Sie sind auf Seite 1von 136

Marcelo Coletto Pohlmann.

Esta obra é organizada de forma a apresentar uma visão geral do Sistema CONTABILIDADE
Financeiro Nacional e sua evolução, bem como da legislação específica
inerente a ele, além disso aborda os assuntos da provisão para risco e a COMERCIAL

CONTABILIDADE
questão das demonstrações contábeis e sua análise, o que possibilita um

COMERCIAL
perfeito entendimento dos conceitos envolvidos.
Marcelo Coletto Pohlmann

Gestão
Contabilidade
Comercial
Marcelo Coletto Pohlmann

IESDE BRASIL S/A


Curitiba
2016
© 2016 – IESDE BRASIL S/A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer
processo, sem autorização por escrito dos autores e do detentor dos direitos autorais.

CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO


SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ

P748c Pohlmann, Marcelo Coletto


Contabilidade comercial / Marcelo Coletto Pohlmann. - 1. ed. -
Curitiba, PR : IESDE BRASIL S/A, 2016.
132 p. : il. ; 21 cm.
ISBN 978-85-387-5771-9

1. Contabilidade. 2. Instituições financeiras - Contabilidade -


Problemas, questões, exercícios. 3. Serviço público - Brasil - Concursos.
I. Título.
16-30627 CDD: 657
CDU: 657

Direitos desta edição reservados à Fael.


É proibida a reprodução total ou parcial desta obra sem autorização expressa da Fael.

FAEL

Direção de Produção Fernando Santos de Moraes Sarmento


Coordenação Editorial Raquel Andrade Lorenz
Revisão IESDE
Projeto Gráfico Sandro Niemicz
Capa Evelyn Caroline dos Santos Betim
Imagem Capa kps1664/Shutterstock.com
Arte-Final Evelyn Caroline dos Santos Betim

Todos os direitos reservados.


Produção

IESDE BRASIL S/A.


Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200
Batel – Curitiba – PR
0800 708 88 88 – www.iesde.com.br
Sumário

Carta ao Aluno  |  5

1. Caracterização das instituições financeiras   |  7

2. Evolução e regulamentação do sistema


financeiro nacional  |  29

3. Normas e procedimentos para as instituições financeiras |  49

4. Contabilização das operações e provisão para perdas  |  69

5. Análise das demonstrações contábeis


das instituições financeiras | 91

Gabarito | 117

Referências | 123
Carta ao aluno

Esta obra é dedicada aos estudantes de Ciências Contábeis que


querem se aprofundar em Contabilidade das Instituições Financeiras.
Este material também é indicado para os que irão realizar
provas de concursos públicos que abordam o Sistema Financeiro
Nacional, bem como a Contabilidade das Instituições Financeiras
propriamente dita. O material contempla a parte teórica, baseada e
fundamentada na legislação atual, complementada por exercícios e
dicas de estudo, que farão com que o aluno possa verificar e apro-
fundar os seus conhecimentos.
Contabilidade Comercial

Esta obra é organizada de forma a apresentar uma visão geral do Sistema


Financeiro Nacional e sua evolução, bem como da legislação específica ine-
rente a ele, além de abordar os assuntos da provisão para risco e a questão das
demonstrações contábeis e sua análise, o que possibilita um perfeito entendi-
mento dos conceitos envolvidos.
São apresentados os conceitos que envolvem os lançamentos contábeis
de forma clara e simplificada para que o aluno possa compreender como isso
afeta a Contabilidade das Instituições Financeiras.
Tanto as questões quanto os textos e dicas de estudo servem para que
o aluno busque cada vez mais conhecimentos adicionais à obra apresentada
e se aprofunde nos conceitos abordados, tornando, assim, a obra instigante
e completa, pois não só apresenta conteúdo mas busca incentivar o aluno a
construir ele mesmo uma pesquisa que proporcionará um aprofundamento
de seu conhecimento.

– 6 –
1
Caracterização das
instituições financeiras

O Sistema Financeiro Nacional é decorrente de um con-


junto de instrumentos legais inspirados na estrutura já existente nos
Estados Unidos e, a partir de 1964, apresentou a caracterização que
será observada nos tópicos a seguir.
Conforme Filgueiras (2010, p. 3) pode-se afirmar que “[...]
um conjunto de instituições responsáveis pela intermediação do
fluxo monetário entre os que poupam e os que investem é conhe-
cido como Sistema Financeiro Nacional (SFN).” Já Santos (2007)
define o SFN como um conjunto de órgãos reguladores, instituições
e instrumentos financeiros que visam facilitar o acesso dos tomado-
res e dos poupadores aos recursos disponíveis na economia. O SFN
está dividido em Subsistema Normativo e de Intermediação.
Contabilidade Comercial

Quadro 1 – Sistema Financeiro Nacional

Órgãos Entidades
Operadores
normativos supervisoras
Demais
Instituições insti-
Banco Central financeiras tuições
do Brasil captadoras finan-
Conselho de depósitos ceiras Outros intermediários
Monetário (Bacen) financeiros e adminis-
à vista Bancos de
Nacional tradores
(CMN) câmbio de recursos de terceiros
Comissões
de Valores Bolsas de Bolsas de
Mobiliários mercadorias valores
e futuros
(CVM)
Entidades
Conselho Superinten- Socieda- Socieda- abertas
Nacional de dência Ressegu- des des de de previ-
Seguros de Seguros radores segura- capitali- dência
Privados Privados doras zação comple-
(CNSP) (Susep)
mentar
Conselho Superin-
Nacional de tendência
Previdência Nacional de Entidades fechadas de previdência complementar
Comple- Previdência (fundos de pensão)
mentar Complemen-
(CNPC) tar (Previc)

(Fonte: BACEN, 2011)

1.1 Subsistema normativo


De acordo com Filgueiras (2010) o subsistema normativo tem como
função editar normas que definem parâmetros para a transferência de recur-
sos de poupadores para tomadores e também controlar o funcionamento das
instituições e entidades que efetuam atividade de intermediação financeira. É
composto pelos seguintes órgãos:

– 8 –
Caracterização das instituições financeiras

22 Conselho Monetário Nacional (CMN)


22 Banco Central do Brasil (Bacen)
22 Comissão de Valores Mobiliários (CVM)
22 Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP)
22 Superintendência de Seguros Privados (Susep)
22 Conselho Nacional de Previdência Complementar (CNPC)
22 Secretaria de Previdência Complementar (SPC)

1.1.1 Conselho Monetário Nacional (CMN)


Instituído pela Lei 4.595, de 31 de dezembro de 1964, o Conselho
Monetário Nacional (CMN) é o órgão que tem por responsabilidade expedir
as diretrizes para o correto funcionamento do SFN.
Além disso, regula condições da constituição, funcionamento e fisca-
lização das instituições financeiras, bem como organiza os instrumentos de
política monetária e cambial.
São integrantes do CMN: o ministro da Fazenda, o ministro do Pla-
nejamento, Orçamento e Gestão e o presidente do Banco Central do Brasil.
Entre as principais funções do CMN estão: adaptar os meios de paga-
mento às necessidades econômicas do país; fazer a regulação entre o valor
interno e externo da moeda, bem como do balanço de pagamentos; orientar
as instituições financeiras quanto à aplicação de recursos e propiciar o aper-
feiçoamento destas e dos instrumentos financeiros, bem como zelar por sua
solvência e liquidez. Por fim, o CMN tem como função a coordenação das
políticas monetárias, de crédito, orçamento e da dívida pública, tanto interna
quanto externa.

1.1.1.1 Banco Central do Brasil (Bacen)


Sediado em Brasília (DF) e com representações em nove capitais brasi-
leiras: Belém, Belo Horizonte, Curitiba, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Rio
de Janeiro, Salvador e São Paulo, o Banco Central do Brasil (Bacen) é um
autarquia, ligada ao Ministério da Fazenda, que surgiu com a Lei 4.595/64.
Pode-se dizer que o Bacen executa as orientações do CMN e também garante
– 9 –
Contabilidade Comercial

o poder de compra da moeda nacional, zelando, entre outras, pela liquidez da


economia, manutenção das reservas internacionais, estimulação da poupança
e aperfeiçoamento do Sistema Financeiro do Brasil.
De acordo com a Lei 4.595/64, nos artigos 9 e 10, algumas das princi-
pais funções do BACEN são:
Art. 9.º Compete ao Banco Central da República do Brasil cumprir
e fazer cumprir as disposições que lhe são atribuídas pela legislação
em vigor e as normas expedidas pelo Conselho Monetário Nacional.
Art. 10. Compete privativamente ao Banco Central da Repú-
blica do Brasil:
I - emitir moeda-papel e moeda metálica, nas condições e
limites autorizados pelo Conselho Monetário Nacio-
nal (Vetado);
II - executar os serviços do meio-circulante;
III - determinar o recolhimento de até cem por cento do total
dos depósitos à vista e de até sessenta por cento de outros
títulos contábeis das instituições financeiras, seja na
forma de subscrição de Letras ou Obrigações do Tesouro
Nacional ou compra de títulos da Dívida Pública Fede-
ral, seja através de recolhimento em espécie, em ambos
os casos entregues ao Banco Central do Brasil, a forma e
condições por ele determinadas, podendo: (Incluído pela
Lei n.º 7.730, de 31.1.1989).
a) Adotar percentagens diferentes em função:
1. das regiões geoeconômicas;
2. das prioridades que atribuir às aplicações;
3. da natureza das instituições financeiras.
b) Determinar percentuais que não serão recolhidos,
desde que tenham sido reaplicados em financiamentos à
agricultura, sob juros favorecidos e outras condições por
ele fixadas.
IV - receber os recolhimentos compulsórios de que trata o
inciso anterior e, ainda, os depósitos voluntários à vista
das instituições financeiras, nos termos do inciso III e
§2.º do art. 19; (Renumerado com redação dada pela Lei
n.º 7.730, de 31/01/89)
V - realizar operações de redesconto e empréstimos a institui-
ções financeiras bancárias e as referidas no Art. 4.º, inciso

– 10 –
Caracterização das instituições financeiras

XIV, letra “ b “, e no §4.º do Art. 49 desta lei; (Renume-


rado pela Lei n.º 7.730, de 31/01/89)
VI - exercer o controle do crédito sob todas as suas formas;
(Renumerado pela Lei n.º 7.730, de 31/01/89)
VII - efetuar o controle dos capitais estrangeiros, nos termos da
lei; (Renumerado pela Lei n.º 7.730, de 31/01/89)
VIII - ser depositário das reservas oficiais de ouro e moeda estran-
geira e de Direitos Especiais de Saque e fazer com estas
últimas todas e quaisquer operações previstas no Con-
vênio Constitutivo do Fundo Monetário Internacional;
(Redação dada pelo Del n.º 581, de 14/05/69) (Renu-
merado pela Lei n.º 7.730, de 31/01/89)
IX - exercer a fiscalização das instituições financeiras e aplicar as
penalidades previstas; (Renumerado pela Lei n.º 7.730, de
31/01/89)
X - conceder autorização às instituições financeiras, a fim
de que possam: (Renumerado pela Lei n.º 7.730, de
31/01/89)
a) Funcionar no País;
b) Instalar ou transferir suas sedes, ou dependências,
inclusive no exterior;
c) Ser transformadas, fundidas, incorporadas ou encam-
padas;
d) Praticar operações de câmbio, crédito real e venda
habitual de títulos da dívida pública federal, estadual ou
municipal, ações Debêntures, letras hipotecárias e outros
títulos de crédito ou mobiliários;
e) Ter prorrogados os prazos concedidos para funciona-
mento;
f ) Alterar seus estatutos;
g) Alienar ou, por qualquer outra forma, transferir o
seu controle acionário. (Incluído pelo Del n.º 2.321, de
25/02/87)
XI - estabelecer condições para a posse e para o exercício de
quaisquer cargos de administração de instituições finan-
ceiras privadas, assim como para o exercício de quais-
quer funções em órgãos consultivos, fiscais e seme-
lhantes, segundo normas que forem expedidas pelo
Conselho Monetário Nacional; (Renumerado pela Lei
n.º 7.730, de 31/01/89)

– 11 –
Contabilidade Comercial

XII - efetuar, como instrumento de política monetária, ope-


rações de compra e venda de títulos públicos federais;
(Renumerado pela Lei n.º 7.730, de 31/01/89)
XIII - determinar que as matrizes das instituições financeiras
registrem os cadastros das firmas que operam com suas
agências há mais de um ano. (Renumerado pela Lei n.º
7.730, de 31/01/89)
§1.º No exercício das atribuições a que se refere o inciso IX deste
artigo, com base nas normas estabelecidas pelo Conselho Monetário
Nacional, o Banco Central da República do Brasil, estudará os pedi-
dos que lhe sejam formulados e resolverá conceder ou recusar a auto-
rização pleiteada, podendo (Vetado) incluir as cláusulas que reputar
convenientes ao interesse público.
§2.º Observado o disposto no parágrafo anterior, as instituições
financeiras estrangeiras dependem de autorização do Poder Execu-
tivo, mediante decreto, para que possam funcionar no País (Vetado).

Ainda em relação ao BACEN, Filgueiras (2010) cita que esse órgão,


que foi incumbido de exercer autoridade monetária nacional, possui as
seguintes funções:
22 Banco dos bancos – considerado o emprestador de última instância
das instituições que compõem o sistema financeiro;
22 Único banco emissor – detém o monopólio da emissão da moeda
no Brasil;
22 Banqueiro do governo – é o centralizador do caixa do governo.
O Bacen, conforme evidenciam Niyama e Gomes (2005), possui como
atos normativos as circulares, cartas-circulares e comunicados, que even-
tualmente podem ser feitos em conjunto com outros órgãos, sendo mais
comum a edição com a Comissão de Valores Mobiliários, justamente por
suas atribuições.

1.1.1.2 Comissão de Valores Mobiliários (CVM)


Autarquia vinculada ao Ministério da Fazenda e criada com a Lei 6.385,
de 7 de dezembro de 1976. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) tem
como principais objetivos regulamentar, desenvolver, controlar e fiscalizar o
mercado de valores mobiliários do país. Para que isso seja possível, a CVM
exerce funções de assegurar o funcionamento eficiente e regular do mercado

– 12 –
Caracterização das instituições financeiras

de bolsa e de balcão, fazer a proteção dos titulares de valores mobiliários,


bem como coibir fraudes e manipulação no mercado mobiliário. Além disso,
a CVM é responsável por assegurar acesso do público em geral às informa-
ções sobre os valores mobiliários negociados, estimular aplicações em ações de
empresas de capital aberto e estimular a poupança.

1.1.2 Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP)


O Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP), órgão criado em
1966, tem como principal atribuição a normatização de atividades securi-
tárias do país, com a fixação de diretrizes e normas de política governamen-
tal para seguros privados, capitalização e previdência privada. É composto
pelo ministro da Fazenda, por um representante do Ministério da Justiça, do
Ministério da Previdência Social, pelo superintendente da Superintendência
de Seguros Privados, por um representante do Banco Central do Brasil e por
um da Comissão de Valores Mobiliários. Algumas das principais atribuições
do CNSP são:
22 Fixar as diretrizes e normas da política de seguros privados;
22 Regular a constituição, organização, funcionamento e fiscalização
dos que exercem atividades subordinadas ao Sistema Nacional de
Seguros Privados, bem como a aplicação das penalidades previstas;
22 Fixar as características gerais dos contratos de seguros, previdência
privada aberta e capitalização;
22 Estabelecer as diretrizes gerais das operações de resseguro. (FIL-
GUEIRAS, 2010, p. 23)
Além disso, segundo o Bacen (2011), o CNSP disciplina a corretagem
de seguros e normatiza a profissão de corretor.

1.1.2.1 Superintendência de Seguros Privados (Susep)


A Superintendência de Seguros Privados (Susep), por sua vez, é uma
autarquia vinculada ao Ministério da Fazenda que controla e fiscaliza o mer-
cado de seguros, previdência aberta e também capitalização. Além disso, a
Susep fiscaliza a constituição, organização e funcionamento das sociedades

– 13 –
Contabilidade Comercial

seguradoras, de capitalização, previdência privada aberta e resseguradores,


executando a política traçada pelo CNSP, bem como protegendo a captação
de poupança popular por operações de seguros e previdência privada aberta,
além de cumprir as deliberações do CNSP e exercer algumas atividades por
ele delegadas.

1.1.3 Conselho Nacional de Previdência


Complementar (CNPC)
O Conselho Nacional de Previdência Complementar (CNPC) é um
órgão que integra a estrutura do Ministério da Previdência Social e regula o
regime de previdência complementar e é formado pelas entidades fechadas de
previdência complementar.

1.1.3.1 Superintendência Nacional de Previdência


Complementar (Previc)
A Previc é uma autarquia vinculada ao Ministério da Previdência Social
e é responsável pela fiscalização de entidades fechadas de previdência comple-
mentar, conhecidos como fundos de pensão. A Previc também é responsável
pela execução das políticas que regulam a previdência complementar e que
são operadas pelas entidades fechadas que atuam nesse ramo que, além de
observarem as normas estabelecidas pela própria Previc, também são nor-
matizadas pelas diretrizes estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional e
pelo Conselho Nacional de Previdência Complementar.

1.2 Subsistema de intermediação


É o sistema que possui como função operacionalizar a transferência de
recursos do poupador para o tomador, obedecendo às regras estabelecidas
pelas entidades integrantes do Sistema Normativo (FILGUEIRAS, 2010). É
formado por diversos órgãos que serão detalhados a seguir.

1.2.1 Instituições financeiras bancárias ou monetárias


São aquelas que estão autorizadas a captar recursos junto ao público
em geral, sob a forma de depósitos à vista, estando capacitadas para criar
moeda escritural.

– 14 –
Caracterização das instituições financeiras

1.2.1.1 Bancos múltiplos com carteira comercial


De acordo com a Resolução 2.099/94 do CMN, os bancos múltiplos são
instituições financeiras privadas ou públicas que realizam tanto operações ati-
vas quanto passivas de diversas instituições financeiras por meio das seguintes
carteiras: comercial ou de investimento e de desenvolvimento, de crédito imo-
biliário, arrendamento mercantil e de crédito, financiamento e investimento.
Nas operações ativas, os bancos ou instituições financeiras funcionam
como fornecedores de crédito, atuando como credores; já nas passivas, os
bancos figuram como devedores, assumindo o pagamento de juros, operações
acessórias que são aquelas relacionadas à prestação de serviços.
Pode-se afirmar que essas operações estão sujeitas às normas legais e
regulamentares aplicáveis às instituições correspondentes às suas carteiras.
A carteira de “desenvolvimento” pode somente ser operada por um banco
público. Já o banco múltiplo, organizado sob a forma de sociedade anô-
nima, deve ser constituído por, no mínimo, duas carteiras, sendo uma delas
comercial e outra de investimento. Em sua denominação social deve constar
a expressão “banco”.

1.2.1.2 Bancos comerciais


Podem ser representados por instituições financeiras públicas ou priva-
das que objetivam proporcionar recursos para financiar, tanto a curto quanto
a médio prazos, empresas em geral e pessoas físicas. Uma atividade típica do
banco comercial é a captação de depósitos à vista, porém também podem
captar recursos a prazo. Assim como os bancos múltiplos, deverão ser cons-
tituídos sob a forma de sociedade anônima e conter em seu nome a denomi-
nação “banco”. O primeiro banco comercial do Brasil foi o Banco do Brasil.

1.2.1.3 Caixa Econômica Federal (CEF)


Criada com a fusão das 22 caixas econômicas federais, de acordo com
o Decreto-Lei 759, de 12 de agosto de 1969, a Caixa Econômica Federal
é uma empresa pública e vinculada ao Ministério da Fazenda. Tem como
característica marcante a concessão de empréstimos e financiamentos na área
de assistência social, educação, trabalho, entre outras. Opera crédito direto ao
consumidor, financia bens de consumo duráveis, trabalha com penhora de

– 15 –
Contabilidade Comercial

bens e possui o monopólio de empréstimo ligado ao penhor de bens pessoais,


bem como explora os serviços de loteria do Brasil. A CEF domina e centraliza
o recolhimento e aplicação dos recursos do Fundo de Garantia do Tempo de
Serviço (FGTS) e integra o Sistema Financeiro de Habitação (SFH).

1.2.1.4 Cooperativas de crédito


Segundo Santos (2007), as cooperativas de crédito, além das normas do
SFN, deverão obedecer à Lei 5.764/71, específica para as sociedades desse
gênero. Ainda segundo o autor, as cooperativas podem atuar tanto no setor
rural quanto no urbano, e são normalmente oriundas de associações de fun-
cionários de uma mesma empresa, de profissionais de um mesmo segmento,
empresários ou associados de uma determinada área de atuação. Em 17 de
abril de 2009 foi emitida a Lei Complementar 130, que institui o Sistema
Nacional de Crédito Cooperativo, e, em 2010, foi instituída a Resolução
3.859, de 27 de maio de 2010, que disciplina a constituição e funcionamento
dessas entidades.
Uma das características mais marcantes e importantes de uma coope-
rativa de crédito é que os eventuais lucros auferidos com suas opera-
ções (prestação de serviços e oferecimento de crédito aos cooperados)
são repartidos entre os associados. (SANTOS, 2007, p. 18)

1.2.1.5 As bolsas de mercadorias e futuros


Segundo o Bacen (2011), “as bolsas de mercadorias e futuros são asso-
ciações privadas civis, com objetivo de efetuar o registro, a compensação e
a liquidação, física e financeira, das operações realizadas em pregão ou em
sistema eletrônico.”
Para isso, tais associações devem desenvolver, organizar e operacionali-
zar um mercado de derivativos livre e transparente, proporcionando aos seus
usuários a devida proteção diante de flutuações de preço de produtos em
geral, bem como de variáveis macroeconômicas, cuja incerteza de preço possa
influenciar negativamente suas atividades (BACEN, 2011).

1.2.1.6 Resseguradoras
São entidades anônimas que têm por objeto exclusivo a realização de
operações de resseguro e retrocessão. Segundo informações do Instituto de
Resseguros do Brasil (IRB, 2011) uma resseguradora é uma empresa vincu-

– 16 –
Caracterização das instituições financeiras

lada ao Ministério da Fazenda e que atua como seguradora das seguradoras,


pois quando estas assumem o compromisso de um contrato de seguro, supe-
rior ao valor de sua capacidade financeira, necessitam repassar o risco a outra
instituição, e é nesse momento que atuam as resseguradoras.

1.2.1.7 Agências de fomento


De acordo com a Resolução CMN 2.828/2011, que dispõe sobre a
constituição e o funcionamento de agências de fomento, essas deverão ser
constituídas sob a forma de sociedade anônima, e cada unidade federativa só
pode constituir uma agência, que deverá conter em seu nome a denominação
“agência de fomento”. Não compete às agências de fomento a captação de
recursos junto ao público, redesconto ou conta reserva no Bacen. As agências
de fomento também não podem contratar depósitos interfinanceiros como
depositante ou depositária em outras instituições financeiras.
As contas reservas no Bacen são parecidas com contas-corrente. Nessas
contas são processadas todas as movimentações financeiras diárias dos bancos
decorrentes de suas operações ou de clientes.

1.2.1.8 Associações de poupança e empréstimo


Constituídas sob a forma de sociedade civil, são de propriedade comum
de seus associados (SANTOS, 2007). Têm operações basicamente voltadas ao
Sistema Financeiro de Habitação (SFH), emitem, como operações passivas,
letras e cédulas hipotecárias, depósitos de caderneta de poupança, interfinan-
ceiros e empréstimos. Os depositantes dessas instituições são considerados
acionistas, não recebendo, assim, rendimentos, mas sim dividendos.

1.2.1.9 Bancos de câmbio


Segundo o Bacen (2011), os bancos de câmbio são instituições finan-
ceiras que podem realizar, sem restrição alguma, operações de câmbio e de
crédito vinculadas às de câmbio, como financiamentos à exportação e impor-
tação e adiantamentos sobre contratos de câmbio. Também podem receber
depósitos em contas sem remuneração, não movimentáveis por cheque ou
por meio eletrônico pelo titular, cujos recursos sejam destinados à realização

– 17 –
Contabilidade Comercial

das operações anteriormente citadas. Em sua denominação deverá constar a


expressão “banco de câmbio”.

1.2.1.10 Bancos de desenvolvimento


Controlados pelos governos estaduais, os bancos de desenvolvimento
têm o objetivo principal de proporcionar o suprimento de recursos ao finan-
ciamento, a médio e longo prazo, de projetos que promovam o desenvol-
vimento econômico e social do Estado. Suas principais operações passivas
são depósitos a prazo, empréstimos externos, emissão ou endosso de cédu-
las hipotecárias. Já as operações ativas são empréstimos e financiamentos
voltados ao setor privado. Deverão ser constituídos sob a forma de socie-
dade anônima e em sua denominação social deverá constar a expressão
“banco de desenvolvimento”.

1.2.1.11 Bancos de investimento


Instituições financeiras privadas, os bancos de investimento são especia-
lizados em operações de participação societária de caráter temporário, finan-
ciamento de atividade produtiva para capital fixo e de giro e administração de
recursos de terceiros. Não têm contas-correntes e fazem a captação de recursos
por depósitos a prazo, repasse de recursos externos, internos e venda de cotas
de fundo de investimento e Certificados de Depósito Interfinanceiro (CDI).

1.2.1.12 Banco Nacional de Desenvolvimento


Econômico e Social (BNDES)
Criado em 1952 com o advento da Lei 1.628, o Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico é uma autarquia federal vinculada ao Minis-
tério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. Seu principal objetivo é o
apoio a empreendimentos que contribuam para o desenvolvimento do Brasil.
O BNDES é considerado atualmente o principal instrumento para
financiamentos de longo prazo que incluem todos os segmentos da econo-
mia, incluindo a dimensão social, regional e ambiental. O BNDES também
contribui para o incremento das exportações do Brasil, assim como para o
desenvolvimento da estrutura e do mercado de capitais brasileiro. Para o perí-
odo de 2009 a 2014 o BNDES tem como principal foco a inovação e o

– 18 –
Caracterização das instituições financeiras

desenvolvimento regional local e o socioambiental como aspectos importan-


tes a serem apoiados (BNDES, 2011).

1.2.1.13 Companhias hipotecárias


As companhias hipotecárias são sociedades anônimas que concedem
financiamento para a produção, reforma ou comercialização de imóveis resi-
denciais ou comerciais que não atendem às normas do Sistema Financeiro
de Habitação (SHF). Como operações passivas emitem letras hipotecárias,
debêntures, empréstimos e financiamentos tanto dentro do Brasil quanto no
exterior. Já as atividades estão relacionadas a financiamentos imobiliários em
geral, compra e refinanciamento de créditos hipotecários, bem como repasse
de recursos para financiamentos imobiliários.

1.2.1.14 Cooperativas centrais de crédito


De acordo com o Bacen (2011), as cooperativas centrais de crédito são
formadas por cooperativas singulares e estão organizadas em maior escala do
que estas, exercendo sobre elas, entre outras, supervisão de funcionamento,
capacitação dos administradores, dos gerentes e dos associados, bem como
trabalhos de auditoria das demonstrações financeiras.

1.2.1.15 Sociedades de crédito,


financiamento e investimento
Instituições financeiras e privadas constituídas sob a forma de sociedade
anônima, as sociedades de crédito, financiamento e investimento, que tam-
bém possuem a denominação de financeiras, têm o objetivo de realizar finan-
ciamentos que visam à aquisição de bens, serviços e capital de giro. A capta-
ção de recursos nessas entidades ocorre por meio de aceite e letras de câmbio.

1.2.1.16 Sociedades de crédito imobiliário


Criadas em 1964, de acordo com a Lei 4.380, as sociedades de crédito
imobiliário são instituições financeiras constituídas sob a forma de socie-
dade anônima, cujas operações passivas de captação de recursos são feitas por
depósitos de poupança, emissão de letras e cédulas hipotecárias e depósitos
interfinanceiros. Já suas operações ativas são financiamento para construção,

– 19 –
Contabilidade Comercial

bem como a abertura de crédito para compra ou construção de casa própria,


financiamento de capital de giro a empresas incorporadoras, produtoras e
distribuidoras de material de construção.

1.2.1.17 Sociedades de crédito ao microempreendedor


Criadas pela Lei 10.194, de 14 de fevereiro de 2001, essas entidades têm
por objetivo principal a concessão de financiamentos e prestação de garantias,
tanto para pessoas físicas quanto jurídicas classificadas como microempre-
sas. Não podem captar recursos junto ao público ou emitir títulos e valores
mobiliários. São constituídas sob a forma de sociedade fechada ou por cotas
de responsabilidade limitada, e adotam em seu nome a expressão “sociedade
de crédito ao microempreendedor”, não podendo utilizar o termo “banco”.

1.2.1.18 Bolsas de valores


Uma bolsa de valor pode ser constituída sob a forma de sociedade anô-
nima ou de sociedade civil e tem como principal função manter um deter-
minado local ou sistema para o encontro de seus membros para que possam
negociar títulos e valores mobiliários. A fiscalização é realizada por seus mem-
bros e pela Comissão de Valores Mobiliários.

1.2.1.19 Sociedades seguradoras


São consideradas sociedades seguradoras aquelas entidades que, cons-
tituídas sob a forma de sociedade anônima, são especializadas em contratos
que assumem a obrigação de pagar, ao segurado, determinada indenização
(prêmio estabelecido) no caso em que este tenha risco indicado e temido.

1.2.1.20 Entidades fechadas de previdência complementar


(fundos de pensão)
Os fundos de pensão ou entidades fechadas de previdência com-
plementar podem ser constituídos sob a forma de fundação ou sociedade
civil sem fins lucrativos e estão acessíveis aos empregados de uma empresa,
grupo de empresas ou aos funcionários da União, Estados e Distrito Federal,
bem como Municípios.

– 20 –
Caracterização das instituições financeiras

As entidades de previdência fechada devem seguir as diretrizes estabele-


cidas pelo Conselho Monetário Nacional. Também são regidas pela Lei Com-
plementar 109, de 29 de maio de 2001.

1.2.1.21 Administradoras de consórcio


Regulamentadas pela Lei 11.795, de 8 de outubro de 2008, e supervisio-
nadas pelo Banco Central, a formação e administração de grupos de consór-
cio são controladas pelas administradoras de consórcios. Um grupo de con-
sórcios é uma sociedade não personificada que possui um prazo de duração e
cotas determinadas. Seu principal objetivo é proporcionar aos consorciados a
possibilidade de compra de determinados bens ou até mesmo serviços.

1.2.1.22 Sociedades de arrendamento mercantil


Constituídas sob a forma de sociedade anônima e com a denominação
em seu nome de “arrendamento mercantil”.
Lei 6.099/74,
Art. 1.º [...]
Parágrafo único. Considera-se arrendamento mercantil, para os efei-
tos desta Lei, o negócio jurídico realizado entre pessoa jurídica, na
qualidade de arrendadora, e pessoa física ou jurídica, na qualidade de
arrendatária, e que tenha por objeto o arrendamento de bens adqui-
ridos pela arrendadora, segundo especificações da arrendatária e para
uso próprio desta. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 7.132/83)

Como forma de operações passivas, podem emitir debêntures, dívida


externa, bem como empréstimo e financiamentos de instituições financeiras.
Por outro lado, nas operações ativas entram os títulos da dívida pública, ces-
são de direitos creditórios e operações de arrendamento mercantil em geral.

1.2.1.23 Sociedades corretoras de câmbio


Sob a denominação de “corretora de câmbio”, as sociedades corretoras
de câmbio, constituídas sob a forma de sociedade anônima ou por cotas de
responsabilidade limitada, têm por objeto social a intermediação de opera-
ções de câmbio em geral, sob a supervisão do Banco Central do Brasil.

– 21 –
Contabilidade Comercial

As sociedades corretoras de câmbio são aquelas que têm por objetivo


social a intermediação de operações de câmbio e práticas de operações no
mercado de câmbio de taxas flutuantes, que são aquelas que variam de acordo
com a oferta e a procura do mercado.
Já os bancos de câmbio são aquelas instituições financeiras que realizam
operações de compra e venda de moeda estrangeira, bem como transferência
de recursos do e para o exterior, financiamento de exportação e importação,
entre outras transações que envolvam moeda estrangeira.

1.2.1.24 Sociedades corretoras de


títulos e valores mobiliários
As sociedades corretoras de títulos e valores mobiliários têm como prin-
cipal objetivo a operação em bolsa de valores, emissão de títulos e valores
mobiliários no mercado, compra e venda de títulos e valores mobiliários.
Também administram carteiras e custódia de títulos e valores mobiliários no
mercado, podem organizar fundos e clubes de investimentos, praticar compra
e venda de metais preciosos, entre outros. Podem ser constituídas sob a forma
de sociedade anônima ou responsabilidade limitada.

1.2.1.25 Fundos de investimento


A reunião de recursos que possui a finalidade de aplicação em carteira
de títulos ou valores mobiliários é denominada “fundo de investimento”. Os
fundos são administrados por corretoras ou outros intermediários financei-
ros. O principal objetivo desses fundos é conseguir para os condôminos a
valorização de suas cotas a um custo global baixo. A normatização, em geral,
dos fundos de investimento cabe à Comissão de Valores Mobiliários.

1.2.1.26 Sociedades distribuidoras de


títulos e valores mobiliários
Denominadas “distribuidoras de títulos e valores mobiliários”, as socie-
dades distribuidoras de títulos e valores mobiliários podem ser anônimas ou
de responsabilidade limitada e têm como atividade básica a oferta pública
e distribuição de títulos e valores mobiliários ao mercado. Podem instituir
e organizar fundos e clubes de investimento. Além disso, operam no mer-

– 22 –
Caracterização das instituições financeiras

cado acionário, instituindo e organizando fundos e clubes de investimento.


As sociedades distribuidoras também compram e vendem valores mobiliários,
incluído o ouro, e fazem a intermediação das operações de câmbio.

1.2.1.27 Sociedades de capitalização


Uma sociedade de capitalização é aquela que, constituída sob a forma de
sociedade anônima, faz a negociação de títulos de capitalização que, mediante
o depósito periódico de prestações previamente contratadas, poderá após o
prazo contratado, resgatar os valores investidos, corrigidos conforme contrato
e, no caso de previsão em contrato, concorrer a prêmios condicionados ao
pagamento desses títulos.

1.2.1.28 Entidades abertas de previdência complementar


Com o objetivo de operar planos de benefícios de caráter previdenciário,
operam sob a forma de sociedade anônima e podem trabalhar tanto com um
único pagamento como com renda continuada, as entidades abertas de pre-
vidência complementar são regidas pelo Decreto-Lei 73, de 21 de novembro
de 1966, e pela Lei Complementar 109, de 29 de maio de 2001. As funções
do órgão regulador e do órgão fiscalizador são exercidas pelo Ministério da
Fazenda, por intermédio do Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP)
e da Superintendência de Seguros Privados (Susep).

Ampliando seus conhecimentos

BNDES deve retomar internacionalização


em 2011
O banco não aumentará desembolsos neste ano,
mas prevê captar mais no exterior e abrir novas subsidiárias
(COSTA, 2011)

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social


(BNDES) se prepara para dar continuidade a seu processo
de internacionalização em 2011. O principal provedor de
recursos para empresas nacionais tem enviado cartas-convite
para instituições dispostas a assessorar suas operações de
captação fora do país, segundo apurou o site da Veja. Entre

– 23 –
Contabilidade Comercial

elas estão bancos de investimento, auditorias, consultorias e


escritórios de advocacia. Com um escritório em Montevidéu
e uma filial em Londres (BNDES Limited), a instituição finan-
ceira está criando novas estruturas societárias para subsidiárias
a serem inauguradas ainda neste ano, sendo uma delas nos
Estados Unidos. Procurado pela reportagem do site da Veja,
o BNDES não quis se pronunciar.
O movimento atende a um objetivo alardeado desde 2008
pelo presidente do banco, Luciano Coutinho – o de financiar
a internacionalização de companhias brasileiras. O movimento,
que deve se intensificar neste ano, vem se consolidando há
dois anos. Nesse período, o banco captou cerca de 4 bilhões
de dólares fora do país por meio de três emissões de títulos
– duas nos EUA e uma na Europa. A expectativa é que, a
partir de 2011, a nova leva de recursos a serem obtidos no
mercado internacional nem mesmo chegue a ser transferida ao
Brasil – ficará disponível no exterior mesmo para as empresas
brasileiras envolvidas em operações de internacionalização.
A notícia é comemorada por grandes conglomerados empre-
sariais que possuem relações estreitas com o banco. Em 2010,
indústrias e empresas de serviços foram destino de 57% do
total de 168 bilhões de reais ofertado pela instituição finan-
ceira – sendo 24 bilhões de reais apenas para viabilizar a
capitalização da Petrobras. Enquanto isso, projetos e empresas
de infraestrutura receberam 31% do que o BNDES desembol-
sou. Entre os setores da indústria que buscam dominar outros
mercados no exterior, o de carnes é o que tem mais razões
para comemorar. A relação do banco com as duas principais
empresas do país, JBS e Marfrig, é tão “produtiva” que
as companhias foram destino de 3,6 bilhões de reais e 3,1
bilhões de reais, respectivamente, em aportes do BNDES
apenas nos nove primeiros meses de 2010.
A estratégia pode ser entendida como forma de continuar
sustentando a expansão de grandes companhias, as chama-

– 24 –
Caracterização das instituições financeiras

das “campeãs nacionais”, mas, desta vez, sem comprometer


ainda mais os recursos do Tesouro. Nos últimos quatro anos,
o BNDES tem sido duramente criticado por bancar – tanto
por meio de linhas de crédito como por investimentos de seu
fundo de participações, o BNDESPar – operações de fusão
e aquisição de empresas. No caso da JBS, a participação é
tão expressiva que a empresa dos irmãos Batista entra como
companhia coligada no balanço do banco.
O custo para o país 
Contribuir para o desenvolvimento do Brasil por meio da
oferta de crédito à iniciativa privada não é nenhum pecado. É,
aliás, a função de um banco de desenvolvimento em qualquer
nação. O grande problema é o preço pago pela União para
garantir esse apoio. É sabido que o banco supre parte das
deficiências de crédito, com destaque para as linhas de longo
prazo, para as empresas. No entanto, o Tesouro é o princi-
pal provedor desses recursos. Entre 2006 e 2010, o BNDES
captou 235 bilhões de reais junto ao órgão, a juros de 6% ao
ano – uma dívida que deverá ser paga em três décadas. “O
problema é que o Tesouro capta esse dinheiro no mercado
pagando o juro da Selic, que é bem mais alto. Em resumo,
o Tesouro sai perdendo para beneficiar o banco”, explica o
economista Mansueto de Almeida Júnior, do Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). De quebra, contribui
para a piora das contas públicas – o governo central (Tesouro
Nacional, Previdência Social e BC) – registrou saldo nominal
negativo de 45,785 bilhões de reais, ou 1,25% do PIB.
Ainda não se sabe se, com a captação no exterior, o banco
continuará com operação deficitária. Em sua última emissão de
títulos nos EUA, em janeiro do ano passado, os juros anuais
pagos foram de 5,63% ao ano – bem inferior ao que seria se
o dinheiro fosse obtido com recursos do Tesouro. Já na ope-
ração europeia, feita em novembro de 2010, e que levantou
750 milhões de euros, a instituição obteve os menores juros

– 25 –
Contabilidade Comercial

já conseguidos em todas as suas emissões no mercado interna-


cional – 4,23% ao ano. Tudo vai depender da taxa que será
cobrada das empresas brasileiras no exterior.
Contradições
A atuação do BNDES, no entanto, tem dado sinais contradi-
tórios. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou repe-
tidas vezes, desde o ano passado, que o BNDES iria reduzir
sua participação na economia. Por suas próprias palavras, o
banco deveria “caminhar com as próprias pernas”, além de
“aprender a captar no mercado”. No entanto, ao participar
do Fórum Econômico Mundial, na cidade suíça de Davos,
o presidente do banco, Luciano Coutinho, afirmou que os
desembolsos de 2011 prosseguirão no mesmo patamar de
2010. Serão 144 bilhões de reais, pois a instituição não repe-
tirá o valor que foi destinado à captação da Petrobras (24
bilhões de reais). “O que tentaremos, neste ano, será aperfei-
çoar qualitativamente nossa atuação, sobretudo em relação ao
desenvolvimento socioambiental e inovação”, afirma Rabello,
do BNDES.
Para se ter uma ideia do que representam os 168 bilhões de
reais ofertados no ano passado, o valor supera o total de
desembolsos do Banco Mundial a todos os países em desen-
volvimento no ano fiscal de 2009 a 2010 – que, fazendo a
conversão do dólar, chegou a 67 bilhões de reais. O BNDES
apenas é superado pelo Banco de Desenvolvimento da China
que, em 2009, emprestou 497 bilhões de dólares (ou 829
bilhões de reais) a empresas chinesas – com a diferença que
Pequim tem mesmo recursos de sobra para emprestar sem pre-
cisar se endividar. O banco chinês ainda não divulgou os
dados consolidados de 2010.
A expectativa da instituição é que, com a captação no exterior
para financiar empresas, o banco volte-se com mais força ao
financiamento de obras de infraestrutura, como a expansão

– 26 –
Caracterização das instituições financeiras

dos aeroportos, melhorias nos portos e ampliação de estra-


das – reduzindo, assim, os gargalos logísticos que o país têm
em abundância. “Infraestrutura e indústria continuarão sendo
prioridades do banco e a própria presidente já afirmou isso
em seu discurso”, diz o técnico da área de operações do
BNDES, Claudio Rabello. Mas a opinião não é consenso no
mercado. Na avaliação de Mansueto de Almeida, do Ipea,
apesar do discurso de “aperfeiçoamento”, é difícil acreditar
que o banco irá mudar sua ênfase de crédito. “São as mes-
mas pessoas de antes que estão lá agora. Por que eles iriam
mudar?”, questiona.
Outro fator que evidencia a contradição deriva do recente
aumento da taxa básica de juro, a Selic (que passou de
10,75% para 11,25% na última reunião do Copom), e da ten-
dência de que um ciclo de alta se estabeleça. Com a subida
dos juros, o crédito privado para empresas tende a encarecer.
Dessa forma, a Taxa de Juro de Longo Prazo (TJLP), cobrada
pelo BNDES em suas linhas de financiamento, que hoje é de
6% ao ano, deve se tornar ainda mais atrativa para os empre-
sários. “Só um aumento da TJLP pode reverter essa situação”,
afirma o analista da Economist Intelligence Unit (EIU), Robert
Wood. No entanto, tal alternativa é pouco provável.
Ante a promessa de emprestar 144 bilhões de reais em 2011
e a limitação de empréstimo com base nos recursos próprios,
segundo cálculos de Mansueto, de 70 bilhões de reais, é ine-
vitável que o governo continue se endividando com recursos
do Tesouro para encher o caixa do BNDES. A posição mos-
tra a “esquizofrenia” do governo de conviver com discursos
contraditórios. Por um lado, promete duro esforço fiscal, com
cortes que atingirão todos os ministérios. Por outro, acena
com a continuidade da piora das contas públicas, promovida
pelas despesas com o BNDES.

– 27 –
Contabilidade Comercial

Atividades
1. O que é o Sistema Financeiro Nacional?

2. Quais as divisões do Sistema Financeiro Nacional?

3. Dentro do Sistema Financeiro Nacional, no subsistema normativo,


quais são os órgãos que o compõem?

4. Qual a principal função do BNDES?

5. Quais os principais objetivos da Comissão de Valores Mobiliários (CVM)?

– 28 –
2
Evolução e
regulamentação do
sistema financeiro
nacional

2.1 Organização do Sistema


Financeiro Nacional
Não é possível o desenvolvimento de uma nação sem um
sistema financeiro estruturado e forte, que cumpra de forma orga-
nizada o seu papel (FILGUEIRAS, 2010). Porém, no Brasil, ainda
conforme o autor, a percepção de que essa organização seria neces-
sária só ocorreu depois de 1964, após décadas de funcionamento de
forma híbrida.
Contabilidade Comercial

Pode-se afirmar que o Sistema Financeiro Nacional (SFN), por volta


de 1808, era destinado inicialmente à intermediação de atividades ligadas ao
setor cafeeiro e à implantação de projetos de infraestrurura para desenvolvi-
mento do Brasil. Posteriormente, nos períodos compreendidos entre 1914 e
1945, foram implementadas mudanças significativas no funcionamento do
SFN, que aumentaram a consistência e o número de transações no sistema,
bem como articularam e desenvolveram as instituições que atualmente fazem
parte dele.
O Sistema Financeiro Nacional é organizado da seguinte forma:
22 Conselho Monetário Nacional;
22 Banco Central do Brasil;
22 Banco do Brasil S.A.;
22 Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico;
22 Demais instituições financeiras públicas e privadas.

2.2 Evolução do Sistema Financeiro Nacional


A organização do Sistema Financeiro Nacional faz parte de um processo
evolutivo que se iniciou em 1808 e se divide em diversos estágios, que serão
vistos a seguir:

2.2.1 Primeiro estágio


O primeiro estágio, compreendido entre os anos de 1808 a 1914, inicia-
-se na época do Brasil Império e vai até os anos da República e teve como
principal marco o ano de 1808, com a criação do Banco do Brasil. Nessa
época o banco acumulava as funções de banco central e comercial, e realizava
operações de desconto de letras de câmbio, depósito de metais (ouro), depó-
sito de papel-moeda, bem como a emissão de notas bancárias e operações de
câmbio e captações de depósito a prazo.
Nessa época, também, o Banco do Brasil possuía o direito de realizar
operações financeiras e o monopólio da venda de diamantes, pau-brasil e até
mesmo marfim.

– 30 –
Evolução e regulamentação do sistema financeiro nacional

Em 1829, houve a dissolução do Banco do Brasil devido ao excesso do


volume de despesas do Estado com este. Já em 1853, vários comerciantes,
liderados pelo Barão de Mauá, criaram um novo Banco do Brasil por meio da
fusão com o Banco Comercial do Rio de Janeiro, e este banco passou a ter o
monopólio da emissão de bilhetes ao portador à vista. Porém, em 1905, essa
fusão termina e, em 1906, surge o atual Banco do Brasil.

2.2.2 Segundo estágio


Entre 1914 e 1945 houve um maior desenvolvimento dos bancos, que
passam a operar com mais atividades e a dar maior sustentação às mudan-
ças de estrutura no país. Para que essa expansão fosse possível, foi criada,
em 1920, a Inspetoria Geral dos Bancos, que era subordinada ao Ministério
da Fazenda.
Após a década de 1920, o Banco do Brasil passou a desenvolver funções
de banco comercial, começando oficialmente a competir no mercado, porém
como uma instituição do governo, o que, segundo Filgueiras (2010), leva o
Banco do Brasil a ter um aspecto dúbio, o que pode explicar a difícil instala-
ção de um banco central no país.
O autor relata que em 1920, 1931, 1935, 1937 e 1939 foram feitas
tentativas de criação de um banco central no Brasil para a adequação às neces-
sidades de financiamento econômico do país. Além disso, era necessária a
criação de um órgão com função organizadora, uma vez que nessa época o
país contava com 2 074 instituições financeiras.

2.2.3 Terceiro estágio


Nesse período podemos destacar três tentativas de criação de um banco
central: a primeira em 1923, durante o governo do presidente Bernardes; a
segunda, ocorrida em 1931, chamada de Missão Niemeyer, que teve a che-
fia do diretor do Banco da Inglaterra, sugerindo a transformação do Banco
do Brasil em banco central. E a terceira tentativa, que ocorreu em 1930
pela recriação da Carteira de Redesconto (Cared), que pertencia ao Banco
do Brasil.

– 31 –
Contabilidade Comercial

O terceiro estágio, iniciado em 1945 e findo em 1964, teve como marco


a criação da Superintendência da Moeda e do Crédito (Sumoc), dirigida
pelo Ministro da Fazenda. Essa foi a base do que, posteriormente, seria o
Banco Central.
Porém, a criação da Sumoc gerou certos conflitos com o Banco do Bra-
sil, uma vez que este, não tendo sucesso em impedir a criação de um novo
órgão, buscou controlar-lhe as ações. Exemplo desse controle exercido pelo
Banco do Brasil é o fato de que os principais instrumentos de ação da Sumoc,
como a carteira de Redesconto e a de Mobilização Bancária (Camob), além
da Caixa de Depósitos das reservas bancárias, não pertenciam a esta e sim à
estrutura do Banco do Brasil. Por causa disso, de certa forma, ficaram neutra-
lizados os principais objetivos da Sumoc, que eram o controle da moeda e do
crédito (CORAZZA, 2006).
Devido a essas resistências, foi só na segunda metade da década de
50 que a Sumoc se fortaleceu nas suas funções específicas e conseguiu
estabelecer uma divisão clara das atribuições, de modo que a organiza-
ção monetária passou a operar com certa eficácia, apesar de seu papel
relativamente secundário. (CORAZZA, 2006, p. 4)

Ainda segundo o autor, a Sumoc, como órgão controlador e formulador


de política de crédito, exerceu, nessa segunda fase, funções típicas de um
Banco Central, como a fixação dos juros de redesconto e do percentual de
depósitos compulsórios dos bancos, além da fiscalização dos bancos comer-
ciais e registros de capitais de estrangeiros, bem como era de sua responsabili-
dade a política cambial e de capital aberto (CORAZZA, 2006).
Filgueiras (2010) afirma que nesse período o destaque foi para a transi-
ção da estrutura simples de intermediação financeira, que era feita pelo Banco
do Brasil, para uma estrutura complexa iniciada a partir das reformas institu-
cionais ocorridas em 1964 e 1965.
A partir desse momento, o Sistema Financeiro Nacional passou a ser
controlado por quatro diferentes instituições, que exerciam, em conjunto,
as funções de um banco central: o Conselho Superior da Sumoc, a Sumoc, o
Banco do Brasil e o Tesouro Nacional.
O Conselho Superior da Sumoc era o órgão responsável pela coordena-
ção e supervisão de políticas monetárias, de crédito, cambial e bancária.

– 32 –
Evolução e regulamentação do sistema financeiro nacional

Já a Sumoc, segundo o Banco Central do Brasil (2011),


[...] foi criada com a finalidade de exercer o controle monetário e
preparar a organização de um banco central, tendo a responsabilidade
de fixar os percentuais de reservas obrigatórias dos bancos comerciais,
as taxas do redesconto e da assistência financeira de liquidez, e os juros
sobre depósitos bancários. Além disso, supervisionava a atuação dos
bancos comerciais, orientava a política cambial e representava o País
junto a organismos internacionais. (BCB, 2011d, p. 8)

Nessa época o Banco do Brasil atuava como órgão executivo das deci-
sões do Conselho Superior da Sumoc e desempenhava a função de banco
dos bancos, recebendo depósitos compulsórios e voluntários de outros ban-
cos. Atuava também como caixa único das autoridades monetárias, fazia a
administração e era depositário das reservas internacionais, bem como era o
emprestador em última instância, operando carteiras de redesconto, câmbio
e comércio exterior e caixa de mobilização bancária.
Por fim, o Tesouro Nacional era o órgão responsável pela emissão de
papel-moeda, além de ter a detenção da Carteira de Redesconto e a Caixa de
Mobilização Bancária. Nessa época houve a criação do BNDE, que foi con-
vertido, mais tarde, para BNDES (FILGUEIRAS, 2010).
Porém, apesar dessa divisão aparente, esse sistema monetário acabava por
embutir um processo de criação da moeda ainda concentrado no Banco do
Brasil, e que mesclava três atribuições consideradas incompatíveis com a polí-
tica monetária: ser agente financeiro do Tesouro e ter autorização para realizar
operações de crédito, ser o depositário das reservas voluntárias e comerciais,
além de acumular as funções de maior banco comercial do país e único banco
rural. Essa função acabava por inviabilizar qualquer controle sobre a emissão
de pagamentos, e sobre essa estrutura recaíam críticas e se concentravam os
esforços para a criação de um banco central que fosse independente de todo
esse mecanismo (CORAZZA, 2006).

2.2.4 Quarto estágio


É possível considerar que um quarto estágio iniciou-se com a reforma
do sistema financeiro, mediante promulgação da Lei 4.595/64, que criou o
Banco Central do Brasil (Bacen), que começou a funcionar em abril de 1965,
com o objetivo principal de assegurar o poder de compra da moeda nacional.

– 33 –
Contabilidade Comercial

O advento de criação do Banco Central, ocorrido em 31 de março de


1965, por força da Lei 4.595, de 31 de dezembro de 1964, a apro-
vação, pelo extinto Conselho da Sumoc, da Instrução 288, de 14 de
janeiro de 1965, foram fatos de marcante importância ocorridos no
primeiro trimestre de 1965 e que tiveram reflexos inegavelmente posi-
tivos no âmbito da política monetária. A instituição desse órgão cen-
tral permitiu que fosse posta em prática uma constelação de medidas
de significante alcance, sendo de se ressaltar, no âmbito dessa gerên-
cia, as de natureza administrativa, que visaram a melhor coordenação
entre os instrumentos de política monetária. (BCB, 2011b, p. 13)
Assim, a partir desse momento, a gestão política monetária passou a
ser centralizada, graças não somente à legislação, mas também à redução da
influência do Banco do Brasil. Dessa forma, a relação entre o Banco do Brasil,
o Banco Central do Brasil e o Tesouro foi simplificada, sendo que este último
perdeu o poder de emissão que antes possuía, mediante sua carteira de amor-
tização. Nesse ponto foi recriada a figura da dívida pública para financiar os
déficits do Tesouro.
De acordo com Filgueiras (2010), com o advento da Lei 4.595/64, o
Bacen também obteve a autorização para fiscalizar as instituições financeiras
e, nos casos necessários, aplicar as penalidades devidas, além de desempenhar
outras atividades que, até os dias de hoje, vêm sendo desenvolvidas.
O processo formal de sua criação levou nada menos que 20 anos,
a partir de seu primeiro embrião, a criação da Superintendência da
Moeda e do Crédito (Sumoc), em 1945, até a criação do Banco Cen-
tral do Brasil, em 31 de dezembro de 1964. Outros 22 anos foram
necessários para que se completasse seu aperfeiçoamento institucional
e ele se tornasse, formalmente, a única autoridade monetária do país,
uma vez que, mesmo após sua criação, o Bacen continuou a dividir
funções de banco central com o Banco do Brasil, até a promulga-
ção da última Constituição, em 1988. A forma final de seu estatuto,
porém, continua ainda em discussão, no Congresso Nacional, onde
se debate a questão de sua independência. (CORAZZA, 2006, p. 2)

Assim, com a criação do Banco Central do Brasil, conforme a Lei


4.595/64, em seu capítulo 1, artigo 1.º, o Sistema Financeiro Nacional ficou
estruturado da seguinte forma:
Do Sistema Financeiro Nacional,
Art. 1.º O sistema Financeiro Nacional, estruturado e regulado pela
presente Lei, será constituído:

– 34 –
Evolução e regulamentação do sistema financeiro nacional

I - do Conselho Monetário Nacional;


II - do Banco Central da República do Brasil;
II - do Banco Central do Brasil; (Redação dada pelo Del n.º
278, de 28/02/67)
III - do Banco do Brasil S. A.;
IV - do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico;
V - das demais instituições financeiras públicas e privadas.

2.2.5 Quinto estágio


Entre 1988 e 1994 (início do Plano Real), houve o considerado quinto
estágio de desenvolvimento do Sistema Financeiro Nacional, com todas as
funções de autoridade sendo executadas pelo Bacen. Porém, nessa época,
outras atividades atípicas, como por exemplo as relacionadas ao fomento das
usinas de cana (pró-alcool), para o abastecimento dos carros que passavam a
adotar essa tecnologia, também eram desenvolvidas pelo Banco Central. Tal
função, entre outras, foi repassada ao Tesouro Nacional.
A Constituição Federal de 1988 estabeleceu dispositivos importantes
para a atuação do Banco Central, entre os quais se destaca o exercício exclu-
sivo da competência da União para emitir moeda e a exigência de aprovação
prévia pelo Senado Federal, em votação secreta, após arguição pública, dos
nomes indicados pelo presidente da República para os cargos de presidente e
diretores da instituição. Além disso, a Constituição Federal vedou ao Banco
Central a concessão direta ou indireta de empréstimos ao Tesouro Nacional
(BCB, 2011c).
Além disso, segundo informações do BCB (2011c) a Constituição de
1988 ainda prevê, em seu artigo 192 (alterado pela Emenda Constitucional
40/2003), a elaboração de lei complementar do Sistema Financeiro Nacional,
em substituição à Lei 4.595/64 e a redefinição das atribuições e da estrutura
do Bacen.
A partir daí, o Tesouro Nacional assume uma parcela da dívida externa
que estava sob a custódia do Bacen, totalizando US$7,2 bilhões. Também
nesse período foi iniciado o processo de separação entre as contas do Bacen e
do Tesouro Nacional. Tal transição foi marcada pela permanência de passivos

– 35 –
Contabilidade Comercial

externos no Bacen sob a responsabilidade da União, fazendo com que este


assumisse os pagamentos desses encargos, além da dimensão da carteira de
títulos do Tesouro Nacional, fazendo com que houvesse distorções no orça-
mento geral da União bem como no resultado do Bacen.
Em 1988, com a promulgação da Constituição Federal (CF), o Conse-
lho Monetário Nacional (CMN) acabou por perder muitos de seus poderes,
que anteriormente eram ilimitados. A partir daí, o Poder Legislativo resgata a
normatização do Sistema Financeiro Nacional.
Nesse momento, o Bacen fica impedido pela CF de realizar emprésti-
mos, sejam eles diretos ou indiretos, ao Tesouro Nacional ou para qualquer
entidade que não seja uma instituição financeira, ficando mais difícil a utilização
do Bacen para o financiamento inflacionário de déficits públicos. Entretanto,
a CF permite que o Bacen mantenha uma carteira de títulos para fins de exe-
cução de política monetária, sem limitações.
Ainda em 1988, com a Resolução 1.524/88, foram criados os bancos
múltiplos, abandona-se o modelo norte-americano das instituições especiali-
zadas e se opta por possibilitar às instituições financeiras brasileiras a realiza-
ção de uma maior gama de operações. Essa resolução definiu:
I - facultar aos bancos comerciais, bancos de investimento,
bancos de desenvolvimento, sociedades de crédito imo-
biliário e sociedades de crédito, financiamento e investi-
mento a organização opcional em uma única instituição
financeira, com personalidade jurídica própria, nos ter-
mos da legislação em vigor;
II - estabelecer que a organização das instituições financeiras
referidas no item anterior, através de processos de fusão,
incorporação, cisão, transformação ou constituição
direta, dependa de prévia autorização do Banco Central
do Brasil, observado o disposto no Regulamento anexo a
esta Resolução;
III - permitir o acesso ao sistema de organização ora criado,
desde que previamente autorizado pelo Banco Central do
Brasil e atendidos os níveis mínimos de capitalização, de
instituições financeiras independentes, instituições finan-
ceiras não vinculadas ao controle de um mesmo grupo de
acionistas, sociedades distribuidoras de títulos e valores
mobiliários e sociedades corretoras de câmbio, títulos e

– 36 –
Evolução e regulamentação do sistema financeiro nacional

valores mobiliários, estabelecido que, para estas últimas,


o acesso dar-se-á através da constituição de qualquer ins-
tituição financeira como pessoa jurídica autônoma à cor-
retora (CMN, 1988);

Tal medida foi tomada para que as empresas do mesmo conglomerado


financeiro utilizassem a estrutura física que tinham em comum para executar
diversos tipos de serviços, o que fez com que elas se transformassem em lojas
com serviços financeiros diversificados.
O processo de criação dos bancos múltiplos foi uma operação aprovei-
tada por um grande número de instituições, especialmente as corretoras e
distribuidoras de pequeno porte, como forma de ampliar o seu número de
negócios e os serviços que poderiam ser oferecidos aos seus clientes.

2.2.6 Sexto estágio


O sexto estágio de reestruturação do Sistema Financeiro Nacional foi
marcado pelo início do Plano Real em 1.º de julho de 1994, que foi respon-
sável pela quebra da inflação que assolava o país. Dessa forma, foram elimi-
nados os ganhos que as instituições financeiras vinham obtendo mediante a
administração de recursos dos clientes antes de torná-los disponíveis. Essas
operações eram conhecidas como ganhos de float.
Mediante a Resolução 2.099/94, do Conselho Monetário Nacional,
foram estabelecidos novos parâmetros para determinação do valor do capital
social, bem como do patrimônio líquido das entidades que, a partir desse
momento, passaram a ser calculados em função do risco de crédito da expo-
sição dos ativos dessas instituições (de acordo com os princípios estabelecidos
no chamado Acordo da Basileia).
Essa época foi marcada também pela quebra de bancos como o Econô-
mico, Nacional e o Bamerindus, além da descoberta de fraudes após a falência
dos mesmos.
Diante desses fatos, para evitar uma possível crise no sistema bancário,
foi lançado pelo Governo Federal do Brasil, por intermédio do Bacen, o Pro-
grama de Estímulo à Restauração e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro
Nacional (Proer), por meio da Medida Provisória (MP) 1.179/95.

– 37 –
Contabilidade Comercial

O conjunto composto pela Medida Provisória 1.179 e a Resolução


2.208, ambas de 3/11/95, implantou o Programa de Estímulo à
Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional
(Proer), que veio para ordenar a fusão e incorporação de bancos a
partir de regras ditadas pelo Banco Central. Sua chegada, logo após a
crise do Econômico, o 22.º banco sob intervenção/liquidação desde
o real, implantado em 1.º/7/94, não deixa de ser, entretanto, uma
forma do governo antecipar-se a outros problemas e facilitar o pro-
cesso de ajuste do SFN. Com o Proer, os investimentos e a poupança
da sociedade ficam assegurados. Há uma adesão incondicional ao
mecanismo de proteção aos depositantes, introduzido pelas Resolu-
ções 2.197/95 e 2.211/95 do CMN, evitando que futuros problemas
localizados possam afetar todo o sistema, com reflexos na sociedade
brasileira. (BCB, 2011a)

Outra medida implantada pelo Conselho Monetário Nacional foi a cria-


ção, em 31 de agosto de 1995, através da Resolução 2.197, do Fundo Garan-
tidor de Créditos (FGC) para que fossem garantidos os depósitos. O FGC é
uma instituição privada, sem fins lucrativos, responsável pela administração
do mecanismo de proteção aos correntistas, depositantes e investidores, em
casos de intervenção, liquidação ou falência das instituições associadas a ele
(FGC, 2011).
Segundo o FGC (2011), as instituições financeiras associadas a esse
fundo são:
[...] os bancos múltiplos, os bancos comerciais, os bancos de desen-
volvimento, a Caixa Econômica Federal, as sociedades de crédito,
financiamento e investimento, as sociedades de crédito imobiliário, as
companhias hipotecárias e as associações de poupança e empréstimos
em funcionamento no Brasil que:

22 recebam depósitos a vista, prazo ou em contas de poupança;


22 efetuem aceite em letras de câmbio;
22 captam recursos mediante a emissão e a colocação de letras imobi-
liárias, letras hipotecárias e letras de crédito imobiliário.
O FGC havia estipulado, em 2006, a garantia aos depositantes de
R$60.000,00 (de acordo com a Resolução 3.400 do CMN), sendo que:
O art. 2.º do Anexo II à Resolução 3.251, de 16 de dezembro de
2004, passa a vigorar com a seguinte redação:

– 38 –
Evolução e regulamentação do sistema financeiro nacional

Art. 2.º São objeto da garantia proporcionada pelo FGC


os seguintes créditos:
I - depósitos à vista ou sacáveis mediante aviso prévio;
II - depósitos em contas-correntes de depósito para investi-
mento;
III - depósitos de poupança;
IV - depósitos a prazo, com ou sem emissão de certificado;
V - depósitos mantidos em contas não movimentáveis por che-
ques destinadas ao registro e controle do fluxo de recursos
referentes à prestação de serviços de pagamento de salá-
rios, vencimentos, aposentadorias, pensões e similares;
VI - letras de câmbio;
VII - letras imobiliárias;
VIII - letras hipotecárias;
IX - letras de crédito imobiliário. (CMN, 2006)

Em 2010, de acordo com a Resolução 3.931 do CMN, esse valor passou a


ser de R$70.000, mantendo-se as operações financeiras anteriormente citadas.
Art. 1.º O valor máximo da garantia proporcionada pelo Fundo
Garantidor de Créditos - FGC fica estabelecido em R$ 60.000,00
(sessenta mil reais). (Vide novo valor de R$ 70.000,00 estabelecido
pela Resolução 3.931, do CMN, de 03.12.2010).
Art. 2.º O conselho de administração do FGC está autorizado a fixar,
em 0,0125% (cento e vinte e cinco décimos de milésimo por cento)
do montante dos saldos das contas correspondentes às obrigações
objeto de garantia, a contribuição mensal ordinária das instituições
associadas ao referido fundo.

Em 2013, de acordo com o Anexo II da Resolução 4.284 do CMN, esse


valor passou a ser de R$250.000,00, mantendo-se as operações financeiras
anteriormente citadas.
Art. 2.º São objeto de garantia ordinária proporcionada pelo FGCoop
os seguintes créditos:
§3.º O total de créditos de cada pessoa contra a mesma instituição
associada ao Fundo será garantido até o valor de R$250.000,00
(duzentos e cinquenta mil reais).

– 39 –
Contabilidade Comercial

No período até 2010, também foram iniciadas as grandes fusões, cisões


e incorporações de instituições financeiras, algumas delas problemáticas
visando à melhoria da situação financeira destas. Nessa época, ao contrário
do que ocorreu no quinto estágio, muitas instituições preferiram retornar à
condição de instituição especializada, devido ao estreitamento do volume de
negócios envolvendo os bancos no Brasil.
Outros dois fatos marcantes dessa época foram, em primeiro lugar, o
crescente interesse, por parte dos bancos estrangeiros, de aquisição de insti-
tuições nacionais, além da privatização de boa parte dos bancos estaduais, que
também enfrentavam dificuldades.

2.2.7 Sétimo estágio


É considerada a existência de um sétimo estágio, iniciado após a crise
cambial de 1999. Essa época foi marcada por uma variação abrupta da moeda
americana, que no período de menos de um mês quase dobrou de valor, tal
fato levou à quebra de dois bancos: o Marka e o FonteCindam.
Esses fatos desencadearam mais mudanças na área de supervisão bancá-
ria do Bacen, com a edição da Resolução 2.606/99, que versa sobre os riscos
da variação cambial, além da Resolução 2.692/2000, dedicada às operações
com taxas prefixadas e denominadas reais. Essas resoluções fundamentam o
processo de risco cambial e de mercado.
Ainda nessa evolução do Sistema Financeiro Nacional foi criada a Reso-
lução 2.804/2000 do CMN, que estabeleceu a obrigatoriedade da manuten-
ção de sistemas de controle das operações assumidas no mercado financeiro
e de capitais pelas instituições financeiras, para que fosse possível evidenciar
qualquer risco de liquidez.
Posteriormente, com a Resolução 3.380/2006 do CMN, foi criada a
base para a definição de risco operacional e implementação por parte das
instituições financeiras normatizadas pelo Bacen do gerenciamento do risco
operacional. Essa estrutura deveria ser compatível com a natureza e complexi-
dade dos serviços e atividades oferecidos por cada uma das instituições finan-
ceiras e teve como prazo de implementação 31 de dezembro de 2007. Em 26
de junho de 2007, a CMN publicou a Resolução 3.464/2007 que trouxe a

– 40 –
Evolução e regulamentação do sistema financeiro nacional

definição de risco de mercado, além de sua abrangência e a implementação de


uma estrutura para gerenciamento desse risco.

2.2.8 Outros fatos que impactaram no


desenvolvimento do SFN
Em 1933, houve a criação do Decreto 22.626, conhecido como a Lei
de Usura, que proibia a fixação de taxas de juros superiores a 12% ao ano.
Porém, mediante a análise do histórico inflacionário do Brasil, verificou-se
que a inflação estava elevada por meados de 1967, o que culminou com a
criação da Lei 4.357, denominada Lei da Correção Monetária, que proibia o
Poder Público de fazer seu autofinanciamento mediante a emissão de títulos
próprios, levando a emissão primária1 de moeda para satisfazer suas necessi-
dades financeiras.
Além disso, o artigo 3.º da Lei 4.357/64 evidencia a preocupação com
os demonstrativos financeiros, que acabavam por não refletir a realidade,
ficando, dessa forma, instituída a correção monetária dos balanços:
Art 3.º A correção monetária, de valor original dos bens do ativo imo-
bilizado das pessoas jurídicas, prevista no art. 57 da Lei n.º 3.470, de
28 de novembro de 1958, será obrigatória a partir da data desta Lei,
segundo os coeficientes fixados anualmente pelo Conselho Nacional
de Economia de modo que traduzam a variação do poder aquisitivo
da moeda nacional, entre o mês de dezembro do último ano e a média
anual de cada um dos anos anteriores.

Um exemplo prático da distorção que ocorria sem a correção monetá-


ria das demonstrações financeiras pode ser dado pela conta de depreciação,
“[...] pois sem a correção monetária a depreciação é contabilizada sempre no
mesmo valor histórico, o que afeta o resultado, por meio da contabilização de
uma despesa a menor e consequentemente um lucro maior” (HOFFMAN;
NOSSA, 2004, p. 5).
Segundo Fortuna (2002) com a criação da Lei 4.357/67 ficaram institu-
ídas as normas para indexação de débitos fiscais e criação de títulos públicos
federais com cláusula de correção monetária (ORTN – Obrigações Reajus-
táveis do Tesouro Nacional), cujo objetivo principal era antecipar receitas,
cobrir déficit público e promover investimentos.

– 41 –
Contabilidade Comercial

Na década de 1960, o Brasil enfrentava a recessão econômica que cul-


minou com o aumento de trabalhadores com pouca qualificação. Com isso
o Brasil acabou gerando um problema, por não poder criar postos de traba-
lho para essa mão de obra. Para a contenção de tal situação houve a criação
de empregos na construção civil. Assim, surgiu a Lei do Plano Nacional da
Habitação (Lei 4.380), criada em 21 de agosto de 1964, que declara:
Art. 1.° O Governo Federal, através do Ministro de Planejamento,
formulará a política nacional de habitação e de planejamento territo-
rial, coordenando a ação dos órgãos públicos e orientando a iniciativa
privada no sentido de estimular a construção de habitações de inte-
resse social e o financiamento da aquisição da casa própria, especial-
mente pelas classes da população de menor renda.

Dessa forma, conforme Silva (2007), houve a criação do Banco Nacio-


nal de Habitação (BNH), para incentivar a construção de casas populares
e infra-estrutura urbana e que foi o órgão gestor do Sistema Brasileiro de
Poupança e Empréstimo (SBPE). O BNH foi, posteriormente, extinto e aos
recursos deste foram adicionados aqueles do Fundo de Garantia do Tempo
de Serviço (FGTS).
Em 31 de dezembro de 1964 foi criada a Lei 4.595, pois a concentração
criada nos três períodos anteriores, no Ministério da Fazenda, na Sumoc e
no Banco do Brasil não era adequada e, consequentemente, não atendia as
demandas da atual política econômica. Essa lei criou o Conselho Monetário
Nacional (CMN), bem como o Banco Central do Brasil (Bacen) e estruturou
as novas diretrizes do Sistema Financeiro Nacional.
Art. 2.º Fica extinto o Conselho da atual Superintendência da Moeda
e do Crédito, e criado, em substituição, o Conselho Monetário
Nacional, com a finalidade de formular a política da moeda e do cré-
dito, como previsto nesta Lei, objetivando o progresso econômico e
social do País.
Art. 3.º A política do Conselho Monetário Nacional objetivará:
I - adaptar o volume dos meios de pagamento às reais neces-
sidades da economia nacional e seu processo de desen-
volvimento;
II - regular o valor interno da moeda, para tanto prevenindo ou
corrigindo os surtos inflacionários ou deflacionários de ori-
gem interna ou externa, as depressões econômicas e outros
desequilíbrios oriundos de fenômenos conjunturais;

– 42 –
Evolução e regulamentação do sistema financeiro nacional

III - regular o valor externo da moeda e o equilíbrio no balanço


de pagamento do País, tendo em vista a melhor utilização
dos recursos em moeda estrangeira;
IV - orientar a aplicação dos recursos das instituições financei-
ras, quer públicas, quer privadas, tendo em vista propi-
ciar, nas diferentes regiões do País, condições favoráveis
ao desenvolvimento harmônico da economia nacional;
V - propiciar o aperfeiçoamento das instituições e dos ins-
trumentos financeiros, com vistas à maior eficiência do
sistema de pagamentos e de mobilização de recursos;
VI - zelar pela liquidez e solvência das instituições financeiras;
VII - coordenar as políticas monetária, creditícia, orçamentária,
fiscal e da dívida pública, interna e externa.

Além disso, com a crescente preferência dos investidores em aplicar seu


dinheiro em imóveis de renda e de reserva de valor, foi criada, em 14 de julho
de 1965, a Lei 4.728 conhecida como Lei do Mercado de Capitais. O incre-
mento do mercado de capitais era a alternativa criada para elevação e redire-
cionamento dos níveis de poupança do país. A partir dessa legislação foi esta-
belecida a estruturação de um sistema de canalização de investimento para
o apoio ao crescimento nacional, além de suprir o crescimento da demanda
por crédito.
Segundo a Lei 6.385, de 7 de dezembro de 1976 (alterada, posteriormente,
pela Lei 10.411, de 26 de fevereiro de 2002 em seu capítulo II, artigo 5.°:
Art.  5.° É instituída a Comissão de Valores Mobiliários, entidade
autárquica em regime especial, vinculada ao Ministério da Fazenda,
com personalidade jurídica e patrimônio próprios, dotada de auto-
ridade administrativa independente, ausência de subordinação hie-
rárquica, mandato fixo e estabilidade de seus dirigentes, e autono-
mia financeira e orçamentária. (Redação dada pela Lei n.º 10.411,
de 26.2.2002)

Tal regulamentação foi instituída porque o Banco Central do Brasil,


nesse momento, concentrava, entre muitas funções, a de regulamentar e fis-
calizar o crescente mercado de valores mobiliários, criando a necessidade de
uma entidade que desempenhasse tais funções.
Com isso, foi oficialmente instituída a Comissão de Valores Mobiliários
(CVM), que passou a arcar com a responsabilidade da regulamentação e fis-
calização das atividades relacionadas com o mercado de valores mobiliários.

– 43 –
Contabilidade Comercial

Uma vez regulamentado o mercado de capitais no Brasil, percebe-se que


as empresas que deveriam fazer parte desse mercado tinham uma situação pre-
cária e, por conta disso, em 17 de dezembro de 1976, foi criada a Lei 6.404,
chamada de Lei das Sociedades Anônimas, definindo aspectos de estrutura
acionária, negociação de valores e fluxo de informações. De acordo com essa
lei diversos aspectos foram regulamentados: características das empresas,
constituição acionária, demonstrações financeiras, direitos societários, obri-
gações e direitos de acionistas.
Posteriormente, em 1997, a Lei 9.457 alterou diversos dispositivos da
Lei 6.404/76 como, por exemplo, a conversibilidade das ações, a preferên-
cia ou vantagem das ações preferenciais, entre outros quesitos. Tais recursos
foram utilizados para a evolução e reforço da expansão do mercado acioná-
rio brasileiro. Já a Lei 10.303/2001 acrescentou diversos dispositivos à Lei
6.404/76, também reforçando os dispositivos relativos ao mercado acionário.
E, finalmente, em 2007, após 43 anos, foi editada a Lei 11.638/2007
que buscou harmonizar as demonstrações contábeis das instituições de capital
aberto com o padrão estabelecido mundialmente, tornando, assim, o mer-
cado mais confiável ao estabelecer uma série de novas exigências e padrões
para as instituições.
Assim, após todas essas transformações, foi moldada uma nova estrutura
do Sistema Financeiro Nacional (SFN), altamente influenciada pelo modelo
americano, sendo que cada segmento pode ser identificado sob a forma de
captação de recursos de cada entidade, conforme evidenciado a seguir:
22 Créditos de curto e curtíssimo prazo – ficaram sob a responsa-
bilidade de bancos comerciais, caixas econômicas, cooperativas de
crédito e bancos múltiplos com carteira comercial.
22 Créditos de médio e longo prazo – ficaram sob a custódia dos
bancos de investimento, bancos de desenvolvimento, bem como
das caixas econômicas e dos bancos múltiplos que possuem car-
teira de investimento ou desenvolvimento.
22 Crédito ao consumidor – custodiado pelas sociedades de cré-
dito, financiamento e investimento, mais conhecidas como
financeiras, e os bancos múltiplos com carteira de crédito,
financiamento e investimento.

– 44 –
Evolução e regulamentação do sistema financeiro nacional

22 Crédito habitacional – ficou sob a responsabilidade das caixas


econômicas, associações de poupança e empréstimo, além de com-
panhias hipotecárias, sociedades de crédito imobiliário e bancos
múltiplos que possuem a carteira de crédito imobiliário.
22 Intermediação de títulos e valores mobiliários – custodiados
pelas sociedades corretoras e distribuidoras de títulos e valores
mobiliários, além dos bancos de investimento e múltiplos que pos-
suem carteira de investimento.
22 Arrendamento mercantil – ficou sob a responsabilidade de socie-
dades de arrendamento mercantil e bancos múltiplos com carteira
de arrendamento mercantil.

2.3 Regulamentação do Sistema


Financeiro Nacional
A base da regulamentação do Sistema Financeiro Nacional data de 1964
com a promulgação da Lei 4.595, conhecida como Lei da Reforma Bancária.
Essa lei reformulou todo o sistema financeiro e criou o Conselho Monetário
Nacional e o Banco Central do Brasil.
Em 1988, na elaboração da Constituição Federal, foi verificado o fato
de que a Lei 4.595/64 estava antiga em certos aspectos e, por isso, admitiu-
-se no artigo 192 da CF a criação de leis complementares a fim de atualizar
a legislação concernente ao Sistema Financeiro Nacional, conforme apresen-
tado abaixo:
Art. 192. O sistema financeiro nacional, estruturado de forma a pro-
mover o desenvolvimento equilibrado do País e a servir aos interesses
da coletividade, em todas as partes que o compõem, abrangendo as
cooperativas de crédito, será regulado por leis complementares que
disporão, inclusive, sobre a participação do capital estrangeiro nas
instituições que o integram.

Tal artigo demonstra que os próprios legisladores admitiram a possibi-


lidade de leis complementares para o ajuste do previsto na Lei da Reforma
Bancária. Um avanço trazido pela regulamentação prevista na CF foi o fato
de que antes de 1988 o ingresso das instituições financeiras no mercado era
feito por meio de carta-patente, que era um documento expedido pelo Banco

– 45 –
Contabilidade Comercial

Central a essas instituições e que, de acordo com o Conselho Monetário


Nacional, fixava o número máximo de instituições desse tipo que poderia
atuar no mercado. Esse fato fazia com que as instituições que queriam entrar
no mercado ou mesmo expandir a sua participação, por meio de outro tipo de
atuação, tinham que adquirir a carta-patente, criando uma espécie de reserva
de mercado.
Com o advento da CF esse tipo de operação deixou de existir e, atual-
mente, a instituição que preenche todos os requisitos para a entrada no mer-
cado financeiro poderá fazê-lo sem nenhum tipo de barreira.
No que tange à regulamentação do Sistema Financeiro Nacional, outra
lei de destaque é a Lei 4.728/65, conhecida como Lei de Mercado de Capitais,
que disciplinou esse mercado e estabeleceu formas para o seu funcionamento.

Ampliando seus conhecimentos

Sistema Financeiro Nacional


(FEBRABAN, 2011)

A função do Sistema Financeiro Nacional (SFN) é a de


ser um conjunto de órgãos que regulamenta, fiscaliza e exe-
cuta as operações necessárias à circulação da moeda e do
crédito na economia. É composto por diversas instituições.
Se o dividirmos, teremos dois subsistemas. O primeiro é
o normativo, formado por instituições que estabelecem as
regras e diretrizes de funcionamento, além de definir os
parâmetros para a intermediação financeira e fiscalizar a
atuação das instituições operativas. Tem em sua composi-
ção: o Conselho Monetário Nacional (CMN), o Banco
Central do Brasil (Bacen), a Comissão de Valores Mobili-
ários (CVM) e as Instituições Especiais (Banco do Brasil,
BNDES e Caixa Econômica Federal).
O segundo subsistema é o operativo. Em sua composição
estão as instituições que atuam na intermediação financeira e
tem como função operacionalizar a transferência de recursos

– 46 –
Evolução e regulamentação do sistema financeiro nacional

entre fornecedores de fundos e os tomadores de recursos


a partir das regras, diretrizes e parâmetros definidos pelo
subsistema normativo. Estão nessa categoria as instituições
financeiras bancárias e não bancárias, o Sistema Brasileiro de
Poupança e Empréstimo (SBPE), além das instituições não
financeiras e auxiliares.
A atuação das instituições que integram o subsistema opera-
tivo é caracterizada pela sua relação de subordinação à regula-
mentação estabelecida pelo CMN e pelo Bacen. As institui-
ções podem sofrer penalidades caso não cumpram as normas
editadas pelo CMN. As multas vão desde as pecuniárias até
a própria suspensão da autorização de funcionamento dessas
instituições e seus dirigentes.

Atividades
1. Em relação ao Sistema Financeiro Nacional, em quantos estágios ele
estava desenvolvido antes de 1964? Nessa época, quem exercia a fun-
ção de Banco Central?
2. A concessão de crédito habitacional ficou sob a responsabilidade de
quais instituições financeiras?
3. Qual foi o principal fato que marcou o terceiro estágio de desenvolvi-
mento do Sistema Financeiro Nacional?
4. Na formulação da política nacional de habitação e de planejamen-
to territorial, no sentido de estimular a construção de habitações de
interesse social e o financiamento da aquisição da casa própria, espe-
cialmente pelas classes da população de menor renda, foi criado um
órgão dentro do Sistema Financeiro Nacional. Que órgão era este?
Qual era a sua principal função?
5. Quais os maiores beneficiados com a criação dos bancos múltiplos,
por meio da Resolução 1.524/88?

– 47 –
3
Normas e procedimentos
para as instituições
financeiras

3.1 O plano de contas das


instituições financeiras – Cosif
De acordo com Filgueiras (2010), o principal objetivo de
um plano de contas é a uniformização dos registros contábeis
originados pelos atos e fatos administrativos praticados em uma
determinada empresa.
Dessa forma, pode-se afirmar que o Plano Contábil das Ins-
tituições do Sistema Financeiro Nacional (SFN), conhecido como
Cosif, também segue essa linha, uma vez que tem como principal
objetivo a uniformização dos registros contábeis, bem como dos
atos e fatos administrativos praticados pelas instituições financeiras,
além da racionalização da utilização de contas, estabelecimento de
regras, critérios e procedimentos que são necessários à obtenção e
divulgação desses dados. Filgueiras (2010, p. 81) ressalta que:
Contabilidade Comercial

A possibilidade de acompanhar o sistema financeiro, avaliar o desem-


penho e elaborar análises comparativas somente é possível diante do
fato que as normas e procedimentos, bem como o uso das demons-
trações financeiras padronizadas é de uso obrigatório para todas as
instituições que estão sob a égide do Banco Central do Brasil.

Assim, o Cosif permite o acompanhamento do sistema financeiro, a


análise, avaliação do desempenho e controle das instituições financeiras, pos-
sibilitando que as demonstrações financeiras elaboradas nessas instituições
expressem a verdade sobre sua situação econômico-financeira.

3.1.1 Normas básicas para o Cosif


Apesar do Conselho Monetário Nacional (CMN) ser responsável pela
expedição de normas gerais de contabilidade e estatística para as instituições
financeiras, essa atribuição acabou sendo delegada ao Banco Central do Brasil
(Bacen) em 1978, dessa forma, o Cosif foi instituído por uma circular e não
por uma resolução (FILGUEIRAS, 2010).
Santos (2007) demonstra que o Cosif está dividido em capítulos:
22 Normas básicas – que são relativas aos princípios, critérios e proce-
dimentos contábeis que devem ser utilizados pelas instituições que
constituem o Sistema Financeiro Nacional;
22 Elenco de contas – esse tópico é relativo às contas que integram o
plano contábil das instituições financeiras, bem como sua função e
funcionamento;
22 Documentos de remessa – capítulo relativo aos documentos que
devem ser elaborados pelas instituições que compõe o SFN;
22 Anexos – as normas editadas por organismos como o Conselho
Federal de Contabilidade (CFC) e o Instituto dos Auditores Inde-
pendentes do Brasil (Ibracon).
Esses tópicos possuem uma hierarquização entre si e havendo conflito
entre o elenco de contas, normas básicas, documentos e anexos prevalecerá o
capítulo de normas básicas.
Santos (2007) afirma que as instituições financeiras, subdivididas em
18 tipos de entidades contábeis, são obrigadas a utilizar as normas do Cosif.

– 50 –
Normas e procedimentos para as instituições financeiras

Porém, operações vedadas ou que ainda estão em fase de consulta no Bacen,


mesmo com a existência do título contábil, não poderão ser contabilizadas.
Filgueiras (2010, p. 84-85) delimita o capítulo 1 (normas básicas) como
aquele que descreve os procedimentos contábeis específicos que deverão ser
observados pelas instituições financeiras. No capítulo de normas básicas des-
tacam-se as seguintes considerações:
1. Princípios Gerais;
2. Incorporação, Fusão e Cisão;
3. Disponibilidades;
4. Operações Interfinanceiras de Liquidez, Operações com
Títulos e Valores Mobiliários e Derivativos;
5. Relações Interfinanceiras e Interdependências;
6. Operações de Crédito;
7. Operações de Arrendamento Mercantil;
8. Operações de Cessão de Direitos Creditórios;
9. Outros Créditos;
10. Outros Valores e Bens;
11. Ativo Permanente;
12. Recursos de Depósitos, Aceites Cambiais, Letras Imobiliá-
rias e Hipotecárias, Debêntures, Empréstimos e Repasses;
13. Recebimentos de Tributos, Encargos Sociais e Outros;
14. Outras Obrigações;
15. Resultados de Exercícios Futuros;
16. Patrimônio Líquido;
17. Receitas e Despesas;
18. Contas de Compensação;
19. Estatística Econômico-Financeira;
20. Levantamento de Balancetes e de Balanços, Apuração e
Distribuição de Resultados;
21. Consolidação Operacional das Demonstrações Financeiras;
22. Elaboração e Publicação das Demonstrações Financeiras;

– 51 –
Contabilidade Comercial

23. Documentação;
24. Agências de Bancos Brasileiros no Exterior;
25. Fundos de Investimentos;
26. Consórcios;
27. Formatação de Registros em Meio Magnético;
28. Câmbio;
29. Empresas em Liquidação Extrajudicial;
30. Cooperativas de Crédito;
31. Sociedades de Crédito ao Microempreendedor;
32. Consolidado Econômico-Financeiro – CONEF;
33. Informações Financeiras Trimestrais – IFT;
34. Auditoria;
35. Instrumentos Financeiros.
36. Demonstrações contábeis consolidadas – conglomerado
prudencial (COSIF, 2010)
É importante verificar que, sendo normas também de natureza contá-
bil, a normatização apresentada no Cosif deverá estar em consonância com
os Princípios de Contabilidade. A legislação emanada por outros órgãos,
como o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) e o Instituto dos
Auditores Independentes do Brasil (Ibracon), está disponível no Capítulo 4
do Cosif (Anexos).

3.2 Atributos das instituições financeiras


A autorização do uso ou não das contas disponíveis no Cosif é feita de
acordo com os atributos demonstrados no quadro a seguir. Os atributos são
os códigos de identificação das instituições financeiras que são autorizadas a
funcionar pelo Banco Central do Brasil.
Quadro 1 – Atributos das instituições financeiras

U Bancos Múltilplos;
B Bancos Comerciais e Bancos de Câmbio;
D Bancos de Desenvolvimento;

– 52 –
Normas e procedimentos para as instituições financeiras

K Agências de Fomento e Desenvolvimento;


I Bancos de Investimento;
F Sociedades de Crédito, Financiamento e Investimento;
J Sociedades de Crédito ao Microempreendedor;
A Sociedades de Arrendamento Mercantil;
C Sociedades Corretoras de Títulos e Valores Mobiliários;
T Sociedades Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários;
S Sociedades de Crédito Imobiliário e Associações de Poupança Empréstimo;
W Companhias Hipotecárias;
E Caixas Econômicas;
R Cooperativas de Crédito;
O Fundos de Investimento;
L Banco do Brasil S/A.;
M Caixa Econômica Federal;
N Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social;
H Administradores de Consórcios;
P Grupos de Consórcio;
Z Empresas em Liquidação Extrajudicial.
(Fonte: COSIF, 2011a)
Esses códigos são utilizados para indicar quais instituições podem utili-
zar as contas disponíveis no plano de contas Cosif.

3.2.1 Elenco de contas das instituições financeiras


As instituições que utilizam o Cosif, definidas na tabela atributos, pos-
suem um elenco de contas próprio e padronizado, sendo que as associações
de poupança e empréstimo devem utilizar o mesmo plano das sociedades de
crédito imobiliário.
Um elenco de contas é um conjunto de contas contábeis previamente
estabelecido, que servirá de base para os trabalhos contábeis para toda e qual-
quer entidade, e servirá de parâmetro para a elaboração das demonstrações
– 53 –
Contabilidade Comercial

contábeis. É a partir do plano de contas que são registrados os bens, direitos


e obrigações da empresa.
Segundo o Cosif (2011b) a codificação das contas utilizadas por essas
instituições deverá estar de acordo com a seguinte estrutura:
Quadro 2 – Codificação das contas segundo o Cosif
1.º Dígito GRUPOS
2.º Dígito SUBGRUPOS
3.º Dígito DESDOBRAMENTO DOS SUBGRUPOS
4.º e 5.º Dígitos TÍTULOS CONTÁBEIS
6.º e 7.º Dígitos SUBTÍTULOS CONTÁBEIS
8.º Dígito CONTROLE
(Fonte: COSIF, 2011d. Adaptado.)
Dessa forma, a escrituração deverá observar a seguinte estrutura, de
acordo com os níveis estabelecidos:
As instituições financeiras não possuem a liberdade para alterar ou
modificar qualquer um dos elementos caracterizadores da conta padronizada.
Se for considerada a complexidade das operações bancárias, bem como
os serviços e produtos por estas oferecidos, torna-se necessária a criação de
subgrupos de uso interno, bem como o desdobramento de contas. Porém,
como as instituições financeiras não podem alterar os elementos patrimoniais
do Cosif, estes elementos de controle interno deverão ser incorporados ao
plano para questões de fechamento dos balanços semestrais.

X. X. X. XX. XX. X
1.º 2.º 3.º 4.º 5.º 6.º 7.º 8.º

3.2.2 Distribuição das rubricas


contábeis de primeiro nível
As rubricas de primeiro nível, ou seja, os grupos totalizadores ou sintéti-
cos das contas contábeis nas instituições financeiras, estão dispostas conforme
o quadro a seguir:

– 54 –
Normas e procedimentos para as instituições financeiras

Quadro 3 – Grupos sintéticos das contas contábeis nas instituições financeiras

BALANCETE PATRIMONIAL
ATIVO PASSIVO
COSIF TÍTULOS DAS RUBRICAS COSIF TÍTULOS DAS RUBRICAS
1 CIRCULANTE E REALI- 4 CIRCULANTE E EXIGÍVEL A
ZÁVEL A LONGO PRAZO LONGO PRAZO
5 RESULTADOS DE
EXERCÍCIOS FUTUROS
1
2 PERMANENTE 6 PATRIMÔNIO LÍQUIDO
7 CONTAS DE RESULTADO
CREDORAS
8 CONTAS DE RESULTADO
DEVEDORAS
3 COMPENSAÇÃO 9 COMPENSAÇÃO
(Fonte: FILGUEIRAS, 2010. Adaptado.)1
Dessa forma, os principais grupos do ativo são o circulante e o realizável
a longo prazo, o permanente e as contas de compensação ativas. No passivo os
grupos totalizadores são o circulante e o exigível a longo prazo, resultados de
exercícios futuros e patrimônio líquido. Ainda é possível observar as contas de
resultado credoras e devedoras bem como as contas de compensação passivas.
As contas de compensação serão utilizadas para o registro dos atos admi-
nistrativos que, porventura, possam se tornar direitos, ganhos, obrigação,
risco ou algum tipo de ônus efetivo decorrente de possíveis acontecimentos,
previstos ou não (FILGUEIRAS, 2010).

3.2.3 Distribuição das rubricas contábeis de segundo nível


Já na distribuição das rubricas de segundo nível serão apresentados os
desdobramentos das contas contábeis, ou seja, os subgrupos que estão con-

1 Após as alterações na Lei 6.404/76 introduzidas pela Lei 11.941/2009 o ativo passou a ser
dividido em Ativo Circulante e Ativo Não Circulante, não se utilizando a nomenclatura Ati-
vo Permanente e Ativo Realizável a Longo Prazo. Porém, no plano de contas do Cosif essas
nomenclaturas ainda são aceitas.

– 55 –
Contabilidade Comercial

tidos dentro dos principais grupos (descritos nas rubricas de primeiro nível).
Assim, de acordo com o quadro a seguir, é possível observar os principais
grupos e contas que os compõem.
Quadro 4 – Subgrupos das contas contábeis

BALANCETE PATRIMONIAL
ATIVO PASSIVO
COSIF TÍTULOS DAS RUBRICAS COSIF TÍTULOS DAS RUBRICAS
1 CIRCULANTE E REALIZÁVEL 4 CIRCULANTE E EXIGÍVEL
A LONGO PRAZO A LONGO PRAZO
1.1 Disponibilidade 4.1 Depósitos
1.2 Aplicações interfinan- 4.2 Obrigações por operações
ceiras de liquidez compromissadas
1.3
Títulos e Valores. Mobiliá- 4.3 Recursos de aceites cambiais,
rios e Instrumentos. Finan- letras imobiliárias,
1.4 ceiros. Derivativos hipotecárias e debêntures
4.4
1.5 Relações Interfinanceiras Relações Interfinanceiras
4.5
1.6 Relações Interdependências Relações Interdependências
4.6
1.7 Operações de crédito Obrigações por Empréstimos
4.7 e Repasses
1.8 Operações de Arreca-
1.9 damento Mercantil Instrumentos Financeiros
e Derivativos
Outros créditos
Outros valores e bens
5 RESULTADOS DE EXER-
CÍCIOS FUTUROS
5.1
Receitas de Exercícios Futuros
2 PERMANENTE 6 PATRIMÔNIO LÍQUIDO
2.1 Investimentos 6.1 Patrimônio Líquido
2.2 Imobilizados de uso 6.2 APE – Patrimônio Social
2.3 Imobilizados de arrendamento
2.4 Diferido
2.5 Intangível

– 56 –
Normas e procedimentos para as instituições financeiras

BALANCETE PATRIMONIAL
ATIVO PASSIVO
COSIF TÍTULOS DAS RUBRICAS COSIF TÍTULOS DAS RUBRICAS
7 CONTAS DE RESULTADO
CREDORAS
7.1
Receitas Operacionais
7.3
Receitas Não Operacionais
7.8 Rateio de Resultados
7.9 Apuração do Resultado
8 CONTAS DE RESULTADO
DEVEDORAS
8.1
Despesas Operacionais
8.3
Despesas Não Operacionais
8.3 Rateio de Resultados
8.9 Apuração do Resultado
3 COMPENSAÇÃO 9 COMPENSAÇÃO
3.0 Compensação 9.0 Compensação
3.1 Classificação da Carteira 9.1 Classificação da Carteira
de Créditos de Créditos
(Fonte: FILGUEIRAS, 2010. Adaptado.)
A classificação das contas dispostas no Balancete Patrimonial deverá
obedecer à ordem decrescente de grau de liquidez, assim como na contabili-
dade das instituições não financeiras.
É importante observar que os grupos circulante e realizável a longo
prazo, no caso do ativo, e o circulante e exigível a longo prazo, no caso do
passivo, segundo o Cosif, deverão ser apresentados em conjunto, diferente-
mente do que acontece com o plano de contas de instituições não financeiras.
Porém, no que diz respeito à publicação, esses dois grupos aparecerão em
separado (no Ativo e no Passivo). Algumas dessas diferenças ocorrem porque
as Leis 11.638/2007 e 11.949/2009 que modificaram a estrutura do Balanço
na Lei das Sociedades por Ações (6.404/76), ainda não foram totalmente
assimiladas pelas instituições financeiras.

– 57 –
Contabilidade Comercial

O circulante é o grupo que apresenta as disponibilidades, os direitos


realizáveis em até 12 meses, bem como as aplicações de recursos utilizadas
para o pagamento antecipado de despesas que sejam decorrentes de obri-
gações a serem cumpridas por terceiros nos próximos doze meses, a contar
da data do balanço.
Já o realizável a longo prazo apresenta aqueles direitos realizáveis após
os 12 meses subsequentes ao fechamento do balanço, bem como operações
com coligadas e controladas e participantes da entidade (diretores, acionistas)
que não constituam negócios usuais da empresa, por fim, nesse grupo estão as
aplicações de recursos no pagamento antecipado de despesas de terceiros que
ultrapassem o prazo de 12 meses do fechamento do balanço.
O permanente, por sua vez, apresenta o grupo Investimentos que con-
grega, entre outras, as participações permanentes em outras sociedades, outros
investimentos de caráter permanente e títulos patrimoniais. Já o imobilizado
é representado basicamente por bens destinados à manutenção da atividade
da empresa. Ainda dentro desse grupo, o diferido irá congregar as despesas
pré-operacionais, que são aquelas que venham a ser utilizadas para o aumento
do resultado de mais de um exercício, não configurando redução de custos ou
acréscimo de eficiência operacional (FILGUEIRAS, 2010).
Apesar de estar baseada na Lei 6.404/76, que sofreu profundas modifica-
ções com o advento da Lei 11.638/2007, a escrituração contábil das instituições
financeiras deverá obedecer em primeira instância à Lei 4.595/64 assim, no
caso dessas instituições, o grupo diferido ainda figura no balanço patrimonial.
Por fim, o intangível, à semelhança do que ocorre na Lei 11.638/2007,
também é um grupo utilizado para as sociedades anônimas em geral e engloba
os bens incorpóreos destinados à manutenção da atividade da empresa.
Já no passivo, o grupo circulante apresenta as obrigações que ocorrerão
em até 12 meses seguintes ao balanço, e o exigível a longo prazo apresenta as
dívidas, inclusive aquelas ligadas ao financiamento para aquisição de direitos
do ativo permanente, vencíveis em até 12 meses da data do balanço.
O grupo de resultado dos exercícios futuros apresenta as receitas de exer-
cícios futuros, que são diminuídas dos custos a elas atribuíveis.

– 58 –
Normas e procedimentos para as instituições financeiras

As contas de resultado credoras, indicadas pelo número 7 no Cosif, são


aquelas que apresentam as receitas que foram auferidas pela instituição finan-
ceira em determinado mês. Em sua maioria, são objeto de fiscalização, uma
vez que compõem a fonte de exploração da atividade dessas instituições.
Já as contas de resultado devedoras são aquelas que representam as des-
pesas que as instituições financeiras têm para a obtenção de suas receitas.
Por fim, o patrimônio líquido discriminará as contas de capital social,
que é o montante investido pelos sócios ou acionistas da instituição finan-
ceira, a conta de Reserva de Capital, que está relacionada aos valores relativos
à correção monetária do capital dos sócios, bem como o ágio na emissão de
ações e possíveis atualizações de títulos na bolsa de valores, a reserva de reava-
liação, conta que apresenta atualmente somente saldo residual, uma vez que,
assim como na atualização da Lei 6.404/76, também foi proibida pelo SFN,
e lucros ou prejuízos acumulados, que são oriundos da apuração do resultado
entre as despesas e as receitas do período.
Assim como no plano de contas das instituições não financeiras, o Cosif
admite contas retificadoras, que deverão ser apresentadas de forma sub-
trativa após o grupo, subgrupo, desdobramento ou conta a que se referem
(FILGUEIRAS, 2010).

3.3 Escrituração contábil das


instituições financeiras
Em respeito aos princípios de contabilidade, o registro contábil de deter-
minada transação, por si só, não constituirá elemento suficiente e nem com-
probatório para esse fato, uma vez que a escrituração deverá ser fundamen-
tada em documentos hábeis para a validação tanto dos atos quanto dos fatos
administrativos. Além disso, deverá ser observado o seguinte:

O profissional habilitado, responsável pela contabilidade, deve con-


duzir a escrituração dentro dos padrões exigidos, com observância
dos princípios fundamentais de contabilidade, atentando, inclusive,
à ética profissional e ao sigilo bancário, cabendo ao Banco Central
providenciar comunicação ao órgão competente, sempre que forem

– 59 –
Contabilidade Comercial

comprovadas irregularidades, para que sejam aplicadas as medidas


cabíveis. (Circ. 1.273/87). (COSIF, 2011c)

Ainda tendo em vista que a regulamentação para as instituições finan-


ceiras é de natureza contábil, e não meramente fiscal, de acordo com o Bacen
serão aceitas listagens de arquivos magnéticos como comprovante de inscrição.
De acordo com a Circular 1.273/87, a escrituração deve ser completa,
mantendo-se em registros permanentes todos os atos e fatos administrativos
que modifiquem ou venham a modificar, imediatamente ou não, a composi-
ção patrimonial da instituição.
Além disso, ainda respeitando os Princípios de Contabilidade, a escritu-
ração contábil das instituições financeiras deverá:
22 Respeitar a adoção de critérios contábeis uniformes no tempo,
sendo que qualquer modificação que seja considerada relevante
deverá ser evidenciada em notas explicativas, que deverão quan-
tificar os efeitos de tais mudanças nas demonstrações financeiras.
22 De acordo com o Princípio da Competência, o registro das des-
pesas e das receitas deverá ser reconhecido no período em que
estas ocorrerem, e não na data do ingresso destas na entidade
ou do desembolso.
22 As rendas, como as de mora, receitas, ganhos, lucros em geral,
bem como as despesas, perdas e prejuízo, deverão ser registradas
de forma mensal, independentemente da apuração do resultado do
exercício que será realizada a cada seis meses.
22 As instituições financeiras também deverão apurar os seus resul-
tados em períodos fixos de tempo, observando as datas de 1.o de
janeiro a 30 de junho e 1.° de julho a 31 de dezembro. Para fins
de publicação, observando outros critérios, deverá ser observado o
prazo de 1.° de janeiro a 31 de dezembro.
22 Além disso, assim como na contabilidade das outras instituições, as
instituições financeiras deverão proceder às conciliações dos títulos
contábeis com os controles analíticos referentes às mesmas, man-
tendo-as atualizadas, conforme as determinações do Cosif, sendo

– 60 –
Normas e procedimentos para as instituições financeiras

que a documentação referente a tais lançamentos deverá ser arqui-


vada por, no mínimo, um ano.
Segundo afirma Filgueiras (2010, p. 92), as normas e procedimentos,
bem como as demonstrações financeiras padronizadas previstas no Cosif, são
de uso obrigatório para:
Bancos comerciais; Bancos de desenvolvimento; Caixas econômi-
cas; Bancos de investimentos; Sociedades de crédito, financiamento
e investimento; Sociedade de crédito imobiliário e associações de
poupança e empréstimo; Sociedade de arrendamento mercantil;
Sociedade corretoras de títulos e valores mobiliários; Cooperativas de
crédito; Administradoras de consórcios; Bancos múltiplos; Fundos
de investimentos; Agências de fomento ou desenvolvimento; Institui-
ções em liquidação extrajudicial; Companhias hipotecárias; Socieda-
des de crédito ao microempreendedor.

Dessa forma, essas instituições podem usar adaptações internas necessá-


rias à sua contabilização, porém deverão respeitar a estrutura básica proposta
pelo Cosif.

3.3.1 Livros de escrituração das instituições financeiras


As instituições financeiras deverão manter livro diário ou livro balance-
tes diários e balanços e livros obrigatórios conforme previsto em lei (Circular
1.273/87 Cosif ).
Os livros comerciais obrigatórios poderão ser substituídos por formu-
lários contínuos, folhas soltas, cartões ou fichas, que devem ser numerados
sequencialmente e encadernados obedecendo aos mesmos requisitos legais
dos livros (FILGUEIRAS, 2010).
A utilização do livro balancetes diários e balanços e o livro razão, não
desobrigará a utilização da escrituração e manutenção de outros livros obriga-
tórios ou exigidos por legislação específica (SANTOS, 2007).
De acordo com a Circular 1.273/87 Cosif, o livro balancetes diários e
balanços, que pode substituir o livro diário, deve descrever, entre outras, em
ordem cronológica de dia, mês e ano da movimentação diária das contas, as
seguintes informações:

– 61 –
Contabilidade Comercial

No livro Balancetes Diários e Balanços, ou Livro Diário, da depen-


dência centralizadora, inscrevem-se, em 30 de junho e 31 de dezem-
bro de cada ano, os seguintes documentos, devidamente assinados
por, no mínimo, 2 (dois) administradores estatutários e pelo profis-
sional de contabilidade habilitado: (Circ 623 itens2 b I/III, 2 c; Circ
1273; Res 3604 art 5.º)
a) o balancete geral, o balanço geral, a demonstração do
resultado e a demonstração das mutações do patrimônio
líquido;
b) o balanço geral e a demonstração de resultado da sede e
de cada uma das agências, no caso de banco comercial
que possua a contabilidade descentralizada;
c) as notas explicativas e o parecer da auditoria indepen-
dente.
A adoção do livro balancetes diários e balanços obriga as instituições a
fazerem a manutenção de controles analíticos à parte que permitam a identi-
ficação, a qualquer tempo, da composição das contas que o integram.

3.4 Princípios de Contabilidade aplicáveis


às instituições financeiras
De acordo com a Resolução 1.282, de 2 de junho de 2010, do Conselho
Federal de Contabilidade, que alterou a Resolução 750/93, constituem os
Princípios de Contabilidade:
22 da Entidade – o princípio da Entidade é aquele que reconhece a
autonomia do patrimônio da pessoa jurídica em relação ao da pes-
soa física, e reconhece este patrimônio como o objeto de estudo da
Contabilidade. De acordo com esse princípio, o patrimônio que
pertence à entidade não se confunde com o patrimônio do sócio ou
dos sócios da empresa por eles criada.
22 da Continuidade – esse princípio norteia a classificação e a ava-
liação das mutações, tanto quantitativas quanto qualitativas, do
patrimônio das entidades. Na continuidade ou não das entidades
tanto o valor dos ativos quanto o dos passivos terá sua caracterís-
tica alterada. No caso dos componentes do ativo, estes poderão
ser liquidados por valor abaixo do preço do custo para pagamento
de dívidas. Com a descontinuidade da empresa, podem ocorrer

– 62 –
Normas e procedimentos para as instituições financeiras

mudanças também com o prazo dos passivos, que deverá mudar


devido à possível extinção da sociedade.
22 da Oportunidade – princípio contábil relacionado à tempestivi-
dade e integridade do registro do patrimônio e de suas mutações.
Esse princípio determina que os fatos sejam registrados de forma
imediata e com a extensão correta. De acordo com esse princí-
pio, todos os fatos contábeis, desde que tecnicamente estimáveis,
deverão ser registrados, mesmo que somente exista razoável certeza
de sua ocorrência. Além disso, esse registro deverá compreender
aspectos quantitativos e qualitativos, contemplando aspectos físicos
e monetários e, por fim, o registro deverá reconhecer as variações
ocorridas no patrimônio da entidade, em determinado período de
tempo, tomando isso como base para gerar informações necessárias
e úteis ao processo de tomada de decisão.
22 do Registro pelo Valor Original – de acordo com esse princípio,
os componentes do patrimônio deverão ser registrados por seus
valores originais, expressos em moeda corrente. Além disso, deve
ser observado que a avaliação dos componentes deve ser feita com
base em seus valores de entrada, que são resultado do consenso
entre agentes externos ou imposição desses. Os bens, direitos e
obrigações integrados ao patrimônio não podem ter seus valores
intrínsecos alterados, sendo que é admitido somente a sua decom-
posição em elementos ou agregação parcial ou integral a outros
elementos patrimoniais.
O valor original deverá ser mantido enquanto o componente patri-
monial permanecer no balanço, inclusive quando da saída deste.
Para a correta aplicação desse princípio, o respeito ao uso da moeda
do país se faz imperativo.
22 da Competência – esse princípio é relativo ao reconhecimento das
despesas e das receitas exatamente nos períodos em que estas ocorre-
rem, independente do seu pagamento ou recebimento. A aceitação
do Princípio da Competência determina que as alterações no ativo
ou no passivo resultam em diminuição do Patrimônio Líquido.

– 63 –
Contabilidade Comercial

Especificamente para as receitas, estas deverão ser consideradas


como incorridas quando nas operações com terceiros estes efetu-
arem o pagamento ou firmarem o compromisso de pagamento.
Outro momento de reconhecimento da receita ocorre na extinção
total ou parcial de um passivo, por qualquer que seja o motivo,
com ou sem o desaparecimento concomitante de ativo. Por fim,
a geração natural de novos ativos também será considerada um
momento de realização da receita.
As despesas consideram-se incorridas quando o correspondente
valor ativo deixar de existir, por transferência de sua propriedade
a terceiros, pela extinção do valor econômico de um ativo ou pelo
surgimento de um passivo, sem o correspondente ativo.
22 da Prudência – conforme esse princípio, o contador deverá adotar
um menor valor para os componentes do ativo (bens e direitos) e
um maior valor para o passivo (obrigações e Patrimônio Líquido),
sempre que estes apresentarem alternativas igualmente válidas. Esse
princípio é aplicável também às contas de despesas e receitas, sendo
que as primeiras deverão apresentar maiores valores e as segundas
maiores valores estimados para que seja mantida a prudência em
relação à situação da empresa.

Ampliando seus conhecimentos

Instituições financeiras abertas devem


considerar regulamentação específica
(NETO; FERREIRA, 2009)

Com o advento da Lei 11.638/2007 e as alterações da MP


449/2008, inúmeros dispositivos da Lei de Sociedade por
Ações foram alterados com o intuito de aproximar os méto-
dos e critérios contábeis brasileiros aos padrões internacio-
nais. O objetivo das mudanças trazidas pelas referidas nor-

– 64 –
Normas e procedimentos para as instituições financeiras

mas é, em linhas gerais, colocar os números das companhias


e sociedades de grande porte nacionais em sintonia com
as normas internacionais de contabilidade, facilitando sua
análise e comparação pelos agentes do mercado mundial.
Como tanto a lei quanto o ato emanado do Poder Executivo
foram editados no apagar das luzes dos anos de 2007 e
2008, respectivamente, dúvidas e inseguranças foram gera-
das pelas alterações propaladas, levando à necessidade de
manifestação dos órgãos reguladores, como o CMN e a
CVM, e de órgãos técnicos especializados, como o CPC.
Nesse contexto, pode-se questionar a aplicação dos atos nor-
mativos específicos expedidos por esses órgãos a determina-
dos tipos de sociedade, mormente quando há a possibilidade
de aplicação de vários atos, de acordo com a natureza e tipo
societário analisado. É o caso das instituições financeiras de
capital aberto, que se submetem tanto aos atos normativos
emanados do CMN quando aos preceitos da CVM.
No Brasil, a regulamentação contábil para as instituições
financeiras, especialmente as bancárias, apresenta certas
peculiaridades que merecem ser observadas. A regulação
do Sistema Financeiro Nacional se pauta, no que se refere
às instituições financeiras, pela Lei 4.595/64, que dispõe
sobre a política e as instituições monetárias, bancárias e cre-
ditícias, além de criar o CMN e o Bacen.
O artigo 4.º da referida Lei, recepcionada pela Constituição
Federal de 1988 com status de lei complementar, outorgou
competência explícita ao CMN para a expedição das nor-
mas gerais de contabilidade a serem aplicadas às instituições
financeiras. Pode-se afirmar, portanto, que existe um sistema
especial de regulamentação e fiscalização do funcionamento
do Sistema Financeiro Nacional, consubstanciado nos atos
expedidos pelo CMN no exercício de seu poder regula-
mentar, inclusive no que tange à disciplina do procedimento

– 65 –
Contabilidade Comercial

de elaboração das demonstrações contábeis das instituições


financeiras.
Por meio de ato proferido em 19 de julho de 1978, o
CMN delegou ao Bacen a competência para editar as nor-
mas gerais de contabilidade e estatística a serem observadas
pelas instituições financeiras. Sendo assim, o Bacen expediu
o Plano Contábil das Instituições do Sistema Financeiro
Nacional – Cosif, mediante Circular 1.273/87, com o obje-
tivo de uniformizar os procedimentos de registro e elaboração
das demonstrações contábeis para as referidas instituições, de
forma a facilitar o acompanhamento, análise, avaliação do
desempenho e controle das instituições integrantes do Sis-
tema Financeiro Nacional.
Desse modo, não há dúvidas de que, atualmente, é o Cosif
o plano de contas que deve ser precípua e obrigatoriamente
utilizado pelas instituições do sistema financeiro brasileiro auto-
rizadas a funcionar pelo Bacen. Os critérios e procedimentos
contábeis a serem observados pelas instituições financeiras,
bem como a estrutura de contas e modelos dos documen-
tos a serem elaborados e divulgados, são os emanados pelo
Plano Contábil.
Vale ressaltar ainda que, após mais de um ano de intensas
discussões, no intuito de regulamentar a aplicação das inova-
ções trazidas pela Lei 11.638/2007 para a contabilidade das
instituições financeiras e dirimir as dúvidas e controvérsias dela
decorrentes, o Bacen editou o Comunicado 16.669/2008,
que dispensou as instituições financeiras da aplicação de
quaisquer dispositivos da referida lei até que o Bacen faça as
devidas adequações das normas no Cosif.
Posteriormente, com a publicação da MP 449/2008 ao final
de 2008, revogando e alterando alguns dispositivos incluí-
dos pela Lei 11.638/2007 na Lei 6.404/76, confirmou-se,
de modo a não deixar dúvidas, a aplicabilidade preferencial

– 66 –
Normas e procedimentos para as instituições financeiras

do sistema instituído pela Lei 4.595/64 à contabilidade das


instituições financeiras, conforme se pode concluir da leitura
do artigo 59 da referida norma.
Todavia, cabe ressaltar que as instituições financeiras instituídas
sob a forma de companhias abertas estão sujeitas à fiscalização
e regramento do CMN, do Bacen e da CVM. Deve, pois,
atentar-se para o conjunto de normas emanadas de todos
esses órgãos reguladores, não lhes cabendo desconsiderar,
preliminarmente, a aplicação dos atos normativos emanados
da CVM, inclusive no que tange aos procedimentos contá-
beis a serem observados quando da escrituração e publicação
de suas demonstrações financeiras.
Porém, tais instituições devem obedecer, em primeiro lugar,
às regras provenientes do CMN e do Bacen, devidamente
incorporadas ao Cosif e, subsidiariamente, no que compatí-
vel, as normas da Lei 6.404/76 e atos normativos da CVM.
Sobreleve-se que isso ocorre não só em função da análise con-
junta das Leis 4.595/64 e 6.385/76 e da MP 449/2008,
mas também por obediência à importante regra de hermenêu-
tica, que não pode ser deixada de lado quando da análise da
presente questão. Trata-se de critério de interpretação norma-
tiva, o da especialidade, no qual se estabelece que, em caso
de conflito entre duas normas, uma mais abrangente e outra
mais específica, esta última há que prevalecer.
Assim, seja por meio de uma análise sistemática da legisla-
ção, seja em função de princípios elementares de herme-
nêutica jurídica, não há dúvida quanto à prevalência das
normas aplicáveis especificamente às instituições financeiras,
editadas pelo CMN e/ou pelo Bacen, em caso de con-
flito com normas expedidas pela CVM. Caso as normas
emanadas da CVM apresentem compatibilidade com
o sistema especial instituído pelo Cosif, porém, impõe-
-se sua aplicação, principalmente no que se refere à eventual

– 67 –
Contabilidade Comercial

determinação de divulgação de informações complementares,


não só por sua subsidiariedade ao sistema em questão, como
também para ir ao encontro da transparência almejada pelo
mercado de valores mobiliários, criando-se um ambiente mais
confiável ao investidor nacional e internacional.

Atividades
1. Qual o principal objetivo do Cosif?

2. Quem possui a atribuição da delegação das normas gerais de contabi-


lidade para as instituições financeiras?

3. Como está dividido o Cosif?

4. Em respeito aos Princípios Contábeis, como deverão ser comprova-


dos os registros contábeis das Instituições Financeiras?

5. O que são os atributos, de acordo com a Contabilidade das Institui-


ções Financeiras?

– 68 –
4
Contabilização das
operações e provisão
para perdas

4.1 Contabilização das operações


Com a utilização do Cosif é possível a padronização dos
lançamentos contábeis nas instituições financeiras que o utilizam.
Dessa forma, a seguir serão vistos alguns lançamentos contábeis e
como isso afeta a contabilidade das instituições.
Em relação às operações financeiras, será apresentada uma
série de lançamentos contábeis para demonstrar como são afetadas
as contas dentro das instituições financeiras, em diferentes situações.
Contabilidade Comercial

Exemplo 1: em uma operação em que um cliente efetua um depósito


em sua conta-corrente, em dinheiro, isso afeta a contabilidade de uma insti-
tuição da seguinte forma:

BALANCETE PATRIMONIAL
ATIVO PASSIVO
COSIF TÍTULOS DAS RUBRICAS COSIF TÍTULOS DAS RUBRICAS
1 CIRCULANTE E REALIZÁVEL 4 CIRCULANTE E EXIGÍVEL
A LONGO PRAZO (ACRLP) A LONGO PRAZO (PCELP)
4.1
1.1 Disponibilidades Depósitos
1.2 Aplicações Interfinanceiras 4.1.1 – Depósitos à Vista
de Liquidez
4.1.2 – Depósitos
1.3 Títulos e Valores Mobiliários de Poupança
4.2 4.1.3 – Depósitos
Interfinanceiros

4.1.5 – Depósitos a Prazo


1.6 Operações de crédito
Obrigações por Operações
1.7 Operações de Arrendamento Compromissadas
Mercantil
1.8 Outros Créditos Outros PCELP
1.9 Outros Valores e Bens 5 Resultados de Exercícios
Outros ACRLP Futuros

2 Permanente 6 Patrimônio Líquido


8 Contas de Resultado Devedoras 7 Contas de Resultado Credoras
3 Compensação Ativa 9 Compensação Passiva
A conta de disponibilidades será afetada pela entrada de dinheiro (débito
contábil) e em contrapartida, o passivo da instituição será alterado na conta
depósitos à vista (crédito contábil), uma vez que a entidade passa a ter uma
obrigação com a pessoa ou empresa que efetuou tal depósito.

– 70 –
Contabilização das operações e provisão para perdas

Exemplo 2: já em uma segunda transação, em que determinada institui-


ção compra um título público federal e utiliza recursos de sua reserva bancária
para tal, o lançamento irá afetar as seguintes contas:

BALANCETE PATRIMONIAL
ATIVO PASSIVO
COSIF TÍTULOS DAS RUBRICAS COSIF TÍTULOS DAS RUBRICAS
1 CIRCULANTE E REALIZÁVEL 4 CIRCULANTE E EXIGÍVEL
A LONGO PRAZO (ACRLP) A LONGO PRAZO (PCELP)
1.1 Disponibilidade 4.1 Depósitos
1.2 Aplicações Interfinanceiras de 4.1.1 – Depósitos à Vista
Liquidez
4.1.2 – Depósitos de Poupança
1.3 Títulos e Valores Mobiliários
4.1.3 – Depósitos
Interfinanceiros

4.1.5 – Depósitos a Prazo


1.6 Operações de crédito
1.7 Operações de Arrendamento 4.2 Obrigações por Operações
Mercantil Compromissadas
1.8 Outros Créditos
1.9 Outros Valores e Bens Outros PCELP

Outros ACRLP 5 Resultados de Exercícios


Futuros

2 Permanente 6 Patrimônio Líquido


8 Contas de Resultado Devedoras 7 Contas de Resultado Credoras
3 Compensação Ativa 9 Compensação Passiva

Nesse caso, em especial, existe somente a permuta de contas do ativo,


pois deverá ser feito um crédito na conta de disponibilidades (reserva bancá-
ria) e um débito, ou seja, um aumento na conta de Títulos e Valores Mobili-
ários (TVM).

– 71 –
Contabilidade Comercial

Exemplo 3: outra situação comum é a aplicação, por parte de um


cliente, dos recursos disponíveis em sua conta-corrente em um Certificado de
Depósito Bancário (CDB) da instituição, logo a configuração do lançamento
ficará da seguinte forma:

BALANCETE PATRIMONIAL
ATIVO PASSIVO
COSIF TÍTULOS DAS RUBRICAS COSIF TÍTULOS DAS RUBRICAS
1 CIRCULANTE E REALIZÁVEL 4 CIRCULANTE E EXIGÍVEL
A LONGO PRAZO (ACRLP) A LONGO PRAZO (PCELP)
1.1 Disponibilidade 4.1 Depósitos
1.2 Aplicações Interfinanceiras 4.1.1 – Depósitos à Vista
de Liquidez
4.1.2 – Depósitos de Poupança
1.3 Títulos e Valores Mobiliários
4.1.3 – Depósitos
Interfinanceiros

4.1.5 – Depósitos a Prazo


1.6 Operações de crédito
1.7 Operações de Arrendamento 4.2 Obrigações por Operações
Mercantil Compromissadas
1.8 Outros Créditos
1.9 Outros Valores e Bens Outros PCELP
Outros ACRLP 5 Resultados de Exercícios
Futuros
2 Permanente 6 Patrimônio Líquido
8 Contas de Resultado Devedoras 7 Contas de Resultado Credoras
3 Compensação Ativa 9 Compensação Passiva

Nesse caso haverá uma permuta entre as contas do passivo. O valor pas-
sará, por meio de débito contábil, ou seja, saída, da conta de depósitos à vista
(que são aquelas contas utilizadas somente para livre movimentação do cor-
rentista), para a conta depósitos a prazo, que são, por sua vez, aquelas contas
que o banco paga juros aos depositantes por meio de um crédito bancário.

– 72 –
Contabilização das operações e provisão para perdas

Exemplo 4: em outra situação, supondo que a instituição financeira


conceda um financiamento bancário, liberando os recursos requisitados
na conta do fornecedor do cliente, a configuração do lançamento ficará de
acordo com o seguinte balancete:

BALANCETE PATRIMONIAL
ATIVO PASSIVO
COSIF TÍTULOS DAS RUBRICAS COSIF TÍTULOS DAS RUBRICAS
1 CIRCULANTE E REALIZÁVEL 4 CIRCULANTE E EXIGÍVEL
A LONGO PRAZO (ACRLP) A LONGO PRAZO (PCELP)
1.1 Disponibilidade 4.1 Depósitos
1.2 Aplicações Interfinanceiras de 4.1.1 – Depósitos à Vista
Liquidez
4.1.2 – Depósitos de Poupança
1.3 Títulos e Valores Mobiliários
4.1.3 – Depósitos
Interfinanceiros

1.6 Operações de crédito 4.1.5 – Depósitos a Prazo


1.7 Operações de Arrendamento
Mercantil
1.8 Outros Créditos
4.2 Obrigações por Operações
1.9 Outros Valores e Bens Compromissadas
Outros ACRLP Outros PCELP
5 Resultados de Exercícios Futuros
2 Permanente 6 Patrimônio Líquido
8 Contas de Resultado Devedoras 7 Contas de Resultado Credoras
3 Compensação Ativa 9 Compensação Passiva

Nesse caso, deverá ser debitada a conta de operações de crédito (para a


cessão do crédito à instituição financeira) contra crédito em disponibilidade,
reserva bancária. Tal conta passa de um bem da instituição para um direito,
uma vez que a cessão de crédito será posteriormente cobrada.

– 73 –
Contabilidade Comercial

No caso da instituição financeira conceder um empréstimo, ela deverá


apropriar, segundo regras do Cosif, os juros decorrentes desse emprés-
timo. Sendo assim, os lançamentos contábeis deverão demonstrar isso,
conforme segue:
BALANCETE PATRIMONIAL
ATIVO PASSIVO
COSIF TÍTULOS DAS RUBRICAS COSIF TÍTULOS DAS RUBRICAS
1 CIRCULANTE E 4 CIRCULANTE E EXIGÍVEL
REALIZÁVEL A LONGO A LONGO PRAZO (PCELP)
PRAZO (ACRLP)
Depósitos
1.1 Disponibilidade 4.1
4.1.1 – Depósitos à Vista
1.2 Aplicações Interfinanceiras
de Liquidez 4.1.2 – Depósitos de Poupança
Títulos e Valores Mobiliários 4.1.3 – Depósitos Interfinanceiros

4.1.5 – Depósitos a Prazo


1.3 Operações de crédito
1.6 Operações de Obrigações por
Arrendamento Mercantil 4.2 Operações Compromissadas
1.7 Outros Créditos Outros PCELP
1.8 Outros Valores e Bens 5 Resultados de Exercícios Futuros
1.9 Outros ACRLP
2 Permanente 6 Patrimônio Líquido
8 Contas de Resultado Devedoras 7 Contas de Resultado Credoras
3 Compensação Ativa 9 Compensação Passiva
Essa transação gera para a empresa uma receita com juros, logo a conta
de operações de crédito deverá ser debitada pelo acréscimo dos juros e o res-
pectivo crédito deverá afetar a conta de resultado credora, o que gera receita
para a instituição financeira.
Exemplo 5: já no caso de um cliente que faz uma solicitação para a
aplicação de recursos disponíveis em sua conta-corrente para um fundo de
investimento, temos as seguintes contas afetadas:

– 74 –
Contabilização das operações e provisão para perdas

BALANCETE PATRIMONIAL
ATIVO PASSIVO
COSIF TÍTULOS DAS RUBRICAS COSIF TÍTULOS DAS RUBRICAS
1 CIRCULANTE E REALIZÁVEL 4 CIRCULANTE E EXIGÍVEL
A LONGO PRAZO (ACRLP) A LONGO PRAZO (PCELP)
1.1 Disponibilidade 4.1 Depósitos
1.2 Aplicações Interfinanceiras 4.1.1 – Depósitos à Vista
de Liquidez
4.1.2 – Depósitos de Poupança
1.3 Títulos e Valores Mobiliários
4.1.3 – Depósitos
Interfinanceiros

4.2 4.1.5 – Depósitos a Prazo


1.6 Operações de crédito
1.7 Operações de Obrigações por
Arrendamento Mercantil Operações Compromissadas
1.8 Outros Créditos
1.9 Outros Valores e Bens Outros PCELP
Outros ACRLP 5 Resultados de
Exercícios Futuros
2 Permanente 6 Patrimônio Líquido
8 Contas de Resultado Devedoras 7 Contas de Resultado Credoras
3 Compensação Ativa 9 Compensação Passiva
Caso o fundo de investimento possua conta-corrente na própria institui-
ção, isso não sensibilizará o caixa da instituição, apenas a conta de depósitos à
vista, pois o dinheiro que ali estava será mantido na conta de depósitos à vista.
Assim como as instituições não financeiras, aquelas que utilizam o
Cosif possuem como regra a Provisão para Créditos de Liquidação Duvidosa
(PCLD), de acordo com a média das perdas estimadas para sua carteira de
crédito. Assim, deverá ser feito um lançamento a débito na conta de opera-
ções de crédito e um crédito na conta de provisão para operações de crédito
dentro do grupo de contas de resultado devedoras.

– 75 –
Contabilidade Comercial

BALANCETE PATRIMONIAL
ATIVO PASSIVO
COSIF TÍTULOS DAS RUBRICAS COSIF TÍTULOS DAS RUBRICAS
1 CIRCULANTE E 4 CIRCULANTE E EXIGÍVEL
REALIZÁVEL A LONGO A LONGO PRAZO (PCELP)
PRAZO (ACRLP)
4.1 Depósitos
1.1 Disponibilidade
4.1.1 – Depósitos à Vista
1.2 Aplicações Interfinanceiras
de Liquidez 4.1.2 – Depósitos de Poupança

1.3 Títulos e Valores Mobiliários 4.1.3 – Depósitos


Interfinanceiros

4.1.5 – Depósitos a Prazo


1.6 Operações de crédito
1.7 Operações de Arrendamento
Mercantil
1.8 Outros Créditos 4.2 Obrigações por
Operações Compromissadas
1.9 Outros Valores e Bens
Outros ACRLP Outros PCELP
5 Resultados de Exercícios Futuros
2 Permanente 6 Patrimônio Líquido
8 Contas de Resultado 7 Contas de Resultado Credoras
Devedoras
3 Compensação Ativa 9 Compensação Passiva

De acordo com a Resolução 2.682/99, a provisão para créditos de liqui-


dação duvidosa deverá ter como contrapartida a conta de despesa de provi-
sões operacionais. Em caso de insuficiência, o saldo das contas de provisão
deverá ser reajustado a débito da conta de despesa. No caso de excesso, o
saldo da conta deverá ser reajustado a crédito da conta de despesa, ou ainda
para reversão de provisões operacionais, caso já tenha transitado pelo balanço.

– 76 –
Contabilização das operações e provisão para perdas

Exemplo 6: no que diz respeito a um evento que envolve as despesas


bancárias referentes à captação de poupança por parte da entidade que utiliza
o Cosif, será efetuado o seguinte lançamento contábil:

BALANCETE PATRIMONIAL
ATIVO PASSIVO
COSIF TÍTULOS DAS RUBRICAS COSIF TÍTULOS DAS RUBRICAS
1 CIRCULANTE E 4 CIRCULANTE E EXIGÍVEL
REALIZÁVEL A LONGO A LONGO PRAZO (PCELP)
PRAZO (ACRLP)
4.1 Depósitos
1.1 Disponibilidade
4.2 4.1.1 – Depósitos à Vista
1.2 Aplicações
Interfinanceiras de Liquidez 4.1.2 – Depósitos de Poupança

1.3 Títulos e Valores Mobiliários 4.1.3 – Depósitos Interfinanceiros

4.1.5 – Depósitos a Prazo

Obrigações por
Operações Compromissadas
1.6 Operações de crédito
1.7 Operações de
Arrendamento Mercantil Outros PCELP
1.8 Outros Créditos 5 Resultados de Exercícios Futuros
1.9 Outros Valores e Bens
Outros ACRLP
2 Permanente 6 Patrimônio Líquido
8 Contas de Resultado Devedoras 7 Contas de Resultado Credoras
3 Compensação Ativa 9 Compensação Passiva

Por esse reconhecimento de despesas deverá ser debitada a conta de


resultado devedora (despesa com depósito de poupança) e creditado o reco-
nhecimento do respectivo valor na conta de depósitos à vista no passivo
da entidade.

– 77 –
Contabilidade Comercial

Exemplo 7: no caso de sócios ou acionistas quererem aumentar ou inte-


gralizar capital com recursos já disponíveis em suas contas-correntes na pró-
pria instituição, o lançamento deverá ser feito conforme segue:

BALANCETE PATRIMONIAL
ATIVO PASSIVO
COSIF TÍTULOS DAS RUBRICAS COSIF TÍTULOS DAS RUBRICAS
1 CIRCULANTE E 4 CIRCULANTE E EXIGÍVEL
REALIZÁVEL A LONGO A LONGO PRAZO (PCELP)
PRAZO (ACRLP)
4.1 Depósitos
1.1 Disponibilidade
4.1.1 – Depósitos à Vista
1.2 Aplicações
Interfinanceiras de Liquidez 4.1.2 – Depósitos de Poupança

1.3 Títulos e Valores Mobiliários 4.1.3 – Depósitos Interfinanceiros

4.1.5 – Depósitos a Prazo

1.6 Operações de crédito 4.2 Obrigações por


Operações Compromissadas
1.7 Operações de
Arrendamento Mercantil
1.8 Outros Créditos
Outros PCELP
1.9 Outros Valores e Bens
5 Resultados de Exercícios Futuros
Outros ACRLP

2 Permanente 6 Patrimônio Líquido


8 Contas de Resultado Devedoras 7 Contas de Resultado Credoras
3 Compensação Ativa 9 Compensação Passiva
Para que seja feita a transferência dos recursos da conta-corrente dos
sócios ou acionistas, deverá ser debitada a conta de depósitos à vista e em
contrapartida será feito um crédito que afetará o patrimônio líquido pelo
aumento do capital social.

– 78 –
Contabilização das operações e provisão para perdas

Exemplo 8: quando um cliente faz um saque referente a recursos que


estão em sua conta-corrente, as seguintes contas serão afetadas no balanço
patrimonial da instituição financeiras:
BALANCETE PATRIMONIAL
ATIVO PASSIVO
COSIF TÍTULOS DAS RUBRICAS COSIF TÍTULOS DAS RUBRICAS
1 CIRCULANTE E 4 CIRCULANTE E EXIGÍVEL
REALIZÁVEL A LONGO A LONGO PRAZO (PCELP)
PRAZO (ACRLP)
4.1 Depósitos
1.1 Disponibilidade
4.1.1 – Depósitos à Vista
1.2 Aplicações
Interfinanceiras de Liquidez 4.1.2 – Depósitos de Poupança

1.3 Títulos e Valores Mobiliários 4.1.3 – Depósitos


Interfinanceiros

4.1.5 – Depósitos a Prazo

1.6 Operações de crédito


4.2 Obrigações por
1.7 Operações de Operações Compromissadas
Arrendamento Mercantil
1.8 Outros Créditos Outros PCELP
1.9 Outros Valores e Bens 5 Resultados de Exercícios Futuros
Outros ACRLP
2 Permanente 6 Patrimônio Líquido
8 Contas de Resultado Devedoras 7 Contas de Resultado Credoras
3 Compensação Ativa 9 Compensação Passiva
Pela saída do dinheiro da instituição financeira será creditada a conta
de disponibilidades e, em contrapartida, para o reconhecimento da saída do
dinheiro da conta-corrente do cliente deverá ser debitada a conta de depósitos
à vista, que representam os recursos financeiros de clientes.
A contabilidade aplicada às instituições financeiras que utilizam o Cosif
é basicamente como uma imagem refletida da contabilidade das instituições

– 79 –
Contabilidade Comercial

não financeiras, pois operações semelhantes funcionam com raciocínios aná-


logos, como no caso do empréstimo que uma empresa não financeira solicita
e que entra como uma obrigação em seu balanço, mas que para uma entidade
financeira é considerada um direito com o cliente tomador do empréstimo.

4.2 Operações de risco e provisão para perdas


nas instituições financeiras
A Resolução 1.748/90, que vigorou até fevereiro de 2000, foi criada para
aumentar o rigor da classificação de crédito, especificamente, para as institui-
ções do setor público, migrando posteriormente como um modelo, também,
para o setor privado. As regras de provisionamento previstas em seu conceito
eram baseadas nos seguintes preceitos:
Art. 9.º […]
I - 20% (vinte por cento) sobre as operações amparadas por
garantias que, a juízo das instituições, sejam consideradas
suficientes à cobertura do saldo devedor atualizado, regis-
tradas em contas em atraso;
II - 50% (cinquenta por cento) sobre as operações amparadas
por garantias que, a juízo das instituições ou a critério do
banco central do Brasil, não sejam consideradas suficien-
tes à cobertura do saldo devedor atualizado, registradas
em contas em atraso;
III - 100% (cem por cento) dos créditos inscritos em contas de
créditos em liquidação.

No ano de 1997, após crises com quebra de bancos, como o Nacional, o


Bamerindus e o Econômico, com a publicação da Resolução 2.390/97, houve
a criação da Central de Risco de Crédito, que tem como principal objetivo:
Aprimorar o processo de supervisão bancária, auxiliando a detecção
e a prevenção de crises bancárias. Ao longo dos anos, o sistema tor-
nou mais preciso e abrangente o trabalho de supervisão do risco de
crédito, constituindo hoje o principal instrumento para a realização
de trabalhos de avaliação das carteiras de crédito no acompanha-
mento e nas inspeções efetuadas pelo Banco Central nas instituições
financeiras. (BACEN, 2003)

– 80 –
Contabilização das operações e provisão para perdas

Conforme o Bacen (2003), a Central de Riscos é um banco de dados


alimentado por arquivos que são enviados todos os meses pelas instituições
financeiras, com os relatos de suas carteiras de crédito. Assim, deveriam ser
informadas todas as operações de crédito com exposição consolidada na ins-
tituição acima de R$5.000,00 detalhadas e desagregadas nos nove diferentes
tipos de risco de acordo com a Resolução 2.682/99.
Como a determinação em relação ao provisionamento estava na Reso-
lução 1.748/90, vinculada somente a um atraso nas operações, o caráter esti-
mativo nas operações não era abordado nessa definição. Assim, “a vinculação
da constituição de provisões, apenas a partir do não pagamento, desobrigou
o caráter prospectivo que as provisões por definição devem ter” (PARENTE,
2000, p. 3), ou seja, o atraso além de um indicativo de risco elevado é tam-
bém um sintoma que pode anteceder a perda efetiva.
Em 1999 entrou em vigor a Resolução 2.682 do Conselho Monetário
Nacional, substituindo a Resolução 1.748/90 que, conforme anteriormente
citado, possuía alguns dispositivos que necessitavam de atualização, além da
necessidade de aproximação da norma brasileira à internacional.
Dessa forma, o Brasil passou a adotar as práticas das orientações edi-
tadas pelo Comitê de Supervisão Bancária da Basileia. Assim, a Resolução
2.682/99 resolveu:
Art. 1.º Determinar que as instituições financeiras e demais insti-
tuições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil devem
classificar as operações de crédito, em ordem crescente de risco, nos
seguintes níveis:
I - nível AA;
II - nível A;
III - nível B;
IV – nível C;
V - nível D;
VI - nível E;
VII - nível F;
VIII - nível G;
IX - nível H.

– 81 –
Contabilidade Comercial

Ainda conforme a Resolução 2.682/99, em seu artigo 2.o, a classificação


do nível de risco será de responsabilidade da instituição que ceder o crédito
e deverá ser feita com base em critérios consistentes e verificáveis e amparada
em informações internas e externas, conforme itens a seguir:
I - em relação ao devedor e seus garantidores:
a) situação econômico-financeira;
b) grau de endividamento;
c) capacidade de geração de resultados;
d) fluxo de caixa;
e) administração e qualidade de controles;
f ) pontualidade e atrasos nos pagamentos;
g) contingências;
h) setor de atividade econômica;
i) limite de crédito.
II - em relação à operação:
a) natureza e finalidade da transação;
b) características das garantias, particularmente quanto à
suficiência e liquidez;
c) valor.
Art 3.º A classificação das operações de crédito de um
mesmo cliente ou grupo econômico deve ser defi-
nida considerando aquela que apresentar maior risco,
admitindo-se excepcionalmente classificação diversa
para determinada operação, observado o disposto no
art. 2.º, inciso II.
Quanto a operações de crédito, empréstimos, financiamentos e títulos
descontados são aquelas que ocorrem com mais frequência e em que é possí-
vel visualizar como funciona a classificação do risco de crédito.
Parente (2000) cita que tal resolução foi um avanço em diversos aspec-
tos, principalmente no que diz respeito aos créditos lançados como prejuízo.
Por essa resolução os bancos passaram a ser obrigados a lançar um crédito
contra prejuízo, necessariamente, após os 180 dias de permanência da classi-
ficação “H”. Além disso, as instituições estão obrigadas a manter os créditos
nas rubricas de prejuízos por um período de no mínimo cinco anos, para que
possa ser aumentada a comparabilidade dos relatórios financeiros.

– 82 –
Contabilização das operações e provisão para perdas

O artigo 4.° da Resolução 2.682/99 estabelece que a classificação das


operações propostas nos níveis de risco tratados no artigo 1.o, deverá ser
revista, no mínimo:
Art 4.°
I - mensalmente, por ocasião dos balancetes e balanços, em
função de atraso verificado no pagamento de parcela de
principal ou de encargos, devendo ser observado o que
segue:
[...]
II - com base nos critérios estabelecidos nos arts. 2.° e 3.°:
a) a cada seis meses, para operações de um mesmo cliente
ou grupo econômico cujo montante seja superior a 5%
(cinco por cento) do patrimônio líquido ajustado;
b) uma vez a cada doze meses, em todas as situações,
exceto na hipótese prevista no art. 5.º
§1.° As operações de adiantamento sobre contratos de câm-
bio, as de financiamento à importação e aquelas com prazos
inferiores a um mês, que apresentem atrasos superiores a
trinta dias, bem como o adiantamento a depositante a partir
de trinta dias de sua ocorrência, devem ser classificados, no
mínimo, como de risco nível G.
§2.° Para as operações com prazo a decorrer superior a 36
meses admite-se a contagem em dobro dos prazos previstos
no inciso I.
A seguir, podem ser visualizados a classificação do risco, a provisão
mínima e os atrasos em que estas são baseadas.

Tabela 1 – Classificação do risco segundo Resolução 2.682/99

Classificação do risco Provisão mínima Atrasos


AA - -
A 0,5% -
B 1,0% 15-30 dias
C 3,0% 31-60 dias
D 10,0% 61-90 dias

– 83 –
Contabilidade Comercial

Classificação do risco Provisão mínima Atrasos


E 30,0% 91-120 dias
F 50,0% 121-150 dias
G 70,0% 151-180 dias
H 100,0% >180 dias

(Fonte: CMN, 1999. Adaptado.)


De acordo com o artigo 6.° da Resolução 2.682/99:
Art. 6.° A provisão para fazer face aos créditos de liquidação duvidosa
deve ser constituída mensalmente, não podendo ser inferior ao soma-
tório decorrente da aplicação dos percentuais a seguir mencionados,
sem prejuízo da responsabilidade dos administradores das instituições
pela constituição de provisão em montantes suficientes para fazer face
a perdas prováveis na realização dos créditos [...].

Os percentuais mencionados no artigo são os que estão definidos


na tabela 1.
Conforme visto, as provisões de créditos são classificadas em oito níveis,
partindo do AA, que não possui provisão mínima, até o nível H. Esses níveis
têm a provisão mínima de valor classificada de 0,5% para o nível A, até che-
gar a 100% para o nível H. Tais valores de provisão mínima são baseados nos
atrasos por ocasião dos balancetes e balanços, em função do pagamento da
parcela de principal ou encargos.
De acordo com essa classificação as instituições financeiras deverão clas-
sificar as operações de crédito em ordem crescente de risco. Toda e qualquer
instituição concedente de crédito deverá documentar a política que utilizou
para a cessão dos valores, bem como a classificação que utilizou nessa ope-
ração, ficando esses dados disponíveis para o Bacen. Ainda de acordo com a
Resolução 2.682/99 caberá ao Bacen:
22 Reclassificação das operações de risco – com base nos critérios dos
níveis estabelecidos anteriormente;
22 Provisão adicional – revisão dos valores em função da responsabili-
dade do devedor junto ao Sistema Financeiro Nacional;

– 84 –
Contabilização das operações e provisão para perdas

22 Alteração de critérios de classificação de crédito – o Bacen poderá


contabilizar e constituir provisões de acordo com a mudança nos
critérios estabelecidos na análise de risco;
22 Estabelecimento de teor das informações – verificação constante
e estabelecimento do teor das informações e das notas explicativas
que deverão ser entregues junto às demonstrações financeiras;
22 Tipos de procedimentos e controles – caberá também ao Bacen a
definição de procedimentos e controles que deverão ser adotados
pelas instituições financeiras.
O que houve de mais importante na evolução da Resolução 1.748/90
até a Resolução 2.682/99 foi o fato de que a interpretação dos pronuncia-
mentos emanados pelo Comitê de Supervisão da Basileia teve como princi-
pal característica o resguardo ao crédito das instituições financeiras quanto
ao não recebimento de valores emprestados. Para que isso seja possível, são
utilizadas as informações apresentadas no nível de risco das operações de
cessão de crédito.
Por fim, em 2007, com o advento do Comunicado 16.137, emitido pelo
Banco Central e conhecido como Abordagem Avançada de Basileia II para
Risco de Crédito, foram estabelecidos outros parâmetros para maior proteção
às instituições financeiras. Esse comunicado resulta na implantação, por parte
do Bacen, de uma estrutura de planejamento para proteção ao risco de mer-
cado e que deverá ser feita respeitando as seguintes etapas:
[...]
I - até o final de 2007: estabelecimento de parcela de reque-
rimento de capital para risco operacional;
II - até o final de 2008: estabelecimento dos critérios de elegi-
bilidade para adoção de modelos internos para apuração
do requerimento de capital para risco de mercado; divul-
gação do processo de solicitação de autorização para uso
de modelos internos para apuração do requerimento de
capital para risco de mercado; implementação de estru-
tura para gerenciamento do risco de crédito; e divulgação
dos pontos-chave necessários para formatação de base de
dados para sistemas internos para apuração de requeri-
mento de capital para risco de crédito;

– 85 –
Contabilidade Comercial

III - até o final de 2009: início do processo de autorização


para uso de modelos internos para apuração do requeri-
mento de capital para risco de mercado; estabelecimento
dos critérios de elegibilidade para a implementação da
abordagem baseada em classificações internas para apu-
ração de requerimento de capital para risco de crédito;
divulgação do processo de solicitação de autorização
para uso da abordagem baseada em classificações inter-
nas para apuração de requerimento de capital para risco
de crédito; e divulgação dos pontos-chave para mode-
los internos de apuração de requerimento de capital
para risco operacional;
IV - até o final de 2010: início do processo de autorização para
uso da abordagem básica baseada em classificações inter-
nas para apuração de requerimento de capital para risco
de crédito;
V - até o final de 2011: início do processo de autorização
para uso da abordagem avançada baseada em classifica-
ções internas para apuração de requerimento de capital
para risco de crédito; estabelecimento dos critérios de
elegibilidade para adoção de modelos internos de apu-
ração de requerimento de capital para risco operacional;
e divulgação do processo de solicitação de autorização
para uso de modelos internos de apuração de requeri-
mento de capital para risco operacional;
VI - até o final de 2012: início do processo de autorização
para uso de modelos internos de apuração de requeri-
mento de capital para risco operacional.

Pode-se afirmar que os três pilares básicos de Basileia II são o capital,


a disciplina de mercado e a revisão pela supervisão. Em resumo, com esse
comunicado as questões com relação à Exposição de Risco de Crédito tive-
ram suas medidas revisadas para maior proteção às instituições, bem como a
Exposição ao Risco Operacional, que teve a introdução de uma nova medida
protetora de risco.
Já em 12 de setembro de 2010, foi criado o acordo de Basileia III, que
visou aumentar a estabilidade e também evitar as crises globais como a que
ocorreu em 2008. De acordo com as novas regras, os bancos terão que possuir
mais garantias em forma de capital para seus empréstimos e investimentos, o
que, dessa forma, poderá reduzir o lucro dessas instituições.

– 86 –
Contabilização das operações e provisão para perdas

Assim, foi possível notar que desde 1990 com a Resolução 1.648, pas-
sando pelo primeiro acordo de Basileia, a quebra de bancos brasileiros e a
Resolução 2.682/99, que reforçou as regras de risco juntamente com os acor-
dos de Basileia II e III e com o Comunicado 16.137/2007, que a legislação
para a concessão de crédito vem evoluindo no Brasil e no mundo para a prote-
ção das instituições bancárias e para um melhor funcionamento desse sistema.

Ampliando seus conhecimentos

Basileia III traz novas exigências


para grandes bancos

Mudanças podem obrigar os bancos


a manter mais capital como garantia
para empréstimos, o que reduzirá os
riscos de crise
(AGÊNCIA ESTADO, 2010)

Dirigentes de bancos centrais e órgãos reguladores do setor


financeiro de todo o mundo concluíram neste domingo o
acordo de Basileia III, que traz novas exigências de capitali-
zação para os grandes bancos. O objetivo é aumentar a esta-
bilidade do sistema e evitar crises globais, como a ocorrida
há dois anos. As novas normas, aprovadas pelo Comitê de
Supervisão Bancária da Basileia, obrigarão os bancos a manter
mais capital como garantia para uma variedade de empréstimos
e investimentos, o que deverá reduzir os lucros das instituições.
O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Jean-
-Claude Trichet, disse que “os acordos alcançados hoje são
um fortalecimento fundamental dos padrões globais de capi-
tal”. Segundo ele, sua contribuição para a estabilidade finan-
ceira no longo prazo será substancial. Os acordos de transi-
ção permitirão que os bancos cumpram os novos padrões e
ao mesmo tempo apoiem a recuperação econômica.

– 87 –
Contabilidade Comercial

Nout Wellink, presidente do banco central da Holanda e


também do Comitê de Supervisão Bancária da Basileia, afir-
mou que “a combinação de uma definição muito mais forte
de capital, de exigências mínimas mais altas e a introdução
de novos colchões de capital vão assegurar que os bancos
tenham mais capacidade de suportar períodos de estresse
econômico e financeiro”.
Os bancos deverão manter um nível de capitalização, medido
pela soma do valor de suas ações ordinárias com reservas em
“cash” (à vista), equivalente a pelo menos 4,5% de seus ati-
vos. A exigência atual é de apenas 2%. Para efeito de compa-
ração, depois dos testes de estresse realizados em 2009, os
bancos dos Estados Unidos precisam manter reservas de pelo
menos 4% dos ativos.
Também haverá um colchão de conservação de capital de
2,5% dos ativos. Caso o nível de capital de um banco caia
abaixo desse nível, ele poderá se ver diante de restrições para
o pagamento de dividendos a seus acionistas ou de bônus
para seus executivos. A exigência de capital de categoria
1 deverá subir de 4% para 6%, mas a de capital total será
mantida em 8%.
O acordo prevê ainda um “colchão contracíclico” equivalente
a entre zero e 2,5% do nível de capitalização de mercado,
destinado a proteger o sistema bancário em períodos de cres-
cimento excessivo da disponibilidade de crédito, conforme a
necessidade. Com isso, o nível mínimo de capital total será
elevado para 10,5% do total de ativos.

Prazos
A implementação das novas regras deverá ser gradual, a partir
de janeiro de 2013. Entre janeiro de 2013 e janeiro de 2015,
os bancos precisarão implementar a parte referente às reservas
de capital. O colchão de conservação de capital deverá ser
implantado entre janeiro de 2016 e janeiro de 2019.

– 88 –
Contabilização das operações e provisão para perdas

Segundo o comunicado do Comitê de Supervisão Bancária,


bancos com importância sistêmica – aqueles com tamanho
suficiente para que sua falência seja considerada uma ameaça a
todo o sistema financeiro – deverão “ter capacidade de absor-
ção de perdas maior do que os padrões anunciados hoje e o
trabalho sobre essa questão continua no Conselho de Estabi-
lidade Financeira e em outros órgãos do Comitê da Basileia”.
O acordo deverá ser ratificado no próximo encontro de
cúpula do G-20 (grupo que reúne as 20 maiores econo-
mias do mundo), em novembro, em Seul, na Coreia do Sul.
Depois disso, cada um dos 27 países participantes das discus-
sões em Basileia, na Suíça, deverá adaptar as novas normas a
seus respectivos sistemas financeiros.

Atividades
1. No caso de um lançamento contábil em que um cliente efetua um de-
pósito em sua conta-corrente em dinheiro, como isso é demonstrado
na contabilidade do banco?

2. Qual a diferença entre as contas de passivo de depósitos à vista e de-


pósitos a prazo?

3. Como pode ser definida a contabilidade para as instituições que uti-


lizam o Cosif?

4. Qual o objetivo da criação da Resolução 1.748/90?

5. O que é a Central de Riscos? Para que foi criada?

– 89 –
5
Análise das
demonstrações
contábeis das instituições
financeiras

5.1 Demonstrações contábeis


As demonstrações contábeis são uma representação da con-
figuração patrimonial e financeira de uma entidade em uma deter-
minada data. Elas têm como objetivo fornecer informações sobre
a composição patrimonial, de resultado e também sobre o fluxo
financeiro de uma entidade.
Contabilidade Comercial

5.1.1 Objetivos
De acordo com o previsto no regulamento anexo à Circular 1.273/87
(Cosif ) o objetivo básico do conjunto das demonstrações financeiras ou con-
tábeis é o de, baseado nas normas e procedimentos de contabilidade, fornecer
informações econômico-financeiras que estejam atualizadas e que atendam ao
maior número possível de interessados.

5.1.2 Publicação
Segundo o artigo 4.º da Circular 2.804/98, a publicação das demonstra-
ções deverá obedecer aos seguintes prazos:
Art. 4.º A publicação das demonstrações financeiras deve obedecer
aos seguintes prazos:
I - mensalmente, até trinta dias da data-base;
II - as referentes à data-base de 30 de junho, até sessenta
dias da data-base;
III - as referentes à data-base de 31 de dezembro, até noventa
dias da data-base.

Além disso, ainda segundo a Circular 2.804/98, a publicação das


demonstrações financeiras semestrais e anuais deve ser feita em jornais de
grande circulação na localidade em que está situada a sede da instituição.
Complementando, sobre as demonstrações mensais:
Art. 1.° [...]
§1.° Em se tratando de demonstrações mensais, é suficiente a publi-
cação em revista especializada ou em boletim de informação e divul-
gação de entidade de classe ou, ainda, a divulgação em meio alter-
nativo de comunicação, de acesso geral, em sistema informatizado.
(BCB, 1998)

As demonstrações deverão ser publicadas sempre no mesmo jornal ou


publicação especializada e, no caso de alguma mudança, esta deverá ser infor-
mada aos acionistas no extrato da ata da Assembleia Geral da Administração
Ordinária, ficando a instituição obrigada a manter a documentação com-
probatória das publicações obrigatórias por cinco anos. Além disso, deverão
acompanhar as demonstrações, assim como no caso das sociedades não finan-

– 92 –
Análise das demonstrações contábeis das instituições financeiras

ceiras, o Parecer da Auditoria Independente e o Relatório da Administração


sobre os principais fatos ocorridos no período.
De acordo com a Resolução 3.604/2008 do Banco Central, as insti-
tuições financeiras estão dispensadas de elaborar a Demonstração das Ori-
gens e Aplicações de Recursos (DOAR) e passam a ser obrigadas a elaborar
a Demonstração de Fluxo de Caixa (DFC), a partir de 31 de dezembro de
2008, de acordo, também, com o Pronunciamento Técnico 03 do Comitê de
Pronunciamentos Contábeis (CPC 03).

5.1.3 Demonstrações contábeis obrigatórias


De acordo com a Circular 1.273/87 as seguintes demonstrações são
obrigatórias para as instituições financeiras ou aquelas que utilizam o Cosif:
Balancete ou Balanço Patrimonial, Demonstração do Resultado, Demons-
tração das Mutações do Patrimônio Líquido e Demonstração do Fluxo
de Caixa, assim como o Parecer da Auditoria Independente e o Relatório
da Administração.

5.1.3.1 Balancete Geral e Patrimonial


O Balancete Geral ou Patrimonial deverá ser elaborado com periodi-
cidade mensal por aquelas instituições autorizadas pelo Bacen a funcionar e
que utilizam como base a estrutura do Cosif. Segundo Filgueiras (2010) com
relação à nomenclatura, utiliza-se Balancete Geral (Modelo Analítico) para
fins de remessa ao Bacen e Balancete Patrimonial (Modelo Sintético) para
fins de publicação.

5.1.3.2 Balanço Geral ou Patrimonial


Utilizando-se dos balancetes dos meses de junho e dezembro, as institui-
ções financeiras deverão elaborar os balanços patrimoniais.
Assim como no Balancete, conforme Filgueiras (2010), para questões
de nomenclatura utiliza-se Balanço Geral (Modelo Analítico) para fins de
remessa ao Bacen e Balanço Patrimonial (Modelo Sintético) para fins de
publicação. A seguir, um modelo de Balancete/Balanço Patrimonial, com o
desdobramento das contas do Ativo, Passivo, Patrimônio Líquido, Resul-
tado e Compensação.

– 93 –
Contabilidade Comercial

22 Modelo de Balancete ou Balanço


BALANCETE / BALANÇO PATRIMONIAL
Em / /
Instituição ou Conglomerado:
Endereço:
C.G.C:

VALORES
COD. DISCRIMINAÇÃO DOS VERBETES
(em R$ mil)
ATIVO CIRCULANTE
110 DISPONIBILIDADES
APLICAÇÕES INTERFINANCEIRAS DE LIQUIDEZ
121 Aplicações no Mercado Aberto
122 Aplicações em Depósitos Interfinanceiros
124 Aplicações Voluntárias no Banco Central
126 Aplicações em Depósito de Poupança
128 (Provisões para Perdas) (      )
TÍTULOS E VALORES MOBILIÁRIOS E INS-
TRUMENTOS FINANCEIROS DERIVATIVOS
131 Carteira Própria
132 Vinculados a Compromissos de Recompra
140 Instrumentos Financeiros Derivativos
137 Vinculados ao Banco Central
138 Moedas de Privatização
134 Vinculados à Prestação de Garantias
136 Títulos Objetos de Operações Compro-
missadas com Livre Movimentação
139 (Provisões para Desvalorizações) (      )
RELAÇÕES INTERFINANCEIRAS
141 Pagamento e Recebimento a Liquidar

– 94 –
Análise das demonstrações contábeis das instituições financeiras

VALORES
COD. DISCRIMINAÇÃO DOS VERBETES
(em R$ mil)
Créditos Vinculados
142 Depósitos no Banco Central
144 Convênios
145 Tesouro Nacional – Recursos do Crédito Rural
146 SFH – Sistema Financeiro da Habitação
147 Repasses Interfinanceiros
148 Correspondentes
149 Centralização Financeira – Cooperativas
RELAÇÃO INTERDEPENDÊNCIAS
151 Recurso em Trânsito de Terceiros
152 Transferências Internas de Recursos
OPERAÇÕES DE CRÉDITO
161 Operações de Crédito
Setor Público
Setor Privado
169 (Provisão para Operações de Cré- (      )
dito de Liquidação Duvidosa)
OPERAÇÕES DE ARRENDAMENTO MERCANTIL
171 Arrendamentos e Subarrendamentos a Receber
Setor Público
Setor Privado
178 (Rendas a Apropriar de Arrendamento Mercantil) (      )
179 (Provisão para Créditos de Arrendamento (      )
Mercantil de Liquidação Duvidosa)
OUTROS CRÉDITOS
181 Créditos por Avais e Fianças Honrados
182 Carteira de Câmbio
183 Rendas a Receber

– 95 –
Contabilidade Comercial

VALORES
COD. DISCRIMINAÇÃO DOS VERBETES
(em R$ mil)
184 Negociação e Intermediação de Valores
185 Créditos Específicos
186 Operações Especiais
187 Diversos
189 (Provisão para Outros Crédi- (      )
tos de Liquidação Duvidosa)
OUTROS VALORES E BENS
191 Investimentos Temporários
192 (Provisões para Perdas) (      )
194 Outros Valores e Bens
197 (Provisões para Desvalorização) (      )
199 Despesas Antecipadas
ATIVO REALIZÁVEL A LONGO PRAZO
(Repetir os verbetes que possuem saldo no longo prazo)
PERMANENTE
INVESTIMENTOS
311 Dependências no Exterior
Participações em Coligadas e Controladas
312 No País
314 No Exterior
315 Outros Investimentos
319 (Provisões para Perdas) (      )
IMOBILIZADO DE USO
323 Imóveis de Uso
325 Reavaliações de Imóveis de Uso
324 Outras Imobilizações de Uso

– 96 –
Análise das demonstrações contábeis das instituições financeiras

VALORES
COD. DISCRIMINAÇÃO DOS VERBETES
(em R$ mil)
329 (Depreciações Acumuladas) (      )
IMOBILIZADO DE ARRENDAMENTO
332 Bens Arrendados
339 (Depreciações Acumuladas)
DIFERIDO (      )
341 Gastos de Organização e Expansão
349 (Amortização Acumulada) (      )
TOTAL DO ATIVO

PASSIVO CIRCULANTE
DEPÓSITOS
411 Depósitos à Vista
412 Depósitos de Poupança
413 Depósitos Interfinanceiros
414 Depósitos à Prazo
419 Outros Depósitos
CAPTAÇÕES NO MERCADO ABERTO
421 Carteira Própria
422 Carteira de Terceiros
423 Carteira Livre de Movimentação
RECURSOS DE ACEITES E EMIS-
SÃO DE TÍTULOS
431 Recursos de Aceites Cambiais
432 Recursos de Letras Imobiliárias
433 Recursos de Letras Hipotecárias
434 Recursos de Debêntures
435 Obrigações por Títulos e Valo-
res Mobiliários no Exterior

– 97 –
Contabilidade Comercial

VALORES
COD. DISCRIMINAÇÃO DOS VERBETES
(em R$ mil)
436 Recursos de Letras de Crédito Imobiliário
RELAÇÕES INTERFINANCEIRAS
441 Recebimentos e Pagamentos a Liquidar
442 Obrigações Vinculadas
443 Repasses Interfinanceiros
444 Correspondentes
445 Centralização Financeira – Cooperativas
RELAÇÕES INTERDEPENDÊNCIAS
451 Recursos em Trânsito de Terceiros
452 Transferências Internas de Recursos
OBRIGAÇÕES POR EMPRÉSTIMO
461 Empréstimo no País – Instituições Oficiais
462 Empréstimo no País – Outras Instituições
463 Empréstimos no Exterior
464 Obrigações por Aquisição de Títulos Federais
OBRIGAÇÕES POR REPASSES DO
PAÍS – INSTITUIÇÕES FEDERAIS
467 Tesouro Nacional
468 Banco do Brasil
469 BNDES
470 CEF
471 FINAME
472 Outras Instituições
INSTRUMENTOS FINANCEIROS DERIVATIVOS
485 Instrumentos Financeiros Derivativos
OBRIGAÇÕES POR REPASSE DO EXTERIOR
481 Repasses do Exterior
OUTRAS OBRIGAÇÕES

– 98 –
Análise das demonstrações contábeis das instituições financeiras

VALORES
COD. DISCRIMINAÇÃO DOS VERBETES
(em R$ mil)
491 Cobrança e Arrecadação de Tributos e Assemelhados
492 Carteira de Câmbio
493 Sociais e Estatutárias
494 Fiscais e Previdenciárias
495 Negociação e Intermediação de Valores
496 Operação com Loterias
497 Fundos e Programas Sociais
498 Fundos Financeiros e de Desenvolvimento
501 Operações Especiais
504 Instrumentos Híbridos de Capital e Dívida
505 Dívidas Subordinadas
503 Diversas
PASSIVO EXIGÍVEL A LONGO PRAZO
(Repetir os verbetes que possuem saldo no longo prazo)
RESULTADOS DE EXERCÍCIOS FUTUROS
581 Resultados de Exercícios Futuros
PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Capital
605 De Domiciliados no País
607 De Domiciliados no Exterior
608 (Capital a Realizar) (      )
609 Recursos de Associados Poupadores
613 Reservas de Capital
614 Reservas de Reavaliação
615 Reservas de Lucro
616 Ajuste ao Valor de Mercado – Títulos e
Valores Mobiliários e Derivados
617 Sobras ou Perdas Acumuladas

– 99 –
Contabilidade Comercial

VALORES
COD. DISCRIMINAÇÃO DOS VERBETES
(em R$ mil)
618 Lucros ou Prejuízos Acumulados
619 (Ações em Tesouraria) (      )
CONTAS DE RESULTADOS
705 Receitas Operacionais
805 (Despesas Operacionais) (      )
828 Receitas Não Operacionais
830 (Despesas Não Operacionais) (      )
890 (Imposto de Renda) ()
891 (Contribuição Social) ()
892 (Ativo Fiscal Diferido – Impostos e Contribuições) ()
893 (Participações no Lucro) ()
TOTAL DO PASSIVO

____________________________________ ______________________________
Diretor Responsável pela Área Local e Data
Contábil/Auditoria
____________________________________ _______________________________________
Diretor Profissional de Contabilidade
CRC:
CPF:
(Fonte: SANTOS, 2007. Adaptado.)
No caso dos Balancetes, o documento contábil que é remetido ao Bacen
apresenta até o nível cinco de desdobramento contábil das contas. Já aquele
que é publicado na imprensa apresenta até o nível três ou desdobramento de
subgrupo, ocorrendo o mesmo para o Balanço.
5.1.3.3 Demonstração do Resultado
A Demonstração do Resultado do semestre/exercício discriminará o
resultado da intermediação financeira e das transações usuais da empresa,

– 100 –
Análise das demonstrações contábeis das instituições financeiras

além do resultado não operacional e, posteriormente, o resultado líquido.


A seguir, um modelo de DRE para melhor compreensão das contas, bem
como os códigos que são utilizados na mesma.
Modelo de Demonstração do Resultado do Exercício
DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO
Em: / /
Instituição ou Conglomerado:
Endereço:
C.G.C: Valores em R$ mil

SEMESTRE /
CÓDIGO DISCRIMINAÇÃO EXERCÍCIO
ATUAL ANTERIOR
10 RECEITAS DA INTERMEDIAÇÃO
FINANCEIRA
711 - Operações de Crédito
713 - Operações de Arrendamento Mercantil
715 - Resultados de Operações com
Títulos e Valores Mobiliários
716 - Resultados com Instrumentos
Financeiros Derivativos
717 - Resultado de Operações de Câmbio
719 - Resultado de Aplicações Compulsórias
718 - Operações de Vendas ou de
Transferência de Ativos Financeiros
15 DESPESAS DE INTERMEDIAÇÃO
FINANCEIRA
812 - Operações de Captação no Mercado
814 - Operações de Empréstimos e Repasses
816 - Operações de Arrendamento Mercantil
(*) - Resultado de Operações de Câmbio
820 - Provisão para Créditos de
Liquidação Duvidosa
– 101 –
Contabilidade Comercial

SEMESTRE /
CÓDIGO DISCRIMINAÇÃO EXERCÍCIO
ATUAL ANTERIOR
50 OUTRAS RECEITAS/DESPESAS
OPERACIONAIS
721 - Receitas de Prestação de Serviços
722 - Rendas de Tarifas Bancárias
822 - Despesas de Pessoal
824 - Outras Despesas Administrativas
826 - Despesas Tributárias
723 - Resultado de Participações em
Coligadas e Controladas
725 - Outras Receitas Operacionais
832 - Outras Despesas Operacionais
60 RESULTADO OPERACIONAL (20+50)
65 RESULTADO NÃO OPERACIONAL
(828 E 830)
75 RESULTADO ANTES DA
TRIBUTAÇÃO SOBRE O LUCRO
E PARTICIPAÇÕES (60+65)
80 IMPOSTO DE RENDA E
CONTRIBUIÇÃO SOCIAL
890 Provisão para Imposto de Renda
891 Provisão para Contribuição Social
892 Ativo Fiscal Diferido
85 PARTICIPAÇÕES ESTATUTÁRIAS
NO LUCRO (893)
90 LUCRO LÍQUIDO
(PREJUÍZO) (75 - 80 - 85)
92 JUROS SOBRE CAPITAL PRÓPRIO
95 LUCRO POR AÇÃO:
(*) Utilizar o verbete somente quando o resultado for negativo.

(Fonte: COSIF, 2011)

– 102 –
Análise das demonstrações contábeis das instituições financeiras

______________________________ __________________
Diretor Responsável pela Área Local e Data
Contábil/Auditoria
________________________________ _________________________________
Diretor Profissional de Contabilidade
CRC:
CPF:
(*) Utilizar o verbete somente quando o resultado for negativo.

5.1.3.4 Demonstração do Fluxo de Caixa


Com a extinção da obrigação da publicação da DOAR (Resolução
3.604/2008), passou a haver a obrigação da publicação da Demonstração de
Fluxo de Caixa (DFC). Porém, essa obrigatoriedade não é aplicada a todas as
instituições financeiras, excluindo-se, por exemplo, as cooperativas de crédito
singulares e as sociedades de crédito ao microempreendedor com patrimônio
líquido inferior a R$ 2 milhões na data-base de 31 de dezembro.

5.1.3.5 Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido


A Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL) poderá
conter a Demonstração de Lucros e Prejuízos Acumulados de acordo com o
disposto no item 1.22.2.9 do regulamento anexo à Circular 1.273/87 (Cosif ).
Essa demonstração poderá ser adequada à necessidade de eventos ocorridos
em cada instituição para questões relativas a títulos e subtítulos utilizados.

5.1.3.6 Notas Explicativas


De acordo com o disposto no item 1.22.4.1 do regulamento anexo à
Circular 1.273/87 (Cosif ), as demonstrações financeiras deverão ser acompa-
nhas das Notas Explicativas e Quadros Suplementares que apresentem, deli-
mitem e expliquem o conteúdo das demonstrações contábeis obrigatórias.
Entre elas destacam-se:
22 Resumo das principais práticas contábeis;
22 Reavaliação de imóveis de uso;

– 103 –
Contabilidade Comercial

22 Investimentos relevantes em outras sociedades;


22 Lucros não realizados financeiramente;
22 Capital social;
22 Ajustes de exercícios anteriores;
22 Cálculo de dividendos;
22 Lucro por ação e montante de dividendo por ação;
22 Créditos compensados como prejuízo;
22 Informações qualitativas e quantitativas sobre os créditos tributá-
rios e obrigações fiscais diferidas;
22 Informações sobre a classificação dos títulos e valores mobiliários.

5.1.3.7 Relatório da Administração


O relatório da administração descreve todos os atos e fatos ocorridos na
administração geral das instituições financeiras. Como exemplos, conforme cita
Santos (2007), estão os planos e perspectivas para o próximo semestre, políticas
de proteção ao meio ambiente, conjuntura econômica e social, entre outros.

5.2 Análise das demonstrações contábeis


Após conhecer as demonstrações contábeis obrigatórias para as insti-
tuições financeiras, é possível entender como deverá ser feita a análise do
conjunto dessas demonstrações. Para isso, é preciso compreender como as
demonstrações se complementam entre si, conforme cita Santos (2007):
22 Balancete Patrimonial – é uma demonstração estática e que repre-
senta o patrimônio das entidades, em uma determinada data. É
uma demonstração financeira.
22 Demonstração do Resultado do Exercício – demonstrativo dinâ-
mico que apresenta o saldo acumulado oriundo do confronto das
contas de receita e despesa (resultado) durante determinado perí-
odo e que em seu encerramento será transferido para o Balanço
Patrimonial na forma de lucro ou prejuízo.

– 104 –
Análise das demonstrações contábeis das instituições financeiras

22 Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido – resumo


de todas as movimentações ocorridas nesse subgrupo do passivo.
22 Demonstração do Fluxo de Caixa – apresenta a entrada e a saída
de recursos financeiros nas entidades, dividindo-se em atividades
operacionais, de investimento e financiamento.
22 Notas Explicativas – são detalhes sucintos dos elementos apresen-
tados nas demonstrações financeiras.
Com esse entendimento, é preciso estabelecer certos critérios para que
sejam iniciados os trabalhos de análise das demonstrações financeiras:
22 Estabelecimento de uma tendência para as demonstrações dentro
da própria instituição;
22 Comparação entre os índices e relacionamentos obtidos com os
mesmos índices expressos em termos e metas;
22 Comparação dos índices com os de outras instituições concorrentes;
22 Por fim, deverá ser compreendido que não existe um roteiro de inter-
pretação das demonstrações e que o conjunto destas deverá fornecer
informações para levantar questionamentos sobre as demonstrações.
5.2.1 Análise da estrutura patrimonial
Para que a estrutura patrimonial possa ser analisada, é preciso tomar
como base a estrutura básica do Cosif, apresentada a seguir.
Quadro 1 – Balancete Patrimonial
BALANCETE PATRIMONIAL
ATIVO PASSIVO
COSIF TÍTULOS DAS RUBRICAS COSIF TÍTULOS DAS RUBRICAS
1 Circulante e Realizável 4 Circulante e exigível
a Longo Prazo a longo prazo
5 Resultado de Exercícios Futuros
2 Permanente 6 Patrimônio Líquido
7 Contas de Resultado Credoras
8 Contas de Resultado Devedoras
3 Compensação 9 Compensação

– 105 –
Contabilidade Comercial

5.2.1.1 Operações ativas


Observando-se a estrutura anteriormente apresentada, é possível des-
crever as operações ativas como aquelas que aumentam ou reduzem o ativo
como contrapartida da obtenção de um resultado positivo (receita) ou nega-
tivo (despesa) decorrente de ganhos contratuais, avaliações a valor de mer-
cado e provisões (SANTOS, 2007). Como exemplo, podemos citar os títulos
e valores mobiliários, aplicações interfinanceiras de liquidez, operações com-
promissadas e operações com derivativos.
Na análise da estrutura patrimonial é preciso levar em conta, também,
que a troca entre valores do ativo não provocará alteração no total do grupo,
apenas no valor de cada conta.
5.2.1.2 Operações passivas
Já as operações passivas, são representadas pelos depósitos à vista, a prazo,
depósitos de poupança, captações por intermédio de operações compromis-
sadas, entre outros. É possível observar que esses lançamentos irão gerar um
aumento simultâneo no Ativo, pela entrada dos recursos, e no Passivo, pelo
registro da operação.
Porém, assim como nas operações ativas, a troca de valores entre con-
tas do Passivo, com a transferência de uma conta de depósito à vista para
depósito a prazo, não alterará o valor do Passivo. Em alguns casos existe
somente a geração de despesas em troca da captação dos recursos que irão
fazer parte desse passivo das entidades financeiras, pois esse é o ônus decor-
rente das despesas contratuais.
5.2.2 Análise de liquidez
O grau de liquidez está ligado à capacidade de cumprir, de imediato,
com todos os compromissos que estiverem vencendo, incluindo os depósitos
à vista e outros compromissos registrados em contas de compensação. Existe
outro conceito a ser definido, que é o de risco de liquidez que está relacio-
nado ao fato de a instituição não ser capaz de cumprir seu compromisso
com os seus clientes. Segundo Filgueiras (2010), erros em relação ao grau
de liquidez podem ter repercussões mais rápidas e severas do que erros da
administração. Assim, permanecer fora do risco de liquidez deve ser o obje-
tivo primordial das instituições financeiras.

– 106 –
Análise das demonstrações contábeis das instituições financeiras

A maior parte das operações financeiras afeta a liquidez das instituições e


isso, por sua vez, afeta o processo delas como um todo, pois muitas das atividades
bancárias dependem da instituição fornecer ou não liquidez aos seus clientes.
Não existe uma fórmula ideal para que seja mantida a liquidez de uma
determinada entidade, pois essa situação varia de tempos em tempos, depen-
dendo única e exclusivamente das captações e gerações de recursos das enti-
dades. O que diferencia a liquidez de uma instituição para outra é o mercado
em que elas atuam e como elas trabalham com suas carteiras de negócios.
Em determinados casos, a situação de liquidez de uma instituição finan-
ceira pode não ser adequada, como no caso de requerimento de antecipação
de fundos. As instituições deverão então fazer um planejamento para avaliar
o desempenho passado e o desempenho de prováveis fontes futuras de recur-
sos, determinando, após isso, como financiá-las, administrando seus ativos,
passivos ou combinando ambos (FILGUEIRAS, 2010). O autor ainda cita
(2010, p. 351) que na determinação do método mais adequado para atender
às necessidades da administração na busca da liquidez deverão ser seguidos os
seguintes passos:
22 Necessidades históricas de captação;
22 Posição de liquidez atual;
22 Necessidades previstas de captações futuras;
22 Estabilidade das fontes de captação;
22 Custo interno de fundos;
22 Alternativas para atrair captações adicionais;
22 Alternativas para reduzir a necessidade de captações;
22 Qualidade dos ativos, atual e projetada;
22 Capacidade atual e futura de geração de lucros;
22 Nível de capital, atual e planejado;
22 Fatores econômicos e de mercado.

– 107 –
Contabilidade Comercial

5.2.3 Análise do Resultado


Já a análise do resultado é baseada na avaliação do quão consistentes
são os resultados apresentados pelas instituições financeiras, pois conforme
afirma Filgueiras (2010) o resultado faz parte da fonte de crescimento interno
dessas instituições, afetando sua capacidade de levantar recursos e até mesmo
sua imagem no mercado.
Nesse contexto é preciso entender que os lucros dessas instituições têm
o objetivo primordial de elevar e suprir quaisquer necessidades de capital das
instituições financeiras. Então, entendendo a estrutura e como funciona a
capacidade de geração de receitas de uma entidade, será possível uma melhor
proteção contra riscos inerentes às atividades de intermediação financeira.

5.2.4 Viabilidade futura da instituição


Outro importante índice é o de retorno sobre ativos, que é representado
pela receita líquida dividida pelos ativos totais médios. Esse índice reflete
a capacidade que a instituição tem de gerar lucros, e caso apresente varia-
ção negativa será indício de que a instituição enfrenta alguns problemas. Tal
índice poderá ser um bom indicador para as agências responsáveis pelo ran-
queamento das instituições e pelo público.
Outro aspecto importante acerca desse índice é o aspecto relativo à mani-
pulação do mesmo, do que é feito para tentar mascarar os problemas finan-
ceiros. Filgueiras (2010) cita como exemplo de manipulação desse índice a
realização de ganhos de capital excessivos em títulos mobiliários.

5.2.5 Fontes e capacidade de geração de resultados


No caso da margem líquida de juros, que é um índice definido pela
receita de juros menos a despesa de juros dividida pela média dos ativos ren-
táveis, é possível visualizar quais são os fatores responsáveis pela rentabilidade
do resultado, bem como fazer a análise do nível e até da tendência dos lucros
(FILGUEIRAS, 2010).
É importante que as instituições acompanhem tanto a conta de recei-
tas quanto a de despesas, pois essas duas contas de resultados são as que
possuem o maior impacto dentro das instituições na geração de lucro ou
prejuízo do exercício.

– 108 –
Análise das demonstrações contábeis das instituições financeiras

Filgueiras (2010) destaca que uma questão envolvida diretamente com


esse tipo de índice é o tipo de negócio em que o banco atua, uma vez que
aqueles que atuam em operações de atacado irão operar com margens meno-
res do que aqueles dedicados às pessoas físicas, por causa dos riscos envolvidos
nessas transações. Também é sabido que uma fonte importante de obtenção
de receitas dos bancos é a cobrança pelos serviços, envolvendo desde o pro-
cessamento de contas-correntes, emissão de carta de crédito, como outros
serviços administrativos e de custódia.

Ampliando seus conhecimentos

Evidenciação nas Demonstrações


Contábeis das Instituições Financeiras
(ARAÚJO et al., 2004)

[...]

Instituições financeiras
[...]
Para efeitos legais, conforme a Lei de Reforma Bancária, Caval-
canti e Misumi (2001) conceituam as instituições financeiras
da seguinte forma:
[...] são pessoas jurídicas, públicas ou privadas que tenham como ati-
vidade, principal ou acessória, a coleta, intermediação ou aplicação
de recursos financeiros, próprios ou de terceiros, em moeda nacional
ou estrangeira, e a custódia de valor de propriedade de terceiros.
Para os efeitos desta lei, equiparam-se às instituições financeiras as
pessoas físicas que exerçam qualquer das atividades referidas de
forma permanente ou eventual.

O conjunto de instituições e instrumentos financeiros que


possibilita a transferência de recursos dos ofertadores finais
para os tomadores finais e cria condições para que os títulos
e valores mobiliários tenham liquidez no mercado é chamado
de Sistema Financeiro (CAVALCANTI; MISUMI, 2001).

– 109 –
Contabilidade Comercial

Cavalcanti e Misumi (2001) segregam as instituições financei-


ras de acordo com a natureza das obrigações que emitem e
com os tipos de operações que estão autorizadas a realizar.
Pelo primeiro critério, divide-se em bancárias e não bancárias,
e pelo tipo de operação divide-se em instituições de crédito e
distribuidoras de títulos e valores mobiliários.
Ainda conforme os autores, o Sistema Financeiro Nacional é
constituído por um subsistema normativo e por um subsistema
operativo. O subsistema normativo regula e controla o sub-
sistema operativo por meio de normas legais, expedidas pela
autoridade monetária, ou pela oferta seletiva de crédito levada
a efeito pelos agentes financeiros do governo.
O subsistema operativo é constituído pelas instituições finan-
ceiras públicas ou privadas que atuam no mercado financeiro.
São divididas nos seguintes tipos de instituições (Cavalcanti;
Misumi, 2001): bancos múltiplos, bancos comerciais, caixas
econômicas, bancos de investimento, bancos e companhias
de desenvolvimento, companhias de crédito, financiamento e
investimento (financeiras), sociedades de crédito imobiliário,
bolsas de valores, sociedades corretoras, sociedades distribui-
doras, agentes autônomos de investimento. Cada uma dessas
instituições é obrigada a levantar, de acordo com as exigên-
cias dos órgãos regulamentadores, demonstrações e relatórios
contábeis com informações sobre sua estrutura patrimonial,
informações econômico-financeiras e sobre sua gestão admi-
nistrativa, publicando-as para que os usuários externos tenham
acesso e tomem decisões de investimentos e de financiamentos.
As demonstrações contábeis das instituições financeiras são
regulamentadas por diversos órgãos públicos, entre eles a
Secretaria da Receita Federal e a Comissão de Valores Mobi-
liários, porém o principal órgão regulador é o Banco Central
do Brasil, que regulamenta o levantamento e a publicação das
demonstrações pelo Plano Contábil das Instituições Financei-
ras do Sistema Financeiro Nacional (Cosif).

– 110 –
Análise das demonstrações contábeis das instituições financeiras

O objetivo do Cosif é o de uniformizar os registros, raciona-


lizar a utilização de contas, estabelecer regras, critérios e pro-
cedimentos necessários à obtenção e divulgação de dados,
possibilitar o acompanhamento do sistema financeiro, bem
como a análise, a avaliação do desempenho e o controle
pelo Banco Central, de modo que as demonstrações finan-
ceiras expressem, com fidedignidade e clareza, a real situação
econômico-financeira da instituição.
Evidenciação
Segundo a teoria da contabilidade, esse conceito garante as
informações diferenciadas aos vários tipos de usuários, de
acordo com o grau de sofisticação exigido por este e, segundo
Iudícibus (2000), complementa e dá potencialidade plena
aos princípios e às convenções contábeis. Com isso, atinge-se
o principal objetivo da contabilidade que, segundo Iudicíbus
e Marion (1999), citados em Colares e Ponte (2003), con-
siste em fornecer informações estruturadas não só de natureza
financeira como econômica e subsidiariamente física, de pro-
dutividade e social aos usuários da contabilidade.
A Contabilidade Financeira vem para atender às obrigações
emanadas de órgãos reguladores e legislações específicas,
como a Lei das S/A, enquanto a Contabilidade Gerencial
atende os usuários responsáveis pela tomada de decisões
internas à empresa.
O Accounting Research Study 1, emitido pelo American
Institute of Certified Public Accountants (AICPA), órgão
responsável pela emissão do certificado para o contador, no
longínquo ano de 1961, estabeleceu que “os demonstrativos
contábeis deveriam evidenciar o que for necessário, a fim de
não torná-los enganosos”. As situações que poderiam detur-
par a qualidade das informações prestadas pela contabilidade
mediante demonstrativos foram listadas por Hendriksen (1977,
p. 560) citado em Iudícibus (2003), e seguem abaixo:

– 111 –
Contabilidade Comercial

1) uso de procedimentos que afetam materialmente as apre-


sentações de resultados ou de balanço comparados com
métodos alternativos que poderiam ser supostos pelo
leitor, na ausência da evidenciação;
2) mudança importante nos procedimentos de um período
a outro;
3) eventos significativos ou relações que não derivam das
atividades normais;
4) contratos especiais ou arranjos que afetam as relações de
contratantes envolvidos;
5) mudanças relevantes ou eventos que afetariam normal-
mente as expectativas;
6) mudanças sensíveis nas atividades ou operações que afe-
tariam as decisões relativas à empresa.
O tipo e a quantidade de evidenciação devem ser verifica-
dos concomitantemente ao tipo de usuário da contabilidade,
e a exigência é a de que os demonstrativos omitam infor-
mações não relevantes e que as que forem expostas sejam
adequadas, justas e plenas, no que se refere ao ponto que
deve ser evidenciado, tornando os demonstrativos significati-
vos e possíveis de serem entendidos plenamente por quem
tomará a decisão.
Iudícibus (2000, p. 118) e Gonçalves e Ott (2002) enume-
ram as formas de realizar as evidenciações das informações
relevantes de uma empresa:
1) forma e apresentação das demonstrações contá-
beis: essas podem ter melhoradas as qualidades
da informação apresentada.
2) informações entre parênteses: poderiam ser apresentadas
informações, mesmo no corpo do demonstrativo, infor-
mações não quantitativas.

– 112 –
Análise das demonstrações contábeis das instituições financeiras

3) notas de rodapé (explicativas): têm como objetivo eviden-


ciar alguma informação que não pode ser demonstrada nos
relatórios tradicionais, sob risco de prejudicar sua clareza.
4) quadros e demonstrativos suplementares: normalmente
aparecem entre as notas explicativas para serem apresen-
tados detalhes que não cabem no corpo do demons-
trativo obrigatório, como, por exemplo, detalhes de
empréstimos estrangeiros. Para Iudícibus (1993), pode-
riam ser utilizados de forma mais ambiciosa, para apresen-
tar a demonstração contábil corrigida por algum indexa-
dor de preços ou a custo de reposição.
5) parecer de auditoria: deve ser utilizado para divulgar,
segundo Iudícibus (1997); Hendriksen e Van Breda
(1999) citados em Gonçalves e Ott (2002):
22 efeito relevante decorrente da utilização de méto-
dos contábeis distintos dos geralmente aceitos;
22 efeito relevante decorrente de mudança de um prin-
cípio para outro;
22 diferença de opinião entre o auditor e o cliente com
relação à aceitabilidade de um ou mais de um dos
métodos contábeis utilizados nos relatórios;
22 relatório da diretoria: essa forma de evidenciação
engloba, normalmente, informações de caráter não
financeiro que afetam as operações da empresa.
Andrade (1999) coloca entre os principais problemas de
evidenciação o fato de que os modelos de divulgação das
informações contábeis não expressam, de forma conveniente,
a situação econômico-financeira, a avaliação de desempenho,
as tendências e as perspectivas futuras dos bancos nem aten-
dem às expectativas dos diferentes segmentos de usuários,
que, para que possam trabalhar em conjunto com as institui-
ções financeiras com segurança, precisam estar a par de todas
as informações supracitadas.

– 113 –
Contabilidade Comercial

Segundo Colares e Ponte (2003), a CVM (Comissão de


Valores Mobiliários) manifestou-se acerca do Relatório da
Administração, instrumento pelo qual os gestores comunicam-
-se com o público externo, em seus Pareceres de Orientação
15/1987, 17/1989 e 19/1990 e, de acordo com esses parece-
res, o relatório deverá conter as informações contempladas na
Lei 6.404/1976. Entre elas, são citadas:
22 descrição dos negócios, produtos e serviços;
22 comentários sobre a conjuntura econômica global;
22 recursos humanos;
22 investimentos;
22 pesquisa e desenvolvimento;
22 novos produtos e serviços;
22 proteção ao meio ambiente;
22 reformulações administrativas;
22 investimentos em controladas e coligadas;
22 direitos dos acionistas e dados de mercado;
22 perspectivas e planos para o exercício em curso
e os vindouros.

Usuários da informação contábil dos


bancos
Muitos são aqueles que utilizam a informação contábil para
tomar decisões. Seus interesses pela contabilidade são dife-
rentes e até certo ponto divergentes. Cada usuário está interes-
sado em algum aspecto particular da empresa, conforme narra
Matarazzo (1997). Em relação aos bancos, não é diferente.
Gomes (2000) divide os usuários da contabilidade em dois:
22 Internos:
22 proprietários, diretores e gerentes, trabalhadores de
diversos níveis: necessário conhecer toda a estru-

– 114 –
Análise das demonstrações contábeis das instituições financeiras

tura da empresa em que presta serviços, para que


tenha ciência da situação patrimonial, econômica e
financeira em que ela se encontra, para se preve-
nir quanto a possíveis insolvências por parte dela e
também mensurar o quanto de sua contribuição há
dentro da empresa como um todo;
22 Externos:
22 acionistas, clientes, fornecedores, governo, sindica-
tos e associações de classe, investidores, concor-
rentes: esses personagens do cenário econômico
brasileiro e mundial, em contato com as demons-
trações contábeis, são os responsáveis pela tomada
de decisões diária presente no mundo corporativo e
que gera riqueza para uma sociedade e para um país.
[...]

Atividades
1. Qual o objetivo básico das demonstrações contábeis?

2. Quais as exigências em relação à publicação das demonstrações contábeis?

3. Assim como as demais sociedades, o conjunto de demonstrações con-


tábeis exigidas para as instituições financeiras também sofreu mudan-
ças no que diz respeito à exigência do conjunto de demonstrações a
serem publicadas. Qual demonstração deixou de ser exigida e qual
passou a ser exigida com o advento da Resolução 3.604/2008?

4. Quais os passos necessários e iniciais utilizados na análise das de-


monstrações contábeis?

5. Qual o objetivo primordial dos lucros das entidades financeiras no


que diz respeito ao que pode ser observado na análise de resultado?

– 115 –
Gabarito

Gabarito

– 117 –
Contabilidade Comercial

1. Caracterização das instituições financeiras


1. Um conjunto de instituições responsáveis pela intermediação do fluxo
monetário entre os que poupam e os que investem. Ou um conjun-
to de órgãos reguladores, instituições e instrumentos financeiros que
visam facilitar o acesso dos tomadores e dos poupadores aos recursos
disponíveis na economia.
2. Subsistema normativo e subsistema de intermediação.
3. Podem ser enumerados os seguintes órgãos:
O Conselho Monetário Nacional (CMN), o Conselho de Recursos
do Sistema Financeiro Nacional (CRSFN), o Banco Central do Brasil
(Bacen), a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o Conselho Na-
cional de Seguros Privados (CNSP), a Superintendência de Seguros
Privados (Susep), o Conselho de Gestão da Previdência Complemen-
tar (CNPC) e a Secretaria de Previdência Complementar (SPC).
4. O BNDES é considerado o principal instrumento para financiamen-
tos de longo prazo que incluem todos os segmentos da economia, in-
cluindo a dimensão social, regional e ambiental. O BNDES também
contribui para o incremento das exportações do Brasil, assim com a
estrutura e o desenvolvimento do mercado de capitais brasileiro. Para
o período de 2009 a 2014 o BNDES tem como principal foco a inova-
ção e o desenvolvimento regional local e socioambiental como aspec-
tos importantes a serem apoiados atualmente.
5. A CVM tem como principais objetivos regulamentar, desenvolver,
controlar e fiscalizar o mercado de valores mobiliários do país.

2. Evolução e regulamentação do
sistema financeiro nacional
1. Em três estágios. As funções do Banco Central eram desempenhadas
pelo Banco do Brasil.

– 118 –
Gabarito

2. Ficou sob a responsabilidade das caixas econômicas, associações de


poupança e empréstimo, além de companhias hipotecárias, sociedades
de crédito imobiliário e com bancos múltiplos que possuem a carteira
de crédito imobiliário.
3. A criação da Superintendência da Moeda e do Crédito (Sumoc), diri-
gida pelo Ministro da Fazenda, pois essa foi a base do Banco Central.
4. Foi criado o Banco Nacional de Habitação (BNH), órgão gestor do
Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), para incentivar
a construção de casas populares e infraestrutura urbana.
5. O processo de criação do banco múltiplo foi uma operação aproveita-
da por um grande número de instituições, especialmente as corretoras
e distribuidoras de pequeno porte, como forma de ampliar o número
de negócios e serviços que poderiam ser oferecidos aos seus clientes.

3. Normas e procedimentos para


as instituições financeiras
1. Uniformizar os registros dos atos e fatos administrativos praticados
pelas instituições financeiras, além de racionalizar a utilização de con-
tas, estabelecer regras, critérios e procedimentos que são necessários à
obtenção e divulgação dos dados das instituições.
2. O Bacen.
3. O Cosif está dividido em capítulos:
22 Normas Básicas;
22 Elenco de Contas;
22 Documentos e;
22 Anexos.
4. Por meio de documentos hábeis que comprovem e validem tanto os
atos quanto os fatos administrativos.

– 119 –
Contabilidade Comercial

5. Os atributos são os códigos de identificação das instituições financeiras


que são autorizadas pelo Banco Central do Brasil a funcionar.

4. Contabilização das operações


e provisão para perdas
1. A conta de disponibilidades deverá ser afeta pela entrada de dinheiro
(débito contábil) e, em contrapartida, o passivo da instituição é afeta-
do na conta depósitos à vista (crédito contábil), uma vez que a enti-
dade passa a ter uma obrigação com a pessoa ou empresa que efetuou
tal depósito.

2. A conta de depósitos à vista é aquela conta utilizada somente para livre


movimentação do correntista. Já as contas de depósitos a prazo são
aquelas contas que o banco paga juros aos depositantes por meio de
um crédito bancário.

3. Contabilidade bancária, que é aquela específica das instituições finan-


ceiras que utilizam o Cosif e que possuem normas próprias por este
detalhadas, como a utilização de determinadas contas e operações que
não são comuns às entidades não financeiras.

4. A Resolução 1.748/90, que vigorou até fevereiro de 2000, foi criada


para aumentar o rigor da classificação de crédito, especificamente para
as instituições do setor público, migrando posteriormente como um
modelo, também, para o setor privado.

5. A Central de Riscos é um banco de dados alimentado por arquivos


que são enviados todos os meses pelas instituições financeiras, com a
principal função de relatar suas carteiras de crédito. Dessa forma deve-
riam ser informadas todas as operações de crédito com exposição con-
solidada na instituição acima de R$5.000, detalhadas e desagregadas
nos nove diferentes tipos de risco expostos de acordo com a Resolução
2.682/99.

– 120 –
Gabarito

5. Análise das demonstrações contábeis


das instituições financeiras
1. Fornecer informações econômico-financeiras que estejam atualizadas e
que atendam ao maior número possível de interessados.

2. As demonstrações financeiras semestrais e anuais devem ser publica-


das em jornais de grande circulação na localidade em que está situada
a sede da instituição. Em se tratando de demonstrações mensais, é
suficiente a publicação em revista especializada ou em boletim de in-
formação e divulgação da entidade de classe ou, ainda, a divulgação
em meio alternativo de comunicação, de acesso geral, em sistema in-
formatizado.

3. As instituições financeiras ficaram dispensadas de elaborar a DOAR e


passaram a ser obrigadas a elaborar a Demonstração de Fluxo de Caixa
(DFC), a partir de 31 de dezembro de 2008, de acordo a Resolução
3.604/2008 e com o Pronunciamento Técnico 03 do Comitê de Pro-
nunciamentos Contábeis (CPC 03).

4. Estabelecer uma tendência para as demonstrações dentro da própria


instituição. Fazer a comparação entre os índices e relacionamentos ob-
tidos com os mesmos índices expressos em termos e metas. Comparar
os índices com os de outras instituições concorrentes. Compreender
que não existe um roteiro de interpretação das demonstrações e que o
conjunto destas deverá fornecer informações para levantar questiona-
mentos.

5. Os lucros dessas instituições têm o objetivo primordial de elevar e su-


prir quaisquer necessidades de capital das instituições financeiras.

– 121 –
Referências

Referências

– 123 –
Contabilidade Comercial

AGÊNCIA ESTADO. Basileia III traz novas exigências para grandes


bancos. Publicado em: 12 set. 2010. Disponível em: <http://economia.
ig.com.br/mercados/basileia+3+traz+novas+exigencias+para+grandes+bancos/
n1237773930427.html>. Acesso em: 13 set. 2011.
ARAÚJO, Edson Menezes de et al. Evidenciação nas Demonstrações Con-
tábeis das Instituições Financeiras. Jovens Pesquisadores. v. 1, n. 1, jul./
dez. 2004. p. 136-148. Disponível em: <www.mackenzie.br/dhtm/seer/
index.php/jovenspesquisadores/ article/viewFile/791/326>. Acesso em: 21
set. 2011.
BANCO CENTRAL DO BRASIL. Resolução 3.464, de 26 de julho de
2007. Disponível em: <www3.bcb.gov.br/normativo/detalharNormativo.do?
method=detalharNormativo&N=107200095>. Acesso em: 4 ago. 2011.
______. Circular 1.273, de 29 de dezembro de 1987. Disponível em:
<www3.bcb.gov.br/normativo/detalharNormativo.do?N=087080382&me
thod=detalharNormativo>. Acesso em: 18 set. 2011.
______. Circular 2.804, de 11 de fevereiro de 1998. Disponível em: <www3.
bcb.gov.br/normativo/detalharNormativo.do?N=098024518&method=deta
lharNormativo>. Acesso em: 12 set. 2011.
______. Composição. Disponível em: <ww.bcb.gov.br/?SFNCOMP>.
Acesso em: 1 jul. 2011.
______. Funções do Banco Central do Brasil. Disponível em: <www4.bcb.
gov.br/pec/gci/port/focus/FAQ11-Fun%C3%A7%C3%B5es%20do%20
Banco%20Central%20do%20Brasil.pdf>. Acesso em: 4 ago. 2011.
______. Gerência de Operações Bancárias: relatórios de atividades 1965.
Disponível em: <www.bcb.gov.br/POM/SPB/HISTORIA/1965-Relatorio-
DeAtividadesDaGerenciaDeOperacoesBancarias.PDF>. Acesso em: 20 jul.
2011b.
______. Histórico. Disponível em: <www.bcb.gov.br/?HISTORIABC>.
Acesso em: 20.jul. 2011c.
______. Nova Central de Risco de Crédito. Publicado em: 28 mar. 2003.
Disponível em: <www4.bcb.gov.br/gci/Focus/B20030328-Nova%20

– 124 –
Referências

Central%20de%20Risco%20de%20Cr%C3%A9dito.pdf>. Acesso em: 1


set. 2011.
______. PROER. Disponível em: <www.bcb.gov.br/?PROER>. Acesso em:
15 jul. 2011a.
______. Resolução 1.524, de 21 de setembro de 1988. Disponível em:
<www3.bcb.gov.br/normativo/detalharNormativo.do?method=detalharNor
mativo&N=088128463>. Acesso em: 9 ago. 2011.
______. Resolução 2.606, de 27 de maio de 1999. Disponível em: <www3.
bcb.gov.br/normativo/detalharNormativo.do?N=099111782&method=deta
lharNormativo>. Acesso em: 4 ago. 2011.
______. Resolução 2.692, de 22 de fevereiro de 2000. Disponível em:
<www.cnb.org.br/CNBV/resolucoes/res2692-2000.htm>. Acesso em: 4 ago.
de 2011.
______. Resolução 2.804, de 21 de dezembro de 2000. Disponível em:
<www3.bcb.gov.br/normativo/detalharNormativo.do?N=100245154&met
hod=detalharNormativo>. Acesso em: 4 ago. 2011.
______. Resolução 3.380, de 29 de junho de 2006. Disponível em: <www3.
bcb.gov.br/normativo/detalharNormativo.do?method=detalharNormativo
&N=106196825>. Acesso em: 4 ago. 2011.
______. Resolução 3.400, de 6 de setembro de 2006. Disponível em:
<www3.bcb.gov.br/normativo/detalharNormativo.do?method=detalharNor
mativo&N=106276675>. Acesso em: 10 ago. 2011.
______. Resolução 3.604, de 29 de agosto de 2008. Disponível em: <www3.
bcb.gov.br/normativo/detalharNormativo.do?method=detalharNormativo
&N=108084634>. Acesso em: 12 set. 2011.
BANCO NACIONAL DO DESENVOLVIMENTO. Disponível em:
<www.bndes.gov.br/SiteBNDES/bndes/bndes_pt/Institucional/O_
BNDES/A_Empresa/>. Acesso em: 1 jul. 2011.
BRASIL. Decreto-Lei 5.764, de 16 de dezembro de 1971. Disponível em:
<www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L5764.htm>. Acesso em: 1 jul. 2011.

– 125 –
Contabilidade Comercial

______. Decreto-Lei 759, de 12 de agosto de 1969. Disponível em: <www.


planalto.gov.br/ccivil/Decreto-Lei/Del0759.htm>. Acesso em: 5 jul. 2011.
______. Decreto-Lei 91.152, de 15 de março de 1985. Disponível em:
<www.bcb.gov.br/pre/leisedecretos/Port/dec91152.pdf>. Acesso em: 1 jul.
2011.
______. Lei 10.194, de 14 de fevereiro de 2001. Disponível em: <www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LEIS_2001/L10194.htm>. Acesso em: 6 jul.
2011.
______. Lei 11.795, de 8 de outubro de 2008. Disponível em: <www.pla-
nalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11795.htm>. Acesso em: 6
jul. 2011.
______. Lei 4.380, de 21 de agosto de 1964. Disponível em: <www.pla-
nalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L4380.htm>. Acesso em: 1 jul. 2011.
______. Lei 4.595, de 31 de dezembro de 1964. Disponível em: <www.pla-
nalto.gov.br/ccivil/leis/L4595.htm>. Acesso em: 30 jun. 2011.
______. Lei 4.728, de 14 de julho de 1965. Disponível em: <www.planalto.
gov.br/ccivil_03/Leis/L4728.htm>. Acesso em: 8 jul. 2011.
______. Lei 6.099, de 12 de setembro 1974. Disponível em: <www.planalto.
gov.br/ccivil_03/leis/l6099.htm>. Acesso em: 27 jul. 2011.
______. Lei 6.385, de 7 de dezembro de 1976. Disponível em: <www.pla-
nalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6385.htm>. Acesso em: 9 jul. 2011.
______. Lei Complementar 109, de 29 de maio de 2001. Disponível em:
<www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LCP/Lcp109.htm>. Acesso em: 30 jun.
2011.
______. Lei Complementar 130, de 17 de abril de 2009. Disponível em:
<www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LCP/Lcp130.htm>. Acesso em: 2 jul.
2011.
______. Resolução 2.099, de 17 de agosto de 1994. Disponível em: <www.
cnb.org.br/CNBV/resolucoes/res2099-1994.htm>. Acesso em: 25 jun. 2011.

– 126 –
Referências

______. Resolução 3.859, de 27 de maio de 2010. Disponível em: <www3.


bcb.gov.br/normativo/detalharNormativo.do?method=detalharNormativo
&N=110047070>. Acesso em: 1 jul. 2011.
______. Constituição da República Federativa de 1988. Disponível em:
<www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui%C3%A7ao.htm>.
Acesso em: 15 jul. 2011.
______. Lei 1.628, de 20 de junho de 1952. Disponível em: <www.planalto.
gov.br/ccivil/leis/1950-1969/L1628.htm>. Acesso em: 1 jul. 2011.
______. Lei 10.303, de 31 de outubro de 2001. Disponível em: <www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LEIS_2001/L10303.htm>. Acesso em: 9 jul.
2011.
______. Lei 10.411, de 26 de fevereiro de 2002. Disponível em: <www.
planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2002/L10411.htm>. Acesso em: 9 jul. 2011.
______. Lei 11.638, de 28 de dezembro de 2007. Disponível em: <www.
planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11638.htm>. Acesso
em: 15 jul. 2011.
______L. Lei 11.949, de 17 de junho de 2009. Disponível em: <www.pla-
nalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L11949.htm>. Acesso em:
20 ago. 2011.
______. Lei 22.626, de 7 de abril de 1933. Disponível em: <www.planalto.
gov.br/ccivil_03/decreto/D22626.htm>. Acesso em: 6 jul. 2011.
______. Lei 4.380, de 21 de agosto de 1964. Disponível em: <www.pla-
nalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L4380.htm>. Acesso em: 6 jul. 2011.
______. Lei 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Disponível em: <www.
planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6404consol.htm>. Acesso em: 9 jul. 2011.
______. Lei 9.457, de 5 de Maio de 1997. Disponível em: <www.planalto.
gov.br/ccivil_03/leis/L9457.htm>. Acesso em: 9 jul. 2011.
COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS TÉCNICOS. Pronunciamento
Técnico CPC 03. Demonstração de Fluxos de Caixa. Publicado em: 13 mar.

– 127 –
Contabilidade Comercial

2008. Disponível em: <www.cpc.org.br/pdf/cpc03.pdf>. Acesso em: 12 set.


2011.
CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Resolução 1.282, de 2
de junho de 2010. Disponível em: <www.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.
aspx?Codigo=2010/001282>. Acesso em: 20 ago. 2011.
______. Resolução 750, de 31 de dezembro de1993. Disponível em: <www.
cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre. aspx?Codigo=1993/000750>. Acesso em:
20 ago. 2011.
CONSELHO MONETÁRIO NACIONAL. Comunicado 16.137, de 27
de setembro de 2007. Disponível em: <www3.bcb.gov.br/normativo/deta-
lharNormativo.do?method=detalharNormativo&N=107321734>. Acesso
em: 1 set. 2011.
______. Resolução 1.748, de 29 de agosto de 1990. Disponível em: <www3.
bcb.gov.br/normativo/detalharNormativo.do?method=detalharNormativ
o&N=090131116>. Acesso em: 28 ago. 2011.
______. Resolução 2.390, de 10 de junho de 1997. Disponível em: <www3.
bcb.gov.br/normativo/detalharNormativo.do?method=detalharNormativo
&N=097112502>. Acesso em: 2 set. 2011.
______. Resolução 2.682, de 21 de dezembro de 1999. Disponível em: < www3.
bcb.gov.br/normativo/detalharNormativo.do?method=detalharNorma
tivo&N=099294427>. Acesso em: 28 ago. 2011.
CORAZZA; GENTIL. O Banco Central do Brasil: evolução histórica e ins-
titucional. Perspectiva Econômica; v. 2, jan./jun. 2006. Disponível em: <www.
perspectivaeconomica.unisinos.br/pdfs/48.pdf>. Acesso em: 4 ago. 2011.
COSIF. Atributos. Disponível em: <www.cosif.com.br/mostra.asp?arquivo
=atributos>. Acesso em: 19 ago. 2011a.
______. Cosif 1.1.2. Escrituração. Disponível em: <www.cosif.com.br/
mostra.asp?arquivo=nb-0102>. Acesso em: 21 ago. 2011c.
______. Cosif 1.1.4. Elenco de Contas. Disponível em: <www.cosif.com.
br/mostra.asp?arquivo=nb-0104>. Acesso em: 30 set. 2011d.

– 128 –
Referências

______ Demonstrações Contábeis – Documento 8. Disponível em: <www.


cosif.com.br/mostra.asp?arquivo=doc08>. Acesso em: 22 set. 2011.
______. Plano de Contas. Disponível em: <www.cosif.com.br/mostra.
asp?arquivo=padron5>. Acesso em: 20 ago. 2011b.
COSTA, Ana Clara. BNDES deve retomar internacionalização em 2011.
Veja. Publicado em: 31 jan. 2011. Disponível em:<http://veja.abril.com.
br/noticia/economia/bndes-deve-retomar-internacionalizacao-em-2011>.
Acesso em: 27 jul. 2011.
FEBRABAN. Federação Brasileira dos Bancos. Sistema Financeiro Nacional.
Disponível em: <www.febraban.org.br/febraban.asp?id_pagina=31>. Acesso
em: 11ago. 2011.
FILGUEIRAS, Cláudio. Manual de Contabilidade Básica. 3. ed, Rio de
Janeiro: Elsevier, 2010.
FUNDO GARANTIDOR DE CRÉDITOS. Disponível em: <www.fgc.org.
br/?ci_menu=59&conteudo=1>. Acesso em: 15 jul. 2011.
______. Resolução 3.400, do CMN, de 06 de setembro de 2006. Dispo-
nível em: <www.fgc.org.br/libs/download_arquivo.php?ci_arquivo=19>.
Acesso em: 15 jul. 2011.
______. Resolução 3.931, do CMN, de 3 de dezembro de 2010. Disponível
em: <www.fgc.org.br/libs/download_arquivo.php?ci_arquivo=137>. Acesso
em: 15 jul. 2011.
______. Resolução 4.284, do CMN, de 5 de novembro de 2013. Disponí-
vel em: <www.legisweb.com.br/legislacao/?id=261548>. Acesso em: 14 abr.
2016.
HOFFMANN, Edvaldo Paulo Tetzner; NOSSA, Valcemiro. Os Efeitos Pro-
porcionados pelo não Reconhecimento da Correção Monetária de Balanço:
o caso da Unicafé. In: 4.º Congresso USP de Contabilidade e Controlado-
ria. Anais... 2004. Disponível em: <www.congressousp.fipecafi.org/arti-
gos42004/271.pdf>. Acesso em: 6 jul. 2011.
INSTITUTO DE RESSEGUROS DO BRASIL – IRB. Disponível em:
<www2.irb-brasilre.com.br/site/>. Acesso em: 31 jul. 2011.

– 129 –
Contabilidade Comercial

NETO, Alberto de Campos Cordeiro; FERREIRA, Mariana Loyola. Insti-


tuições Financeiras Abertas Devem Considerar Regulamentação Especí-
fica. Publicado em: 22 abr. 2009. Disponível em: <www.bmfbovespa.com.
br/juridico/noticias-eentrevistas/Noticias/090422NotB.asp>. Acesso em: 29
ago. 2011.
NIYAMA, Jorge Katsumi; GOMES, Amaro L. Oliveira. Contabilidade de
Instituições Financeiras. 3. ed. São Paulo: Atlas: 2005.
PARENTE, Guilherme Gonzalez Cronenberger. As Novas Normas de Clas-
sificação de Crédito e Disclosure das Provisões: uma abordagem introdu-
tória. 9.ª Semana de Contabilidade do Banco Central do Brasil. nov./2000.
Disponível em: <www.bcb.gov.br/ftp/denor/guilherme-parente-bcb.pdf>.
Acesso em: 1 set. 2011.
SANTOS, Aldomar Guimarães dos. Contabilidade das Instituições Finan-
ceiras. Rio de Janeiro: Maria Augusta Delgado, 2007.

– 130 –
Marcelo Coletto Pohlmann.
Esta obra é organizada de forma a apresentar uma visão geral do Sistema CONTABILIDADE
Financeiro Nacional e sua evolução, bem como da legislação específica
inerente a ele, além disso aborda os assuntos da provisão para risco e a COMERCIAL

CONTABILIDADE
questão das demonstrações contábeis e sua análise, o que possibilita um

COMERCIAL
perfeito entendimento dos conceitos envolvidos.
Marcelo Coletto Pohlmann

Gestão

Das könnte Ihnen auch gefallen