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O conceito de cultura em Franz Boas e sua aplicabilidade no século XXI

Para conhecer o conceito de cultura em qualquer autor, faz-se mister conhecer um


pouco de sua biografia, pois esta, traz no seu cerne o que o autor irá desenvolver ao longo do
tempo, ou seja, é o que equivale a conhecer o conteúdo histórico dos argumentos que serão
desenvolvidos. Assim sendo, sobre Boas, afirma Araújo, que o
antropólogo germano-americano Franz Boas nasceu em Minden (Alemanha) no dia
nove de julho de 1858, foi criado em uma família liberal e judia que era chefiada
por seu pai, Meier Boas, um comerciante, sua mãe era professora de ensino infantil
e, junto ao seu marido, influenciou Franz Boas com ideias que norteavam as
Revoluções de 1848, pela qual ambos tinham passado. Estes princípios, com os
quais o antropólogo teve contato durante a infância e adolescência, formaram suas
primeiras ideias sobre raça e etnias (2018, p.01).

Completando de modo resumido para não delongarmos em sua biografia podemos


completar a ideia de Araújo com Frazão (2018, p.01) e dizer que “Boas cursou física e
geografia nas universidades de Heidelberg e Bonn e se doutorou em Física, em 1881, pela
Universidade de Kiel”. Portanto, essas foram as bases para que ele pudesse observar a
realidade e contestá-la. Mas o que ele contestaria? A noção de cultura e seus desdobramentos
como por exemplo, o conceito de raça e evolução.
Uma grande obra que merece destaque nesta labuta que o autor faz nesta seara é A
mente do ser humano primitivo, traduzida pela editora vozes em 2011, nela Pereira afirma que
o autor busca desconstruir as bases das grandes teorias do século XIX (raça,
evolução e cultura) e instaura o relativismo cultural como visão motora dentro dessa
ciência, Boas desmonta definitivamente o conceito de raça e evolução ontogênica
como paradigma do pensamento antropológico e estabelece os métodos e os critérios
para o trabalho de campo que até hoje ajudam a guiar os antropólogos. Ele consegue
reunir nesta obra os principais temas da Antropologia e traz para a discussão
afirmações como, por exemplo, a não existência de raças humanas totalmente
definidas, demonstrando que nenhum grupo humano é biologicamente superior a
outro. Vale lembrar que afirmações como essa causaria grande impacto não apenas
nas pesquisas antropológicas, mas nas sociedades em geral, principalmente as que
produziram líderes como Adolf Hitler e Mussolini, com suas teses anti-semitas e
racistas (2018, p.04).

Ainda sobre esta desconstrução do pensamento vigente, nos informa Reis que
no clássico As Limitações do Método Comparativo em Antropologia Social, de
1896, Boas critica o evolucionismo social, com base na defesa da pertinência do
método indutivo. Sem impugná-lo diretamente, Boas afirma que a comparação
evolucionista entre povos seria possível somente dentro de territórios restritos, por
meio de precisos estudos individuais. Além disso, nesse artigo Boas também critica
o determinismo geográfico, baseado no argumento de que ele não dá conta de
explicar a diversidade que existia entre povos que viviam em condições geográficas
semelhantes. Em Os Métodos da Etnologia, de 1920, critica novamente os métodos
evolucionista e difusionista, afirmando que a validade das suas teses e conclusões
não foi demonstrada pela moderna etnologia. Propõe, em troca, um método que
estude as mudanças dinâmicas em uma única sociedade, o que pode ser observado
no presente. Cada grupo cultural possui uma história própria e única, e, assim, é
mais importante esclarecer os processos que ocorrem "diante de nossos olhos" do
que propor grandes leis de desenvolvimento da civilização (como faziam o
evolucionismo e o difusionismo). Boas também comenta algumas incursões da
psicanálise no campo da etnologia, colocando algumas de suas ideias como
profícuas, mas veementemente negando que o método psicanalítico por si só seja
capaz de avançar na compreensão do desenvolvimento da sociedade humana.
Em Alguns Problemas de Metodologia nas Ciências Sociais, de 1930, Boas critica
as tendências que certas linhas de investigação tinham, na época, de explicar as
complexidades da vida cultural baseando-se num único conjunto de condições ou
causas. Assim, é contestada a redução da raça à cultura, combatendo a ascensão do
racismo biológico tão comum à época. Também Boas nega ainda que as condições
geográficas ou econômicas sejam determinantes da cultura: elas podem estimular as
condições culturais existentes, mas não possuem força criativa. Para o ilustre
antropólogo, qualquer dessas tentativas de desenvolver leis gerais de integração da
cultura não seria cientificamente eficaz. Como alternativa à improdutiva obsessão
por leis gerais, Boas sustenta que as ciências sociais devem se preocupar em analisar
fenômenos, formas definidas. Na contramão de décadas de reconstruções
especulativas, Boas redireciona o método antropológico para a unidade empírica
"indivíduo" em sua relação à cultura envolvente, pavimentando o caminho para a
emergência da escola Cultura e Personalidade (2004, p.03).

Dito isto, passemos ao pensamento de nosso autor, segundo Pereira


Boas defendia o relativismo cultural, acreditando na autonomia da cultura, na sua
singularidade, valorizando os costumes, pois os costumes, segundo ele, são
manifestações da cultura. Assim, ele destacou a necessidade de estudar cada cultura
de modo singular, destacando mais as diferenças que as similaridades entre elas.
Com isso, lançou as bases daquilo que hoje, em antropologia, chamamos de “padrão
cultural”. O padrão cultural corresponde à soma das atividades de um povo, ou
grupo, como, por exemplo, as atitudes deste grupo, os objetos por ele utilizados,
seus costumes, suas ideias, enfim, ao ajustamento dos diversos traços e complexos
característicos de cada agrupamento (2018, p.09).

Neste sentido, podemos, sem perder de vista a amplitude do pensamento boasiano,


sintetizá-lo assim com Vieira:
Particularismo Histórico: Esta era a teoria dada por Boas como alternativa para o
evolucionismo. Seu fundamento estava na ideia de que para se obter uma
compreensão mais geral das culturas era necessário iniciar o estudo pelo particular.
Vemos então que este método pode ser descrito como sendo empirista e diacrônico.
Para Boas, a história da civilização humana não poderia ser entendida
exclusivamente através de uma necessidade psicológica que levaria a uma evolução
única da mente humana. Era necessário entender primeiramente a história cultural
de cada grupo, perceber suas influências internas e externas pela qual passaram para
então entendê-los. Seria impossível entender a história de um povo somente se
baseando em um único sistema evolucionário.

Cultura: Para Boas a cultura era o elemento explicativo da diversidade humana. No


sentido norte americano, cultura se torna um conceito mais abrangente do que o
conceito de sociedade. A cultura no caso seria tudo que os seres humanos criaram
inclusive a sociedade. É importante frisarmos que Boas usa o termo culturas devido
a sua teoria do relativismo cultural, pois segundo ele cada povo possuiria uma
singularidade cultural. Diferentemente vemos o termo cultura (aqui no singular),
usado pelos evolucionistas, pois segundos estes teóricos, a cultura humana seria
única devido ao seu desenvolvimento unilinear. De maneira resumida, Boas
entendia a cultura como a lente pela qual cada um de nós enxerga a sociedade e pela
qual estaríamos presos à ela através dos grilhões da tradição.

Raça: Para Boas, o conceito de raça na verdade seria uma classificação não
científica dos traços físicos superficiais que possuímos. Vemos em seus textos que
Boas não faz uso do termo raça, mas do termo formas corporais. A ideia de raça na
verdade era uma construção de tipos ideais locais baseados em características físicas
semelhantes, sendo estes retirados de localidades comuns. Porém Boas ressalta que
por mais fisicamente semelhantes um grupo de pessoas seja, haverá inúmeros
indivíduos na qual esta descrição não poderia caber (2012, p.03).

Depois deste entendimento das linhas mestras do pensamento boasiano, nos resta a
seguinte a pergunta: Qual seria no entanto, a contribuição desse autor para o universo
acadêmico e sua aplicabilidade? O pensamento boasiano traz para o universo acadêmico uma
nova forma de pesquisa, a de campo, no qual ele observava atentamente cada detalhe do que
o rodeava, não é atoa que é considerado o “pai da Moderna Antropologia Cultural”, segundo
Pereira (2018, p.09). Ainda segundo o autor (2018, p.09), Boas chama a atenção para o fato
de que “o relativismo cultural, dado da herança que o indivíduo recebe em sua vida e que o
caracteriza de acordo com o grupo em que ele vive, ajuda, assim, a formar a sua
personalidade”, a qual é formada por duas heranças: a biológica e a cultural. Sobre elas,
continua Pereira
a herança biológica é aquela que se recebe dos pais, que corresponde à cor da pele,
aos traços físicos ou genéticos dos grupos humanos a que se pertence. A herança
cultural é transmitida por hábitos e costumes do grupo social em que se vive. É,
portanto, o meio contribuindo para a determinação de certos comportamentos do
indivíduo, mas não determina as suas características físicas, pois estas, como vimos,
são determinadas pela herança biológica. Assim, uma criança indígena ou negra,
quando adotada por uma família branca e criada num outro meio que não é o de seu
grupo de origem, vai desenvolver os costumes, gostos e demais manifestações
culturais conforme o meio em que foi, ou está sendo criada, porém manterá os traços
físicos dos seus progenitores. Ao receber a mesma educação, e ter as mesmas
oportunidades de estudo de uma criança branca, ela concorrerá com essas em iguais
condições, porém as de seu grupo biológico terão dificuldades de acompanhá-la,
pois não tiveram a mesma formação, ou educação para estas situações (2018, p.12).

Por fim, podemos concluir com Pereira que as contribuições do pensamento boasiano
para uma reflexão e entendimento do comportamento humano está no fato de que
enquanto complexo e variado, deve ser estudado no quadro da capacidade
psicológica, da adaptação ao ambiente, das habilidades linguísticas e simbólicas,
além de se referir aos processos educativos. Afirma também, a legitimidade de todos
os conhecimentos que compõem a cultura, sem hierarquias entre eles, oferecendo as
bases não apenas para a ideia de uma ciência étnica, ou “etnociência”, mas para uma
filosofia da educação, cujo método se preocupa com o recolhimento e a conservação
metódica do patrimônio cultural, para o estudo dos avanços cognitivos de cada povo.
(2018, p.17).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

ARAÚJO, Fillipe. Franz Boas e a Antropologia Moderna. Disponível em:


<www.infoescola.com/antropologia/franz-boas-e-a-antropologia-moderna> Acesso em 12 de
agosto de 2018.

FRAZÃO, Dilva. Biografia de Franz Boas. Disponível em:


<https://www.ebiografia.com/franz_boas> Acesso em 12 de agosto de 2018.

PEREIRA, José Carlos. Educação e Cultura no pensamento de Franz Boas. Disponível em :


<https://revistas.pucsp.br/index.php/pontoevirgula/article/download/13903/10227> Acesso
dia 08 de agosto de 2018.

REIS, Nicole Isabel dos. Resenha: BOAS, Franz. Antropologia cultural. Org. Celso Castro.
Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2004. 109 p. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-71832004000200015>
Acesso dia 10 de agosto de 2018.

VIEIRA, Emanuel Thiago da S. Principais conceitos de Franz Boas. Disponível em:


<http://antropologiaestudos.blogspot.com/2012/06/principaisconceitos-na-obra-de-
franz.html> Acesso dia 10 de agosto de 2018.

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