Resenha do texto: Godefrey N. Uzogwe, (cap. 2: “Partilha europeia e conquista da África:
apanhado geral”, em: UNESCO, História Geral da África (vol. VII): África sob dominação colonial,1880-1935, Brasília: UNESCO/Ministério da Educação do Brasil/Universidade Federal de São Carlos, 2010, pp. 21-50.
O capítulo Partilha europeia e conquista da África: apanhado geral de Godefrey N. Uzogwe
no livro “História Geral da África (vol. VII): África sob dominação colonial,1880-1935, UNESCO” (2010), faz uma análise sobre teorias da história da partilha e do novo imperialismo. O autor trabalha temas como: partilha da África, teoria da dimensão africana, perspectivas historiográficas. Além disso, faz uma análise das teorias que a Partilha da África deu origem. São elas a teoria econômica, terias psicológicas, teoria diplomática e teoria da dimensão africana.
Segundo Uzogwe, os objetivos básicos das teorias psicológicas e das diplomáticas, é
acabar com a ideia de que a partilha da África se deve a motivos econômicos e que a África teria riquezas que interessavam à Europa. É mostrado que as teorias psicológicas embora possam conter pistas para entender a partilha da África não conseguem explicar por que ela se deu num determinado momento histórico, enquanto as teorias diplomáticas fornecem suporte específico e concreto às teorias psicológicas com as ideias de prestígio nacional, equilíbrio de forças e estratégia global para explicar os motivos deste processo.
No texto é enfatizado que é necessário e fundamental examinar a partilha da África da
perspectiva histórica africana. Em 1893, J. S. Keltie salienta que “A corrida de 1880 foi consequência lógica da roedura progressiva do continente iniciada 300 anos antes”. Admitindo os motivos econômicos da partilha. Por muito tempo estas ideias não encontraram eco, mas em 1956 com K. Dike em “Trade and politics in the Niger Delta” a dimensão africana da partilha foi retomada e encorajou toda uma geração de historiadores a abordar o contexto da partilha no contexto de um longo período de contatos entre raças e culturas diferentes.
O autor explica a partilha levando em consideração tanto os fatores europeus quanto os
africanos e acredita que assim procedendo se completam as teorias eurocêntricas examinadas anteriormente com a da dimensão africana. Ele rejeita a ideia de que a partilha e a conquista foram inevitáveis para a África, intrínsecas na sua história e defende que foi uma consequência lógica da devoração da África pela Europa muito antes do século XIX e aponta que o poder bélico e tecnologias adquiridas pela industrialização dos europeus, como a imunidade à malária, foram fatores decisivos que possibilitaram derrotar a África. De fato, para a Europa, a conquista não podia sobrevir em melhor momento; para a África, o momento não podia ser pior.