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REVISTA BRASILEIRA DE CONTABILIDADE 39

Contabilidade do Terceiro Setor:


cooperativas médicas e operadoras
de planos de saúde

E
Carolina Cristina Valente de Campos
É graduada em Ciências Contábeis pela Uniso-
ste artigo tem como objetivo o estudo da Contabilidade ciesc e trabalha na contabilidade da Unimed
sob a ótica das normas internacionais e nacionais, e Joinville.
Email: carolinac@joinville.unimedsc.com.br
dos parâmetros estabelecidos pela Agência Nacional
de Saúde Suplementar (ANS), a qual submete às empresas do Josiane Gattis Corrêa Giacomelli
setor de saúde, sendo elas de iniciativa privada, tendo como Possui graduação em Ciências Contábeis pela
Universidade da Região de Joinville (2001) e
problema da pesquisa: Existem divergências entre as Normas mestrado em Saúde e Meio Ambiente pela
contábeis e as normas emitidas pela ANS? Por meio do Universidade da Região de Joinville (2012).
Atualmente é professor do Centro Universitá-
estudo de caso e da pesquisa bibliográfica, foi possível constatar rio Leonardo da Vinci e professor da Faculda-
que as resoluções emitidas pela ANS estão em consonância de Cenecista de Joinville, atuando principal-
mente nos seguintes temas: contabilidade,
com as normas internacionais e, consequentemente, com as análise de balanço, coligadas e controladas,
Normas Brasileiras de Contabilidade, sendo o que existe é impairment e reservas. Foi Gerente de Contro-
ladoria da Univille de 2002 a 2014.
apenas uma adequação para o ramo de saúde suplementar. E-mail: giacomellijosiane@gmail.com
Pela análise das Demonstrações Contábeis, foi possível
comparar se as medidas aplicadas às empresas que não
possuem influência de autarquias federais são equivalentes às
que estão sob a observância da ANS. Apontou-se que muitos
dos métodos, aos quais as Cooperativas Médicas e Operadoras
de Planos de Saúde precisam aderir, estão de acordo com as
normas internacionais e brasileiras, sendo que ainda existem
tratamentos em fase de adequação, e a ANS se mantém, em
constante atualização, para que as suas resoluções estejam
equiparadas aos parâmetros internacionais e nacionais.

1496 – Recebido em 8/6/2017. Distribuído em 9/6 e 14/8/2017. Aprovado em 22/9/2017, na


terceira rodada, por três membros do Conselho Editorial. Publicado na edição novembro-de-
zembro de 2017. Organização responsável pelo periódico: Conselho Federal de Contabilidade.

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40 operadoras de planos de saúde

1. Introdução consiga visualizar, de maneira iguali- desses serviços, e por este motivo é
tária, as empresas que estão sob sua preciso se ter uma garantia de que
Esta pesquisa consiste em ve- autarquia. Regulamentações para o o usuário terá essa assistência. Mas
rificar se as Cooperativas Médicas Plano de Contas Padrão ANS (todas o que poucos conhecem é como es-
Operadoras de Planos de Saúde, as empresas do segmento, utilizam a sas entidades funcionam e do que
que estão submetidas às regula- mesma estrutura patrimonial, classi- precisam para perpetuar a sua exis-
mentações impostas pela Agência ficação e metodologia de trabalho) a tência e prosperidade. A contabilida-
Nacional de Saúde Suplementar Demonstração de Informações Perió- de possui um papel importante para
(ANS) e que possuem particulari- dicas das Operadoras de Assistência que tudo funcione como o planeja-
dades específicas para a contabili- de Saúde (Diops) – demonstrações do, por ser o ponto de partida para
zação de seus fatos administrativos com informações econômico-finan- as tomadas de decisões e gerencia-
(como, por exemplo, formações de ceiras que precisam ser envidas com mento econômico-financeiro.
reservas, demonstrações e provi- frequência para a agência, para que As cooperativas de trabalho mé-
sões), estão em concordância com esta fiscalize e estude as entidades –, dico dedicam-se apenas para a pre-
as normas internacionais e brasilei- as Provisões Técnicas e Ativos Garan- servação e promoção à saúde e, a
ras. A indagação é que, se estão tidores (instrumentos que medem e partir desta ideia, surgiu o interes-
enquadradas de maneira correta, protegem o risco e eventualidades se por parte de alguns médicos de
considerando as normas interna- do setor de saúde suplementar) e se unirem e criarem um sistema que
cionais de contabilidade (IFRS) e as Demonstrações Financeiras (re- atendesse a essa demanda, forman-
se existe algum tipo de divergên- latórios que evidenciam a posição do a União dos Médicos (Unimed).
cia entre as normas e as regula- patrimonial, financeiro e de conti- Baseando-se nessa hipótese, a pro-
mentações. Acredita-se que mui- nuidade para as organizações, de posta desta pesquisa é mostrar, de
tas exigências que constam nas modo que influencie e/ou ajude forma didática, como essas organiza-
normas da ANS estão em diver- nas tomadas de decisões). ções conseguem atender a todas as
gência com as Normas Brasileiras Este estudo justifica-se pela con- exigências e desafios a que estão su-
de Contabilidade, considerando tabilidade do Terceiro Setor, que vem jeitas contabilmente e expor como a
as alterações trazidas pelo IFRS, ganhando cada vez mais espaço no ANS supervisiona e monitora as ações
tornando-se obrigatórias para em- mercado nacional, na área de saú- das Cooperativas Médicas Operado-
presas constituídas no Brasil. de e assistência médica, devido à ras de Planos de Saúde, para a con-
A ANS, em seu papel de órgão mensuração transparente das infor- tabilidade e se estão em consonância
regulador, determina as resoluções mações e resultados. O enfoque da com as normas internacionais e brasi-
específicas para este segmento, fa- contabilidade no sistema de saúde é leiras de contabilidade.
zendo com que ela mostrar como esse sistema é impor-
tante para todos os tipos de usuários
e beneficiários, e como o Ministério 2. IFRS, CPC, NBC e ANS –
da Saúde trabalha por meio da ANS Harmonização e Normas
para a regulamentação, organização
e existência das Cooperativas Médi- Com a globalização cada vez
cas Operadoras de Planos e Saúde, mais atuante no cenário mundial,
atendendo às normas contábeis bra- surge a necessidade de a comuni-
sileiras e ao IFRS. cação se tornar atuante na esfera
Pelo conhecimento de se existir corporativa. Nesse contexto, diver-
uma grande carência para a popula- sas organizações mundiais se uni-
ção, quando se trata de saúde, uma ram, para traduzir as normas de
saída conveniente são os planos de contabilidade, existentes nos prin-
saúde, uma vez que existem diver- cipais polos comerciais mundiais,
sas modalidades, preços e finalida- na tentativa de torná-la compreen-
des. Com o passar dos anos, tem-se sível e harmoniosa. Desde 2008, o
aumentado o interesse por parte das Brasil vem adotando as normas do
empresas e da população, na con- parâmetro mundial e, como con-
tratação dos serviços oferecidos pe- sequência, as empresas estão aos
las operadoras de planos de saúde. poucos se adequando a esta reali-
Ninguém sabe quando irá necessitar dade. A Comissão de Valores Mo-

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biliários (CVM), ficou responsável do Mercado de Capitais (Apimec); dimento do Sistema Unimed Nacio-
por adequar a matéria contábil às Fundação Instituto de Pesquisas nal. Sua área de ação abrange os
novas referências internacionais, Contábeis; Atuariais e Financeiras municípios de Garuva, Itapoá, Ara-
por meio da Lei n.° 11.638/2007, (Fipecafi); Conselho Federal de Con- quari, Balneário Barra do Sul, São
fazendo com que o mercado de tabilidade (CFC); Instituto dos Audi- Francisco do Sul, São João do Ita-
capitais brasileiro se alinhe com tores Independentes do Brasil (Ibra- periú, e Joinville, onde está locali-
o internacional. A partir de então, con); e Bovespa (KPMG, 2008). zada sua sede administrativa.
inicia-se o processo de conversão Com relação as Entidades Coo- A cooperativa atua na comer-
e adequação de normas, come- perativas Operadoras de Planos de cialização de planos de saúde, fir-
çando pelos organismos mundiais Saúde, está em vigor a NBC T 10.21, mando, em nome dos associados,
e chegando ao Brasil. e é possível atribuir contas de na- contratos de prestação de serviços
O International Accouting tureza própria, derivadas das ope- com pessoas físicas e jurídicas, nas
Standard Board (Iasb) é a entida- rações com o seu grupo de asso- modalidades de valor determina-
de internacional que se destina ao ciados, sendo possível identificar e do – preço preestabelecido e por
estudo e elaboração de padrões registrar as operações por ativida- serviços realmente prestados –
contábeis internacionais e, por sua des, o que gera informações mais preços pós-estabelecidos, a serem
vez, elabora as normas internacio- detalhadas a sociedade. atendidos pelos médicos associa-
nais de contabilidade, conhecidas A Agência Nacional de Saúde dos e rede credenciada – e possui
como International Financial Re- Suplementar (ANS) exerce função registro de seus produtos na ANS,
porting Standard (IFRS). O prin- regulatória de controle e preven- sob o número 32.127-3.
cipal objetivo do IFRS é desenvol- ção. Para bem cumprir com suas
ver um modelo único de normas funções e destinações legais, a
contábeis que requeiram transpa- ANS pode exigir, e as operadoras 4. Metodologia
rência e comparabilidades na ela- estão compelidas a oferecer infor-
boração das demonstrações con- mações específicas e particulares, Foram realizados a pesquisa bi-
tábeis e a redução de custos nos cabendo a seus agentes a garantia bliográfica, cujo objetivo é a pesqui-
investimentos internacionais, faci- de acesso a elas, além de amplo sa em livros, revistas, artigos cientí-
litando a comunicação internacio- poder de requisição informativo- ficos e jornais, e o estudo de caso,
nal com uma linguagem mais ho- documental inerente a atividades por meio da análise das informa-
mogênea (DONATO, 2013). de fiscalização e controle. ções periódicas, fornecidas pela
No Brasil, a promulgação da Lei Unimed de Joinville. A pesquisa
n.° 11.638/2007, alterando a antiga bibliográfica se deu pela análise
Lei das SAS (Lei n.° 6.404/1976), tor- 3. Estudo de caso e estudo das normas internacio-
nou obrigatória a implantação das nais e brasileiras de contabilida-
IFRS para empresas de grande por- Esta pesquisa trata do estudo de, juntamente com as resoluções
te, ainda que não constituídas sob a da verificação das normas contábeis normativas da ANS, a fim de apu-
forma de Sociedades Anônimas de para as Cooperativas Médicas Ope- rar algum erro ou diferença entre
Capital Aberto. A alteração se dá, radoras de Planos de Saúde, que as propostas de escrituração e de-
principalmente, no que tange à escri- foi realizado na Unimed de Joinvil- monstrações das entidades.
turação e à elaboração das demons- le Cooperativa de Trabalho Médi- O estudo de caso foi realizado por
trações financeiras e à obrigatorieda- co. A entidade é regida pela Lei n.º meio dos relatórios da Unimed de
de da auditoria independente. 5.764/1971, que regulamenta o sis- Joinville, auditados e publicados no
Visando Suprir a necessidade tema cooperativista no País, e tem jornal de maior circulação, na cidade
de centralização dos estudos so- como objetivo social a congregação de Joinville; no ano de 2014, que se
bre as IFRS e adequar as normas dos seus sócios para o exercício de refere ao exercício final de 2013.
internacionais para as normas bra- suas atividades econômicas, sem a
sileira de contabilidade, criou-se o visão de lucro. A sociedade con-
Comitê de Pronunciamentos Con- ta com 673 médicos cooperados, 5. Resultados alcançados
tábeis (CPC), em 2005, composto serviço de Medicina Preventiva,
por seis entidades: Associação Bra- SOS, atendimento domiciliar, ser- A escrituração contábil para as
sileira de Empresas de Capital Aber- viços credenciados (hospitais e la- Cooperativas Médicas Operado-
to (Abrasca); Associação dos Analis- boratórios) e um hospital próprio, ras de Planos de Saúde se dá pelas
tas e Profissionais de Investimento além de participar da rede de aten- operações de mercado de saúde e

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devem obedecer ao que não con- Minerais, CPC 35 – Demonstrações O CPC emitiu diversas normas
traria os dispostos nas normas bá- Separadas, e o CPC PME – Contabi- contábeis convergentes com as nor-
sicas da ANS, e nas normas estabe- lidade para Pequenas e Médias Em- mas internacionais para serem apli-
lecidas pela resolução n.º 750/1993, presas (GRUNITZKY, 2015). cadas nas empresas, sendo diversas
do Conselho Federal de Contabilida- Com base e no estudo dos itens, dessas normas referendadas pela
de e pelo Comitê de Pronunciamen- que as NBCs exigem que sejam con- ANS. Assim, esta aprova resoluções
to Contábeis (exceto pelo CPC 11 – templadas nas demonstrações con- e súmulas normativas contendo ins-
Contratos e Seguros, CPC 29 – Ativo tábeis, foram comparados com o truções a serem seguidas pelo setor
Biológico e Produto Agrícola, CPC 34 que a ANS orienta as Cooperativas de saúde suplementar. Para proce-
- Exportação e Avaliação de Recursos Operadoras de Saúde (Quadro 1): der à escrituração dos fatos contá-

Quadro 1 - Comparativo das divergências entre NBC com as orientações da ANS


Item NBC ANS

RN 322 – Compreendem aquelas determinadas pela Lei n.º


NBC TG 26 – O conjunto completo das demonstrações
11.638/2007 e alterações, e devem ser complementadas por
contábeis inclui balanço patrimonial, demonstrações
Notas Explicativas, pelo Relatório da Administração, e outros
Demonstrações Contábeis do resultado período, demonstração do resultado
quadros analíticos ou demonstrações contábeis necessárias para
abrangente, demonstrações do fluxo de caixa,
esclarecimento da situação patrimonial e dos resultados do
demonstrações do valor adicionado, notas explicativas.
exercício até o dia 31 de março do mês subsequente.

RN 322 – Os ativos da operadora não devem estar registrados


NBC TG 01 – A entidade deve segurar que os ativos
contabilmente por um valor superior àquele passível de ser
sejam registrados contabilmente por valor que não
recuperado no tempo por uso nas operações da operadora
Redução ao Valor Recuperável exceda os valores de recuperação, caso isso ocorra é
ou em sua eventual venda. Caso existam evidências de que os
de Ativos necessário que a entidade reconheça um ajuste para
ativos estão registrados por valor não recuperável no futuro, a
perdas por desvalorização e estabelece as divulgações
operadora deverá imediatamente reconhecer a desvalorização,
requeridas.
por meio da constituição de provisão para perdas.

RN 322 - A elaboração do fluxo de caixa será pelo método


direto. Anualmente, a operadora deverá efetuar a conciliação
NBC TG 03 – Deve apresentar os fluxos de caixa do
entre o lucro líquido e o fluxo de caixa líquido das atividades
período classificados por atividades operacionais, de
Demonstração do Fluxo de Caixa operacionais. Para que um investimento seja qualificado como
investimento e de financiamento. Pode ser apresentado
equivalente de caixa, ele precisa ter conversibilidade imediata em
pelo método direto ou indireto.
montante conhecido de caixa e estar sujeito a um insignificante
risco de mudança de valor.

RN 322 - Um item será classificado como ativo intangível, apenas


quando satisfizer todos os itens:
NBC TG 04 – Um ativo satisfaz o critério de
(a) for separável, isto é, capaz de ser separado ou dividido da
identificação, em termos de definição de um ativo
operadora e vendido, transferido, licenciado, alugado ou trocado,
intangível, quando for separável, resultar de direitos
seja individualmente ou em conjunto com um contrato, ativo ou
contratuais ou de outros direitos legais. Pode ser aplicado,
Ativo Intangível passivo relacionado; ou (b) resultar de direitos contratuais ou de
por exemplo, em: realização de estudos de viabilidade,
outros direitos legais, quer esses direitos sejam transferíveis quer
compra ou desenvolvimento de hardware, desenho
sejam separáveis da operadora ou de outros direitos e obrigações.
de aparência de páginas da web. Desenvolvimento de
(c) for provável que os benefícios econômicos futuros esperados
software operativo.
atribuíveis ao ativo serão gerados em favor da operadora; e (d) o
custo do ativo possa ser mensurado com segurança.

RN 322 - Aplicam-se integralmente as disposições e os critérios


NBC TG 09 – Exigida pela lei ou órgão regulador,
Demonstração do Valor estabelecidos no Pronunciamento CPC 09, sendo que até a ANS
permite apresentação voluntária, é obrigatória para as
Adicionado elaborar um modelo padrão, as operadoras poderão publicar de
companhias de capital aberto.
forma facultativa essa demonstração.

NBC TG 12 – Permite a correção de julgamentos acerca


de eventos passados já registrados e traz melhoria na RN 322 - O ajuste a valor presente não é aplicável às operações
Ajuste a Valor Presente
forma pela qual eventos presentes são reconhecidos. específicas de saúde suplementar.
Trata apenas de questões de mensuração.

NBC TG 27 – Os principais pontos a serem considerados


na contabilização são o reconhecimento dos ativos, a RN 322 - Não serão admitidas reavaliações ou avaliação a valor
Ativo Imobilizado
determinação dos seus valores da depreciação e perdas justo como critério de avaliação desses ativos.
por desvalorização a serem reconhecidos.

Fonte: adaptado de Donato, 2013.

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beis, as cooperativas são obrigadas As demonstrações contábeis de- data, a posição patrimonial e finan-
a seguir as instruções constantes vem obedecer à classificação con- ceira da Entidade. O ativo é repre-
no plano de contas padrão, que tábil prevista no Plano de Con- sentado pelas aplicações de recursos,
abrange, desde o funcionamento ta Padrão da ANS, e os modelos como os bens e direitos, enquanto
das contas e critérios a serem apli- destinam-se a todo o mercado de que o passivo é representado pela
cados até a maneira como devem saúde suplementar. As demons- origem dos recursos, como as obri-
ser apresentados os resultados nas trações compreendem aquelas de- gações e o patrimônio líquido.
demonstrações econômico-finan- terminadas pela Lei n.º 6.404/1976 A escrituração das operações
ceiras dessas organizações. e alterações subsequentes (Balanço das operadoras de Planos de As-
As demonstrações contábeis Patrimonial, Demonstração do Re- sistência à Saúde deve obedecer
são partes integrantes das infor- sultado do Exercício (DRE), Demons- às disposições contidas da Lei n.º
mações financeiras divulgadas por tração das Mutações do Patrimônio 11603/2007 e às normas emana-
uma instituição. Com base nes- Líquido (DMPL) e Demonstração de das do Conselho Federal de Con-
sa afirmação, o CPC emitiu o Pro- Fluxos de Caixa (DFC)) e devem ser tabilidade (CFC), CPC e Ibracon.
nunciamento CPC 26 – Apresenta- complementadas por Notas Explica- Os procedimentos estabelecidos
ção das Demonstrações Contábeis, tivas, pelo Relatório da Administra- no Plano de Contas têm o obje-
que estabelece o conjunto comple- ção e outros quadros analíticos ou tivo de determinar/orientar os re-
to de demonstrações contábeis exi- demonstrações contábeis necessá- gistros contábeis dos atos e fatos
gíveis para todas as empresas. De rios para esclarecimento da situa- das Operadoras de Planos de Assis-
acordo com esse Pronunciamento, ção patrimonial e dos resultados do tência à Saúde e devem estar em
esse conjunto é formado pelo ba- exercício (GRUNITZKY, 2015). consonância com os princípios fun-
lanço patrimonial, demonstração damentais de contabilidade, abran-
do resultado do período, demons- 5.1 Balanço Patrimonial gendo inclusive o processo de con-
tração do resultado abrangente, de- Segundo o conceito trazido pela vergência às regras internacionais
monstração das mutações do patri- NBC T 3.2, o Balanço Patrimonial é de contabilidade (ANS, 2013).
mônio líquido, demonstração dos a demonstração contábil destinada Veja no Quadro 2 a estrutura
fluxos de caixa, notas explicativas e a evidenciar, qualitativa e quanti- do Balanço Patrimonial, de acordo
demonstração do valor adicionado. tativamente, em uma determinada com a NBC T 3.2:

Quadro 2 - Estrutura do Balanço Patrimonial


BALANÇO PATRIMONIAL
ATIVO PASSIVO
Ativo Circulante 399.499,00 Passivo Circulante 157.694,00
Caixa e Equivalentes de Caixas 174.368,00 Fornecedores 37.000,00
Títulos e Valores mobiliários 32.113,00 Salários e Benefícios 24.000,00
Contas a receber 85.364,00 Impostos e Contribuições 63.000,00
Estoques 107.654,00 Empréstimos e Financiamentos 33.000,00
Ativo Não Circulante 318.475,00 Provisões 3.694,00
Realizável a Longo Prazo 25.301,00 Passivo não Circulante 217.291,60
Depósitos Judiciais 33.500,00 Exigível a Longo Prazo 91600,00
Investimentos 146.000,00 Empréstimos e Financiamentos 67.000,00
Imobilizado 158.674,00 Provisões 58.691,60
Intangível 55.000,00 Arrendamentos e Compromissos contratuais -
Patrimonio Liquido 339.988,40
Capital 150.000,00
Reserva de Capital 25.000,00
Reserva de Lucros 259.988,40
Ações em Tesouraria 5.000,00
Ativo Total 817.974,00 Passivo Total 817.974,00
Fonte: NBC T 3.2

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Contabilidade do terceiro setor: cooperativas médicas e
44 operadoras de planos de saúde

A ANS disponibiliza um modelo patrimônio, que é exigida pela NBC, demonstração contábil destina-
para a demonstração do Balanço descartando qualquer possibilidade da a evidenciar a composição do
Patrimonial, que visa sintetizar e de convergência entre as normas. resultado formado em um deter-
facilitar a elaboração da demons- A nomenclatura das contas é o que minado período de operações da
tração, de forma que se apropriem chama mais atenção por estar ade- entidade, observando-se o princí-
para as empresas da área de saú- quada a uma atividade específica; o pio de competência, que eviden-
de suplementar, a partir da orde- que não interfere na leitura ou en- ciará a formação dos vários níveis
nação existente no Plano de Con- tendimento da demonstração. A De- de resultados mediante confronto
tas Padrão. A seguir (Quadro 3), monstração do Balanço Patrimonial- entre as receitas e os correspon-
encontra-se um modelo resumido precisa estar presente no programa dentes custos e despesas. Assim,
de um modelo de balanço para de envio da Diops, cuja Agência ana- apresenta-se, de forma vertical e
publicação, de acordo com as exi- lisa e estuda os dados enviados. resumida, o resultado apurado em
gências da ANS. Ao se analisarem relação ao conjunto de operações
os dois modelos, pode-se perceber 5.2 Demonstração do Resultado realizadas em um determinado
que o modelo usado pela Unimed do Exercício período de tempo.
de Joinville está de acordo com as De acordo com a NBC T 3.3, Na DRE, as principais alterações
necessidades de evidenciação do a demonstração do resultado é a trazidas pelas Leis n.º 11.638/2007

Quadro 3 – Balanço Patrimonial Cooperativa Médica Operadora de Planos de Saúde


Balanço Patrimonial
Ativo Passivo
Ativo Circulante 112.258.289,47 Passivo Circulante 30.540.588,51
Disponível 609.462,30 Provisões Técnicas de OPS 14.031.358,87
Realizável 111.648.827,17 Provisão de Eventos a liquidar 7.518.568,87

Aplicações 91.815.605,92 Provisão de eventos ocorridos e não avisados 6.512.790,00

Débitos com OPS não relacionados com planos de saúde


Créditos de OPS 491.695,21 1.786.576,52
da operadora
Contraprestação Pecuniária a Receber 478.366,48 Provisões 183.279,47
Outros créditos de OPS 13.38,76 Provisão para IRPJ e CSLL 183.279,47

Crédito de OPS não relacionados com planos de saúde 14.570.291,93 Tributos e encargos sociais a recolher 3.755.342,22

Créditos tributários e previdenciários 2.137.619,82 Débitos Diversos 10.754.750,58


Bens e títulos a receber 2.571.646,65 Conta corrente de cooperados 29.280,85
Despesas antecipadas 61.967,64 Passivo não circulantes 29.868.655,56
Ativo Não Circulante 51.229.809,14 Provisões judiciais 27.950.572,76
Realizável a longo prazo 2.413.655,02 Tributos e encargos sociais a recolher 535.383,32
Depósitos Judiciais 2.399.922,58 Débitos Diversos 1.382.699,48
Outros créditos a receber a longo prazo 13.732,44 Patrimônio Líquido 103.078.854,54
Conta corrente com cooperados 0 Capital Social 24.4253.154,00
Investimentos 3.743.176,38 Reservas 65.437.393,28
Outros investimentos 3.743.176,38 Reservas de Reavaliação 6.667.325,00
Imobilizado 44.479.930,99 Reservas de sobras 58.770.068,28
Imóveis de uso próprio 21.416.230,05 Resultado do exercício 13.216.307,26
Imóveis Hospitalares 21.416.230,05
Imobilizados de uso próprio 21366.770,80.
Hospitalares 15.793.975,06
Não hospitalares 573.195,74
Imobilização em curso 6.696.930,14
Intangível 593046,75
Total do Ativo 163.488.098,61 Total do Passivo 163.488.098,61
Fonte: Unimed de Joinville, Demonstrações Contábeis 2013-2014

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e n.° 11.941/2009, em consonân- Quadro 4 – Demonstração do Resultado do Exercício


cia com as normas internacionais, Demonstração do Resultação do Exercicio
foi a extinção da classificação das Receita Operacional Bruta 864.386,65
Receitas e Despesas Não Opera- (-) Vendas Canceladas e Devoluções (3.654,12)
cionais. O CFC aprovou a Orienta- (-) Abatimentos (6.971,25)
ção Técnica OCPC 2000 – Ajustes às (-) Impostos e Contribuições incidente sobre a Venda (246.350,20)
Novas Práticas Contábeis Adotadas (=) Receita Operacional Líquida 607.411,08
no Brasil – e o CFC, por meio da Re- (-) Custo dos Produtos Vendidos (69.587.25)
(-) Custo das Mercadorias Vendidas (114.365.10)
solução n.º 1.159/2009, aprovou a
(-) Custo dos Serviços Prestados (5.472,16)
CTG 2000 (DONATO, 2013).
(=) Lucro Operacional Bruto 417.986,63
O Quadro 4 apresenta o mode- (-) Despesas Operacionais (28.965,34)
lo proposto pela Norma Brasileira (-) Despesas com Vendas (37.854,12)
de Contabilidade. (-) Despesas Gerais e Administrativas (54.125,36)
De acordo com o relatório (-) Despesas Tributárias (34.258,17)
emitido pela auditoria externa (-) Despesas Operacionais Financeiras (14.326,79)
(ACTUS Auditores), a Unimed de (-) Despesas Financeiras (5.478,34)
(+) Receitas Financeiras 8.970,21
Joinville publicou a demonstração
(+/-) Variações Cambiais (3.258.16)
(Quadro 5) abaixo, que foi apro-
(+/-) Outras Receitas ou Despesas -
vada e assinada pela diretoria da
(=) Lucro Líquido Antes do Imposto de Renda e Contribuição Social 248.690,56
empresa, conselho fiscal, técnico (-) Contribuição Social (55.438,85)
atuário e contador. (-) Imposto de Renda (33.263,31)
Analisando as duas demons- (=) Lucro Após Imposto de Renda e Contribuição Social 159.988,40
trações, pode-se perceber que a (-) Participação de Debêntures -
maior mudança é a nomenclatura (-) Participação de Empregados -
das contas, que, no segundo qua- (-) Participação de Administradores -
(-) Partes Beneficiárias e Fundo de Assistência e Previdência de Empregados -
dro, está apropriada para uma
(=) Lucro (Prejuízo) Liquido do Exercício 159.988,40
empresa do ramo de saúde suple-
Fonte: adaptado de Donato, 2013.
mentar. A classificação e a ordena-
ção das contas seguem a mesma (hospitalares e afins). Ainda, obe- tante considerável, que é devida
lógica que a demonstrada na nor- dece ao que estabelece a ANS para pela existência de uma demonstra-
ma e a mesma ordem de liquidez e esta demonstração financeira. ção auxiliar chamada Demonstra-
de maior representatividade para Se comparado o valor total do ção de sobras do Ato Cooperativo
a apuração do resultado do exercí- resultado do exercício, demonstra- e Lucro do Ato Não Cooperativo
cio, evidenciando primeiro as ati- do na DRE, com o valor constante de Resultado Exercício. Este docu-
vidades obtidas pelo plano de saú- no Balanço Patrimonial; observa- mento segrega as informações das
de, seguido das demais atividades mos que existe uma diferença bas- despesas e receitas dos atos coo-


Pelo conhecimento de se existir uma grande
carência para a população, quando se trata de saúde,
uma saída conveniente são os planos de saúde, uma
vez que existem diversas modalidades, preços e
finalidades.

RBC n.º 228
Contabilidade do terceiro setor: cooperativas médicas e
46 operadoras de planos de saúde

perativos (atos praticados entre


Quadro 5 – Demonstração do Resultado do Exercício Cooperativa
a cooperativa e seu associado) e
Médica Operadora de Planos de Saúde
atos não cooperativos (atividades
Demonstração do Resultado do Exercício Unimed de Joinville
decorrentes de operações com ter-
Operações continuadas
ceiros), resultando no saldo apli-
Contraprestações efetivas de planos de assistência à saúde 193.898.124,11
cável à legislação tributária.
Contraprestações líquidas 194.569.351,25
Tributos diretos de operações com planos de assistência à saúde (671.227,14)
5.3 Demonstração de fluxo de caixa
Eventos indenizáveis líquidos (183.304.142,13)
De acordo com o CPC 03, as
Eventos conhecidos ou avisados (183.509.410,89)
informações sobre o fluxo de cai-
Variação da provisão de eventos ocorridos e não avisados 205.268,76
xa de uma entidade são úteis para
Resultado das Operações com planos de assistência à saúde 10.593.981,98
proporcionar aos usuários das de-
Outras receitas operacionais de planos de assistência à saúde não relacionados
monstrações contábeis uma base com planos
307,16
para avaliar a capacidade de a en- Receitas de assistência à saúde não relacionadas com planos de saúde da operadora 119.581.843,25
tidade gerar caixa, e equivalentes Tributos diretos de outras atividades de assistência à saúde (5.693.764,55)
de a caixa e as necessidades da en- Outras despesas operacionais com planos de assistência à saúde (6.042.291,90)
tidade de utilizar esses fluxos de Provisão para perdas sobre créditos (923.109,69)
caixa. As decisões econômicas que Outras despesas de operações de planos de assistência à saúde (4.499.109,69)
são tomadas pelos usuários exi- Programa de promoção da saúde e prevenção de riscos e doenças (620.063,16)
gem avaliação da capacidade de Outras despesas operacionais com plano de assistência à saúde não relacionados
(81.682.424,66)
a entidade gerar caixa e equiva- com planos
lentes de caixa e da época de sua Resultado bruto 36.757.651,28
ocorrência e do grau de certeza de Despesas com comercialização (357.163,25)

sua geração. Despesas administrativas (10.873.582,04)

O objetivo e a função são pro- Resultado financeiro líquido 338.3276,12

ver informações relevantes sobre Receitas financeiras 7.802.151,47

pagamentos recebidos da empresa Despesas financeiras (7.463.775,35)

ocorridos em um determinado pe- Resultado do patrimônio líquido 525.514,07

ríodo e destinam-se a controlar as Receitas patrimoniais 617386,09

alterações ocorridas durante o exer- Despesas patrimoniais (91.872,02)

cício. A DFC é importante para ana- Resultado antes dos impostos e contribuições 26.390.796,18

lisar se a empresa possui condições Imposto de renda (2.341.183,06)

de saldar suas dívidas, receber in- Contribuição social (867.665,90)

vestimentos e avaliar as situações Resultado líquido 23.181.947,22


Fonte: Unimed de Joinville, Demonstrações Contábeis 2013-2014.
presentes e futuras do caixa e da

“A escrituração das operações das operadoras


de Planos de Assistência à Saúde deve obedecer
às disposições contidas da Lei n.º 11603/2007
e às normas emanadas do Conselho Federal de
Contabilidade (CFC), CPC e Ibracon.

RBC n.º 228
REVISTA BRASILEIRA DE CONTABILIDADE 47

empresa, tudo para que ela não se lanço devem refletir o aumento ou ção de dividendos) e dos custos
aproxime da insolvência (AZEVEDO, a redução nos seus ativos líquidos de transação diretamente relacio-
2010). Veja no Quadro 6 a demons- durante o período. Com a exceção nados com tais transações, a alte-
tração dos Fluxos de Caixa. das alterações resultantes de tran- ração global no patrimônio líqui-
No Quadro 7, segue modelo ela- sações, com os proprietários agin- do durante um período representa
borado para atender às exigências do na sua capacidade, de deten- o montante total líquido de recei-
da ANS, de acordo com as informa- tores de capital próprio (tais como tas e despesas, incluindo ganhos e
ções contábeis da Unimed de Join- integralizações de capital, reaqui- perdas, gerados pelas atividades
ville, auditadas no ano de 2013. sições de instrumentos de capital da entidade durante esse período.
Analisando os dois modelos da próprio da entidade e distribui- No Quadro 8, será visto o mo-
demonstração, não se encontrou
nenhum tipo de diferença, perce-
bendo-se assim, a compatibilida- Quadro 6 – Estrutura da Demonstração dos Fluxos de Caixa
de entre as normas exigidas para Demonstração dos Fluxos de Caixa
esta empresa. A demonstração do FLUXO DE CAIXA DAS ATIVIDADES OPERACIONAIS
fluxo de caixa precisa ser enviada (+) Recebimentos de clientes 258.364,53
à ANS juntamente com a Diops a (-) Pagamentos a fornecedores e empregados 64.365,00
cada trimestre. (=) Caixa gerado pelas operações 193.999,53
(-) Juros pagos 16.990,24

5.4 Demonstração das mutações (-) IR e CSLL pagos 54,368.29


(-) IR na fonte sobre dividendos recebidos 41.364,00
do patrimônio líquido
Caixa Líquido Gerado pelas Atividades Operacionais 81.277,00
A DMPL fornece a movimenta-
FLUXO DE CAIXA DAS ATIVIDADES DE INVESTIMENTOS
ção ocorrida durante o exercício nas
(-) Aquisição da controlada X, líquido do caixa obtido na aquisição -
diversas contas do Patrimônio Líqui-
(-) Compra de ativo imobilizado 245.364,00
do, e faz clara indicação do fluxo de
(+) Recebimento pela venda de equipamento 110.000,00
uma conta para a outra e indica a (+) Juros recebidos 365,00
origem e o valor de cada acréscimo (+) Dividendos recebidos -
ou diminuição no patrimônio líqui- Caixa Liquido Consumido pelas Atividades de Investimento 134.999,00
do. A demonstração indicará clara- FLUXO DE CAIXA DAS ATIVIDADES DE FINANCIAMENTOS
mente a formação e a utilização de (+) Recebimento pela emissão de ações -
todas as reservas, e não apenas das (+) Recebimento por empréstimo a longo prazo 21.350,00
originadas por lucros; servirá, ain- (-) Pagamento de passivo por arrendamento -
da, para melhor compreensão do (-) dividendos pagos 75.650,00
cálculo dos dividendos obrigatórios Caixa Líquido Consumido pelas Atividades de Financiamentos (54.300,00)
(IUDÍCIBUS et al., 2010). Aumento Líquido de Caixa e Equivalentes de Caixa 161.976,00
De acordo com o CPC 26, as al- Caixa e Equivalentes de Caixa no Início do Período 12.392,00

terações no patrimônio líquido da Caixa e Equivalentes de Caixa no Final do Período 174.368,00


Fonte: CPC 03.
entidade entre duas datas de ba-

RBC n.º 228


Contabilidade do terceiro setor: cooperativas médicas e
48 operadoras de planos de saúde

delo disposto no Apêndice A, do


Quadro 7 – Demonstração de Fluxo de Caixa Cooperativa Médica
Pronunciamento 26.
Operadora de Planos de Saúde
No Quadro 9 será demonstra-
Demonstração dos Fluxos de Caixa Findos de 31 de Dezembro de 2013
do o modelo da DMPL da coope-
Atividades operacionais
rativa que foi utilizada como estu-
Recebimento de planos de saúde 202.351.274,26
do de caso, de acordo com a sua
Recebimento de juros de aplicações financeiras 6.090.560,05
publicação.
Resgates de aplicações financeiras 41.102.106,85
Outros recebimentos operacionais 135.372.038,76
Aplicações Financeiras (48.145.966,48)
6. Considerações finais Pagamentos a fornecedores e prestadores de serviços de saúde (240.670.591,58)
Pagamentos de comissões (361.260,70)
Após o levantamento dos dados, Pagamentos de pessoal (18.886.860,03)
e do estudo realizado nas Normas Pagamentos de pró-labore (415.110,40)
Brasileiras de Contabilidade e nas Pagamentos de serviços de terceiros (11.551,084,91)
resoluções e instruções da Agência Pagamentos de tributos (49.307,719,73)
Nacional de Saúde Suplementar, foi Pagamentos de contingências (244.486,42)
possível perceber a concordância en- Pagamentos de aluguéis (95.704,77)
tre as duas entidades. Mesmo com Pagamentos de promoção e publicidade (494.227,64)
as novas regras do IFRS, ambos fo- Outros pagamentos operacionais (9.656.906,13)
ram capazes de atender aos requi- Caixa líquido das atividades operacionais 5.086.061,13
sitos de padronização das normas, Atividades de investimento
visto que ainda estão em fase de Pagamentos de aquisição de ativo imobilizado – hospitalar (4.996.015,89)
adequação (principalmente a ANS) Pagamentos de aquisição de ativo imobilizado – outros (564.204,61)
para atender à necessidade dos pa- Caixa líquido das atividades de investimento (5.560.220,50)
drões internacionais. Atividades de financiamento
Pela autoridade dada à ANS, ela Integralizações de capital em dinheiro 775.246,33
faz um tratamento bastante rigoroso Caixa líquido das atividades de financiamento 775.246,33
para que as empresas que estão sob Variação líquida do caixa e equivalentes de caixa 301.086,96

o seu controle atendam de maneira Caixa e equivalentes de caixa – Saldo inicial 308.375,34

fidedigna, a todas as suas exigências. Caixa e equivalentes de caixa – Safo final 609.462,30
Fonte: Unimed de Joinville, Demonstrações Contábeis 2013-2014
Sendo essas específicas para a ativi-

Quadro 8 – Estrutura da Demonstração das Mutações do Patrimônio Liquido


Capital Social Reservas de Capital e Reserva de Lucros ou Prejuízos
Total
Integralizado Ações em Tesouraria Lucros Acumulados
Saldos Iniciais 2012 100.000,00 15.000,00 100.000 50.000 215.000,00
Aumento de Capital 10.000,00 10.000,00
Dividendos 20.000 (20.000)
Transações de Capital com os Sócios 5.000 (5.000)
Lucro Liquido do Período 35.000 35.000
Constituição de Reservas 3.000 30.000 (33.000)
Tributos s/ a Realização da Reserva de
(2.000) (2.000)
Reavaliação
Saldo Finais 2012 110.000 25.000 145.000 30.000 255.000,00
Aumento de Capital 40.000 40.000
Ações em Tesouraria 5.000 (5.000)
Dividendos 25.000 (25.000)
Transações de Capital com os Sócios 15.000 (15.000)
Lucro Líquido do Período 159.988,40 159.988,40
Constituição de Reservas 159.988,40 (159.988.40)
Tributos s/ a Realização da Reserva de
(15.000) (15.000)
Reavaliação
Saldo Finais 2013 150.000 30.000 259.988,40 - 439.988,40
Fonte: Apêndice A, CPC 26.

RBC n.º 228


REVISTA BRASILEIRA DE CONTABILIDADE 49

dade de saúde suplementar, tornam- operativos), elaboração das demons- e as demais operações como receitas/
se particulares apenas a este setor. trações contábeis até a Auditoria In- despesas hospitalares e da cooperati-
As entidades de Cooperativas Médi- dependente e seus pareceres. va venham em seguida. É importante
cas Operadoras de Planos de Saúde Foram evidenciadas, no traba- destacar também que, por se tratar de
precisam constantemente adaptar- lho, as demonstrações contábeis, uma cooperativa, existe a necessidade
se a estas mudanças propostas pelo pela possibilidade de se apontarem, da segregação dos atos cooperativos
órgão regulador. A maior adequação com maior facilidade e veridicidade, e não cooperativos, de onde se obtêm
deste sistema é o Plano de Contas as possíveis divergências entre as nor- o resultado final do lucro e/ou preju-
Padrão, que muda sucessivamente a mas; e pela comparabilidade de itens, ízo devido dessas operações, sendo
cada ano. A versão atual existe desde que são obrigatórios a todas as em- que a distribuição de dividendo só
2013, aplicada no ano de 2014, mas presas e, não apenas, a um segmen- acontece se as operações com os atos
já está em estudo a próxima altera- to. Na Demonstração dos Resultados não cooperativos aufiram o lucro.
ção, prevista para 2016. do Exercício, apontou-se uma adap- Nas demais demonstrações, de
O Plano de Contas Padrão traz to- tação significativa entre as propostas acordo com o estudo, não foram en-
das as delimitações e os métodos a para a elaboração da demonstração. contradas diferenças entre as propos-
serem aplicados às operadoras, que Nesse caso, a ANS define a estrutura tas e, sim, a necessidade de adaptar
vão desde a escrituração dos ativos, da demonstração, fazendo com que as nomenclaturas das contas para fi-
passivos, segregação das despesas e as operações com os planos de saú- carem condizentes com a atividade.
receitas (atos cooperativos e não co- de sejam demonstradas por primeiro, No balanço patrimonial, observa-se

Quadro 9 – Demonstração das Mutações do Patrimonial Líquido/ Patrimônio Social -


Cooperativa Médica Operadora de Planos de Saúde
Reservas de Fundo de Fundo pró- Resultado do
Descrição da mutação Capital social FATES TOTAL
Reavaliação Reserva família exercício
Saldo em 31/12/2011 22.806.517,48 7.088.105,00 18.547.089,57 - 8.466.636,78 13.730.793,38 70.639.142,21
Deliber. da AGO 2011
- Constituição de Fundos 13.730.793,38 (13.730.793,38)
Integraliz. de Capital 1.005.097,00 1.005.097,00
Devolução de Capital (219.000,00) (219.000,00)
Antecipação de Sobras (7.039.148,79) (7.039.148,79)
Sobras do ato cooperativo 21.065.170,71 21.065.170,71
Prej. do ato cooperativo (1.253.454,61) (1.253.454,61)
Reversão rec. Fates (209.804,36) 209.804,36
Destinações
- Fundo de reserva 2.002.152,05 (2.002.152,05)
-Fates 1.001.076,03 (1.001.076,03)
Saldo em 31/12/2012 23.592.614,48 7.008.105,00 34.280.035 - 9.257.908,45 9.979.143,59 84.197.806,52
Deliber. AGO 2012
- Constit. de fundos 8.368.937,85 1.610.205,74 (9.979.143,59)
Integraliz. de capital 905.540,00 905.540,00
Devoluções de capital (73.000,48) (73.000,48)
Antecipação de sobras (5.129.429,96) (5.129.429,96)
Resultado do ato coop. 22.714.175,73 22.714.175,73
Lucro do ato não coop. 467.771,49 467.771,49
Reversão rec.Fates (229.539.97) 225.531,21 (4.008,76)
Realização Reservas
(420.780,00) 420.780,00
Reavaliação
Destinações
- Lucro ato não coop. 517.417,00 (517.417)
- Reserva legal 2.331.084,22 (2.331.084,22)
- Fates 1.165.542,11 (1.165.542,11)
- Fundo pró-família 1.468.477,19 (1.468.477,89)
Saldo em 31/12/2013 24.425.154,00 6.667.325,00 44.980.057,07 3.078.682,93 10.711.327,59 13.216.307,26 103.078.854,54
Fonte: Unimed de Joinville, Demonstrações Contábeis 2013-2014.

RBC n.º 228


Contabilidade do terceiro setor: cooperativas médicas e
50 operadoras de planos de saúde

que a ANS destaca, nos ativos e pas- melhança na apresentação das de- O ajuste a valor presente não é
sivos, as contas relacionadas com a monstrações, com exceção das no- aplicável às operações específicas de
OPS das demais, e verifica-se a uti- menclaturas próprias condizentes saúde suplementar, de acordo com as
lização da nomenclatura de patri- com a atividade desenvolvida. A de- RN 322, Anexo 1. Acredita-se que por
mônio social em vez de patrimônio monstração do valor adicionado e a não se tratar de uma entidade volta-
líquido, por tratar-se de uma coope- demonstração do resultado abran- da ao mercado de valores financeiros,
rativa, o que não interfere na elabo- gente não foram usadas no estudo, este item não seja condizente com a
ração, na leitura ou no entendimento pois não foram elaboradas pela audi- finalidade ou com o objetivo social da
da demonstração. Na demonstração toria externa. Segundo normativa da empresa e da ANS para as empresas
do fluxo de caixa e na demonstração ANS, essas demonstrações são facul- sob à sua autarquia, o que pode gerar
das mutações do patrimônio líquido, tativas até que seja definido um mo- demonstrações não condizentes com
os resultados apontam para uma se- delo padrão. a realidade dessas organizações.

7. Referências
ACTUS, Auditores. Demonstrações Contábeis Unimed de Joinville 2014-2013. Relatório dos Auditores Independentes

ANS Agencia Nacional de Saúde Suplementar. ESPAÇO DA OPERADORA – Planos de contas 2013. Disponível em:
http://www.ans.gov.br/planos-de-saude-e-operadoras/espaco-da- operadora/18-planos-de-saude-e-operadoras/espaco-da-
operadora/292-plano-de- contas#sthash.QKdlwZph.dpuf Acesso em 26 de maio de 2015.

ANS. Resolução Normativa 322. Altera o Anexo da Resolução Normativa nº 290, de 27 de fevereiro de 2012, que dispõe
sobre o Plano de Contas Padrão para as Operadoras de Planos de Assistência à Saúde. Acesso em 14/10/2015. Disponível em
http://www.ans.gov.br/index2.php?option=com_legislacao&view=legislacao&task=PDFAtualizado &format=raw&id=2395

AZEVEDO, Osmar Reis. Comentário às novas regras contábeis brasileiras. 5 ed. São Paulo: IOB, 2010

BRASIL. Lei n.° 5764/1971. Define a Política Nacional de Cooperativismo, institui o regime jurídico das sociedades cooperativas,
e dá outras providências. Acesso em 15/10/2015. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L5764.htm

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BRASIL. Lei n.° 11.638/2007. Altera e revoga dispositivos da Lei n.° 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e da Lei n.° 6.385, de 7
de dezembro de 1976, e estende às sociedades de grande porte disposições relativas à elaboração e divulgação de demonstrações
financeiras. Acesso em 14/10/2015. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11638.htm

BRASIL. Lei n.° 11.941/2009. Altera a legislação tributária federal relativa ao parcelamento ordinário de débitos tributários; concede
remissão nos casos em que especifica; institui regime tributário de transição, alterando o Decreto no 70.235, de 6 de março de
1972, as Leis nos 8.212, de 24 de julho de 1991, 8.213, de 24 de julho de 1991, 8.218, de 29 de agosto de 1991, 9.249, de 26
de dezembro de 1995, 9.430, de 27 de dezembro de 1996, 9.469, de 10 de julho de 1997, 9.532, de 10 de dezembro de 1997,
10.426, de 24 de abril de 2002, 10.480, de 2 de julho de 2002, 10.522, de 19 de julho de 2002, 10.887, de 18 de junho de 2004,
e 6.404, de 15 de dezembro de 1976, o decreto-lei no 1.598, de 26 de dezembro de 1977, e as Leis nos 8.981, de 20 de janeiro de
1995, 10.925, de 23 de julho de 2004, 10.637, de 30 de dezembro de 2002, 10.833, de 29 de dezembro de 2003, 11.116, de 18
de maio de 2005, 11.732, de 30 de junho de 2008, 10.260, de 12 de julho de 2001, 9.873, de 23 de novembro de 1999, 11.171,
de 2 de setembro de 2005, 11.345, de 14 de setembro de 2006; prorroga a vigência da Lei no 8.989, de 24 de fevereiro de 1995;
revoga dispositivos das Leis nos 8.383, de 30 de dezembro de 1991, e 8.620, de 5 de janeiro de 1993, do decreto-lei no 73, de 21 de
novembro de 1966, das Leis nos 10.190, de 14 de fevereiro de 2001, 9.718, de 27 de novembro de 1998, e 6.938, de 31 de agosto
de 1981, 9.964, de 10 de abril de 2000, e, a partir da instalação do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, os Decretos nos
83.304, de 28 de março de 1979, e 89.892, de 2 de julho de 1984, e o art. 112 da Lei no 11.196, de 21 de novembro de 2005; e dá
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