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Segundo classificação adotada por Eduardo Lobo Gualazi, podemos classificar os sistemas de
controle externo legislativo em cinco tipos principais: anglo-saxônico, latino, germânico, escandinavo
e latino-americano.
Modelo Escandinavo – O controle exerce-se por meio de uma série de órgãos, entre os quais
os revisores parlamentares e o ofício de revisão. Os primeiros detêm funções de controle sobre a
execução do orçamento e são nomeados, normalmente em número de cinco, a cada legislatura. O
ofício de revisão tem competência exclusiva para verificar a eficácia administrativa e propor medidas
corretivas dos problemas apontados.
mesmo grau de autonomia conferido aos tribunais de contas. As auditoras gerais pronunciam-se
conclusivamente sobre contas, mas não as julgam.
AUDITORIAS OU CONTROLADORIAS
TRIBUNAIS DE CONTAS
GERAIS
O modelo das auditorias ou controladorias-gerais tem origem britânica e se espalhou por vários
países de sua influência: Reino Unido (National Audit Office); Estados Unidos (Government
Accountability Office); Canadá (Office of the Auditor General); Australia (Australian National Audit
Office); Nova Zelândia (Controller and Auditor General); e África do Sul (Auditor General of South
Africa).
• é correto afirmar que o TC possui função judicante e jurisdição própria.; não é correto afirmar
que o TC é um órgão judicante, pois estaria a confundir com a função típica do Poder
Judiciário; também não se pode afirmar que o TC possui função jurisdicional ou judicial.
• há doutrinadores do direito que afirmam que as decisões dos Tribunais de Contas tem um
colorido “quase jurisdicional” e suas atividades devem se submeter às garantias
constitucionais do devido processo legal, do contraditório e da ampla defesa.
• as decisões do TC que imputem débito ou apliquem multa a responsável torna a dívida líquida
e certa e tem eficácia de título executivo extrajudicial.
• contra as decisões dos TC cabem recursos exclusivamente junto aos próprios tribunais,
contudo, por serem de natureza administrativa, as decisões dos TC podem ser revistas pelo
Poder Judiciário, em demanda específica;
• o TC não é competente para executar as suas decisões; a execução é feita pelo Erário credor.
As decisões/acórdãos condenatórios do TCU são executados pela AGU, em nome da União.
Instrumento Finalidades
conhecer a organização e o funcionamento dos órgãos e entidades da
administração direta, indireta e fundacional dos Poderes da União,
incluindo fundos e demais instituições que lhe sejam jurisdicionadas,
Levantamento assim como dos sistemas, programas, projetos e atividades
governamentais no que se refere aos aspectos contábeis, financeiros,
orçamentários, operacionais e patrimoniais;
identificar objetos e instrumentos de fiscalização; e
avaliar a viabilidade da realização de fiscalizações.
Função Informativa - com previsão constitucional, consiste no dever de o TC, como órgão auxiliar do
Congresso Nacional, informar, quando solicitado, àquele órgão o andamento de trabalhos executados
no âmbito da Corte de Contas. Podem ser considerados também no âmbito da função informativa,
todos os alertas previstos na LRF.
Função Judicante - é praticada pelo TC ao julgar as contas de gestão dos administradores públicos e
dos responsáveis por prejuízos ao Erário.
Função Normativa – decorre da possibilidade de a Corte de Contas editar normas para os seus
jurisdicionados em matéria de sua competência.
Função Corretiva - ocorre quando o Tribunal, ao constatar algum descumprimento à norma legal,
assina prazo para a sua correção. No âmbito desta função, o TC pode fixar prazo para adoção de
providências; sustar ato irregular, exceto de contrato, e formular recomendações e determinações.
Função Pedagógica – é exercida quando o Tribunal orienta os gestores acerca da forma correta de
aplicação da lei, com objetivo de evitar a ocorrência de irregularidades.
Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do
Tribunal de Contas da União, ao qual compete:
I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da República, mediante parecer prévio
que deverá ser elaborado em sessenta dias a contar de seu recebimento;
Cabe lembrar que o Tribunal de Contas da União não julga as contas do Presidente da
República, somente emite parecer prévio sobre elas. Segundo o art. 49, inciso IX, da CF/1988, o
responsável pelo julgamento das contas é o Congresso Nacional.
Outro aspecto a ser destacado, é que o art. 56 da LRF estabelece que as contas prestadas
pelos Chefes do Poder Executivo (Federal, Municipal e estadual) devem ser acompanhadas das contas
dos presidentes dos órgãos dos poderes Legislativo, Judiciário e do Ministério Público respectivo.
Vejamos o dispositivo:
“Art. 56. As contas prestadas pelos Chefes do Poder Executivo incluirão, além das suas próprias,
as dos Presidentes dos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário e do Chefe do Ministério
Público, referidos no art. 20, as quais receberão parecer prévio, separadamente, do respectivo
Tribunal de Contas.
§ 1º As contas do Poder Judiciário serão apresentadas no âmbito:
I – da União, pelos Presidentes do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores,
consolidando as dos respectivos tribunais;
II – dos Estados, pelos Presidentes dos Tribunais de justiça, consolidando as dos demais
tribunais.”.
Contudo, o Supremo Tribunal Federal (STF) deferiu medida cautelar em Acão Direta de
Inconstitucionalidade (ADIn) ajuizada pelo Partido Comunista do Brasil (PCdoB), Partido Socialista
Brasileiro (PSB) e pelo Partido dos Trabalhadores (PT), suspendendo a eficácia, dentre outros, dos
artigos 56 e 57 da LRF.
Antes da liminar do STF, tínhamos que, combinando-se o art. 20 com o art. 56 da LRF e o art.
92 da CF, as contas de governo, sujeitas à apreciação do TCU, abrangiam as contas dos presidentes de
diversos órgãos.
A partir da decisão do STF, o TCU decidiu, por meio do Acórdão nº 2.248/2007 – Plenário, que,
para o ano de 2008, as contas de governo deveriam englobar somente as contas do Presidente da
República.
Cabe ressaltar que o Tribunal de Contas da União emite parecer prévio, uma vez que, o
parecer para julgamento das contas de governo será dado pela Comissão Mista Permanente a que se
refere o art. 166, § 1º da CF. Vejamos:
O parecer dado pela Comissão reveste-se na forma de projeto de decreto-legislativo, uma vez
que o julgamento das contas do Presidente da República se materializa com a apreciação deste
projeto de decreto legislativo.
Como vimos, a partir do Acórdão publicado em 12/9/08 e proferido no âmbito da Adin nº 2.238-5,
em que se deferiu medida cautelar para suspender a eficácia, dentre outros, do caput do art. 56 e de
todo o art. 57 da LRF, o TCU passou a emitir parecer prévio apenas sobre as contas do Presidente da
República, já que em relação às contas dos chefes dos demais poderes o tribunal as julga.
Era de se esperar que os dispositivos tivessem sido considerados inconstitucionais pelo Supremo
Tribunal, posto que não faria sentido o Tribunal de Contas emitir parecer prévio sobre as contas dos
chefes dos Poderes Legislativo e Judiciário para ele mesmo julgá-las. Vale lembrar que o Poder
Legislativo somente julga as contas do chefe do Poder Executivo.
“Registro que o TCU emite parecer prévio apenas sobre as contas prestadas pela Presidente da
República, pois as contas atinentes aos Poderes Legislativo e Judiciário e ao Ministério Público não são
objeto de pareceres prévios individuais, mas efetivamente julgadas por esta Corte de Contas, em
consonância com a decisão do Supremo Tribunal Federal, publicada no Diário da Justiça de 21/8/2007,
ao deferir medida cautelar no âmbito da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 2.238-5/DF. Nada
obstante, o Relatório sobre as Contas do Governo da República contempla informações sobre os
demais Poderes e o Ministério Público, compondo, assim, um panorama abrangente da administração
pública federal”.
Ocorre que em provas recentes, o CESPE elaborou itens afirmando literalmente o que dispõem os
dispositivos cuja eficácia foi suspensa pelo STF, ou seja, que as contas prestadas pelos chefes do
poder executivo incluirão as suas próprias e mais as dos chefes dos demais poderes e o Tribunal de
Contas emitirá parecer prévio separado para cada conta, e os considerou como CERTOS. Vejamos
alguns exemplos:
GABARITO: Certo
GABARITO: Certo
Analisando o entendimento do CESPE, pode-se concluir por dois caminhos. O primeiro, que considero
improvável, é que a banca ignora a liminar do STF. O segundo, a meu ver mais provável, é que o
CESPE considera correta a afirmação com base na literalidade do caput do art. 56, em virtude de que
os dispositivos da LRF foram apenas suspensos em sede de liminar, até o pronunciamento definitivo
quanto ao mérito pelo STF.
Se a liminar fosse concedida por ato monocrático de ministro e, depois, ratificado pelo pleno, eu até
poderia pensar em aceitar essa tese, mas a liminar foi apreciada pelo Plenário do Tribunal. Por outro
lado, mesmo que em sede de liminar, se os dispositivos da lei tiveram a sua eficácia suspensa pelo
STF, eles não são mais válidos ou aplicados na prática. Como pode o CESPE entender algo que, na
prática, não é adotado pelos órgãos da Administração?
Sem me alongar demais, em que pese a polêmica, em prova do CESPE questões afirmando o que está
escrito literalmente nos artigos 56 e 57 da LRF devem ser consideradas CERTAS, apesar da ADIN e da
liminar do STF.
II - julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores
públicos da administração direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e
mantidas pelo Poder Público federal, e as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou
outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público;
O julgamento das contas dos gestores públicos ou daqueles que causarem prejuízo ao Erário
público é uma competência própria (privativa) do Tribunal de Contas, não cabendo qualquer
participação ou revisão por parte do Poder Legislativo.
Esse julgamento alcança toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize,
arrecade, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União (bem
como Estados e Municípios) responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza
pecuniária.
Além das contas ordinárias ou anuais, o TCU julga as contas especiais, que são aquelas
instauradas quando se verificar a ocorrência de desfalque ou desvio de bens ou outra irregularidade
de que resulte prejuízo para a Fazenda Pública, ou, ainda, quando se verificar que o responsável pela
aplicação dos recursos públicos não prestou contas no prazo e na forma fixados nos normativos do
TCU e dos órgãos de Controle Interno.
Importa saber que compete privativamente ao TCU, nos termos da CF/88, julgar as contas:
• dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos da
administração direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e mantidas
pelo Poder Público federal; e
• daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte
prejuízo ao erário público.
III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a qualquer
título, na administração direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo Poder
Público, excetuadas as nomeações para cargo de provimento em comissão, bem como a das
concessões de aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que não
alterem o fundamento legal do ato concessório;
O primeiro aspecto para o qual chamamos atenção é que o TCU não julga atos sujeitos a
registro, mas sim, aprecia-os, verificando a sua conformidade às normas legais. Com efeito, a
apreciação dos atos sujeitos a registro não se trata de função judicante do TCU, mas sim de função
fiscalizadora.
Vale mencionar o entendimento do Supremo Tribunal federal acerca da natureza jurídica dos
atos sujeitos a registro. O STF já se manifestou no sentido de que esses atos possuem a natureza de
ato complexo. Assim, o ato de aposentadoria ou de pensão dos servidores estatutários (regidos pela
Lei n. 8.112/1990) somente se aperfeiçoa após a apreciação pelo TCU.
Atos de Admissão
A constituição prevê que serão apreciadas para fins de registros as admissões de pessoal
ocorridas a qualquer título, na administração direta e indireta.
Assim, mesmo que ocorra uma admissão temporária, como por exemplo, aquelas disciplinadas
em Lei n. 8.745/1993, ela terá que ser apreciada pelo TCU. A competência do Tribunal ocorre tanto
para as admissões da administração direta como indireta.
Dessa forma, serão apreciadas as admissões de empregados públicos, isto é, aqueles que são
regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), bem como as admissões dos servidores públicos
estatutários, regidos pela Lei n. 8.112/1990.
Outro aspecto com relação à admissão de pessoal, é que o dispositivo em análise apresenta
uma exceção, qual seja, a apreciação, para fins de registro, de legalidade das nomeações para cargos
de provimento em comissão. Estes cargos são os de livre nomeação e exoneração pela autoridade
competente. Assim, pela precariedade do vínculo com a administração, estes atos são dispensados de
registros na Corte de Contas.
Contudo, embora o TCU não possua competência para apreciar a legalidade das nomeações
dos cargos de provimento em comissão para fins de registro, tal fato não impede o Tribunal de
fiscalizar a legalidade desses atos, por meio de fiscalizações ou por meio de julgamento das contas
dos gestores. Por exemplo, o TCU pode, ao realizar uma auditoria em determinado Tribunal Judiciário,
fiscalizar se as nomeações para cargos de provimento em comissão naquele Tribunal estão ou não de
acordo com a lei.
Já as reformas são benefícios concedidos aos militares, que possuem regime diferenciado dos
servidores civis. Para os objetivos de nosso curso, é suficiente sabermos que reforma é a passagem do
militar para a inatividade.
Compete ao TCU apreciar a legalidade dos atos de admissão de pessoal, bem como dos atos
de concessão de aposentadoria, reforma e pensão.
Convém esclarecer que, diferentemente, dos atos de admissão de pessoal, o Tribunal somente
se preocupa com as aposentadorias e pensões relacionadas aos servidores estatutários. Assim, todos
aqueles funcionários públicos que são regidos pela CLT não terão as suas concessões apreciadas pelo
TCU. O Governo Federal possui órgão específico para tratar dos benefícios dos empregados celetistas:
o Instituto Nacional de Seguro Social – INSS.
Nunca é demais lembrar que na administração indireta também podemos ter servidores
estatutários, como ocorre com o próprio INSS e com o Banco Central. Assim, o que importa para
sabermos se o ato de aposentação será apreciado pelo TCU, não é o fato de o agente público
pertencer à Administração Direta ou Indireta, mas sim se é regido pela CLT ou se é estatutário (regido
pela Lei n. 8.112/1990), sendo que somente neste último caso é que o CTU irá apreciar o ato de
aposentadoria, ou pensão. A reforma, como vimos, é instituto aplicável somente ao militar.
Por fim, o inciso III apresenta a seguinte parte: “...ressalvadas as melhorias posteriores que
não alterem o fundamento legal do ato concessório”.
A parte final do dispositivo significa que, por exemplo, caso ocorra uma modificação em
determinada aposentadoria, o Tribunal só vai precisar se manifestar novamente caso seja alterado o
fundamento legal da aposentadoria. Assim, caso determinado servidor venha a se aposentar em um
cargo qualquer e depois preencha os requisitos constitucionais e legais para se aposentar em outro, o
Tribunal deverá apreciar a alteração do ato concessório. No entanto, caso ocorra uma alteração
apenas no vencimento da aposentadoria decorrente de aprovação de planos de cargos e salários, o
ato não passará de novo pelo crivo do Tribunal de Contas da União.
Por fim, destaco a Súmula Vinculante do Supremo Tribunal Federal - STF nº 3 que dispensa o
contraditório e a ampla defesa quando da apreciação da legalidade pelo TCU do ato de concessão
inicial de aposentadoria, reforma e pensão. Esta súmula pode ser abordada pelo CESPE na prova, pela
sua importância e significado.
Súmula Vinculante nº 3 do Supremo Tribunal Federal – STF: Nos processos perante o Tribunal de
Contas da União asseguram-se o contraditório e a ampla defesa quando da decisão puder resultar
anulação ou revogação de ato administrativo que beneficie o interessado, excetuada a apreciação
da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão.
IV - realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, de Comissão
técnica ou de inquérito, inspeções e auditorias de natureza contábil, financeira, orçamentária,
operacional e patrimonial, nas unidades administrativas dos Poderes Legislativo, Executivo e
Judiciário, e demais entidades referidas no inciso II;
Este dispositivo reconhece a autonomia do TCU, prevendo que o Tribunal realize por iniciativa
própria as fiscalizações. Trata-se de dispositivo que estabelece a competência fiscalizadora do TCU e a
sua natureza e extensão.
Reparem que o TCU pode fiscalizar, sob todos os aspectos já estudados, as unidades
administrativas de todos os Poderes.
V - fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais de cujo capital social a União
participe, de forma direta ou indireta, nos termos do tratado constitutivo;
Empresa supranacional é uma estatal que pertence a mais de uma nação. A Itaipu-Binacional é
um exemplo de empresa supranacional.
Assim, a exemplo das empresas estatais, as supranacionais também devem ser fiscalizadas
pelo TCU, tendo o dever de prestar contas ao poder público.
Cabe alertar que somente serão objeto de fiscalização as contas nacionais, ou seja, as contas
que sejam originadas de recursos públicos federais brasileiros. Alertamos, contudo, que essa
fiscalização ocorrerá mesmo que a participação do Brasil seja minoritária.
Por fim, vale ressaltar que a fiscalização será efetuada na forma do tratado constitutivo. Esse
tratado há de prever que a fiscalização dos recursos públicos brasileiros caberá ao Tribunal de Contas
da União.
Convênio é um Instituto do Direito Administrativo, pelo qual o Poder Público se associa a outra
entidade pública ou com entidades privadas, para que sejam produzidos objetos de interesse comum,
mediante mútua cooperação. Caracteriza o convênio o fato de haver um acordo de vontade entre os
signatários do ajuste.
Dessa forma, convênio se diferencia de contrato pelo fato de que, neste último, há interesses
divergentes (enquanto uma parte quer o preço, a outra que o produto) e no convênio, ambas as
partes possuem o mesmo interesse.
Considerando que a transferência por meio de convênio é uma transferência voluntária e que,
por isso, deve haver interesse mútuo dos participantes, competirá à União (repassadora do recurso,
também chamado de ente concedente) fiscalizar se os recursos foram aplicados no objeto do
convênio, ou seja, no caso hipotético, na construção de uma escola. Caso o município (responsável
pela aplicação dos recursos, também chamado de ente convenente) não aplique os recursos no
objeto que foi avençado, pode ser compelido a devolver os recursos aos cofres da União.
VII - prestar as informações solicitadas pelo Congresso Nacional, por qualquer de suas Casas, ou
por qualquer das respectivas Comissões, sobre a fiscalização contábil, financeira, orçamentária,
operacional e patrimonial e sobre resultados de auditorias e inspeções realizadas;
O responsável pelo controle externo é o Congresso Nacional. Assim sendo, para o exercício de
sua competência, o Congresso Nacional possui a necessidade de saber a respeito dos resultados das
fiscalizações realizadas pelo Tribunal de Contas da União.
Conforme ensinam Albuquerque e Cunha, esse dispositivo estabelece que, somente com
previsão legal, pode o TCU aplicar sanção ao responsável. Estamos diante, então, do princípio da
reserva legal. Dessa forma, somente se lei prever a possibilidade de sanção é que o Tribunal poderá
utilizar-se dessa faculdade. Assim, não pode o TCU criar por meio de seu Regimento Interno uma
sanção que não esteja prevista em alguma lei.
Vale ressaltar que esta é a única competência constitucional do Tribunal de Contas que, para
ser exercida, depende de ato infraconstitucional, ou seja, o TCU somente pode aplicar uma sanção
caso exista lei que estabeleça a sua aplicação, diante de determinadas circunstâncias e hipóteses.
Importante notarmos, também, que a Constituição não restringiu a uma lei específica a
necessidade de disciplinar a matéria. Nesse sentido, não é apenas a Lei Orgânica do TCU (Lei nº
8.443/992) que pode prever sanções. Tanto é assim que a Lei nº 10.028, de 2000, que disciplina os
crimes fiscais, em seu art. 5º, estabelece que as infrações administrativas serão processadas e
julgadas pelo Tribunal de Contas a que competir a fiscalização. Caso o tribunal verifique a existência
de infração, poderá aplicar multa de 30% sobre os vencimentos do agente infrator.
IX - assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as providências necessárias ao exato
cumprimento da lei, se verificada ilegalidade;
X - sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado, comunicando a decisão à Câmara dos
Deputados e ao Senado Federal;
(...)
§ 1º - No caso de contrato, o ato de sustação será adotado diretamente pelo Congresso
Nacional, que solicitará, de imediato, ao Poder Executivo as medidas cabíveis.
§ 2º - Se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo, no prazo de noventa dias, não efetivar as
medidas previstas no parágrafo anterior, o Tribunal decidirá a respeito.
Pode ocorrer, contudo, que o responsável pela ação não cumpra a determinação do TCU.
Nesse caso, o que o Tribunal poderá fazer?
Reparem que a Constituição não concedeu competência para que o TCU anule o ato
impugnado. De acordo com o nosso ordenamento jurídico somente pode anular o ato aquele que o
praticou, ou o Poder Judiciário. Assim, o TCU não detém competência para a anulação. Pode,
entretanto, sustar a execução do ato.
Assim, a exata significação de “sustar o ato” é a de que a Corte de Contas retira a eficácia do
ato. Dessa forma, apesar ainda estar no mundo jurídico, o ato não mais produzirá efeito.
Vale lembrar que, de acordo com observação contida no inciso X, o constituinte colocou que,
ao sustar o ato, o Tribunal deve comunicar essa decisão à Câmara dos Deputados e ao Senado
Federal. Cuidado, pois não foi dito que a comunicação deve ser dirigida ao Congresso Nacional e sim
às duas casas isoladamente.
No caso de contrato (em que há a vontade de duas ou mais pessoas), o Tribunal não detém
competência para sustá-lo, de imediato. Dessa forma, caso se depare com ilegalidade ocorrida no
âmbito de contrato administrativo, deve comunicar a ilegalidade ao Congresso Nacional, que adotará
as providências necessárias para a sua sustação.
Perceba que neste exemplo, o Poder Judiciário deverá anular o contrato, mas não o fará
utilizando-se de sua função judicial, mas sim atuando como administração pública.
Por fim, passemos para o § 2º do art. 71 da CF, que apresenta a seguinte redação:
“Se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo, no prazo de 90 dias, não efetivar as medidas
previstas no parágrafo anterior, o Tribunal decidirá a respeito”.
TOME NOTA: O TCU não possui competência para sustar, de imediato, um, contrato, somente
podendo fazê-lo, se o Congresso Nacional, no prazo de 90 dias não se pronunciar a respeito da
sustação. No entanto, o TCU pode, de imediato, desde que concedida ampla defesa e contraditório
ao contratado, determinar que a autoridade competente anule o contrato.
Por fim, vale destacar que o STF também reconheceu a validade do provimento cautelar do
TCU no MS 26.547/DF. Mediante tal julgado, ficou assente a possibilidade de o TCU expedir medida
cautelar para impedir a execução de um contrato, sem que tal fato caracterize-se em abuso de poder
da Corte de Contas.
É justamente esse poder cautelar que tem gerado alguns conflitos entre o atual Governo e o
TCU. Alega o governo federal que o TCU não deveria ter esse poder de determinar a suspensão da
execução de contratos de obras públicas, especialmente preocupado com as obras do PAC. Não
pretendemos entrar no mérito da questão, dada a polêmica criada.
Outra atribuição constitucional é a que estabelece que o Tribunal de Contas tem o dever de
representar aos Poderes e órgãos competentes sobre irregularidades e abusos apurados no curso dos
processos administrativos da sua competência, de forma a possibilitar a adoção das medidas cabíveis
que lhe são afetas.
O exemplo mais comum é a representação ao Ministério Público acerca de fatos apurados que
se constituem em indícios de ilícitos penais e/ou atos de improbidade administrativa.
Conforme ensina Valdecir Pascoal, ter a eficácia de título executivo significa que o erário-
credor do título, a partir da decisão do Tribunal de Contas, tem o direito de receber determinada
quantia proveniente de dano ao erário ou multa aplicada pelo TC e caso o responsável não efetue o
ressarcimento no prazo legal, não precisará ingressar no Poder Judiciário com o processo de
conhecimento.
A decisão condenatória do TC (mediante Acórdão, no caso do TCU), por ter eficácia de título
executivo, poderá ser diretamente executada pela Administração. Assim, a caracterização de título
executivo torna desnecessária a inscrição do débito na Dívida Ativa da Administração.
Em que pese o TCU não ser subordinado ao Congresso Nacional, o Tribunal deve prestar
contas de seu desempenho e resultados alcançados em sua fiscalização ao Congresso Nacional, sendo
que os relatórios trimestrais e anuais enviados pelo TCU ao Legislativo constituem instrumentos que
permitem esse controle.
Art. 72. A Comissão mista permanente a que se refere o art. 166, §1º, diante de indícios de
despesas não autorizadas, ainda que sob a forma de investimentos não programados ou de
subsídios não aprovados, poderá solicitar à autoridade governamental responsável que, no prazo
de cinco dias, preste os esclarecimentos necessários.
§ 1º - Não prestados os esclarecimentos, ou considerados estes insuficientes, a Comissão
solicitará ao Tribunal pronunciamento conclusivo sobre a matéria, no prazo de trinta dias.
§ 2º - Entendendo o Tribunal irregular a despesa, a Comissão, se julgar que o gasto possa causar
dano irreparável ou grave lesão à economia pública, proporá ao Congresso Nacional sua sustação.
O pronunciamento do TCU é apenas opinativo, ou seja, não vincula nem a Comissão Mista de
Orçamento nem o Congresso Nacional. Quem vai decidir se vai ou não sustar a despesa considerada
irregular vai ser o próprio Congresso Nacional.
A CMO, ao se deparar com indícios de despesas não autorizadas, ainda que sob a forma de
investimentos não programados ou de subsídios não aprovados (são só alguns exemplos de despesas
não autorizadas), tem competência para solicitar esclarecimentos da autoridade governamental
responsável.
MINISTROS DO TCU
Art. 73. O Tribunal de Contas da União, integrado por nove Ministros (...).
§ 1º Os Ministros do Tribunal de Contas da União serão nomeados dentre brasileiros que
satisfaçam os seguintes requisitos:
I – mais de trinta e cinco anos e menos de sessenta e cinco anos de idade;
II – idoneidade moral e reputação ilibada;
III – notórios conhecimentos jurídicos, contábeis, econômicos e financeiros ou de
administração pública;
IV – mais de dez anos de exercício de função ou de efetiva atividade profissional que exija
conhecimentos mencionados no inciso anterior.
São nove ministros que compõem o Tribunal de Contas da União. Reparem que a Constituição
não impõe restrição a brasileiro naturalizado. Outra observação, é que não há a necessidade de curso
superior em área específica para ser Ministro do TCU.
Seguindo, vamos ver como é feita a escolha dos Ministros do Tribunal de Contas da União:
Portanto, seis Ministros do TCU são escolhidos pelo Congresso Nacional. Essa escolha pode
recair em qualquer pessoa que preencha os requisitos apresentados no art. 73 da CF. Dessa forma,
não há nenhuma necessidade de o Ministro a ser escolhido pelo Congresso Nacional ter sido
deputado ou senador. Ainda com relação a esses seis Ministros, como foram escolhidos pelo próprio
Congresso Nacional, não há necessidade de serem aprovados pelo Senado Federal.
Somente os escolhidos pelo Presidente da República, isto é, três Ministros, devem passar por
essa aprovação do Senado Federal.
Com relação aos três escolhidos pelo Presidente da República, a Constituição prevê que
somente um pode ser de sua livre escolha, uma vez que os outros dois devem ser escolhidos dentre
Auditores e membros do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas.
TOME NOTA: Em caso de vacância, a competência para a escolha de ministro do Tribunal de Contas
da União será definida de modo que mantenha a composição definida na CF. Assim, se aposentar
um ministro indicado pelo Congresso Nacional, este caberá indicar o sucessor.
ATENÇÃO: Embora seis ministros sejam escolhidos pelo Congresso Nacional, TODOS os nove
componentes da Corte de Contas são nomeados pelo Presidente da República (art. 84, inciso XV, a
CF).
Dando prosseguimento acerca das disposições contidas no Art. 73 da CF, verifica-se que a
Constituição equipara os Ministros do Tribunal de Contas da União aos Ministros do Superior Tribunal
de Justiça - STJ.
Art. 73 O Tribunal de Contas da União, integrado por nove Ministros, tem sede no Distrito
Federal, quadro próprio de pessoal e jurisdição em todo o território nacional, exercendo, no que
couber, as atribuições previstas no art. 96.
(...)
§ 3º Os Ministros do Tribunal de Contas da União terão as mesmas garantias, prerrogativas,
impedimentos, vencimentos e vantagens dos Ministros do Superior Tribunal de Justiça, aplicando-
se-lhes, quanto à aposentadoria e pensão, as normas constantes do art. 40.
ATENÇÃO NA PROVA: As bancas tentam pegar os candidatos afirmando que a equiparação é com
ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Os ministros do TCU se equiparam aos ministros do
Superior Tribunal de Justiça (STJ) e o não com ministros do STF.
Com relação às garantias, elas estão estabelecidas no próprio texto constitucional, artigo 95.
São elas:
• vitaliciedade, não podendo perder o cargo senão por sentença judicial transitada em
julgado;
• inamovibilidade;
• irredutibilidade de vencimentos/subsídios.
Além dessas garantias, a Lei Orgânica do TCU prevê ainda como garantia, a aposentadoria,
com proventos integrais, compulsoriamente aos setenta anos de idade ou por invalidez comprovada,
e facultativa, após trinta anos de serviço, contados na forma da lei.
• exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma de magistério;
AUDITORES
Diferentemente do que ocorre com os Ministros, o ingresso no cargo de Auditor se faz por
meio de concurso de provas e títulos. Todavia, o art. 77 da Lei Orgânica do TCU estabelece que, para
investidura no cargo de Auditor, deve-se preencher os mesmos requisitos exigidos para o cargo de
Ministro do Tribunal de Contas da União, ou seja, o que está preconizado no § 1º do art. 73 da
CF/1988.
Art. 73. O Tribunal de Contas da União, integrado por nove Ministros, tem sede no Distrito
Federal, quadro próprio de pessoal e jurisdição em todo o território nacional, exercendo, no que
couber, as atribuições previstas no art. 96.
(...)
Portanto, o Auditor no curso normal de suas atividades dentro do TCU possui as mesmas
garantias e impedimentos de juiz de Tribunal Regional Federal, ou seja, de juiz de 2ª instância.
Contudo, quando em substituição a Ministro, possui as mesmas garantias e impedimentos de
Ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
O recebimento de denúncias por parte do TCU está vinculado a sua função de ouvidoria.
Cabe destacar quem são as pessoas legitimadas para denunciar: CIDADÃO, ASSOCIAÇÃO,
PARTIDO POLÍTICO E SINDICATO. Note que a Constituição não deu legitimidade para qualquer pessoa
denunciar e sim qualquer cidadão.
16. REGRAS DE APLICAÇÃO AOS TRIBUNAIS DE CONTAS DOS ESTADOS E DOS MUNICÍPIOS (Art. 75
da CF)
Art. 75. As normas estabelecidas nesta seção aplicam-se, no que couber, à organização,
composição e fiscalização dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, bem como dos
Tribunais e Conselhos de Contas dos Municípios.
Parágrafo único. As Constituições estaduais disporão sobre os Tribunais de Contas respectivos,
que serão integrados por sete Conselheiros.
O art. 75 dispõe que as normas estabelecidas na Seção que trata da fiscalização contábil,
financeira e orçamentária são aplicáveis, no que couber, à organização, composição e fiscalização dos
Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, bem como dos Tribunais e Conselhos de Contas
dos Municípios.
Devemos notar que a expressão “no que couber” indica que nem todas as regras poderão ser
aplicadas aos Tribunais de Contas Estaduais. Como por exemplo, citamos que o STF ponderou que, em
relação a Estados novos (CF/1988, art. 235), a qualificação profissional formal não é requisito à
nomeação de Conselheiro de Tribunal de Contas Estadual e que o requisito notório saber é
pressuposto subjetivo a ser analisado pelo governador de estado, a seu juízo discricionário, deixando,
portanto, de ter como integralmente aplicáveis no novo Estado os requisitos do art. 73, § 1º, da
CF/1988.
Cabe ressaltar que o artigo 231, inciso III, da CF estabelece que nos dez primeiros anos da
criação de novo Estado o Tribunal de Contas terá três membros nomeados pelo Governador eleito,
dentre brasileiros de comprovada idoneidade e notório saber.
A Constituição Federal estabelece que os Tribunais de Contas Estaduais serão integrados por
sete Conselheiros (art. 75, parágrafo único).
No modelo federal, vimos que três Ministros do TCU são escolhidos pelo Presidente da
República, sendo um dentre Auditores, um dentre os Procuradores e um de livre escolha, e, os outros
seis escolhidos pelo Congresso Nacional.
Assim, em alinhamento a este modelo, a indicação dos Conselheiros dos Tribunais de Contas
Estaduais, do Distrito Federal e dos Municípios deve ser feita pelo Chefe Executivo local e pelo Poder
Legislativo.
O Supremo Tribunal Federal editou a súmula nº 653 dispondo que: “No Tribunal de Contas
Estadual, composto por sete conselheiros, quatro devem ser escolhidos pela Assembleia Legislativa e
três pelo Chefe do Poder Executivo Estadual, cabendo a este indicar um dentre Auditores e outro
dentre membros do Ministério Público, e um terceiros à sua livre escolha”.
O art. 1° da Lei Orgânica do TCU e do seu Regimento Interno trata das competências do
Tribunal. A maioria das competências do TCU decorre da Constituição Federal e já foi objeto de
estudo anteriormente.
Competência para auditar projetos e programas autorizados na lei orçamentária anual (inciso V do
art. 1º do RITCU)
Nos exatos termos do inciso V do art. 1º do Regimento Interno do TCU, compete ao Tribunal
auditar, por solicitação da comissão mista permanente de senadores e deputados referida no § 1º do
art. 166 da Constituição Federal, ou de comissão técnica de qualquer das casas do Congresso
Nacional, projetos e programas autorizados na lei orçamentária anual, avaliando os seus resultados
quanto à eficácia, eficiência, efetividade e economicidade.
Competência para acompanhar a arrecadação da receita (inciso IV do art. 1º da LOTCU e inciso VII
do art. 1º RITCU)
Competência para efetuar o cálculo das quotas referentes aos fundos de participação de estados e
municípios (inciso VI do art. 1º da LOTCU e inciso IX do art. 1º do RITCU)
Compete ao TCU efetuar, observada a legislação pertinente, o cálculo das quotas referentes
aos fundos de participação a que alude o parágrafo único do art. 161 da Constituição Federal,
fiscalizando a entrega dos respectivos recursos.
Diferentemente do que ocorre com os convênios, o TCU não fiscaliza a aplicação desses
recursos. Esse fato tem uma explicação simples. Os recursos dos convênios só são repassados para
outro ente, porque a União tem interesse em que o ente realize determinada ação. Dessa forma, a
União tem todo o direito de verificar se os recursos foram gastos no objeto do ajuste.
Já em relação aos recursos do FPE e FPM, a própria Constituição, no caput do art. 159, estipula
que “a União entregará (...)”. Assim, os recursos pertencem a União, uma vez que a Constituição
determina que eles serão entregues àqueles fundos. Dessa forma, não cabe ao TCU fiscalizar a
aplicação dos referidos recursos. A CF, por meio do parágrafo único do art. 161, estipulou que a
competência do TCU é de apenas efetuar o cálculo da quota que será destinada a cada Estado e
Município. A esta competência soma-se a de fiscalizar a entrega dos recursos a seus destinatários,
conforme dispõe o art. 1º, inciso IX, do RITCU.
Competência para emitir parecer prévio sobre as contas do governo de território federal (inciso VII
do art. 1º da LOTCU e inciso XII do art. 1º do RITCU)
Competência para fiscalizar, no âmbito de suas atribuições, o cumprimento das normas da Lei de
Responsabilidade Fiscal (inciso XIII do art. 1º do RITCU) e processar e julgar as infrações
administrativas contra as finanças públicas e a responsabilidade fiscal (inciso XIV do art. 1º do
RITCU)
III - medidas adotadas para o retorno da despesa total com pessoal ao respectivo limite, nos
termos dos arts. 22 e 23;
IV - providências tomadas, conforme o disposto no art. 31, para recondução dos montantes
das dívidas consolidada e mobiliária aos respectivos limites;
A LRF criou uma série de atribuições para as cortes de contas, no âmbito das suas respectivas
jurisdições. Para o TCU, entre outras, cabe apreciar as contas prestadas pelo Presidente da República.
A LRF estabelece caber aos tribunais de contas alertar os Poderes e órgãos da Administração
Pública acerca:
• do atingimento de 90% dos limites dos montantes das dívidas consolidada e mobiliária, das
operações de crédito e da concessão de garantia;
Compete ainda aos Tribunais de Contas verificar os cálculos dos limites da despesa total com
pessoal de cada Poder e órgãos.
Com referência a violações às regras aplicáveis às finanças públicas, a Lei de Crimes Fiscais (Lei
nº 10.028, de 2000) promoveu alterações no Código penal, na Lei nº 1.079, de 1950 – que define os
crimes de responsabilidade – e no Decreto-Lei nº 201, de 1967 – que dispõe sobre a responsabilidade
de prefeitos e vereadores. Além de estabelecer novas condutas passíveis de responsabilização penal,
a Lei de Crimes Fiscais estabelece uma série de condutas contra as finanças públicas tipificadas como
infrações administrativas.
Segundo o art. 5º da Lei de Crimes Fiscais, são infrações administrativas contra a lei de
finanças públicas:
• propor lei de diretrizes orçamentárias anual que não contenha as metas fiscais na forma da
lei;
Competência para aplicar sanções e adotar medidas cautelares (inciso XV do art. 1º do RITCU)
Nos termos do inciso VIII do art. 71 da CF, compete exclusivamente ao TCU aplicar aos
responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa ou irregularidade de contas, as sanções previstas em
lei, que estabelecerá, entre outras cominações, multa proporcional ao dano causado ao erário.
Como vimos, além de sanções previstas em sua lei orgânica, a Lei nº 10.028, de 2000, que
disciplina os crimes fiscais, em seu art. 5º, estabelece que as infrações administrativas serão
processadas e julgadas pelo Tribunal de Contas a que competir a fiscalização. Caso o tribunal verifique
a existência de infração, poderá aplicar multa de 30% sobre os vencimentos do agente infrator.
De acordo com a sua Lei Orgânica e Regimento Interno, o TCU pode aplicar aos responsáveis,
em caso de ilegalidade de despesa ou irregularidade de contas, e outras hipóteses, as seguintes
sanções, isolada ou cumulativamente:
Multa sem débito. Se as contas forem julgadas irregulares, sem que haja condenação em
débito, e por não atendimento de diligência ou determinação do Tribunal, por obstrução ao livre
exercício de inspeções ou auditorias e por sonegação de processo, documento ou informação, o
Tribunal aplicará ao responsável a multa prevista no art. 58, inciso I, da lei 8.443/92, nos limites
fixados no Regimento Interno (dosimetria). Cabe destacar que, por se tratar de sanção de natureza
pecuniária, as multas tanto podem ser aplicadas a pessoas físicas quanto jurídicas, desde que se
comprove que ambas contribuíram de forma direta para a existência do prejuízo.
Inabilitação para cargo/função. Pode ainda o Tribunal, por deliberação exclusiva do Plenário,
no caso de contas julgadas irregulares, com ou sem débito, inabilitar o responsável para o exercício
de cargo em comissão ou função de confiança na Administração Pública federal por período ente
cinco e oito anos, desde que a irregularidade seja considerada grave pela maioria absoluta dos
Ministros.
Declaração de inidoneidade do licitante. Existe ainda uma sanção que, apesar de não ser uma
consequência do julgamento pela irregularidade das contas, ao contrário, poderá a pena ser aplicada
em outros processos, tais como auditorias e denúncias, o Tribunal poderá, comprovada a existência
de fraude à licitação, declarar a inidoneidade do licitante fraudador para participar de licitação
perante a Administração Pública federal pelo prazo de até cinco anos.
Cumpre destacar, ainda, que as penalidades aplicadas pelo Tribunal de Contas não excluem a
aplicação de sanções penais e de outras sanções administrativas, estas últimas pelas autoridades
competentes. Ressalte-se, também, que a legislação eleitoral prevê a inelegibilidade, por um período
de cinco anos, dos responsáveis por contas irregulares. Todavia, não cabe ao TCU declarar a
inelegibilidade e sim ao Tribunal Eleitoral.
Esta competência decorre da Lei Orgânica do Tribunal e da Lei nº 8.730, de 1993, que
estabelece a obrigatoriedade da apresentação de declaração de bens, com indicação das fontes de
renda, no momento da posse ou, inexistindo esta, na entrada em exercício do cargo, emprego ou
função. Bem como no final de cada exercício financeiro, no término da gestão ou mandato e nas
hipóteses de exoneração, renúncia ou afastamento definitivo, por parte de determinadas autoridades
e servidores públicos dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.
Competência para decidir sobre denúncias e representações (incisos XXIV e XXVI do art. 1º do
RITCU)
A competência para decidir sobre denúncias vem da CF, conforme já visto, e é repetida na
LOTCU (inciso XVI do art. 1º), que não fala de representações.
O § 2º do art. 74 da Lei Maior estatui que “qualquer cidadão, partido político, associação ou
sindicato é parte legítima para, na forma da lei, denunciar irregularidades ou ilegalidades perante o
Tribunal de Contas da União”.
Vale ressaltar que a denúncia e a representação são institutos similares, mas diferenciados por
particularidades significativas, em especial, os legitimados para apresentar um e outro. As denúncias
podem ser encaminhadas por qualquer cidadão, partido politico, associação ou sindicato. A lista é
exaustiva. Por seu turno, representações serão encaminhadas por força da lei, como no caso do art.
113, § 1º, da Lei de Licitações e Contratos (Lei nº 8.666, de 1993).
Competência para decidir sobre consultas (inciso XVII do art. 1º da LOTCU e inciso XXV do art. 1º do
RITCU)
A consulta está prevista na Lei Orgânica do Tribunal, inciso XVII do art. 1º, in verbis:
XVII - decidir sobre consulta que lhe seja formulada por autoridade competente, a respeito de
dúvida suscitada na aplicação de dispositivos legais e regulamentares concernentes a matéria
de sua competência, na forma estabelecida no Regimento Interno.
A primeira coisa a ser notada é que consultas devem ser formuladas por quem seja
competente para tanto. A outra é a matéria sobre a qual a consulta poderá versar: dúvida na
aplicação de dispositivos legais e regulamentares abrangidos pela jurisdição da Corte de Contas.
A consulta não poderá versar sobre fato ou caso concreto, e sua resposta tem caráter
normativo, constituindo prejulgamento da tese (art. 1º, § 2º, da LOTCU).
A definição de quem é legitimado para formular consulta foi delegada pela Lei Orgânica ao
Regimento Interno.
Art. 264. O Plenário decidirá sobre consultas quanto a dúvida suscitada na aplicação de
dispositivos legais e regulamentares concernentes à matéria de sua competência, que lhe
forem formuladas pelas seguintes autoridades:
I – presidentes da República, do Senado Federal, da Câmara dos Deputados e do Supremo
Tribunal Federal;
II – Procurador-Geral da República;
III – Advogado-Geral da União;
IV – presidente de comissão do Congresso Nacional ou de suas casas;
V – presidentes de tribunais superiores;
VI – ministros de Estado ou autoridades do Poder Executivo federal de nível hierárquico
equivalente;
VII – comandantes das Forças Armadas.
§ 1º As consultas devem conter a indicação precisa do seu objeto, ser formuladas
articuladamente e instruídas, sempre que possível, com parecer do órgão de assistência técnica
ou jurídica da autoridade consulente.
§ 2º Cumulativamente com os requisitos do parágrafo anterior, as autoridades referidas nos
incisos IV, V, VI e VII deverão demonstrar a pertinência temática da consulta às respectivas
áreas de atribuição das instituições que representam.
§ 3º A resposta à consulta a que se refere este artigo tem caráter normativo e constitui
prejulgamento da tese, mas não do fato ou caso concreto.
§ 4º A decisão sobre processo de consulta somente será tomada se presentes na sessão pelo
menos sete ministros, incluindo ministros-substitutos convocados, além do Presidente.
Art. 265. O relator ou o Tribunal não conhecerá de consulta que não atenda aos requisitos do
artigo anterior ou verse apenas sobre caso concreto, devendo o processo ser arquivado após
comunicação ao consulente.
Competência para fiscalizar a aplicação dos recursos repassados ao Comitê Olímpico Brasileiro e ao
Comitê Paraolímpico Brasileiro por força da legislação vigente (inciso XXVII do art. 1º do RITCU)
A Lei nº 10.264, de 2001 (Lei Agnelo/Piva), modificando a Lei nº 9.615, de 1998, determina que
dois por cento da arrecadação bruta de todas as loterias federais do país sejam repassados ao Comitê
Olímpico Brasileiro (COB) e ao Comitê Paraolímpico Brasileiro (CPB). O repasse dos recursos deve
obediência às regras aplicáveis a convênios.
O § 5º do art. 56 da referida Lei atribui ao TCU a competência para fiscalizar a aplicação dos
recursos repassados ao COB e ao CPB.
Em 1963, foi editado o Enunciado nº 347 da Súmula de Jurisprudência do STF, o qual dispôs ser
cabível aos Tribunais de Contas, no exercício de suas atribuições, apreciar a constitucionalidade de
leis e atos normativos do poder público. O Enunciado nº 347 foi editado em 13/12/1963, nos autos do
Mandado de Segurança – MS nº 8.372/Ceará, de Relatoria do Ministro Pedro Chaves. Apreciava-se, na
espécie, recurso impetrado por um Delegado de Polícia contra decisão do Tribunal de Contas do
Ceará que negara registro ao seu ato de aposentadoria, e, ainda, contra decisão do Tribunal de Justiça
do Estado do Ceará, que mantivera a decisão daquele Tribunal de Contas.
Nego provimento ao recurso. Considerando sem efeito a lei que servira de fundamento ao ato
de aposentadoria do recorrente, não poderia ser feito o registro por falta de supedâneo
jurídico. A meu ver o acórdão recorrido bem decidiu a espécie, mas não posso deixar de lhe
opor um reparo de ordem doutrinária, pois não quero ficar vinculado a uma tese que tenho
constantemente repelido. Entendeu o julgado que o Tribunal de Contas não poderia declarar a
inconstitucionalidade da lei. Na realidade, esta declaração escapa à competência específica
dos Tribunais de Contas. Mas há que distinguir entre declaração de inconstitucionalidade e
não aplicação de leis inconstitucionais, pois esta é a obrigação de qualquer tribunal ou órgão
de qualquer dos poderes do Estado. Feita essa ressalva, nego provimento ao recurso.
Com base na leitura do voto acima, é possível notar que o Relator não tencionou deferir ao
Tribunal de Contas a faculdade de declarar a inconstitucionalidade de leis, eis que tal competência
não lhe competiria.
O que fora enfatizado na decisão que serviu de fundamento à edição da Enunciado nº 347 foi a
obrigatoriedade, não só do Tribunal de Contas, mas de qualquer tribunal ou órgão de qualquer dos
poderes do Estado, de negar aplicação a leis inconstitucionais.
É forçoso reconhecer que, embora o Enunciado Sumular nº 347 faça menção expressa à
faculdade de o Tribunal de Contas apreciar a constitucionalidade das leis, tal competência não lhe
fora deferida, por meio daquela Súmula, em razão de sua missão institucional, mas sim com base no
entendimento de que qualquer órgão ou tribunal deveria negar aplicação à lei por ele considerada
inconstitucional.
Já o art. 28, inciso X do RITCU informa que compete ao Presidente do TCU votar quando se
aprecia inconstitucionalidade de lei ou de ato normativo do poder público.
Vale ressaltar, por fim, que em outros julgados do STF, chama atenção a existência de
discordância no próprio seio do STF em relação ao exercício do controle de constitucionalidade
incidental pelo TCU, em que pese a existência de jurisprudência sumulada sobre o tema na própria
Suprema Corte.
TOME NOTA: De todo modo, para o concurso, temos que compete sim ao TCU exercer o controle da
constitucionalidade de leis e atos, no caso concreto, ao apreciar processos que lhe compete. O TCU,
contudo, apenas afasta a incidência da lei ou do ato normativo, por considerá-lo inconstitucional,
mas não promove nenhuma declaração de inconstitucionalidade.
O art. 276 do Regimento Interno do Tribunal de Contas da União possibilita ao Plenário, ao Re-
lator e ao Presidente, em casos de urgência, fundado receio de grave lesão ao erário, ao interesse
público, ou de risco de ineficácia da decisão de mérito, adotar medida cautelar, na qual se
determinará, entre outras providências, a suspensão do ato ou do procedimento impugnado até a
deliberação de mérito do Tribunal.
Entretanto, enquanto no Código de Processo Civil há previsão expressa tanto das cautelares
nominadas quanto do poder cautelar genérico do magistrado, a Lei nº 8.443/1992 silencia quanto a
esse poder.
Essa questão, da possibilidade de o TCU exercer o poder cautelar, não passou ao largo do
Supremo Tribunal Federal. No mandado de segurança nº 24.510, relatado pela Ministra Ellen Grace
(julgado em 19/11/2003, DJ 19-03-2004 PP-00018 EMENT VOL-02144-02 PP-00491 RTJ VOL-00191-03
PP- 00956), o Plenário daquela Corte assegurou o poder cautelar ao TCU.
Consta da ementa desse julgado que o TCU “tem competência para fiscalizar procedimentos
de licitação, determinar suspensão cautelar (artigos 4º e 113, § 1º e 2º da Lei nº 8.666/93), examinar
editais de licitação publicados e, nos termos do art. 276 do seu Regimento Interno, possui
legitimidade para a expedição de medidas cautelares para prevenir lesão ao erário e garantir a
efetividade de suas decisões”.
O Ministro Cezar Peluso defendeu o poder cautelar do TCU com base nos princípios da
legalidade e da moralidade, além de fazer analogia com o poder jurisdicional. O Ministro Celso de
Mello recorreu à teoria dos poderes implícitos. Segue trecho de seu voto:
Isso significa que a atribuição de poderes explícitos, ao Tribunal de Contas, tais como
enunciados no art. 71 da Lei Fundamental da República, supõe que se lhe reconheça, ainda
que por implicitude, a titularidade de meios destinados a viabilizar a adoção de medidas
cautelares vocacionadas a conferir real efetividade às suas deliberações finais, permitindo,
assim, que se neutralizem situações de lesividade, atual ou iminente, ao erário público.
Impende considerar, no ponto, em ordem a legitimar esse entendimento, a formulação que se
fez em torno dos poderes implícitos, cuja doutrina, construída pela Suprema Corte dos Estados
Unidos da América, no célebre caso McCULLOCH v. MARYLAND (1819), enfatiza que a outorga
de competência expressa a determinado órgão estatal importa em deferimento implícito, a
esse mesmo órgão, dos meios necessários à integral realização dos fins que lhe foram
atribuídos.
(...)
É por isso que entendo revestir-se de integral legitimidade constitucional a atribuição de
índole cautelar, que, reconhecida com apoio na teoria dos poderes implícitos, permite, ao
Tribunal de Contas da União, adotar as medidas necessárias ao fiel cumprimento de suas
funções institucionais e ao pleno exercício das competências que lhe foram outorgadas,
diretamente, pela própria Constituição da República.
Não fora assim, e desde que adotada, na espécie, uma indevida perspectiva reducionista,
esvaziar-se-iam, por completo, as atribuições constitucionais expressamente conferidas ao
Tribunal de Contas da União.
(...)
Na realidade, o exercício do poder de cautela, pelo Tribunal de Contas, destina-se a garantir a
própria utilidade da deliberação final a ser por ele tomada, em ordem a impedir que o
Por fim, o Ministro Sepúlveda Pertence também ressaltou que “nenhum poder decisório
constitucional é dado para tornar-se ineficaz: e, por isso, tenho como implícito, na forma que outorga
o poder de decidir, o poder cautelar necessário a garantir a eficácia da eventual decisão futura”.
No MS 23.560 (Plenário), impetrado perante o STF, essa questão foi tratada. O TCU, por meio
do Acórdão nº 45/1999 e da Decisão nº 469/1999, determinou a anulação de contrato firmado entre
o TRT da 2ª Região e a impetrante que tratava da venda de imóvel. O relator, ministro Marco Aurélio,
considerou que falecia competência ao TCU para determinar o afastamento do cenário jurídico de
escritura de compra e venda (contrato).
Após pedido de vista, o ministro Nelson Jobim afirmou que a escritura de compra e venda em
verdade seria um contrato para a execução de uma obra. Considerou que o relator atribuiu eficácia
desconstitutiva à determinação do TCU (em relação ao contrato), quando, na verdade, haveria
simplesmente efeito mandamental (determinação para anular contrato). Dessa forma, votou pela
denegação da ordem.
O presidente do STF, à época, ministro Maurício Corrêa, afirmou que o TCU, ao examinar a
nulidade de contrato, “agiu no estrito cumprimento do que determina a Constituição Federal. Com
efeito, se entendêssemos que seria o caso de deferir a segurança, estaríamos inibindo a própria
atividade do Tribunal de Contas”. Assim, acompanhou a divergência.
Outro exemplo dessa atuação do TCU consistiu na Decisão nº 621/1999, por meio da qual o
TCU determinou a anulação de concorrência e do contrato dela decorrente, em razão de imprecisões
na definição do objeto contratado terem inviabilizado o julgamento objetivo das propostas.
Dissentiram a ministra Ellen Gracie e os ministros Nelson Jobim e Celso de Mello. Nos termos
da dicção do ministro Celso de Mello: o TCU “não sustou o contrato, mesmo porque ele não dispunha
de competência constitucional para tanto, mas limitou-se a cientificar quem teria competência para
sustá-lo, (...)”.
O relator, ministro Dias Toffoli, assentou que o TCU não é um tribunal administrativo no
sentido francês, em razão do princípio da inafastabilidade da jurisdição. Também ressaltou a
jurisprudência do STF, assentada no MS 23.550, e afirmou que a participação do TCU no processo de
anulação, resolução ou resilição de contratos, limita-se a determinar essa conduta à autoridade.
Eventual desrespeito à decisão do TCU seria discutido em outra esfera.
Esse tema foi recentemente objeto de discussão nos autos do MS 29.599 (sessão da 1ª Turma
de 7/5/2013). Nesse processo discute-se imputação de débito solidário a gestor público e a
empreiteira em razão de sobrepreço em obras rodoviárias.
O relator, ministro Dias Toffoli, defendeu a correção da deliberação do TCU, pois a Corte de
Contas pode expedir determinações para o cumprimento da lei, citou como precedente o MS 26.000.
Acrescentou que a devolução dos valores decorreria de ilegalidade geradora de dano ao erário. Esse
entendimento foi acompanhado pelo ministro Luiz Fux.
O ministro Marco Aurélio abriu divergência e repisou posição externada nos MS 23.550 e
23.560, no sentido de que o TCU não poderia sustar um contrato, quanto mais impor a um particular
uma obrigação de dar. Defendeu que o TCU deveria meramente extrair cópia dos autos e remetê-las à
AGU. Houve pedido de vista da ministra Rosa Weber, estado em que se encontra.
Observa-se que o entendimento não unânime do STF consiste na inviabilidade de o TCU anular
ou alterar diretamente um contrato administrativo, assim, sua deliberação não teria caráter
desconstitutivo. Porém, a Corte de Contas pode expedir determinações para que o órgão/a entidade
anule o contrato, ou seja, aceita-se a natureza mandamental da deliberação, desde que facultada a
ampla defesa e o contraditório.
O TCU NÃO fiscaliza a aplicação de quaisquer recursos transferidos pela União a estados e
municípios. No caso dos Fundos de Participação de Estados e Municípios (repassados pela União
por determinação constitucional), o TCU calcula as cotas e fiscaliza a entrega dos recursos. Quem
fiscaliza a aplicação desses recursos são os Tribunais de Contas locais.
O TCU NÃO julga atos sujeitos a registro (admissões de pessoal, aposentadorias etc), mas sim,
aprecia-os, verificando a sua conformidade às normas legais. Ao verificar ilegalidade no ato NÃO
pode o TCU, de ofício, corrigir o vício. Com relação à admissão de pessoal, NÃO cabe ao TCU
apreciar, para fins de registro, a legalidade das nomeações para cargos de provimento em
comissão, sem prejuízo de fiscalizá-los. Diferentemente dos atos de admissão de pessoal, o
Tribunal somente se preocupa com as aposentadorias e pensões relacionadas aos servidores
estatutários. Quanto às concessões de aposentadorias, reformas e pensões, o TCU NÃO aprecia
as melhorias posteriores que NÃO alterem o fundamento legal do ato concessório.
SÚMULA VINCULANTE Nº 3 DO STF: Nos processos perante o tribunal de contas da união asseguram-
se o contraditório e a ampla defesa quando da decisão puder resultar anulação ou revogação de ato
administrativo que beneficie o interessado, excetuada a apreciação da legalidade do ato de
concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão.
COMPETÊNCIA PARA DETERMINAR A ANULAÇÃO DE CONTRATO: O TCU – embora não tenha poder
para anular ou sustar contratos administrativos – tem competência, conforme o art. 71, IX, para
determinar à autoridade administrativa que promova a anulação do contrato e, se for o caso, da
licitação de que se originou (Mandado de Segurança 23.550).
FUNÇÃO CAUTELAR: O TCU tem competência para fiscalizar procedimentos de licitação, determinar a
suspensão cautelar (artigos 4° e 113, § 1° e 2° da Lei n° 8.666/93), examinar editais de licitação
publicados e, nos termos do art. 276 do seu Regimento Interno, possui legitimidade para a expedição
de medidas cautelares para prevenir lesão ao erário e garantir a efetividade de suas decisões
(Mandado de Segurança 24.510).
JURISDIÇÃO DO TCU
Inicialmente, é importante definirmos o que seja jurisdição. O termo jurisdição vem do latim e
é a aglutinação de JURIS + DIÇÃO. O termo JURIS significa Direito e o termo DIÇÃO significa dizer, logo
jurisdição significa dizer do direito. Dessa forma, quando afirmamos que a jurisdição do Tribunal de
Contas da União abrange as sociedades de economia mista, estamos dizendo que o TCU pode dizer o
direito para aquelas sociedades.
Vimos anteriormente que alguns doutrinadores entendem que é inapropriado dizer que o TCU
possui jurisdição, pois, segundo eles, somente o Poder Judiciário pode dizer o direito.
Prosseguindo, temos que a jurisdição do Tribunal de Contas da União é tratada tanto na Lei
Orgânica do Tribunal bem como no seu Regimento Interno, por intermédio dos mesmos artigos: 4º e
5º. Como o tema é abordado de forma mais completa no RITCU, vamos estudar o assunto com base
nesse normativo, que assim dispõe:
Art. 4º O Tribunal de Contas da União tem jurisdição própria e privativa, em todo o território
nacional, sobre as pessoas e matérias sujeitas à sua competência.
Desse dispositivo, cabe chamar a atenção para o fato de que somente o Tribunal pode dizer o
direito, em matérias de sua competência, para as pessoas mencionadas no art. 5º do RITCU. Assim,
por exemplo, não pode o Poder Judiciário adentrar ao mérito das questões afetas ao Tribunal de
Contas da União, como já estudamos anteriormente.
Outra conclusão a ser extraída do art. 4º é a que a jurisdição do TCU só abrange as matérias
sujeitas a sua competência. Por exemplo, caso um servidor desvie um recurso público, cabe ao TCU
condená-lo ao ressarcimento do valor subtraído, juntamente com alguma sanção prevista em lei. Não
poderia o Tribunal condenar o servidor pelo crime de peculato, pois somente o Poder Judiciário
possui competência para condená-lo pelo crime.
Vamos ver, então, quem são as pessoas sujeitas à jurisdição do TCU. Nos termos do art. 5º do
RITCU, a jurisdição do Tribunal abrange:
I - qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada que utilize, arrecade, guarde,
gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União responda ou
que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária.
Por esse dispositivo, qualquer órgão ou entidade pública está alcançado pela jurisdição do
TCU, incluindo-se também as autarquias especiais, as agências reguladoras e executivas e as
sociedades de economia mista. Do mesmo modo, pode o TCU dizer do direito para as organizações
sociais ou qualquer entidade privada que receba recursos públicos para a sua administração.
II - aqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte dano
ao erário.
O inciso I, como vimos, estabelece a jurisdição do TCU para todas as pessoas ou responsáveis
que utilizam, arrecadam, guardam, gerenciam ou administram dinheiros, bens e valores públicos.
Já o inciso II em comento amplia a jurisdição do Tribunal para todos aqueles que derem causa
a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte dano ao erário.
Assim, caso um servidor público, que não esteja na condição de gestor ou de ordenador de
despesas, cause um dano ao erário, estaria alcançado pela jurisdição do TCU. Esse é o caso, por
exemplo, de um servidor que, ao utilizar um notebook em serviço externo, por descuido, deu causa ao
extravio desse bem. Portanto, pelo dispositivo, caberia ao TCU dizer do direito sobre o fato ocorrido,
podendo ser constituído um processo de tomada de contas especial a ser apreciado pelo Tribunal.
Quando um servidor ou agente público causa um prejuízo ao erário, não há dúvida de que esta
pessoa estará alcançada pela jurisdição do TCU, já que estará caracterizada a gestão de recursos ou
bens públicos. Aqui se inclui a hipótese de um particular que esteja guardando ou administrando bens
em nome do Estado. Se causar prejuízo, estará alcançado pela jurisdição do TCU.
Diferente é o caso do particular, sem vínculo com a administração pública, que não está
praticando ato de gestão, mas causa prejuízo ou dano ao erário.
Já a hipótese em que o particular age sem a solidariedade de agente público e causa prejuízo
ao erário apresenta uma polêmica interessante. Dando um exemplo prático: se um particular
depredar uma vidraça de prédio público ou se bater com o seu veículo contra um veículo oficial da
polícia estará sujeito à jurisdição do TCU? Estará sujeito a uma tomada de contas especial a ser
apreciada pelo Tribunal?
Esse entendimento, contudo, não é acompanhado pelo CESPE. Vejam a seguinte questão do
CESPE sobre o tema, que constou da prova de Analista de Controle Externo do Tribunal de Contas da
União de 2009:
(TCU/CESPE/2009) O cidadão que, em meio a uma manifestação pública, for identificado como o
responsável pela destruição de um veículo de uma universidade pública constituída na forma de
fundação, estará sujeito a julgamento pelo TCU, em razão do ato que praticou.
A questão foi considerada como CERTA pela banca, o que surpreendeu muitos candidatos que
fizeram a prova.
O entendimento do CESPE guarda respaldo com os exatos termos da CF (inciso II do art. 71),
que estabelece a competência do TCU de julgar as contas de todos aqueles que derem causa a perda,
extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público. Nesse sentido, o
responsável pela destruição de um veículo de uma universidade pública constituída na forma de
fundação, estará sujeito a julgamento pelo TCU, em razão do ato que praticou. O Tribunal poderá até
dispensar outro tratamento, determinando que o administrador da fundação tome as medidas
cabíveis para que o dano seja ressarcido, mas, por força constitucional, há a competência judicante do
TCU, em virtude do dano ao erário.
Nessa linha de entendimento, cabe analisar o que dispõe a jurisprudência do TCU, consolidada
na Súmula 187 do Tribunal, cujo teor é o seguinte:
SÚMULA Nº 187
Sem prejuízo da adoção, pelas autoridades ou pelos órgãos competentes, nas instâncias,
próprias e distintas, das medidas administrativas, civis e penais cabíveis, dispensa-se, a juízo
do Tribunal de Contas, a tomada de contas especial, quando houver dano ou prejuízo
financeiro ou patrimonial, causado por pessoa estranha ao serviço público e sem conluio
com servidor da Administração Direta ou Indireta e de Fundação instituída ou mantida pelo
Poder Público, e, ainda, de qualquer outra entidade que gerencie recursos públicos,
independentemente de sua natureza jurídica ou do nível quantitativo de participação no
capital social.
Repare que a jurisprudência sumulada do TCU não exclui, nesse caso, a jurisdição do Tribunal.
Ou seja, o particular estaria, sim, sujeito à jurisdição da Corte de Contas e à TCE, podendo este
procedimento ser dispensado, a juízo do Tribunal de Contas.
É bem verdade que, com base na súmula 187, em diversos processos, o TCU tem manifestado
o entendimento de não caber a TCE ou a responsabilização pelo Tribunal quando houver dano ou
prejuízo financeiro ou patrimonial, causado por pessoa estranha ao serviço público e sem conluio com
servidor da Administração Direta ou Indireta e de Fundação instituída ou mantida pelo Poder Público.
Nesse sentido, o Tribunal firmou entendimento de que pode haver situações em que a
natureza da operação que provocou o dano ao erário não justifica ou não recomenda a atuação do
[...] Assim, por força do dispositivo acima transcrito, embora empresas privadas não estejam
sujeitas a prestar contas ordinárias (art. 70, parágrafo único, da CF), estão sujeitas ao processo
de tomada de contas especial, se porventura derem causa a dano ao Erário.
Para reforçar o entendimento, o art. 5º, inciso II da Lei 8.443/92 definiu que a "jurisdição" do
TCU abrange "aqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que
resulte dano ao erário".
Nesse sentido, aliás, direciona o Enunciado nº 187 da Súmula de Jurisprudência do TCU, abaixo
transcrita. Tal Enunciado estabelece que fica a critério do TCU a instauração de TCE nos casos
em que o prejuízo ao Erário tenha sido causado por pessoa estranha ao serviço público, sem o
conluio com servidor da Administração, o que plenamente reafirma a competência desta Corte
sobre essas pessoas:
"sem prejuízo da adoção, pelas autoridades ou pelos órgãos competentes, nas instâncias
próprias e distintas, das medidas administrativas, civis e penais cabíveis, dispensa-se, a juízo
do Tribunal de Contas, a tomada de contas especial, quando houver dano ou prejuízo
financeiro ou patrimonial, causado por pessoa estranha ao serviço público e sem conluio com
servidor da Administração Direta ou Indireta e de Fundação instituída ou mantida pelo Poder
Público, e, ainda, de qualquer outra entidade que gerencie recursos públicos,
independentemente de sua natureza jurídica ou do nível quantitativo de participação no
capital social." (grifei)
Assim, não poderia interpretação de norma legal ou de dispositivo regimental restringir o
alcance da jurisdição do TCU conferida pela Constituição Federal de 1988, porquanto a lei e o
regimento se interpretam a partir da Constituição e não o contrário.
Tribunal sobre o particular, poderá ser dispensada, a juízo do Tribunal de Contas, a tomada de
contas especial.
Importante nesse inciso é definir o que sejam empresas encampadas ou que estejam sob
intervenção. A encampação é instituto do Direito administrativo. A Lei 8.987, de 13/2/1998, que
dispõe sobre o regime de concessão e permissão da prestação de serviços públicos, previsto no art.
175 da CF, define o instituto da seguinte forma:
Art. 37. Considera-se encampação a retomada do serviço pelo poder concedente durante o
prazo da concessão, por motivo de interesse público, mediante lei autorizativa específica e
após prévio pagamento da indenização, na forma do artigo anterior.
Dessa forma, caso o poder público decida retomar a prestação de um serviço de transporte
que vinha sendo prestado, por meio de concessão, por uma determinada empresa de ônibus, valer-
se-á do instituto da encampação.
A intervenção está também disciplinada na Lei nº 8.987/95, em seu art. 32, dispõe:
Art. 32. O poder concedente poderá intervir na concessão, com o fim de assegurar a
adequação na prestação do serviço, bem como o fiel cumprimento das normas contratuais,
regulamentares e legais pertinentes.
Parágrafo único. A intervenção far-se-á por decreto do poder concedente, que conterá a
designação do interventor, o prazo da intervenção e os objetivos e limites da medida.
V - os responsáveis pelas contas nacionais das empresas supranacionais de cujo capital social
a União participe, de forma direta ou indireta, nos termos do tratado constitutivo.
O inciso V refere-se ao caso das empresas supranacionais de que o Brasil faça parte. Assim,
neste caso, os gestores das verbas federais brasileiras da empresa binacional estão sob a jurisdição do
TCU.
Por esse dispositivo, estão sob a jurisdição do TCU os sindicatos (em função de que a
contribuição sindical tem natureza tributária) e os serviços sociais autônomos (SESC, SEBRAE, SESI,
SENAC etc).
VII - todos aqueles que lhe devam prestar contas ou cujos atos estejam sujeitos à sua
fiscalização por expressa disposição de lei.
Como exemplo do inciso VII, podemos citar as Organizações Sociais, que por força da Lei
9.637/98 estão sujeitas à fiscalização do TCU e prestam contas ao Tribunal.
As Fundações de Apoio são alcançadas pelo TCU, mas dispensadas de prestar contas.
Outros exemplos do inciso VII são o Comitê Olímpico Brasileiro e o Comitê Paraolímpico
Brasileiro, que se enquadram nesta hipótese, em função de Lei Agnelo/Piva (Lei 9.615/98) direcionar
recursos da loteria a essas entidades para financiar os esportes e prever a atuação fiscalizadora do
TCU. Sujeitam-se à atuação fiscalizadora do TCU, mas não prestam contas ordinárias ao Tribunal.
VIII - os responsáveis pela aplicação de quaisquer recursos repassados pela União, mediante
convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos congêneres, a Estado, ao Distrito Federal ou
a Município.
No caso do FPE e FPM, não cabe a ação fiscalizadora do TCU quanto à aplicação dos recursos,
pois esses recursos pertencem aos estados e municípios. O TCU apenas calcula as quotas e fiscaliza a
entrega dos recursos pela União.
Anoto que, apesar da jurisdição do TCU quanto à boa e regular aplicação desses recursos,
mediante fiscalização, os estados, o Distrito Federal, os municípios e as pessoas físicas ou entidades
privadas, quando beneficiários de transferência de recursos federais, incluindo auxílios, subvenções,
O inciso IX apresenta uma garantia aos herdeiros. Por esse dispositivo, os sucessores só
precisam responder por eventuais dívidas herdadas até o limite do patrimônio transferido. A
reparação do dano transmite-se aos herdeiros, até o limite do patrimônio transferido, mas não se
transfere a obrigação de pagar a multa, pois é personalíssima, ante o seu caráter punitivo.
Esses representantes da União estão sujeitos ao controle do TCU na medida de seus atos,
mesmo que a participação da União seja minoritária. Por exemplo, a União detém 49% das ações da
Terracap, sendo 51% do GDF, o que dá ao Distrito Federal o controle e a competência fiscalizadora
plena, inclusive mediante o julgamento das contas da entidade pelo Tribunal de Contas do DF.
Contudo, o TCU poderá responsabilizar os representantes da União nos conselhos da empresa, em
caso de decisões ou atos omissivos que causem prejuízo aos cofres da empresa e, por consequência, à
União.
ATENÇÃO: Quem preside as Câmaras? Uma pela Vice-Presidente do Tribunal e a outra pelo ministro
mais antigo no exercício do cargo, designados pelo Presidente do TCU na primeira sessão ordinária
de cada ano.
Muita atenção quanto às competências do Plenário comparadas com as das Câmaras. Vamos
relembrar algumas no quadro a seguir:
TIPOS DE FISCALIZAÇÃO
A fiscalização poderá ser realizada, por iniciativa própria (de ofício) ou por solicitação da Câmara dos
Deputados, do Senado Federal, de Comissão técnica ou de inquérito, por meio de inspeções e
auditorias. Cabe lembrar que um Deputado ou um Senador isoladamente não tem competência para
solicitar ao TCU a realização de fiscalização.
A aplicação de recursos transferidos voluntariamente pela União, mediante convênio, para Estados e
Municípios é fiscalizada pelo TCU, inclusive as prestações de contas. Cuidado: o ente recebedor dos
recursos presta contas ao órgão que transferidor, mas o TCU pode fiscalizar as contas e a execução do
objeto do convênio, pois os recursos são federais.
O TCU NÃO tem competência para fiscalizar a aplicação de todos os recursos que a União
obrigatoriamente repassa a Estados, Distrito Federal e Municípios. Alguns desses repasses têm
estatura constitucional e os demais são determinados apenas pela lei. Dos repasses constitucionais,
ao TCU NÃO compete fiscalizar a aplicação dos recursos entregues por conta do Fundo da
Participação dos Estados (FPE), do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) e do Fundo a que se
refere o inciso XIV do art. 21 da CF, para a execução de serviços públicos do Distrito Federal. Por
iniciativa própria, o TCU também NÃO fiscaliza a aplicação de valores entregues a Estados, DF e
Municípios a título de participação no resultado da exploração de petróleo ou gás natural, de recursos
hídricos para fins de geração de energia elétrica e de outros recursos minerais no respectivo
ATENÇÃO: Dê uma revisada na atuação fiscalizadora do TCU prevista nas seguintes leis:
- Art. 113 da Lei 8.666/93 (licitações) fiscalização e representações de licitantes;
- Arts. 15 e 21 da Lei 8.429/92 (Lei de Improbidade Administrativa);
- Lei Complementar nº 101/2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal);
- Lei 12.465/2011 (LDO 2012): competência fiscalizadora do TCU sobre as obras públicas em parceria
com a CMO (Capítulos VIII e IX).
TIPOS DE FISCALIZAÇÃO
- Auditoria
Quanto ao instrumento - Inspeção
de fiscalização - Levantamento
- Acompanhamento
- Monitoramento
DELIBERAÇÕES E RECURSOS
Muito cobrado: O regimento interno do Tribunal somente poderá ser alterado mediante aprovação,
pela maioria absoluta de seus ministros.
Inabilitação para cargo/função. Pode o Tribunal, por deliberação exclusiva do Plenário, no caso de
contas julgadas irregulares, com ou sem débito, inabilitar o responsável para o exercício de cargo em
comissão ou função de confiança na Administração Pública federal por período ente cinco e oito anos,
DESDE QUE A IRREGULARIDADE SEJA CONSIDERADA GRAVE PELA MAIORIA ABSOLUTA DOS
MINISTROS.
ATENÇÃO:
⇒ NÃO cabe recurso de decisão que rejeitar alegações de defesa, converter processo em TCE ou
determinar sua instauração, nem da que determinar a realização de citação, audiência,
diligência, inspeção ou auditoria.
⇒ Nos embargos de declaração, no agravo e no pedido de reexame em processo de fiscalização de
ato ou contrato NÃO é obrigatória a audiência do Ministério Público. Nos demais recursos, é
obrigatória.
IMPORTANTE: Nos processos em tramitação no TCU não é obrigatório que a parte esteja
representada por advogado. As partes podem praticar os atos processuais diretamente ou por
intermédio de procurador regularmente constituído, ainda que não seja advogado.
DEFINIÇÃO DO RELATOR:
• Sorteio das LUJs (1º sessão ordinária do Plenário do mês de julho nos anos pares)
• Sorteio de processos específicos (recursos, auditoria coordenada, projetos de atos normativos
etc)
• Sorteio do relator das contas do Presidente da República
SUSTENTAÇÃO ORAL:
• Produzida após a apresentação do relatório e antes da leitura do voto resumido do relator,
desde que requerida ao Presidente do colegiado até 4 horas antes do início da sessão
• Após o pronunciamento do MPjTCU, a parte ou seu procurador falará uma única vez por 10
minutos (pode ser prorrogado por + 10 min)
• + de uma parte com mesmo procurador: 10 min
• Partes com interesses opostos: cada parte fala por 10 min
• + de uma parte com procuradores diferentes: 2 x 10 min/quantidade de procuradores
• Durante a discussão e o julgamento pode ser concedida a palavra à parte ou a seu procurador
para estrito esclarecimento de matéria de fato
• Não se admitirá sustentação oral no julgamento de consulta, embargos de declaração, agravo
e medida cautelar
ARQUIVAMENTO DE PROCESSO:
• O processo será encerrado no sistema informatizado de controle de processos, mediante
despacho do dirigente da unidade técnica, nas seguintes situações:
I - quando houver decisão do relator ou de colegiado pelo apensamento definitivo a outro
processo;
II - quando houver decisão do relator, de colegiado ou da Presidência pelo seu encerramento,
após efetuadas as comunicações determinadas e expirados os prazos dos recursos cabíveis
dotados de efeito suspensivo;
III - nos casos de decisões definitivas ou terminativas, após a adoção das providências nelas
determinadas e a efetivação das competentes comunicações;
IV - após o registro de que trata o art. 259 do Regimento Interno;
V - nos casos em que o processo tenha cumprido o objetivo para o qual foi constituído;
VI – nos casos previstos nos arts. 212 (ausência de pressupostos), 213 (economia processual e
racionalização), 235, parágrafo único (denúncia sem observância dos requisitos) e 265
(consulta sem observância dos requisitos).
NULIDADES:
• Nenhum ato será declarado nulo se do vício não resultar prejuízo para a parte, para o erário,
para a apuração dos fatos pelo Tribunal ou para a deliberação adotada.
• Quando puder decidir do mérito a favor da parte a quem aproveitaria a declaração de
nulidade, o Tribunal não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprir-lhe a falta.
• Não se tratando de nulidade absoluta, considerar-se-á válido o ato que, praticado de outra
forma, tiver atingido o seu fim.
• A parte não poderá arguir nulidade a que haja dado causa ou para a qual tenha, de qualquer
modo, concorrido.
• Conforme a competência para a prática do ato, o Tribunal ou o relator declarará a nulidade de
ofício, se absoluta, ou por provocação da parte ou do Ministério Público junto ao Tribunal, em
qualquer caso.
• A nulidade do ato, uma vez declarada, causará a dos atos subsequentes que dele dependam
ou sejam consequência.
• A nulidade de uma parte do ato, porém, não prejudicará as outras que dela sejam
independentes.
• Nos processos em que deva intervir, a falta de manifestação do Ministério Público implica a
nulidade do processo a partir do momento em que esse órgão deveria ter-se pronunciado.
• OBS: A manifestação posterior do Ministério Público sana a nulidade do processo, se ocorrer
antes da decisão definitiva de mérito do Tribunal, nas hipóteses em que expressamente anuir
aos atos praticados anteriormente ao seu pronunciamento.