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PRESBITÉRIO DE SOROCABA
NOVEMBRO/2017
SOROCABA
2
NOVEMBRO/2018
SOROCABA
3
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 4
1. CONTEXTO 5
2. ESTUDO TEXTUAL 9
2.3. Comentário 27
3. SERMÃO 44
4. CONCLUSÃO 46
BIBLIOGRAFIA 47
4
INTRODUÇÃO
1. CONTEXTO
12:7–11 20:1–6
(1) Cenário celestial (v 7) (1) Cenário celestial (v 1)
(2) Batalha angelical contra Satanás e (2) pressuposta batalha angelical contra
seu exército (vv 7–8) Satanás (v 2)
(3) Satanás lançado na terra (v 9) (3) Satanás lançado no abismo (v 3)
1 William Hendricksen. Mais que Vencedores. Editora Cultura Cristã, São Paulo, 2001. P. 248
2G. K. Beale, The book of Revelation: a commentary on the Greek text (New International
Greek Testament Commentary; Grand Rapids, MI; Carlisle, Cumbria: W.B. Eerdmans;
Paternoster Press, 1999), 992.
6
O capítulo 22 encerra então esse bloco com palavras acerca da árvore da vida, da
volta de Cristo e traz algumas advertências aos leitores.
texto de Mateus 12.29, onde Cristo num contexto de expulsão de demônios fala que
essa obra indicadora da vinda do Reino só se dá porque o valente foi amarrado.
A conexão com Ezequiel 38-39 é importante visto que essa profecia sobre
Gogue e Magogue parece se cumprir nas palavras de João nesse capítulo. A
analogia entre essas cidades, sua ação de ataque à Israel é posta em paralelo com
a ação de Satanás e seus aliados nos dias da tribulação.
9
2. ESTUDO TEXTUAL
v. 1
3Kurt Aland et al., Novum Testamentum Graece (28th Edition.; Stuttgart: Deutsche
Bibelgesellschaft, 2012), Ap 20.1.
10
singular, masculino
v. 2
v. 3
singular, masculino
v. 4
plural, masculino
singular, neutro
masculino
v. 5
v. 6
singular, masculino
v. 7
singular, masculino
v. 8
plural, masculino
v. 9
v. 1 Então vi um anjo que descia do céu; tinha na mão a chave do abismo e uma
grande corrente.
22
v. 3 ;lançou-o no abismo e fechou-o, pôs um selo sobre ele para que não induzisse
mais as nações até que fossem terminados os mil anos. Depois disso é necessário
que ele seja solto um curto tempo.
v. 4 Então vi tronos e sentaram-se aqueles aos quais foi dada autoridade de julgar, e
as almas dos eu foram decapitados por conta do testemunho de Jesus, por causa da
Palavra de Deus e que não adoraram à besta, nem mesmo a sua imagem, e não
receberam a marca na testa e na mão; viveram e reinaram com Cristo os mil anos.
v. 5 os restantes dos mortos não ressuscitaram até que fosse chegado o fim dos mil
anos. Esta é a primeira ressureição.
v. 7 E quando forem completados os mil anos, Satanás será desatado de sua prisão
v. 8 e sairá para seduzir as nações nos quatro cantos da terra, Gogue e Magogue,
para ajuntar para a guerra. O número deles é como a areia do mar.
v. 10 O diabo, o sedutor deles, foi jogado no lago de fogo e enxofre onde a besta e o
falso profeta também serão atormentados de dia e de noite pelos séculos dos
séculos.
Versículo 1
ARA Então, vi descer do céu um anjo; tinha na mão a chave do abismo e uma
grande corrente
ARC E vi descer do céu um anjo, que tinha a chave do abismo, e uma grande
cadeia na sua mão.
NVI Vi descer do céu um anjo que trazia na mão a chave do abismo e uma
grande corrente.
Minha Versão Então vi um anjo que descia do céu; tinha na mão a chave do abismo e
uma grande corrente.
23
Versículo 1
Comentário Diferenças somente na ARC, que opta por cadeia ao invés de corrente,
sem grandes consequências.
Versículo 2
Minha Versão ele prendeu o dragão, a antiga serpente o qual é o acusador, Satanás, e o
prendeu por mil anos
Versículo 3
ARA lançou-o no abismo, fechou-o e pôs selo sobre ele, para que não mais
enganasse as nações até se completarem os mil anos. Depois disto, é
necessário que ele seja solto pouco tempo.
ARC E lançou-o no abismo, e ali o encerrou, e pôs selo sobre ele, para que
não mais engane as nações, até que os mil anos se acabem. E depois
importa que seja solto por um pouco de tempo.
NVI lançou-o no abismo, fechou-o e pôs um selo sobre ele, para assim
impedi-lo de enganar as nações até que terminassem os mil anos. Depois
disso, é necessário que ele seja solto por um pouco de tempo.
Minha Versão ;lançou-o no abismo e fechou-o, pôs um selo sobre ele para que não
induzisse mais as nações até que fossem terminados os mil anos. Depois
disso é necessário que ele seja solto um curto tempo.
Versículo 4
ARA Vi também tronos, e nestes sentaram-se aqueles aos quais foi dada
autoridade de julgar. Vi ainda as almas dos decapitados por causa do
testemunho de Jesus, bem como por causa da palavra de Deus, tantos
quantos não adoraram a besta, nem tampouco a sua imagem, e não
receberam a marca na fronte e na mão; e viveram e reinaram com Cristo
durante mil anos.
Versículo 4
Minha Versão Então vi tronos e sentaram-se aqueles aos quais foi dada autoridade de
julgar, e as almas dos eu foram decapitados por conta do testemunho de
Jesus, por causa da Palavra de Deus e que não adoraram à besta, nem
mesmo a sua imagem, e não receberam a marca na testa e na mão;
viveram e reinaram com Cristo os mil anos.
Versículo 5
ARA Os restantes dos mortos não reviveram até que se completassem os mil
anos. Esta é a primeira ressurreição.
ARC Mas os outros mortos não reviveram, até que os mil anos se acabaram.
Esta é a primeira ressurreição.
NVI ( O restante dos mortos não voltou a viver até se completarem os mil
anos. ) Esta é a primeira ressurreição.
Minha Versão os restantes dos mortos não ressuscitaram até que fosse chegado o fim
dos mil anos. Esta é a primeira ressureição.
Versículo 6
Minha Versão Bem aventurado e santo é o que tem parte na primeira ressurreição;
sobre esses a segunda morte não tem autoridade mas serão sacerdotes
de Deus e de Cristo e reinarão com ele mil anos.
Versículo 7
ARA Quando, porém, se completarem os mil anos, Satanás será solto da sua
prisão
NVI Quando terminarem os mil anos, Satanás será solto da sua prisão
Minha Versão E quando forem completados os mil anos, Satanás será desatado de sua
prisão
Comentário Usei desatado por remeter a ideia anterior de prender com cadeias.
Versículo 8
ARA e sairá a seduzir as nações que há nos quatro cantos da terra, Gogue e
Magoguec, a fim de reuni-las para a peleja. O número dessas é como a
areia do mar.
ARC E sairá a enganar as nações que estão sobre os quatro cantos da terra,
Gogue e Magogue, cujo número é como a areia do mar, para as ajuntar
em batalha.
NVI e sairá para enganar as nações que estão nos quatro cantos da terra,
Gogue e Magogue, a fim de reuni-las para a batalha. Seu número é como
a areia do mar.
Minha Versão e sairá para seduzir as nações nos quatro cantos da terra, Gogue e
Magogue, para as ajuntar para a guerra. O número deles é como a areia
do mar.
Versículo 9
Comentário Diferenças entre superfície da terra e largura da terra, mas que no fim não
alteram o sentido do versículo.
26
Versículo 10
ARA O diabo, o sedutor deles, foi lançado para dentro do lago de fogo e
enxofre, onde já se encontram não só a besta como também o falso
profeta; e serão atormentados de dia e de noite, pelos séculos dos
séculos.
ARC E o diabo, que os enganava, foi lançado no lago de fogo e enxofre, onde
está a besta e o falso profeta; e de dia e de noite serão atormentados
para todo o sempre.
NVI O diabo, que as enganava, foi lançado no lago de fogo que arde com
enxofre, onde já haviam sido lançados a besta e o falso profeta. Eles
serão atormentados dia e noite, para todo o sempre.
Minha Versão O diabo, o sedutor deles, foi jogado no lago de fogo e enxofre onde a
besta e o falso profeta também serão atormentados de dia e de noite
pelos séculos dos séculos.
2.3. Comentário
v. 1 - Καὶ εἶδον* ⸆ ἄγγελον καταβαίνοντα ⸋ἐκ τοῦ οὐρανοῦ⸌ ἔχοντα τὴν κλεῖν τῆς ἀβύσσου καὶ ἅλυσιν
µεγάλην ⸂ἐπὶ τὴν χεῖρα⸃ αὐτοῦ / Então vi um anjo que descia do céu; tinha na mão a chave do abismo
e uma grande corrente.
Iniciamos o tratamento do texto com a expressão Καὶ εἶδον, a qual pode ser
encontrada em muitos outros lugares em Apocalipse (5.1; 19.11, 17, 19) de forma
que precisamos definir qual é o papel dessa estrutura aqui no capítulo 20. Antes de
nos determos nisso apontamos o fato de que εἶδον, um Aoristo Indicativo Ativo tem
a função de nos lembrar do aspecto de observar o evento de fora, por completo sem
se preocupar com detalhes processuais do evento4. Isso contrastaria com o presente
e o imperfeito que focam no processo linear. Sendo assim, notamos que a visão de
João dos eventos descritos no capítulo 20 tem para ele o aspecto de um grande
quadro pintado representando todos os aspectos descritos, e não vários momentos
sucessivos construindo cenas atrás de cenas. Isso também reforça a ideia de que
essa visão tem um elemento fechado, sem necessariamente haver conexão com o
capítulo anterior de maneira cronológica. Há de se notar contudo, que o Aoristo
4Daniel B. Wallace, Gramática Grega: Uma Sintaxe Exegética do Novo Testamento (org.
Edvaldo Cardoso Matos e Marcos Paulo Soares; trad. Roque Nascimento Albuquerque;
Primeira edição em português.; São Paulo, SP: Editora Batista Regular, 2009), 555.
28
desse verbo não permite uma compreensão tão completa dos fatos como um
Perfeito, só o que sabemos é que João teve uma visão, como uma foto, um quadro e
isso ele retrata no capítulo 20.
Naturalmente o que nos vem à mente é também qual o papel de Καὶ dentro
desse primeiro versículo. Já é famosa a compreensão dispensacionalista de que
essa expressão (Καὶ εἶδον) exige uma postura cronológica para a leitura do texto
do cap. 20. Segundo esta visão, todas as vezes que essa expressão aparece ela
constrói esse sentido de um evento após o outro. Lidando então com essa questão,
algumas coisas precisam ser pontuadas. Primeiramente a expressão que João usa –
eu vi – não precisa ser vista como uma sucessão cronológica5. Ela refere-se a uma
das muitas imagens que ele recebeu e registrou. É natural perceber que do capítulo
19 para 20 existe uma lacuna de temas muito grande, e que não faz sentido algum
conectar esses registros como sendo cronológicos simplesmente por conta de uma
conjunção que nem permite tal abuso. Em segundo lugar, a conjunção Καὶ,
naturalmente encontrada diversas vezes no livro de Apocalipse permite tanto a ideia
de continuidade da visão quanto somente ligar blocos6 sem nenhuma conexão mais
profunda entre si. O que se faz necessário aqui é definir isso a partir do contexto. É
notável que no livro de quando a expressão “e vi/então vi” vem sucedida de um anjo
(“e vi um anjo que descia do céu”), geralmente uma nova estrutura está sendo
montada, como também podemos encontrar em 7.1 e 18.1 7. Sendo assim há total
possibilidade de que o capítulo 20 esteja de fato recapitulando outras passagens
dentro da estrutura do paralelismo progressivo, já explicado no contexto, e que
sustentar sucessão cronológica somente a partir de uma conjunção é extrapolar os
limites gramaticais.
O texto continua com ἄγγελον καταβαίνοντα ⸋ἐκ τοῦ οὐρανοῦ (um anjo que
descia do céu, onde καταβαίνοντα é um Particípio Presente imediatamente
conectado com o verbo principal εἶδον. Como o verbo principal também é um
5 Simon Kistemaker, Apocalipse (trad. Jonathan Hack, Markus Hediger, e Mary Lane; 2a
edição.; Comentário do Novo Testamento; São Paulo, SP: Editora Cultura Cristã, 2014),
694.
6G. K. Beale, The book of Revelation: a commentary on the Greek text (New International
Greek Testament Commentary; Grand Rapids, MI; Carlisle, Cumbria: W.B. Eerdmans;
Paternoster Press, 1999), 975.
7 Idem
29
Aoristo, o verbo auxiliar tem o caráter simultâneo de ação8. Sendo assim, a visão do
anjo é imediata no relato de João. Fica difícil distinguir no tempo o momento em que
o anjo foi visto por conta desse teor de simultaneidade. A estrutura a seguir ἔχοντα
τὴν κλεῖν τῆς ἀβύσσου καὶ ἅλυσιν µεγάλην ⸂ἐπὶ τὴν χεῖρα⸃ αὐτοῦ também contém
um Particípio presente em ἔχοντα (segurar) que aponta para o mesmo caráter de
simultaneidade do verbo principal “ver”. Sendo assim duas informações nos são
asseguradas desse primeiro momento de visão de João, a primeira delas é que o
anjo descia do céu, e a segunda é de que este anjo tinha em sua mão tanto as
chaves do abismo, quanto uma grande corrente. Há alguns paralelos no livro de
anjos descendo, como em 10.1 e 18.1. E interessantemente a ideia de uma estrela,
anunciada por um anjo com chaves do abismo já ser vista em 9.19. É natural que
entendamos que um ser espiritual não possa ser preso por correntes, contudo a
ideia do versículo é apontar a autoridade do anjo para conter Satanás e restringir
seu poder10 , autoridade essa concedida pelo próprio Deus.
v. 2 - καὶ ἐκράτησεν τὸν δράκοντα,* ⸂ὁ ὄφις ὁ ἀρχαῖος⸃,* ⸀ὅς ἐστιν ⸆ Διάβολος καὶ °ὁ Σατανᾶς⸇,* καὶ
ἔδησεν αὐτὸν χίλια ἔτη / ele prendeu o dragão, a antiga serpente o qual é o acusador, Satanás, e o
prendeu por mil anos
11.3) 11. O termo grego Διάβολος vem da preposição dia (por meio de) e do verbo
ballein (lançar), e significa “lançar fora, dividir, causar desarmonia, acusar, fazer
acusações, difamar, denunciar, rejeitar, representar mal, enganar”. Essa é uma
descrição exata das atividades do diabo. O nome Satanás também presente no
versículo é na verdade um sinônimo para diabo, que também significa adversário12.
Lembremos que no texto em questão o termo Διάβολος funciona como adjetivo
para dragão e serpente antiga, ambas são o próprio adversário13 . O verbo ἐστιν, um
Presente Indicativo Ativo, indica que a serpente antiga, o dragão não só foi como
tem sido e está sendo o nosso adversário em todo tempo. O versículo termina
dizendo que o anjo, possuidor das chaves e da corrente prende a Satanás por mil
anos, expressão essa que será mais abordada nos versos que seguem. O verbo
para prender (ἔδησεν), um Aoristo Indicativo Ativo, mais uma vez aponta para a
completude da visão, de maneira pontual e resumida14, sem focar no processo e nos
resultados disso.
V. 3 - καὶ ἔβαλεν αὐτὸν εἰς* τὴν ἄβυσσον καὶ ⸀ἔκλεισεν καὶ ἐσφράγισεν ἐπάνω αὐτοῦ,* ἵνα µὴ
⸁πλανήσῃ °ἔτι τὰ ἔθνη ἄχρι τελεσθῇ °1τὰ χίλια ἔτη.* ⸆ µετὰ ταῦτα δεῖ ⸉λυθῆναι αὐτὸν⸊ µικρὸν χρόνον. /
lançou-o no abismo e fechou-o, pôs um selo sobre ele para que não induzisse mais as nações até
que fossem terminados os mil anos. Depois disso é necessário que ele seja solto um curto tempo.
11Simon Kistemaker, Apocalipse (trad. Jonathan Hack, Markus Hediger, e Mary Lane; 2a
edição.; Comentário do Novo Testamento; São Paulo, SP: Editora Cultura Cristã, 2014),
471.
12 Idem
13WilliamCarey Taylor, Dicionário do Novo Testamento Grego (Rio de Janeiro, RJ: JUERP,
2011), 54.
14DanielB. Wallace, Gramática Grega: Uma Sintaxe Exegética do Novo Testamento (org.
Edvaldo Cardoso Matos e Marcos Paulo Soares; trad. Roque Nascimento Albuquerque;
Primeira edição em português.; São Paulo, SP: Editora Batista Regular, 2009), 557.
31
selado e que esse selo faça com que ele perca a capacidade até então disponível de
enganar as nações. Em Mateus 12.26-29 encontramos nas palavras de Jesus
apontando para a ideia de que seus sinais do Reino são evidentes porque o valente
foi amarrado. 2 Pedro 2.4 também aponta para esse aspecto de prisão no abismo
daqueles que se voltaram contra Deus. O pensamento continua com ἄχρι τελεσθῇ
°1τὰ χίλια ἔτη (até que fossem terminados os mil anos), onde nítidamente esse
período do milênio corresponde ao tempo em que Satanás terá seu poder sendo
restringido. τελεσθῇ tem tradução por “fossem terminados” por conta do caráter
passivo do aoristo.
O verso termina com µετὰ ταῦτα δεῖ ⸉λυθῆναι αὐτὸν⸊ µικρὸν χρόνον
(Depois disso é necessário que ele seja solto um curto tempo). O verbo para “ser
solto” é traduzido desta maneira por conta do teor Passivo do verbo λυθῆναι,
reforçando a ideia de que não está nas mãos de Satanás a sua prisão, antes ela é
deliberada por alguém de infinita autoridade, o próprio Senhor. Esse pequeno
espaço de tempo onde haverá a soltura do diabo é compreendido pela tradição
amilenista como sendo o tempo de tribulação, muito claro em Mateus 24, onde a
15G.K. Beale, The book of Revelation: a commentary on the Greek text (New International
Greek Testament Commentary; Grand Rapids, MI; Carlisle, Cumbria: W.B. Eerdmans;
Paternoster Press, 1999), 986.
32
igreja está inclusa, conforme o verso 22 do mesmo capítulo, onde fica claro que o
tempo é curto e será abreviado por conta dos eleitos, não fazendo sentido assim não
o ser se a igreja não estivesse inclusa nesse tempo de tribulação. O “curto tempo”
diz respeito em tamanho se comparado aos mil anos descritos anteriormente. Perto
do tempo todo que corresponderá o milênio, esse tempo de tribulação, soltura de
Satanás será pequeno.
v. 4 - Καὶ εἶδον θρόνους καὶ ἐκάθισαν ἐπʼ* αὐτοὺς καὶ κρίµα ἐδόθη αὐτοῖς, καὶ ⸆ τὰς ψυχὰς τῶν
πεπελεκισµένων διὰ τὴν µαρτυρίαν Ἰησοῦ καὶ διὰ τὸν λόγον τοῦ θεοῦ καὶ οἵτινες* οὐ προσεκύνησαν τὸ
θηρίον ⸀οὐδὲ τὴν εἰκόνα αὐτοῦ καὶ οὐκ ἔλαβον τὸ χάραγµα ἐπὶ τὸ µέτωπον ⸇* καὶ ἐπὶ τὴν χεῖρα αὐτῶν.*
καὶ ἔζησαν καὶ ἐβασίλευσαν µετὰ °τοῦ Χριστοῦ ⸆1 χίλια ἔτη / Então vi tronos e sentaram-se aqueles aos
quais foi dada autoridade de julgar, e as almas dos eu foram decapitados por conta do testemunho de
Jesus, por causa da Palavra de Deus e que não adoraram à besta, nem mesmo a sua imagem, e não
receberam a marca na testa e na mão; viveram e reinaram com Cristo os mil anos.
16Simon Kistemaker, Apocalipse (trad. Jonathan Hack, Markus Hediger, e Mary Lane; 2a
edição.; Comentário do Novo Testamento; São Paulo, SP: Editora Cultura Cristã, 2014),
699.
33
O verso continua com καὶ ⸆ τὰς ψυχὰς τῶν πεπελεκισµένων διὰ τὴν
µαρτυρίαν Ἰησοῦ καὶ διὰ τὸν λόγον τοῦ θεοῦ καὶ οἵτινες* οὐ προσεκύνησαν τὸ
θηρίον ⸀οὐδὲ τὴν εἰκόνα αὐτοῦ καὶ οὐκ ἔλαβον τὸ χάραγµα ἐπὶ τὸ µέτωπον ⸇*
καὶ ἐπὶ τὴν χεῖρα αὐτῶν. Nesse sentido encontramos aqui novos aspectos da visão
de João. Agora a cena recebe a visão das almas (ψυχὰς) dos decapitados
(πεπελεκισµένων). Temos aqui um Particípio Perfeito Passivo que se torna
predicativo17 do sujeito por conta do artigo τῶν e apontando a origem assim as
almas da visão de João. As almas vistas correspondem aos decapitados que não se
dobraram à besta. O caráter perfeito do verbo aponta para a ideia de completude
com efeitos no presente18. Isso é claro no versículo porque a postura dos irmãos que
não se curvaram à bestsa os leva a esse futuro estado de glória. Ao que se segue,
quatro motivos são apresentados para definir as razões pelas quais estes homens
foram “decapitados”. Por conta do testemunho de Jesus, da Palavra de Deus, por
não adorarem à besta e à sua imagem e por não receberam uma marca de
identificação na testa e na mão. Essas almas decapitadas provavelmente apontem
para os que morreram nas mãos dos romanos19, que tinham essa prática de matar
seus condenados com um machado decapitando-lhes a cabeça. O paralelo de 6.9 é
significativo: “Eu vi debaixo do altar as almas daqueles que haviam sido mortos por
causa da palavra de Deus e do testemunho que deram”. Ao longo do Apocalipse,
João emprega as expressões Palavra de Deus e testemunho de Jesus (1.2, 9; 12.11,
17; 19.10; 20.4). São apenas os mártires decapitados que estão em vista nessa
passagem? Para Kistemaker isso é certo, visto que João Batista foi decapitado por
ensinar e pregar a revelação de Deus, e também Tiago, filho de Zebedeu (Mt 14.3–
12; At 12.2). Segundo a tradição, Paulo foi decapitado fora dos muros de Roma, mas
Pedro foi crucificado de cabeça para baixo e Tiago, irmão de Jesus, foi jogado do
templo. Sem dúvida, eles estão incluídos aqui. O apóstolo João viveu até o fim do
século 1° (98 d.C.) e morreu de morte natural. No entanto, por ter fielmente
proclamado o evangelho de Cristo e ensinado as Escrituras, ele foi exilado em
17Daniel B. Wallace, Gramática Grega: Uma Sintaxe Exegética do Novo Testamento (org.
Edvaldo Cardoso Matos e Marcos Paulo Soares; trad. Roque Nascimento Albuquerque;
Primeira edição em português.; São Paulo, SP: Editora Batista Regular, 2009), 618.
18 Idem. p. 573
19David E. Aune, Revelation 17–22 (vol. 52C; Word Biblical Commentary; Dallas: Word,
Incorporated, 1998), 1087.
34
O versículo termina com καὶ ἔζησαν καὶ ἐβασίλευσαν µετὰ °τοῦ Χριστοῦ ⸆1
χίλια ἔτη. Estes mesmo homens viveram (ἔζησαν) e reinaram (ἐβασίλευσαν) com
Cristo dentro desse milênio. Ambos verbos como sendo também aoristos indicativos
ativos, construindo o quadro total da visão de João de maneira pontual e não
temporal. ἔζησαν – esse é o aoristo incoativo (enfatizando o início de uma ação),
“eles vieram à vida” (compare com Lc 15.32). Em contraste, o tempo aoristo em
ἐβασίλευσα (eles reinaram) é constativo (vendo a ação como um todo)22. Sendo
assim o que o verso 4 aponta é o fato de que durante esse reino milenar, todos os
que morreram em Cristo e não se dobraram aos encantos da besta reinam com Ele
nos céus.
Precisamos agora entender quanto tempo dura esse milênio para que não
incorramos no erro dispensacionalista que aponta a literalidade de 1000 anos como
sendo a resposta. Antes de mais nada retomamos à mente do leitor a ideia de
paralelismo progressivo no livro de Apocalipse, sendo que esta última seção (cap.
20-22) corresponde à uma porção mais avançada e detalhada dos fatos e de como
20Simon Kistemaker, Apocalipse (trad. Jonathan Hack, Markus Hediger, e Mary Lane; 2a
edição.; Comentário do Novo Testamento; São Paulo, SP: Editora Cultura Cristã, 2014),
700.
21 Grant R. Osborne. Apocalipse: comentário exegético. São Paulo: Vida Nova, 2014. P. 791
22 Idem. P. 704
35
eles se sucederão23 . Sendo assim fica impossível admitir que esse período milenar
seja algo posterior a outros eventos escatológicos, pois narra nada mais nada
menos do que o início da instauração do Reino de Deus com a vinda de Cristo, sua
morte e sua ressureição. Quanto a este aspecto Hoekema nos auxilia também
lembrando que o livro em questão é cheio de simbolismos e de números simbólicos.
Uma vez que o número dez significa totalidade, e uma vez que mil é dez elevado à
terceira potência, podemos considerar a expressão “mil anos” como indicando um
período completo, um período muito longo de duração interminada24. Ainda nesse
sentido Kistemaker25 nos ajuda quando aponta que em primeiro lugar não há
paralelos desse termo milênio em nenhum outro lugar na Escritura, lembra também
que no sermão escatológico de Cristo não há menção nenhuma sobre um reino de
mil anos literais bem como em nenhum escrito apostolar. Em terceiro lugar a
interpretação literal num livro de simbolismos é no mínimo um obstáculo grande e
em último lugar mil é dez para o terceiro poder e indica totalidade. Está, portanto,
mais de acordo com o estilo do Apocalipse interpretar o termo metaforicamente.
v. 5 - οἱ λοιποὶ τῶν νεκρῶν οὐκ ἔζησαν ἄχρι τελεσθῇ τὰ χίλια ἔτη.⸌ Αὕτη ἡ ἀνάστασις ἡ πρώτη. / os
restantes dos mortos não ressuscitaram até que fosse chegado o fim dos mil anos. Esta é a primeira
ressureição.
23 Anthony Hoekema, A Bíblia e o Futuro. Editora Cultura Cristã, 1ª edição, 1989. P. 256
24 Idem. P. 257
25Simon Kistemaker, Apocalipse (trad. Jonathan Hack, Markus Hediger, e Mary Lane; 2a
edição.; Comentário do Novo Testamento; São Paulo, SP: Editora Cultura Cristã, 2014),
695.
36
v. 6 - µακάριος καὶ ἅγιος ὁ ἔχων µέρος ἐν τῇ ἀναστάσει τῇ πρώτῃ·* ἐπὶ τούτων ὁ ⸂δεύτερος θάνατος⸃
οὐκ ἔχει ἐξουσίαν, ἀλλʼ ἔσονται ἱερεῖς τοῦ θεοῦ καὶ τοῦ Χριστοῦ καὶ βασιλεύσουσιν ⸄µετʼ αὐτοῦ⸅ °[τὰ]
χίλια ἔτη. / Bem aventurado e santo é o que tem parte na primeira ressurreição; sobre esses a
segunda morte não tem autoridade mas serão sacerdotes de Deus e de Cristo e reinarão com ele mil
anos.
Três coisas29 são ditas na sequencia sobre este abençoados que participam
da primeira ressureição. Primeiramente que a segunda morte não tem autoridade
sobre ele, conforme já expusemos. A segunda é de que ἔσονται ἱερεῖς τοῦ θεοῦ καὶ
26 Idem. P. 702.
27Leon Morris, Revelation: an introduction and commentary (vol. 20; Tyndale New
Testament Commentaries; Downers Grove, IL: InterVarsity Press, 1987), 226.
28DanielB. Wallace, Gramática Grega: Uma Sintaxe Exegética do Novo Testamento (org.
Edvaldo Cardoso Matos e Marcos Paulo Soares; trad. Roque Nascimento Albuquerque;
Primeira edição em português.; São Paulo, SP: Editora Batista Regular, 2009), 620.
29Grant R. Osborne. Apocalipse: comentário exegético. São Paulo: Vida Nova, 2014. P. 793
37
τοῦ Χριστοῦ (eles serão sacerdotes de Deus e de Cristo). Com o verbo serão no
futuro, indicando um período vindouro onde esse sacerdócio será exercido. Ecoa o
texto de Êxodo 19.6, passando com Apocalipse 1.6 e 5.10. E em terceiro lugar,
encontramos o aspecto de reinado (βασιλεύσουσιν ⸄µετʼ αὐτοῦ⸅ °[τὰ] χίλια ἔτη /
reinarão com ele os mil anos), sendo βασιλεύσουσιν também um verbo no futuro,
apontando para esse período milenar bem como para a eternidade. Os santos tem e
terão esse serviço de servir e reinar com Cristo.
v. 7 - Καὶ ⸂ὅταν τελεσθῇ⸃ τὰ χίλια ἔτη,* λυθήσεται ὁ σατανᾶς ἐκ τῆς φυλακῆς αὐτοῦ / E quando forem
completados os mil anos, Satanás será desatado de sua prisão
O bloco que se inicia no verso 7 trata agora desse breve tempo em que
Satanás será solto. O verbo τελεσθῇ no Aoristo, com a ideia pontual de que em
algum momento dentro desse quadro que está sendo descrito por João, Satanás
será liberto (λυθήσεται), verbo no futuro passivo, apontando pro fato de que
obviamente ser liberto não está nas mãos do diabo, mas de quem o prende30. Isso
significa que ele pode reunir as suas forças para dispersar a falsidade ao redor do
mundo, desviar as massas da humanidade e travar guerra contra o povo de Deus31.
v. 8 - καὶ ἐξελεύσεται πλανῆσαι ⸆ τὰ ἔθνη °τὰ ἐν ταῖς τέσσαρσιν γωνίαις ⸋τῆς γῆς,* τὸν⸌ Γὼγ καὶ ⸇
Μαγώγ,* ⸆1 συναγαγεῖν αὐτοὺς εἰς °1τὸν πόλεµον, ὧν ὁ ἀριθµὸς °2αὐτῶν ὡς ἡ ἄµµος τῆς θαλάσσης. /
e sairá para seduzir as nações nos quatro cantos da terra, Gogue e Magogue, para ajuntar para a
guerra. O número deles é como a areia do mar.
30David E. Aune, Revelation 17–22 (vol. 52C; Word Biblical Commentary; Dallas: Word,
Incorporated, 1998), 1093.
31Simon Kistemaker, Apocalipse (trad. Jonathan Hack, Markus Hediger, e Mary Lane; 2a
edição.; Comentário do Novo Testamento; São Paulo, SP: Editora Cultura Cristã, 2014),
705.
32 Daniel B. Wallace, Gramática Grega: Uma Sintaxe Exegética do Novo Testamento (org.
Edvaldo Cardoso Matos e Marcos Paulo Soares; trad. Roque Nascimento Albuquerque;
Primeira edição em português.; São Paulo, SP: Editora Batista Regular, 2009), 414.
38
seu maravilhoso poder. Todo o mundo não cristão, de leste a oeste e norte a sul,
está sob o seu comando33.
v. 9 - καὶ ἀνέβησαν ἐπὶ τὸ πλάτος τῆς γῆς καὶ ⸀ἐκύκλευσαν τὴν παρεµβολὴν τῶν ἁγίων ⸆ καὶ τὴν πόλιν
τὴν ἠγαπηµένην,* καὶ κατέβη πῦρ ⸂ἐκ τοῦ οὐρανοῦ⸃ καὶ κατέφαγεν αὐτούς. / E marcharam pela
extensão da terra e cercaram o acampamento dos santos e a cidade amada e desceram fogo do céu
e os consumiu.
33Simon Kistemaker, Apocalipse (trad. Jonathan Hack, Markus Hediger, e Mary Lane; 2a
edição.; Comentário do Novo Testamento; São Paulo, SP: Editora Cultura Cristã, 2014),
705.
34 OSBORNE, p. 795
35 OSBORNE, p. 796
36 MORRIS, p. 227
37 BEALE, p. 1023
39
nessa escrita de Apocalipse 20, com ênfases que já foram delineadas em versos
anteriores. Essa mesma batalha não é nova no livro, já havia sido falado dela em
16.12–16; 17.14–18; e 19.11–2138. Observe que o mesmo verbo é utilizado para
descrever a ação das bestas que sobem para “guerrear” (11.7) e para as bestas que
“sobem” (13.1,11; 17.8 39).
O verso termina com καὶ κατέβη πῦρ ⸂ἐκ τοῦ οὐρανοῦ⸃ καὶ κατέφαγεν
αὐτούς, onde kai nitidamente expressa a ideia de ser uma conjunção adversativa
por conta do contexto. É natural entender assim, visto que desse povo que se
levanta nas orações anteriores, agora é dito que virá sobre eles um fogo do céu que
os consumirá, portanto a conjunção assume papel adversativo, pois a frase em
questão barra o avanço desses exércitos. Mais uma vez a opção de João por usar
dois aforistas indicativos ativos em κατέβη (desceram) e κατέφαγεν (consumiram).
Está mais do que claro o interesse do autor em construir todo esse quadro completo
de sua visão para o leitor, sem se importar necessariamente com a precisão do
tempo, mas sim do todo. É natural perceber que não há guerra aqui. Deus desfere
esse fogo sobre os ímpios e seus exércitos sem dificuldade alguma. Provavelmente
esteja ainda dentro do paralelo com Gogue e Magogue apontando para Ez 38.22;
39.6.
38 KISTEMAKER, p. 706
39 OSBORNE, p. 798
40 MORRIS, 227
41Alan F. Johnson. Revelation. Organizado por Frank E. Gaebelein. Vol. 12. The expositor’s
Bible commentary. Grand Rapids: Zondervan, 1981.
40
v. 10 - καὶ ὁ διάβολος ὁ πλανῶν αὐτοὺς ἐβλήθη εἰς τὴν λίµνην τοῦ πυρὸς ⸀καὶ θείου
ὅπου °καὶ τὸ θηρίον καὶ ὁ ψευδοπροφήτης,* καὶ βασανισθήσονται ἡµέρας καὶ νυκτὸς
εἰς τοὺς αἰῶνας τῶν αἰώνων. / O diabo, o sedutor deles, foi jogado no lago de fogo e
enxofre onde a besta e o falso profeta também serão atormentados de dia e de noite
pelos séculos dos séculos.
42 KISTEMAKER, p. 707
43 BEALE, p. 1029
41
Em suma, a mensagem perene do texto é que Cristo instaura uma nova era,
onde Satanás é aprisionado e limitado. Se morrermos em Cristo durante essa era
temos nossas almas ressuscitadas e reinamos para julgar com Jesus. Os ímpios
passam pela segunda morte enquanto somos livrados dela. Satanás será solto por
pouco tempo, mas para sua ruína, de forma que não há o que temer.
Inferno e Lago de Fogo e Enxofre: O texto de Apocalipse aponta pro fato de que o
inferno seria o lugar de prisão de Satanás onde ele ficaria contido durante o tempo
do milênio. Mas coloca o lago de fogo e enxofre como sendo o lugar onde então ele
e seus aliados seriam enviados para serem torturados eternamente. Há uma
severidade inquestionável acerca desse retrato do juízo46. Essa ideia fica clara em
20.10, sendo que este lago seria a segunda morte.
- Vigia: Devemos estar prontos para o que virá. Não sabemos quando o período de
soltura de Satanás se dará, mas com certeza será marcado por apostasia.
Precisamos estar prontos e alertas para lutar nesses tempos difíceis.
44 Louis Berkhof. Teologia Sistemática. Editora Cultura Cristã, São Paulo, 2001. p. 658
45 Leandro Antonio de Lima. Razão da Esperança. Editora Cultura Cristã, São Paulo, 2006.
P. 593
46 D. Guthrie. Teologia do Novo Testamento. Editora Cultura Cristã, São Paulo, 2011. P. 896
43
3. SERMÃO
Doutrina: Milênio, Soberania de Deus, Fim dos Tempos, Dia do Senhor, Período
Intermediário.
Necessidade: Esse sermão se faz importante para elucidar aqueles que ainda não
compreenderam as razões pelas quais devem confiar nos planos soberanos de
Deus e triunfar a vitória de Cristo no passado, no presente e no futuro.
Nos três primeiros versos é estabelecida a ideia de que um anjo, enviado por
Deus traz consigo as chaves do abismo e uma grande corrente em suas mãos e tem
por responsabilidade aprisionar e conter o poder de Satanás, o dragão, a antiga
serpente, de forma que agora ele não poderá mais enganar as nações. Essa nova
realidade é instaurada na vida, morte e ressureição de Cristo. Esse tempo de prisão
durará todo o período entre a primeira vinda e a segunda vinda, com exceção de um
pequeno espaço de tempo que antecede essa segunda vinda, marcado pela soltura
de Satanás.
morte eterna, de forma que não ressuscitarão fisicamente até que Cristo retorne
uma segunda vez.
A última porção nos lembra que será necessário no futuro um tempo curto
onde Satanás será solto e reunirá os iludidos pelas nações para construir o seu
exército que militará contra os santos de Deus. Esse período corresponde à grande
tribulação descrita em Mateus 24 e Marcos 13. Contudo esse levante do Diabo
culminará em sua total destruição, sendo que junto à besta e ao anticristo, se unirá
no lago de fogo e enxofre, onde será atormentado eternamente.
CONCLUSÃO E APLICAÇÃO
1. Devemos louvar a Deus, pois Sua obra eterna e por seus desígnios soberanos. A
força de Satanás já foi limitada por conta de Cristo, portanto, devemos viver de
maneira que revele nossa esperança no poder de Jesus.
2. A confiança de que nada nesse mundo pode se comparar com a graça futura
que nos é esperada na eternidade, nos céus com Cristo. Reinaremos com ele e
o serviremos para todo o sempre.
3. Ainda que tenhamos que passar pela tribulação, esse sofrimento será curto e
alicerçado nos planos perfeitos de Deus. Podemos confiar que nossa luta será
compensada na eternidade.
46
4. CONCLUSÃO
Esperamos que nesse trabalho você leitor possa ter compreendido o fator de
que o texto de Apocalipse 19 não é imediatamente o evento cronológico precedente
ao capítulo 20. Também que esse último inicia um novo bloco de revisão do
conteúdo já exposto por seis vezes no livro de Apocalipse. Lembramos também o
fato de que o milênio deve ser entendido de maneira figurada, como sendo um
grande espaço de tempo, que perdura desde a primeira vinda, até pouco tempo
antes da segunda vinda. Nesse período Satanás é limitado, sendo que nesse
pequeno espaço de tempo pré segunda vinda, ele será solto e enganará as nações,
unindo-as contra o povo do Senhor. Isso se encerrará com o lançar destas forças
malignas para o lago de fogo e enxofre, enquanto os santos, reinam com o Senhor
para todo o sempre.
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BIBLIOGRAFIA
William Hendricksen. Mais que Vencedores. Editora Cultura Cristã, São Paulo, 2001.
Simon Kistemaker, Apocalipse (trad. Jonathan Hack, Markus Hediger, e Mary Lane;
2a edição.; Comentário do Novo Testamento; São Paulo, SP: Editora Cultura Cristã,
2014)
Leon Morris, Revelation: an introduction and commentary (vol. 20; Tyndale New
Testament Commentaries; Downers Grove, IL: InterVarsity Press, 1987)
William Carey Taylor, Dicionário do Novo Testamento Grego (Rio de Janeiro, RJ:
JUERP, 2011)
David E. Aune, Revelation 17–22 (vol. 52C; Word Biblical Commentary; Dallas:
Word, Incorporated, 1998)
Grant R. Osborne. Apocalipse: comentário exegético. São Paulo: Vida Nova, 2014.
Alan F. Johnson. Revelation. Organizado por Frank E. Gaebelein. Vol. 12. The
expositor’s Bible commentary. Grand Rapids: Zondervan, 1981.
Louis Berkhof. Teologia Sistemática. Editora Cultura Cristã, São Paulo, 2001.
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Leandro Antonio de Lima. Razão da Esperança. Editora Cultura Cristã, São Paulo,
2006.
D. Guthrie. Teologia do Novo Testamento. Editora Cultura Cristã, São Paulo, 2011.
Kurt Aland et al., Novum Testamentum Graece (28th Edition.; Stuttgart: Deutsche
Bibelgesellschaft, 2012), Ap 20.1.10