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Disciplina: Direito Penal Geral

Professor: André Estefam


Aula: 03 | Data: 31/01/2018

ANOTAÇÃO DE AULA

SUMÁRIO

APLICAÇÃO DA LEI PENAL (Continuação)


2. Teoria da Lei Penal
2.1.2. Desdobramentos (subprincípios)
c) Taxatividade
2.1.3. Conteúdo Material do Princípio da Legalidade
a) Princípio da insignificância (bagatela)

APLICAÇÃO DA LEI PENAL (Continuação)

2. Teoria da Lei Penal

2.1.2. Desdobramentos (subprincípios)


c) Taxatividade
Trata-se da exigência de lei penal com conteúdo determinado. Uma lei penal clara, que se compreenda, que se
entenda seu alcance e não elaborada de forma obscura.
A ideia é de proibir tipos penais vagos ou penas indeterminadas. Tipo penal vago é aquele cuja descrição não
revela seu conteúdo. É escrito de maneira tão obscura que não permite aos destinatários da lei penal saberem
qual o comportamento incriminado.
Cuidado com algumas expressões que se assemelham: não há que se confundir tipo vago com crime vago, nem
com tipo aberto.
Crime vago é a denominação que a doutrina confere àqueles crimes cujo sujeito passivo é um ente sem
personalidade jurídica, como no tráfico de drogas, por exemplo, em que o sujeito passivo é a coletividade1. Os
crimes contra a família, são outro exemplo.
Enquanto o tipo vago é inconstitucional, o mesmo não ocorre com o tipo aberto, aquele que utiliza expressões
de amplo alcance, mas com conteúdo determinado.

1 Deve-se fazer duas perguntas: (i) Qual é o bem jurídico protegido (no exemplo dado é a saúde pública) e (ii) Quem é o titular (a coletividade).

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CARREIRAS JURÍDICAS
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Por exemplo: os tipos penais que descrevem a maioria dos crimes culposos são abertos. No homicídio culposo, o
tipo penal está descrito no art. 121, parágrafo 3º do Código Penal, o qual possui expressões que abarcam uma
gama enorme de comportamentos:

Homicídio simples
Art. 121. Matar alguém:
Pena - reclusão, de seis a vinte anos. (...)
Homicídio culposo
§ 3º Se o homicídio é culposo:
Pena - detenção, de um a três anos.

Homicídio culposo é o ato de matar alguém por negligência, imprudência ou imperícia. Mesmo com essa
abrangência provocada pelas três expressões, ainda assim há uma fronteira determinada, estipulada pelo
legislador, que pode ser delimitada mediante um mecanismo de interpretação.

Vimos que a taxatividade impede duas coisas: a construção de tipos vagos e penas indeterminadas. No segundo
ponto, seria vaga a pena aplicada, por exemplo, “segundo o arbítrio do julgador”. A lei precisa cominar a pena, e o
juiz, dentro da pena cominada, faz um processo de individualização.

Quando entrou em vigor a Lei nº 9.099/95, os operadores do Direito passaram a aplicá-la. À época, o CP era bem
tímido no tocante às penas restritivas de direito (PRDs). Pois bem, em uma transação penal, o MP propõe ao
autor do fato uma pena alternativa e os promotores de justiça, então, começaram a propor no JECRIM a entrega
de cestas básicas à comunidade, que não era prevista no CP. Começou uma crítica pertinente no sentido de que
não havia previsão em lei da pena alternativa de entrega de cestas básicas.
Em 1998, houve uma alteração no CP que ampliou o número de PRDs, mas entre 1995 e 1998 houve essa
realidade: a aplicação de uma pena alternativa não prevista em lei.
Aproveitando que estamos falando do princípio da legalidade, devemos tratar de três outros pontos:

2.1.3. Conteúdo Material do Princípio da Legalidade


O que veremos, a rigor, são princípios derivados do supraprincípio da dignidade da pessoa humana (art. 1º, III,
CF). Trata-se de diretrizes ao legislador sobre o que pode ser criminalizado, ou seja, o legislador, ainda que
observe todos os desdobramentos anteriormente expostos, não tem “carta branca” para tipificar todo e qualquer

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comportamento. A anterioridade e taxatividade são imposições formais, mas há imposições constitucionais
ligadas ao conteúdo do tipo penal que pode ser previsto.

a) Princípio da insignificância (bagatela)


Enunciado: Condutas que produzem lesões insignificantes aos bens juridicamente protegidos são penalmente
atípicas. Portanto, a aplicação do princípio da insignificância conduz à atipicidade da conduta. Trata-se da
chamada atipicidade material da conduta.
O conceito de tipicidade requer um aspecto material. A conduta do agente deve atingir o bem jurídico. Se o
comportamento tiver o encaixe formal, ou seja, se existir a subsunção da conduta à norma, mas a conduta não for
suficiente para atingir o bem jurídico, o comportamento será atípico.
Na insignificância, existe a subsunção, a tipicidade formal, mas a lesão é tão insignificante que falta a tipicidade
material. Exemplo: Subtração de um clipe de papel de um balcão em que havia um atendente distraído.
O princípio da insignificância há muitos anos é aplicado pela jurisprudência, ora com maior, ora com menor
frequência. Hoje estamos em um “meio termo” em que o princípio da insignificância é aplicado como um critério
de política criminal, que deve levar em conta o fato, mas também as consequências que aquele comportamento
pode ter à vida em coletividade.
O STF, nesse raciocínio, começou a desenvolver uma jurisprudência, segundo a qual a aplicação do princípio da
insignificância precisa atender a quatro vetores, de maneira a não se banalizar a aplicação desse princípio:

P ericulosidade social
nenhuma
reduzida R eprovabilidade da conduta
mínima O fensividade
ínfima L esão jurídica

Em termos de insignificância, o STF é mais benevolente que o STJ. Este diz que só se aplica a insignificância
quando o valor da coisa subtraída não ultrapassa 10% do valor do salário mínimo vigente à época da ocorrência
do fato. O STF, porém, não utiliza essa “tarifação”.
Além disso, o STJ, na súmula 559, consolidou o seguinte entendimento:

Súmula 559 do STJ - O princípio da insignificância é inaplicável aos


crimes contra a administração pública.

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Descaminho: o STF entende que quando o valor do tributo devido e acessórios não ultrapassarem a cifra de
R$20.000,00, não se deve ajuizar persecução penal. Os acórdãos do STF dão ênfase a dois princípios: (i)
insignificância e (ii) intervenção mínima, a ideia de que o Direito Penal deve ser a ultima ratio. O STJ, até o
começo de 2017, não admitia a cifra de R$20.000,00, mas de R$10.000,00. Ao final do ano passado, a terceira
sessão compatibilizou o entendimento do STJ ao do STF.

 “Bagatela Imprópria” **IMPORTANTE**


(Não tem a ver com tipicidade, nem com o princípio da insignificância)

Enunciado: se refere a casos de irrelevância penal (não insignificância) em face da desnecessidade da pena. A
ideia é que o juiz poderia, em alguns casos, se entendesse que a pena se revelava desnecessária, considerar
aquela hipótese como dotada de irrelevância penal. Identificada essa irrelevância penal, a conclusão seria
absolvição por falta de culpabilidade. Não se trata de tipicidade ou atipicidade, portanto.
“Se a pena é desnecessária, não há culpabilidade”. Mas o que culpabilidade tem a ver com necessidade de pena?
Essa ideia só faz sentido dentro de uma teoria de culpabilidade que não foi adotada pelo Código Penal, que seria a
teoria funcional da culpabilidade. Não está em harmonia com nosso Código Penal.

Observação: Criaram a bagatela imprópria para casos de violência doméstica e familiar contra a mulher. A Lei
Maria da Penha tem como uma das consequências a seguinte: torna a lesão corporal contra a mulher em situação
de violência doméstica um crime de ação penal pública incondicionada. Mas com a teoria da bagatela imprópria,
argumenta-se que se a mulher diz para o juiz que “já está tudo bem” e não é necessário prosseguir com as
acusações contra o agressor, poderia ser aplicada a absolvição por falta de culpabilidade.

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