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Modelos de Cálculo de Vigas de Concreto Armado Reforçadas ao Cisalhamento com PRFC View project
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Patrícia C. S. da Silva (2); Manoel J. M. Pereira Filho (3); Surik N. D. Nicols (1);
Isabela M. C. Gomes (1); Maurício P. Ferreira (4); Marcos H. de Oliveira (5)
Resumo
Para que elementos de concreto armado tenham a eficiência esperada em um projeto é necessário que o
aço e concreto trabalhem em conjunto. Em elementos sujeitos à tração, o aço é o principal mecanismo
resistente e esse trabalho em conjunto é garantido pela aderência e ancoragem das armaduras. Contudo,
as normas brasileiras e internacionais apresentam um valor constante de acréscimo de resistência das
ancoragens independentemente do tipo de ancoragem. Portando, buscando avaliar a resistência e a
eficiência de diferentes mecanismos de ancoragem embutidos em concreto armado submetidos a esforços
axiais de tração, foi realizada uma série de ensaios de arrancamento no laboratório de Estruturas da
Universidade de Brasília (LABEST) com corpos de prova com dimensões 350 x 200 x 900 mm contendo
diferentes tipos de ancoragem. Os mecanismos de ancoragem testados foram dobras de 90°(“Bend Bar”) e
comprimento de 5 e 10 vezes do diâmetro da barra de ancoragem (Øs) e gancho de 135°(“Hooked Bar”),
sendo todos com e sem envolver uma barra transversal soldada. Além desses, barras retas com barras
transversais soldadas de diâmetro 6.3 mm correspondendo a 0,6Øs, 16.0 mm referente a 1,4Øs e outra com
duas barras de diâmetro 8.0 mm indicativo de 0,7Øs vezes o diâmetro da barra de ancoragem. O
comprimento de embutimento efetivo foi de 60 mm, a resistência a compressão média do concreto foi de
34,7 MPa e o diâmetro da barra de ancoragem era de 10 mm. Os resultados foram comparados com as
principais normas internacionais e nacional e com formulações desenvolvidas por SPERRY (2017) e
REGAN (2000).
Palavra-Chave:, Ancoragem, Concreto Armado, Conectores, Barras em Gancho
Abstract
For reinforced concrete elements to have the expected efficiency in a project, it is necessary for steel and
concrete to work together. In elements subject to traction, this work together is guaranteed by the adhesion
and anchoring of the reinforcements. However, the Brazilian and international standards have few
recommendations to estimate the ultimate strength applied to anchorage bars inputted in reinforced
concrete. So, in order to evaluate the strength and efficiency of different anchoring mechanisms embedded
in reinforced concrete subjected to axial tensile stresses, a series of pullout tests was carried out in the
laboratory of Structures of the University of Brasília (LABEST) with test specimens with dimensions 350 x
200 x 900 mm containing different types of anchorage. The anchoring mechanisms tested were hook of 90°
("Bend Bar") and lengths of 5 and 10 times the diameter of the anchor bar (Øs) and hook of 135 ° ("Hooked
Bar"), all with and without a welded transverse bar. In addition to these, straight bars with welded transverse
bars of 6.3 mm diameter correspond to 0.6Øs, 16.0 mm referring to 1.4Øs and one with two bars of 8.0 mm
diameter indicative of 0.7 times the diameter of the anchor bar. The effective draw length was 60 mm, the
average compressive strength of the concrete was 34,7 MPa and the diameter of the anchor bar was 10 mm.
The results were compared with the main international and national standards and formulations developed
by SPERRY (2017) and REGAN (2000).
Keywords: Anchorage, Reinforced Concrete, Connectors, Hook Bar.
ANAIS DO 59º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2017 – 59CBC2017 1
1 Introdução
Na construção civil, constantemente é necessária uma ligação entre elementos de
concreto ou elementos mistos (aço e concreto). Essas ligações entre elementos
estruturais possuem como principal finalidade a transmissão de esforços de um elemento
para outro, sendo está, garantida pela ancoragem dos conectores utilizados na ligação.
Segundo PARMAR e JAMNU (2014), a ancoragem consiste na transferência de esforços
entre as armaduras e o concreto, assegurando a ação conjunta dos elementos na
resistência aos esforços solicitantes. Os principais mecanismos de ancoragem são a
aderência e o engrenamento do sistema de ancoragem com o concreto, sendo que
ambos podem trabalhar de forma simultânea ou separadamente, de acordo com o tipo de
conector usado.
Os principais fatores que influenciam na resistência da ancoragem são a resistência do
concreto, a superfície e dimensões dos conectores, posição dos conectores em relação
ao sentido da concretagem e o sistema de ancoragem dessas. A Figura 1 apresenta
alguns dos sistemas de ancoragem de armaduras em elementos de concreto armado. Na
Figura 1a e 1b observam-se conectores em que o mecanismo resistente trabalha
separadamente com engrenamento e aderência, respectivamente, as Figuras 1c à 1f
apresentam conectores em que a aderência e o engrenamento com o concreto trabalham
simultaneamente.
Nu fb hef (Equação 1)
0, 473 3 f 2 h
c ef
f c 55MPa
Nu , NBR
1
(Equação 2)
3,34 ln(1 0,11 fc ) hef f 55MPa
1 c
Onde:
Nu , NBR é a força resistente de aderência;
fc é a resistência à compressão do concreto;
é o diâmetro da barra de ancoragem;
hef é o comprimento necessário de ancoragem segundo a ANBT NBR 6118 (2014),
conforme a Figura 1.
1 é um parâmetro para considerar a influência das dobras, ganchos e armaduras
transversais soldadas. 1 0, 7 para barras com ganchos, dobras e barras soldadas e
1 1, 0 para barras retas.
cb
0, 265 fc hef
Nu , ACI (Equação 3)
1
Onde:
1 é um parâmetro para considerar a influência das dobras, ganchos e armaduras
transversais soldadas. 1 0, 7 para barras com ganchos, dobras e barras soldadas e
1 1, 0 para barras retas;
cb
não pode ultrapassar o valor de 2,5.
Onde:
1 é um parâmetro para considerar a influência das dobras, ganchos e armaduras
transversais soldadas. 1 0, 7 para barras com ganchos, dobras e barras soldadas e
1 1, 0 para barras retas;
2 é a parcela do efeito do cobrimento de concreto da barra de ancoragem obtido através
(cd 3 )
de 2 1 0,15 , e cd é o menor valor entre o cobrimento (cx) e o espaçamento
entra as barras (a) como ilustrado na Figura 3. Sendo que α2 deve ser maior que 0,7 e
menor que 1.
fc
Nu , MC10 1, 75 2 hef Fh (Equação 5)
25
Onde:
0,5 0,15
considera o cobrimento e espaçamento das barra, estimado por: c min cs ;
2 c min
2 2
Onde:
hef é o comprimento de ancoragem efetivo, conforme ilustrado na Figura 1;
é o diâmetro da barra ancorada;
f c é a resistência a compressão do concreto.
N u k f c hef3/ 2 (Equação 7)
Figura 4 – Modelos das barras de ancoragem e disposições das armaduras nos blocos
4 Resultados
A Figura 6 apresenta os resultados de carga última dos oito modelos ensaiados. É
notório, a partir dos resultados, que o tipo de sistema de ancoragem influenciou na
resistência ao arrancamento dos conectores. Comparando as cargas ultimas dos
espécimes J-60-5Ø-t e L-60-10Ø-t com os dos J-60-5Ø e L-60-10Ø observa-se que
envolver barras longitudinais proporcionam um acréscimo de resistência, como observado
por REGAN (2000). Também é possível observar, comparando os resultados L-60-5Ø-t e
L-60-10Ø-t, que o comprimento da dobra influência na resistência com um acréscimo de
11,5 kN (34,8%) aumentando esse comprimento de 5Ø para 10Ø. Ainda, para os
espécimes com uma barra soldada, observou-se que o acréscimo da área das barras
soldadas proporcionou um acréscimo de resistência.
A Tabela 2 apresenta a razão dos resultados de carga última (Nu) com as previsões dos
modelos teóricos para a carga de ruptura (Nteo). São apresentados também os dados
experimentais de comprimento efetivo (hef) e os resultados estatísticos correlacionados de
média (μ), desvio padrão (σ) e coeficiente de variação (CV).
De modo geral, nenhuma norma conseguiu prever de fato a influência dos diversos
formatos de ancoragem de forma precisa. Sendo os modelos mais conservadores o da
ABNT NBR 6118 (2014), do ACI 318 (2014), do fib Model Code 2010 (2013) e do
SPERRY (2017), no qual contiveram médias elevadas, superiores a dois e meio.
O AC Eurocode 2 (2010) obteve uma média satisfatória (1,11), no entanto a dispersão dos
resultados foi a maior dos modelos analisados (53%). Para o cálculo das barras de
ancoragem com gancho e dobra, o proposto por essa norma gerou valores abaixo da
segurança. Tudo indica que isso se deve ao fato de ser a única norma a considerar um
comprimento de embutimento efetivo diferente das demais, considerando o
prolongamento dos ganchos e dobras. Já para as barras com solda (modelos de barras
retas com complementares), os resultados foram conservadores.
O modelo proposto dor REGAN (2000) foi o modelo que obteve o menor desvio
padrão (0,19) e o único que previu a variação da resistência observada com a mudança
do sistema de ancoragem. Todavia, ao considerar as barras de ancoragem com
armaduras complementares transversais, o modelo se comportou de forma conservadora.
Esse efeito pode ser explicado pelo fato do modelo prever que para armaduras
complementares transversais com comprimento para além da curva acima de seis vezes
o diâmetro nominal, o valor do coeficiente seria igual a 14, desprezando efeitos de barras
complementares com prolongamentos inferiores.
Os modelos experimentais analisados tinham comprimento da barra envolvida a partir da
curva de 1,5 . Portanto, como forma investigativa foi realizado uma nova análise
(REGAN*), no qual para barras com armadura complementar foi adotado o coeficiente k
igual a 14 Com isso, foi possível observar que para alguns modelos o comprimento
equivalente de 1,5 causou efeitos favoráveis para a aproximação do modelo teórico com
o modelo experimental com barras complementares, com exceção do modelo L-60-5 ϕ –t
que levou a um valor abaixo da segurança. Esse resultado dispersante provocou um
aumento para 0,21 do desvio padrão e consequentemente no coeficiente de variação de
19%.
5 Conclusões
Este trabalho apresenta resultados de ensaios de arrancamento direto, objetivando avaliar
a influência dos sistemas de ancoragem na resistência ao arrancamento das barras e o
desempenho das previsões de cálculos para diferentes modelos de ancoragem. O
programa experimental consistiu na execução de oito espécimes com diâmetro nominal
de 10 mm e embutimento de aproximadamente 60mm, inseridos em corpos de prova
prismáticos com dimensões de 900 mm x 350 mm x 200 mm.
Na avaliação de resistência dos modelos ensaiados, foi possível observar alguns
parâmetros que influenciam de forma significava na resistência à tração direta dessas
barras de ancoragem. Quando comparados os modelos com armadura complementar e
sem armadura complementar foi observado grande influência da inserção dessas barras
longitudinais, no qual os modelos com armadura complementar obtiveram resistência
maior. Ao avaliar o comprimento de prolongamento do gancho e dobra, verificou-se que
ao dobrar o valor do prolongamento do modelo, a resistência efetiva do modelo
aumentou, proporcionando ao melhor modelo da série uma resistência de 34,8% maior
que o modelo de 5ϕ. Já comparando os modelos de barras retas com barras
complementares soldadas, foi possível observar que a influência da proporção de áreas e
a rigidez dessas armaduras complementares influenciaram na resistência dos modelos.
Na análise das prescrições normativas e teóricas o modelo mais inseguro foi o da norma
AC Eurocode 2 (2010), no qual foi possível observar que todos os modelos para gancho e
dobra foram abaixo da segurança. A que teve melhor correlação com os modelos
analisados foi o modelo do REGAN (2000), com a menor dispersão dos resultados e
obteve os resultados mais próximos ao experimental. Como forma de melhorar a análise
executada com o modelo de REGAN (2000), os modelos que continham barras
complementares transversais, foram reanalisadas com um coeficiente que representava a
influência desta, mesmo que com comprimento de influência inferior ao limite dado pelo
autor do modelo. Dos três modelos vistos, dois chegaram a valores mais próximos aos
reais, sendo o terceiro um modelo em forma de dobra de 90° que continha uma relação
pequena de comprimento de prolongamento de dobra (5ϕ).
ANAIS DO 59º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2017 – 59CBC2017 11
6 Agradecimentos
Os autores gostariam de agradecer pelo apoio a esta e a outras pesquisas à:
Universidade de Brasília (UnB); ao Grupo de Estudos de Tecnologias da Engenharia
Civil (GETEC-UnB); ao Núcleo de Modelagem Estrutural Aplicada (NUMEA) e às
agências de fomento e apoio a pesquisa: CNPq, CAPES e FAP-DF.
7 Referências
AMERICAN CONCRETE INSTITUTE - ACI Committee 318, Building Code
Requirements for Structural Concrete (ACI 318-14) and Commentary, Farmington,
Michigan, 2014.
fib MODEL CODE 2010. fib Model Code for Concrete Structures 2010, fib, Lausanne,
Switzerland, outubro. 676 pp,2013.
PARMAR, M.; JAMNU, M. A. Experimental Study on Direct Pull out Test: Straight Bar,
Bent-Up and Headed Bar. International Journal of Innovative Researsh & Development,
2014.