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07/02/2019 As normas técnicas obrigatórias para a mineração – Revista AdNormas

INÍCIO › NORMALIZAÇÃO › AS NORMAS TÉCNI CAS OBRIGATÓRIAS P AR A A MI NER AÇ ÃO

As normas técnicas obrigatórias para a


mineração
POR REDAÇÃO em 05/02/2019 •

Pode-se dizer que a mineração abrange todos os processos e atividades industriais


que têm por finalidade a extração de substâncias minerais do solo, a partir da
perfuração ou contato com áreas de depósitos ou massas minerais. A atividade se
relaciona com todos os fenômenos sociais e estão ligadas com todas as questões de
crescimento e desenvolvimento do país, entretanto, muito se debate e muitas são as
críticas sobre esse tipo de atividade, já que seus impactos ambientais foram sempre
problemáticos, bem como a exploração indiscriminada que culmina na queda do
potencial de produção e acesso a alguns tipos de materiais, que tem seu
desenvolvimento bastante lento e controlado. Para evitar tragédias e destruições do
meio ambiente, seria importante que o setor, por princípio, cumprisse obrigatoriamente
as normas técnicas.

Hayrton Rodrigues do Prado Filho –

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A montanha pulverizada

Carlos Drummond de Andrade

Chego à sacada e vejo a minha serra,

a serra de meu pai e meu avô,

de todos os Andrades que passaram

e passarão, a serra que não passa.

Era coisa dos índios e a tomamos

para enfeitar e presidir a vida


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neste vale soturno onde a riqueza

maior é sua vista e contemplá-la

De longe nos revela o perfil grave.

A cada volta de caminho aponta

uma forma de ser, em ferro, eterna,

e sopra eternidade na fluência.

Esta manhã acordo e

não a encontro.

Britada em bilhões de lascas

deslizando em correia transportadora

entupindo 150 vagões

no trem-monstro de 5 locomotivas

— o trem maior do mundo, tomem nota —

foge minha serra, vai

deixando no meu corpo e na paisagem

mísero pó de ferro, e este não passa.

Segundo o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), o Brasil possui 9.415 minas em


regime de concessão de lavra, de acordo com as informações mais atuais. Essa
indústria gera um PIB de 4,2% (inclui petróleo e gás) e responde por 16,8% do PIB
Industrial. O país produz mais de 2 bilhões de toneladas de minérios ao ano, o que
movimenta US$ 34 bilhões (2018). Para o período 2018-2022 a expectativa das
mineradoras é atrair US$ 19,5 bilhões em investimentos privados. Acontece que os
impactos ambientais desse segmento são tão fortes que grande parte dos
investimentos deveria se voltar para a recuperação ambiental. Mas, isso nem sempre é
cumprido.

Os efeitos ambientais negativos da extração mineral (mineração e lavra garimpeira)


estão associados às diversas fases de exploração dos bens minerais, desde a lavra até
o transporte e beneficiamento do minério, podendo estender-se após o fechamento da
mina ou o encerramento das atividades. A mineração altera de forma substancial o
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meio físico, provocando desmatamentos, erosão, contaminação dos corpos hídricos,


aumento da dispersão de metais pesados, alterações da paisagem, do solo, além de
comprometer a fauna e a flora. Afeta, também, o modo de viver e a qualidade de vida
das populações estabelecidas na área minerada e em seu entorno.

Para diminuir esses problemas, as mineradoras devem obedecer obrigatoriamente às


normas técnicas. Se não vai solucionar os impactos, pode pelo menos suavizar os
aspectos negativos da mineração sobre a vida das populações para que eles não
prevaleçam somente durante o tempo de vida útil de uma mina. A NBR 12649 de
09/1992 – Caracterização de cargas poluidoras na mineração fixa as diretrizes
exigíveis para a caracterização do potencial poluidor e modificador, das atividades da
mineração, nas suas diferentes etapas, a partir da análise dos parâmetros de qualidade
da água, para orientar no controle e na possível instalação da explotação mineral.

A NBR 13028 (ABNT/NB 1464) de 09/2006 – Mineração – Elaboração e


apresentação de projeto de barragens para disposição de rejeitos, contenção de
sedimentos e reservação de água especifica os requisitos mínimos para a
elaboração e apresentação de projeto de barragens de mineração, incluindo as
barragens para disposição de rejeitos de beneficiamento, contenção de sedimentos
gerados por erosão e reservação de água em mineração, visando atender às
condições de segurança, operacionalidade, economicidade e desativação, minimizando
os impactos ao meio ambiente. Esta norma não pretende abordar todos os aspectos
das legislações federal, estadual e municipal, associados a seu uso. É de
responsabilidade do usuário, em caso de eventuais conflitos de procedimentos
normativos, estabelecer as práticas apropriadas para cada caso, em conformidade com
as legislações vigentes e com a boa prática da engenharia.

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O termo barragem é utilizado pelos operadores de mina para se referir à completa


instalação para disposição de rejeitos. A barragem é considerada como sendo a
estrutura principal de contenção que envolve o sistema de disposição de rejeitos. No
interior da estrutura de disposição de rejeitos pode haver também estruturas internas
de retenção de sólidos e fluidos.

O termo dique também é usado por alguns operadores de mina, considerado como
pequenas barragens, e muito utilizado para contenção de sedimentos de pilha de
estéril e/ou área de operação. As barragens de rejeito podem ser construídas com terra
(solo), enrocamento ou mesmo construídas com o próprio rejeito.

Em alguns casos, os rejeitos podem ser ciclonados para que se adequem às


características geotécnicas requeridas, para serem utilizados como material de
construção, e em outros não é utilizada a ciclonagem de rejeitos, porém a segregação
hidráulica melhora as características geotécnicas dos rejeitos por meio da separação
de partículas formada ao longo do fluxo de disposição.

Nesses tipos de barragens, as características dos rejeitos, em especial granulometria,


resistência ao cisalhamento e permeabilidade são essenciais ao sucesso do projeto.
Os métodos de alteamento podem ou não utilizar os rejeitos para sua construção. No
método de alteamento a jusante, o material de construção é disposto a jusante do
maciço inicial da barragem.

No método de alteamento de linha de centro, os materiais de construção são dispostos


parte a jusante e parte a montante do dique inicial e, finalmente, no método de
alteamento a montante, o material de construção é disposto a montante de um dique
inicial.

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O método de alteamento a montante envolve uma atenção especial nas fases de


projeto, construção, operação e desativação, e sua escolha deve ser pautada por um
maior nível de detalhamento na engenharia dos rejeitos, sejam eles utilizados como
fundação ou como material de construção, bem como nos elementos de drenagem
interna e análise para solicitações de carregamento não drenado. Para este método, o
manual de operação deve ser incluído no projeto e deve ser detalhado para evitar erros
de operação.

O método de empilhamento drenado destaca-se como um detalhamento na engenharia


dos rejeitos, quanto às características granulométricas e permeabilidade adequadas e
controladas durante toda a sua vida útil, para que a livre drenagem ocorra, permitindo
que a estrutura esteja em condições não saturadas.

Os tipos de barragens de mineração são os seguintes: barragens para disposição


rejeitos, sedimentos e/ou lamas (incluindo diques de fechamento/sela ou estruturas de
retenção para rejeitos espessados); barragens para contenção de sedimentos gerados
por erosão hidráulica; barragens para acumulação de líquidos contaminados;
barragens para coleta de percolado e barragens de polimento; barragens para
fechamento de cavas exauridas em cavas de mineração; barragens para acumulação
de água industrial para o beneficiamento do minério.

A ficha técnica da barragem deve informar as características físicas que definem a


barragem projetada e a bacia de drenagem, incluindo tipo de barragem, altura final,
elevações de base e de crista, comprimento e largura da crista, ângulo de talude geral,
largura de bermas, ângulos de taludes entre bermas, altura dos taludes entre bermas,
volumes do maciço e reservatório, vertedouros, vida útil operacional, área ocupada

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pelo reservatório, área de desmatamento, critérios de projeto aplicáveis e informações


sobre o projetista.

Para as barragens de rejeitos devem ser descritas as técnicas de disposição avaliadas,


de forma comparativa, justificando a escolha feita para o projeto. Em barragens de
rejeito do tipo construídas com o próprio rejeito, enfoque especial deve ser dado às
características físicas e propriedades geotécnicas e de sedimentação dos rejeitos,
como granulometria, resistência ao cisalhamento e permeabilidade.

É obrigatório que estes parâmetros sejam completamente investigados e entendidos,


mediante a execução de ensaios de laboratório e eventualmente in situ, na fase de
projeto, implantação e operação, devendo ser revisados durante a vida operacional da
barragem. A correta seleção do método de disposição permite que o projeto da
barragem de rejeitos seja seguro, econômico e atenda às funções requeridas durante
toda a sua vida útil, incluindo também o fechamento.

É importante destacar que o método de disposição selecionado pode influenciar alguns


aspectos relacionados ao balanço e gerenciamento hídrico do projeto. Para a
caracterização química dos rejeitos, descrever e analisar tecnicamente os resultados
dos ensaios de caracterização química dos rejeitos a serem dispostos ou utilizados
como material de construção das barragens.

Os rejeitos devem ser amostrados, caracterizados e classificados conforme as NBR


10004 de 05/2004 – Resíduos sólidos – Classificação que classifica os resíduos
sólidos quanto aos seus potenciais ao meio ambiente e à saúde pública, para que
possam ser gerenciados adequadamente.; NBR 10005 de 05/2004 – Procedimento
para obtenção de extrato lixiviado de resíduos sólido que fixa os requisitos
exigíveis para a obtenção de extrato lixiviado de resíduos sólidos, visando diferenciar
os resíduos classificados pela NBR 10004 como classe I – perigosos – e classe II –
não-perigosos; NBR 10006 de 05/2004 – Procedimento para obtenção de extrato
solubilizado de resíduos sólidos que fixa os requisitos exigíveis para obtenção de
extrato solubilizado de resíduos sólidos, visando diferenciar os resíduos classificados
na NBR 10004 como classe II A – não-inertes – e classe II B – inertes; e NBR 10007
de 05/2004 – Amostragem de resíduos sólidos que fixa os requisitos exigíveis para
amostragem de resíduos sólidos.

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Recomenda-se ainda que seja avaliado o potencial de geração de drenagem ácida ou


radioativa. Cabe destacar que a caracterização química dos rejeitos também é
elemento condicionante na seleção do método de disposição, podendo influenciar na
alternativa selecionada. Na ausência de legislação específica, as barragens que
armazenam rejeitos classificados como perigosos podem demandar a implementação
de revestimento de características impermeabilizantes.

Já os rejeitos classificados como Classe II A (não perigosos e não inertes) ou com


potencial para geração de drenagem ácida ou de radionuclídeos, podem demandar
uma avaliação hidrogeológica e hidrogeoquímica integrada ao projeto da barragem,
incluindo caracterização e definição dos valores de referência prévios à implantação do
empreendimento, visando verificar as vulnerabilidades do aquífero e definir a
necessidade e o tipo de revestimento e/ou o controle a ser aplicado ao projeto.

Já os rejeitos inertes não são considerados contaminantes e, deste modo, não


possuem potencial para afetar de forma negativa o meio ambiente nem a saúde
humana, não demandando assim qualquer tipo de revestimento. O projeto da barragem
pode ser desenvolvido em níveis conceitual, básico e executivo.

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O nível conceitual é uma etapa do projeto em que a barragem é concebida como


estrutura para disposição de rejeitos e outras funções subsidiárias, ainda não
contemplando os dimensionamentos da barragem. Nesta etapa são apresentados o
estudo de alternativas locacionais e tecnológicas, os critérios de projeto, as premissas
e restrições, a curva cota-volume e também o tipo de barragem selecionada.
Normalmente são preparados no projeto conceitual os desenhos-chave preliminares do
projeto, como a base topográfica, planta de situação, seção-tipo e eventuais detalhes
que permitem estabelecer o conceito definido para o projeto.

O nível básico é a etapa subsequente ao projeto conceitual. Nessa etapa são validadas
as premissas e hipóteses assumidas no projeto conceitual. Os resultados das
investigações geológico-geotécnicas e levantamentos topográficos são utilizados para
os dimensionamentos básicos da barragem.

Os dimensionamentos geotécnicos e hidráulicos, os planos de manejo de disposição


de rejeito, captação de água, os desenhos e especificações de projeto são preparados
em nível de detalhe e precisão que permitam que as obras sejam contratadas, em
condições contratualmente seguras e claras quanto às quantidades de serviços e
características de qualidade.

O nível executivo é a etapa final da engenharia em que são feitos os


dimensionamentos finais relacionados às estruturas auxiliares, como dimensionamento
e cálculo estrutural e desenhos de detalhe de vertedouros, galerias, drenagens
superficiais e acessos. Nesta etapa também é detalhado o plano de implantação do
projeto e documentos complementares para a implantação e futura operação da
barragem.

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O projeto executivo necessita ter nível de detalhe para a execução da obra e, portanto,
deve definir toda a geometria e as características de qualidade dos materiais de
construção utilizados. As eventuais necessidades de alterações do projeto executivo da
obra devem ser relatadas no documento de como construído as built.

O projeto executivo deve abordar os aspectos operacionais que interferem no projeto


por intermédio de um manual de operações detalhado. As análises de estabilidade
devem envolver, para cada etapa, isoladamente e em conjunto, o maciço de partida e a
sua fundação, os maciços de alteamento (montante, linha de centro ou jusante), sua
fundação e o rejeito disposto.

Para tanto, as superfícies potenciais em análise devem considerar possibilidades de


ruptura local e global. Os valores mínimos de fator de segurança a serem determinados
pelas análises determinísticas de estabilidade devem considerar as condições de
carregamento, drenado ou não drenado, de cada um dos materiais envolvidos.

Para condições não drenadas de carregamento, as análises de estabilidade podem ser


executadas em tensões totais, com a utilização de parâmetros de resistência não
drenada ou em tensões efetivas, com a utilização de parâmetros efetivos de resistência
e poropressões estimadas. Para condições drenadas de carregamento, as análises de
estabilidade devem ser efetuadas em tensões efetivas, com a utilização de parâmetros
efetivos de resistência ao cisalhamento e poropressões estimadas por rede de
percolação.

Os parâmetros de resistência de pico ou residual podem ser utilizados para as


diferentes situações encontradas, devidamente justificados em projeto. Os fatores de

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segurança mínimos, conforme tabela abaixo, devem ser obtidos, independentemente


do tipo de análise e das condições de carregamento.

A erosão interna pode ocorrer quando as forças de percolação forem elevadas o


suficiente para mover as partículas de solo, gerando um processo de erosão regressiva
(piping). A barragem deve ser projetada e dimensionada para que não haja erosão
interna tanto no maciço quanto na fundação. Deve ser verificada com base nos
materiais a serem empregados na construção da barragem, nos gradientes hidráulicos
e na condição da fundação e das ombreiras.

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A liquefação pode ser entendida como o comportamento na ruptura de materiais


granulares e/ou finos com baixa coesão, fofos, saturados e com tendência à contração,
que sob solicitações ou carregamentos não drenados, gera acréscimo de poropressão
e consequente redução da tensão efetiva, caracterizando uma queda substancial na
resistência ao cisalhamento não drenado.

Deve-se observar que os rejeitos de mineração se constituem geralmente de materiais


granulares (areias) e/ou finos não plásticos (siltes). Esses rejeitos, quando dispostos
hidraulicamente de forma inadequada em barragens alteadas para montante, tendem a
formar camadas com baixas densidades que, em condição saturada, apresentam
suscetibilidade ao fenômeno fluxo por liquefação imposta por solicitações não
drenadas.

O termo liquefação define, em termos gerais, um fenômeno gerado pelos acréscimos


rápidos de poropressões em materiais granulares e/ou finos com baixa coesão, fofos e
saturados, não passíveis de dissipação imediata, que implicam em súbita redução na
tensão efetiva, caracterizando uma queda substancial na resistência ao cisalhamento.
Assim, nas barragens com potencial de liquefação, deve-se avaliar a segurança
utilizando envoltórias de resistências não drenadas, que apresentem comportamento
contrátil, por meio de ensaios de laboratórios e/ou ensaios de campo, quando
disponíveis.

A NBR 13029 (ABNT/NB 1465) de 07/2017 – Mineração – Elaboração e


apresentação de projeto de disposição de estéril em pilha especifica os requisitos
mínimos para a elaboração e apresentação de projeto de pilha para disposição de
estéril gerado por lavra de mina a céu aberto ou de mina subterrânea, visando atender
às condições de segurança, operacionalidade, economia e desativação, minimizando

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os impactos ao meio ambiente. Não pretende abordar todos os aspectos das


legislações federal, estadual e local, associados a seu uso. É de responsabilidade do
usuário desta norma, em caso de eventuais conflitos de procedimentos normativos,
estabelecer as práticas apropriadas para cada caso, em conformidade com as
legislações vigentes e com a boa prática da engenharia.

É importante conhecer algumas definições sobre o assunto. O estéril de mina é todo e


qualquer material não aproveitável economicamente, cuja remoção se torna necessária
para a lavra do minério; o rejeito é todo e qualquer material descartado durante o
processo de beneficiamento de minérios; e a disposição de estéril em pilha é a
formação de pilhas com o estéril de forma planejada, projetada e controlada.

A ficha técnica da pilha deve informar as características físicas que definem a pilha de
estéril projetada, incluindo altura final, elevações de base e de crista, ângulo de talude
geral, altura das bancadas, largura de berma, ângulos de taludes entre bermas,
capacidade volumétrica, vida útil operacional, área ocupada e área de supressão
vegetal.

Os estudos locacionais devem descrever as opções locacionais estudadas, de forma


comparativa, justificando a escolha feita para o projeto executivo. Para a
caracterização química do estéril, deve-se descrever e analisar tecnicamente os
resultados dos ensaios de caracterização química dos estéreis a serem dispostos. Os
materiais devem ser amostrados, caracterizados e classificados segundo as NBR
10004, NBR 10005, NBR 10006 e NBR 10007. Recomenda-se ainda que seja avaliado
o potencial de geração de drenagem ácida e lixiviação neutra.

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Cabe destacar que a caracterização química do estéril também é elemento


condicionante para o projeto de tratamento de fundação. Na ausência de legislação
específica, as pilhas que armazenam estéreis classificados como perigosos demandam
a implementação de revestimento de características impermeabilizante.

Já os estéreis classificados como classe 2A (não perigosos e não inertes) demandam


avaliações hidrogeológica e hidrogeoquímica integradas ao projeto da pilha (incluindo
caracterização e definição dos valores de referência prévios à implantação do
empreendimento), visando verificar as vulnerabilidades do aquífero e definir a
necessidade e o tipo de revestimento e/ou controle a ser aplicado ao projeto.

Já os estéreis inertes, não são considerados contaminantes e, deste modo, não


possuem potencial para afetar de forma negativa o meio ambiente nem a saúde
humana, não demandando assim qualquer tipo de revestimento. As fundações devem
apresentar os principais resultados das investigações e ensaios de campo e de
laboratório realizados para se conhecerem as características geotécnicas dos materiais
constituintes e das condições hidrogeológicas das fundações da pilha e para elaborar o
projeto de tratamento das fundações e as análises estruturais da pilha, como
estabilidade, adensamento e percolação.

Quanto ao estéril, deve-se descrever os materiais formadores da pilha e suas


características geotécnicas, como procedência geológica, granulometrias, grau de
alteração e de consistência, visando avaliar e estimar densidades dos materiais e
determinar os parâmetros de resistência ao cisalhamento que devem ser utilizados nos
cálculos de estabilidade do projeto. No projeto geométrico devem ser indicados todos
os elementos geométricos do arranjo geral da pilha de estéril, informando os dados de
locação necessários para sua implantação.

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O projeto deve considerar os seguintes critérios: os taludes entre bermas devem ser
conformados para inclinações que garantam os fatores de segurança recomendados;
as bermas devem ter largura suficiente para atender às considerações de drenagem e
garantir o acesso dos equipamentos de manutenção com segurança; para a seção
considerada crítica, o ângulo geral da pilha deve ser tal que atenda aos fatores de
segurança. Apresentar os critérios de dimensionamento da drenagem interna, assim
como suas locações, geometria dos drenos e das transições, além das especificações
dos materiais a serem utilizados.

O dimensionamento do sistema de drenagem interna deve considerar as


características dos materiais de construção dos drenos, de fundação e dos materiais
estéreis que irão compor a pilha. A drenagem interna deve ser dimensionada em
função das vazões medidas ou calculadas na área de implantação da pilha. Essas
vazões devem ser tomadas como referência, sendo recomendável aplicar um fator de
segurança mínimo conforme tabela abaixo.

As análises de estabilidade devem ser realizadas nas seções críticas da pilha com
relação à altura, características de fundação e condições de percolação, bem como os
parâmetros de resistência obtidos com os estudos geológico-geotécnicos. Os seguintes
fatores de segurança devem ser considerados: ruptura do talude geral: superfície
freática normal: fator de segurança mínimo de 1,50; superfície freática crítica: fator de
segurança mínimo de 1,30; ruptura do talude entre bermas: face predominante de solo:
fator de segurança mínimo de 1,50; face predominante de rocha: fator de segurança
mínimo de 1,30.

Os seguintes documentos devem estar anexados ao relatório: relatório das


investigações geotécnicas de campo e de laboratório; todas as memórias de cálculo e
critérios de projeto utilizados; planilha de quantidades e serviços das obras civis;
especificações técnicas construtivas, incluindo os critérios de formação da pilha de
estéril e definição das etapas marco de sequenciamento; manual de operação da
estrutura, incluindo procedimentos de inspeção de campo e monitoramento (indicando
os elementos a serem monitorados, a frequência da inspeção de campo e das leituras
dos instrumentos e os critérios de análise dos dados obtidos) e atendimento a
eventuais situações de emergência.

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Em resumo, pode-se dizer que os rejeitos são materiais descartados provenientes das
plantas de beneficiamento de minério, sendo que as estruturas para sua disposição
são pensadas de modo a conter e depositar inúmeros tipos de resíduos. Por estéril
entende-se os materiais que não podem ser aproveitados, com pouco ou nenhum
mineral útil, e que são costumeiramente descartadas ainda nos processos de lavra. Por
não possuírem qualquer valor ou benefício mineral, esse descarte pode até mesmo ser
definitivo.

Todo e qualquer resíduo, seja rejeito ou estéril, deve ser disposto com planejamento. A
escolha do local, por exemplo, deve ser feita seguindo dados comprobatórios de que o
terreno é adequado e ideal para tal disposição. A disposição do material estéril e
rejeitos leva em conta análises geotécnicas e deve prever ações corrosivas a fim de
evitá-las.

Em geral, pilhas de rejeitos sólidos, lamas, resíduos e rejeitos da mineração artesanal


ou voltada à construção civil, entre outros podem ser dispostos de diferentes formas.
Cada uma delas, é claro, apresenta muitas vantagens e desvantagens entre si valendo
a pena uma análise mais profunda e segura para uma decisão satisfatória. O método
de montante é menos custoso, possui uma alta velocidade de alteamento, facilitando
assim a operação e podendo até mesmo ser construído em terrenos íngremes. Por
outro lado, e infelizmente, este também é o método com menor segurança.

Existem riscos associados a vibrações naturais ou causados por equipamentos e


máquinas que podem vir a trazer prejuízo para a disposição. Uma característica
marcante deste método que vale destacar ainda é a construção de diques ao redor do
local destinado a receber as sedimentações.

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O método de jusante possui dreno e dique e os rejeitos inseridos nele são ciclonados.
Sua principal vantagem é a eficiência que possibilita um controle mais certeiro sobre as
superfícies freáticas, além disso, é também uma operação bem simples.

Outro ponto favorável a este método é que ele possibilita a compactação da barragem
como um todo e tem uma maior segurança por seus controles mais pontuais. Entre as
suas desvantagens estão a necessidade de altos níveis de rejeitos ainda nas fases
iniciais de construção e é imprescindível a utilização de sistemas eficientes de
drenagem.

O método da linha de centro é considerado como o método de solução intermediária


para a disposição de rejeitos, até mesmo em termos de custos, mantém-se como um
meio termo às alternativas anteriormente citadas. Suas vantagens são claras e bem
objetivas, dentre elas destacam-se a facilidade na hora de construir o sistema, os eixos
de alteamento que são constantes e a redução do volume que é necessário na técnica
jusante. Dentre as desvantagens destaca-se o fato de que o método precisa de uma
drenagem eficiente junto a um eficaz método de contenção, é uma operação um pouco
mais completa e também exige bons investimentos.

A disposição subterrânea destina-se a rejeitos de cunho permeável, alta rigidez e


pouca compressibilidade, a disposição subterrânea é indicada para minérios que não
possuem potencial risco ao meio ambiente visto que estes, por sua vez, podem
prejudicar ao contaminar águas e solos, por exemplo. Esse tipo de rejeito pode até
mesmo ser injetado diretamente na cava da mina, a fim de ser reinserido ao processo.

Por fim, a disposição em pilhas controladas que retira a água dos rejeitos, sendo
possível alocá-los em pilhas destinadas a locais mais adequados. Neste modelo de
disposição, é essencial tomar o cuidado de separar toda a parte argilosa do material, a
fim de reduzir qualquer tipo de erro ou acidente. A maior vantagem deste método é
ambiental. Ao optar por esta técnica pouco se impacta diretamente na natureza.

A NBR 13030 (ABNT/NB 1466) de 06/1999 – Elaboração e apresentação de projeto


de reabilitação de áreas degradadas pela mineração fixa diretrizes para elaboração
e apresentação de projeto de reabilitação de áreas degradadas pelas atividades de
mineração, visando a obtenção de subsídios técnicos que possibilitem a manutenção
e/ou melhoria da qualidade ambiental, independente da fase de instalação do projeto.
Para tal, é necessário consultar os documentos relacionados no Anexo A.

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O projeto de reabilitação de área degradada necessariamente deve exibir algumas


características. Por exemplo, atender às exigências de qualidade ambiental da área
após reabilitada, fixando previamente a qualidade, compondo o cenário
comportamental da área reabilitada e, a seguir, concebendo e desenvolvendo soluções
para alcançar tal resultado. Incluir sempre justificação fundamentada das ações e
dispositivos integrantes do projeto. Utilizar amplamente as características constitutivas
e comportamentais do sistema ambiental local, em todos os aspectos de que
dependam a economicidade da reabilitação, sua eficácia quanto à estabilidade dos
resultados e o desempenho futuro da área reabilitada.

Caso haja a construção de pilhas de estéril e/ou barragens de contenção de rejeitos, a


orientação deve ser seguida de acordo com as NBR 13028 e NBR 13029, atendendo
inclusive a aptidão, o uso futuro da área e a conformação topográfica e paisagística da
área. Os itens para elaboração e apresentação de projeto de reabilitação de áreas
degradadas constantes no anexo A devem contemplar atividades de controle ambiental
nas fases de planejamento, implantação, lavra, suspensão temporária ou definitiva e
abandono do empreendimento.

Nos casos de empreendimentos em operação e sujeitos a licenciamento ambiental


corretivo, nas minas com atividades paralisadas ou reservas exauridas, o projeto de
reabilitação de áreas degradadas deverá ser elaborado em nível de projeto executivo
fundamentado no anexo A.

Além dessas normas técnicas, existem outras: a NBR 13744 de 11/1996 – Cianetos –
Processo de destruição em efluentes de mineração especifica características dos
processos de destruição de cianetos, visando fornecer subsídios à elaboração de
projetos de tratamento de efluentes de mineração, atendendo aos padrões legais

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vigentes, condições de saúde ocupacional e segurança, operacionalidade,


economicidade, abandono e minimização dos impactos ao meio ambiente. A NBR
14062 de 04/1998 – Arsênio – Processos de remoção em efluentes de mineração
específica as características dos processos de remoção de arsênio, visando fornecer
subsídios à elaboração de projetos de tratamento de efluentes de mineração
atendendo aos padrões legais vigentes, condições de saúde ocupacional, segurança,
operacionalidade, economicidade, abandono e minimização dos impactos ao meio
ambiente.

A NBR 14063 de 04/1998 – Óleos e graxas – Processos de tratamento em


efluentes de mineração caracteriza processos de remoção de óleos e graxas, de
origem mineral, visando fornecer subsídios à elaboração de projetos de tratamento de
efluentes de mineração, atendendo aos padrões legais vigentes (máximo de 20 mg/L),
às condições de saúde ocupacional e segurança, operacionalidade economicidade,
abandono e minimização dos impactos ao meio ambiente. A NBR 14247 de 12/1998 –
Sulfetos – Processos de tratamento em efluentes de mineração especifica as
características dos processos de remoção de sulfetos, visando fornecer subsídios à
elaboração de projetos de tratamento de efluentes de mineração, atendendo aos
padrões legais vigentes, condições de saúde ocupacional, segurança,
operacionalidade, economicidade, abandono e minimização dos impactos ao meio
ambiente.

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Por fim, a NBR 14343 de 06/1999 – Bário solúvel – Processo de remoção em


efluentes de mineração especifica as características de processo de remoção de
bário solúvel em efluentes, visando fornecer subsídios à elaboração de projetos de
tratamento de efluentes de mineração, atendendo aos padrões legais vigentes,
condições de saúde ocupacional, segurança, operacionalidade, economicidade,
abandono e minimização dos impactos ao meio ambiente.

Tragédias potenciais e, às vezes, anunciadas

Os riscos e os impactos
ambientais associados
às barragens de rejeitos
e depósitos de estéril
estão dentre os mais
significativos para a
mineração. Não há
muitas informações
públicas disponíveis
sobre como é feita a
gestão de barragens de
rejeito e depósitos de estéril.

Para o Ibram, as barragens de rejeitos nos anos 1990 ainda refletiam os resultados de
práticas de operação convencionais utilizadas em minerações instaladas desde as
décadas de 1960, 1970 e 1980, épocas estas cujos projetos, operações e técnicas de
controle não apresentavam premissas e requisitos de prevenção e controle ambientais
e de riscos de acidentes devido à inexistência e exigência destes requisitos. Tais fatos

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foram os responsáveis por acidentes de ruptura e extravasamento de barragens de


rejeitos ocorridos em empreendimentos de mineração no Brasil.

Apesar da incipiência de requisitos legais e normativos para projetos e operação no


que se referia à segurança de barragens nos anos de 1990, várias empresas
apresentavam iniciativas e algumas já praticavam ações preventivas e de controle para
estas estruturas em suas minas. Isso decorria da preocupação das empresas em como
gerenciar o crescente volume de rejeitos e estéril gerados nas usinas de
beneficiamento de minério e das frentes das cavas de lavra.

Estes elevados e crescentes volumes de rejeitos dispostos nas barragens de rejeitos,


sobretudo nas minerações de ferro, fosfato, carvão, cobre e ouro, eram estimados nos
anos de 1990, no qual a relação de rejeitos e produtos do beneficiamento é de uma
tonelada de minério.

Na geração de resíduos da mineração, destaca-se a existência dos resíduos sólidos de


extração (estéril) e do tratamento/beneficiamento (rejeitos). Estes resíduos, de modo
geral, podem ser pilhas de minérios pobres, estéreis, rochas, sedimentos, solos,
aparas e lamas das serrarias de mármore e granito, as polpas de decantação de
efluentes, as sobras da mineração artesanal de pedras preciosas e semipreciosas –
principalmente em região de garimpos – e finos e ultrafinos não aproveitados no
beneficiamento.

Os outros resíduos resultantes da operação das plantas de mineração são, em geral,


os efluentes das estações de tratamento, os pneus, as baterias utilizadas nos veículos
e maquinários, além de sucatas e resíduos de óleo em geral, cuja disposição se dá em

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locais e forma a eles adequados. A disposição de rejeitos em reservatórios criados por


diques de contenção ou barragens é o método mais comumente usado.

Estas barragens ou diques podem ser de solo natural ou ser construídos com os
próprios rejeitos, sendo classificados, neste caso, como barragens de contenção
alteadas com rejeitos e as de solo natural como barragens convencionais. Muitos
rejeitos são transportados para a área de disposição com um alto teor de água (10% a
25% de sólidos).

Na disposição dos rejeitos, além dos aspectos intrínsecos da construção e da


segurança, é necessário que o reservatório formado para conter o material seja
estanque para impedir a infiltração dos efluentes danosos à qualidade das águas como
soluções contendo cianetos, metais pesados ou com pH muito ácido. Nestes casos, a
investigação geológico-geotécnica é de grande importância, podendo ser necessária a
impermeabilização dos solos.

Outro
fator

complicado é que a operação de mineração está condicionada à disponibilidade dos


recursos naturais, principalmente a água. Os empreendimentos minerários destacam-
se pela sua significativa interação com os recursos hídricos superficiais e subterrâneos,
seja pelo seu uso nos processos produtivos, seja por estarem localizados nas regiões
de nascentes e recarga hídrica.

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A disponibilidade e a qualidade de água são cruciais para a mineração. O seu


gerenciamento envolve componentes multidisciplinares visto que precisa atender a
diferentes objetivos, sejam econômicos, ambientais ou sociais. A engenharia de
recursos hídricos busca adequar a disponibilidade e a necessidade de água em termos
de espaço, tempo, quantidade e qualidade.

A utilização da água não se limita ao processo de lavra, mas também se estende para
as atividades de beneficiamento e de transporte dos minérios, como também ao
encerramento da mina. O contexto hidrológico no qual se localizam os veios é
importante para determinar a eficiência e a viabilidade técnica e econômica de uma
lavra.

As empresas de mineração planejam, desde a fase de pesquisa até a de pós-


fechamento, com ferramentas apropriadas, desenhando e implantando as medidas
preventivas e corretivas mais adequadas. O quadro abaixo apresenta exemplos de
interação da água na mineração.

Volumes de bens minerais do Brasil

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No período 1990 a 1995 várias empresas de mineração começaram a realizar projetos


detalhados com critérios geotécnicos e adoção de procedimentos construtivos e
operacionais para os depósitos de estéril, com a finalidade de mudança no conceito
destas estruturas como áreas de bota fora sem controle e passíveis de acidentes e
geradoras de impactos ambientais para as áreas do entorno das minas.

O aumento dos dispositivos legais estabelecidos a partir de 2000 implicou mudança


das práticas de gestão de barragens e de depósitos de estéril, até então adotadas
pelas empresas de mineração, com a necessidade de atendimento aos requisitos e
exigências sobre os critérios de elaboração dos projetos, de operação da recuperação

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e fechamento destas estruturas, além de permitir aos órgãos fiscalizadores


mecanismos de controle, licenciamentos e autuações.

O plano nacional de resíduos sólidos detectou a relação entre a política nacional de


resíduos sólidos e a política nacional de segurança de barragens. Entretanto, a
implantação de planos de gerenciamento de resíduos sólidos e a realização de
inventários ainda dependem de articulação do setor e de sistêmica organização das
informações sobre geração e disposição ambientalmente adequada.

Por conta da natureza da atividade extrativista, os impactos ambientais da mineração


são significativos, e estão relacionados, por exemplo, a quantidade de resíduos gerada,
potenciais passivos por contaminação por uso de resíduos perigosos utilizados em
atividades de processamento de minérios, modificações de habitat natural de espécies,
barramento de rejeitos, efeitos da drenagem ácida de mina na qualidade da água e na
fauna, potencial de acidentes decorrentes de rompimento de barragens de rejeitos ou
pilhas de estéril, que podem ocorrer após o fechamento da mina, etc.

Os passivos e acidentes ambientais também têm capacidade de gerar efeitos


econômicos e sociais, como depreciação de ativos, danos à saúde de pessoas,
fatalidades, impactos econômicos em comunidades e localidades que ficam no entorno
das áreas afetadas, etc. Além destes efeitos, há riscos financeiros, legais e de
reputação decorrentes de eventos ou de passivos ambientais que podem interferir
perenemente no valor das empresas.

A melhoria na capacidade de identificar riscos e impactos para definir as adequadas


medidas de prevenção e mitigação e treinar a força de trabalho em todos os níveis no
tema são instrumentos cruciais para a gestão de riscos ambientais. Na mineração o
risco ambiental de maior relevância está associado à probabilidade de acidentes nas
barragens de rejeitos e suas consequências para os recursos hídricos e à segurança
da população vizinha.

Outros riscos das minerações referem-se àqueles associados às características


geotécnicas das cavas das minas e suas consequências na estabilidade de taludes e
riscos de escorregamentos e desmoronamentos; riscos estes que implicam na
segurança da operação da lavra e dos terrenos circunvizinhos a ela, podendo
desencadear acidentes ambientais e sociais significativos.

Os acidentes ambientais de maior relevância decorrentes das atividades de mineração


são evidentemente aqueles decorrentes de rompimento de barragens de rejeitos e,
portanto, estão associados à gestão de riscos destas barragens. Assim, a prevenção
destes acidentes ambientais está diretamente associada às ações de gestão para
avaliação e prevenção de riscos que por sua vez envolvem os projetos de engenharia
desde a sua concepção até os procedimentos operacionais das barragens.

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Competia ao Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), atual Agência


Nacional de Mineração (ANM), no âmbito de suas atribuições, fiscalizar a pesquisa e a
lavra para o aproveitamento mineral, bem como as estruturas decorrentes destas
atividades, nos títulos minerários, concedidos por ela e pelo Ministério de Minas e
Energia (MME). Todavia, a Lei Nº 12.334, de 20 de setembro de 2010 estabeleceu a
Política Nacional de Segurança de Barragens destinadas à acumulação de água para
quaisquer usos, à disposição final ou temporária de rejeitos e à acumulação de
resíduos industriais e criou o Sistema Nacional de Informações sobre Segurança de
Barragens, a empresa assumiu também a atribuição de fiscalizar a implementação dos
planos de segurança das barragens de mineração a serem elaborados pelos
empreendedores, conforme previsto na referida lei.

De acordo com a legislação, as barragens de mineração devem apresentar pelo menos


uma das seguintes características: altura do maciço, contada do ponto mais baixo da
fundação à crista, maior ou igual a 15 m; capacidade total do reservatório maior ou
igual a 3.000.000 m³; reservatório que contenha resíduos perigosos conforme normas
técnicas aplicáveis; categoria de dano potencial associado, médio ou alto, em termos
econômicos, sociais, ambientais ou de perda de vidas humanas, conforme definido no
art. 6°.

O DNPM classificou as barragens de mineração em cinco classes: A, B, C, D ou E.


Todas as informações utilizadas para esta classificação são de responsabilidade do
empreendedor, inclusive as coordenadas das barragens. Abaixo é possível ver a
distribuição espacial das barragens de mineração classificadas dentro da Política
Nacional de Segurança de Barragens e as que não estão inseridas nesta Política.

Clique na figura para uma melhor visualização

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Clique no link e conheça a Classificação das Barragens de Mineração inseridas na


PNSB – database 01/2019

Em resumo, pode-se afirmar que as barragens de rejeitos são estruturas que têm a
finalidade de reter os resíduos sólidos e água dos processos de beneficiamento de

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minério. O seu planejamento inicia com a procura do local para implantação, etapa na
qual se deve vincular todo tipo de variáveis que direta ou indiretamente influenciam a
obra: características geológicas, hidrológicas, topográficas, geotécnicas, ambientais,
sociais, avaliação de riscos, entre outras.

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Nos processos de beneficiamento, a quantidade gerada de rejeitos é muito alta, e a


disposição é feita, dependendo dos objetivos econômicos da mineradora, em
superfície, ou vinculada no processo de extração do minério de forma subterrânea ou a
céu aberto. Existem dois tipos de resíduos produzidos pelas atividades mineradoras, os
estéreis e os rejeitos.

Os estéreis são dispostos, geralmente, em pilhas e utilizados algumas vezes no próprio


sistema de extração do minério. Os rejeitos são resultantes do processo de
beneficiamento do minério, contem elevado grau de toxicidade, além de partículas
dissolvidas e em suspensão, metais pesados e reagentes.

Nas estruturas da construção de uma barragem de rejeitos é importante a escolha da


localização até o fechamento, que deve seguir as normas ambientais e os critérios
econômicos, geotécnicos, estruturais, sociais e de segurança e risco.

Os rejeitos são resíduos de mineração que resultam dos processos de beneficiamento


a que se submetem os minérios, visando a redução e regularização da granulometria
dos grãos, eliminação dos minerais associados e melhoria da qualidade do produto
final. Na sua composição apresentam partículas de rocha, água e as substâncias
químicas envolvidas no processo de beneficiamento.

Dependendo do tipo de minério e das operações de extração e beneficiamento


utilizadas, estes materiais exibem características mineralógicas, geotécnicas e físico-
químicas variáveis, podendo se apresentar como rejeitos granulares (com
granulometria de areias médias e finas), ou lamas (partículas com a granulometria de
siltes e argilas). Para obtenção do concentrado de ferro, o minério é submetido a

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etapas sucessivas de peneiramento, britagem, moagem, deslamagem e flotação em


colunas, a maioria delas envolvendo água.

Por isso, geralmente, os rejeitos de minério de ferro apresentam-se na forma de


polpas, constituídas por uma fração líquida e uma sólida com diferentes minerais em
suspensão e elementos químicos dissolvidos. Para cada tonelada de minério de ferro é
produzida em média 0,5 toneladas de rejeitos, sendo a razão gravimétrica entre o
produto final e os rejeitos produzidos de 2:1.

A maioria dos rejeitos de minério de ferro é considerada granular, com baixa


permeabilidade, boas condições de drenagem e resistência e baixo potencial poluidor,
cujo comportamento geotécnico é determinado por essas características e pela forma
de deposição. Os rejeitos produzidos pelo processo de beneficiamento podem ser
descartados de duas formas: líquida (polpas), sendo o seu transporte feito em
tubulações através de bombas ou por gravidade; ou sólida (pasta ou granel), com o
transporte feito por caminhões ou correias transportadoras.

A sua disposição pode ser feita: em superfície, em escavações subterrâneas e em


ambientes subaquáticos. A disposição subterrânea envolve o preenchimento de
galerias onde o minério já foi extraído e caso sejam seguidos os procedimentos de
segurança e ambientais necessários, este método pode-se mostrar bastante
econômico e com menos impacto ambiental.

A disposição subaquática não é muito utilizada devido ao seu elevado potencial


poluidor. Em compensação, a disposição em superfície é a mais aplicada, podendo o
material ser disposto em barragens ou diques; em pilhas de rejeito se o material estiver
na forma sólida; ou na própria mina, em áreas já lavradas ou minas abandonadas.

Os diques construídos em áreas planas ou pouco inclinadas, e as barragens


construídas em vales, para servirem de bacias de contenção de rejeitos são
normalmente chamados de barragens de rejeito. A construção de barragens de rejeitos
é o procedimento mais implementado pelas mineradoras.

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As características e o tipo de barragem dependem do tipo de rejeitos. Rejeitos na


forma de lamas, cuja granulometria se assemelha a das argilas, geralmente são
dispostos em barragens convencionais, semelhantes as barragens de contenção de
água, mas construídas com solo argiloso ou em enrocamento com núcleo argiloso,
onde se faz a deposição subaquática do material.

Para a deposição dos rejeitos granulares a construção mais favorável é a de barragens


por aterro hidráulico, sendo o próprio rejeito utilizado para a construção dos
alteamentos. Está técnica permite a construção de alteamentos sucessivos na
barragem, mas exige a aplicação de princípios geotécnicos durante o seu projeto e
construção, porque o comportamento da barragem pode ser afetado pela velocidade
do fluxo de rejeitos, concentração da lama, propriedades mecânicas dos rejeitos e das
características de deposição.

A construção das barragens de rejeito pode ser feita com material compactado trazido
de áreas de empréstimo ou com o próprio rejeito. O uso do próprio rejeito na
construção das barragens é o método mais difundido devido ao seu baixo custo,
disponibilidade do material e facilidade construtiva.

Quando as barragens são construídas com o próprio rejeito, comportam-se como


aterros que são estruturas construídas pelo transporte e deposição de solo em meio
aquoso. A maior desvantagem desta técnica é a formação de potenciais focos de
liquefação, provocada por vibrações no terreno devido ao desmonte com explosivos
próximo das barragens, alteamentos muito rápidos, etc., aumentando o risco de
ruptura.

Métodos construtivos de barragens

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Enfim, como não são elementos geradores de receitas para as mineradoras, o


tratamento, a disposição e o destino dos rejeitos não recebem a sua devida
importância, havendo por isso construções de barragens de rejeito sem projetos de
engenharia. A disposição de rejeitos pode causar diversos impactos ao ambiente,
como a poluição visual, causada pela alteração da paisagem natural, contaminação de
águas subterrâneas e superficiais, contaminação do ar, assoreamento de cursos de
água etc. Estes impactos podem se agravar em função do tipo de disposição que for
adotado e do não cumprimento dos requisitos básicos de segurança e controle
ambiental.

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Um novo rumo pode ter surgido em 2010, quando o projeto de disposição de rejeitos
de minério de ferro da Vallourec Mineração (VMN), Mina Pau Branco, localizada na
região de Brumadinho (MG), detectou a necessidade do primeiro alteamento a
montante da Barragem de Rejeito Cachoeirinha, uma equipe técnica interna iniciou
uma série de pesquisas buscando inovação através de novas tecnologias que
eliminassem os riscos de estabilidade associados ao método tradicional. Foi
identificada naquela ocasião a oportunidade de usar um equipamento chamado filtro
prensa para retirar a água do material e permitir um empilhamento do rejeito drenado.
Assim, essa solução foi implantada e a necessidade de disposição em barragem
eliminada, inaugurando então na Vallourec o conceito de barragem de rejeito zero.

O módulo de desaguamento por filtros prensa entrou em operação em novembro de


2015, ocorrendo o empilhamento drenado de rejeitos de minério de ferro, buscando
quebrar o paradigma da viabilidade técnico-financeira da filtragem de rejeitos de
minério de ferro comparada à utilização de barragens convencionais. O viés da
sustentabilidade da solução merece ainda mais destaque, pois a prática evita a
instalação de novas barragens e alteamento de barragens existentes.

Essa implantação beneficia diretamente a sociedade, o meio ambiente e a própria


empresa, pois garante a continuidade operacional e viabilidade do negócio, alicerçado
em um processo altamente sustentável. Uma vez que não utiliza mais barragem de
rejeito, a empresa irá investir na instalação de um novo módulo de filtragem com
capacidade de desaguamento de 150 toneladas por hora. O contrato de prestação de
serviço já foi assinado e o início das obras está previsto para ocorrer durante o ano de
2019.

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O empilhamento
do rejeito a seco
por meio do uso
do equipamento
filtro prensa
reaproveita a
água para os
diversos
processos de
uma mineradora.
Além de trazer
mais
estabilidade, é
uma forma de
obter resultados
consistentes e
eficientes, possibilitando ainda que as áreas tratadas recuperem sua fauna e flora
nativa.

Cada tipo de rejeito exige um tipo de lona de filtração específica para atender a
demanda em altos níveis de produtividade. Deve ser realizado ensaios no local com
equipamentos móveis. Depois disso, é indicada a melhor tecnologia para o
desaguamento de rejeito e concentrados como filtro prensa, lonas de filtração, filtro
hiperbárico, filtro esteira, filtro esteira à vácuo, espessadores e decanter tipo A.

Existem muitas perguntas

É preciso entender as causas e consequências deste desastre em Brumadinho


(MG). Existem muitas perguntas que podem ser feitas. No caso ambiental,
queremos saber os efeitos desta lama toda no meio ambiente

Jefferson Picanço

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Cheguei ontem em Campinas. Voltar de uma


missão deste tipo não é fácil. A gente volta num
grau de pressa acima da pressa do cotidiano, faz
as coisas com uma adrenalina que não usamos
para as coisas do dia a dia. Por isso, muitas vezes,
parecemos ora apáticos ora superativos. Esquecer
o que se viu não é tarefa simples nem rápida.

Vi muita coisa que me emocionou, como a


motivação – para nós heroica – dos bombeiros
nestas situações. Ao mesmo tempo que eles nos
contam com simplicidade as dificuldades de um
resgate difícil, eles contam isso com uma rudeza
que as vezes impressiona. Como um médico de
pronto socorro contando seu cotidiano, aliás.

Existem muitos voluntários na área. São entidades surgidas de onde menos se


espera. Alguns são clubes de motoqueiros, grupos de igrejas de diferentes
denominações, outras são associações mais especificas. Vêm das imediações e de
locais mais distantes. Eles são muito importantes e úteis nestas situações.

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Entretanto, o caráter espontâneo e à margem da organização faz com que eles


muitas vezes realizem ações que não surtam o efeito desejado. Vi às margens do
córrego do Feijão um grupo distribuindo marmitas aleatoriamente para as pessoas.
Alguns comeram, outros não, pois estavam trabalhando, e outros já tinham comido.
No final, acabou sobrando marmita, o que foi uma pena.

Outra coisa que observei foi o que chamamos de turismo de desastres. As pessoas
vêm de outros lugares, muitas vezes em vans e ônibus, simplesmente para ver o
córrego inundado pela lama dos rejeitos. A Polícia Militar tem que intervir nestes
casos, para evitar que alguém se machuque ou mesmo sofra um acidente nestes
locais.

Não dá para culpar estas pessoas. A curiosidade é o que nos trouxe à civilização.
E, por mais paradoxal que seja, as tragédias despertam em nós essa humanidade
e esse pertencimento. Ajudar faz bem até para a saúde, como já mostraram muitas
pesquisas cientificas.

Lá na região, agora, o trabalho continua. Os bombeiros devem seguir ainda muito


tempo na procura dos corpos. Os legistas devem seguir trabalhando em sua
identificação, cada vez mais difícil e dependente de técnicas mais sofisticadas.
Mas seguir com a busca é preciso.

Também é preciso entender as causas e consequências deste desastre. Existem


muitas perguntas que podem ser feitas. No caso ambiental, queremos saber os
efeitos desta lama toda no meio ambiente. Em 15 minutos, o rompimento da
barragem do Córrego do Feijão despejou mais sedimentos na calha do rio que os
diligentes trabalhos da natureza nos últimos 15.000 anos.

Qual sua toxicidade? Quais seus efeitos a curto e longo prazos para as pessoas e
o meio ambiente? Sabemos que o rejeito de minério de ferro é um minério menos
tóxico e reativo que um rejeito de ouro, por exemplo. Mas para entender de
verdade é necessário ciência.

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07/02/2019 As normas técnicas obrigatórias para a mineração – Revista AdNormas

Como poderemos voltar a ocupar as áreas? Que atividades poderão ser


desenvolvidas? Qual a capacitação das pessoas para estas atividades?

O rio Paraopeba está parcialmente barrado pelo material dos rejeitos. Este leque
aluvionar, como chamamos em geologia, está jogando particulados finos para o rio,
aumentando a turbidez das águas e prejudicando a vida aquática, assim como o
abastecimento de água a jusante. Neste caso, a pluma de finos estará contida num
trecho de pelo menos cinquenta a (tomara que não) cem quilômetros de distância.
Diferente de Mariana, o volume do rejeito aqui foi bem menor.

Mas o que fazer com este material? Como reduzir sua presença nas águas do
Paraopeba? Existem também as demandas sociais, talvez mais importantes que
estas de que falo.

É necessário que antropólogos, cientistas sociais, psicólogos, assistentes sociais e


muitos outros profissionais trabalhem com o luto desta população. E no
entendimento mais profundo das causas humanas deste desastre.

Tudo isso demanda ciência. Passado o momento dos bombeiros, tão importantes
neste momento de luto e dor, é hora de a ciência entrar de verdade. Ainda não
está certo, mas o Cenacid, juntamente com o Ibama, o ICMBio e outras entidades
de meio ambiente devem continuar realizando novas missões na área. Precisamos
responder todas estas perguntas.

Precisamos fazer com que esta tragédia seja superada pelo meio ambiente e pela
população afetada. E que novas tragédias deste tipo sejam evitadas e banidas de
nosso cotidiano, por si só já tão difícil. É para isso serve que a ciência de
qualidade feita nas universidades públicas brasileiras.

Jefferson Picanço é docente do Instituto de Geociências da Unicamp e integra


uma missão que busca estudar as causas do rompimento da barragem em
Brumadinho, fornecendo recomendações às autoridades que estão à frente das
operações. Ele é membro do Centro de Apoio Científico em Desastres (Cenacid),
da Universidade Federal do Paraná. Uma equipe do Centro irá estudar o caso, em
especial os mecanismos e consequências do fluxo da lama-rejeito.

O Livro Vermelho da Fauna

Publicação é o maior esforço já feito sobre o tema no mundo e foi coordenado pelo
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

Já está disponível para download os arquivos do Livro Vermelho da Fauna


Brasileira Ameaçada de Extinção. A publicação é resultado do maior esforço sobre
a temática já realizada no mundo. Ao todo, 1270 cientistas se reuniram sob a
coordenação do ICMBio para avaliação de 12.254 espécies, incluindo peixes e
invertebrados aquáticos. Na versão anterior, em 2003, 816 espécies foram

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07/02/2019 As normas técnicas obrigatórias para a mineração – Revista AdNormas

avaliadas. O material, dividido, em sete arquivos, pode ser acessado aqui.

O livro aponta um incremento em relação a quantidade de espécies ameaçadas:


1.173. Elas estão distribuídas em três categorias: Criticamente em perigo (CR), Em
Perigo (EN) e Vulnerável (VU), um incremento de 716 espécies. Entretanto, mesmo
com o aumento do escopo de espécies ameaçadas e consequentemente melhor
avaliação da conservação, 170 espécies deixaram de constar na lista de espécies
ameaçadas.

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Quem estiver interessado pode conferir com detalhes o status dessas espécies
estudadas ao longo desses anos, bem como uma abordagem sobre o conjunto de
circunstâncias que as colocam em risco, quais são e onde estão as principais
ameaças a fim de delinear as melhores estratégias de conservação.

Uma das espécies que simbolizaram a resiliência sapinho-admirável-de-barriga-


vermelha (Melanophryniscus admirabilis). Este pequenino anfíbio endêmico do Sul
da Mata Atlântica estava criticamente ameaçado de extinção. Em meados de 2014,
este animal quase foi declarado extinto pela degradação do seu restrito habitat, às
margens do rio Forqueta, no município de Arvorezinha (RS). Graças à construção
de um amplo entendimento, envolvendo pesquisadores, empreendedores e
autoridades ambientais, abdicou-se de uma pequena central hidrelétrica que
acabaria de vez com o habitat do sapinho, mostrando que a conservação não é
uma queda de braço entre ambientalistas e desenvolvimentistas.

Diminuição de impactos

Em complementariedade ao Livro Vermelho, também está disponível para


download o Plano de Redução de Impactos à Biodiversidade (PRIM). A publicação
aborda o desafio de compatibilização dos projetos de empreendimentos com a
conservação dos ambientes naturais e auxiliam na tomada de decisões
estratégicas, fornecendo insumos para chegar à viabilidade ambiental nas
decisões de ordenamento territorial e planejamento logístico.

O livro traz o PRIM como uma ferramenta de suporte à avaliação de impactos


ambientais e a hierarquia de mitigação de impactos (evita, mitigar ou compensar),
bem como cenários de conservação, as lacunas de conhecimento e planos de
redução de impactos que já se encontram em andamento.

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