatura se produzam vapor d’água.
durante ou depois da viagem (especialmente • As juntas entre as tampas e a caixa deverão
nas viagens em avião). Para isso se selecio- ser providas de uma vedação, geralmente à
nará a espessura, a repartição e a qualidade base de espumas ou polímeros como neo-
dos materiais isolantes. Para esta finalidade, prenes, borracha etc.

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61
Disponível para consulta na • No caso de um objeto orgânico muito sen- adequada, pode-se recorrer a um software
página do CCI (Canadian sível e ante a impossibilidade de climatizar desenvolvido por especialistas para calcular
Conservation Institute): www.
cci-icc.gc.ca; encontra-se em o espaço expositivo com os valores de as proteções necessárias na embalagem de
‘Tools’ e denomina-se PadCAD umidade relativa habituais, recomenda-se o objetos frágeis.61
versão 3.0. uso, dentro da caixa e para a exposição, de • Não se aceita o uso de plástico-bolha nas
uma moldura vitrine com material tampão, caixas por sua limitada capacidade de
pré-aclimatada aos valores de umidade amortecimento de choques. Além disso,
relativa de conservação do objeto. Nunca alguns dos plásticos-bolha soltam plastifi-
se deve usar material tampão no caso de cantes que podem manchar as obras.
fortes flutuações de temperatura, em caixas • Para os objetos pesados sem grande estabi-
mal isoladas. lidade própria, deve-se recorrer a placas de
• O uso de pinturas aplicadas no exterior das divisão de pesos para dar maior estabilida-
caixas, além de aumentar o custo, pode ser de à caixa.
contraproducente para os objetos orgâni- • Nos casos em que a superfície de apoio e
cos. Se a caixa vazia não pode ser guardada contato do objeto com a espuma, dentro da
num espaço climatizado ou se não podem caixa, seja muito pequena ou irregular, será
ser respeitados os tempos de aclimatação, a necessário um distribuidor de peso (foam
pintura impede a evaporação ao exterior da board, chapas de madeira, estruturas de
umidade armazenada. madeira, engradados etc.).
• Outro sistema recomendável é o bastidor
de movimento, muito apropriado para as
Isolante de choques e redutores de vibrações pinturas sobre tela, obras de grandes for-
matos, colagens, pinturas contemporâneas
• Todos os objetos necessitam de um isolante com volumetria, pinturas com molduras
contra o choque e uma adequada imobili- muito frágeis etc., ou ainda qualquer tipo
zação dentro da caixa. Atualmente recorre- de obra bidimensional com um alto nível
-se a espumas de polietileno e de poliure- de vulnerabilidade às vibrações e movi-
tano, guilhotinas ou travessas acolchoadas. mentos bruscos.
• A seleção do tipo, densidade, espessura e • Para as pinturas sobre tela recomenda-se
repartição das espumas se realiza a partir reduzir o efeito vela e evitar que a tela entre
destes quatro critérios: fragilidade do em ressonância com as vibrações do movi-
objeto aos choques, peso do objeto, peso mento de traslados ou do veículo de trans-
da caixa e superfície de contato do objeto porte. Por esse motivo, recomenda-se esticar
com a espuma. Para identificar a espuma razoavelmente a tela e aplicar uma proteção

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traseira amortecedora. Atualmente utilizam- Bibliografia
-se para essa finalidade estes materiais:
papelão corrugado, foam board, polietileno DUBUS, M., SARRAILH, S., DE WALENS, A. Transport et cli-
celular, policarbonato celular, telas de barco ma: l’experience de dis ans de collaboration avec le
e sistemas mistos de Tyvek e policarbonato, departement des Peintures du musée du Louvre, Tecné
este último com maior capacidade redutora nº21, 2005.
das vibrações.
EN ISO 780: 1997 Embalajes – Marcaje gráfico relativo a
la manipulación de las mercancías. (Norma Europeia).

GALLUP, K.; HARLOW, B. Finding solutions to the problems


of complex art parking. AIC news, v.31, n.6, Nov. 2006.

GOODBURN-BROWN, D.; LANGFELT, J. A pragmatic so-


lution to parking textiles. ICOM News, Issue 1, Nov.
2005.

SAUNDERS, D. The effect of painting orientation during air


transportation. In: ICOM COMMITTEE FOR CONSERVA-
TION, TRIENNIAL MEETING, 14th, The Hague, 12-16
Sept. 2005. Preprints… The Hague (Netherlands); Lon-
don: James & James, 2005.

SAUNDERS, D.; SLATTERY, M.; GODDARD, P. Packing case


design and testing for the transportation of pastels.
In: ICOM COMMITTEE FOR CONSERVATION, TRIEN-
NIAL MEETING, 12th, Lyon, 29 Aug.-3 Sept. 1999.
Preprints… v.1. Lyon (France); London: James & James,
1999.

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62
Ashley-Smith, J.; Umney, N.; Anexo 23 baseados no senso comum, ser factíveis e even-
Ford, D. Lets’s be honest – tualmente negociáveis, se quisermos que sejam
Realistic Environmental Pa-
rameters for Loaned Objects. Recomendações técnicas básicas para levados em conta pelo organizador. Busca-se
In: Preventive Conservation estabelecer as condições específicas com isso procurar um compromisso justo entre
Practice, Theory and Research de climatização para os empréstimos conservação e divulgação, sem prejudicar o
Preprints of the Contributions
to the Ottawa Congress, 12-16 conforto humano dos visitantes da exposição.
Sept. 1994. London: The Inter- Para a redação das Condições específicas de
national Institute for Conser- empréstimo de uma obra, o conservador-res- Tanto os artigos especializados como as pesqui-
vation of Historic and Artistic
Works (IIC), 1994. p.28-31. taurador encarregado de estabelecer as condi- sas mais recentes sobre a relação dos materiais
ções referentes ao clima deverá apresentar uma com seu meio, realizadas nos mais avançados
63
Michalsky, Stephan. Relati- relação de valores para os parâmetros de umida- centros de estudos em conservação, concluíram
ve humidity: a discussion of de relativa e temperatura. Esses dados deverão que não existem normas de clima universais por
correct/incorrect values. In:
Triennial Meeting, Icom Com- ser incluídos no Parecer interno de avaliação categoria de objeto para todas as latitudes. Ao
mittee for Conservation, 10th, para o empréstimo de uma obra. Apresentamos contrário, as recomendações de iluminação são
Washington (DC), 22-27 Aug. algumas recomendações para estabelecer esses universais e válidas em todos os cantos do pla-
1993. Preprints… Paris, 1993,
p.614-619. parâmetros de maneira razoável, com a intenção neta, em função da fragilidade dos objetos em
de que sirvam de apoio ao especialista encarre- relação à luz e da esperança de vida que lhes é
64
Ashrae (American Society of gado dessa tarefa, aparentemente simples. outorgada em relação a esse agente.
Heating, Refrigerating and Air
Conditionning Engineers).
As recomendações a seguir são aplicáveis a A seguir estudaremos os critérios de seleção
obras emprestadas, durante um período médio dos parâmetros climáticos, recordando, muito
de três meses, tempo geralmente estabelecido brevemente, as alterações ocasionadas nas
para uma exposição temporária. Procura-se, obras por valores inadequados.
desta forma, evitar as consequências de uma
informação incorreta do especialista e das in-
fluências de convenções dogmáticas não fun- Recomendações sobre as alterações nos
damentadas. Nesse contexto recomendamos as objetos sensíveis por valores inadequados
publicações de Gaël de Guichen e de J. Ashley- de temperatura
-Smith 62 e os trabalhos de S. Michalsky,63 entre
outros e, em particular, o CD publicado em É de conhecimento geral que, quanto mais bai-
2007 intitulado The ASHRAE HandbookCD.64 xa a temperatura, menor a velocidade das rea-
ções químicas que produzem o envelhecimento
Os requerimentos sobre os parâmetros de dos materiais. No entanto, a aplicação desse
umidade relativa e temperatura deverão estar teorema entra em conflito direto com a difusão

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do objeto numa exposição, durante a qual se Além dessas considerações, é preciso lembrar
costuma buscar o conforto do público; por esse que num espaço hermético ao vapor d’água
motivo, é necessário chegar a uma solução de as flutuações de temperatura têm incidência
compromisso fundamentada e razoável. importante sobre as mudanças de umidade
relativa; quando a temperatura diminui, sobe a
As alterações mais frequentes em temperatu- umidade relativa; quando sobe a temperatura,
ras baixas ocorrem provavelmente no caso das diminui a umidade.
pinturas acrílicas, que apresentam sensibilidade
duplicada ao entrarem numa fase vítrea, quan- No entanto, esse princípio não é totalmente
do a temperatura fica abaixo de 5ºC, tempera- válido para os casos de uma caixa de embala-
tura frequente nos porões dos aviões. gem produzida com materiais orgânicos, ou de
uma vitrine com o fundo de madeira, porque
As alterações mais comuns nos objetos sensí- as paredes de ambos os espaços internos,
veis às temperaturas altas são: bem como o objeto que se encontra dentro,
• Os materiais orgânicos se acidificam facil- têm capacidade de absorver ou ceder vapor
mente. d’água. Nesses casos, acontece que diante de
• Os materiais sintéticos – como acetatos, um aumento de temperatura se produzirá um
plásticos, resinas e adesivos à base de aumento de umidade relativa, e diante de uma
acetato de polivinil – têm um ponto de queda de temperatura se produzirá também
transição vítrea baixo e, portanto, tornam- uma queda da umidade.
-se moles ou quebradiços.
• Os materiais sintéticos elásticos – como bor- Portanto, as recomendações de temperatura
rachas e poliuretanos – apresentam grande estabelecidas pelo conservador-restaurador,
instabilidade e perda de propriedades. para qualquer objeto, não deveriam, como é
• Os materiais com base magnética – como fi- habitual, ser apresentadas como um ranking de
tas de vídeo e áudio e disquetes – se racham. valores, mas como um valor máximo que não
• Os materiais fotográficos – como fotografias deve ser superado e que se manterá estável
em cor de primeira geração e nitratos de durante o período da exposição. Com esse prin-
celulose – tornam-se bastante instáveis. cípio podem ser feitas estas recomendações:
• As ceras e suas misturas sofrem amoleci- • No inverno deverá levar-se em consideração
mento. o conforto do visitante (20-22ºC), isto é, não
• O papel pode sofrer aceleração nos proces- se deve propor um valor inferior a 18ºC, sob
sos de crescimento de fungos, bactérias e o pretexto de querer reduzir a cinética das
insetos. reações químicas.

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• No verão se buscará escolher um valor de discriminadamente. Os autores mais rigorosos
compromisso entre o nível de temperatura não se mostram inclinados a fazer recomen-
de conforto do público (22-24ºC) e os valo- dações baseadas em números concretos, mas
res médios da temperatura exterior, procu- preferem explicar os fatores que é preciso
rando evitar o aquecimento local do objeto levar em consideração.
por uma fonte de luz muito próxima.
• Deve-se evitar estabelecer uma temperatura a) alterações nos objetos mais sensíveis a
média de exposição muito artificial, isto é, níveis constantemente altos de umidade:
obtida por sistemas elétricos e distanciada
dos valores de temperatura exterior, já que Por um lado:
diante de um eventual corte de fornecimen- • Os metais, em particular os ferros, os bron-
to elétrico, ocorrem os riscos derivados de zes e os cobres contaminados, que geram
uma mudança brusca. produtos de corrosão coloridos.
• Excetuando-se as obras realizadas em su- • As ligas de ferro e cobre, as quais, em razão
portes magnéticos, as quais podem requerer da grande diferença de potencial elétrico,
valores de temperatura particularmente corroem-se mais facilmente.
baixos, o conservador-restaurador pode • Alguns vidros instáveis, que apresentam a
fazer recomendações levemente diferentes aparição de suados transparentes (weeping)
durante os períodos frios e quentes do ano. ou mesmo um avançado estado de microfis-
suras (crizling).
É importante enfatizar que esses critérios de • Algumas coleções petrográficas singulares
compromisso são válidos para uma exposi- (com ferro, flúor etc.), suscetíveis de corrosões
ção temporária e não devem ser aplicados rápidas, para as quais se constatou a apa-
para um armazenamento de bens culturais a rição de alterações ou fissuras em períodos
curto ou longo prazo, ou para uma exposi- compreendidos entre dois e dez dias quando
ção permanente. submetidas a níveis altos de umidade.
• As ligas de chumbo, zinco ou bismuto, que
em menos de três meses podem apresentar
Recomendações para as alterações nos alterações se, no espaço expositivo, o nível
objetos sensíveis por flutuações ou nível de contaminação por ácidos orgânicos
inadequado de umidade relativa livres for elevado.

Como vimos, não existem regras estabeleci- Por outro lado:


das ou padrões que possam ser aplicados in- • Os materiais orgânicos e sintéticos são pro-

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pensos ao crescimento de colônias bacte- • Para todos os objetos constituídos por ma-
rianas e fúngicas. teriais orgânicos não submetidos a tensões
• Os objetos que apresentam fortes concen- mecânicas internas importantes (tecidos,
trações em proteínas solúveis, gelatinas ou cestaria, couro etc.), e desconhecendo-se
açúcares – como fotografias, pastéis, móveis os valores de umidade nos quais o objeto
folheados, pergaminhos, tecidos e papéis foi conservado, sugere-se selecionar como
encolados – ficam cobertos de mofo. condição específica de empréstimo um valor
• Os materiais orgânicos com depósitos de umidade que não supere os 65%.
superficiais de pó são os primeiros – a • Para os materiais orgânicos submetidos a
partir de níveis de UR em torno a 65% – a tensões internas (madeira, osso, marfim etc.)
apresentarem proliferação de microrganis- ou externas (obras com encaixes, reforçadas
mos. Pelo contrário, os materiais orgânicos com cantoneiras), sem sinais de fungos, ape-
de origem vegetal com superfícies limpas sar de conservados em condições adversas,
(livres de pó) requerem valores de UR supe- isto é, superiores a 65%, recomenda-se
riores a 80% para sofrer riscos de apareci- reproduzir na exposição as condições de
mento de microrganismos. umidade relativa nas quais o objeto é con-
• Os adesivos, como a cola animal, perdem servado normalmente. Nesses casos, o risco
sua capacidade de adesão acima dos 80% de alterações mecânicas é mais provável que
de umidade relativa, tornando frágeis os o risco biológico.
encaixes realizados com eles. • Deve-se evitar manter os objetos orgânicos
• As telas das pinturas se distendem à medida numa umidade inferior a 30%, para que não
que a umidade relativa aumenta. corram o risco de perda de água de seus
• Os colorantes aplicados em suportes de tela materiais constituintes.
ou papel podem migrar e perder intensidade.
• Os objetos realizados sobre suportes muito b) Entre os objetos mais sensíveis às
degradados podem, sob alta umidade re- flutuações de umidade estão:
lativa, sofrer processo de envelhecimento
por hidrólise. • Os materiais orgânicos anisotrópicos em geral.
• Os objetos constituídos de materiais com-
Assim, as recomendações sobre os valores de postos.
umidade relativa máximos e estáveis, serão deri- • Os objetos orgânicos finos, rígidos ou semir-
vadas do conhecimento das alterações causadas, rígidos, que podem apresentar tensões inter-
nos diferentes objetos, pelo excesso ou falta de nas em razão de sua composição, fabricação
umidade e pelas flutuações desse parâmetro. ou encaixe.

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• Os materiais inorgânicos porosos com sais pela obra durante o empréstimo forem iguais
solúveis. ou menores que a flutuação máxima sofrida
no passado, não ocorrerão danos mecânicos
Assim, as recomendações quanto a níveis de significativos.
flutuação de umidade relativa que o conser-
vador-restaurador estabelecerá para os objetos Esquema para estabelecer as condições
sensíveis à umidade corresponderão a tetos de Umidade Relativa de uma obra em
máximos e mínimos de valores que determi- empréstimo
nem a margem de flutuações aceitável, ou
então ele recomendará um nível máximo de Os parâmetros que devem ser levados em
umidade que não deve ser superado durante o consideração para estabelecer os valores de UR
tempo da exposição. Se as flutuações sofridas estão resumidos neste esquema:

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Demonstra-se com este gráfico que para selecio- sotrópicos e densos – escolhidos neste exemplo
nar um nível e/ou teto de flutuações de umidade é o passado ou histórico climático do objeto
relativa (± 5%, ± 10%, ± 15%) estacionais, com (4), isto é, os valores de umidade relativa nos
a finalidade de evitar o dano químico, biológico quais esteve conservado.
ou mecânico de um objeto durante o período de
empréstimo, deve-se levar em conta uma série O segundo critério está relacionado com o tipo
de fatores prévios relacionados com ele: de material constitutivo (1): a madeira tem
um período de menor reatividade mecânica ao
1. o material constitutivo; 2. sua fabricação e vapor d’água com valores entre 40% e 60%.
montagem; 3. as alterações ou intervenções
passadas; 4. o histórico climático. O terceiro critério tem relação com a fabri-
cação e a montagem (2) e as alterações ou
Para simplificar a demonstração escolheremos intervenções passadas (3), que permitirão
alguns exemplos práticos: estabelecer com precisão o teto de flutuação
estacional que não deve ser ultrapassado du-
Exemplo nº1 rante o período de exposição.
Objetos constituídos por madeira: um armário
maciço encerado, um clavicórdio de marche- Para o clavicórdio de marchetaria, o quadro de
taria que perdeu seu verniz, um quadro de madeira com reforço de cantoneira, a máscara
madeira gótico com reforço de cantoneira, comprida e fina e a escultura policromada, quan-
uma máscara de madeira grande e muito fina, do provêm de cidades de clima seco (40% de UR),
uma escultura policromada do século XVIII, em selecionam-se determinadas condições climáticas
excelente estado. específicas de empréstimo de 45% + 5%. Para o
armário maciço encerado, de 50% + 10%.
Todos são de madeira, mas o nível da fragili-
dade se encontra relacionado com: o corte, as Se os mesmos objetos provierem de cidades
dimensões, as tensões internas entre materiais, com clima úmido (70% de UR), seriam selecio-
as capas de proteção (policromia, verniz, cera nadas, para os primeiros, condições climáticas
etc.), a montagem, a policromia e as condições específicas de empréstimo de 65% + 5%, e,
de conservação. para o armário maciço encerado, 60% + 10%.

O primeiro critério sobre o qual basear-se para Exemplo nº 2


estabelecer o nível de umidade recomendado No segundo exemplo selecionamos: uma
para a maior parte dos objetos – orgânicos ani- casula medieval, um elemento de cestaria,

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um pergaminho com miniaturas, um pastel seleção do critério, razão pela qual recomenda-
emoldurado, um cartaz modernista grande -se um valor mais baixo de umidade relativa
e emoldurado, uma fotografia em preto e que nos casos precedentes, de 45% + 5%.
branco tipo brometo e um desenho com tinta
metaloácida sobre papel de princípios do sé- Para o cartaz e a fotografia, é também o
culo XX, montado corretamente com dobradi- material constitutivo (1) que orienta sobre os
ças de papel japonês. valores de 50% + 15%.

Para a casula, o elemento de cestaria, o cartaz, Exemplo nº3


o desenho e a fotografia, em sua maior parte Neste caso os objetos são: um relicário de
objetos orgânicos brandos não restringidos, latão e esmalte, um selo de chumbo, uma
não é necessário levar em consideração o pas- escultura de bronze modernista, uma moe-
sado ou histórico climático do objeto (4) para da de prata, uma escultura de mármore, um
estabelecer o nível de umidade recomendado. bronze com corrosão ativa, uma ferramenta
antiga de ferro e madeira e um vidro pintado
Mas esse critério é importante para o perga- do século XX.
minho e o pastel, os quais estão submetidos a
tensões internas que podem produzir deforma- Com os materiais inorgânicos em geral não
ções quando os valores de umidade variam. se oferecem tetos de valores de umidade
relativa nas condições de conservação, mas se
Para estes dois últimos, se provierem respecti- propõem níveis de umidade máximos que não
vamente de um clima seco a 40% de UR ou de devem ser ultrapassados.
um clima úmido a 70% de UR, será selecionado
o limite mais estreito e as recomendações serão Para o mármore, o vidro pintado, a ferramenta
respectivamente 45% + 5% e 65% + 5%. antiga, o bronze modernista e o latão es-
maltado sem manchas de corrosão ativa, nos
Para a casula, se não tem fios metálicos ou fios perguntamos se vale a pena indicar valores
sintéticos de restauração, como para o elemen- máximos de UR, sabendo-se que serão ex-
to de cestaria, recomenda-se evitar o risco de postos numa sala de exposição sem valores
aparecimento de fungos e se selecionará um extremos de UR. Para esses casos é o material
teto amplo, como 55% + 10%. (1) que impõe seu veredicto: não são materiais
especialmente sensíveis à umidade. Os mais
Para o desenho com tinta metaloácida, é o ‘precavidos’ podem indicar valores < 70% para
material constitutivo (1) que dá a pauta para a esses objetos durante o período de exposição.

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Para o selo de chumbo, a moeda de prata e o Bibliografia
objeto de bronze com corrosão ativa, a situ-
ação é mais complexa. Neste caso o critério a ASHLEY-SMITH, J.; UMNEY, N.; FORD, D. Let’s be honest
ser levado em consideração é a alteração sobre – Realistic Environmental Parameters for Loaned Ob-
o material (3). O objeto que se deteriora mais jects. In: PREVENTIVE CONSERVATION PRACTICE, THE-
rapidamente é o bronze, razão pela qual se ORY AND RESEARCH. Preprints of the Contributions
recomenda uma conservação abaixo do nível de to the Ottawa Congress, 12-16 Sept. 1994. London:
40% de UR. O segundo a sofrer alterações será o The International Institute for Conservation of Histo-
objeto de chumbo, caso o ambiente se encontre ric and Artistic Works (IIC), 1994. p.28-31.
saturado de ácidos orgânicos livres, peróxidos
ou anidrido acético. O objeto de prata perderá ASHRAE (American Society of Heating, Refrigerating and
brilho antes de cobrir-se de uma cor cinza em Air Conditioning Engineers)
presença de formaldeído.
HERRAEZ, J. A.; RODRIGUEZ LORITE, M. A. Recomendacio-
Para estes dois últimos recomenda-se selecio- nes para el control de las condiciones ambientales en
nar especialmente os materiais constitutivos exposiciones temporales. Madrid: Dirección General de
das vitrines, manter uma umidade relativa bai- Bellas Artes, Instituto de Conservación y Restauración
xa e utilizar absorventes de poluição interna. de Bienes Culturales; Ed. Ministerio de Cultura, 1991.
Serão indicados especificamente os materiais
que não devem ser utilizados na fabricação das MICHASLKY, S. Relative Humidity: a discussion of correct/
vitrines desses objetos, por suas emanações. incorrect values. In: ICOM COMMITTEE FOR CONSER-
VATION, TRIENNIAL MEETING, 10th, Washington (DC),
Entre tais emanações encontramos: ácido acé- 22-27 Aug. 1993. Preprints… Paris, 1993. p.614-619.
tico liberado pelos silicones ácidos, produtos de
limpeza de vidro com base de ácido acético, pin-
turas oleosas, emulsões com uretanos, papelões e
aglomerados, cola branca etc. Os adesivos epóxis
de dois componentes liberam anidrido acético,
ao passo que os revestimentos e as pinturas
oleosas liberam peróxidos. As emanações de for-
maldeído procedem dos fungicidas dos tecidos,
das pinturas em emulsão, dos revestimentos de
uretano ou epóxi de dois componentes ou os
adesivos nitrocelulósicos (tipo Cola Imedio).

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Anexo 24 muito altas de compostos contaminantes,
sobretudo em espaços confinados como as
Recomendações técnicas básicas vitrines. Por esse motivo, é necessário ter o
sobre os materiais compatíveis máximo de precauções, tanto para respeitar o
com os bens culturais durante tempo de secagem como para favorecer uma
sua exposição correta ventilação dos espaços, com a finalida-
de de limpar o ambiente das emissões nocivas
Nos dias anteriores à chegada das obras se liberadas pelos materiais novos.
realizam numerosas operações de constru-
ção e instalação de estruturas museográficas Não devemos esquecer que, atualmente, a rea-
nos espaços expositivos: marcenaria, pintura, lidade costuma ser contrária a essas práticas,
carpetes etc. Essas operações são realizadas pois é habitual conciliar o término da monta-
muitas vezes com materiais efêmeros de diver- gem museográfica com o início da instalação
sas qualidades e acabamentos, tanto sobre as das obras, em razão dos curtos períodos com
paredes como sobre o mobiliário museográfico, que se conta para realizar a preparação das
como vitrines, bases e estrados. Todos os ma- instalações.
teriais novos e, em particular, os aglomerados,
as pinturas, as lacas, os vernizes e os adesivos Na Espanha, o Real Decreto 227/2006 com-
liberam compostos voláteis: oxidantes, ácidos plementou o código de lei existente sobre
orgânicos, aldeídos etc. a redução de compostos orgânicos voláteis
(COV ou VOC, em inglês) no uso de tintas e
O público também contribui com sua presença vernizes, para favorecer tanto a proteção da
para essa poluição interna, levando doses va- saúde das pessoas como do meio ambiente, e,
riáveis de ácido acético, acetaldeídos e outros consequentemente, evitar também o envelhe-
ácidos orgânicos livres. Algumas obras, se- cimento acelerado dos materiais constitutivos
gundo o tipo de emissões que liberam, podem dos bens culturais que sejam particularmente
ser contaminantes e causar danos em outras sensíveis à poluição.
próximas ou com as quais dividem vitrine. Por
exemplo, as películas de nitrato de celulose A Comunidade Europeia estabeleceu um dis-
que liberam óxido de nitrogênio. tintivo, consistente num anagrama em forma
de trevo verde, para as tintas e os vernizes
Durante as primeiras semanas de trabalho com baixo conteúdo de compostos orgânicos
nas instalações, a poluição interna das salas voláteis (COV ou VOC). Por isso, nossa primei-
dispara: é possível encontrar concentrações ra recomendação é o uso preferencial dessas

280 281

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tintas nos espaços expositivos e como revesti- se degradam sem dar sinais de alteração tão
mento do mobiliário museográfico. visíveis e identificáveis.

Em exposições temporárias é habitual utilizar Por todo o exposto, é importante levar em


as tábuas de madeira aglomerada de fibra consideração o tempo de contato do obje-
de pinho de densidade média, os conhecidos to sensível com o material do qual emana a
MDF (medium density fiberboard). O adesivo poluição. Nesse sentido, podemos aceitar o uso
geralmente utilizado é o formaldeído. Exis- de materiais instáveis, como por exemplo as
tem no mercado compensados de madeiras espumas de poliuretano, para o transporte das
com conteúdo em formaldeído mais baixo, e obras de arte, já que o tempo de convivência
também existem MDFs nos quais o formaldeído é de poucos dias. No entanto, não se aceita o
foi substituído por izocianatos (MDFI). Existem contato da obra com esses mesmos materiais
diferentes nomes comerciais para essas tábuas, durante o tempo de exposição ou durante
segundo o tratamento que tenham recebido o armazenamento nas reservas. Da mesma
– resistência à umidade, resistência ao fogo maneira, não se aceita colocar um aglome-
etc. Alguns materiais tratados por sua resistên- rado como tampa de fundo das molduras de
cia ao fogo liberam ácido fosfórico, e a maior fotografia ou de desenhos, dado seu contato
parte dos produtos tratados com fungicidas, permanente com a obra.
como os tecidos, liberam formaldeídos.
Além do tempo de contato, outro fator que
Quanto aos espaços museográficos onde se devemos levar em conta é a concentração
realizará a exposição, a maior parte dos produ- do contaminante. Quanto menor é o volume
tos empregados nas tarefas de produção não do espaço fechado (caixa, vitrine) maior é a
é inócuo; porém, isso não afeta todos os tipos concentração e, consequentemente, maior será
de peças expostas, só aquelas que apresentam o efeito nocivo. É importante compreender,
incompatibilidades por seus materiais cons- também, o papel desempenhado pelas condi-
tituivos. São bem conhecidas e facilmente ções termo-higrométricas, já que muitas vezes
identificáveis as alterações provocadas pelos é a sinergia entre as moléculas de poluição e
ácidos orgânicos livres sobre os chumbos e as um ambiente carregado de umidade relativa
coleções de conchas, que se manifestam com o que potencializa os efeitos daninhos dos
a aparição de carbonato básico de chumbo de contaminantes sobre os bens culturais.
cor branca e formação de sais solúveis bran-
cos sobre as conchas. Mas a maior parte dos Para estas questões, indicamos os últimos livros
materiais orgânicos, em particular as proteínas, de Jean Tétreault, autor que estabeleceu uma

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65
Tétreault, J., 2001, 2002, 2003. série de recomendações que ajudam a conhe- dos materiais empregados na montagem
cer esses processos em maior profundidade.65 museográfica: tintas, vernizes, madeiras,
66
Bamberger, J. A.; Howe, E. G.; tecidos etc. Para realizar o teste são necessá-
Wheeler, G. Avariant of Oddy
test procedure for evaluationg Citaremos, finalmente, alguns testes simples rias três plaquinhas de metal de cobre, prata
material used in storage asnd que podem ajudar o conservador-restaurador e chumbo, respectivamente, e dois pequenos
display cases. Studies in Con- a verificar se um material selecionado libera recipientes de vidro, um menor sem rosca
servation, v.44, n.2, 1999.
gases indesejáveis e se pode ser utilizado sem e um maior com rosca e tampa, de manei-
67
Gibson, L.T.; Brokerhof, A. risco na museografia: ra que se possa introduzir o pequeno no
W. A passive tube-type sam- • O teste de Beilstein. Permite detectar a grande. Corta-se em pedacinhos a mostra do
pler for the determination presença de cloro, daninho para a maior material a ser estudado, e eles são colocados
of formaldehyde vapors in
museum enclosure. Studies parte dos metais e as proteínas. Esse teste se no recipiente menor. Coloca-se no recipiente
in Conservation, v.46, n.4, realiza aquecendo um fio de cobre limpo até maior um pouco de água destilada, para
p.289-302, 2001. ficar vermelho e perfurando o material que criar um ambiente saturado. Introduz-se o
se quer estudar. Depois de alguns segundos recipiente pequeno no grande, colocam-se
o fio de cobre impregnado da substância é as plaquinhas de metal sobre a borda do
novamente aproximado da chama; se apare- recipiente pequeno e se tampa o recipiente
ce um vapor verde, significa que o material grande. Coloca-se o conjunto num forno a
contém cloro. 60ºC durante 28 dias. Se surgirem manchas
• O teste de atividade fotográfica (Norma ISO sobre um dos metais, o teste é positivo e
14523:1999). Foi concebido para avaliar as indica que o material não deve ser aceito.
eventuais interações químicas (oxidação ou • O teste para o formaldeído.67 A empresa
redução) entre um material (papelão, plás- Merck oferece alguns indicadores para
tico, couro, cola, tinta etc.) e uma imagem detectar formaldeído, responsável por pro-
fotográfica realizada com sais de prata, cessos de corrosão em chumbos e bronzes.
filme de gelatina e papel fotográfico. O teste Existe uma Norma ASTM D5014-94 “Método
consiste em colocar a mostra a estudar em de teste para a determinação de formalde-
contato com um filme e um papel fotográ- ído no ar interior”. Encontra-se em prepa-
fico teste dentro de uma câmara climática ração a redação da norma: ISO/TC 146/SC6,
regulada a 85% de UR e 70ºC. As densidades “Ar interior. Determinação do formaldeído e
ópticas são estão estudadas, e se as diferen- outros compostos carbonílicos”.
ças superam o recomendado pela norma, a
mostra é reprovada. Existem muitas soluções para minimizar as
• O teste de Oddy.66 Teste de corrosão acele- possíveis interações entre os materiais museo-
rada, utilizado para avaliar a confiabilidade gráficos e os objetos de museus. A primeira

282 283

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delas é evitar o emprego de produtos instáveis, A cor que as bolinhas vão adquirindo permite
a segunda é o respeito dos tempos de secagem detectar a presença destes compostos voláteis:
e ventilação. Como último recurso utilizam-se sulfeto de hidrogênio, dióxido de nitrogênio,
captores de gases. dióxido de enxofre e formaldeído. Esse absor-
vente tem a vantagem, com relação ao car-
O carbono ativado, empregado só ou incorpora- bono ativado, de não se converter em emissor
do em suporte têxtil (CCI ativated carbon cloth, secundário quando está saturado (as bolinhas
pacific silvercloth etc.), foi durante muito tem- ficarão marrons e, finalmente, brancas), mo-
po utilizado para captar elementos da poluição mento em que deve ser substituído.
externa. Misturado com permanganato, permite
capturar alguns elementos de poluição interna Apresenta-se, a seguir, uma lista não exaus-
como formaldeído e ácidos orgânicos. Pode ser tiva de materiais utilizados nas embalagens
comprado em saquinhos e introduzido nas vitri- e nas montagens expositivas, os quais se
nes quando parecer oportuno. Esses saquinhos mostrarão compatíveis ou incompatíveis com
já são normalmente comercializados. os bens culturais. Para cada um se apresen-
ta o nome genérico, tipos e variantes, uso e
Outro produto útil como absorvente de estabilidade química. As fichas técnicas dos
compostos voláteis são as bolinhas de alumina materiais estão acessíveis na Internet na pági-
impregnadas com permanganato de potássio. na: www.cameo.fma.org

Nome Nomes e/ou marcas


Tipo Uso comum Estabilidade química
genérico comerciais

Isolante térmico nas


Existem dois tipos: caixas de transporte
Espuma de Instável a médio
o extruído e o (O expandido é o Prosejam, Styrofoam
poliestireno prazo
expandido mais isolante dos
dois)

Existem dois tipos:


Isolante de choques Instável, aceito em
Espuma de o éter de poliure-
e também isolante caixas, não aceito —
poliuretano tano e o éster de
térmico nas caixas para reserva técnica
poliuretano

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Existem dois tipos,
o reticulado e o Não reticulados:
não reticulado, com Isolante de choques Ethafoam, Polyfoam,
Espuma de várias espessuras e Relativamente
e também isolante Foamflex. Reticu-
polietileno densidades estável
térmico nas caixas lados: Plastazote,
(33 kg/m2, 20 kg/ Volara
m2 etc.)

Espuma de Adequado para


Várias espessuras: Relativamente
polietileno forrar estantes em Cell-Aire
10, 25, 30, 40 mm estável
em lâmina reserva técnica

Existem diferentes
tipos, misturados ou Almofada protetora
Espuma de Relativamente Microfoam, Plaque-
não com polietileno, para estantes em
polipropileno estável ne, Stratocell
com várias espessu- reservas técnicas
ras e densidades

Existem diferentes
tipos, com bolhas Material de em-
O cloruro de polivi-
grandes de polie- balagem para os
nilideno é instável, Fabricantes Smith
Plástico bolha tileno, com bolhas softpacking, pouco
não supera o teste packing
pequenas de propi- efetivo como iso-
de Beilstein
letileno e cloruro de lante de choque
polvinilideno

Utilizado como
invólucro imperme-
Existem diferentes
ável para conservar Tendência a ficar
Filme de qualidades (é o
a UR em torno aos opaco com o tempo,
polietileno plástico das sacolas —
objetos orgânicos mas supera o teste
transparente de supermercado,
em caixas, invólucro de Beilstein
vendido em rolo)
para proteger do pó
em reservas técnicas

Existem diferen- Utilizado como


Tecido não-
tes qualidades, invólucro permeável Relativamente
tecido de Reemay, Drop paper
normalmente é um para proteger do pó estável
poliéster
poliéster em reservas técnicas

284 285

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Existem diferentes
qualidades, espes- Utilizado como Tyvek
Não-tecido suras e densidades, protetor de espumas Relativamente
de polietileno normalmente é abrasivas, invólucro estável Versão combinada:
um polietileno ou de caixas, etiquetas Cellplast
combinado

Utilizado como invó-


Filme de
Existem diferentes lucro para proteger
polietileno Relativamente Mylar o Melinex
espessuras: 12, 15, do pó em reservas,
tereftalato estável (Dupont)
36, 50, 75 µm as gramaturas mais
transparente
grossas são abrasivas

É um sanduíche de
poliestireno (ácido
Depende dos mate-
ou não) entre duas Utilizado como
riais constitutivos, Foam board, Artcore,
Foam board folhas de cartolina proteção do verso e
pode ser estável ou Fomecor
(neutra ou não); divisor de peso
instável
existem diferentes
qualidades

Utilizado como
proteção traseira em Relativamente
Papelão cor- Existem diferentes pinturas, fotografias, estável (os cartões
Perma-Dur micro-
rugado não qualidades com desenhos e gravuras ondulados nor-
-ondulado
ácido diferentes espessuras emoldurados, mais liberam ácido
fabricação de caixas, acético)
separadores etc.

Utilizado como
Divisória de
Material alveolar proteção traseira
polipropileno Coroplast, CorX,
leve, opaco o trans- de fotografias, Relativamente
e polietileno Poliflute, Ardenplast,
parente, vendido em desenhos e gravuras estável
alveolar/ce- Kaizersberg
placas emoldurados, mon-
lular
tagem de tecidos

Material alveolar/
celular leve, translú-
Divisória de Utilizado como
cido; existem dife-
policarbonato proteção traseira Relativamente
rentes qualidades e Irpen
alveolar/ce- translúcida para as estável
espessuras de 3 mm
lular pinturas sobre tela
a 12 mm, chapa de
210 cm x 600 cm

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Material laminado,
Utilizado como
impermeável ao
Filme barreira proteção interna Marvelseal (EUA)
vapor de água e aos
de plástico das caixas, como Estável
gases poluentes, Claryskin L (Espanha)
metalizado isolantes dos MD em
vendido em rolo ou
vitrines etc.
em folhas

Existem diferentes
produtos segundo as
Montagens Liberam ácido fór-
Madeiras espécies, o trata-
mico, ácido acético MDF, MDFI
aglomeradas mento da madeira museográficas e acetaldeídos
e o tipo de resina
empregada

Existem diferentes
Liberam ácidos
tipos de madeira e Montagens museo-
Madeiras fórmicos, ácidos
diferentes resinas gráficas, caixas de Okumen
compensadas acéticos e formal-
utilizadas em sua embalagem
deído
fabricação.

Existem diferentes
tipos de adesivos:
Juntas de estanca-
ácidos, alcalinos ou Os ácidos liberam
Silicones mento. Sola antider- Oliver 400, Bayer
neutros. Pode apre- ácido acético
rapante.
sentar-se em lâmina
já polimerizada.

Tubos transparen- Relativamente está-


Tubos de Tubos transparen-
tes flexíveis para vel, não confundir
silicone-hi- tes de diferentes —
proteger montagens com os tubos de PVC
drocarbono diâmetros
metálicas (muito instáveis)

Juntas de estanca-
Neoprene Policloropreno Libera cloro —
mento

Existem diferentes Liberam ácido


tipos, de diversas acético, acetaldeí- O MD é um aglome-
Revestimento de rado.
Tintas/lacas composições: tintas dos e outros ácidos
mobiliário museo-
acrílicas ou lacas à base de orgânicos (selecionar O Okumen é um tipo
gráfico
água ou em emulsão sempre as tintas à de compensado
com tintas vinílicas base de água)

286 287

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Tintas a óleo, as de
poliuretano modifi- A evitar em todos
Tintas de Revestimento de
cadas a óleo, as al- os casos. Liberam
polimerização mobiliário museo- —
quídicas e os ésteres formaldeído e ácido
oxidativa gráfico
epoxídicos de um só fórmico
componente

Quase todos os
Tecidos tecidos industriais Libera formaldeído
Material para forra-
tratados com recebem um tra- se não está previa- C-Flex tubing
ção de vitrines
fungicidas tamento fungicida mente lavado
com formaldeído

Existe uma infinida- Acetaldeído, ácido Cola Blanca, Adsol


Adesivo de
de de produtos para Adesivo para a ma- fórmico, ácido acéti- 604, Magma-tac
acetato de
a fabricação de colas deira, tecido, couro co, ácidos orgânicos 1577 XH, Swifts
polivinil
em emulsão livres 2928

Existem diferentes Urnas de metacrilato


Metacrilato tipos de plásticos: para realizar vitrines,
Estável Plexiglass, Altuglass
(poli) transparente e vidro orgânico para
moldável evitar reflexos

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Bibliografia

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in museum enclosures. Studies in Conservation, v.46,
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TÉTREAULT, J.; STAMATOPOULOU, E. Determination of con-


centrations of acetic acid emitted from Word coatings
in enclosures. Studies in Conservation, v.42, 1997.

288 289

AECID_113_sd.indd 288 25/05/12 16:25


Anexo 25 combinação com outros parâmetros ambien-
tais como temperatura, umidade e poluição
Recomendações técnicas básicas interna, são responsáveis por mudanças na
para empréstimo e emolduramento aparência dos objetos: branqueamento, ama-
de bens culturais sobre papel relecimento, descoloração etc.

Estabelecer uma política de empréstimo Os danos causados pela luz são cumulativos,
para uma instituição que conserva coleções o que significa que uma iluminação durante
de obras sobre papel obriga a considerar a 3 meses a 70 lux produz um dano equivalente
fragilidade delas a luz, fixar categorias de a uma iluminação durante 1 mês e meio a
sensibilidade entre elas e conceder a cada uma 140 lux. O efeito fotoquímico é o resultado
um tempo de exposição prudente em função da exposição à luz (a dose de luz) recebida
de sua sobrevida. Essa tarefa foi realizada no por um objeto, isto é, o produto da quan-
Victoria & Albert Museum de Londres, e o tidade de luz multiplicado pelo tempo de
resultado foi publicado em 1999 pelo Icom/CC. exposição. Por esse motivo qualquer insti-
tuição tem que desenvolver uma estratégia
Política de empréstimo das obras sobre papel razoável com relação a seus empréstimos de
obras sensíveis, com a finalidade de evitar
Sob a ação da luz, as obras realizadas sobre a superexposição.
papel com diversas técnicas aplicadas – como
aquarelas, pastel, aguadas e grafites – são É prática comum atribuir a uma obra sobre
suscetíveis de degradação; em particular papel uma categoria de fragilidade em função
os materiais constitutivos dessas técnicas: de sua sensibilidade à luz. Essas categorias
corantes, fixadores naturais (goma laca), e se estabelecem normalmente a partir dos
também o próprio suporte da obra, as pastas ISO (International Standard Organization),
de papéis. A luz ataca os primeiros micra (plu- método baseado no conhecimento do bran-
ral de mícron) da superfície, e, como as obras queamento total provocado por uma dose
apresentam frequentemente camadas muito determinada de lux recebidos por uma série
finas, devem ser objeto de atenção especial de colorantes azuis sobre a lã. Realizando um
por parte do conservador-restaurador e do estudo comparativo desses colorantes com o
responsável pela coleção. material do qual se quer avaliar a fragilidade
à luz, pode-se deduzir a categoria de ISO na
As reações fotoquímicas que a luz produz qual está, entre ISO 1, o mais sensível, até
sobre uma gama importante de materiais, em ISO 8, o menos sensível.

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Na ausência de raios ultravioletas, os maiores categorias do ISO 1 ao ISO 8 pode receber,
destruidores das obras de arte, foi estabele- causando descoloração quase imperceptível
cida a dose de lux x horas que cada uma das (Just noticeable fade, Michalsky, 1990).

Nível de ISO 1 2 3 4 5 6 7 8

Milhão de lux x horas,


causando descoloração 0,4 1,2 3,6 10 32 100 300 900
quase imperceptível

Categorias sensível intermediária durável

Limites de recomendações
anuais para uma descolo- 1 2 6,5 18 1 3,5 10 31
ração quase imperceptível semana semanas semanas semanas ano anos anos anos
em 200 anos

Limites de recomendações
anuais para uma descolo- 2 4 13 36 2
ração quase imperceptível semanas semanas semanas semanas anos
em 100 anos

Limites de recomendações
anuais para uma descolo- 4 8 26 72 4
ração quase imperceptível semanas semanas semanas semanas anos
em 50 anos

Limites de recomendações
anuais para uma descolo- 10 20 65 3,5
ração quase imperceptível semanas semanas semanas anos
em 20 anos

Limites de recomendações
anuais para uma descolo- 20 40 2,5
ração quase imperceptível semanas semanas anos
em 10 anos

 
A seleção do grau de descoloração aceitável uma descoloração quase imperceptível em 50
é uma decisão subjetiva. Se aceitarmos, por anos, e se aceitarmos o nível ISO 2 como valor
exemplo, as consequências do surgimento de médio para os objetos sensíveis, esse objeto de-

290 291

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veria ser exposto 8 semanas ao ano, a 50 lux, 8 • Classificamos como sensíveis alguns pigmen- 68
Curiosamente foram atribu-
horas ao dia, ou seja, dois meses em exposição tos artificiais antigos que entram na compo- ídas à luz as mudanças de
cor das fotografias em preto
e o resto do tempo em reserva. sição dos pastéis, aquarelas, acrílicos, óleos, e branco, quando na verdade
guache, lápis de cores, fotografias coloridas as maiores responsáveis por
Recordamos que os 50 lux recomendados modernas etc. essas mudanças cromáticas
são a poluição atmosférica e
na literatura especializada (Thomson, 1960) • Classificamos como duráveis o carvão, o as más lavagens das tiragens.
são bastante arbitrários e representam um lápis conté, a sanguínea, a pedra negra, o
compromisso entre leitura correta e conser- grafite, o giz, o gesso, as tintas a carvão e a Disponível em: www.lightcheck.
69

vação adequada; no entanto, desde então, ferro, os papéis de algodão de boa qualidade co.uk.

os trabalhos de Loe (1980), Boyce (1987), e as fotografias em preto e branco.68


Padfield (1990) e Michalsky (1993) chegaram
ao acordo de que se podia multiplicar por três Com base nos dados conhecidos até agora,
esse valor em função da perda de contraste, cada instituição deveria ser capaz de estabe-
da escuridão de superfície e da idade do pú- lecer os tempos de exposição aceitáveis para
blico visitante, reduzindo proporcionalmente seus objetos mais sensíveis. Com o fim de
o tempo de exposição. estabelecer com maior precisão a sensibilidade
dos materiais à luz, ainda é necessário ampliar
Atribuir aos materiais utilizados nas obras a pesquisa nesse campo.
sobre papel a categoria de fragilidade que lhes
corresponde é uma tarefa difícil. Resumimos Para aprofundar e aumentar a lista dos mate-
a seguir uma informação simplificada sobre a riais sensíveis, o CRCC (Centre de Recherche
sensibilidade dos materiais à luz: sur la Conservation des Collections) criou
• Classificamos como extremamente sensíveis um dosímetro especificamente adaptado aos
os corantes das hidrográficas e os das foto- materiais muito sensíveis. Esse indicador é
grafias coloridas de primeira geração. composto de uma mistura de corantes/po-
• Classificamos como muito sensíveis os coran- límeros fotossensíveis sobre um suporte de
tes dos papéis coloridos antigos, os corantes papel. A resposta à iluminação de museu é
e lacas de origem vegetal e animal, as lacas muito rápida, mudando de cor do violeta ao
sintéticas (eosinas, rodaminas, derivados rosa segundo a exposição dentro da gama de
do magenta, anilinas etc.), os corantes dos 0 a 100.000 lux.hora. Os dosímetros Light-
slides, os positivos e negativos dos processos Check (LCU e LCS) são atualmente comerciali-
fotográficos do século XIX, os fixadores com zados por Particle Technology.69
base de goma laca, a sépia, a laca oriental, os
papéis de polpa de madeira etc.

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A moldura das obras sobre papel Essa tarefa pressupõe que os documentos
tenham sido previamente acondicionados
Entre as instituições que realizam emprésti- em invólucros de formatos padrão e dentro
mos de obras sobre papel, poucas são as que de caixas igualmente padronizadas. Partindo
possuem todas as obras de sua coleção mon- do fato de que os folders têm de ser sempre
tadas em passe-partout e conservadas em maiores que os documentos neles conser-
caixas à espera de serem utilizadas numa ex- vados, devem corresponder às dimensões de
posição. O custo dessa operação seria dema- seu futuro passe-partout. Com o critério de
siado alto, por isso o normal é ter essas obras que nunca uma largura de passe-partout
guardadas em folders de conservação e em seja inferior a 7 cm, é mais fácil estabelecer
caixas, e realizar a montagem no momento da formatos padrões idênticos para os folders de
solicitação da obra. Além disso, a montagem conservação e suas respectivas caixas. Uma
quase sempre corre por conta da instituição solução aceitável para obras sobre papel de
que faz a solicitação de empréstimo da obra. tamanho inferior a 70 cm x 90 cm são os
folders abertos por três lados de 80 gramas de
Poucas instituições colecionadoras desse alfacelulose sem ácido, sem corantes e com
tipo de obra podem assumir a realização das uma reserva alcalina de pelo menos 3%.
montagens e das molduras, razão pela qual
nos pareceu útil oferecer alguns conselhos de A experiência demonstra que são indispen-
prevenção que devem ser respeitados para rea- sáveis, pelo menos, quatro formatos padrão,
lizar tais atividades aparentemente simples. cinco no caso de fotografias. Os que supe-
ram o formato padrão maior se denominam
Administrar algumas coleções de desenhos, ‘extraformatos’. Para uma gestão eficaz do
gravuras, cartazes e fotografias requer espaço é importante estabelecer qual é a
estabelecer alguns formatos padrão para porcentagem da coleção suscetível de ser
a montagem do conjunto dos documentos emprestada e que requer, portanto, a padroni-
em folders de conservação armazenados zação de seus formatos. Seria inútil aproveitar
em caixas de conservação. Assim, no caso mal o espaço para coleções que nunca sairão
do empréstimo de uma obra para exposição para exposição.
temporária, ela será retirada de seu folder
para ser montada num passe-partout. Ao Ter uma coleção ‘formatada’ em seu armaze-
retorno da obra se retirará a moldura, e ela namento implica muitas vantagens: possibi-
voltará à caixa que lhe corresponde com seu lidade de ter folders de conservação padrão,
passe-partout. passe-partout padrão, molduras padrão,

292 293

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caixas de transporte padrão, otimizar as ope- Os conservadores mais suscetíveis argumen-
rações de montagem, moldura e remoção da tam que apesar da busca de texturas e cores
moldura etc. de pátina, a moldura metálica acaba ficando
fria e, por isso, não torna agradável a visão da
obra. Ao contrário, os tratamentos e pátinas
Seleção de molduras artificiais sobre madeira sem veio dão uma
calidez que combina com muitas técnicas pic-
Muitas instituições optam por uma moldura tóricas sobre papel. O difícil é conseguir uma
padrão que as identifique e que possa fun- uniformidade no tom da pátina na fabricação
cionar esteticamente para o conjunto de suas de novas molduras. Por esse motivo é preciso
coleções: desenhos, gravuras, aquarelas etc. conservar sempre uma amostra e o código
identificador do tratamento.
As molduras metálicas são apreciadas por sua
neutralidade e por não estarem sujeitas a ata- Os cartazes são emoldurados sempre prescin-
ques de insetos. Sua fabricação permite alguns dindo do passe-partout: as medidas de suas
modelos facilmente reproduzíveis, e, por serem molduras devem ser adaptadas ao tamanho
extremamente finas, têm a vantagem de não exato do cartaz, e a moldura deve ser o me-
criar distorções estéticas em obras que nunca nos visível possível. A cor de fundo do cartaz
estiveram emolduradas, ao mesmo tempo em tem muita importância na seleção da moldura
que cumprem sua função de fixação, como no e por esse motivo é muito difícil encontrar
caso dos cartazes. um só modelo de moldura que seja apropria-
do para uma coleção de cartazes com fundos
Contra elas verificou-se que o tipo mais claros ou escuros.
comum de moldura metálica que o comércio
oferece é o alumínio tratado, que nem sempre
permite a colocação das diversas camadas que Proteção da frente
constituem uma montagem (passe-partout,
proteções de frente e verso etc.), além de não Numerosas instituições recomendam como
ser sempre suficientemente grandes. Para que sistema de proteção frontal a colocação na
se adaptem a grandes formatos, necessitam moldura de um metacrilato de 3 mm para
elementos de reforço que deem rigidez ao os formatos padrão (até 70 cm x 90 cm), à
conjunto, pois do contrário se deformam e exceção das técnicas secas – pastéis e carvões
nem um metacrilato ou um fundo mais grosso –, nas quais não se pode utilizar plástico por
é capaz de cumprir essa função. causa da eletricidade estática do metacrilato.

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Nesses casos recomenda-se o uso de vidros algumas vantagens. No caso dos cartazes a
antirreflexivos de 3 mm e uma separação entre fixação se faz por pressão, com a ajuda de
o vidro e a obra de 1,5 cm no mínimo. dobradiças de papel japonês.

O emprego de vidro antirreflexo de 3 mm é Para o papel-cartão do passe-partout


cada vez mais frequente para realizar o emol- recomenda-se uma espessura de 2,5 mm, para
duramento de todo tipo de obras com dimen- evitar o risco de fricção das obras gráficas em
sões inferiores a 1 m em um de seus lados, mas contato com relevos na proteção frontal. Os
recomenda-se o vidro laminado 3.1.3 ou 4.1.4 papéis-cartão de fundo podem ser ligeira-
para tamanhos maiores. mente menos grossos que os papéis-cartão do
passe-partout. A espessura do papel-cartão
Os cartazes de grandes formatos necessitam de fundo depende das dimensões da obra e do
uma espessura de metacrilato que ofereça reforço referente ao tipo de fundo utilizado.
mais resistência, de 4 mm ou 6 mm, em fun- Pode-se utilizar a mesma qualidade de papel
ção do tamanho. para o passe-partout e o papelão de fundo
e para o folder, isto é, um alfacelulose sem
Existem no mercado metacrilatos antirrefle- ácido, sem corantes, com uma reserva alcalina
xivos, mas tanto o preço como os reflexos de mais de 3%; os mais puristas utilizam o
azulados provocados por eles levaram muitas papelão 100% algodão.
instituições a desistirem de seu uso.
Recomenda-se que o número de inventário
da obra seja escrito sobre o papel-cartão de
Fixação das obras, passe-partout e fundo, em seu ângulo inferior direito, com um
papel-cartão de fundo lápis HB, de modo que se manipule o menos
possível a obra para sua leitura.
Tradicionalmente, os desenhos e gravuras em
museus são montados em pastas de conser-
vação formadas pelo passe-partout e por seu Proteção traseira e a colocação da obra
cartão de fundo, com dobradiças de papel na moldura
japonês e colas de metilcelulose ou de amido
perfeitamente reversível. O uso de cantoneiras Tradicionalmente tem sido utilizado como pro-
de papel ou de poliéster é amplamente utili- teção traseira o foam board, o papelão corruga-
zado para as fotografias. As tiras de poliéster do de PH neutro, mas os polietilenos e polipro-
com adesivo por pressão podem apresentar pilenos alveolares também dão bons resultados.

294 295

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Dependendo do formato, usa-se de 3 mm, 5 mm para evitar dobras, fricção e riscos de rasgos.
etc. de espessura. Já os aglomerados devem ser Trata-se de um papel normalmente muito
proibidos por sua instabilidade química. frágil, que tem de ser introduzido pelo lado
mais comprido da moldura, acompanhado do
É importante levar em conta que os formatos papelão de fundo ou da proteção traseira. As
grandes podem necessitar uma estrutura de laterais da moldura têm de servir de guia para
reforço ou algumas travas que deem rigidez à deslizar o conjunto da montagem até entrar
montagem. A estrutura poderá desempenhar totalmente na moldura.
o papel de nivelador entre os elementos da
montagem e a moldura. Para a colocação na moldura devem ser utili-
zadas de preferência tramelas metálicas mó-
Para pendurar a obra emoldurada na parede veis (nem grampos, nem pregos), para evitar os
mediante um sistema compatível com o de golpes e facilitar a acessibilidade e a retirada
colocação nos trainéis de armazenamento, do documento. Por motivo de segurança, às
aconselha-se a utilização de ganchos de tipo vezes esse sistema de montagem não é utiliza-
americano, que também têm a vantagem de do porque seu desmonte é muito rápido.
permitir sua embalagem sem necessidade de
tirar e pôr fêmeas em cada traslado. Por esse Por último, com a finalidade de impedir que se
motivo os fabricantes de molduras metálicas infiltre pó, chegando até a obra, deve-se selar
deveriam projetar sistemas de ancoragem o pequeno espaço existente entre a proteção
(escora) similares aos penduradores rebatíveis traseira e a moldura. Para isso usam-se as fitas
(tipo americano) das molduras de madeira. adesivas, neutras e reversíveis, de preferência
as de tecido ou de papel.
Quanto à manipulação, é conhecido o cuidado
necessário às obras executadas com técnicas
secas: nunca um pastel pode ser manipulado Proteção dos vidros para a embalagem
voltado para abaixo. Por consequência disso,
sua introdução na moldura necessita a ajuda O trabalho e os testes realizados na Tate
de pelo menos duas pessoas e tem de ser pla- Gallery, em 2005, indicam que o uso de fita
nejada para evitar as situações de risco. adesiva sobre o vidro antes da embalagem
modifica a superfície dos vidros antirrefle-
Da mesma maneira, a colocação de um cartaz xivos, não apresentando uma proteção útil
de grandes dimensões dentro de uma mol- contra batidas além de deixar resíduos. Por
dura metálica requer passos muito medidos esse motivo as obras, quando corretamente

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embaladas, não têm por que estar cobertas rações e as especificações técnicas serão da
por fita adesiva especial – é desnecessário; responsabilidade de um especialista designado
só se realiza essa operação se o proprietário pela instituição.
assim o exige.
É importante recomendar que a empresa que
A limpeza dos vidros se realiza com bioálcool realiza os trabalhos de montagem e emol-
(nem produtos ácidos, nem produtos alcalinos), e duramento das obras seja a mesma que se
a limpeza do metacrilato se faz com os líquidos ocupa da desmontagem dos documentos ao
específicos antiestáticos. Normalmente a lim- final da exposição.
peza se realiza sempre antes da introdução do
documento na moldura, mas se faz necessária
uma segunda limpeza antes de colocar a obra
emoldurada dentro da caixa de embalagem.

Seleção da empresa de montagem dos


documentos

Se o trabalho não for feito pela instituição,


a empresa selecionada para realizar a mon-
tagem dos documentos e a fabricação das
molduras tem que tomar as medidas de cada
uma das obras e executar todas as operações
que requeiram intervenções diretas dentro das
dependências da instituição depositária.

A empresa proporcionará uma equipe de


profissionais com experiência nesse tipo de
trabalho, os quais tenham recebido a devida
formação sobre manipulação de obras de
pequeno e grande porte, que usem luvas de
algodão e que conheçam o sistema de mon-
tagem utilizado na instituição. As indicações
específicas sobre a ordem, a sucessão das ope-

296 297

AECID_113_sd.indd 296 25/05/12 16:25


Bibliografia

BARCLAY, M. H. A conservator’s thoughts regarding po-


licy and travelling exhibitions at the National Gallery
of Canada. Journal of the International Institute for
Conservation, Canadian Group, v.18, 1993.

CARTIER-BRESSON, A.; LAVEDRINE, B.; MARBOT, B. The


exhibitions of photographs = Les expositions de pho-
tographies = Las exposiciones de fotografias. Interna-
tional preservation news, n.17, 1998.

GREEN, T.; HACKNEY, S.; PERRY, R. Breaking glass: percep-


tion and risk. In: ICOM COMMITTEE FOR CONSERVA-
TION, TRIENNIAL MEETING, 14th, The Hague, 12-16
Sept. 2005. Preprints… The Hague (Netherlands); Lon-
don: James & James, 2005.

NF Z 40-010: 2002, Prescripciones de conservación para


los documentos gráficos y fotográficos en el marco de
una exposición. (Norma Francesa).

AECID_113_sd.indd 297 25/05/12 16:25


Anexo 26 zação, a produção e o desenvolvimento da
exposição realizada, de modo que permita
Arquivo da documentação de uma sua consulta de forma ágil em projetos
exposição e conteúdos do relatório futuros. Nem sempre as pessoas encarrega-
final das das diferentes gestões permanecem em
seus cargos, e isso permite que o arquivo
O encerramento de uma exposição e a devo- seja acessível aos especialistas da entidade
lução, aos comodantes, de cada um dos bens encarregados dos diferentes processos.
culturais que a integram são seguidos por um • Conservar cópia daqueles documentos
período em que se deve colocar em ordem o que justificam ou avalizam determinadas
arquivo da documentação utilizada nas dife- atuações ou contratações. Muitos desses do-
rentes fases da sua organização e que deve, cumentos compõem um arquivo que, por ló-
por sua vez, ser acompanhado de um relatório gica, dentro de uma estrutura organizativa,
final da exposição. deve estar sob responsabilidade do pessoal
jurídico e financeiro; no entanto, é desejável
Esse relatório final é um processo que nem que cópias fiquem integradas junto a toda a
todos os organizadores de exposições realizam. documentação gerada no desenvolvimento e
É evidente que é o momento de deixar por na produção da exposição.
escrito uma série de avaliações e um resumo • Acessar com facilidade os formulários pre-
com as conclusões sobre a exposição realizada. enchidos, os orçamentos de determinados
Além do mais, é um procedimento que permite lançamentos, as documentações específicas
controlar a qualidade dos métodos de trabalho de alguns dos comodantes, dados e propos-
da entidade organizadora, razão pela qual se tas de empresas colaboradoras, serviços con-
aconselha sua realização. tratados, endereços e nomes de pessoas de
contato etc. que podem servir de referência
para outro projeto expositivo.
Arquivo de documentação de uma exposição

A realização de um arquivo dessa natureza tem Relatório final de uma exposição


valor inestimável como banco de informação
dos processos que foram realizados e tem O objetivo deste documento é apresentar de
vários objetivos: maneira objetiva uma relação das atividades
• Compilar de maneira sistematizada a infor- relativas à exposição realizada. É um docu-
mação completa sobre a gestação, a organi- mento que permitirá, caso necessário, avaliar e

298 299

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extrair conclusões de alguns indicadores, como Arquivo de documentação de uma exposição 70
Nos museus dependentes da
visitantes, entradas, acompanhamento de Subdirección General de Mu-
seos Estatales do Ministério
atividades educativas etc. Em alguns casos esse Os métodos de realização desse arquivo de- da Cultura da Espanha, o ar-
relatório serve de referência documental para pendem da metodologia interna da instituição. quivo das exposições se inte-
publicações específicas da exposição, nas quais Cada projeto, em função de suas particula- gra na estrutura documental
do museu seguindo o siste-
é possível conhecer determinadas particulari- ridades, vai requerer um arquivo específico, ma de arquivo proposto pela
dades de caráter inovador que ali ocorreram. dependendo do seu alcance; porém, queremos Comissão de Normalização
marcar duas referências neste sentido: Documental de Museus, em
1996. Carretero Pérez et al.
Normalización documental de
Quem o realiza? No caso da Espanha, para os museus estatais70 museos. Madrid: Ministerio de
propõe-se a ordenação e classificação dos Educación y Cultura, 1996.

Ambos os processos, o arquivo da documenta- documentos a partir de séries originadas pelas


ção e o seu relatório final, são de responsabili- funções e áreas orgânicas próprias do museu.
dade do pessoal de exposições, mais exatamen- Cada exposição constituirá um dossiê e nele se
te do coordenador da exposição, que é quem conservarão os documentos em ordem crono-
gerenciou toda a documentação ao longo do logicamente inversa.
seu processo de gestão e desenvolvimento.
Assim, as documentações geradas pela trami-
tação administrativa dos fundos museográficos
A quem está destinado? das exposições serão integradas nesta ordem:

Aos diversos departamentos da instituição


para posteriores consultas e controles internos, Documentação
assim como para o público, se for realizada
alguma publicação com o relatório final. Movimento de fundos

Exposição

O que contém? Exposições externas


Exposições internas
Uma relação dos campos do sistema de arquivo e
dos itens do relatório. Destaque-se que cada ins-
tituição terá sua própria metodologia e que, no
entanto, deverá levar em conta pelo menos essa A documentação relativa a processos de con-
relação de campos de arquivo e de capítulos. servação será integrada nesta ordem:

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71
Ver: Exposiciones tempo- • Projeto Curatorial
rarias: organización, gesti- Conservação
• Pesquisa
ón y coordinación. Madrid:
Secretaría General Técni- Pareceres de restauração – Documental
ca; Subdirección General de Laudos de conservação preventiva – Bíblio-hemerológica
Publicaciones, Información y • Curadoria/Gestão de empréstimos
Documentación, 2006.
Condições ambientais – Colecionadores
Laudos do estado de conservação – Peças descartadas
Informes de trânsito – Peças negadas
– Expediente de obra final
• Convênios
Outra proposta procedente da Subdireção – Colaboração, organização
Geral de Promoção às Belas Artes do Ministério – De comodato
da Cultura espanhol 71 consiste numa lista de • Educação
conteúdos desse arquivo, com os seguintes – Projeto educativo e roteiros
títulos ou capítulos: – Atenção ao público
• Projeto – Voluntariado
• Correspondência com curadores, designers e – Atividades paralelas
coordenadores • Conservação e manejo de obras
• Convênios e acordos de colaboração – Restaurações
• Comodantes/cedentes – Movimentos de obra
• Lista dos objetos – Pareceres de conservação
• Conservação-Restauro • Transportes
• Catálogo • Seguros
• Seguros • Museografia
• Transporte – Design
• Montagem e desmontagem – Catálogo de especificações
• Pessoal de vigilância e atenção ao público – Relatório de montagem
• Divulgação e comunicação • Comunicação
– Difusão
No caso do México não há uma definição da – Relações públicas
ordem a seguir. Cada instituição instaura seus – Editora
critérios de arquivo e coleta de documentação. • Financeiros
Apresenta-se, aqui, a proposta utilizada em • Segurança
algumas instituições museológicas mexicanas: • Evacuação da exposição

300 301

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No Brasil, assim como no México, não existe 5. Restaurações
um modelo predeterminado, cada instituição 5.1 Restaurações nacionais
cria um modelo de acordo com sua experiên- 5.2 Restaurações estrangeiras
cia, necessidade e complexidade da exposição.
6. Produção de réplicas

Itens do relatório final de uma exposição: 7. Design e montagem

A redação do relatório final, assim como o 8. Transporte


arquivo apresentado no item anterior, pode 8.1 Itinerários
ter o formato desejado em cada instituição, 8.2 Empresa(s) de transporte
mas para que desempenhe corretamente sua
função deverá conter pelo menos estes itens: 9. Seguros
9.1 Tipo de apólice
1. Créditos da exposição 9.2 Cobertura
9.3 Valor assegurado por sede
2. Datas e sedes da exposição 9.4 Condições particulares
9.5 Incidentes
3. Formulação expositiva
3.1 Distribuição dos espaços expositivos 10. Segurança

4. Gestão dos empréstimos 11. Audiovisuais


4.1 Peças e instituições comodantes
por sede 12. Material gráfico
4.2 Gestão dos empréstimos 12.1 Catálogo
a) Peças negadas 12.2 Encarte
b) Peças ignoradas 12.3 Merchandising
4.3 Convênios com as instituições 12.4 Folders, entradas e convites
a) Convênios com instituições 12.5 Audioguias
colaboradoras 12.6 Gráfica da exposição
b) Convênios com instituições 12.7 Gráfica publicitária e comunicação
comodantes

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13. Projeto educativo Bibliografia
13.1. Material didático
13.2. Avaliação do projeto educativo CORDELIA, R. Courier speak: a phrase book for couriers of
a) Visitas em grupo museum objects. (Ill.: Anna C. Blomfield). Washington
b) Visitas guiadas (DC) and London: Smithsonian Institution Press, 1993.
c) Visitas escolares
d) Oficinas infantis
e) Ciclo de conferências

14. Estudo de público. Visitantes


a) Enquetes
b) Outros.

15. Inauguração

16. Venda de produtos e objetos promocionais

17. Avaliação dos objetivos da exposição

18. Conservação. Pareceres de conservação,


incidentes

302 303

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Anexo: barra inclinada, a palavra utilizada no México.
Logo nos demos conta de que, devido à grande
Equivalência de termos relacionados quantidade de termos nesta situação, aquela
com exposições: castelhano opção faria com que a leitura fosse prolixa e
(Espanha e México), português pouco atrativa, razão pela qual nos inclinamos
(Brasil), inglês, francês e italiano a escolher como idioma do texto o castelhano
usado na Espanha e fazer uma lista de equiva-
Um dos principais objetivos desta publicação é lências de termos com seu correspondente no
facilitar o entendimento entre profissionais de castelhano do México. É importante salientar
diferentes especialidades. Concluímos a partir de que também existem diferenças entre o México
nossa experiência, que alguns erros no funciona- e o resto dos países da América Latina nos
mento das equipes de trabalho são atribuíveis a quais se fala o castelhano. Finalmente, decidi-
imprecisões linguísticas, a palavras mal traduzi- mos estender a lista de equivalências ao idioma
das ou a palavras de um mesmo idioma que são inglês, francês e italiano, para facilitar o enten-
utilizadas com diferentes sentidos. A palavra cou- dimento com profissionais da União Europeia, e
rier utilizada no Brasil, por exemplo, é o mesmo agora, por ocasião da realização do III Encontro
que comisario no México e correo na Espanha. no Brasil, somamos à lista as equivalências dos
mesmos termos em português do Brasil.
Como o comitê de redação deste documento
foi constituído por pessoas de diferentes lín- Para a correta utilização da lista deve-se lem-
guas maternas (francês, português, castelhano brar que, em primeiro lugar, trata-se de uma
da Espanha e castelhano do México), desde equivalência de termos em diferentes idiomas,
o princípio percebemos que o castelhano da e não um dicionário ou um glossário, já que
Espanha nem sempre empregava os mesmos não se explicam os significados dos mesmos.
termos que o castelhano do México para de-
nominar as mesmas coisas. Em alguns casos, os Os termos se encontram distribuídos em
termos ali empregados são traduções literais ao seis grupos e, dentro destes, são ordenados
castelhano de vozes anglo-saxônicas utilizadas alfabeticamente pela palavra em castelha-
nos Estados Unidos. Como, por exemplo, cura- no que se utiliza na Espanha. A coluna mais
dor que procede de curator. próxima mostra a equivalência do termo usado
no México e as quatro seguintes estão dedica-
Estas diferenças nos fizeram elaborar os primei- das ao português, inglês, francês e italiano. Os
ros escritos utilizando a palavra no castelhano grupos são respectivamente: 1. Profissionais,
da Espanha e, em seguida, separada por uma 2. Documentos administrativos e de gestão,

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3. Elementos de embalagem e transporte, plástico que os manipuladores, pelo menos na
4. Elementos de montagem de exposição, 5. Espanha, utilizam para facilitar a remoção de
Espaços e mobiliário museográfico, 6. Sistemas objetos muito pesados. O mesmo ocorre com
de medição e controle. termos como Tyvek, Artsorb, Mylar ou Melinex.

Outro aspecto que queremos destacar é que - A palavra Sílica Gel representa uma família
não se trata de uma lista exaustiva; contém de materiais tampão, que pode incorporar ou
aqueles termos que emergiram no decurso não um indicador de cor. Art sorb é um nome
das reuniões de trabalho para a criação desta comercial representativo de outro tipo de
publicação e na experiência profissional dos material tampão, que geralmente se apresenta
membros do comitê de redação. em bobinas, em folhas ou em caixas. Existem
muitos outros tipos de materiais tampão que
Finalmente, é preciso explicar que, para cada podem ser utilizados em museus, alguns dos
caso, foi escolhida a palavra - dentre algu- quais são sais solúveis ou argilas.
mas opções possíveis - que nos pareceu mais
representativa, sem levarmos em conta se é - Selecionamos o termo Bastidor de movi-
um substantivo, um adjetivo que o qualifica, mento, para denominar a estrutura que se
uma marca comercial habitual ou, inclusive, coloca para movimentar quadros de grandes
um termo “estrangeiro” (fundamentalmente dimensões ou que apresentam certas ca-
anglicismos e galicismos), mas de uso comum. racterísticas de fragilidade no contorno de
Estamos conscientes de que, em alguns casos, seu perímetro. Descartamos a denominação
existe uma palavra em castelhano com o de contramarco de viagem, porque nem sem-
mesmo significado, mas cuja denominação não pre o quadro no qual o colocamos está com
é de uso generalizado entre os profissionais da marco (moldura), e nem sempre o colocamos
área. Esse fato pode ser constatado claramente com o objetivo de viagem.
com alguns exemplos:
- Data logger é uma denominação comum em
- Para a palavra francesa passe-partout existe todo o mundo para referir-se aos equipamen-
um termo castelhano (maría luisa) que não é tos de medição de dados ambientais, cons-
mais utilizado e que muitos sequer conhecem. tituídos por vários sensores que registram os
dados e os armazenam numa unidade central.
- A marca comercial Simona (empresa dedica- Por isso decidiu-se escolher este termo como
da à fabricação de plásticos e termoplásticos) índice. A palavra sonda registradora é aceita
tem substituído as rampas de material termo- também, embora, estritamente, a sonda se

304 305

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refira somente ao elemento sensível ao fator restaurador a privilegiar sempre as tarefas de * Esta tabela não apresenta equi-
que queiramos medir, isto é, existem sondas conservação preventiva. Por fim, também para valência para os termos cura-
dor, museólogo e museógrafo,
de temperaturas, sondas de umidade relativa, que o termo seja identificado pelos espanhóis conforme corpo teórico utili-
sondas de lux ou sondas de radiação UV. que o denominam conservador, em tradução zado no Brasil.
direta do anglo-saxão conservator, profissio-
- Com relação ao conservador-restaurador, nal que se ocupa da conservação das coleções
decidiu-se utilizar a união dos termos por em seu aspecto físico. Deste modo, tampouco
diferentes motivos. Em primeiro lugar porque se confunde com o profissional encarregado
assim o adotaram as associações de profis- do cuidado conceitual das coleções e que na
sionais europeias. Em segundo lugar porque Administração Geral do Estado espanhol se
o ICOM, em seus últimos estatutos, obriga o denomina Conservador de Museos.

Profissionais *

Castelhano Castelhano
Português Inglês Francês Italiano
(Espanha) (México)

general ma- directeur de


administrador administrador administrador amministratore
nager l’administration

agente local de transportadora


corresponsal de local transport transporteur trasportatore
transporte/ local/ empresa
transporte company local locale
corresponsal correspondente

agente de agente de despachante agent des agente di


customs broker
aduanas aduanas aduaneiro douanes dogana

agente de
agente de agente de agent de dé- agente di
rampa/ ramp agent
rampa rampa barquement rampa
agente de pista

aseguradora/ seguradora/
insurance compagnie compagnia di
compañía de aseguradora companhia de
company d’assurance assicurazione
seguros seguros

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comisario de curador de exhibition commissaire de curatore
curador
exposición exposiciones curator l’exposition scientifico

conservador de curador de responsável collection conservateur de


conservatore
museos colecciones pelo acervo curator musée

conservador- conservador- conservateur- conservatore


conservador conservator
restaurador -restaurador restaurateur -restauratore

coordinador de coordinador de coordenador de exhibition coordinateur de coordinatore


exposiciones exposiciones exposições coordinator l’exposition della mostra

corriere/ acom-
correo comisario courier courier convoyeur
pagnante

destinatario destinatario destinatário recipient destinataire destinatario

museógrafo/
diseñador de expógrafo/ exhibition designer progettista/
museógrafo
exposiciones designer de designer d’expositions designer
exposição

diseñador diseñador designer graphic concepteur


designer grafico
grafico grafico gráfico designer graphique

embalador embalador embalador packer emballeur imballatore

escolta de la escorte de
escolta escolta policial police escort scorta di polizia
policía police

jefe de jefe de chefe de chef de la responsabile


security chief
seguridad seguridad segurança sécurité della sicurezza

jefe de mante- jefe de chefe de head of chef de responsabile del


nimiento mantenimiento manutenção maintenance l’entretien mantenimento

306 307

AECID_113_sd.indd 306 25/05/12 16:25


guardia de guardia de agent de la guardia di
segurança security guard
seguridad seguridad sécurité sicurezza

manipulador de manutention- manipulatore


estibador carregador cargo handler
carga naire de cargo de carico

personal/ contractor
empresa
empresa empresa from an prestataire de personale/ ditta
externa
externa terceirizada outside service service apaltata
contratada
contratada company

quadro de staff/ in-house personnel personale


plantilla plantilla
pessoal personnel interne interno

comodante/
prestador comodante lender prêteur prestatore
cedente/

prestatario/ solicitante/ prenditore a


prestatario borrower emprunteur
comodatario comodatário prestito

proprietário/
propietario/ propietario/ owner/ propriétaire/ proprietario/
colecionador/
depositario depositario custodian dépositaire dipositario
depositário

personal de catalogador/
registrador museum régisseur registratore
registro de documentalista
de museo register de musée di musei
museo de museu

remitente/ remetente/ consignor/


remitente expéditeur spedizioniere
embarcador exportador shipper

responsable de responsable de responsável head of chef responsabile


exposiciones exposiciones pela exposição exhibitions d’exposition d’esposizione

vigilante vigilante/
custodio room guard agent d’accueil vigilante di sala
de sala segurança

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Documentos administrativos e de gestão

Castelhano Castelhano
Português Inglês Francês Italiano
(Espanha) (México)

análisis de análisis de análise de analyse de analisi di


risk analysis
riesgos riesgos riscos risques rischio

recibo de outgoing/ inco- verbale di


acta de entrega acta de entrega reçu d’œuvre
entrega ming receipt consegna

archivo de archivo de base de données scheda banca


banco de dados works database
datos de obras datos de obras sur les œuvres dati delle opere

carta/ for-
carta de carta de
mulário de demande lettera di
solicitud de solicitud de loan request
solicitação de de prêt prestito
préstamo préstamo
empréstimo

concurso concurso concorrência public bid/ ten- appel d’offre des


gara publica
publico público pública ding process marchés publics

condiciones condiciones condições condizione


conditions spé-
especificas de especificas de específicas de specific condi- specifica di
cifiques de prêt
préstamo por préstamo por empréstimo tions for loan prestito per
par œuvre
obra obra por obra oppere

condiciones condiciones condições conditions condizione


general condi-
generales de generales de gerais de em- générales de generale di
tions for loan
préstamo préstamo préstimo prêt prestito

convenio de contrato de termo de em- convenio di


loan agreement contrat de prêt
préstamo comodato préstimo prestito

contrato o póli- convenio o pó- apólice de insurance agree- police polizza assicu-
za de seguro liza de seguro seguro ment or policy d’assurance rativa

Indemnité
dietas viáticos diária/ per diem per diem per diem
journalière

dossier de carpeta promo- dossiê da expo- promotion dossier dossier della


exposición cional sição folder d’exposition mostra

formulario de formulario de formulário de conditions spé- scheda di


loan form
préstamo préstamo empréstimo cifiques de prêt prestito

308 309

AECID_113_sd.indd 308 25/05/12 16:25


garantía termo de res-
fianza deposit caution acconto
provisional ponsabilidade

informe de
estado y reporte de
condition condition re- constat d’état scheda sanita-
condiciones de condición/
report/ laudos port for works de l’œuvre d’art ria dell’opera in
conservación dictamen de
técnicos of art in transit en transit transito
de la obra en obra
tránsito

scheda requisiti
informe de informe de rapport
facilty report facilities report tecnici dell’in-
instalaciones Instalaciones d’installation
stallazione

instrucciones instrucciones instruções de packing ins- instructions instruzione di


de embalaje de embalaje embalagem tructions d’embalage emballagio

mesa de con- junta de valu- processo de bargaining processo di


consultation
tratación ación contratação table contrattazione

catálogo de
pliego de documento
conceptos y technical requi- cahier des prescrizioni
prescripciones de normas
requerimientos rements list charges tecniche
técnicas técnicas
técnicos

préstamo comodato empréstimo loan prêt prestito

packing list/
relación de lista de obra lista di
relação de packing list liste de colisage
embalaje por embalaje emballagio
caixas

relación de los relación de los packing case liste des élé-


packing packing
elementos en elementos en list/ relação de ments dans la
case list case list
la caja la caja obras por caixa caisse

seguro clavo seguro de clavo seguro prego insurance nail assurance clou assicurazione
a clavo a clavo a prego to nail a clou chiodo a chiodo

dependencia estatuto da institution statut de statuto della


titularidad
administrativa instituição statement l’institution istituzione

valoración avalúo avaliação value cote valutazione

AECID_113_sd.indd 309 25/05/12 16:25


Elementos de embalagem e transporte

Castelhano Castelhano
Português Inglês Francês Italiano
(Espanha) (México)

asas asas alças handles poignées manico

travelling fra-
bastidor de bastidor de bastidor de cadre de telaio per il
me/ strainer of
movimiento movimiento movimento transport movimento
movement

burlete burlete guarnição gasket bourrelet guarnizione

caja caja caixa crate caisse casa

carretilla de 4 carretilla de 4 carrinho de 4 chariot de 4


dolly dolly
ruedas ruedas rodas/ dolly roues

cartón cartón papelão corrugated


carton ondulé cartone ruvido
corrugado corrugado corrugado cardboard

cartón triplex cartón triplex papel tríplex triplex carboard carton triple cartone triplo

cincha/ eslinga cincha/ eslinga cinta strap/ sling sangle/ élingue cinghia

cinta adhesiva cinta adhesiva fita adesiva bande adhésive nastro adesivo
glass tape
siliconada siliconada siliconada pour le verre da vetro

contenedor contenedor contêiner flight case flight case flight case

contenedor de contenedor de container de container nel


contêiner container
bodega bodega soute aereo

deslizador/ deslizador/ stecche di


rampas sliding supports les paras
simona simona legno, nylon

embalaje embalaje embalagem packing emballage imbalaggio

espuma de
espuma de espuma de mousse de schiuma am-
imobilização/ foam pad
inmovilización inmovilización calage mortizzante
ethafoam

film barrera al film barrera al filme imper- water vapour film pellicola imper-
vapor de agua vapor de agua meabilizante barrier film imperméable meabile

guantes guantes luvas gloves gants guanti

gel de sílice gel de sílice sílica gel silica gel gel de silice silicagel

310 311

AECID_113_sd.indd 310 25/05/12 16:25


grúa de sala grúa de sala grua room crane grue de salle gru

materiales de materiales de materiais de matériaux materiale da


packaging
embalaje embalaje embalagem d’emballage imbalaggio

material tam- material tam- material tam- matériel tam- materiale


buffer material
pón pón pão pon tampone

marcaje y marcaje y marcação e marking and marquage et marcatura e


etiquetaje etiquetaje etiquetagem labelling étiquetage etiquetatura

neopreno neopreno neoprene neoprene néoprène neoprene

palet europeo palet europeo palet european pallet palet européen europallet
(80 x 120 cm) (80 x 120 cm) (80 x 120 cm) (80 cm x 120 cm) (80 cm x 120 cm) (80 x 120 cm)

patines patines carrinho skates ski pattini

plástico de plástico de plastique à


plástico bolha bubble wrap millebolle
burbujas burbujas bulles

polea polea polia pulley poulie carrucola

sistema de polias paranco o


polipasto polipasto chain hoist palan a chaine
fixas e móveis carrucola

poliéster poliéster poliéster polyester polyester poliestere

poliestireno poliestireno poliestireno expanded polystyrène polistirene


expandido expandido expandido polystyrene expansé espanso

polietileno polietileno polietileno corrugated polyéthylène polietileno


corrugado corrugado corrugado polyethylene alvéolaire alveolato

polipropileno polipropileno polipropileno polypropylene polypropylène polipropilene

poliuretano poliuretano poliuretano polyurethane polyuréthane polieuretano

precintos precintos lacres seals scellés sigilli

protección protección proteção protection retro-prote-


backboard
trasera trasera traseira au dos zione

puente grúa puente grúa ponte/ grua bridge crane pont grue ponte gru

silicona neutra silicona neutra silicone neutro neutral silicon silicone neutre silicona neutra

suspensión suspensión suspensão air-ride suspen- suspensions sospensione


neumática neumática pneumática sion pneumatiques pneumatica

AECID_113_sd.indd 311 25/05/12 16:25


traspaleta/ traspaleta/
elevador de élévateur à elevatore a
elevador de elevador de forklift
forquilha fourche forcale
horquilla horquilla
tecido não- non-woven tessuto no
tejido no tejido tejido no tejido tissus non tissé
-tecido – TNT textile tessuto
tyvek tyvek tyvek tyvek tyvek tyvek

Espaços e mobiliário museográfico

Castelhano Castelhano
Português Inglês Francês Italiano
(Espanha) (México)

área/ espaço zone ambito


ambito ámbito/ sección section
expositivo d’exposition d’esposizione

ascensor hi- ascensor hi- elevador hi- ascenseur ascensore


hydraulic lift
dráulico dráulico dráulico hydraulique idraulico

delimitador/ cordão de cordon de catena di


catenaria barrier rope
barrera segurança sécurité sicurezza

ménsula ménsula console corbel console mensola

metacrilato/
metacrilato metacrilato methacrylate méthacrylique matacrilato
plexiglás

quai de
muelle de carga andén de carga docas loading dock chargement/ molo di carrico
débarcadère

peana base pedestal/ base pedestal socle pedana

puerta de puerta de porta di


porta de entra- shipping/ recei- porte du
entrada del entrada del ingresso alla
da de carga ving door débarcadère
muelle andén zona di carico

salas de trânsito/
salas de reser- bodega de salles de
reserva de obras storage area magazzini
va/almacén obras réserve
em trânsito

espaço expo- temporary salles sale di esposi-


salas de exposi- salas de exposi-
sitivo/ salas de exhibition d’exposition zione tempo-
ción temporal ción temporal
exposição galleries temporaire ranea

312 313

AECID_113_sd.indd 312 25/05/12 16:25


sala de sala de sala de recep-
shipping and salle de récep- sala di embal-
recepción y recepción y ção/ sala de
receiving room tion des caisses laggio
desembalaje desembalaje desembalagem

muro museo-
tabique painéis partition cloison parete divisoria
gráfico

tarima tarima estrado platform plateforme rialzo

vástago vástago pino/ eixo rod tige asso

vitrina exenta/ vitrine/ redo- free-standing vetrina tipo


vitrina exenta vitrine cloche
de tipo urna ma/ cúpula case/ showcase urna

wall/ permanent
vitrina mural nicho vitrine vitrine murale vetrina a muro
case/ showcase

rampa rampa rampa hand rail/ ramp rampe rampa

Materiais de montagem de exposição

Castelhano Castelhano
Português Inglês Francês Italiano
(Espanha) (México)

alcayata/ cán- escápula/ hatchet/ square


alcayata crochet gancio/ uncino
camo gancho bracket

anclaje de herraje de aplicação de renfort de sé- riforzo di sicu-


additional se-
seguridad su- seguridad su- reforço de curité mécani- rezza mecanica
curity bracket
plementario plementario segurança que sur l’œuvre sul opera

arandela/
arandela arruela washer rondelle rondella
rondana

atril/ cama atril/ cama atril stand/ book rest lutrin leggio

ángulo de ángulo de ângulo de angle angolo


opening angle
apertura apertura abertura d’ouverture d’apertura

bisagra de bisagra de dobradiça de japanese paper charnière de cerniera in car-


papel japonés papel japonés papel japonês hinge papier japon ta giapponese

cable de acero cable de acero cabo de aço steel cable câble d’acier cavo in acciaio

cartela cedula etiqueta label cartel cartello

AECID_113_sd.indd 313 25/05/12 16:25


papel-cartão neutral card-
cartón neutro cartón neutro carton neutre cartone neutro
neutro board

durmiente/ dormente/
support to the elément de sostegno/appo-
soporte corrido soporte corrido suporte para
wall soutien au mur gio al muro
al muro a parede

escuadra escuadra mão francesa angle bracket équerre squadra

pattes
argola/ gancho
colgador con colgador de ring shaped d’accrochage anello da
de pendurar
anillo abatible anillo abatible hanging hook à anneaux a aggancio
tipo americano
l’américaine

garra/ uña garra/ uña garra clamp pince gancio

garra/ uña garra/ uña steel clamp pince d’acier gancio in ac-
garra em aço
de acero con de acero con with oval hole avec perfora- ciaio con buco
com corrediça
corredera de corredera de and adjustable tion ovale et vis ovale e vite a
ajustável
ajuste ajuste screw ajustable pressione

hembrilla/
armella pitão screw hook piton gancetto
armella

marco marco moldura frame cadre cornice

metacrilato plexiglás metacrilato methacrylate méthacrylate metacrilato

mylar/ melinex mylar mylar/ melinex mylar/ melinex mylar/ melinex mylar/ melinex

papel engomado papel engomado papel gomado gummed paper Papier gommé carta gommata

maria luisa/
passe-partout passe-partout passe-partout passe-partout passe-partout
ventana

perfil de aço/
perfil de acero perfil de acero moldura de steel bracket profil d’acier profilo d’acciaio
alumínio

perno/ vástago perno escápula dowel/ rod tenon perno

pestaña de pestaña de película de self adhesive bande de poly- poliestere con


poliéster auto- poliéster auto- poliéster auto- polyester hin- ester avec bord bordo autoa-
adhesivo adhesivo adesiva ges ties autoadhésifs desivo

314 315

AECID_113_sd.indd 314 25/05/12 16:25


PET (polyethyl- PET (polyéthy-
PET (tereftalato PET (tereftalato PET (tereftalato PET (polietileno
ene terephta- lène téréphta-
de polietileno) de polietileno) de polietileno) tereftalato)
late late)

pletina metálica pletina metálica placa de metal metal plate plaque de métal lastra metalica

piezas para herrages para material para hanging har- matériel materiale di
colgar colgar pendurar dware d’accrochage aggancio

poli carbonato poli carbonato policarbonato polycarbonate polycarbonate policarbonato

silicona silicona silicone silicone silicone silicone

silicona neutra silicone neutro neutral silicon silicone neutre silicona neutra
silicona neutra
en lamina em lâmina foil en feuille en lamina

taco taquete calço plug taquet tasselo

tela engomada tela engomada tela gomada gummed cloth toile gommée tela gommata

texto de
texto de ámbito cedula temática text wall textes de salle tassello
parede/ plóter

tornillo de tornillo de parafuso de boulon de


security screw vite di sicurezza
seguridad seguridad segurança sécurité

tornillo y tornillo y porca e congegno a


nut and bold boulon et écrou
tuerca tuerca parafuso vite m/f

tornillo con tornillo con parafuso com screw with boulon et écrou vite a dado
tuerca ciega tuerca ciega porca cega cap nut aveugle ceco

varilla roscado perno roscado pino com rosca threaded rod tige filetée stelo filettato

tutore in
vástago/ tutor vástago pino/ escora prop/ support support/tuteur
acciaio

vidrio de vidrio de vidro de verre de vetro di


safety glass
seguridad seguridad segurança sécurité sicurezza

AECID_113_sd.indd 315 25/05/12 16:25


Sistemas de medição e controle

Castelhano Castelhano
Português Inglês Francês Italiano
(Espanha) (México)

circuito cerrado circuito cerrado circuito fecha- closed circuit TV a circuito


circuit TV fermé
de TV (CCTV) de TV (CCTV) do de TV TV chiuso

sistema de air conditionné


climatizador climatizador air conditioner climatizzatore
climatização avec contrôle
con control de con control de with humidity per il controllo
com controle de la tempé-
temperatura y temperatura y and temperatu- dell’ umidità e
de temperatura rature et de
humedad humedad re control la temperatura
e umidade l’humidité

contactos contactos contatos contacts contatti


magnetic
magnéticos de magnéticos de magnéticos de magnétiques magnetici di
contacts
seguridad seguridad segurança de sécurité sicurezza

valor de con- valeur de valori de con-


consigna consigna pre-set
signação consigne segna

data-logger/ data-logger/ data-logger/


Sonde d’enre-
sensor con sensor con sensor com
data-logger gistrement de data-logger
equipo de equipo de equipamento
tº/HR
registro registro de registro

detector de detector de detector de détecteur de rilevatore di


smoke detector
humo humo fumaça fumée fumi

détecteur de
detector de detector de detector de passive infrared rilevadore di
mouvement
movimiento por movimiento por movimento por motion detec- movimento per
d’Infrarouges
IR pasivos IR pasivos IR passivos tor IR passivi
passif

detector de detector de detector de détecteur de


ultrasonic mo- rilevatore di
movimiento por movimiento por movimento por mouvement à
tion detectors ultrasuoni
ultrasonidos ultrasonidos ultrassons ultrason

fibra óptica fibra óptica fibra óptica fiber optic fibre optique fibra ottica

filtros de partí- filtros de partí- filtros de partí- filtre à pous- filtro per la
dust filters
culas culas culas sières polvere

316 317

AECID_113_sd.indd 316 25/05/12 16:25


filtro químico/
filtro químico filtro químico gas filter filtre de gaz filtro chimico
filtro de gás

filtro UV filtro UV filtro UV UV filter filtre UV filtro UV

filtros de luz filtros de luz filtros de luz visible light filtre de lumière filtro luce
visible visible natural filters naturelle naturale

gel de sílice gel de sílice sílica gel silica gel gel de silice silicagel

shart of
gráficas de gráficas de gráficos de graphique grafici
temperature
humedad y humedad y umidade e d’humidité et d’umidità e
and relative
temperatura temperatura temperatura température temperatura
humidity

iluminación iluminación iluminação lighting éclairage illuminazione

luxómetro luxómetro luxímetro luxometer luxmètre luxometro

lumière fluores-
luz fluorescente luz fluorescente luz fluorescente fluorescent luci fluorescenti
cente

luz incandes- luz incandes- luz incandes- lumière incan- luci a incandes-
incandescent
cente cente cente descente cenza

plan de plan de plano de emer- plan d’urgence piano


emergencia de emergencia de gência em caso disaster plan en cas de d’emergenza en
desastre desastre de sinistro sinistre caso de sinistro

plan de emer- plan de emer- plano de emer- piano


emergency plan plan d’urgence
gencia gencia gência d’emergenza

polución polución poluição pollutants polluants inquinamento

procedimiento procedimiento procedimento


procédure procedura
de emergencia de emergencia de emergência fire emergency
d’urgence en d’emergenza in
en caso de en caso de em caso de procedure
cas d’incendie caso di fuoco
fuego fuego fogo

procedimiento procedimiento procedimento procédure procedura


flood emer-
de emergencia de emergencia de emergência d’urgence d’emergenza in
gency proce-
en caso de en caso de em caso de en cas caso di inunda-
dure
inundación inundación inundação d’inondation zione

AECID_113_sd.indd 317 25/05/12 16:25


portable riscaldamento
radiador eléc- calefactor/ ra- radiador elé- radiateur élec-
electric heating elettrico por-
trico diador eléctrico trico trique portable
device tatile

refletor de IR
reflector de IR reflector de IR IR reflector réflecteur d’IR reflettore de IR
(infravermelho)

sensor de sensor de sensor de indicateur de indicadtore di


shock watch
impacto impacto impacto choques shock

sensor de
sensor de sensor de
inclinação (tilt tilt watch tilt watch tilt watch
vuelco vuelco
sensor)

sistema de sistema de sistema de environmental système de


misurazione di
medición am- medición am- medição am- monitoring mesure de l’en-
shock
biental biental biental system vironnement

sistema cen- sistema cen- sistema système centra-


HVAC centrali- sistema cen-
tralizado de tralizado de centralizado lisé de control
zed temperatu- tralizzato per il
control de la control de la de controle da de la tempéra-
re and humidity controllo dell’
temperatura y temperatura y temperatura e ture l’humidité
control system umidità
de la humedad de la humedad da umidade relative

sistema cen- sistema cen- sistema système centra- sistema cen-


centralized
tralizado de tralizado de centralizado lisé de contrôle tralizzato per il
temperature
control de la control de la de controle da de la tempéra- controllo della
control system
temperatura temperatura temperatura ture temperatura

termohigró- termohigró- termo-higró- thermohigro- thermohygro- thermohigro-


grafo grafo grafo graf graphe grafo

unité d’air con-


unidad portátil unidad portátil ar-condiciona- air conditioning unità portatile
ditionné pour
frio/calor frio/calor do frio/calor window units freddo/caldo
fenêtres

318 319

AECID_113_sd.indd 318 25/05/12 16:25


Encontros Profissionais

Rosalía Cuevas Margarita Montaño


I Encontro sobre Tratamento de Bens Restauradora, Vice-diretora Técnica do Centro Nacional Restauradora, Coordenação Nacional de Conservação do
Culturais em Exposições Temporárias de Conservação e Registro do Patrimônio Artístico Mó- Patrimônio Cultural – Inah
vel – Inba
Outubro de 2006. Cidade do México. Centro Cultural da Magdalena Zavala
Espanha (AECID) no México Mª de Lourdes Gallardo Historiadora, Diretora do Museo Estudio Diego Rivera – Inba
Restauradora perita, Museo del Templo Mayor – Inah
Coordenadores: Benoit de Tapol
Julieta Giménez-Cacho Químico e restaurador, Museo Nacional de Arte de Cata-
Charo Fernández Diretora Geral Adjunta do Museo Franz Mayer luña – Mnac, Espanha
Restauradora. ROA ESTUDIO S.C. Junta directiva GEIIC

Fernando Arechavala Lascurain Víctor Hugo González Rocío Bruquetas


Museógrafo. México Museógrafo, Vice-diretor do Museo Nacional del Virreina- Restauradora, Instituto do Patrimônio Histórico Espanhol
to – Inah – Iphe, Espanha

Secretaria técnica do Encontro:


Esther de la Herrán Silvia Villanueva
Silvia Villanueva
Museóloga, Diretoria Geral de Artes Visuais – Unam Coordenadora de exposições, Sociedad Estatal para la Ac-
ción Cultural Exterior – Seacex, Espanha
Víctor Hugo Jasso
Participantes das jornadas técnicas: Museógrafo, Diretor de Museus, Coordenação Nacional de
Museus e Exposições – Inah
Rossana Calderón
Restauradora, Vice-diretora de Inventários do Patrimônio Gabriela Eugenia López
Cultural, Coordenação Nacional de Museus e Exposições Historiadora da Arte, Coordenadora Nacional de Artes
– Inah Plásticas – Inba

Mª del Carmen Castro Teresita López


Restauradora, Coordenação Nacional de Conservação do Restauradora, Coordenação Nacional de Conservação do
Patrimônio Cultural – Inah Patrimônio Cultural – Inah

Carlos Córdova Mª Eugenia Marín


Diretor Geral da empresa de transporte especializada em Restauradora, Coordenação Nacional de Conservação do
arte Córdova-Plaza S.A. de C.V. Patrimônio Cultural – Inah

Noemí Cortés Antonio Méndez


Restauradora, Vice-diretora de Museologia, Coordenação Gestor cultural, Vice-diretor da Coordenação Nacional de
Nacional de Museus e Exposições – Inah Artes Plásticas – Inba

AECID_113_sd.indd 319 25/05/12 16:25


II Encontro sobre Tratamento de Bens Belén Bartolomé Teresa Lascasas
Culturais em Exposições Temporárias Diretora de exposições, Sociedad Estatal para la Acción Coordenadora de exposições, Sociedad Estatal para la Ac-
Cultural Exterior – Seacex ción Cultural Exterior – Seacex

Dezembro de 2007. Madri. Museo Nacional Centro de Arte


Carolina Beltrán Maria Teresa León
Reina Sofía.
Unidade de coordenação e programação de exposições, Restauradora, Museo Textil, Universidad Complutense
Museo del Ejército. Madri
de Madrid
Coordenadora:
Josefina Blanca
Charo Fernández Miguel Angel Lorite
Diretora de exposições, Fundación Caja Madrid
Restauradora. ROA ESTUDIO S.C. Junta directiva GEIIC Diretor da empresa Intervento S.L. Madri

Beatriz Blasco
Secretaria técnica do Encontro: Paloma Martín
Professora da Faculdade de História da Arte, Universidad
Ana Monereo Complutense de Madrid Coordenadora de exposições, Fundación Caja Madrid

Aránzazu Borraz Susana Martínez-Garrido


Colaboradores do México:
Conservadora de museus, Assessora Técnica, Museo del Coordenadora de exposições
Fernando Arechavala Lascurain Ejército. Madri
Museógrafo, Coordenador no México Mª del Valme Muñoz
Laura Ceballos Chefe do departamento de conservação e pesquisa, Mu-
Rosalía Cuevas
Restauradora, Instituto do Patrimônio Histórico Espanhol seo Bellas Artes de Sevilla
Participante do grupo de trabalho do México
– Iphe. Madri
Ana Parra
Maria Luisa Cuenca Restauradora, ROA Estudio S.C. Madri
Participantes na revisão dos formulários Chefe da área de difusão, Biblioteca Nacional. Madri
e documentos incluídos nos anexos: Cristina Pérez-Marín
Eloisa Ferrari
Coordenadora de exposições, Comunidad de Madrid
Coordenadora de exposições, Sociedad Estatal para la Ac-
Espanha:
ción Cultural Exterior – Seacex
Juan Pablo Rodríguez Frade
Esther Alegre Arquiteto. Frade Arquitectos S.L.
Isabel García
Restauradora, Biblioteca Nacional. Madri Professora da Faculdade de Belas Artes, Universidad Com-
plutense de Madrid Arsenio Sánchez
Leticia Azcue Restaurador, Biblioteca Nacional. Madri
Chefe da Conservação de Esculturas e Artes Decorativas, Erik de Giles
Museo del Prado, Madri Coordenador de exposições, Fundação Residência de Es- Marta Sánchez
tudantes. Madri Restauradora. ROA Estudio S.C. Madri

320 321

AECID_113_sd.indd 320 25/05/12 16:25


Isabel Serrano i Varea-Bernat Víctor Hugo Jasso
Secretária da Junta de Qualificação, Valorização e Exporta- Museógrafo, Diretor do Museo Histórico de Acapulco
III Encontro sobre Tratamento de Bens
ção de Bens do Patrimonio Cultural da Catalunha Fuerte San Diego – Inah Culturais em Exposições Temporárias

Gabriela Eugenia López Novembro de 2008. São Paulo. Pinacoteca do Estado de


Concha Vela
Historiadora da Arte, Diretora Técnica da Coordenação São Paulo.
Conservadora, Conselheira Técnica. Museo del Prado. Madri
Nacional de Museus e Exposições – Inah Coordenadora:
Silvia Villanueva
Charo Fernández
Coordenadora de exposições, Sociedad Estatal para la Ac- Teresita López
Restauradora. ROA ESTUDIO S.C. Junta directiva GEIIC
ción Cultural Exterior – Seacex Restauradora, Coordenação Nacional de Conservação do
Patrimônio Cultural – Inah
Secretaria técnica do Encontro:
Centro Cultural da Espanha em São Paulo – CCESP
México: María Eugenia Marín
Base7 Projetos Culturais
Restauradora, Coordenação Nacional de Conservação do
Patrimônio Cultural – Inah
Rossana Calderón Colaboradores da Espanha:
Restauradora, Coordenação Nacional de Conservação do
Antonio Méndez Paloma Muñoz-Campos
Patrimônio Cultural – Inah
Gestor cultural Conservadora de Museus. Museu Nacional de Artes
Decorativas – MNAD
Carlos Córdova
Magdalena Zavala
Diretor Geral da empresa de transporte especializado em Benoit de Tapol
Historiadora, Diretora do Museo Estudio Diego Rivera – Inba
arte Córdova-Plaza S.A. de C.V. Químico e restaurador, Museu Nacional de Arte da
Catalunha – MNAC

Noemí Cortés Jorge García


Restauradora, Escola Nacional de Conservação, Restau- Restaurador. Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofía
ração e Museografia “Manuel del Castillo Negrete” – Inah – MNCARS

Rosalía Cuevas Colaboradores do México:


Restauradora, Vice-diretora Técnica do Centro Nacional
Fernando Arechavala Lascurain
de Conservação e Registro do Patrimônio Artístico Mó-
Museógrafo, Coordenador no México
vel – Inba
Julieta Giménez-Cacho
Julieta Giménez-Cacho Secretaria Técnica de Programación y Asuntos Interna-
Diretora Geral Adjunta, Museo Franz Mayer cionales – Unam

Víctor Hugo Jasso


Víctor Hugo González Museógrafo, Diretor do Museo Histórico de Acapulco
Vice-diretor de Museografia, Munal – Inba Fuerte San Diego – Inah

AECID_113_sd.indd 321 25/05/12 16:25


Participantes nas jornadas técnicas: Regina Maria Franco Viesi Juliana Monteiro
Coordenadora do Núcleo de Conservação. Pinacoteca do Museóloga. Sistema de Museus do Estado de São Paulo /
Estado de São Paulo / Secretaria de Estado da Cultura, Secretaria de Estado da Cultura, São Paulo
Brasil: São Paulo
Maria Eugênia Saturni
Márcia Augusto Ribeiro Eugenia Gorini Esmeraldo Museóloga. Base7 Projetos Culturais, São Paulo
Museóloga. Museu da Imagem e do Som do Estado de São Museóloga. Museu de Arte de São Paulo Assis Chateau-
Paulo – MIS, São Paulo briand – Masp, São Paulo Maria de Simone Ferreira
Museóloga. Museu de Arqueologia de Itaipu – MAI / Iphan
Isis Baldini Elias Daniel Heymeyer / MinC, Niterói
Conservadora-restauradora. Diretora da Divisão de Acer- Arquiteto. Arquitetura do espaço expositivo. Instituto do
vo, Documentação e Conservação do Centro Cultural São Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – Iphan Elaine de Souza Carrilho
Paulo / Secretaria Municipal de Cultura – CCSP, São Paulo Museóloga. Museu Casa de Benjamin Constant / Iphan /
Leila Horta MinC, Rio de Janeiro
Luciana Bonadio Diretora. Museu de Arte do Espírito Santo Dionísio Del
Conservadora. Museu de Arte da Pampulha – MAP, Belo Santo – Maes, Vitória Regina Ozório
Horizonte Museóloga. Paço Imperial / Iphan / MinC, Rio de Janeiro
Alessandra Labate Rosso
Deise Cavalcanti Lustosa Gerente de Gestão de Patrimônio. Expomus – Exposições, Naida Maria Vieira Corrêa
Diretora Administrativa. Museu do Oratório/Instituto Cul- Museus, Projetos Culturais, São Paulo Restauradora. Coordenadora do núcleo de restauração.
tural Flávio Gutierrez – ICFG, Ouro Preto Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli –
Valéria Laena Bezerra Rolim Margs, Porto Alegre
Marcos Coga da Silva Historiadora. Instituto de Arte e Cultura do Ceará – Iacc,
Restaurador. Secretaria de Estado da Cultura do Paraná Fortaleza
– Seec, Curitiba
Gabriela Lopes de Moura Rangel Argentina:
Clara Correia d’Alambert Diretora. Fundação de Arte de Ouro Preto – Faop, Ouro Preto
Museógrafa Arquiteta. Departamento do Patrimônio His-
Laura del Barco
tórico da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo Magali Melleu Sehn
Produtora. Museo Emilio Caraffa, Argentina
– DPH, São Paulo Restauradora. ECA-USP, São Paulo

Marcelo Luis Marzoni


Rejane Elias Clemencio Sylvia Maria Menezes de Athayde
Chefe técnico e de montagem. Espacio Fundación Telefó-
Conservadora-restauradora. Museu de Arte Contemporâ- Museóloga. Museu de Arte da Bahia – MAP, Salvador
nica, Argentina
nea da Universidade de São Paulo – MAC-USP, São Paulo
Valéria de Mendonça
Sofia Fan Restauradora. Pinacoteca do Estado de São Paulo / Secre-
Produtora. Instituto Itaú Cultural, São Paulo taria de Estado da Cultura, São Paulo

322 323

AECID_113_sd.indd 322 25/05/12 16:25


EDIÇÃO EM ESPANHOL, 2008 EDIÇÃO EM PORTUGUÊS, 2012

Grupo Espanhol do IIC (International Institute EMBAIXADA DA ESPANHA NO BRASIL


for Conservation of Historic and Artistic Works)
Fundación Duques de Soria Embaixador
Manuel de la Cámara Hermoso
Coordenação na Espanha
Charo Fernández Conselheiro de Cultura e Cooperação
Rafael de Górgolas
Coordenação no México
Fernando Arechavala Lascurain
CENTRO CULTURAL DA ESPANHA EM SÃO PAULO
Comitê de redação do manual de processos
e documentos anexos Diretor
Charo Fernández Pedro Molina Temboury
Fernando Arechavala Lascurain
Paloma Muñoz-Campos
Benoit de Tapol

Textos das Áreas de Competência Coordenação da tradução para o português


Sofía Rodríguez Bernis, Gestão e Organização (Museus) Charo Fernández
Carlota Álvarez Basso, Gestão e Organização (Instituições não museográficas)
Rafael López Guzmán, Curadoria e Área Científica Tradução e adaptação para o português
Angela García Blanco, Comunicação e Educação Alessandra Labate Rosso, Eugenia Gorini Esmeraldo
Paloma Muñoz-Campos, Conservação e Restauro e Isis Baldini Elias
Fernando Arechavala Lascurain, Desenho e montagem museográfica

Desenhos e Maquetes
Pérez Escolano Asociados

Com a colaboração de:


Ministério de Cultura da Espanha
ICOM – Espanha

ESPAÑA
INTERNATIONAL COUNCIL OF MUSEUMS
ESPAÑA
INTERNATIONAL COUNCIL OF MUSEUMS
ESPAÑA
INTERNATIONAL COUNCIL OF MUSEUMS
CONSEJO INTERNACIONAL DE MUSEOS CONSEJO INTERNACIONAL DE MUSEOS CONSEJO INTERNACIONAL DE MUSEOS
CONSEIL INTERNATIONAL DES MUSEES CONSEIL INTERNATIONAL DES MUSEES CONSEIL INTERNATIONAL DES MUSEES

AECID_113_sd.indd 323 25/05/12 16:25


GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO MUSEU ABERTO

Governador do Estado Conselho Editorial


Geraldo Alckmin Angelica Fabbri
Claudinéli Moreira Ramos
Giancarlo Latorraca
Secretário de Estado da Cultura
Juliana Monteiro
Marcelo Mattos Araujo Marcelo Mattos Araujo
Renata Motta
Coordenadora da Unidade de Preservação
do Patrimônio Museológico Coordenação Editorial
Claudinéli Moreira Ramos Juliana Padua Melo Alkmin

Diretora do Grupo Técnico de Coordenação Produção Editorial


do Sistema Estadual de Museus – GTCSISEM-SP Maria do Carmo Esteves
Renata Motta
Edição de Texto
Armando Olivetti

Assessoria Jurídica
Associação Cultural de Apoio ao Museu Casa de
Cesnik, Quintino & Salinas Advogados
Portinari - ACAM Portinari – Organização Social
de Cultura
Projeto Gráfico
Zol Design
Presidente do Conselho de Administração
Renato Salgado
Rosameyre Morando
Alessandra Viude
Diretora Executiva
Impresso por Laser Press, em papel Supremo
Angelica Fabbri
Duo Design ld 350 g/m2 para a capa e
couché fosco ld 150 g/m2 para o miolo
Diretor Administrativo Financeiro
Tiragem 1000 exemplares
Luiz Antonio Bergamo
São Paulo, 2012

Ficha Técnica

Grupo Técnico do Sistema Estadual


de Museus – GTSISEM-SP
Luiz Fernando Mizukami
Rafael Egashira
Thaís Romão
Jaqueline Romeira (estagiária)
Thais Klarge (estagiária)

324

AECID_113_sd.indd 324 25/05/12 16:25


AECID_capa_111_sd_curvas.indd 1 
execução: realização:

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