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SOBRE A POSSIBILIDADE DE TER ALGO EXTERNO COMO MEU:

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NOTA SOBRE O CONCEITO DE ‘POSSE JURÍDICA’ EM K ANT

César Romero Fagundes de Souza*


e-mail: caesarsouza@gmail.com

Resumo: O texto, a seguir, reflete sobre como, para Kant, um algo qualquer externo a mim, numa condição
jurídica, pode ser considerado como meu, seja na sua presença física ou não. A reflexão apresenta, em linhas
gerais, como Kant fundamenta a possibilidade da proposição sintética a priori fundamental do direito, a
saber: “Esse objeto de uso externo é meu”.

Abstract: The following paper reflects about how, according to Kant, something outside of me, in a juridical
condition, can be considered as mine, either in its physical presence or not. This reflection presents, in
general lines, how Kant grounds the possibility of the synthetic a priori proposition, which is a basic one of
the Right, is to say: “This object of external use is mine”.

INTRODUÇÃO
Para Hobbes, todos os seres humanos, em estado de natureza, têm direito à posse de tudo; e, nessa
condição de direito a tudo, nenhuma coisa pode pertencer a alguém que não possa pertencer
também a outrem. Não existe diferença entre meu e teu. A única coisa que pertence a cada um é seu
próprio corpo, sua própria existência, bem como o direito de tudo fazer para preservá-la. Ao
pactuarem, abrindo mão desse direito conatural a tudo em favor de um legislador, dá-se início ao
estado de direito, em que a noção de posse passa a se fundamentar, ser reconhecida e garantida pela
determinação de leis e dos meios para seu cumprimento.
A idéia de estado como princípio orientador das ações humanas, com relação à posse dos bens
finitos da natureza, tem o fim principal de estabelecer e manter a paz. Porque cada um, por
natureza, tem direito a buscar os meios necessários à sua sobrevivência, e como esse interesse-
necessidade de auto-preservação é compartilhado por todos os seres humanos, numa condição
anterior ao estado jurídico (constituído a partir de leis que coagem externamente) não há garantias
de que isso possa ser atingido. Pois, na medida em que o desejo2 do ser humano é o que o motiva
agir, e que não está determinado a priori para cada um o que é essencial para a manutenção de sua
vida, numa condição natural cada um poderia querer tudo para si, tornando inviável a convivência
pacífica. Daí, a predisposição constante para a guerra em que se encontram os seres humanos no
estado natural hobbesiano (Souza 1996). A constituição de um estado de direito surge da
necessidade de garantir a posse. Conforme Loparic, “a regulamentação racional da vida social exige
que seja garantido, de maneira segura, o que é meu e o que é seu, e, numa multidão de seres
humanos vizinhos uns aos outros, somente o estado de paz, assegurado pelas leis, oferece tal
garantia” (2003a, p. 480 ).
A instauração do estado (seja ela pelo uso da força seja pelo consenso) converge uma necessidade
natural (o ter/possuir) em princípio racional, pois, num estado juridicamente constituído, a garantia
da posse dos objetos não se dá mais, empiricamente, por meio do uso efetivo da força, mas,
juridicamente, pela iminência do uso desta através da coação, ou da possibilidade de coação.
Solucionar o problema relativo ao estabelecimento de uma paz estável, através de uma doutrina do
direito, “pressupõe, portanto, a solução de problemas relativos à posse privada, em particular, o
problema de saber se e como é possível a razão legitimar que algo seja meu” (Idem). O caráter

1
Trabalho escrito em 2004.
*
Doutorando em Filosofia, PUCRS.
2
Para Kant, a “faculdade do desejo é a faculdade de mediante as próprias representações ser a causa dos objetos dessas
representações. A faculdade de um ser atuar em conformidade com suas representações é denominada vida” (1974, p.
15).
racional, subjacente à idéia de estado jurídico, é sua condição a priori pura e prática, na
determinação das leis. O desafio será justificar “unicamente com fundamento na razão pura prática”
(Ibid.) que, numa condição jurídica, algo possa pertencer a mim sem que eu esteja em sua posse
física.
Se observarmos nossa atitude cotidiana no que concerne às coisas com que nos encontramos numa
relação de posse, veremos que, empiricamente, o modo pelo qual manifestamos nossa posse em
relação a elas, quando este é o caso, não difere essencialmente do modo como, em estado de
natureza, os entes afirmam, mantêm e reivindicam suas possessões. No entanto, se o modo empírico
de garantir a posse fosse o único possível (como parece ser no estado de natureza), a sociedade
civil, bem como o direito que a fundamenta, não seria possível. Há, portanto, do ponto de vista
racional, um outro fundamento da posse, que não é meramente empírico, que permite e garante seu
reconhecimento, independentemente da presença física do possuidor. É sobre como esse
fundamento é apresentado por Kant, no primeiro capítulo de Metafísica dos costumes, que pretendo
discorrer a seguir.

SOBRE A NOÇÃO DE DIREITO


Para Kant, em Metafísica dos costumes (Metaphysik de Sitten, 1797), se formos buscar a noção de
direito na experiência, i.e., em nossos juízos empíricos acerca do que é certo ou errado, justo ou
injusto, o critério universal para a determinação dessa distinção permanecerá a nós oculto
(verborgen). Devemos, ao contrário, buscar as fontes (Quellen) desses nossos juízos meramente
(blossen) na razão.3 (Kant 1974, p. 34)
O que está em jogo no conceito de direito são as relações externas entre pessoas, na medida em que
suas ações possam ter influência umas sobre as outras, não quanto à sua aspiração ou matéria, mas
somente quanto à forma segundo a qual se encontram relacionadas entre si, no que diz respeito ao
arbítrio (como livre decisão da vontade/escolha) dos envolvidos. Para Kant, tudo o que importa é se
“a escolha (Willkur) é considerada meramente como livre e se a ação de alguém pode ser unida com
a liberdade de outrem em conformidade a uma lei universal”. Teríamos, daí, uma noção não
empírica de direito enquanto a “síntese (Inbegriff) das condições sob as quais o arbítrio (Willkur) de
alguém pode ser unido ao de outro conforme a uma lei universal da liberdade” (1974, p. 34). Desse
modo, uma ação justa será aquela que puder “existir junto com a liberdade de todos em
conformidade a uma lei universal” (Idem, p. 35). Contrariamente, aquela ação que não puder existir
junto com a liberdade de todos em conformidade a uma lei universal, será injusta. Assim, conforme
Kant, comete uma injustiça aquele que, por meio de sua ação, impede (hindern) minha ação (desde
que esta satisfaça o princípio universal da ação justa), uma vez que infringe o princípio da livre
coexistência em conformidade a uma lei universal. Ser justo, portanto, é agir de tal modo que minha
ação possa existir junto com a liberdade de todos de acordo com uma lei universal. Mas disso não
se segue que eu deva tornar esse princípio uma máxima do meu agir. Para Kant, a máxima universal
do direito, a saber: “age externamente (ausserlich) de modo que o livre uso de teu arbítrio possa
existir junto com a liberdade de todos de acordo com uma lei universal” (Ibid.), mesmo impondo
uma obrigação, não pressupõe que eu restrinja minha liberdade em função dela, pois poderia muito
bem suceder que, independentemente disso, enquanto meu agir não conflitasse com a liberdade de
outrem, minhas ações fossem justas, uma vez que não seriam impedimentos à liberdade de agir de
ninguém. Esse princípio universal do direito obriga apenas externamente, e não espera que o
adotemos como máxima de nosso agir. Não é, portanto, uma lei moral, um imperativo categórico,
que obriga internamente. Para Kant, “fazer do agir justo (Rechthandeln) minha máxima, é uma
exigência que a ética (Ethik) me coloca” (Ibid.). Do ponto de vista do direito, não importa se essa
lei é ou não o motivo da minha ação.

3
Hobbes, em Os elementos da lei natural e política, define, logicamente (analiticamente), direito (right, ou jus) como
aquilo “que não é contra a razão”. Assim, tudo aquilo que não é contra a razão é certo, justo, adequado, e, portanto,
permitido fazer (Hobbes 2003 [1650], p. 95).

2
Para Kant, tudo aquilo que é injusto restringe a liberdade. Nesse sentido, uma coação (Zwang) é,
por definição, uma oposição (Widerstand) à liberdade segundo leis universais (p. 36). Porém,
quando a coação é dirigida a uma ação injusta (que, por sua vez, infringe o princípio da liberdade
segundo leis universais), sua negatividade enquanto impedimento é convertida em positividade,
uma vez que é um impedimento ao impedimento à liberdade segundo leis universais. Nesse caso,
além de justa, a coação se torna um expediente necessário do direito, pois, para Kant, “ao mesmo
tempo, pelo princípio de contradição, fica associada ao direito uma autorização (Befugnis) de coagir
quem o prejudica (Abbruch tut)”. Direito e autorização para coagir significam (bedeuten) o mesmo
(p. 37).
Desse modo, por analogia com a apresentação (Darstellung) do movimento dos corpos no espaço,
segundo a lei da igualdade da ação e reação, a “lei de uma coerção recíproca em necessário acordo
com o princípio da liberdade de todos sob o princípio da liberdade universal é como que
(gleichsam)” a construção (Konstruktion) do conceito de direito numa intuição pura a priori (Idem).

SOBRE COMO TER ALGO EXTERNO COMO MEU


A razão pura prática legisla apenas sobre a forma segundo a qual nossas escolhas são externadas,
não sobre a matéria delas, i.e., seus objetos. Qualquer objeto de minha escolha pode ser considerado
como algo que numa experiência possível possa vir a ser meu. Numa condição jurídica (rechtliche
Zustand), para Kant, algo externo só pode ser considerado meu se de alguma maneira o uso deste
algo por alguém puder me prejudicar, mesmo que eu não esteja em sua posse física (p. 51). A posse
física “de uma coisa é sinônimo de poder físico sobre essa coisa, que é um certo tipo de “ligação
física” com o objeto” (Loparic 2003a, p. 494). Desse modo, o conceito de posse (Besitz), como
“condição subjetiva da possibilidade do uso em geral”, deve possuir diferentes significados
(verschiedenen Bedeutung): o de posse sensível (ou física) e o de posse inteligível (ou jurídica)
(Kant 1974, p. 51). Se o algo da posse é considerado apenas como distinto de mim, a posse é
racional (Vernunftbesitz); se estiver também numa posição espaço-temporal diferente da minha,
então a posse é empírica (p. 52).
Kant distingue, dentre os objetos de minha escolha, aqueles que estão meramente em meu poder
(meiner Macht) daqueles que estão sob meu domínio (meiner Gewalt). Para aqueles basta a
capacidade, para estes, é necessário também um ato de escolha (Act der Willkur) (Kant 1974, p. 53).
De acordo com Kant, aqui
todas as condições da intuição que estabelecem a posse empírica têm que ser eliminadas (de sua
consideração) a fim de estender o conceito de posse além da posse empírica e poder dizer: é possível a
qualquer objeto externo de minha escolha ser estimado como juridicamente meu se (e somente na medida
em que) eu tiver o controle dele sem que esteja na posse dele (Idem, p. 60).

Podemos imaginar que, empiricamente, fora da condição jurídica, numa condição natural, a
determinação da posse pareça simples: bastaria eu mostrar o objeto em questão em meu poder,
impedindo os outros de se apropriarem dele. Mas, alerta Kant, nessa condição, qualquer posse é
provisória. Numa condição jurídica, esse procedimento não seria necessário nem suficiente para me
vincular a esse objeto numa relação de posse empírica, pois eu bem poderia ter tomado esse objeto
de alguém e, impedindo-o, bem como outros, de acessá-lo, alegar sobre ele minha posse. E isso
seria, como vimos, uma transgressão do axioma do direito. Para Kant, não há meios de provar a
possibilidade da posse não-física por si própria ou de compreendê-la “exatamente porque se trata de
um conceito racional para o qual não pode ser dada nenhuma intuição correspondente” (Ibid.)4.
Parece que, ao refletirmos sobre algo tão trivial como a posse dos objetos que nos pertencem,
podemos chegar a embaraços inimagináveis. Numa condição jurídica, como então provar que algo é

4
“Que ninguém se surpreenda que princípios teóricos sobre objetos externos que são meus ou teus se percam no
inteligível e não representem ampliação alguma do conhecimento, visto que nenhuma dedução teórica pode ser dada à
possibilidade do conceito de liberdade no qual estão baseados” (Kant 1974, p. 60). Sobre a impossibilidade de
representarmos objetivamente nossas operações no âmbito da moral, ver Loparic 2002, nota 21, p. 110.

3
empiricamente meu? Como vimos, de acordo com Kant, não há como fazê-lo. O direito é já uma
posse intelectual (intellektueller Besitz) de um objeto. E, nesse sentido, só posso possuir algo
juridicamente, i.e., intelectualmente (p. 56). Objetos do direito, conforme Loparic, “não são
aparecimentos, mas “algos” aos quais sou ligado em termos de relações meramente jurídicas”
(2003a, p. 494-5). Trata-se aqui de considerar objetos que me pertencem não como efetivamente
(empiricamente) meus, mas como se fossem meus.5 A posse empírica, para Kant, é posse
meramente aparente (possessio phaenomenon). Somente supondo a possibilidade da posse
inteligível (possessio noumenon), é possível considerar um objeto como meu.
De acordo com Kant, o problema em torno de determinar como um algo externo pode ser meu se
resolveria ao determinarmos como uma posse meramente jurídica (inteligível) é possível; e esta, ao
determinarmos como é possível uma proposição6 do direito (Rechtssatz) sintética a priori. O que
vemos em Kant é que, numa condição jurídica, a verdadeira posse, ao contrário do que poderíamos
pensar, não é a empírica ou física, que poderíamos demonstrar meramente pela apresentação do
objeto de nosso uso externo em nosso poder, mas, sim, a inteligível ou jurídica.7 Numa condição
jurídica, provar que um objeto de uso externo é meu deve equivaler a demonstrar como esse objeto
possa ocorrer numa experiência possível como vinculado a mim numa relação de posse,
independentemente de eu estar na posse física dele, o que equivale a dizer que o juízo básico do
direito ‘esse objeto de uso externo é meu’ é um juízo sintético a priori.
Ao considerarmos esse juízo na perspectiva da primeira Crítica, para ser analítico o conceito do
predicado ‘meu’ deveria estar contido no conceito do sujeito ‘esse objeto de uso externo’. O que
não ocorre, pois, por mais que analisemos o conceito (complexo) do sujeito, jamais poderemos
encontrar o conceito ‘meu’. Por exclusão, este juízo só poderia ser um juízo sintético, pois o
conceito do predicado ‘meu’, além de não estar contido no conceito do sujeito, acrescenta
informação, conteúdo novo, uma nota, ao conceito do sujeito ‘esse objeto de uso externo’, podendo
distingui-lo de outros objetos. “Ele diz algo de novo e amplia o uso da razão prática, devendo, por
conseguinte, ser considerado como um juízo sintético a priori” (Loparic 2003a, p. 501).
De acordo com Kant, como leis da razão (Vernunftgesetze), todas as proposições do direito
(Rechtssätze) são a priori. Se o predicado ‘meu’ se refere à posse física (empírica) do objeto, a
proposição é analítica, porque não diz mais do que aquilo que resulta da posse empírica, de acordo
com o princípio de contradição, uma vez “que se eu sou portador (Inhaber) de uma coisa (...),
aquele que a afeta contra meu consentimento (...) afeta e diminui o meu interior (minha liberdade),
portanto em sua máxima se encontra em contradição direta com o axioma do direito” (1974, p. 57).
Conforme Loparic, segue-se daí, analiticamente, que “eu tenho direito natural de resistir fisicamente
à mencionada ação, ou seja, de defender fisicamente o que é meu fisicamente” (2003a, p. 496). Por
outro lado, se o predicado ‘meu’ se refere à posse meramente jurídica (inteligível) do objeto, i.e.,
como ‘inteligivelmente meu’, a proposição é sintética a priori. E, nesse caso, conforme Kant, “num
princípio teórico a priori, uma intuição a priori, teria que preencher (untergelegt) o conceito dado
(segundo a Crítica da razão pura); portanto, algo teria que ser acrescentado ao conceito de posse do
objeto” (1974, pp. 59-60).

5
Nesse sentido poderíamos dizer que não podemos possuir coisa alguma absolutamente, mas apenas relativamente, uma
vez que a posse é somente uma das relações possíveis que podemos estabelecer com as coisas na realidade efetiva.
6
Sobre a distinção, em Kant, entre juízo (Urteil) e proposição (Satz), ver nota 1, cap. 1, p. 9, em Loparic 2000. Para
Kant, é “na distinção entre juízos problemáticos e assertóricos que se funda a verdadeira distinção entre juízos e
proposições, que de outro modo se costuma situar erroneamente na mera expressão mediante palavras, sem a qual não
se poderia jamais julgar. No juízo, a relação de diferentes representações em vista da unidade da consciência é pensada
como meramente problemática; numa proposição, ao contrário, como assertórica” (Kant 1992, pp. 111-12).
7
Do mesmo modo que Kant, conforme Loparic, “descobriu” a intuição pura dos geômetras gregos, devemos pensar que
também tenha descoberto, na origem da formação do estado civil, com a distinção entre posse sensível e inteligível, o
caráter puramente racional da fundação do estado jurídico. Cf. Loparic 2002, nota 22, cap. 3, p. 113.

4
CONCLUSÃO
Ao procedermos à passagem do discurso (juízo) à experiência, na ação de sensificar os conceitos
(de acordo com as regras da semântica transcendental de Kant) (Loparic 2002, p. 21, 2003a, pp.
482-3), encontramo-nos frente a uma dificuldade relativa à determinação de um critério para
vincular um objeto de uso externo, na realidade efetiva, a mim numa relação de posse, mesmo que
eu não esteja em sua posse física, pois, se me pertence, não deixa de ser meu por eu ter me afastado
dele. Uma proposição sobre a posse inteligível ou jurídica ultrapassa as condições da posse
empírica, limitada ao espaço e ao tempo, afirmando a posse de um sujeito sobre um objeto sem sua
ocupação ou conexão empírica a ele. É uma proposição sintética do direito, para a qual deve ser
mostrado, pelo uso da razão, como, ultrapassando os limites da posse empírica (espaço-tempo),
pode ser possível (válida) a priori. Conforme Loparic, seu caráter sintético resulta de não poder ser
derivada “do axioma do direito, ou seja, da definição do conceito de legitimidade”; e seu caráter a
priori, do fato de empregar o predicado ‘meu’ sob a forma da razão prática pura, “que não tem
qualquer sentido sensível imediato” (2003a, p. 497).
Portanto, para Kant, a posse meramente jurídica tem realidade prática (praktische Realität), pois,
apesar de não ser empírica, é aplicável a objetos da experiência. Nesse sentido, ter algo externo
como meu, i.e., ter a posse jurídica (inteligível) de algo, é, portanto, “a ligação (Verbindung)
meramente jurídica da vontade do sujeito com aquele objeto, independentemente da sua relação
[com ele] no espaço e no tempo, segundo o conceito de uma posse inteligível” (1974, p. 62).

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Hobbes, Thomas 2003 [1640]: Os elementos da lei natural e política. Trad. Fernando Dias
Andrade. SP: Ícone.
Kant, Immanuel 1974 [1797]: Metaphysik der Sitten. Hamburg, Verlag von Felix Meiner.
______. 1992: Lógica. Trad. Guido Antônio de Almeida (de Immanuel Kants Logik ein
Handbuch zu Vorlesungen), RJ, Tempo Brasileiro.
Loparic, Zeljko 1999: “O fato da razão - uma interpretação semântica”, Analytica, v. 3, n.2,
pp. 13-55.
______. 2002: A semântica transcendental de Kant. 2a. ed.. Campinas, UNICAMP, CLE
(Coleção CLE, v. 29).
______. 2003a: “O problema fundamental da semântica jurídica de Kant”, in O filósofo e sua
obra: uma homenagem a Oswaldo Porchat. Campinas, UNICAMP, CLE (Coleção CLE,
v. 36), pp. 478-520.
______. 2003b: “As duas metafísicas de Kant”, Kant e-Prints – Vol. 2, n. 5.
Souza, César R. F. 1996: “O papel do medo justificador do estado em Hobbes”, MOMENTO,
Rio Grande, 9: 191-212.
______. 2004: “Nota para uma leitura da Crítica da Razão Pura, de Kant, como uma
“gramática transcendental””. Hífen, Uruguaiana, v. 27, n. 51/52, p. 7-23.

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