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Teoria do Pagamento
Paga a dívida em nome próprio (art. 305, CC) - O terceiro não interessado tem
direito de reembolso do que pagar, mas não se sub-roga nos direitos do credor.
“Art. 305 - 0 terceiro não interessado, que paga a dívida em seu próprio nome,
tem direito a reembolsar-se do que pagar; mas não se sub-roga nos direitos do credor.
Parágrafo único. Se pagar antes de vencida a dívida, só terá direito ao
reembolso no vencimento.”
Ex.: Na Fiança Criminal quem presta a fiança, em seu próprio nome, para obter
a liberdade provisória do acusado, que terá o direito de ser ressarcido do valor no caso
da quebra e perda da fiança. (art.329, CPP).
Porém se a coisa for fungível, não se poderá mais reclamar do credor que, de
boa-fé, a recebeu e a consumiu, ainda que o devedor não tivesse o direito de aliená-la.
Nesse caso, o verdadeiro proprietário da coisa deverá exigir, não do credor de boa-fé,
mas do próprio devedor, as perdas e danos devidas por força da alienação indevida,
(art. 186 c/c o art. 927, caput, do CC), inclusive requerendo dano moral (Súmula nº. 37
do STJ).
Exemplo: A entrega a B cem sacas de café pertencentes a C, como forma de
pagamento. Três são as possibilidades nesse caso:
Se o café já foi consumido por B, de boa-fé, a ação de C é contra A.
Se o café não foi consumido por B, a ação de C é contra B.
Se o café foi consumido por B, de má-fé, a ação é contra B.
Havendo má-fé e perdas e danos, quanto às últimas respondem todos os
culpados solidariamente.
Questão – TRF4ª/2007 - De acordo com o Código Civil brasileiro, só terá eficácia
o pagamento que importar transmissão da propriedade quando feito por quem possa
alienar o objeto em que ele consistiu. Se se der em pagamento coisa fungível,
a) poderá reclamar do credor que, mesmo de boa-fé, a tenha recebido e
consumido, tendo ou não o solvente o direito de aliená-la.
b) poderá reclamar do credor que, mesmo de boa-fé, a tenha recebido e
consumido, ainda que o solvente não tivesse o direito de aliená-la.
c) poderá reclamar do credor que, mesmo de boa-fé, a tenha recebido e
consumido, exceto se o solvente não tivesse o direito de aliená-la.
d) não se poderá mais reclamar do credor que, de boa-fé, a recebeu e
consumiu, exceto se o solvente não tivesse o direito de aliená-la.
e) não se poderá mais reclamar do credor que, de boa-fé, a recebeu e
consumiu, ainda que o solvente não tivesse o direito de aliená-la.
Gabarito: E
OBS: Em qualquer hipótese, deve ser feito a pessoa capaz de fornecer a devida
quitação, sob pena de não valer. A quitação sempre poderá ser dada por instrumento
particular.
Ainda, no que se refere ao pagamento feito a menor, o art. 310 do Código fala
que pagamento cientemente feito ao credor incapaz de quitar não é válido (no sentido
de ser ineficaz), a não ser que o devedor comprove que este reverteu em favor do
incapaz. (Aplicação da teoria da aparência)
OBS: Antunes Varela esclarece que o art. 310 fala “pagamento cientemente
feito ao credor incapaz de quitar”, donde se conclui que “se o solvens desconhecia, sem
culpa, a incapacidade do credor, o cumprimento será válido, ainda que o accipiens
tenha dissipado ou malbaratado a prestação”.
OBS: Isso não obsta que aquele que pagou ingresse com ação de repetição de
indébito (actio in rem verso) contra aquele que recebeu, aplicação direta das regras
relacionadas com o pagamento indevido e com a vedação do enriquecimento sem
causa.
OBS:
Sendo absolutamente incapaz - o pagamento é nulo (CC, 166).
Sendo relativamente incapaz – é anulável (CC, 171, I), e pode ser ratificado
pelo seu representante legal à luz do princípio da conservação do negócio jurídico (CC,
172).
Tartuce assevera que essa incapacidade, deve ser considerada em sentido
genérico, significando também a falta de autorização. Destaque-se o julgado do
Tribunal de Justiça de São Paulo (Apelação 001794367.2009.8.26.0114, originário da
Comarca de Campinas, 12.ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São
Paulo, Rel. Des. Márcia Cardoso, j. 04.05.2016). No caso, a devedora efetuou o
pagamento da dívida objeto da demanda diretamente na conta bancária de uma
pessoa física, quando a credora era pessoa jurídica, que nunca deu quitação formal dos
valores pagos. Nos termos do julgamento, “tais pagamentos foram realizados, inclusive,
contrariando as instruções constantes das próprias notas fiscais que eram
acompanhadas dos respectivos boletos bancários. Nesse contexto, não há como
considerar válido o pagamento, eis que realizado em dissonância com a boa-fé objetiva
e os usos e costumes comerciais”.
Na visão clássica, são os requisitos para a revisão contratual, por esse caminho:
a) O contrato deve ser bilateral (sinalagmático) e oneroso (presente
a remuneração);
b) O contrato deve ser comutativo, aquele em que as partes já
sabem quais são as prestações, não sendo possível rever contrato aleatório,
pois o risco é da essência do negócio. Entretanto, é possível rever a parte
comutativa de um contrato aleatório (v.g., prêmio de um seguro);
c) O contrato deve ser de execução diferida ou continuada (trato
sucessivo), não sendo possível, em regra, rever o contrato instantâneo de
execução imediata;
d) Presença de um motivo imprevisível;
e) Presença de uma desproporção negocial, onerosidade excessiva
ou quebra do ponto de equilíbrio do sinalagma obrigacional.
OBS: Enunciado n. 176 do CJF/STJ, da mesma III Jornada de Direito Civil: “Em atenção
ao princípio da conservação dos negócios jurídicos, art. 478 do Código Civil de 2002
deverá conduzir, sempre que possível, à revisão judicial dos contratos e não à resolução
contratual”. (Doutrinária Majoritária)
Flávio Tartuce, entende que apenas se aplica o comando do art. 317, pois o art. 478
trata da extinção, e não da revisão contratual.
OBS: Relativamente à revisão do contrato de consumo, ela está tratada no art. 6.º, V,
da Lei 8.078/1990, que cuida da revisão contratual por fato superveniente por simples
onerosidade excessiva, sem a necessidade de prova de fato imprevisível, bastando um
motivo novo, um fato superveniente que gerou o desequilíbrio negocial (quebra da
base objetiva do negócio – teoria de Karl Larenz).
Essa prova é que irá demonstrar que está desvinculado da relação jurídica
obrigacional; é o direito ao instrumento da quitação. O artigo 320 elenca os requisitos
da quitação, a qual sempre poderá ser dada por instrumento particular:
a) o valor e a espécie da dívida quitada;
b) o nome do devedor ou de quem por este pagou (representante, sucessor ou
terceiro);
c) o tempo do pagamento (dia, mês, e, se quiserem, hora);
d) o lugar do pagamento;
e) a assinatura do credor ou de representante seu.
No mesmo diapasão, o art. 416 do CPC/2015 dispõe: "a nota escrita pelo credor
em qualquer parte do documento representativo de obrigação, ainda que não
assinada, faz prova em benefício do devedor".
Exemplo: Boleto bancário autenticado pela instituição financeira ou depósito
bancário (TED ou DOC) realizado pela internet.
Gabarito: B
Art. 321. “Nos débitos, cuja quitação consista na devolução do título, perdido
este, poderá o devedor exigir, retendo o pagamento, declaração do credor que inutilize
o título desaparecido.”
Ex: Caio é devedor de Tício, por força de uma cambial (nota promissória),
emitida em benefício deste último. No dia do vencimento, o credor alega haver perdido
o título de crédito. Em tal hipótese, impõe-se ao devedor, no ato do pagamento, exigir
uma declaração, datada e assinada (preferencialmente com firma reconhecida), pelo
próprio credor, no sentido de que reconhecia a inutilidade do título extraviado, e que
estava quitando a dívida contraída.
Atenção!
No que se refere à última hipótese de presunção, surge uma dúvida se
confrontada com o disposto no artigo 386 do CC, o qual prevê que “a devolução
voluntária do título da obrigação, quando por escrito particular, prova desoneração do
devedor e seus coobrigados, se o credor for capaz de alienar, e o devedor capaz de
adquirir”.
Haveria, então, na hipótese de entrega de títulos, pagamento direto ou
remissão de dívidas? Na verdade, a doutrina majoritária entende que a presunção de
pagamento só ocorre em se tratando de títulos de crédito, ocorrendo a remissão de
dívida nas hipóteses de entrega de documento que consubstancia a dívida, mas que
não seja título de crédito (escrito particular – instrumento particular de confissão de
dívida, por exemplo).
OBS: Para afastar a incidência do art. 330 do CC muitos contratantes inserem nos
pactos a denominada cláusula de permissão ou tolerância, quando afirmam,
expressamente, que qualquer conduta contrária àquilo que efetivamente está escrito
não configura renúncia tácita. Tal cláusula, porém, não vem preponderando em
situações nas quais há uma conduta reiterada em sentido contrário.
Exemplo: “Obrigação propter rem. Natureza obrigacional. Competência do lugar
do pagamento. Pagamento reiteradamente realizado no foro de Curitiba. Renúncia ao
foro previsto em convenção de condomínio. Incidência, por analogia, do art. 330 do
Código Civil. Recurso conhecido e provido” (TJPR, Agravo de Instrumento 13372580,
Curitiba, 9.ª Câmara Cível, Rel. Juiz Conv. Rafael Vieira de Vasconcellos Pedroso, j.
16.04.2015, DJPR 07.05.2015, p.216).
Em caso contrário, se o prazo estipulado for feito para favorecer o credor, não
poderá o devedor pagar antecipadamente.
Ao credor assistirá o direito de cobrar a dívida antes de vencido o prazo
estipulado no contrato ou legalmente estabelecido (numerus clausus) (art. 333, CC):
a) no caso de falência do devedor, ou de concurso de credores; (NÃO depende
de intimação/notificação do devedor)