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PESSOA

E
SOCIEDADE
PROVA DE AVALIAÇÃO À
DISTÂNCIA

Nº 401
Nelson Miranda Cadete
Rua Manuel Figueiras, 53
3070 – 542
Seixo – Mira
Portugal
UNIDADE DIDÁCTICA 1
Exercício 1
A comunicação, numa perspectiva social, aspira a um encontro de pessoas e, neste sentido, o conteúdo da
mesma pretende que os interlocutores se reconheçam deveras envolvidos, ou seja, que a comunicação seja intensa.
Porém, sendo a intensidade da comunicação sempre subjectiva, é pelo nível de intimidade, de emotividade e de
risco que, intuitivamente, reconhecemos os sinais que permitem determinar o grau de intensidade.
Ao envolver conteúdos mais privados e íntimos, que perturbam e estimulam a interioridade da pessoa, a
comunicação intensa suscita alguns riscos que provêm do medo da rejeição (uma das necessidades básicas da
pessoa é o sentimento de aceitação e a consequente segurança), do medo de causar uma impressão que não
corresponda à nossa própria imagem (a pessoa receia ser interpretada e avaliada) e do medo da mudança (a
comunicação pode levar a pessoa a questionar as suas motivações e atitudes).
Para que a comunicação entre duas pessoas, ou dentro de um grupo, resulte numa realidade construtiva e
positiva, é preciso realçar três elementos indispensáveis: o feedback, a empatia e a coerência.
O feedback traduz-se no procedimento que consiste no provimento de informação a uma pessoa sobre o
desempenho, conduta, eventualidade ou acção executada por esta, com o objectivo de orientar, reorientar e/ou
estimular uma ou mais acções de melhoria, sobre as acções futuras ou aquelas executadas anteriormente.
No processo de desenvolvimento da competência interpessoal o feedback é um importante recurso porque
permite que nos vejamos como somos vistos pelos outros. É ainda, uma actividade executada com a finalidade de
maximizar o desempenho de um indivíduo ou de um grupo. Processualmente, provém de um esforço avaliativo, para
responder às necessidades da pessoa que vai receber o feedback, ou seja, numa palavra, da empatia.
A empatia consiste na identificação intelectual e/ ou afectiva de um sujeito com uma pessoa ou uma ideia.
Traduz-se, numa dimensão psicológica, na capacidade afectiva que permite compreender e partilhar sentimentos e
motivações de outras pessoas, de uma forma aprofundada e íntima, e ainda, na capacidade cognitiva para
compreender ideias, pontos de vista e perspectivas alheias. Alguns autores identificam ainda, dentro de uma
definição mais lata de empatia, a capacidade para transmitir aos outros, de forma verbal e não verbal, a
compreensão desses sentimentos e ideias.
Carl Rogers, um dos principais psicólogos responsável pelo estudo da empatia, definiu-a da seguinte forma:
“Captar o mundo particular do paciente como se fosse o seu próprio mundo, mas sem nunca esquecer esse carácter
de «como se» – é isso a empatia [...].” Esta definição pressupõe o respeito por sentimentos e percepções que
divergem dos nossos, sem com isto aprová-los ou reprová-los.
A congruência é antes de tudo a capacidade de estar em conformidade com alguma coisa; são as partes de
um todo que se harmonizam entre si. Na boa comunicação, esta conformidade implica, em simultâneo, sinceridade
e autenticidade, na relação com o outro e de acordo consigo próprio. Passa pela consciência de si próprio e dos
sentimentos e afectos que sente pelo outro e garante, na relação, o espaço possível para ser ele próprio, o que
permite a boa comunicação e a relação adequada.
Exercício 2
DIFICULDADES
RECEPTORES SENSORIAIS

PROCESSOS INTERNOS

 Psicologia Social muito recente e pouco


ESTUDO DO HOMEM
explorada.
RELAÇÃO
TU  Complexidade do Homem – sujeito e
EU objecto do estudo.
MUNDO
 Análise global: desejos, anseios,
CONHECIMENTO sentimentos, reacções…

ORIENTAÇÃO EXTERIOR ORIENTAÇÃO INTERIOR

Adquire personalidade de
fora para dentro, através
Homem
Nasce vazio sem Ser passivo, que nada Nasce com uma fonte de
da experiência energia; escreve o Ser activo; é preciso
conhecimento ou tem de inato. Tudo o entender as suas
comportamento que é recebe-o do próprio destino
motivações.
exterior. Adquire personalidade
de dentro para fora;
Homem actua segundo ela
Exercício 3
Há vários tipos de estereótipo: de género (loiras burras; o lugar das mulheres é em casa; homens sensíveis
são homossexuais); racial e étnico (os ciganos são ladrões; os muçulmanos são terroristas; os pretos são burros);
socioeconómico (os sem-abrigo estão assim por opção – que trabalhem!); profissional (os advogados são bandidos;
as modelos não têm nada na cabeça; os funcionários públicos são malandros; actores e artistas pop são todos
drogados); de estudante (bully; intelectual marrão sem namorada); etário (os velhos são inúteis; os pais são
retrógrados); geográfico (os alentejanos são preguiçosos); etc.
No âmbito do conhecimento do outro, um estereótipo é tido como uma generalização excessiva e indevida
de um comportamento, uma atitude ou uma qualidade, relativa a um determinado grupo que tanto pode resultar
numa avaliação positiva como numa avaliação negativa da questão em causa.
No entanto, a maior parte dos estereótipos encerra avaliações negativas (relacionadas com o preconceito),
ainda que, por vezes, os objectivos sejam aparentemente positivos. É o que acontece, por exemplo, quando alguém
diz que os negros são atletas. Tal afirmação pode trazer consigo a conotação de que aquele indivíduo será pouco
dotado para trabalhos intelectuais.
A fronteira entre estereótipo e realidade objectiva é ténue e, por vezes, difícil de estabelecer. No entanto,
qualquer generalização excessiva relativa a um grupo é considerada um estereótipo mesmo quando baseada em
estudos científicos e estatísticas. Ou seja, o facto de uma grande parte de um grupo possuir uma característica
específica, como, por exemplo, a violência, mesmo a ser verdade, não implica que todos os membros daquele grupo
tenham essa característica.
Um exemplo que encontro na minha vida profissional reporta-se ao preconceito estereotipado que se tem
dos alunos de etnia cigana. Automaticamente, deformamos a nossa percepção do aluno – “vai dar problemas” – sem
o conhecermos. Depois, mesmo inconscientemente, tendemos a desconfiar e a subvalorizar o seu esforço e
empenho, só porque é cigano – “não trabalha, não é honesto” – e, finalmente, presumimos que o seu futuro passará
pelas feiras, ou, pior ainda, pela droga e pela prisão – “nunca estudará e nunca será alguém na vida; provavelmente
casará novo e acabou-se”. Se ele apresenta expectativas em ser um engenheiro ou um doutor, limitamo-nos a
encaixá-lo no nosso estereótipo preconceituoso, com um sorriso irónico – “No dia de São Nunca à tarde”.
Esta relação entre estereótipo e preconceito é pertinente, na medida em que a formulação de muitos
estereótipos reside na prévia existência de preconceitos e vice-versa. O preconceito traduz a apreensão de uma série
de crenças e valores que são aplicados a determinadas realidades antes que essa realidade seja objectivamente
vivida e avaliada por si mesma. Em termos sociais, o preconceito consiste numa ideia construída sobre o “outro”,
antes de o conhecer efectivamente e dispensando mesmo a necessidade dessa experiência, já que o conceito mental
substitui a própria realidade. Tanto o estereótipo como o preconceito traduzem generalizações; a diferença é que
enquanto o primeiro é uma realidade objectivamente apercebida e depois generalizada a outras realidades, o
segundo é a “invenção” ou “ideia” de uma realidade subjectiva que é generalizada à totalidade da realidade
objectiva, substituindo-a.
No entanto, nem todos os estereótipos são negativos ou funcionam como preconceitos. Na verdade, muitos
estereótipos são necessários para as relações entre as pessoas, funcionando como guias de comportamento e
códigos de comunicação. É o caso dos conceitos de idade, sexo, profissão, religião, classe social, etc., que ajudam,
por um lado, a prever comportamentos e, por outro, ajudam ao estabelecimento de laços entre as pessoas.

Exercício 4
O episódio de Jesus com a samaritana vai de encontro àquilo que o nosso manual apelida de perspectiva
social da comunicação, a qual aspira a um encontro de pessoas e, neste sentido, o conteúdo da mesma pretende
que os interlocutores se reconheçam deveras envolvidos, ou seja, que a comunicação seja intensa. Jesus, na
verdade, mais do que comunicar uma mensagem, tem a preocupação de criar um espaço para o encontro que há-de
possibilitar a conversão.
Conversando com uma mulher que era samaritana, Jesus estabelece um encontro pessoal no qual se
vislumbram momentos de grande intimidade e emotividade ao falar-lhe no pecado da sua situação conjugal (Jo.4,16-
18), e ainda, de risco (Jo.4,7-9), só pelo facto de dirigir a palavra a uma samaritana. Jesus supera os preconceitos de
raça e as discriminações sociais. A comunicação entre Jesus e a mulher foi muito além das palavras proferidas: há
uma entrega de duas pessoas onde se denota emotividade e intimidade, com tudo o que daí advém. A linguagem de
Jesus conduz a samaritana para uma outra realidade que irá mudar a sua vida, criando nela uma sede profunda.
Como qualquer pessoa, essa mulher tem sede de vida. Todos buscam algo que mate a sede, mas encontram apenas
águas estagnadas. Jesus dá-se a conhecer, prontamente, como aquele que traz água viva e faz com que a fonte brote
dentro de cada um. Intuitivamente, reconhece-se neste encontro sinais que determinam uma grande intensidade
comunicativa e compreende-se, após a descodificação da mensagem de Jesus, que a samaritana não poderia ficar
indiferente. Desta conversa resulta, inevitavelmente, uma mudança de vida.

UNIDADE DIDÁCTICA 2
Exercício 1
Segundo G.W. Allport, a atitude é um estado mental e neurológico, ou seja, interno à pessoa e, portanto,
não observável, mas só deduzível pelas suas consequências, as quais se espelham nas atitudes verbais e noutros
comportamentos ou reacções físicas. A atitude é algo intermédio (uma espécie de filtro) entre o estímulo que nos
chega e a resposta que de nós sai, ou seja, têm uma disposição para a resposta. Alguns autores positivistas
consideram-na, mesmo, apenas uma resposta aos estímulos do meio. Ela apresenta uma estrutura interna cujas
componentes se relacionam entre si harmoniosamente, o que denota organização e, se observarmos a atitude
concreta na sua manifestação externa, vislumbramos uma complexa, mas metódica, teia de relações com as
restantes atitudes de um indivíduo. Uma característica fundamental da atitude é que ela é aprendida, isto é, emana,
sempre, da experiência e, por isso, apesar da sua estabilidade, pode ser modificada. Além disto, a atitude exerce
uma influência directa e dinâmica nos comportamentos dos indivíduos, não só canalizando energias para
determinada conduta, mas activando novas vontades onde não as havia. De forma resumida podemos definir a
atitude como uma inclinação a pensar, a sentir e a actuar perante um estímulo social, de forma estável e previsível.
A opinião distingue-se da atitude visto que, numa acepção corrente, manifesta apenas pareceres, os quais
estão sujeitos à mudança perante o surgimento de novos dados ou a transformação da conjuntura. De facto, a
opinião é mais limitada e concreta que a atitude, ou seja, menos profunda e interior ao sujeito, de tal modo que,
eventualmente, a opinião poderá verbalizar atitudes distintas.
Já a crença releva mais o elemento racional, enfatizando as ideias, contrariamente à atitude que salienta
mais a postura perante determinado estímulo; como vimos, é mais uma predisposição, uma tendência ou inclinação.
As crenças podem ser descritivas, avaliativas ou perceptivas e, segundo Milton Rokeach, é da organização destas
crenças sobre algo, num determinado momento, que resultam as atitudes.
O interesse centra-se nos aspectos, vocacional, profissional ou recreativo – aquilo que gostaria de ser ou de
fazer. No geral, o interesse pressupõe uma atitude positiva, contudo há interesses momentâneos que não suscitam
qualquer atitude. Fundamentalmente, a atitude implica uma maior estabilidade que o interesse e a motivação.
Por sua vez, o contraste entre valor e atitude já não é tão explícito. Enquanto a atitude se concentra num
objecto ou numa situação, o valor é um ideal mais abstracto que orienta as acções e os juízos do sujeito,
transcendendo os objectos e as situações. Assim, um sistema de valores implica um compromisso de vida em função
daquilo que se valoriza.
Exercício 2
Cognitiva - elemento que nos leva a ver não a realidade objectiva, mas uma
realidade mais ou menos deformada pelas próprias atitudes
COMPONENTES Emocional - verdadeiro núcleo das atitudes, as quais estão sempre vinculadas a
sentimentos e emoções e nunca são meras posturas racionais
Comportamental - propensão para agir, originada pela atitude; o vínculo entre
atitude e acção é muito importante
ATITUDE Instrumental - ajuda a atingir a integração/ adaptação num grupo; satisfaz
necessidades profundas; forma-se pela identificação.
Conhecimento - indica de forma simples como devemos agir perante
determinados objectos, de forma a sermos sempre respeitados
TIPOS Defensiva - resulta de inseguranças ou medos interiores que acabam
projectados na nossa actuação com os objectos exteriores
Expressiva - expressa os próprios valores e imagem; ajuda a estabelecer e
clarificar a identidade pessoal
Exercício 3
O autoritarismo, o abuso de poder e a tirania são atitudes sociais facilmente verificáveis num pequeno
périplo pela história universal. Já Aristóteles se dedicava a este problema, mais numa perspectiva política
(aristocracia, monarquia, tirania, oligarquia, democracia, etc.) do que social. Desde os imperadores romanos,
passando por alguns pontífices da Igreja, Napoleão, o absolutismo iluminado, Hitler, Mussolini, Estaline, Franco, o
nosso Salazar, os ditadores sul-americanos, os regimes totalitários comunistas, Kim II Sung, Saddam Hussein, Bin
Laden, Mahmoud Ahmadinejad, Kadhafi, entre muitos outros, são exemplos de personalidades e de ideologias que
se impuseram na vida das pessoas de uma forma extremamente autoritária.
Na própria história das culturas, mais ou menos universal, verifica-se a imposição da autoridade do homem
sobre a mulher pelo simples facto de ser fisicamente mais forte. Infelizmente, ainda hoje constatamos esta realidade
na violência doméstica, na desigualdade de oportunidades, nas discriminações constantes.
Neste contexto, recordo-me de uma senhora que foi professora primária durante muitos anos na minha
aldeia. Por um lado, na escola adoptava uma postura autoritária de agressividade, violência mesmo, perante os
alunos, especialmente aqueles com mais dificuldades. Por outro, era do conhecimento público que, em casa, era
comum ela ser vítima da atitude autoritária e violenta do marido, que frequentemente chegava a casa alcoolizado.
No dia seguinte, eram as crianças que serviam para vazar toda a sua frustração.
Esta professora apresentava algumas características típicas da atitude autoritária: na escola, exercia,
exclusivamente, o poder sem qualquer interferência (nem dos pais); nas suas decisões, extremamente impulsivas,
surgiam imensas arbitrariedades e injustiças; criava ou alterava regras para manter o poder, sem que alguém o
questionasse; as liberdades individuais dos alunos eram altamente restringidas; se alguém se opusesse, tornava-se
agressiva; controlava o próprio pensamento dos pais e censurava as suas opiniões; apresentava uma personalidade
marcadamente egocêntrica, se bem que afirmasse que as suas opções e atitudes eram para bem das crianças, porém
elas eram frequentemente humilhadas.
Resta-nos questionar se a sua atitude autoritária perante as crianças, na escola, seria o resultado da sua
vitimização em casa, ou se constituía parte integrante do seu ser e do seu carácter.

Exercício 4
Quando se fala de Maria Madalena, surgem sempre muitas controvérsias. De modo a responder à questão
que me é colocada, tentarei examinar o que a Bíblia ensina sobre Maria Madalena. Os dados que nos oferecem os
evangelhos são escassos. Lc.8,1-3 informa-nos que entre as mulheres que seguiam Jesus e o assistiam com os seus
bens estava Maria Madalena, isto é, uma mulher chamada Maria, que era oriunda de Migdal Nunayah, uma pequena
povoação junto ao lago da Galileia. Entre outras mulheres, ela seguiu Jesus desde a Galileia até Jerusalém, no final
do seu ministério (Mt.27,55-56). Dela Jesus tinha expulsado sete demónios (Lc.8,2; Mc.16,9), que é o mesmo que
dizer “todos os demónios”. A expressão pode entender-se como uma possessão diabólica, mas também como uma
enfermidade do corpo ou do espírito.
Os evangelhos sinópticos mencionam-na como a primeira de um grupo de mulheres que contemplaram de
longe a crucifixão de Jesus (Mc.15,40-41; Mt.27,55-56) e que ficaram sentadas em frente do sepulcro (Mt.27,61),
observando, enquanto sepultavam Jesus (Mc.15,45-47). Referem que na madrugada do dia depois do sábado, Maria
Madalena e outras mulheres voltaram ao sepulcro para ungir o corpo com os aromas que tinham comprado
(Mc.16,1-2; Mt.28,1). Nessa altura, foi uma das primeiras a receber a notícia da ressurreição, quando um anjo lhe
comunicou que Jesus tinha ressuscitado e a encarregou de ir comunicar aos discípulos (Mt.28,5-6; Mc.16,1-7) a boa
notícia (Lc.24,9-10).
S. João apresenta os mesmos dados com pequenas variantes. Maria Madalena está junto à Virgem Maria, ao
pé da cruz (Jo.19,25). Depois do sábado, quando ainda era de noite, aproxima-se do sepulcro, vê a pedra removida e
avisa Pedro, pensando que alguém teria roubado o corpo de Jesus (Jo.20,1‑2). De volta ao sepulcro, começa a chorar
e é das primeiras pessoas a encontrar-se com Jesus ressuscitado, o qual a encarrega de anunciar aos discípulos o seu
regresso ao Pai (Jo.20,11‑18; Mt.28,8-10). Essa é a sua glória.
Agora vejamos o que a Bíblia não diz: não refere que Maria Madalena era a pecadora citada em Lc.7,36-50;
não diz que era a Maria, irmã de Lázaro e de Marta; não sugere nenhum tipo de relacionamento especial ou íntimo
com Jesus (ela surge sempre entre outras mulheres); depois da ascensão de Jesus, o seu nome nunca mais é
mencionado na Bíblia.
Posto isto, e atendendo à questão em concreto, é possível deduzir que o encontro com Jesus não suscitou
nem ignorância (Maria Madalena reconhece-o), nem indiferença (ela acompanha de perto a sua paixão), nem
ambivalência (ela trata-o por Mestre).
A intensidade das atitudes de Maria Madalena perante Jesus é facilmente verificável pela sua presença,
repetida, em momentos de grande tensão emotiva (a crucifixão; no sepulcro, ela chora). Também o facto de Jesus
ter expulsado os demónios e, de alguma forma, ter aliviado o sofrimento físico, psicológico, ou espiritual, desta
mulher, terá produzido reacções, com certeza, intensas.
Quanto à multiplicidade das suas atitudes, os evangelhos não nos esclarecem com indicações suficientes, a
não ser o reiterar da sua presença, o que nos leva a concluir a simplicidade das suas atitudes, mas ao mesmo tempo,
a reforçar a sua intensidade.
A centralidade das suas atitudes pode ser reconhecida pelo facto de acompanhar Jesus desde a Galileia até à
sua morte em Jerusalém (abandona tudo o que faz – não sabemos o quê – para seguir Jesus), ou, ainda, no episódio
do sepulcro, quando reconhece Jesus e vai anunciar a sua ressurreição com uma convicção inabalável (a correr e
cheia de alegria).
UNIDADE DIDÁCTICA 3
Exercício 1

Interacção frequente – os elementos de um grupo relacionam-se e comunicam entre si com assiduidade,


todavia, a mera interacção e a comunicação frequente não bastam para que um grupo exista. Mais interacção
traduz mais atracção entre os elementos de um grupo, mas também pode indicar mais tensão e afastamento,
pelo que, mais interacção não significa, obrigatoriamente, mais grupo.
Interdependência – da definição de interacção emerge o mito da homogeneidade: há mais interacção entre
indivíduos semelhantes, ou seja, quanto mais semelhantes, mais grupo. Ora, não é assim tão simples. Kurt
Lewin afirma que o modelo de grupo é aquele cujos elementos, muito distintos entre si, se ligam entre si com
Características

relações de interdependência.
Um objectivo comum – com influência de Freud, segundo a psicologia social, tudo o que o Homem faz, fá-lo
por um objectivo, para atingir algo, para satisfazer uma necessidade, mais ou menos profunda. Neste
contexto, o grupo só faz sentido se a união dos seus elementos satisfizer algum objectivo individual ou
comum.
Consciência de grupo – para estarmos perante um grupo social é necessário que ele possa ser identificado
como tal pelos seus membros e pelos não membros; os elementos têm de se perceber e compreender a si
mesmos como grupo.

Padrões e normas de conduta – Os grupos sociais são estratificados, pois os seus membros ocupam posições
relativas entre si. Para além disso, desempenham papéis e contactam entre si. O grupo tem normas de
conduta (que não têm que ser escritas) influenciadoras do modo como os papéis são desempenhados. Outra
característica dos grupos sociais é a comunidade de interesses e de alguns valores entre os seus membros.
Recursos – em grupos maiores há mais recursos para resolver os problemas e mais críticas, o que
é um elemento positivo no funcionamento dos grupos.
Tamanho dos grupos

Exigências – em grupos maiores há mais necessidades e motivações individuais e, portanto, mais


exigências individuais, o que aumenta a insatisfação global do grupo. Este factor é mais negativo.
Participação dos membros – em grupos maiores aumentam as diferenças de participação, isto é,
esta começa a ser mais desigual entre os elementos do grupo.
Liderança – o grupo maior é mais estruturado e o papel do líder vai-se concentrando numa só
pessoa; há mais tolerância com as formas de autoridade mais centralizadas.
Relações entre os membros – em grupos maiores aumentam os desacordos, os antagonismos
Propriedades

mútuos e a exteriorização das tensões, mas diminui a tensão entre o conjunto dos indivíduos.
Aptidões dos membros – grupos, cujos elementos possuem aptidões distintas, produzem e
Homogeneidade

rendem com mais eficácia.


Personalidade dos membros – grupos, cujos elementos são mais heterogéneos, apresentam
maior eficácia e qualidade na resolução dos seus problemas. Tudo isto fica sem efeito se a
heterogeneidade for tanta que enfraquece a comunicação
Atitudes dos membros – deve haver semelhança nas atitudes fundamentais para o grupo, mas
flexibilidade na tolerância à norma e uma boa comunicação.
O acordo inicial – o momento da entrada no grupo vai determinar se a interacção atrai ou afasta
os elementos, estabelecendo desde logo a coesão, ou não, do grupo.
Coesão

Valores comuns ou atitudes semelhantes – outra força que origina a coesão é a orientação de
todos os elementos do grupo para valores comuns e atitudes semelhantes.
Identificação com objectivos do grupo – a identificação com os objectivos claros e bem
formulados, levam os membros a sentirem-se mais atraídos para o grupo.

Exercício 2
Ao ocuparem posições sociais, as pessoas vêem o seu comportamento determinado não tanto pelas suas
características individuais mas, em maior medida, pelas expectativas face à posição que ocupam. Assim, o papel
social vem caracterizar modelos de comportamento que, ultrapassando as diferenças e as adaptações individuais,
orientam a acção dos sujeitos que ocupam uma determinada posição. Em cada grupo em que o indivíduo participa,
ele desempenha um papel de acordo com o estatuto que lhe é atribuído.
Há três dimensões a considerar quando analisamos os papéis sociais.
Em primeiro lugar, a quantidade de papéis sociais que determinado elemento de um grupo pode ter (muitos
ou poucos) o que, por um lado, terá influência nos conflitos que poderá provocar e, por outro, quanto maior o
número de papéis desempenhados, maior a preparação desse elemento para enfrentar novas situações sociais.
Depois, é necessário atentar no grau de implicação social que determinado papel tem. Assim, podem
classificar-se consoante a sua maior ou menor implicância social: papéis nominais (sem qualquer implicação social);
papéis de interpretação ocasional (desempenhados, ocasionalmente, com o mínimo de esforço e de efeito); papéis
de interpretação (supõem uma grande implicação emocional, mas distinguem-se claramente da própria identidade);
papéis hipnóticos (desempenhados com grande intensidade, mas por um tempo limitado) e, finalmente, o êxtase
(com enorme intensidade e implicação pessoal, de tal modo que causa esgotamento físico e psicológico).
Finalmente, ao analisarmos os papéis sociais, há que ter em conta a sua exigência temporal: há papéis que
abarcam toda a vida de uma forma intensa, outros são limitados a momentos específicos da vivência e outros ainda
cingem-se a pequenos instantes.
Com tantos tipos de papéis, a sua classificação seria uma tarefa quase impossível. Façamos uma divisão mais
simples: os papéis adscritos e os papéis adquiridos. Os primeiros são aqueles que se assumem como se fossem da
própria natureza de cada um, implícitos e subentendidos pelo grupo automaticamente, não dependem de uma
escolha deliberada do indivíduo (papéis de género), mas são mais exigentes para quem os desempenha. Os papéis
adquiridos dependem sempre da escolha do indivíduo que os vai representar (papéis profissionais). Esta dicotomia
nem sempre é clara e certos papéis são em parte adscritos e em parte adquiridos (a vocação, a maternidade).
Na representação dos diversos papéis sociais, é necessário conciliar as expectativas que são criadas ao redor
do sujeito e que são expressas num conjunto de normas que determinam se ele cumpre, ou não, o seu papel.
Actualmente, reconhece-se a liberdade individual na criação de papéis, embora esta varie conforme a posição
ocupada (por exemplo, papéis desempenhados no âmbito de uma organização militar terão regras mais
formalizadas que o papel de amigo ou de pai). No entanto, podem existir conflitos de papéis sociais nos casos em
que a mesma pessoa assume papéis que supõem exigências incompatíveis (por exemplo, em certos casos o papel de
mãe e esposa pode ser difícil de conciliar com o papel exigido pela profissão). Por vezes, também há casos em que o
sujeito encara o seu papel de maneira diferente da definida pelos papéis sociais com os quais se encontra em
interacção (conflito intra-papel).

Exercício 3
Quem sou eu? Não são as nossas características singulares, únicas, diferentes das características dos outros,
aquilo que nos identifica? Possuímos marcas que nos distinguem, mas também somos seres colectivos, marcados
pela cultura com a qual convivemos, pela família em que nascemos, pelos grupos nos quais participamos. Antes de
nascer já somos identificados como filhos de alguém, como membros de uma determinada família, ou seja, há uma
identidade pressuposta. A família é o primeiro grupo que define quem somos ou o primeiro elemento construtor da
nossa identidade. Ao longo da vida, propagamos os costumes, as crenças, os temores desse nosso primeiro grupo
social e, de certa forma, muito do que aprendemos nessa relação familiar faz parte de quem somos.
A construção de quem somos depende das nossas experiências, de lugares por onde passamos, de pessoas
com quem convivemos. Afinal, a identidade depende da percepção da semelhança, daquilo que o outro e eu temos
em comum, mas também da diferença. Mesmo quando buscamos a nossa individualidade, fazemo-lo diferenciando-
nos do outro. Desta forma, mesmo sendo individuais, somos socialmente constituídos.
O desejo de pertencer a um grupo contribui para construir identidades sociais. Os grupos, além de
possibilitarem o exercício da convivência, também exercem outras funções: contribuem para a satisfação de
necessidades pessoais, propagam valores e comportamentos específicos e adoptam hierarquias específicas. Somos,
portanto, pais, filhos, parentes, alunos, amigos, conhecidos, cônjuges, funcionários, profissionais. Cada um desses
papéis sociais compõe a nossa identidade em determinados contextos e momentos. Neste sentido, somos o que
fazemos; somos os papéis que desempenhamos.
No entanto, muitas vezes, a nossa vida é identificada como algo artificial; identificamo-nos com construções
psicológicas e sociais, completamente distanciados da nossa verdadeira natureza. Vivemos com máscaras e é com
elas que nos apresentamos ao mundo. Neste contexto, é preciso ter consciência de que não somos os papéis que
desempenhamos. Não somos apenas pais, filhos, parentes, alunos, amigos, conhecidos, cônjuges, funcionários,
profissionais. Antes disso, somos pessoas que têm uma identidade própria para ser conhecida e desenvolvida.
Decididamente, também não somos apenas os nossos cargos (de maior ou menor prestígio social), o nosso salário
(seja o máximo ou o mínimo), o nosso conhecimento ou ignorância, a nossa cor, os nossos desejos, os nossos
conflitos, a nossa religião, os nossos pertences (casas, carros, roupas), etc. Nesses casos, quando há uma espécie de
super-identificação entre a identidade e os papéis sociais, observam-se indivíduos que após vidas inteiras dedicadas,
exclusivamente, a um papel (no casamento, na família, na profissão, num cargo importante ou numa missão de
vida), se viram surpreendidos por graves problemas (alguns patológicos) quando tudo terminou. Por tudo isso, é
preciso ter coragem para retirar a máscara, para nos livrarmos das falsas aparências, das representações dos papéis,
das convenções sociais. É preciso sabermos quem somos e como somos.
Não quero com isto dizer que devemos ignorar os papéis que nos cabem desempenhar, enquanto seres de
relação. No final de contas, convivemos em sociedade e precisamos de nos adaptar para não vivermos à margem da
sociedade e da cultura, alienados de tudo e de todos. Os papéis sociais são úteis quando têm um carácter funcional
diante das exigências da sociedade e das nossas próprias aspirações. São ferramentas que nos auxiliam
quotidianamente e importantes na relação e integração com o nosso mundo interior.
Difícil, pois, mas interessante é perceber como se dá a relação entre a nossa identidade e aquela
estabelecida pelas expectativas do colectivo e manifestada nos papéis sociais. Somos, portanto, tanto o reflexo da
estrutura social quanto a reacção a ela, seja transformando-a, seja conservando-a. Temos uma história que nos
antecede, mas também temos uma história com a qual nos envolvemos e que nos permite rever posturas,
reconsiderar valores, assumir novas crenças, desempenhar novos papéis, agir diferentemente, pensar como nunca
havíamos pensado antes.

Exercício 4
Um dos dados mais seguros da vida de Jesus é que constituiu um grupo de doze discípulos aos quais
denominou os “Doze Apóstolos”. Esse grupo era formado por homens que Jesus chamou pessoalmente, que o
acompanhavam na sua missão de instaurar o Reino de Deus e que seriam testemunhas das suas palavras, das suas
obras e da sua ressurreição.
O grupo dos Doze aparece nos escritos do Novo Testamento como um grupo estável ou fixo, mas, sob vários
aspectos, heterogéneo. Pedro, André, Tiago e João eram pescadores (Mt.4,18-21). Mateus era publicano, cobrador
de impostos (Mt.9,9). Simão, o Cananeu era zelota (Mc.3,18), ou seja, vinha de um movimento nacionalista com
tendências radicais. Alguns deles tinham temperamento agressivo (Tiago e João). Jesus chegou a chamá-los de filhos
do trovão (Mc.3,17). Alguns falavam demais (Pedro). Outros quase não se manifestavam (pelo menos não há
registos de suas palavras no Novo Testamento). Mateus, por exemplo, parece não ter sido um grande orador, mas
destacar-se-ia mais tarde através da escrita. Um deles tornou-se famoso pela incredulidade (Tomé) e outro pela
desonestidade (Judas Iscariotes). Havia algumas relações de parentesco no meio do grupo. Pedro e André eram
irmãos. Tiago e João também eram irmãos, além de serem primos de Jesus. Não sabemos exactamente a variação
etária do grupo, mas podemos citar Pedro como um homem maduro e casado, enquanto João era jovem e,
provavelmente, solteiro.
Os discípulos eram tão diferentes e, ao mesmo tempo, tão iguais perante o Mestre. Todos eram homens,
judeus, pecadores, um tanto ou quanto ignorantes (principalmente no sentido espiritual) e carentes de salvação.
Todos acreditavam no mesmo Deus e eram amados por Jesus. Os seus nomes são “Simão, a quem deu o nome de
Pedro; Tiago, filho de Zebedeu, e João seu irmão, aos quais deu o nome de Boanerges, ou seja, filhos do Trovão;
André e Felipe, Batolomeu, Mateus, Tomé, Tiago, filho de Alfeu, Tadeu, Simão, o Cananeu e Judas Iscariotes, o que O
entregou” (Mc.3,16-19). Um pouco antes, S. Marcos afirma que Jesus “subindo ao monte chamou os que quis. E
foram ter com Ele. Elegeu doze, para andarem com Ele e para os enviar a pregar, com poder de expulsar demónios”
(Mc.3,13-16). Assinala dessa maneira a iniciativa de Jesus e a função do grupo dos Doze: estarem com Ele e serem
enviados a pregar com a mesma força de Jesus. Os evangelistas – S. Mateus (Mt.10,1) e S. Lucas (Lc.6,12-13) –
expressam-se no mesmo tom. Ao longo do evangelho, percebe-se como acompanham Jesus, participam de sua
missão e recebem um ensino particular. Os evangelistas não escondem que muitas vezes não entendem as palavras
do Senhor e que O abandonaram no momento da provação. Mas assinalam também a confiança renovada que Jesus
lhes outorga.
Deste modo, facilmente se constata que, os elementos que caracterizam os grupos sociais, estão bem
vincados no grupo do Doze. A relação frequente entre os seus membros, que abandonaram tudo para seguir Jesus
durante três anos; a interdependência – cada um tinha a sua função no grupo; Judas era tesoureiro; a partilha de
normas – o maior deve ser servo de todos (Mt.23,11); o objectivo comum de pregar o Reino de Deus e de serem
pescadores de homens (Mt.4,19); e, ainda, a consciência de pertença a um grupo, pois mesmo tendo sido escolhidos
por Jesus, tiveram de tomar livremente consciência de que, o dom dessa escolha, comportava um empenho que
devia ser definitivamente assumido por eles.
Também se verifica a coesão, propriedade fundamental do grupo, na aceitação da liderança de Jesus.
Mesmo nos momentos de maior tensão como na traição de Pedro, ou no acolhimento de Matias, esta coesão
manifestava a maturidade deste grupo.

UNIDADE DIDÁCTICA 4
Exercício 1
A socialização é um processo de exigência e imposição interna que conduz o homem a obedecer às regras da
sociedade, com vista à participação activa na vida social. Neste processo é importante salientar as seguintes
características: a socialização é o resultado da interacção do indivíduo com a sociedade e vice-versa, pelo que nela
intervêm, simultaneamente, factores de ordem psicológica, bem como de ordem social; trata-se de um processo que
se inicia com o nascimento e que só termina com a morte, pelo que é lento, gradual e contínuo, todavia, há
momentos da vida em que o processo é mais intenso e acelerado (infância e adolescência); presume a aquisição de
princípios de conduta, valores, símbolos, normas de grupo e uma interiorização destes elementos, que são
fundamentais no desenvolvimento da personalidade, e que se integram nela (pelas experiências de grupo,
apreensão de atitudes, consciencialização das expectativas sociais); e, finalmente, envolve uma adaptação à vivência
com e como os demais, permitindo que o indivíduo se adapte ao seu meio e ajuste o seu comportamento ao dos
outros, indo de encontro a uma das necessidades da pessoa, mais básicas e profundas, de pertença e de integração.
Para a interiorização da cultura do grupo a que determinado indivíduo pertence (grupo de pertença) ou
deseja pertencer (grupo de referência), a socialização recorre a certos mecanismos distintos mas interligados.
Em primeiro lugar, a aprendizagem, através da qual são inculcados no indivíduo os valores, as regras sociais,
consideradas correctas, e os modelos de comportamento do grupo a que o mesmo pertence. Aprendemos também
a ler, a escrever, a raciocinar dentro de determinados moldes, e toda uma série de competências. Pressupõe-se a
interiorização de determinadas reacções perante determinadas situações sociais, ou seja, a aquisição de
automatismos de comportamentos variados. Para que exista aprendizagem social, são necessárias duas condições: a
interacção e a comunicação entre o agente socializado e o socializador. Neste processo, a imitação dos agentes
socializadores é fundamental à interiorização desses mesmos comportamentos, já que tendemos a imitar os
procedimentos, os gestos, as expressões que observamos, na tentativa de nos integrarmos mais facilmente nas
várias situações do nosso quotidiano.
Em segundo lugar, a interiorização do outro que se processa quando um indivíduo se identifica com outra pessoa
que desempenha determinados papéis considerados importantes. Essa identificação faz com que o indivíduo em
causa adquira, progressivamente, esses mesmos comportamentos: por exemplo, o pai e a mãe representam, para
uma criança, o que para ela significa ser homem e ser mulher, e é através deste processo que a criança interioriza
como se comportam um homem e uma mulher nas várias situações. O mesmo acontece com pessoas que de alguma
forma nos podem influenciar na nossa forma de agir, de pensar ou de sentir. Todos os grupos a que pertencemos
são agentes de socialização, já que nos obrigam a interiorizar um determinado papel social.
Exercício 2
FAMÍLIA
A família é um grupo primário, limitado a número de pessoas, ligadas por laços de sangue (parentesco), bem como por uma
Definição

identidade sentimental (afectos) e uma solidariedade de valores, que vivem juntos numa estrutura ordenada e funcional. O
parentesco que liga os familiares pode ser directo, pela via do sangue comum, ou por aliança, neste caso, pelo matrimónio.
Os vínculos que se estabelecem fazem da família uma complexa rede de relações entre indivíduos, baseada em deveres e
obrigações, regulados por normas e prescrições. A unidade básica familiar é a família extensa ou consanguínea.
As famílias tradicionais eram de tipo patriarcal. O patriarca era o pai, ou o antepassado mais velho, que reunia sob a sua
protecção e a sua autoridade a esposa, os filhos e seus cônjuges, e ainda os netos. Debaixo desta organização, o grupo
familiar obedecia a uma tripla função: de ordem económica (o património era comum a todos os membros e era gerido
pelo chefe de família), de ordem social (a família garantia a educação, a subsistência, a segurança e a solidariedade aos seus
elementos), de ordem moral e religiosa (a família era garante da salvaguarda dos valores morais e éticos e das tradições
que constituíam a sua história). A revolução económica, dos séculos XIX e XX, modificou as estruturas básicas da instituição
História

familiar. A mobilidade social, o acesso das mulheres a actividades laborais remuneradas, exercidas no exterior da casa, a
estratificação, a transferência de funções para outras instituições, a democratização da escolaridade, etc., fez surgir um
novo modelo familiar: o nuclear ou conjugal. Este modelo inclui só duas gerações – pais e filhos – e é de carácter
transitório. Outra alteração profunda, decorrente das expostas, consiste na mudança operada na matriz familiar vigente
durante séculos: as famílias biparentais cederam lugar, em muitos casos, ao novo modelo monoparental e muitas famílias
albergam no seu seio filhos de apenas um dos cônjuges, que são educados pelos dois, o que, tradicionalmente, apenas
competia aos pais.
Perpetuar a sociedade; Marido/Pai; Regulação dos desejos sexuais dos
Objectivo

Funções
Emparceirar; Esposa/Mãe; seus membros;
Papéis

Reproduzir; Filho/Irmão; Função procriativa;


Formar/ Proteger os filhos; Filha/Irmã. Função socializadora;
Estabilidade dos adultos. As outras relações são subsidiárias. Função de cooperação económica.
EDUCAÇÃO
Em sentido lato, a educação compreende dois aspectos: a transmissão da bagagem sociocultural entre os membros da
Definição

sociedade e a transmissão dos conhecimentos técnicos de uns para outros grupos.

Em sociedades pouco desenvolvidas de séculos passados, a instituição educativa cumpria fundamentalmente a transmissão
História

de um modo de vida e a acção educativa estava reduzida a uma acção socializadora. À medida que as sociedades se vão
complexificando, a instituição educativa vai introduzindo a educação formal: estudos organizados, planificações,
programas, escolas, universidades, professores e alunos, etc. Tudo isto forma um sistema educativo institucionalizado.

Para Durkheim, a educação é um Mestre/Professor; Preparação do homem;


processo que deve ser entendido Aluno. Estabilização social do sistema;
como um contributo para a Exercer algum controlo social;
Objectivo

Funções

manutenção da ordem social. Esta Favorecer a mudança.


Papéis

abordagem entende a escola como


um contributo vital à sobrevivência
e perpetuação da sociedade, pois
imprime nos indivíduos os valores
dominantes nessa sociedade.
RELIGIÃO
Durkheim define a religião como um sistema unificado de crenças e práticas relativas às coisas sagradas. Estas crenças e
práticas unem os homens numa mesma comunidade moral. A religião é, antes de mais, uma atitude do ser humano
Definição

perante o mundo e os outros e que pressupõe Deus; uma atitude que implica o homem em todas as dimensões e
compromete toda a sua vida. Apesar das divergências doutrinais das diferentes religiões, é possível falar em religião, no
singular, na medida em que todas elas pressupõem uma determinada atitude do crente face a Deus (e isto mesmo quando
se concebe Deus de modo radicalmente diferente): a experiência universal que é a inefável vivência do sagrado.
Ao longo da história, a instituição religiosa cumpriu diversas funções, geralmente associadas à necessidade que o homem
História

tem de dar sentido à sua vida e de se vincular a elementos transcendentes. O estudo do fenómeno religioso tem diversas
orientações. Eli Chinoi assinala a origem dos ritos e das crenças nas situações de perigo, enquanto Max Weber realça as
situações favoráveis.

Religar o homem a Deus Ministros/Sacerdotes/Pastores; Função salvadora


Objectivos

Funções

Fiéis/Crentes. Função de coesão social


Papéis

Função assistencial/ promocional


Função crítica
Exercício 3
A instituição política é a estrutura geral do poder numa determinada sociedade. É ela que tende a organizar
e a dirigir a vida social global. Assim, toda a legislação emanada de uma instituição política, desde as normas
estabelecidas por uma Junta de Freguesia até aos despachos governativos, tem como finalidade produzir a
conformidade nas maneiras de pensar, de actuar e de sentir dos membros da freguesia, do concelho, ou do país.
Deste modo, a instituição pública assegura a ordem social, ao servir-se de um conjunto de regras e sanções positivas
ou negativas, para determinar as condutas sociais dos indivíduos. Exemplos do que acabo de referir são as multas de
estacionamento, ou a escolaridade obrigatória, ou o horário de funcionamento dos hipermercados, ou a
obrigatoriedade de não beber quando se conduz, ou ainda, as contrapartidas que se tem ao optar por energias
renováveis, etc. São normas, e respectivas sanções, positivas e negativas, que coagem os indivíduos a um
determinado comportamento.

Exercício 4
A instituição económica surge da necessidade de racionalizar os recursos que começam a mostrar-se
escassos, garantindo a sobrevivência do Homem. Naturalmente, Cristo não pretenderia dizer aos nossos
responsáveis económicos que eles teriam a obrigação de transformar dois pães e cinco peixes em alimento para
toda uma multidão de pessoas que sofrem com a fome por esse mundo fora. Contudo, Cristo pretende mostrar-nos
que Deus deu-nos as condições necessárias para podermos rentabilizar os recursos naturais que o planeta nos
oferece e produzir em função das necessidades do povo. De facto, a instituição económica compreende a rede total
de relações de propriedade, produção e consumo de uma sociedade.
As instituições económicas têm diversas funções básicas tais como a satisfação das necessidades da
comunidade, sejam elas materiais ou não; o aproveitamento racional dos recursos disposição; o estabelecimento de
bases para o desenvolvimento social, evitando o desequilíbrio com a natureza e o estabelecimento de níveis de
prestígio social.
Na passagem da multiplicação dos pães e dos peixes, Jesus continua fiel à missão de servir o seu povo. Reúne
e alimenta as multidões sofredoras, realizando sinais de um novo modo de vida e de anúncio do Reino. Esta é a
mensagem que deve ser seguida e entendida pelos grandes chefes da nossa economia.

UNIDADE DIDÁCTICA 5
Exercício 1
O controlo social refere-se a um conjunto de processos, que tem como finalidade suscitar, nos elementos de
uma sociedade, modos de actuar, de pensar e de sentir, correspondentes ao que é expectável, para que esse grupo
social possa funcionar de uma forma ordenada e bem sucedida. Esse controlo é feito mediante a socialização,
através de um conjunto diverso de meios e recursos, que levam a que a pessoa desempenhe o seu papel dentro das
expectativas e de acordo com os princípio e as normas que vigoram.
O controlo social dá-se, ainda, através da pressão que o grupo exerce sobre o sujeito e pode ser informal ou
formal. Quando essa pressão é exercida dentro dos grupos primários e tem um cariz natural, espontâneo, baseado
nas relações pessoais e íntimas que ligam os componentes do grupo, trata-se do controlo social informal. Nestes
casos, o sujeito aceita o controlo para manter o status. A necessidade de aprovação e, simultaneamente, de
pertencer a estes grupos (família e amigos), faz parte das necessidades básicas da realização humana e, por isso,
estes grupos representam um enorme foco de controlo social.
Ainda no âmbito do controlo social informal, é preciso destacar aquele exercido pelos grupos de tipo
secundário. Nestes casos, o controlo é menos rígido e menos forte. De facto, as relações são formais e impessoais e
geralmente são estabelecidas indirectamente e, no caso de serem por contacto directo, são transitórias e
desprovidas de intimidade, pelo que a permanência nestes grupos parte da vontade do indivíduo e não lhe é vital,
apenas desejável. As relações aqui estabelecidas são mais amplas e impessoais e o controlo é exercido por meio de
normativos, promoções, recompensas ou penalizações, e a sua eficácia é tanto maior quanto mais estiver alicerçada
em grupos primários, como é o caso da escola com a família.
Finalmente, de modo a garantir a conformidade social, temos, ainda, o controlo formal já que o controlo
informal não é suficiente para manter o grupo social a funcionar ordenadamente. É o controlo formal que assegura a
ordem social. Segundo Rocher, o controlo formal serve-se de um conjunto de normas/ sanções, positivas e
negativas, de modo a firmar a conformidade das condutas e dos comportamentos aos paradigmas estabelecidos.
Este controlo, sendo formal, artificial, convencional, organizado e metódico (leis, multas, normativos, etc.) é
exercido, principalmente, pelos grupos secundários, cujas relações são formais e impessoais.
Uma pequena referência a alguns mecanismos de controlo social usados ao longo da história: crenças,
lendas, mitos, propaganda, etc.

Exercício 2

Desenvolvimento Progresso Social


MUDANÇA
SOCIAL
Crescimento económico Qualidade de Vida
Complexidade social

Características Agentes

Factores
Omnipresença (dá-se em
todas as sociedades) Elites

Não se isola do tempo nem Materiais Não


do espaço Materiais

Afecta a estrutura das Movimentos


sociedades Sociais
Demografia
Fenómeno colectivo Valores Culturais
Grupos de
Não é mudança social: o resultado de Pressão
Técnica
eleições; a substituição de indivíduos de
vários cargos; intercâmbios ou mudanças Ideologias
que afectam pouca gente.
Economia

Exercício 3
Sou professor em três escolas do ensino público, que abarcam alunos desde o 5º ano do segundo ciclo, até
ao 12º ano do secundário. Em todas elas, com pequenas variações, a divisão técnica do trabalho obedece ao
seguinte organograma:
A distribuição do trabalho é feita, primeiramente, com enfoque na especialização académica de cada um,
dividindo as funções em docência, administração, gestão e logística e, ainda, serviços especializados.
Para a docência, os trabalhadores são eleitos pelo seu nível e área de especialização, bem como o tempo de
experiencia que possuem. Depois de colocados na escola, todos têm igualdade de direitos e deveres quanto à
atribuição de cargos.
Contudo, há factores que ajudam na distribuição de serviço, nomeadamente, o tempo de serviço e de
permanência na escola. Assim, normalmente, cargos como a coordenação dos departamentos, projectos e a
delegação das disciplinas são entregues aos docentes mais antigos na instituição. Todo o restante serviço, como as
áreas curriculares não disciplinares, a sala de estudo, a direcção de turma, as substituições, etc., é distribuído
aleatória e, mais ou menos, equilibradamente pelos docentes.
A administração é da responsabilidade das funcionárias de secretaria, que são escolhidas consoante o
currículo que apresentem, com destaque para o seu percurso académico e profissional. Na grande maioria das
situações, a chefia cabe ao elemento mais antigo na instituição, ou ao que apresentar mais elevado grau académico,
em secretariado. Dentro desta área, surgem funções, como a tesouraria e o serviço de acção social escolar,
desempenhadas por funcionários que tenham formação ligada à contabilidade ou que demonstrem currículo
relevante nesta área.
A gestão da escola já exige critérios mais formais como a formação adequada e experiencia na função. Isto,
no que diz respeito à função de Director. Há uma candidatura e a respectiva eleição para aceder ao cargo de
Director, o qual é eleito por um grupo restrito de entidades, com base no seu currículo e no seu projecto de acção
para a escola. Toda a equipa directiva é escolhida por ele mesmo e, logicamente, recai nas pessoas com quem o
Director se sente mais à vontade profissionalmente e que lhe suscitem maior confiança.
As auxiliares asseguram toda a logística que a escola acarreta. Desde a limpeza, ao bar e cozinha, passando
pelo acompanhamento de alunos, apoio à biblioteca, entre muito mais, as funções, desempenhadas por estas
funcionárias, são distribuídas por aptidão, experiência e tempo de permanência na instituição. A chefia da equipa vai
variando, consoante a idade, os méritos e também a própria capacidade de liderança.
Os serviços especializados são formados pelo psicólogo da escola e a assistente social, por um lado, com a
missão de acompanhar situações mais delicadas entre os alunos, e pelos docentes da educação especial, por outro,
que, fruto de uma formação específica, trabalham directamente com alunos com necessidades educativas
permanentes.
Exercício 4
A marginalização social é o resultado de uma situação social que exclui, da sua participação, alguns
indivíduos, grupos, ou sectores dessa mesma sociedade. Estes grupos representam sempre um sector minoritário ao
nível do número e também ao nível da influência que exercem. Os marginalizados são aqueles que vivem à margem
da sociedade e dos costumes que esta desenvolve.
Os leprosos, referidos por S. Lucas neste episódio, eram, de facto, marginalizados e, literalmente, afastados e
colocados à margem das comunidades da época. Na verdade, aos leprosos era proibido o trato com as pessoas sãs
(cf. Lv.13,45-ss); por isso, na narrativa de S. Lucas, eles mantêm-se à distância e Jesus manda-os aos sacerdotes para
confirmar a sua cura e assim serem admitidos na sociedade.
Esta marginalização não acontecia de forma espontânea, era uma marginalização claramente coerciva. A
lepra era considerada um castigo de Deus para os pecadores. Se tinham lepra, eram pecadores e, portanto, o castigo
era justo. Neste sentido, eram pessoas impuras, indignas de poderem partilhar espaços com os “homens de bem”.
Naturalmente, a marginalização e a sua justificação são uma camuflagem para uma razão muito mais forte –
o medo e a repulsa. A lepra é uma doença feia, incómoda e, além disso, a população tinha noção de que se tratava
de uma doença contagiosa, rejeitando à partida a companhia destes que poderiam trazer a enfermidade à sua vida.
Assim, vemos dez homens, deambulando nas periferias de uma cidade, marginalizados pela doença que os
consome. Cristo na sua imensa misericórdia salva aqueles homens.
Contudo, S. Lucas faz notar que o motivo da cura do samaritano e dos outros com ele, não foi o facto de
cumprir as obras da lei de Moisés (era a conduta exigida pela sociedade), que mandava que os leprosos se
apresentassem aos sacerdotes (cf. Lv.14,1-ss), para a purificação, mas a fé em Jesus.

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