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ANOTAÇÃO DE AULA
SUMÁRIO
1 Deve-se fazer duas perguntas: (i) Qual é o bem jurídico protegido (no exemplo dado é a saúde pública) e (ii) Quem é o titular (a coletividade).
Homicídio simples
Art. 121. Matar alguém:
Pena - reclusão, de seis a vinte anos. (...)
Homicídio culposo
§ 3º Se o homicídio é culposo:
Pena - detenção, de um a três anos.
Homicídio culposo é o ato de matar alguém por negligência, imprudência ou imperícia. Mesmo com essa
abrangência provocada pelas três expressões, ainda assim há uma fronteira determinada, estipulada pelo
legislador, que pode ser delimitada mediante um mecanismo de interpretação.
Vimos que a taxatividade impede duas coisas: a construção de tipos vagos e penas indeterminadas. No segundo
ponto, seria vaga a pena aplicada, por exemplo, “segundo o arbítrio do julgador”. A lei precisa cominar a pena, e o
juiz, dentro da pena cominada, faz um processo de individualização.
Quando entrou em vigor a Lei nº 9.099/95, os operadores do Direito passaram a aplicá-la. À época, o CP era bem
tímido no tocante às penas restritivas de direito (PRDs). Pois bem, em uma transação penal, o MP propõe ao
autor do fato uma pena alternativa e os promotores de justiça, então, começaram a propor no JECRIM a entrega
de cestas básicas à comunidade, que não era prevista no CP. Começou uma crítica pertinente no sentido de que
não havia previsão em lei da pena alternativa de entrega de cestas básicas.
Em 1998, houve uma alteração no CP que ampliou o número de PRDs, mas entre 1995 e 1998 houve essa
realidade: a aplicação de uma pena alternativa não prevista em lei.
Aproveitando que estamos falando do princípio da legalidade, devemos tratar de três outros pontos:
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comportamento. A anterioridade e taxatividade são imposições formais, mas há imposições constitucionais
ligadas ao conteúdo do tipo penal que pode ser previsto.
P ericulosidade social
nenhuma
reduzida R eprovabilidade da conduta
mínima O fensividade
ínfima L esão jurídica
Em termos de insignificância, o STF é mais benevolente que o STJ. Este diz que só se aplica a insignificância
quando o valor da coisa subtraída não ultrapassa 10% do valor do salário mínimo vigente à época da ocorrência
do fato. O STF, porém, não utiliza essa “tarifação”.
Além disso, o STJ, na súmula 559, consolidou o seguinte entendimento:
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Descaminho: o STF entende que quando o valor do tributo devido e acessórios não ultrapassarem a cifra de
R$20.000,00, não se deve ajuizar persecução penal. Os acórdãos do STF dão ênfase a dois princípios: (i)
insignificância e (ii) intervenção mínima, a ideia de que o Direito Penal deve ser a ultima ratio. O STJ, até o
começo de 2017, não admitia a cifra de R$20.000,00, mas de R$10.000,00. Ao final do ano passado, a terceira
sessão compatibilizou o entendimento do STJ ao do STF.
Enunciado: se refere a casos de irrelevância penal (não insignificância) em face da desnecessidade da pena. A
ideia é que o juiz poderia, em alguns casos, se entendesse que a pena se revelava desnecessária, considerar
aquela hipótese como dotada de irrelevância penal. Identificada essa irrelevância penal, a conclusão seria
absolvição por falta de culpabilidade. Não se trata de tipicidade ou atipicidade, portanto.
“Se a pena é desnecessária, não há culpabilidade”. Mas o que culpabilidade tem a ver com necessidade de pena?
Essa ideia só faz sentido dentro de uma teoria de culpabilidade que não foi adotada pelo Código Penal, que seria a
teoria funcional da culpabilidade. Não está em harmonia com nosso Código Penal.
Observação: Criaram a bagatela imprópria para casos de violência doméstica e familiar contra a mulher. A Lei
Maria da Penha tem como uma das consequências a seguinte: torna a lesão corporal contra a mulher em situação
de violência doméstica um crime de ação penal pública incondicionada. Mas com a teoria da bagatela imprópria,
argumenta-se que se a mulher diz para o juiz que “já está tudo bem” e não é necessário prosseguir com as
acusações contra o agressor, poderia ser aplicada a absolvição por falta de culpabilidade.
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