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Português, Módulo 8
3.º Ano – TGEI – 2016/2019
Duração da Prova: 120 minutos
Nome: N.º
GRUPO I (100p)
A
Três vezes rodou imundo e grosso.
O MOSTRENGO
«Quem vem poder o que só eu posso,
O mostrengo que está no fim do mar Que moro onde nunca ninguém me visse
Na noite de breu ergueu-se a voar; E escorro os medos do mar sem fundo?»
À roda da nau voou três vezes,
Voou três vezes a chiar, E o homem do leme tremeu, e disse:
«El-Rei D. João Segundo!»
E disse: «Quem é que ousou entrar Três vezes do leme as mãos ergueu,
Nas minhas cavernas que não desvendo, Três vezes ao leme as reprendeu,
Meus tetos negros do fim do mundo?»
E o homem do leme disse, tremendo: E disse no fim de tremer três vezes:
«Aqui ao leme sou mais do que eu:
«El-Rei D. João Segundo!» Sou um povo que quer o mar que é teu;
«De quem são as velas onde me roço? E mais que o mostrengo, que me a alma teme
De quem as quilhas que vejo e ouço?»
Disse o mostrengo, e rodou três vezes, E roda nas trevas do fim do mundo,
Manda a vontade, que me ata ao leme,
De El-Rei D. João Segundo!»
C. breves poemas sobre figuras ou momentos da nossa história até ao declínio do império.
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ANO LETIVO 2018/2019
PROVA DE AVALIAÇÃO TRIÉNIO 2016/2019
MÓDULO 10
A. anunciar um novo império. O “intenso sofrimento patriótico” leva-o a antever um império material.
B. anunciar um novo império. O “intenso sofrimento patriótico” leva-o a antever um império que se
encontra para além do material.
5.4. No poema D. Dinis, realçando a importância das letras e da cultura, Fernando Pessoa
A. critica o papel do rei-poeta que sonhou e que lançou as sementes dos Descobrimentos.
B. destaca o papel do rei-poeta que sonhou e que concretizou o sonho, lançando as sementes da literatura
portuguesa.
C. destaca o papel do rei-poeta que sonhou e que concretizou o sonho, lançando as sementes dos
Descobrimentos.
A. “Mar Português” - encontra-se tripartida em “Os símbolos”, “Os avisos” e “Os tempos”
B. a crença popular no regresso, em manhã de nevoeiro, do rei D. Sebastião desaparecido em Alcácer Quibir
(1578), mas cujo corpo nunca chegou a ser identificado com segurança. A expectativa do Encoberto
converte-se em mito, na esperança de melhores dias, de felicidade nacional, de justiça e de grandeza.
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ANO LETIVO 2018/2019
PROVA DE AVALIAÇÃO TRIÉNIO 2016/2019
MÓDULO 10
GRUPO II (50p)
Chamo de «caso» àquele contacto de alma que o próprio Pessoa passou a vida toda a esconder/revelar. O meu
«caso» com o poeta começou no final dos anos sessenta, quando ouvi pela primeira vez a música de Caetano Veloso «É
proibido proibir», momento libertário da juventude para se antepor à tirania da ditadura em que vivíamos. No meio da
sua interpretação antológica1, e contrariando os que esperavam palavras de ordem, casuísticas 2, Caetano introduzia a
5 declamação de umas palavras estranhas e enigmáticas, que se alojaram no meu inconsciente como premissas de um
tempo novo, inevitável. Corri atrás dessas palavras e vim a saber, estarrecido, que eram de um poeta português, de que
eu mal ouvira falar. Comprei o livro, as obras então completas (a edição é de 1960), da Editora Aguilar: o poema era «D.
Sebastião»3, terceira parte da Mensagem. A partir daí uma paixão súbita e definitiva me incendiou o coração e nunca
mais parei de ler e amar Pessoa. Com o passar do tempo, cheio de pudor e cumplicidade oculta, fui-me embebedando
10 daquela solidão imensa até descobrir que tinha sido irremediavelmente capturado pelo delírio épico da Mensagem.
Fernando Pessoa traduz em linguagem metafórica uma antiga aspiração do ser humano, o sentimento obscuro de que
existe um mundo interior a ser descoberto, à semelhança dos descobrimentos portugueses. Essa sensação de intervalo,
essa ânsia doída, contida nos versos do poeta, reflete aquilo que não temos e não vemos, mas desejamos e queremos:
navegar por dentro, no rumo do lugar encoberto onde reina o mais legítimo de nós. Mas cortejar o espírito argonauta
15 era pouco e a forma que encontrei para comungar com o poeta foi a música. Musicar os poemas da Mensagem (o
primeiro disco, com vários intérpretes, saiu em 1986 e agora vou no terceiro, e último) foi um desdobramento quase
natural do meu primeiro contacto, tantos anos atrás. Expressar esse sentimento abstrato de pertença absoluta a uma
«causa» foi a tarefa que o destino me impôs. As músicas da Mensagem – sem medo, sem mistificação – começaram a
descer como molduras sobre telas e, cumprindo apenas a função de integrar-se a elas, integraram-me a ele.
André Luiz Oliveira, in o editor, o escritor e os seus leitores, Fundação Calouste Gulbenkian, 2012.
1. Com base na leitura do texto B, selecione, em cada item, a opção que permite obter a afirmação adequada ao
sentido do texto. Escreva o número do item e a letra correspondente à opção que escolher. (35 p)
1.1. A música de Caetano Veloso, «É proibido proibir» surgiu, num contexto ditatorial, como
A. uma reivindicação clara e antológica.
B. um meio direto e explícito de contestação.
C. uma forma de contestação singular e enigmática.
D. uma forma de contestação meticulosa e enigmática.
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MÓDULO 10
1.4. No contexto em que ocorre, o vocábulo «doída» (l. 13) remete para a ideia de
A. ofensa.
B. queixa.
C. mágoa.
D. ressentimento.
1.5. Na expressão «como molduras sobre telas» (l. 19) o autor recorre a uma
A. metáfora.
B. perífrase.
C. hipérbole.
D. comparação.
1.6. No excerto «Corri atrás dessas palavras e vim a saber, estarrecido, que eram de um poeta português, de que
eu mal ouvira falar» (ll. 6-7), as palavras sublinhadas são
A. um pronome e uma conjunção, respetivamente.
B. uma conjunção e um pronome, respetivamente.
C. pronomes em ambos os contextos.
D. conjunções em ambos os contextos.
1.7. A oração «onde reina o mais legítimo de nós.» (ll. 17-18) é uma oração subordinada
A. substantiva relativa.
B. substantiva completiva.
C. adjetiva relativa explicativa.
D. adjetiva relativa restritiva.
2. Atente na frase «O meu “caso" com o poeta começou no final dos anos sessenta, quando ouvi pela primeira vez a
música de Caetano Veloso […]» (ll. 1-2).
2.1. Refira a função sintática desempenhada pela oração subordinada presente na fase acima. (5p)
2.2. Classifique a oração subordinada presente na frase acima.
3. Identifique o antecedente do pronome «ele» presente na expressão «[…] integraram-me a ele.» (l. 19). (5p)
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MÓDULO 10
A coragem, a determinação, o desafio do desconhecido, revelados no passado pelo povo português, ainda hoje são
evidentes em tudo quanto realiza.
Num texto bem estruturado, de duzentas a trezentas palavras, defenda um ponto de vista pessoal sobre a
capacidade empreendedora dos portugueses.
Fundamente o seu ponto de vista recorrendo, no mínimo, a dois argumentos e ilustre cada um deles com, pelo
menos, um exemplo significativo.
O(A) Professor(a),
Sandra Figueiras
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