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Administração de materiais

O objetivo deste capítulo é apresentar o conceito de administração de


materiais e sua evolução ao longo do tempo, como forma de estabelecer as
bases para a aprendizagem desse conteúdo tão importante para a formação
do administrador.

A administração de materiais é de vital importância para a redução de


custos e aprimoramento dos processos produtivos, quando corretamente
compreendida e desempenhada. Analisando-se os balanços das organiza-
ções é possível perceber que os investimentos em estoques representam
uma média de 1/3 dos ativos totais das empresas. Isso significa que é funda-
mental gerenciar adequadamente os materiais que são utilizados nos pro-
cessos produtivos.

Considerações iniciais
Essencialmente, a atividade administrativa implica o processo de trans-
formação de recursos de entrada em recursos de saída, conforme se visualiza
na figura a seguir:

O autor.
Fornecedores Recursos Processamento Recursos Clientes
de entrada dos recursos de saída

Financeiros
Juros/Lucros
Materiais
Processos administrativos Produtos
Humanos
Processos operacionais Salários
Energéticos
Processos tecnológicos Serviços
Tecnológicos
Outros processos Marcas/Patentes
Equipamentos
Etc.
Etc.

Figura 1 – A dinâmica do funcionamento organizacional.


Administração de Material e Patrimônio

Os recursos de entrada são obtidos junto a fornecedores, e podem ser


ordenados em grupos principais: recursos financeiros; recursos materiais;
recursos humanos; recursos energéticos; recursos tecnológicos; equipamen-
1
Do inglês facilities, para tos; facilidades1 etc.
significar todos os recur-
sos adicionais necessários
aos processos produtivos,
como: instalações de ar
A organização agrupa esses recursos e, utilizando-se de processos inter-
comprimido, instalações
elétricas, de gás etc.
nos, os transforma em recursos de saída, destinados aos seus clientes. Isso
implica que os recursos colocados à disposição da organização, obtidos de
seus fornecedores, devem ser bem gerenciados para se obter as saídas de
recursos desejados pelos clientes da organização.

Essa transformação de recursos depende em grande parte da adminis-


tração de materiais, que é responsável por obter e gerenciar os recursos que
serão processados pela organização. É exatamente sobre essa atividade, a
administração de materiais, que vamos discorrer nesta obra, buscando de-
monstrar o seu papel para a Administração, como ela funciona e os resulta-
dos que oferece aos sistemas organizacionais.

Recursos à disposição das organizações


Como se percebe, pela figura 1 (A dinâmica do funcionamento organiza-
cional), os recursos que são disponibilizados às organizações, para que atin-
jam seus objetivos, têm sua origem naquilo que genericamente chamamos
de fornecedores. Tais fornecedores podem disponibilizar às organizações os
diferentes tipos de recursos de que elas precisam para operacionalizar seus
processos produtivos, podendo ser visualizados na figura a seguir.

O autor.
Recursos organizacionais

Financeiros Energéticos Tecnológicos Humanos


(capitais)

Materiais Patrimoniais

Figura 2 – Os recursos gerenciáveis pelas organizações.

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Administração de materiais

Claro que existem outros recursos que podem ser utilizados pelas organi-
zações, como os recursos informacionais. Porém, relacionamos apenas os seis
encontrados na figura 2, e daremos ênfase aos recursos materiais e aos patri-
moniais, uma vez que os mesmos são o objeto de nosso estudo.

Os fornecedores dos recursos financeiros são chamados de capitalistas e


podem fornecer capitais próprios, os sócios ou acionistas, ou capitais de ter-
ceiros, os fornecedores, bancos etc.

Os fornecedores dos recursos energéticos podem ser os governos (energia


elétrica, gás etc.) ou empresas privadas (madeira, óleo diesel etc.).

Os fornecedores de recursos tecnológicos (máquinas, equipamentos, soft-


ware, processos etc.) podem ser tanto empresas públicas quanto privadas.

Os recursos humanos podem ser fornecidos por empresas terceirizadas ou


contratados diretamente pela própria organização.

Os recursos materiais são as matérias-primas, materiais auxiliares e os in-


sumos utilizados nos processos produtivos, os de escritório, de higiene e lim-
peza etc., e devem ser corretamente administrados, uma vez que são recur-
sos de uso contínuo e precisam ser adquiridos e gerenciados visando atingir
os objetivos de redução de custos e/ou de maximização de resultados. Ge-
ralmente, os recursos materiais encontram-se no chamado Ativo Circulante
das organizações e recebem o nome genérico de estoques.

Por fim, os recursos patrimoniais são aqueles que compõem o chama-


do Ativo Permanente das organizações e são representados por máquinas,
equipamentos, veículos, móveis, utensílios e demais facilidades necessárias
ao funcionamento da organização.

Recursos materiais
Essencialmente, entende-se por recursos materiais quaisquer bens que
sejam utilizados nos processos produtivos organizacionais. Segundo Mar-
tins e Alt (2000, p. 6), “por transmitirem a ideia de que são capazes de gerar
produtos e serviços e, portanto, produzir riquezas, os bens são muitas vezes
considerados como sinônimo de recursos”.

Para a administração de materiais, os bens (parte do patrimônio da or-


ganização) são sinônimos de recursos materiais e, assim, são considerados

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Administração de Material e Patrimônio

apenas aqueles que integram o chamado Ativo Circulante das organizações e


que, genericamente, recebem o nome de estoques. Ou seja, o objeto central
da administração de materiais é o estoque à disposição das organizações.

Os estoques são compostos, basicamente, de materiais auxiliares, maté-


rias-primas, produtos em processo (WIPs – Work in Process) e produtos acaba-
dos. Cada um desses materiais merecerá um cuidado e atenção diferenciada
para que os objetivos da organização possam ser atingidos. A correta gestão
dos estoques é a essência da administração de materiais.

Recursos patrimoniais
Para a contabilidade, o patrimônio de uma organização é entendido como
o conjunto de bens, direitos e obrigações que são colocados à sua disposi-
ção pelos sócios e/ou fornecedores. O papel da administração de materiais
e do patrimônio é zelar por tais recursos, gerindo-os de forma a garantir sua
utilização racionalmente para permitir que se atinjam os objetivos organiza-
cionais de maximização dos resultados (lucro).

Esse “conjunto de bens, direitos e obrigações” representa um conjunto


de recursos que, bem administrado, poderá contribuir com os objetivos da
organização, uma vez que, ainda segundo a ciência contábil, o patrimônio
líquido é representado pela seguinte equação:

Patrimônio Líquido = (Bens + Direitos) – Obrigações

No conjunto de bens e direitos encontram-se os recursos patrimoniais


(ativos permanentes), os estoques, os recursos financeiros etc. e, no conjunto
dos direitos, encontram-se os resultados da venda dos produtos e/ou ser-
viços gerados pelos processos produtivos, representados, entre outros, por
duplicatas a receber. Para a disciplina de administração de materiais quando
nos referimos ao patrimônio, estamos dedicando atenção apenas aos bens
que fazem parte do ativo permanente.

Como se pode perceber, pelos conteúdos acima, a administração de re-


cursos materiais é diferente da administração dos patrimoniais, embora sua
gestão tenha a mesma finalidade, ou seja, contribuir para que se atinjam os
objetivos das organizações, em termos de minimizar os recursos (materiais
ou patrimoniais) para possibilitar uma maximização dos resultados.

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Administração de materiais

Conceito de administração de materiais


Para compreender o significado da administração de materiais, é necessá-
rio compreender o significado das duas palavras: administração e materiais.

A palavra administração designa tanto a ciência que estuda os fenôme-


nos organizacionais, quanto o local onde se localizam os serviços adminis-
trativos ou, ainda, o conjunto de regras que objetivam ordenar e controlar os
processos organizacionais, com produtividade e eficiência, visando atingir
resultados predeterminados.

Por outro lado, a palavra materiais assume o significado do conjunto de


objetos, instrumentos, equipamentos, ferramentas ou outros que são utiliza-
dos em um serviço ou processo produtivo. Ou, ainda, o mobiliário ou conjun-
to de utensílios de uma organização.

Dessas duas palavras, assim conceituadas, podemos inferir que adminis-


tração de materiais implica gerenciar os recursos à disposição de uma deter-
minada organização para atingir os objetivos estabelecidos. Porém, não são
todos os recursos apresentados na figura 1 que são objeto do gerenciamen-
to pela área de atuação da administração de materiais. Apenas os recursos
materiais propriamente ditos e os relacionados com o patrimônio é que são
objetos de preocupação da área de materiais.

Inicialmente, podemos definir a administração de materiais como sendo


o conjunto de regras, ou normas, que visam ordenar os processos organizacio-
nais relacionados com os materiais à disposição da organização, com produti-
vidade e eficiência, de forma a atingir objetivos preestabelecidos.

Segundo diferentes autores, existem formas diversas de se conceituar a


administração de materiais. Segundo Arnold (1999, p. 26), a administração
de materiais é a função “responsável pelo fluxo de materiais a partir do forne-
cedor, passando pela produção até o consumidor” ou, ainda, “planejamento
e controle da distribuição e administração da logística”.

Para Martins e Alt (2000, p. 5),


[...] a administração dos recursos materiais engloba a sequência de operações que tem seu
início na identificação do fornecedor, na compra do bem, em seu recebimento, transporte
interno e acondicionamento, em seu transporte durante o processo produtivo, em sua
armazenagem como produto acabado e, finalmente, em sua distribuição ao consumidor
final.

17
Administração de Material e Patrimônio

Para Arnold (1999, p. 26) “administração de materiais é uma função coor-


denadora responsável pelo planejamento e controle do fluxo de materiais”.

Por outro lado, Francischini e Gurgel (2002, p. 5) definem a administra-


ção de materiais como a “atividade que planeja, executa e controla, nas con-
dições mais eficientes e econômicas, o fluxo de material, partindo das es-
pecificações dos artigos a comprar até a entrega do produto terminado ao
cliente”.

Outra definição útil é a do Council of Supply Chain Management Professio-


nals (CSCMP), ou Conselho dos Profissionais de Administração das Cadeias
de Suprimentos, que definem a administração de materiais como sendo “a
logística de entrada de materiais, desde os fornecedores até o processo pro-
dutivo”. Ou, ainda, a movimentação e a administração de materiais e produ-
2
No original em inglês:
Materials Management -
tos acabados desde a obtenção (compra), até o processo de produção2.
Inbound logistics from
suppliers through the pro-
duction process. The mo-
Nos três primeiros conceitos apresentados, temos em comum a existência
vement and management
of materials and products
de um “fluxo” de materiais desde o fornecedor, atravessando a organização,
from procurement through
production. até chegar ao cliente final. Apenas para o CSCMP é que o fluxo se encerra no
processo produtivo. Além disso, também está implícita no conceito a existên-
cia de uma “quantidade” de materiais em movimentação. Como fluxo se rela-
ciona com tempo, isso significa que temos duas variáveis essenciais a serem
consideradas nos conceitos apresentados: (1) quantidade; e (2) tempo.

Essas duas variáveis (quantidade e tempo) serão sempre objetos de preo-


cupação da administração de materiais. Importante esclarecer, também, que
o objeto de preocupação da administração de materiais, sua razão de ser,
deve estar focada em:

 utilizar da maneira mais racional possível os recursos da organização


(maximizando-os); e

 apresentar um nível de serviço em consonância com o desejado pelo


cliente.

Isso significa que a administração de materiais deve preocupar-se em ge-


renciar adequadamente os fluxos de materiais ao longo dos processos, de
forma a garantir sua melhor utilização e, ao mesmo tempo, oferecendo o
mais alto nível de serviços possível aos clientes.

Na evolução dos conceitos como consequência da evolução da admi-


nistração, como se verá no próximo tópico, o que existiam eram termos

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Administração de materiais

diferentes com significados semelhantes. Ou seja, tratava-se de atividades


relacionadas com o deslocamento de materiais e um fluxo de informações,
desde uma fonte de matéria-prima até o cliente final. Ao longo do tempo,
a evolução natural conduziu ao conceito mais amplo de logística, que vem
ocupando espaço nas organizações, conquistando respeito profissional e in-
fluindo na estratégia das organizações.

Finalmente, podemos conceituar a administração de materiais como


sendo o conjunto de regras, ou normas, que visam adequar os processos orga-
nizacionais aos fluxos de materiais à disposição da organização, garantindo
sua maximização, para atingir os objetivos organizacionais e os de satisfação
do cliente em termos de nível de serviço.

Ao longo do texto, utilizaremos indistintamente as expressões adminis-


tração de materiais, suprimentos, gestão de suprimentos ou logística de su-
primentos, com o mesmo significado acima exposto.

Uma vez que sabemos conceitualmente o que é administração de mate-


riais, podemos analisar sua evolução ao longo do tempo e como as organi-
zações evoluíram sob essa perspectiva.

Evolução das organizações e


da administração de materiais
Para se compreender como as organizações evoluíram, e com elas a admi-
nistração de materiais, é necessário entender o ambiente no qual as organi-
zações se inserem, ou seja, o cenário (“pano de fundo”) em que elas precisam
competir. Para isso, efetuamos um corte temporal a partir da II Grande Guerra
Mundial (IIGGM), iniciando com a década de 1950 para explicar esse ambiente
e suas consequências para as organizações. Uma vez que, segundo Corrêa e
Corrêa (2004, p. 34-35):
A guerra praticamente ocorreu sobre a Europa e o Japão. Numa situação de guerra, os
envolvidos não apenas visam a objetivos militares, mas também industriais de seus
inimigos, de onde saem equipamentos e suprimentos. Isso significa que ao final da IIGGM
a capacidade produtiva mundial encontrava-se severamente deprimida. Ao mesmo
tempo, a capacidade de demanda, reprimida por muitos anos durante a guerra, estava
vivendo um período de “bolha de consumo”.

No início da década de 1950, o mundo vivia ainda as consequências do


pós-guerra, em que as indústrias estavam focadas em atender às demandas
de um mundo em reconstrução, um mercado francamente comprador, exi-

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Administração de Material e Patrimônio

gindo grandes volumes de produção para atender a duas necessidades bási-


cas: redução de custos operacionais; satisfazer clientes ávidos por novidades.
Quando as empresas precisam competir através de grandes volumes, para
reduzir seus custos operacionais, a administração de materiais deve estar
focada no gerenciamento de seus inventários.

Na década de 1960, com o mundo reconstruído e clientes atendidos em


suas necessidades, em termos de produtos básicos, surgem os grandes su-
permercados, sobretudo nos Estados Unidos da América, e com as empresas
necessitando realizar grandes esforços para concretizar vendas, passa a ser
imperioso agregar valor aos produtos através da adição de serviços. Nesse
cenário, o marketing ocupa o espaço central das preocupações organizacio-
nais e a ênfase da administração de materiais passa a ser a distribuição dos
produtos.

Já na década de 1970 o mundo assiste ao fenômeno da “invasão” de pro-


dutos japoneses, sem compreender muito bem o que acontecia. O início da
década teve a primeira grande crise do petróleo (1973), quando o barril de
petróleo chegou à casa dos U$30.00, fazendo com que os países produtores
auferissem grandes ganhos com suas exportações e, como consequência,
buscassem aplicações para seus recursos financeiros. Isso gerou uma enorme
onda de investimentos de capitais, levando as organizações a focarem na lu-
cratividade, uma vez que precisavam remunerar adequadamente os capitais
investidos. Nesse caso, a administração de materiais teve que se concentrar
nos processos produtivos para garantir eficiência operacional.

Na década seguinte, 1980, em virtude da conquista de mercado pelos


japoneses, as organizações, compreendendo que o sustentáculo das in-
dústrias japonesas era o fenômeno da gestão da qualidade, investiram em
programas de qualidade e fizeram com que o cenário passasse a represen-
tar uma competição mundial extremamente acirrada, em que conquistava
clientes aquela organização com produtos com qualidade, preços competi-
tivos e entregas pontuais. Isso conduziu a administração de materiais a ge-
renciar os fluxos de materiais (matérias-primas) tanto nas compras, quanto
na produção, como nas vendas, de forma a assegurar a qualidade desde o
início até o final do processo.

Na década de 1990, como reflexo do processo evolutivo, as empresas se


tornam globais, ou seja, passam a atuar em diferentes pontos do globo ter-
restre e, para isso, estabelecem parcerias com seus fornecedores e/ou distri-

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Administração de materiais

buidores, para garantir que seus produtos cheguem antes que os do con-
corrente aos clientes. Também ganha força a preocupação com as questões
ecológicas, levando as organizações a cuidarem com a compra de materiais
ecologicamente corretos e com produtos idem. Isso conduz a administração
de materiais a novas técnicas de gerenciamento, uma vez que era necessá-
rio ajustar os processos internos aos processos dos seus fornecedores e/ou
clientes, fazendo com que o foco passasse a ser nos processos gerenciais.

Ao iniciar o século XXI, na década de 2000, o fenômeno da globalização


ganha ainda mais força e a adição de inúmeros novos competidores globais
(suportados, inclusive, pelas facilidades da tecnologia da informação dispo-
nível), ao invés de parcerias, as empresas começam a estabelecer alianças
tanto com fornecedores quanto com clientes, as preocupações com as ques-
tões ecológicas evoluem ainda mais (observe as exigências de certificação
ambiental para inúmeras empresas) e ganha espaço a preocupação com as
questões sociais.

A esse cenário, a administração de materiais é obrigada a responder com


ações flexíveis e extremamente ágeis, uma vez que as organizações com-
petem com velocidade cada vez maior e, por outro lado, atuando em um
número maior de países. Além disso, o surgimento do comércio eletrônico
também exige maior atenção às questões espaço-temporais.

Um resumo do processo evolutivo aqui descrito encontra-se no quadro


a seguir.

Quadro 1 – Quadro evolutivo da administração de materiais

(RODRIGUEZ, 2004. Adaptado.)


Época Cenário de negócios Ênfase organizacional Ênfase de materiais
Foco nos custos opera-
Anos 1950 Volume de produção Foco no inventário
cionais
Agregação de valor atra-
Anos 1960 Vendas Foco na distribuição
vés de serviços
Anos 1970 Investimento de capitais Foco na lucratividade Foco na produção
Foco na gestão da quali- Foco em compras – pro-
Anos 1980 Competição acirrada
dade total dução – vendas
Globalização, parcerias, Competição baseada no Foco nos processos
Anos 1990
ecologia tempo gerenciais
Globalização, alianças, Competição baseada
Foco na flexibilidade e na
Anos 2000 ecologia e responsabili- no tempo e no espaço
agilidade
dade social geográfico

21
Administração de Material e Patrimônio

O quadro mostra como as organizações evoluíram e de que forma as exi-


gências sobre os sistemas gerenciais foram se ampliando. Na verdade, as exi-
gências em cada um dos cenários de negócios continuam sendo feitas sobre
os sistemas gerenciais. Tudo isso fez com que a administração de materiais
fosse ganhando cada vez mais relevância para as organizações.

A administração de materiais, com o apoio das Tecnologias da Informa-


ção e de Comunicação (TICs), tem atuado de forma integrada na gestão do
fluxo de materiais através dos processos produtivos. Assim, os sistemas inte-
grados de gestão empresarial (ERPs) são os responsáveis por assegurar que
a administração de materiais consiga cumprir os objetivos organizacionais
com eficiência e eficácia.

A partir dessa evolução, e da inclusão da área dentro do sistema logís-


tico, a expressão mais utilizada para designar a área de materiais é gestão
de suprimentos que, segundo Arnold (1999, p. 30), “inclui todas as atividades
em movimentar bens, do fornecedor para o início do processo produtivo” e,
incluindo-se a distribuição física, do final do processo produtivo até o cliente
3
Usamos a expressão clien- final (consumidor3).
te, de forma abrangente,
para incluir todos os elos
da chamada cadeia de su-
primentos: atacadistas, dis-
tribuidores, varejistas etc.,
e não apenas o consumidor
ou usuário final.
Importância da administração de materiais
Diante do processo evolutivo por que passou, a administração de mate-
riais assume importância essencial para as organizações ao ter que realizar
o equilíbrio entre o nível de serviços a ser oferecido aos clientes e o custo de
fornecer tal nível de serviços.

Ainda segundo Arnold (1999, p. 31),


[...] agrupando-se todas as atividades envolvidas na movimentação e estocagem de
bens em um departamento, a empresa tem uma oportunidade melhor de fornecer o
melhor serviço a um custo mínimo e assim aumentar lucros. A preocupação geral da
administração de materiais é balancear prioridade e capacidade. O mercado estabelece
a demanda. A administração de materiais deve planejar as prioridades da empresa (quais
bens produzir e quando) para atender a essa demanda. A capacidade é a habilidade do
sistema de produzir ou entregar bens. Prioridade e capacidade devem ser planejados e
controlados para atender à demanda de consumidores a um custo mínimo.

Como é possível perceber, trata-se de um desafio enorme e, para tanto, é


necessário compreender o fluxo, apresentado na figura a seguir, que começa
nos fornecedores, atravessa a organização, passa pelos canais de distribui-
ção, até chegar aos clientes finais.

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Administração de materiais

O autor.
A gestão de suprimentos é a gestão de um fluxo de materiais.

Processo Produtivo
Fornecedor Distribuição Clientes
Suprimentos Transformação Física
MP PA
(WIPs)

Legenda:
MP = Matéria-prima
WIPs = Work in Process ou Progress (Produtos em Processo)
PA = Produtos Acabados

Figura 3 – O fluxo de materiais.

A gestão desse fluxo de materiais implica uma série de atividades (que


compõem processos) que, em última análise, visam assegurar a disponibi-
lidade dos materiais certos, na hora certa, no lugar correto, em condições
de utilização, por um custo que atenda às expectativas da organização e de
seus clientes.

A área de materiais é, em essência, uma importante área operacional das


organizações, “e paradoxalmente, no nível das unidades de operações pro-
priamente dito, a tomada de decisões em muitas empresas ainda não obe-
dece a uma consideração mais sistêmica de impactos nos resultados globais
da organização” (CORRÊA; CORRÊA, 2004, p. 45).

A área de materiais é uma


[...] atividade de gerenciamento estratégico de recursos escassos (humanos, tecnológicos,
informacionais e outros), de sua interação e dos processos que produzem e entregam
produtos e serviços visando atender a necessidades e ou desejos de qualidade, tempo
e custo de seus clientes. Além disso, deve também compatibilizar este objetivo com
as necessidades de eficiência no uso dos recursos que os objetivos estratégicos da
organização requerem. (CORRÊA; CORRÊA, 2004, p. 45)

O comentário acima deixa clara a importância estratégica da adminis-


tração de materiais para, com um adequado gerenciamento dos recursos
escassos, atender aos interesses dos diferentes públicos das organizações,
gerando as saídas esperadas por cada um desses públicos, que estão relacio-
nadas na figura 1: juros, para os capitais de terceiros; lucros, para os capitais
próprios; produtos e/ou serviços, para os clientes; salários, para os empre-
gados; marcas e/ou patentes, para a sobrevivência da organização; tributos,
para os governos; e, ainda, outras saídas que atendam às necessidades ou
desejos de outros públicos específicos.

23
Administração de Material e Patrimônio

Em síntese, a importância da administração de materiais se caracteriza


por reduzir custos e pela garantia de que os materiais corretos estarão no
lugar certo, ao tempo certo e, ainda, que os recursos à disposição da organi-
zação serão utilizados da forma mais racional / produtiva possível.

Na continuação, vamos apresentar uma breve introdução à logística em-


presarial para possibilitar unificar a linguagem que será adotada doravante.

Logística e Supply Chain Management (SCM)


Vamos estabelecer alguns conceitos iniciais para que seja possível en-
tender porque vamos utilizar indistintamente os termos administração de
materiais, suprimentos, gestão de suprimentos ou logística de suprimentos,
com o mesmo significado.

Logística empresarial
A chamada logística empresarial é um conceito definido também pelo
CSCMP (2008), como sendo a parte do processo da cadeia de suprimentos
que planeja, implementa e controla o fluxo e o armazenamento, à jusante
e reverso, com eficiência e eficácia, dos bens, serviços e informações rela-
cionadas, desde um ponto de origem até o ponto de consumo ou utiliza-
ção; com o objetivo de atender às exigências dos clientes e os propósitos da
organização.

Como é possível perceber, o conceito acima é muito semelhante ao con-


ceito de administração de materiais, apresentado há pouco, uma vez que
modernamente a administração de materiais tem sido chamada de logística
de suprimentos ou, simplesmente, suprimentos.

Além disso, o conceito deixa clara a existência de fluxos: de materiais; e


de informações. Ou seja, um fluxo físico, que conduz os bens e/ou serviços
produzidos em direção ao cliente final (à jusante), ou do cliente final de volta
para algum ponto do processo (à montante, a chamada logística reversa).

A palavra logística entrou no cotidiano da empresas a partir do momento


em que ocorreu a estabilização econômica do Brasil, quando os responsá-

24
Administração de materiais

veis pela administração das organizações descobriram que os estoques ele-


vados, na maioria das vezes, escondiam os problemas existentes. Assim, a
expressão logística empresarial é utilizada para englobar três dos principais
subsistemas logísticos: suprimentos, produção e distribuição física, confor-
me se percebe na figura a seguir.

O autor.
Logística empresarial

Logística de Logística de Logística de


+ +
suprimentos produção distribuição física

Figura 4 – A composição da logística empresarial.

Além desses três subsistemas existem ainda, pelo menos, mais dois que
são relevantes: o de pós-venda e o da logística reversa.

Supply Chain Management (SCM)


O Supply Chain Management (SCM), ou administração das cadeias de su-
primentos, trata de uma abordagem mais estratégica da logística, em que a
mesma é percebida como fator de diferenciação para as organizações, a partir
da utilização das tecnologias da informação e da comunicação, uma vez que
atualmente as organizações necessitam de mais flexibilidade e agilidade no
atendimento de seus mercados. Isso obriga as organizações a integrarem
seus processos internamente e, ao mesmo tempo, a buscar integrá-los com
os de seus fornecedores e/ou clientes, visando reduzir custos e/ou aumentar
sua eficiência na satisfação de desejos e necessidades dos clientes.

Portanto, o SCM é a integração da organização a partir de uma aborda-


gem da logística como elemento diferenciador, buscando integrar o ambien-
te interno com o externo para otimizar processos, possibilitando maior valor
agregado e todas as etapas da cadeia produtiva. Essa abordagem pode ser
percebida na figura a seguir.

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Administração de Material e Patrimônio

(RAZZOLINI FILHO, 2001a)


Logística

Planejamento
Suprimentos e controle da
produção

Ambiente
Distribuição interno

Ambiente
externo

Figura 5 – A logística como fator integrador e diferenciador.

Os objetivos do SCM são três: redução de custos; adição de valor; e gerar


vantagem estratégica para a organização. Segundo Ching (1999, p. 67), o SCM
pode ser compreendido como todo esforço realizado nos processos empresa-
riais que geram valor ao cliente final, na forma de produtos e serviços. Portanto,
segundo o autor, é uma forma de gerenciamento integrado do planejamento
e controle do fluxo de mercadorias, informações e recursos, ao longo da cadeia
logística. Isso significa que uma das tarefas essenciais da logística é o gerencia-
mento de relacionamentos, de forma cooperativa, formando parcerias do tipo
ganha-ganha, de forma que todos os membros da cadeia sejam beneficiados.

Diante dessas considerações, pode-se definir Supply Chain Management


(SCM) como
[...] a administração sinérgica dos canais de suprimentos de todos os participantes da
cadeia de valor, através da integração de seus processos de negócios, visando sempre
agregar valor ao produto final, em cada elo da cadeia, gerando vantagens competitivas
sustentáveis ao longo do tempo. (RAZZOLINI FILHO, 2001a)

Ampliando seus conhecimentos

O papel da administração de materiais na logística


(VERLANGIERI*, 2000)

Na década de setenta, as empresas não davam muita atenção para as com-


pras de matérias-primas e sua administração. Tinham valores relativamente

26
Administração de materiais

baixos, considerando todo o processo industrial e, portanto, achavam sem


muita importância no contexto geral.

Foi nesta época que os compradores ganharam fama de serem corruptí-


veis, pois muitos denegriram a imagem da categoria, obtendo ganhos pesso-
ais de fornecedores, para facilitar fechamentos, já que havia pouca fiscalização
e auditoria no setor.

Naquele tempo, os compradores de uma maneira geral não tinham uma


formação de nível superior e consequentemente não tinham um salário con-
siderado bom. Talvez por isso, muitos ficavam tentados em tirar proveito da
situação e obter ganhos extras, devido a terem todo o controle da situação.

No final dos anos setenta e começo dos anos oitenta, a situação se modifi-
cou. Acabou aquela fase de vamos produzir à vontade, fazer altos estoques e
depois deixar para o departamento de vendas se incumbir de desovar tudo.
Começava uma crise violenta no Brasil, onde o conceito de logística começou
a surgir por aqui, lentamente nas empresas, pois necessitavam ter um diferen-
cial da situação vigente.

Nesta fase, onde qualquer ganho conseguido com economia dos custos
era importante, comprar e administrar os materiais passou a ser tão importan-
te como as vendas da empresa.

Foi uma época de “limpeza” nos departamentos de compras. Muitos funcio-


nários foram dispensados e até o departamento inteiro, em muitas empresas.

Começou a se formar uma nova mentalidade em compras, com:

 profissionais de nível superior;

 boa fluência verbal, para argumentar/negociar;

 boa apresentação para representar a empresa;

 muitos com formação técnica, conforme os materiais comprados;

 bom salário, que representava sua importância para a empresa.

Quem assumiu compras nesta fase, verificou que os antigos compradores:

 abarrotavam os estoques com matérias-primas, para não ter o risco de


faltar material para produção e serem cobrados;

27
Administração de Material e Patrimônio

 não tinham controles históricos das aquisições (fornecedor, preço, con-


dição de pagto, prazo de entrega etc.);
 não tinham critérios técnicos para escolha de fornecedores consultados;
 não tinham um follow-up confiável (os fornecedores entregavam com
atrasos, com erros de materiais, com quantidades a mais proposital-
mente e muitas vezes com preços diferentes do pedido);
 não havia uma verificação mais apurada e constante do padrão de qua-
lidade dos materiais dos fornecedores.

Desta época para os dias atuais, a administração de materiais só evoluiu e


passou a ser um elo super importante na cadeia logística, por que:

 atende ao cliente interno (manufatura);


 é responsável pela não interrupção da produção por falta de material;
 tem que ter um estoque mínimo, devido ao custo de manutenção de
estoque;
 tem que adquirir sempre prontamente novas compras, conforme osci-
lação na demanda.

Os profissionais desta área são considerados de várias maneiras nas empre-


sas, em termos de cargo. Antes todos eram compradores. Depois foram deno-
minados analistas de suprimentos, analistas de materiais, compradores, entre
outros. Cada empresa designa o cargo, conforme a abrangência da atividade.

A administração de materiais, pela sua importância, vai além do papel que


executa em uma indústria e ganha o papel principal em vários negócios, entre
eles os mercados, os super/hiper mercados e as grandes empresas de varejo,
como os mega magazines. Estas empresas que compram para revender põem
em prática toda uma ótima administração de materiais, que envolve estudos
dos lotes econômicos de compra, lotes ideais de compra, estoque mínimo,
estoque regulador, tempo de pedido, tempo de ressuprimento etc.

Hoje em dia é muito comum ter vários cursos de aperfeiçoamento pro-


fissional nesta área. O profissional de logística, para ser mais valorizado, tem
que entender sobre todos os assuntos que dizem respeito a cadeia logística e
portanto não pode deixar de entender de administrar materiais.

* Marcos Valle Verlangieri é diretor da Vitrine Serviços de Informações S/C Ltda.

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Administração de materiais

Atividades de aplicação
1. Após a leitura do capítulo, com suas palavras, procure conceituar ad-
ministração de materiais escrevendo seu conceito em no máximo 5
linhas.

2. Em uma rápida pesquisa, procure identificar e relacionar os principais


recursos tecnológicos que as organizações utilizam. Se possível, sepa-
rar por organizações industriais, comerciais e de serviços, uma vez que
cada uma delas utilizará recursos tecnológicos diferentes.

3. Entende-se por recursos patrimoniais:

a) o ativo circulante das organizações.

b) o conjunto de bens, direitos e obrigações das organizações.

c) o ativo permanente à disposição das organizações.

d) o Patrimônio Líquido das organizações.

e) a diferença entre bens e direitos menos as obrigações.

4. Podemos entender Supply Chain Management, de forma resumida,


como a busca de:

a) integração interna dos processos logísticos.

b) sinergia dos processos organizacionais internos.

c) sinergia entre os processos logísticos da organização.

d) integração dos processos de todos os membros da cadeia de su-


primentos.

e) integrar a logística de suprimentos com produção e distribuição


física.

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Administração de Material e Patrimônio

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